IF Sudeste (Juiz de Fora) Prova dissertativa Questão 1 Há diversas possibilidades. No plano teórico, caberia, por exemplo, chamar a atenção dos alunos para o papel e a importância que as plantas têm nas cadeias alimentares terrestres. No plano prático, os referidos conceitos poderiam ser examinados por meio da realização de experimentos simples, dois dos quais são mencionados a seguir. Experimento 1. Conversão de energia em biomassa: as plantas crescem com a energia que chega com os raios do Sol. A idéia básica seria construir com os alunos uma estimativa apropriada da produção primaria liquida (= produção primaria bruta – respiração vegetal). Um jeito simples e acessível de se fazer isso na própria escola é acompanhar o que acontece com uma amostra de plantas que estejam crescendo nas redondezas. Se uma população de folhas (i.e., um conjunto de folhas produzidas por uma determinada amostra de plantas coespecificas) e monitorada com certos cuidados (p.ex., de tal modo que seja possível reconhecer folhas individuais), torna-se possível estimar índices para as quantidades de biomassa produzida e perdida ao longo do período de estudo. Experimento 2. Transferência de energia (e matéria) entre níveis tróficos: os herbívoros dependem de suas plantas hospedeiras. Tendo em mãos o material apropriado (digamos, uma fonte acessível e permanente de material vegetal e uma fonte inicial de insetos imaturos que se alimentam desse material), é possível montar com os alunos um experimento envolvendo a criação de imaturos em condições de laboratório. O equipamento inicial é de fácil acesso (p.ex., potes de vidro vazios, recortes de jornal, folhas de papel absorvente e elásticos). Uma representação esquemática e simplificada de um aparato constituído a partir dos itens referidos na frase anterior, é mostrada logo abaixo: É importante ressaltar que o bom funcionamento do aparato acima depende de alguns procedimentos, incluindo 1) remover fezes e outros detritos (evitando a contaminação, sobretudo por fungos); e 2) manter umedecido o papel absorvente. A quantificação do material vegetal consumido pelos imaturos pode ser feita de dois modos: 1) estimando quantas folhas são necessárias para alimentar cada imaturo durante o estudo; e 2) se uma balança de precisão estiver disponível, é possível quantificar a biomassa oferecida, a biomassa consumida, a biomassa consumida e aproveitada e a biomassa consumida e rejeitada. Assim, com ou sem balança de precisão podemos descobrir “qual a quantidade de biomassa vegetal é necessária para produzir insetos adultos”. A diferença entre esses valores (notadamente no caso de termos uma balança de precisão disponível) servem para ilustrar a eficiência da conversão de biomassa vegetal em biomassa de um consumidor primário. Questão 2 INTRODUÇÃO Assim como acontece com muitas outras espécies de consumidores, a sobrevivência dos seres humanos depende da ingestão de moléculas complexas sintetizadas por outros organismos. Além disso, no entanto, as sociedades humanas contemporâneas consomem (direta ou indiretamente) uma serie de recursos que são usados para outros fins que não a alimentação. Água e energia são dois exemplos óbvios. OBJETIVOS O estudo aqui proposto visa dois objetivos: 1) identificar e classificar a dieta dos alunos que frequentam o campus do IF Sudeste em Juiz de Fora; e 2) estimar o consumo médio mensal de água da população de alunos. MATERIAL E METODOS Em um dia previamente estabelecido, uma amostra de ao menos 30 alunos que frequentam o campus será aleatoriamente escolhida. Cada aluno escolhido será exposto a um pequeno questionário visando: 1) identificar seus hábitos alimentares, levando em conta 5 categorias: a) exclusivamente vegetariano; b) predominantemente vegetariano (não faz questão de carne nas refeições); c) onívoro (se alimenta habitualmente de carne); d) carnívoro (faz questão de carne nas refeições); e e) carnívoro estrito (não come sem carne); 2) uma segunda parte do questionário visa descobrir a frequência e a duração dos banhos que os alunos tomam em suas casas. Uma primeira aproximação qualitativa pode a ser obtida por meio de perguntas do tipo: a) quantas vezes por semana você toma banho (opções: i) nenhuma ii) uma iii) entre uma e sete iv) sete v) mais de sete); e b) quanto tempo dura o seu banho (opções: i) menos de 1 minutos ii) entre 1 e 5 minutos iii) entre 5 e 10 minutos iv) entre 10 e 20 minutos v) mais de 20 minutos). Se houver oportunidade é possível ainda estiver a quantidade de água gasta durante o banho. Para isso, pode-se utilizar uma subamostra (e.g., dez alunos escolhidos aleatoriamente dentro da amostra). RESULTADOS ESPERADOS Com base nas respostas obtidas, deve ser possível construir um modelo preliminar para o consumo de alimentos e água por parte da população do campus. No caso da dieta, os resultados podem ser usados em comparações com outras populações estudantis, dentro ou fora do país. Mais especificamente, os resultados podem servir (ainda que de modo preliminar) para examinar a sustentabilidade dos hábitos alimentares dos alunos. Algo semelhante pode ser feito com os resultados das perguntas sobre banho. Alem disso, nesse caso, pode-se comparar o volume de água consumida pela população escolar com o volume consumido por outros setores da população. Questão 3 Habitats naturais se caracterizam pela distribuição heterogênea dos recursos, tanto no espaço (“aqui tem, ali não tem”) como no tempo (“ontem tinha, hoje não tem”). Em sistemas terrestres, a variação na disponibilidade dos recursos é muito influenciada pelo clima (notadamente a pluviosidade e a temperatura). O clima de nossa região, por exemplo, se caracteriza por um verão quente e chuvoso e um inverno frio e seco. A produção primaria nesse caso, tende a aumentar no verão e a diminuir no inverno, como ilustram as figuras 1 e 2 abaixo: Em situações como a ilustrada acima, os herbívoros aumentam numericamente no verão e diminuem no inverno. As populações de consumidores secundários tendem, por sua vez, a acompanhar os herbívoros: aumentam no verão, diminuem no inverno. Toda essa variação temporal é particularmente importante no caso de consumidores ectodérmicos (i.e., aqueles cuja temperatura do corpo depende de fontes externa de calor), pois a variação sazonal na temperatura do ar tem implicações metabólicas diretas: o metabolismo é acelerado no verão e retardado no inverno. Em determinado casos isso pode levar à suspensão nas atividades dos herbívoros (no caso de insetos, por exemplo), com consequências diretas (e indiretas) sobre os novéis tróficos superiores (e.g., para sobreviver, alguns consumidores de níveis tróficos superiores ampliam sua dieta ou migram para outros habitats). * IF Sudeste (Juiz de Fora) Edital 008/2013 -- Prova dissertativa Considerações gerais <1 de 3> Considerando que cada uma das três questões da prova dissertativa tinha seis (6) “critérios para avaliação”, rotulados, respectivamente, de “Redação -- correção gramatical”, “Argumentação”, “Originalidade”, “Organização de idéias [sic] -sequência lógica”, “Domínio do conteúdo” e “Abrangência”. Mesmo admitindo que tais rótulos sejam autoexplicativos, o material entregue como “prova corrigida” não deixa claro qual foi o valor (absoluto e relativo) atribuído pela banca examinadora a cada um dos seis itens avaliados. São duas situações. Em primeiro lugar, como a questão 3 valia 6 pontos, os candidatos poderiam deduzir que a nota recebida na questão seria o simples somatório das notas recebidas em cada um dos seis itens. Em segundo lugar, como as questões 1 e 2 valiam, cada uma, 7 pontos, a nota obtida em cada uma delas não poderia ser simplesmente o somatório das notas obtidas em cada um dos seis itens. Teria de haver um fator de conversão – i.e., uma relação matemática que convertesse, por exemplo, 6 pontos (presumivelmente, a pontuação máxima nas questões 1 e 2) em uma nota 7 (o valor total atribuído às questões 1 e 2). Tal ponderação, no entanto, não apareceu em nenhum lugar, nem no material recebido no dia da prova nem no material entregue como “prova corrigida”. No que segue, tal lapso será referido como FALHA a priori no. 1. <2 de 3> Considerando ainda os seis referidos critérios para avaliação – “Redação -- correção gramatical”, “Argumentação”, “Originalidade”, “Organização de idéias [sic] -sequência lógica”, “Domínio do conteúdo” e “Abrangência” –, cabe observar que nada foi dito (nem no material recebido no dia da prova nem no material entregue como “prova corrigida”) a respeito de uma eventual relação de dependência na pontuação a ser atribuída pela banca examinadora a cada um dos itens. Nesse caso, portanto, os candidatos poderiam deduzir que os itens (i.e., as notas atribuídas a cada um deles) seriam independentes, embora esse princípio possa não ter necessariamente sido adotado pela banca examinadora (FALHA a priori no. 2). <3 de 3> Considerando que a nota de cada uma das três questões seria o somatório das notas atribuídas aos seis itens, a banca examinadora deveria justificar as notas dadas a cada item com um comentário específico, em vez de fazer um único comentário para toda a questão. Isso dá ao leitor a falsa impressão de que a banca examinadora foi criteriosa e fez, de fato, um trabalho minucioso, embora isso não seja necessariamente o caso (FALHA a posteriori no. 1). [Fim dos comentários gerais.] Considerações específicas Questão 1 <1> De acordo com o material entregue como “prova corrigida”, a resposta que dei à Questão 1 da prova dissertativa recebeu a seguinte pontuação em cada um dos seis itens (grafia original): Redação -- correção gramatical: Argumentação: Originalidade: organização [sic] de idéias [sic] -- sequência lógica domínio [sic] do conteúdo Abrangência 0.1 0.5 1.0 0.5 0.5 0.1 (Aqui, e no que segue, vou ignorar os erros na notação numérica – i.e., para separar o zero dos algarismos que aparecem à direita, o correto seria usar vírgula e não ponto –, fazendo automaticamente as conversões para o sistema que é adotado no país.) A nota final seria, portanto, 2,7 (= 0,1 + 0,5 + 1 + 0,5 + 0,5 + 0,1). Não consegui localizar qualquer indício de que as notas atribuídas a cada um dos seis itens tenham sido previamente convertidas (FALHA a priori no. 1). Como “justificativa” da nota atribuída à Questão 1, o material entregue como “prova corrigida” diz o seguinte: trabalhou o tema partindo da experimentação, não abordando a base conceitual necessária à resolução da questão (termodinâmica, produtividade, cadeias e teias alimentares e níveis tróficos). Texto confuso. Metodologia dos experimentos propostos pouco clara e ou incompleta. A pontuação atribuída a cada item e a “justificativa” são absolutamente inconsistentes, como vou procurar mostrar a seguir. <1.1> A primeira frase: trabalhou o tema partindo da experimentação, não abordando a base conceitual necessária à resolução da questão (termodinâmica, produtividade, cadeias e teias alimentares e níveis tróficos). O texto da Questão 1 da prova dissertativa não faz qualquer referência à natureza da resposta esperada. Eis o que diz a segunda frase da pergunta: Tomando como tema gerador a problematização do aluno, como você abordaria a produção primária bruta e líquida, cadeias e teias alimentares, fluxo de energia e reciclagem da matéria nos Ecossistemas? Dado o pressuposto “como você abordaria”, optei claramente por tratar o assunto de um ponto de vista prático (experimental). Eis o que eu escrevi nos dois primeiros parágrafos da minha resposta: Há diversas possibilidades. No plano teórico, caberia, por exemplo, chamar a atenção dos alunos para o papel e a importância que as plantas têm nas cadeias alimentares terrestres. No plano prático, os referidos conceitos poderiam ser examinados por meio da realização de experimentos simples, dois dos quais são mencionados a seguir. Pode-se dizer, evidentemente, que a minha opção não esgota o assunto, mas não se pode dizer que esteja errada. A rigor, em termos pedagógicos, ouso dizer que a minha opção seria a mais apropriada, sobretudo diante das circunstâncias indicadas – i.e., diante da incompreensão teórica atribuída ao personagem da Questão 1 (“[...] não entendeu a seguinte afirmação ‘... apenas de 5% a 20% da energia passa de um nível trófico para outro...’ [...]”). Diante de uma incompreensão teórica por parte dos alunos, uma abordagem prática da questão muitas vezes se revela mais produtiva. Assim, diante das dificuldades conceituais atribuídas a um estudante que assistindo a um programa de TV, acho que o mais indicado (em termos pedagógicos) seria permitir que o personagem colocasse a “mão na massa” (estou aqui me referindo a uma linha de pensamento). Decidi então apresentar e discutir dois exemplos de atividades experimentais (simples e acessíveis), por meio das quais o estudante teria como avaliar de modo mais direto e pragmático os conceitos citados na questão, a saber: produção primária bruta e líquida, cadeias e teias alimentares, fluxo de energia e reciclagem da matéria. (Outros conceitos biológicos importantes também poderiam ser citados nesse caso, como interações ecológicas, herbivoria, coevolução, corrida armamentista, embora nem todos tenham a ver diretamente com o tema geral sorteado para a prova dissertativa, “a energia nos ecossistemas”.) A segunda frase da “justificativa”: Texto confuso. Em maior ou menor extensão, esse tipo de comentário (amplo e, ao mesmo tempo, impreciso) aparece nas “justificativas” associadas às outras duas questões. Não sei bem o significado que os integrantes da banca examinadora estão atribuindo ao termo, mas quero crer que o texto da minha resposta nada tem de confuso. Como nada tem de complexo. A banca talvez tenha tido alguma (ou mesmo muita) dificuldade para entender a minha caligrafia – e isso eu não tenho como contestar –, mas o termo correto para descrever esse tipo de problema seria outro. Chamar um texto de confuso pressupõe, por exemplo, que uma eventual melhoria na caligrafia não alteraria o problema – i.e., o conteúdo do texto permaneceria confuso, mesmo se uma nova caligrafia tornasse a leitura fácil e esteticamente agradável. A terceira frase da “justificativa”: Metodologia dos experimentos propostos pouco clara e ou incompleta. Afirmativa duplamente equivocada. A metodologia dos dois experimentos é descrita de modo simples e direto. Não acho que haja algum ponto “pouco claro”. No primeiro experimento (envolvendo, explicitamente, os conceitos de produção primária bruta e líquida e fluxo de energia), deixo transparecer que o ponto nevrálgico da metodologia seria acompanhar uma população de folhas. Caracterizo brevemente o significado biológico desse termo, chamando ainda a atenção para a importância de uma metodologia que permita o reconhecimento de folhas individuais (outras metodologias, que não envolvem o reconhecimento de folhas individuais, seguem outros caminhos). É possível, com esse tipo de experimento, não apenas obter uma estimativa da produção primária, mas também observar o seu comportamento ao longo do tempo. Como eu escrevi na prova: Se uma população de folhas (i.e., um conjunto de folhas produzidas por uma determinada amostra de plantas coespecificas) e monitorada com certos cuidados (p.ex., de tal modo que seja possível reconhecer folhas individuais), torna-se possível estimar índices para as quantidades de biomassa produzida e perdida ao longo do período de estudo. Talvez coubesse detalhar melhor essa transposição entre a metodologia e a natureza dos resultados a serem obtidos, mas a preocupação maior foi apenas ressaltar que existem experimentos simples e acessíveis (envolvendo, por exemplo, as plantas que crescem no quintal da escola ou em um terreno próximo), por meio dos quais o professor pode trabalhar uma série de termos e conceitos abstratos com os seus alunos. No segundo experimento, que é um pouco mais trabalhoso, eu detalhei um pouco mais a metodologia. Mais uma vez, porém, a preocupação foi mais ou menos a mesma: citar um experimento (envolvendo, por exemplo, os insetos imaturos que se alimentam das plantas que crescem no quintal da escola ou em um terreno próximo), por meio do qual o professor pode lidar com conceitos que em geral são trabalhados apenas no plano teórico – permanecendo, por isso mesmo, inacessíveis a muitos alunos. <1.2> Diante disso, caberia dizer o seguinte a respeito de cada um dos seis itens avaliados: ** Redação -- correção gramatical: o texto da minha resposta está virtualmente livre de erros ortográficos e gramaticais. Não vejo motivo para não ter obtido a nota máxima. A nota dada (0,1) é um despropósito. ** Argumentação: os argumentos apresentados me parecem lógicos e consistentes com o que a questão pede. Não vejo motivo para não ter obtido a nota máxima. ** Originalidade: quero crer que o aspecto mais importante aqui não foi apenas a ênfase em atividades experimentais, mas o fato de ter chamado a atenção para o uso de materiais biológicos (insetos imaturos e suas plantas hospedeiras). Também acho que caberia a nota máxima. ** Organização de ideias -- sequência lógica: dentro da opção escolhida (ênfase em atividades experimentais), a organização das ideias segue uma sequência perfeitamente lógica, inclusive na natureza das duas atividades (começando com uma atividade na base da cadeia alimentar e indo depois em direção aos níveis tróficos mais altos). Não vejo motivo para não ter obtido a nota máxima. ** Domínio do conteúdo: salvo melhor juízo, o texto não reproduz qualquer erro ou mal-entendido conceitual. Não vejo motivo, portanto, para não ter obtido a nota máxima. ** Abrangência: a alegação de que essa ou aquela abordagem está incompleta é suficientemente ampla (e imprecisa), de modo a caber em praticamente todo e qualquer contexto. Por isso mesmo, caberia indicar especificamente o que de mais importante ou imprescindível ficou de fora. Ainda assim, no entanto, devo admitir que a minha resposta ressaltou apenas um dos lados da questão. Não vejo motivo, contudo, para não ter obtido algo em torno de 50% da nota máxima. [Fim dos comentários específicos a respeito da Questão 1] Questão 2 <2> De acordo com o material entregue como “prova corrigida”, a resposta que dei à Questão 2 da prova dissertativa recebeu a seguinte pontuação em cada um dos seis itens (grafia original): Redação -- correção gramatical: Argumentação: Originalidade: organização [sic] de idéias [sic] -- sequência lógica domínio [sic] do conteúdo Abrangência 0.1 0.4 0.2 0.4 0.4 0.1 A nota final, portanto, seria 1,6 (= 0,1 + 0,4 + 0,2 + 0,4 + 0,4 + 0,1). Mais uma vez, não há qualquer indício de que as notas atribuídas a cada um dos seis itens tenham sido previamente convertidas (FALHA a priori no. 1). Como “justificativa” da nota atribuída à Questão 2, o material entregue como “prova corrigida” diz o seguinte (grafia original): métodos 21 linhas. Resultados esperados 12 linhas. Introdução não expos [sic] o objeto de estudo. Objetivos poucos claros e não vinculados à introdução. Não contempla participação dos alunos. Metodologia apresentada não contempla os objetivos explicitados. A pontuação atribuída a cada item e a “justificativa” são absolutamente inconsistentes, como procuro mostrar a seguir. <2.1> Três das seis frases da “justificativa” são exageros que tendem à distorção (frases 1, 2 e 5); aos outras três (frases 3, 4 e 6) são inconsistentes. As primeiras duas frases: métodos 21 linhas. Resultados esperados 12 linhas. Cabe observar que, no texto da Questão 2 da prova dissertativa, consta: [...], seguindo o modelo abaixo: [...] c) Material e Métodos (máximo: 20 linhas) d) Resultados Esperados (máximo: 10 linhas) É de se supor, portanto, que aquelas duas frases estão apontando para dois “erros”, cujo registro implicaria em perda de pontos. É, no mínimo, um exagero descabido. Tanto no caso do texto relativo ao “Material e Métodos” como no caso do texto relativo aos “Resultados Esperados”, o limite máximo imposto pela questão só foi ultrapassado porque eu saltei palavras rasuradas e trechos em branco após frases que indicavam fim de parágrafos. Entendo que a capacidade de escrever dentro de limites impostos por terceiros é merecedora e susceptível de avaliação, mas isso não isenta os avaliadores de adotarem, eles próprios, critérios e medidas de avaliação consistentes. Nesse caso, por exemplo, eles deveriam ter esclarecido (a priori) se o que era de fato importante era ser econômico no número de palavras ou moderar no tamanho da letra e no espaçamento entre as frases. De resto, também deveriam ter esclarecido (a priori) se as palavras rasuradas e os espaços deixados em branco seriam computados ou não. Tais esclarecimentos não aparecem em nenhum lugar no material recebido no dia da prova (FALHA a posteriori n. 1). A terceira frase: Introdução não expos [sic] o objeto de estudo. Eis o que eu escrevi na Introdução (grifo meu, mas não no original): Assim como acontece com muitas outras espécies de consumidores, a sobrevivência dos seres humanos depende da ingestão de moléculas complexas sintetizadas por outros organismos. Além disso, no entanto, as sociedades humanas contemporâneas consomem (direta ou indiretamente) uma serie de recursos que são usados para outros fins que não a alimentação. Água e energia são dois exemplos óbvios. O objeto de estudo é o consumo de recursos, incluindo recursos tróficos e não tróficos. Faltou, talvez, agregar um título ao projeto. (Solicitação, aliás, que poderia ter partido dos próprios avaliadores.) A quarta frase: Objetivos poucos claros e não vinculados à introdução. Comentário gratuito e descabido. Eis os objetivos do projeto (grifos meus, mas não no original): O estudo aqui proposto visa dois objetivos: 1) identificar e classificar a dieta dos alunos que frequentam o campus do IF Sudeste em Juiz de Fora; e 2) estimar o consumo médio mensal de água da população de alunos. A dieta (= leque de alimentos ingeridos) e a água de banho são recursos, como os avaliadores bem sabem. A quinta frase: Não contempla participação dos alunos. Outro comentário exagerado que tende à distorção. Afinal, estamos falando de um projeto a ser desenvolvido dentro de uma instituição de ensino, como parte do processo de ensino-aprendizagem, assim como foi o caso das duas atividades descritas em minha resposta à Questão 1. A sexta e última frase: Metodologia apresentada não contempla os objetivos explicitados. Talvez o mais descabido de todos os comentários. A metodologia trata diretamente dos dois objetivos citados, a saber: investigar a dieta e o consumo de água. <2.2> Diante disso, caberia dizer o seguinte a respeito de cada um dos seis itens avaliados: ** Redação -- correção gramatical: o texto da minha resposta está virtualmente livre de erros ortográficos e gramaticais. Não vejo motivo para não ter obtido a nota máxima. A nota dada (0,1) é um despropósito. ** Argumentação: os argumentos apresentados me parecem lógicos e consistentes com o que a questão pede. Não vejo motivo para não ter obtido a nota máxima. ** Originalidade: quero crer que o aspecto mais importante aqui foi o fato de ter chamado a atenção para a possibilidade de conduzir uma atividade prática utilizando um protocolo simples e acessível. ** Organização de ideias -- sequência lógica: a organização das ideias segue uma sequência perfeitamente lógica. Não vejo motivo para não ter obtido a nota máxima. ** Domínio do conteúdo: salvo melhor juízo, o texto não reproduz qualquer erro ou mal-entendido conceitual. Não vejo motivo, portanto, para não ter obtido a nota máxima ou algo próximo a isso. ** Abrangência: abordei todos os itens indicados. Não vejo motivo para não ter obtido a nota máxima ou algo próximo a isso. [Fim dos comentários específicos a respeito da Questão 2] Questão 3 <3> De acordo com o material entregue como “prova corrigida”, a resposta que dei à Questão 3 da prova dissertativa recebeu a seguinte pontuação em cada um dos seis itens (grafia original): Redação -- correção gramatical: Argumentação: Originalidade: organização [sic] de idéias [sic] -- sequência lógica domínio [sic] do conteúdo Abrangência 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 A nota final, portanto, seria 0 (zero). Trata-se de um despropósito, cuja justificativa, até demonstração em contrário, vou atribuir ao cansaço e completo desânimo do(s) avaliador(es) diante da minha caligrafia. Como “justificativa” da nota atribuída à Questão 3, o material entregue como “prova corrigida” diz o seguinte (grafia original): gráficos pouco explicativos. Não explicou: luz, valores nutricionais, eficiências, atividades dos organismos, topografia, luminosidade, metabolismo e a pluviosidade. Assim como nas duas questões anteriores, a pontuação atribuída a cada item e a “justificativa” são absolutamente inconsistentes. Desta vez, no entanto, fiquei com a nítida impressão de que o(a) avaliador(es) não tinha muita familiaridade com o tema da questão e as diferentes possibilidades de resposta. No que segue, apresento alguns comentários. <3.1> A primeira frase da “justificativa”: gráficos pouco explicativos. Os gráficos podem não ter ficado muito bonitos, mas são simples e autoexplicativos: exemplificam dois padrões de variação sazonal. (Gráficos semelhantes podem ser facilmente encontrados em livros-textos de ecologia.) O primeiro gráfico ilustra a variação sazonal na pluviosidade; o segundo, o padrão de variação na produtividade foliar (= número de folhas produzidas por unidade de folhas presentes). A segunda frase: Não explicou: luz, valores nutricionais, eficiências, atividades dos organismos, topografia, luminosidade, metabolismo e a pluviosidade. Mais um comentário vago e impreciso. Além de mal redigido (qual o significado dos termos “valores nutricionais”, “eficiências” e “atividades dos organismos” e o que faz com que a ausência deles invalide a minha resposta?) e equivocado (se o[s] avaliador[es] tivesse[m] efetivamente lido e entendido a minha resposta, ele[s] não incluiriam os termos “metabolismo” e “pluviosidade” na frase acima). <3.2> Diante disso, caberia dizer o seguinte a respeito de cada um dos seis itens avaliados: ** Redação -- correção gramatical: o texto da minha resposta está virtualmente livre de erros ortográficos e gramaticais. Não vejo motivo para não ter obtido a nota máxima. ** Argumentação: os argumentos apresentados me parecem lógicos e consistentes com o que a questão pede. Não vejo motivo para não ter obtido a nota máxima. ** Originalidade: respondi uma questão de interesse teórico geral com base em dados reais obtidos em estudos locais. Não vejo motivo para não ter obtido a nota máxima. ** Organização de ideias -- sequência lógica: a organização das ideias segue uma sequência perfeitamente lógica. Não vejo motivo para não ter obtido a nota máxima. ** Domínio do conteúdo: salvo melhor juízo, o texto não reproduz qualquer erro ou mal-entendido conceitual. Não vejo motivo, portanto, para não ter obtido a nota máxima ou algo próximo a isso. ** Abrangência: Não vejo motivo para não ter obtido a nota máxima ou algo próximo a isso. [Fim dos comentários específicos a respeito da Questão 3] [Fim do documento] *