DINAMÔMETRO BIOMÉDICO PARA AVALIAÇÃO DA FORÇA DOS

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XVIII Congresso Brasileiro de Automática / 12 a 16 Setembro 2010, Bonito-MS.
DINAMÔMETRO BIOMÉDICO PARA AVALIAÇÃO DA FORÇA DOS MEMBROS SUPERIORES
ELCIO ALTERIS DOS SANTOS
Laboratório de Sensores, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Estadual Paulista - UNESP
Avenida Brasil, Centro, nº 56, CEP.:15385-000 Ilha Solteira, SÃO PAULO
E-mails: [email protected]
ELCIO ALTERIS DOS SANTOS, APARECIDO A. DE CARVALHO, MARCELO A. A. SANCHES, WESLEY PONTES
Laboratório de Sensores, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Estadual Paulista - UNESP
Avenida Brasil, Centro, nº 56, CEP.:15385-000 Ilha Solteira, SÃO PAULO
E-mails: [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]
Abstract
 The evaluations of hand’s strength is very important and want data from patients general conditions or people who
need the check of the clamping force for functional damages. Thus biomedical dynamometer needs to assess the strength for
thus the therapist occupational or physiotherapist can set targets for rehabilitation. This paper presents a dynamometer for functional evaluation, where this equipment was developed and tested with dynamic templates and unique leveraging for differentiating tests. For this verification, was made in ten normal people to compare the forces exerted in relation to data and parameters
known. To carry out the work the data were collected from sensors, through a signal conditional system and a microcontroller
where the result is displayed on the screen of a digital display and later in a computer screen, so this work have great value for
health professionals that work in rehabilitation.
Keywords  Hands, Strain Gage, Dynamometer
Resumo
 A avaliação da força da mão é de suma importância para requerer dados sobre as condições gerais de pacientes ou
pessoas que necessitam a verificação da força de aperto por perdas e danos funcionais. Assim, o dinamômetro biomédico tem a
finalidade de avaliar a força para que o terapeuta ocupacional ou fisioterapeuta possa estabelecer metas para a reabilitação. Neste trabalho foi desenvolvido um dinamômetro biomédico para avaliação da mão com moldes dinâmicos e exclusivos afim de,
potencializar o teste da força de aperto do membro superior. Para isso foi feita a verificação de dez pacientes normais com a finalidade de comparar as forças exercidas em relação aos dados e parâmetros conhecidos. Para a realização do trabalho foram coletados os dados dos sensores, passando por um sistema de condicionamento de sinais e microcontrolador onde é apresentado o
resultado na tela de um display digital e na tela de um computador, portanto este trabalho é de grande valia para os profissionais
da área de saúde ao qual trabalham na reabilitação das mãos.
Palavras-chave  mãos, strain gage, dinamômetro
.
1
e manipular objetos delicados; como órgão tátil relaciona o organismo com o meio ambiente; e possui
ainda grande importância na comunicação verbal. A
força de preensão não é simplesmente uma medida da
força da mão ou mesmo limitada à avaliação do
membro superior. Ela tem muitas aplicações clínicas
diferentes, sendo utilizada, por exemplo, como um
indicador da força total do corpo, e neste sentido é
empregada em testes de aptidão física (BALOGUM,
1991). A mão tem um grande potencial na exploração
e elaboração dos objetos e recursos humanos, assim,
não se limita apenas nos aspectos construtivos, mas
também nos emocionais e afetivos. Os mais primitivos e elaborados tipos de preensão foram escolhidos
para desenvolver os moldes e testar a de força da
mão, assim a preensão palmar foi analisada para desenvolver estes moldes diferenciados do equipamento. A figura 1 apresenta a mão envolvida em um utensílio de época primitiva.
Introdução
A determinação precisa das forças exercidas pelos dedos e pelas mãos é de grande valia em estudos
de biomecânica. É útil para documentar a recuperação de pacientes submetidos à cirurgia nas mãos ou
de pacientes que tiveram a perda da mobilidade do
membro superior, devido à doença, acidente ou incapacidade. Terapeutas da mão necessitam ampliar os
recursos e testes de avaliação para quantificar os resultados e sugerir um bom tratamento. A mão proporciona ao homem inúmeras ações dentre elas a
função de AVD (atividades da vida diária) tais como:
alimentação, higiene, vestuário e ações de AVP (atividades da vida prática) de modo geral tais como:
utilizar uma calculadora, escrever, etc. É um órgão
complexo com diversas finalidades: como órgão preênsil é capaz tanto de imprimir forças, como segurar
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figura 2 apresenta os arcos palmares com suas características.
Figura 1- Mão em preensão em utensilio de epóca primitiva.
O tipo de contração muscular, força aplicada no
objeto e as habilidades funcionais que se caracterizam pelo: alcançar, pegar, transportar e soltar objetos
é de fundamental importância para localizar os grupos musculares envolvidos e também detectar o nível
de força aplicada e utilizada. Portanto pode-se propor
e projetar um equipamento de avaliação (dinamômetro biomédico), a fim de, proporcionar exames diferenciados, clinicamente precisos para estabelecer
decisões e reabilitar o membro superior. A partir de
estudos com base na antropometria, fisiologia e função foi desenvolvido um dinamômetro com moldes
diferentes dos demais equipamentos comerciais, com
a finalidade de verificar as diversas forças á nível
flexor que envolve a preensão humana requerida para
o uso do cotidiano. Para isso um estudo minucioso e
projetos eletrônicos na área de Engenharia de Reabilitação foram desenvolvidos com a finalidade de adequar aos aspectos mecânicos e antropométricos do
sistema implementado. Portanto foram aplicados testes em 10 pessoas normais para comparação de dados
e criação de estratégias de aplicação para trabalhos
futuros e estes poderão ser aplicados em testes em
diversos tipos de patologias dentre elas o Acidente
Vascular Encefálico, Parkinson, Lesões Traumáticas
da Mão, Paralisia Cerebral, etc. Contudo é de grande
importância aos centros de reabilitação e habilitação
de pessoas com dificuldades a nível funcional para
verificação de exames que facilitem os parâmetros
físicos para fisioterapeuta e parâmetros funcionais
para o terapeuta ocupacional e médicos.
Figura 2- Arcos Palmares
Formam-se assim, o arco longitudinal da mão, o
arco transverso proximal e o arco distal que facilitam
o processo de preensão. Os arcos foram utilizados
para projetar o dinamômetro biomédico.
Outro parâmetro utilizado para caracterizar e potencializar a força aplicada adequando o membro
superior ao tipo de pegada foi a preensão palmar plena.
A preensão palmar plena: é a preensão de força
da mão para pegar objetos pesados e relativamente
volumosos literalmente. A mão se envolve em torno
de objetos cilíndricos, o eixo do objeto toma a mesma direção que o eixo da corredeira palmar, isto é,
em direção obliqua da base da eminência hipotênar
da mão à base do dedo indicador. Esta obliqüidade,
em relação ao eixo da mão e do antebraço encontra
sua correspondência na inclinação do cabo de utensílios, que forma um ângulo de cem a cento e dez
graus. É fácil observar que se pode compensar mais
facilmente um ângulo muito aberto de cento e vinte a
cento e trinta graus graças à inclinação ulnar do punho, do que um ângulo muito fechado em noventa
graus, pois a inclinação radial é bem menos ampla. A
figura 3 ilustra a preensão palmar plena.
2 Metodologia
Os arcos palmares foram utilizados para desenvolvimento da estrutura mecânica do dinamômetro
entendendo-se por arcos palmares a caracterização
pelo punho em ângulo de vinte graus de flexão dorsal
com a articulação metacarpofalangeana a quarenta e
cinco graus de flexão e as interfalangeanas distais
permanecendo em vinte graus (KAPANDJI, 1990). A
Figura 3 preensão palmar plena.
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realização de testes. A figura 5 apresenta o dinamômetro biomédico usado em testes de aperto das mãos
e seus respectivos ajustes para acomodar o membro
superior.
A estrutura mecânica e moldes ergonômicos do
dinamômetro foram projetados para maximizar os
aspectos biomecânicos da mão, assim como, tornar
objetivos os aspectos funcionais, então construiu-se
uma estrutura mecânica denominada anel dinamométrico. Este anel possui extensômetros fixados para
captar os esforços da mão. Na figura 4 pode-se observar o anel dinamométrico submetido a um esforço
F, com uma largura representada por a, um raio definido por R e a espessura definida por e, pode-se ver
também a configuração de extensômetros colados na
parte interna do anel que formam uma ponte completa de wheatstone, que garante uma melhor sensibilidade.
Figura 5- Dinamômetro para teste de força da mão.
Também foram desenvolvidos moldes especiais
que permitem testes diferenciados que outros dinamômetros não podem oferecer. O molde que testa a
flexão da região metacarpofalangeana da mão pode
ser visualizado na figura 6.
Figura 4- anel dinamométrico
Esses parâmetros foram escolhidos para que o
projeto pudesse responder de acordo com as características e propriedades do material escolhido, assim
como, a força aplicada pelo paciente.
Com bases nestes parâmetros e revisão bibliográfica a força aplicada e escolhida para a estrutura mecânica do dinamômetro foi definida com 500 N, a
largura deste equipamento de 20 mm e o mesmo apresenta um raio interno de 11,5 mm. Com esses aspectos definidos foi possível encontrar a espessura do
material e permitir que o mesmo permanecesse na
região de proporcionalidade, ou seja, retornando nas
condições iniciais para não danificar o extensômetro
escolhido (SANCHES, 2007). A equação 1 foi utilizada para obter a espessura do anel dinamométrico
onde a tensão máxima é expressa por:
σ max =
F3  6 R0 
2 
1 −  + 1

2ae  e  π  
Figura 6- molde para teste da região metacarpofalangeana da mão
Outros músculos que podem ser testados por meio
dos moldes e por este equipamento são, os flexores
da metacarpofalangeana como os músculos lumbricais, oponente do polegar, flexores profundos dos
dedos, flexores superficiais dos dedos e flexores do
polegar. Em avaliações funcionais pode-se testar a
força de aperto total que por vezes é conhecido como
preensão primitiva e assim como as pinças bi digitais
na forma ampla, e também a preensão palmar plena.
Portanto é um equipamento muito importante para as
aplicações funcionais na área de Terapia Ocupacional.
Para a escolha do extensômetro, levou-se em consideração a estrutura mecânica do dinamômetro, material do mesmo, tipo de deformação a ser captada
dentre outros detalhes como ergonomia e aspectos
antropométricos que entraram em harmonia e destaque com a mão. Os extensômetros utilizados foram
do modelo KFG-2-D16-11, da empresa Kyowa
(KYOWA, 2008), apresenta formato biaxial tipo
roseta e captam forças no eixo longitudinal e transversal. Neste projeto foram utilizados dois extensômetros um de cada lado do dinamômetro que está
ilustrado na figura 7.
(1)
Assim, as características apresentadas foram de
acordo ao projeto inteiro e com isso fomenta uma
coerência em todas as áreas.
O dinamômetro é composto por duas barras junto
do anel dinamométrico e também alguns ajustes para
diferenciar seus diversos moldes e dispositivos para a
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posta do dinamômetro, no carregamento e no descarregamento, lida no mostrador digital do equipamento.
Figura 7 Extensômetro utilizado no dinamômetro biomédico.
Figura 9: Respostas do dinamômetro.
O circuito de condicionamento de sinais para os
extensômetros é constituído essencialmente por estágios de alimentação, amplificação e filtragem, após
este estágio foi implementado circuitos para interfaceamento de dados com microcontrolador
ATEMEGA8 da empresa ATMEL e com o software
LabVIEW com resultados apresentados na tela de um
computador como ilustra o diagrama de blocos da
Figura 8.
Na figura 8 são apresentados elementos da precisão e os resultados do experimento realizado para se
determinar a precisão do dinamômetro. Na Figura 10
aparecem apenas dois pontos, situados muito próximos. A precisão do equipamento na medição da força
de 146,7 N foi de 0,54 %.
Figura 8- Diagrama de blocos
Figura 10: Determinação da precisão do dinamômetro
Ao aplicar uma força no dinamômetro há uma variação na resistência dos extensômetros que formam
uma ponte de Wheatstone, portanto a ponte desbalanceada gera uma diferença de potencial e essa diferença é captada e amplificada por um amplificador de
instrumentação INA 129 da Burr-Brown, logo após
passa por um segundo estágio de amplificação em um
componente PSoC (Programmable System on Chip)
configurado para um amplificador com ganho programável (PGA), após este estágio o sinal é filtrado
por um filtro passa-baixa do tipo Butterworth de
quarta ordem.
O interfaceamento de dados foi feito com o microcontrolador ATMEGA8 (Atmel Corporation,
2000) objetivando os resultados em um display de
cristal liquido (LCD) e também foi realizada a interface com o software LabVIEW, onde os resultados
são apresentados em um microcomputador para verificação e armazenamento dos dados do paciente.
Após novos testes e ajustes para o dinamômetro,
na Figura 9 é apresentada, no mesmo gráfico, a res-
Tabela 1. Características estáticas do dinamômetro. P: Precisão; R: Coeficiente de Correlação; S:
Sensibilidade; RE: Resolução.
Características
P (%)
R
S (mV/N)
RE (N)
0,54
0,99
7,00
0,57
Na Figura 11 vê-se uma foto da aplicação prática
do dinamômetro biomédico, onde é testada a força
dos músculos flexores profundos que se inserem nas
ultimas falanges dos dedos.
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fissões, portanto, os resultados esperados foram satisfatórios. A figura 14 ilustra o voluntário em exame e
o terapeuta ocupacional conduzindo o teste.
Figura 11: Aplicação prática com o dinamômetro
Para validar o equipamento em teste, além das
medidas realizadas com pesos conhecidos também
foram verificados testes com dez pessoas normais.
O dinamômetro foi testado gerando um resultado
com uma anilha de musculação sobreposta e a resposta foi adequada gerando o mesmo peso, a figura
12 apresenta o resultado da anilha de musculação
sobre o dinamômetro e observa-se que é satisfatória.
Figura 14: Exame com o dinamômetro
3
Conclusão
O desenvolvimento deste equipamento é inédito
no que diz respeito aos moldes para os testes de aperto e funcionais, que o torna aplicável para a medição
de forças exercidas por diferentes músculos da mão.
Para a construção destes moldes, foram realizados
estudos sobre estruturas anatômicas e topográficas
das mãos de vários pacientes.
A resposta é linear, com histerese desprezível, o
dinamômetro biomédico implementado, está de acordo com a teoria dos extensômetros metálicos.
Os resultados apresentados em testes foram adequados, assim, observa-se que este equipamento está
em excelentes condições para iniciar testes com pacientes patológicos melhorando a avaliação e promovendo uma boa evolução e condutas adequadas ao
tratamento proposto.
Figura 12- peso conhecido de uma anilha
Após este teste com a anilha foram feitos exames
da força de aperto com dez pacientes normais voluntários para a validação e correlação da força. Estes
pacientes foram posicionados com o antebraço em
posição neutra e em um ângulo de noventa graus e
com isso feito o teste sem o paciente ver o resultado a
fim de, não gerar compensação na força. Assim, foi
verificada a força do paciente em movimentação e
aperto das mãos com o molde que favorece a preensão palmar plena. A figura 13 ilustra o exame e força
aplicada do paciente.
Agradecimentos
Agradecimentos especiais aos meus amigos Wesley Pontes, Marcelo Augusto Assunção Sanches, ao
orientador Aparecido Augusto de Carvalho e a
CAPES pela bolsa cedida.
Referências
ATMEL CORPORATION, (s.l.: s.n., 2000).
Disponível em http://www.atmel.com. Acessado
em: 01 maio 2006.
BALOGUM, J. A. et al. (1991) “Grip strength:
effects of testing posture and elbow position.”
Arch Phys, Medical Rehabilitation, n. 72, p. 280283.
Figura 13- Resultado de um teste de aperto
Os pacientes submetidos ao teste são estudantes e
não realizam um trabalho de força como outras pro-
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KAPANDJI, I. A. (1990). ”Fisiologia Articular.”, 2
ed., São Paulo: Editora Manole Ltda.
KYOWA, Sensor System Solutions. Disponível no
site:
http://www.kyowaei.co.jp/english/index_e.htm.
Acesso em 2008.
SANCHES,
M.
A.
A.
(2007).
Sistema
Microcontrolado para Medição de Forças na
Região Plantar e nos Membros Superiores de
Pacientes. Dissertação de mestrado. UNESP,
Ilha Solteira - SP.
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