v.11, Jan. – Jul. 2015 ISSN 1982 – 2065 REVISTAS CUSTOMIZADAS: UMA EFICIENTE AÇÃO DE MARKETING DE RELACIONAMENTO. ANÁLISE DA REVISTA GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES Bruno Eduardo Souto Maior de Almeida Holanda1 Theresa Christina Jardim Frazão2 RESUMO O presente artigo tem como tema principal o mercado de revistas customizadas objetivando analisar sua relevância dentro do setor de marketing e comunicação nas organizações empresariais do Brasil. Através deste suporte, muitas empresas conseguem estabelecer um canal de relacionamento direto com seu público-alvo, colaborando para a fidelização de clientes e atração de novos consumidores. Trata-se de uma revisão introdutória sobre o tema seguido de um estudo de caso sobre a Revista GOL Linhas Aéreas Inteligentes, da companhia aérea GOL. Para a pesquisa, foram analisadas as edições de janeiro a dezembro de 2013. O foco da análise foi baseado nas seções da revista que necessitam da interação do público leitor e que apresentam conteúdo informativo da experiência do consumidor com a marca. Palavras-chave: Marketing. Marketing de relacionamento. Revistas customizadas. ABSTRACT This paper analyzes the existence of the customized magazine market and its relevance within the marketing and communications sector in business organizations in Brazil. Through this support many companies can establish a direct relationship channel with your audience, contributing to customer loyalty and attracting new ones. It is a case study on the magazine GOL Linhas Aéreas Inteligentes GOL airline. For research, editions of Jan were analyzed. through ten. 2013. The focus of the analysis was based on the magazine's sections that require the reading public interaction and presenting information content of the consumer experience with the brand. Keywords: Marketing. Relationship marketing. Custom magazines. 1 Bacharel em Comunicação Social, com Habilitação em Jornalismo, pelas Faculdades Integradas Barros Melo. Especialista MBA em Marketing, pela Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco - FCAP / Universidade de Pernambuco - UPE. E-mail: [email protected] 2 Jornalista. Professora adjunta da Universidade de Pernambuco – UPE. Coordenadora de Pós-Graduação e Pesquisa da FCAP. Doutora em Linguística pela Universidade de Brasília - UnB. 1 INTRODUÇÃO A conjuntura atual da sociedade de consumo tem levado o público a se deparar diariamente com uma infinidade de oferta de novos produtos e serviços de qualidade. São milhares de empresas que surgem no mercado, tendo como propósito a conquista do coração das pessoas, e para isso se apropriam de inúmeras estratégias de marketing para atenderem às necessidades do público e tornarem-se desejadas. Neste cenário em que o consumidor tem o poder de experimentar e decidir o que comprar, leva vantagem as empresas que realizam não apenas o processo de venda e, sim, que procuram chegar junto do seu público e cultivar relações com o mesmo. Conforme expressa McKenna (1997), ao afirmar que o marketing do novo ambiente social orientado com foco no cliente, deve manter um diálogo entre o produtor e o consumidor. As empresas que quiserem a fidelidade do público precisam aprender a ser fiéis com o mesmo. Relacionamento é a palavra de ordem. Para por esse relacionamento em prática, muitas organizações empresariais investem na utilização de várias ferramentas de marketing existentes, sobretudo, na interface digital, que vêm ganhando cada vez mais expressividade junto ao público. Também vale salientar que, para tal finalidade, muitas empresas têm somado esforços ao utilizar o meio revista, com as chamadas revistas customizadas. Através deste suporte impresso, grandes, médias e pequenas empresas conseguem estabelecer um canal de relacionamento direto com seu público-alvo, fortalecendo e expandindo os conceitos transmitidos pelas marcas, evidenciando suas ações, além de colaborar para fidelização de clientes e atração de novos consumidores. Este artigo científico tem como objetivo analisar a existência do mercado de produção de revistas customizadas e sua relevância dentro do departamento de marketing e comunicação nas organizações empresariais brasileiras, mostrando o impacto positivo que elas podem desempenhar junto aos consumidores. Para isso, tem como objeto de estudo, o caso da Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 Revista GOL Linhas Aéreas Inteligentes, da companhia aérea GOL, na qual foram analisadas as edições de janeiro a dezembro de 2013. O foco mais preciso da análise foi baseado nas seções da revista que necessitam da interação com o público leitor e que apresentam conteúdo informativo da experiência do consumidor com a marca. As revistas customizadas são mesmo uma eficiente ação para as empresas se relacionarem com o seu público? Esta é a pergunta-problema que norteia a pesquisa. Apresentar a existência desse mercado editorial é trazer à tona a possibilidade de mais uma ação de comunicação a ser trabalhada pelos departamentos de marketing das organizações empresariais. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 2 MARKETING 2.1 Comunicação integrada de marketing Limeira (2004) conceitua que a comunicação integrada de marketing, ou composto de comunicação, é uma das quatro áreas integrantes do composto de marketing, ou seja, é o “P” de promoção e engloba o conjunto de ações integradas de comunicação e promoção de vendas. Os objetivos desse conjunto são: (...) fixar o produto na mente do consumidor; criar uma mensagem única, consistente, compreensível e crível sobre o produto; construir uma imagem de marca diferenciada e sustentável na mente do consumidor; oferecer informações e incentivos para o consumidor adquirir o produto ou serviço da empresa; e gerar atitude favorável dos diversos segmentos de público para as iniciativas da empresa. (LIMEIRA, 2004, p. 272) Segundo a autora, as atividades que integram o composto de comunicação são as seguintes: propaganda, promoção de vendas, vendas, marketing direto, relações públicas, publicidade ou assessoria de imprensa, promoção de eventos, merchandising e comunicação no ponto de venda, atendimento ao cliente, comunicação pela Internet, embalagem, entre outras. Para Limeira (2004), o plano de comunicação integrada de marketing integra o plano estratégico de marketing e, portanto, deve ter coerência com os objetivos de mercado e as demais estratégias do composto de marketing: produto, preço e ponto de distribuição. O plano também deve resultar no modo mais eficiente de reunir os elementos de comunicação, como propaganda, promoções de vendas, vendas e marketing. De acordo com a estudiosa, após a decisão dos vários públicos-alvo do processo, devem ser escolhidas as ferramentas de comunicação mais apropriadas para originar os resultados esperados em cada segmento de público. De acordo com Neves (2008), entre as principais ferramentas de comunicação está a Relações Públicas e nas possíveis ações da mesma constam publicações e revista ou jornal da empresa. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 É exatamente neste ponto que podemos ir além e incluir as revistas customizadas, tema deste artigo. 2.2 Foco no consumidor Segundo aponta McKenna (1997), no mundo globalizado de hoje, com milhares de produtos e marcas disponíveis no mercado tentando atrair a atenção e a fidelidade dos consumidores, as empresas enfrentam o fim de sua fidelidade. Diante do público, que está mais disposto a experimentar uma nova marca, abre-se um mundo de mil possibilidades de escolha. Para lidar com essa ameaça, as organizações podem reforçar as equipes de vendas e de marketing, utilizando recursos caros no mercado como uma forma de manter sua clientela. “Porém, a solução real obviamente não é mais marketing, e sim o melhor marketing. E isso significa um marketing que encontra um modo de integrar o cliente à empresa, como forma de criar e manter uma relação entre a empresa e o cliente.” (MCKENNA, 1997, p. 4). Neste tópico, estamos abordando uma das várias aplicações do marketing, surgida a partir da evolução das práticas empresariais e da dinâmica econômica, social, cultural, política e tecnológica mundial: o marketing de relacionamento. Sobre essa aplicação, Limeira (2004) afirma: O marketing de relacionamento é um conceito surgido na década de 1990 como uma evolução do marketing direto e do database marketing, motivado por pesquisas que indicavam que conquistar um novo cliente custava, em média, cinco vezes mais que reter um cliente. É definido como uma estratégia que visa construir uma relação duradoura com o cliente baseada em confiança, colaboração, compromisso, parceria, investimentos e benefícios mútuos, resultando na otimização do retorno para a empresa e seus clientes. Frente a essa realidade, como as empresas podem manter a fidelidade do consumidor? De acordo com McKenna (1997), elas devem estabelecer relações com seus clientes. “As relações são estabelecidas através de experiências. As experiências são um meio de comunicação.” (MCKENNA, 1997, p. 105). Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 Para o autor, a comunicação é um diálogo, que quando eficaz, as duas partes saem ganhando. No novo marketing, comunicar-se com os clientes compreende tanto ouvir quanto falar, pois é através do diálogo que as relações se constroem e os produtos são criados, adaptados e aceitos. Ainda de acordo com o estudioso, as ferramentas de comunicação podem ser utilizadas para criar oportunidades de desenvolvimento de relações, colaborando para que as empresas ganhem vantagens frente aos concorrentes. Como exemplos de ferramentas de comunicação utilizadas pelas organizações, cujo objetivo é estabelecer uma aproximação e interlocução com o público consumidor estão as mídias digitais (modo on-line) e as revistas customizadas (modo off-line). “Geração de Relacionamento é o maior ativo de qualquer organização que esteja inserida em um contexto de concorrência ou de criação e consolidação de marca, o chamado Branding”. (OLIVEIRA, 2012, p. 3) Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 3 REVISTAS CUSTOMIZADAS 3.1 O que é uma revista customizada? Barbosa (2011) se apropria dos conceitos da Custom Publishing Council - CPC, associação de agências norte-americanas que se dedica à atividade das chamadas custom publishing (publicações customizadas) e que, em 2010, mudou de nome para Custom Content Council CCC, para uma definição acerca do termo: (...) um produto que une os objetivos de marketing de uma empresa com a informação que o seu público-alvo necessita. Isso acontece através da entrega de conteúdo editorial – em meios impressos, Internet ou outra mídia – tão intrinsecamente valoroso que move o comportamento do consumidor na direção desejada. A autora ainda expressa que a revista customizada é uma publicação empresarial destinada a determinado público. O objetivo delas é auxiliar a organização empresarial a se destacar no mercado de forma sutil, oferecendo conteúdo editorial apoiado em três bases: informação, prestação de serviço e entretenimento. O conteúdo deve ter relevância para o público-alvo selecionado, explorando o universo da marca, de modo a conferir-lhe personalidade. De acordo com Sardas (2012), nos últimos anos, as revistas customizadas são um tipo especial de publicação que tem se firmado no mercado editorial brasileiro. Comumente confundidas com as publicações corporativas – voltadas às realizações e aos produtos da própria marca -, sua estratégia principal é diferente: agregar à mera comunicação institucional conteúdos jornalísticos que dizem respeito ao estilo, à missão ou à visão da empresa. (SARDAS, 2012, p. 57) 3.2 Panorama do mercado Fischer (2013) afirma que entre as revistas customizadas mais conhecidas no Brasil e que são referência no projeto gráfico e conteúdo editorial estão as do setor automobilístico e aéreo. Da extinta revista Ícaro, da Varig, às publicações MIT, da Mitsubishi, e TAM nas Nuvens, os títulos customizados de bordo e da indústria automobilística conquistaram a fidelidade de inúmeros leitores e a simpatia da classe jornalística por apresentarem um design impecável e reportagens inteligentes e criativas que vão além do seu perfil de mercado. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 Buscando inspiração nestes cases de sucesso, organizações de vários outros setores lançaram sua própria revista, incluindo títulos voltados para a classe C. A versão em papel continua sendo a grande estrela, o cartão de visita das organizações, mas muitas vêm ganhando versões digitais, alcançando assim um maior número de leitores e públicos mais jovens, que se atualizam através de seus tablets e smartphones. (FISCHER, 2013, p. 39) De acordo com Barbosa (2011), no Brasil, não há pesquisas sobre o mercado de revistas customizadas, apesar de que alguns veículos de comunicação, vez ou outra, abordam o tema em reportagens sobre o assunto, muitas vezes citando números e projeções de países mais desenvolvidos, para levar ao conhecimento dos leitores a importância que este tipo de publicação vem conquistando no mercado editorial brasileiro. Como exemplo de abordagem da temática está a matéria “House Organ que dá Lucro!”, que traz algumas informações sobre mercados de publicações customizadas no exterior: Nos Estados Unidos, há produção de 116 publicações deste tipo, segundo a Custom Publishing Council, perfazendo um mercado de US$ 1,5 bilhão. Na Alemanha, o mercado atinge US$ 3,2 bilhões e na Inglaterra a cifra chega a US$ 700 milhões. No Brasil, ainda faltam números sobre a área. Nos Estados Unidos, o CPC, que reúne as maiores editoras do segmento, estimam que as grandes empresas costumam reservar 23% do orçamento de comunicação para as revistas deste tipo e 40% delas terceirizam parte ou todo o processo de elaboração do veículo. Apenas 13% deles têm preço de capa, 11% são reservadas a membros ou sócios de uma instituição e 87% são gratuitas e têm distribuição livre (HOUSE ORGAN QUE DÁ LUCRO, 2006, p. 28-29) A reportagem também traz alguns dados relevantes sobre este mercado. A fonte das informações é da Custom Publishing Council e Millward Brown. “A hora de verdade. Opinião dos executivos de marketing sobre publicações customizadas nos Estados Unidos e na Inglaterra”: Acreditam que é uma ferramenta vantajosa para obtenção de clientes: 81%. Acreditam que elas ajudam na construção de relações: 87%. Acreditam que elas geram retenção de clientes: 73%. Leitores de publicações de marcas que já adquiriam produtos anunciados ou tratados em revistas deste tipo: 57% Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 Executivos de marketing que acreditam no custom publishing como uma eficiente ferramenta de marketing: 90% Leitores que afirmaram que o seu respeito pelas empresas aumentou depois que passaram a receber revistas patrocinadas por elas: 66%. Segundo Michel (2011), algumas empresas com fins lucrativos, mesmo aquelas que têm como foco o consumidor final e visam atingir um público mais amplo estão entrando neste campo, a exemplo de redes de supermercados, shopping centers, lojas do varejo de moda, entre outras. Muitas dessas publicações impressas são direcionadas a um público de alto poder aquisitivo e primam pelo alto padrão de qualidade em projetos editoriais primorosos. Outra reportagem, “Retorno nas páginas das revistas”, afirma que: Enganou-se quem pensou que as revistas customizadas (publicações de uma marca ou empresa criadas para melhorar o relacionamento com o cliente e que vendem publicidade para amortizar total ou parcialmente seu custo de produção) eram uma febre passageira ou uma moda efêmera. Utilizada atualmente por diversas marcas importantes, essa alternativa de comunicação segue em expansão, e os profissionais de marketing das empresas que produzem revistas customizadas dizem estar plenamente satisfeitos com seus resultados. (SANTOMAURO, 2006) A matéria também afirma que entre os profissionais que já utilizam essa ferramenta e os consultores de marca há quase uma unanimidade quanto à expansão na utilização das revistas customizadas no mercado brasileiro. A diretora de projetos especiais da Mitsubishi, Corinna de Souza Ramos, condiciona essa expansão à conjuntura econômica e à resposta de anunciantes que podem ajudar a cobrir os investimentos. Ela prevê que em condições econômicas ideais, as customizadas seguirão sendo mais utilizadas. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 4 HISTÓRICO DA REVISTA DA GOL Concebida como uma publicação arrojada, inovadora, contemporânea e profissional, a revista de bordo da companhia aérea GOL, a GOL Linhas Aéreas Inteligentes, nasceu em março de 2002, em formato de bolso. A primeira chamada de capa era “O Brasil que dá certo”. A edição trazia uma entrevista com o ator Rodrigo Santoro e matéria escrita por Ruy Castro sobre Brigitte Bardot e Búzios, de acordo com uma retrospectiva da revista, publicada na edição 133 (abril de 2013). O título é mensal e editado apenas em português, com produção feita pela Trip Editora. A partir da edição de abril de 2003, que comemorou o primeiro ano da publicação, a revista ganhou o formato e o tamanho que tem hoje: 20,3 cm x 26,5 cm. A segunda grande mudança no projeto da revista ocorreu em setembro de 2008. Já em julho de 2010, chegou às aeronaves a 100ª edição da revista, trazendo uma retrospectiva com os principais fatos da publicação até aquele ano. Em janeiro de 2012, a revista inaugurou o atual projeto gráfico, com o cantor Chico Buarque na capa. De acordo com o mídia kit 2014 da revista, disponível no site da Trip Editora3, a publicação é distribuída com exclusividade nas aeronaves da empresa e reconhecida com uma excelente e confiável fonte de informação e entretenimento. Porém, vale destacar que, a partir da edição de setembro de 2014, passou a ser vendida em bancas e livrarias de todo o Brasil. São 150 mil exemplares devorados pelos três milhões de passageiros que viajam pela companhia aérea todos os meses. Fruto de uma parceria de 12 anos entre a GOL e a Trip Editora, a revista traz em seu DNA muitas das características compartilhadas pelas duas marcas: serviços oferecidos com qualidade, precisão, agilidade e inovação. A receita editorial segue esses princípios, destacando personagens, lugares e tendências que representam o Brasil que dá certo, que tem os olhos voltados para o futuro. Com um projeto gráfico e editorial leve e moderno, passeia por diversos campos de interesse – cultura, esporte, consumo, tecnologia, turismo, lifestyle, dicas sobre o que fazer nas cidades de destino das 3 www.tripeditora.com.br Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 linhas GOL – com uma abordagem que pode ser apreciada por diferentes segmentos sociais, gêneros e idades. A Revista GOL Linhas Aéreas Inteligentes é a primeira revista de bordo com certificado oficial de auditoria de distribuição gratuita emitido pelo Instituto Verificador de Circulação IVC no país. O título é distribuído gratuitamente nas 135 aeronaves da GOL, que atendem 65 destinos em dez países da América do Sul, Caribe e Estados Unidos, com média de 970 voos diários. As edições também estão disponíveis nas salas VIPs nacionais e internacionais do aeroporto de Guarulhos (SP) e do Galeão (RJ). Suas matérias interessantes e seu design atrativo já renderam vários prêmios à Trip. Entre os últimos estão: o troféu 6º Prêmio ANATEC de Mídia Segmentada (2010), ficando em 2º lugar (prata) na categoria publicação segmentada, e o 5º Prêmio Anatec de Mídia Segmentada (2009), com o 3º lugar (bronze) na categoria projeto gráfico. (FISCHER, 2013, p. 42) O mídia kit da revista também informa o perfil dos leitores: 56% homens e 44% mulheres. A faixa etária do público é de 47% entre 20 e 35 anos e 38% entre 35 e 55 anos. Uma média de 30% do público tem uma renda mensal de R$ 3 a R$ 7 mil e cerca de 60% dos passageiros viajam a negócios, enquanto 40% viajam a lazer. Já no quesito ocupação, 27% são autônomoempresários, 26% são funcionários de empresas privadas, 18% são funcionários públicos e 29% outros. Ao todo são 1.350 leitores impactados por edição: média de nove leitores por revista. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 5 METODOLOGIA Este artigo é centrado num estudo de caso, que apresenta o detalhamento de um caso real no contexto brasileiro, com definição e tese de hipótese e uma fundamentação teórica. O caso escolhido foi o da Revista GOL Linhas Aéreas Inteligentes, da companhia aérea GOL. É válido destacar que esta publicação foi selecionada entre várias opções do mercado brasileiro de revistas customizadas por se tratar de uma publicação premiada e pela possibilidade de conseguir reunir a quantidade de edições necessária para a amostra. Ela é distribuída gratuitamente nos voos da companhia, diferentemente da maioria das revistas customizadas, cuja forma de distribuição é via mailing de clientes. De acordo com Dalmolin (2013), a dificuldade de acesso às coleções de revistas é um dos motivos que levam muitos pesquisadores a optar em pesquisar títulos em seus períodos mais recentes, pela viabilidade de construir seu próprio acervo durante o processo da pesquisa. Muitas vezes, isso implica observar as revistas num contexto bastante imediato ao de sua publicação, perdendo-se, com isso, a possibilidade de observação do conjunto das edições no início da pesquisa e nas fases de construção do projeto. Além disso, podem surgir alguns problemas durante o processo de coleta do material, como as eventuais dificuldades no acesso às edições ou mesmo a possibilidade de a própria publicação se extinguir. (DALMOLIN, 2013, p. 297) A pesquisa começou a tomar forma em 2013 e se concentrou na leitura de fontes teóricas sobre marketing, marketing de relacionamento e revistas customizadas, que nortearam o trabalho para responder a pergunta-problema: A revista customizada é mesmo uma eficiente ação para as empresas se relacionarem com o seu público? Dessa maneira, foram selecionadas para a amostra da pesquisa 12 edições da revista, que abrangem o período de um ano. São as edições que compreendem os números 130 a 141, ou seja, de janeiro a dezembro de 2013. Após a definição da amostra, começou a leitura das edições selecionadas. Em seguida, foram verificadas quais seções da revista ofereciam conteúdo significativo para a proposta de análise da pesquisa e que poderiam ser analisadas especificamente. Assim, as seções de caráter eminentemente institucional foram excluídas. São elas: “Bastidores da Aviação” e “Voe Gol”. Também foram eliminadas as seções de editorial, notas, reportagens, colunas e perfis. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 Dessa forma, foram escolhidas as seções cujo conteúdo oferece possibilidade de investigação de acordo com o tema da pesquisa: “Caixa de Entrada” (seção de cartas) e “Em Trânsito”, duas seções da revista que necessitam da interação com o público leitor e que apresentam conteúdo informativo que refletem a experiência do consumidor com a marca. De acordo com esses critérios, identificamos no corpus 96 páginas para objeto de análise. Destas, 12 páginas são da seção “Caixa de Entrada” e 84, de “Em Trânsito”. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 6 ANÁLISE DE CONTEÚDO Neste tópico, estão apresentadas e detalhadas as informações estudadas, a partir da observação das 96 páginas que são objetos de análise, conforme a metodologia explicada no item anterior. 6.1 Caixa de Entrada De acordo com Ali (2009), a seção de cartas de uma revista expressa a voz dos leitores que costumam prestar atenção na mesma, mais do que se imagina e quando é bem-editada figura como uma das seções mais lidas. O espaço mostra que a palavra e a opinião dos leitores são consideradas, bem como é uma oportunidade para eles se expressarem acerca do conteúdo lido. Por outro lado, a autora também informa que em muitos casos a seção de cartas recebe pouca atenção, porque há um pensamento que diz que se a revista é interessante, automaticamente as cartas serão apenas de cunho positivo. O que não é verdade. Poucos títulos recebem comentários sobre conteúdos polêmicos e acalorados. Já muitas publicações com um editorial firme apresentam dificuldades para fazer com que sua seção de cartas seja compatível com o padrão das demais seções da revista. “Esta seção deve merecer o mesmo cuidado de edição que se dedica às grandes matérias.” Segundo Ali, (2009, p. 205): Escolha cartas que abordem assuntos diferentes com opiniões a favor e contra. A não ser, é claro, que um deles tenha monopolizado a opinião dos leitores e mereça predominar. Ainda nesses casos, o melhor é que cada uma das cartas mostre um lado diferente da questão, e não seja uma repetição das outras. Não tenha medo de publicar cartas com críticas à revista e ao seu conteúdo. Essas são mais lidas do que as que elogiam. Quando a questão é controversa, justaponha cartas favoráveis às contrárias, para que o leitor se divirta com as diferenças de opinião e se identifique com um ou outro lado. Esse é um espaço do leitor, um fórum de opiniões e debates, e não um lugar de autopromoção da revista. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 Ao analisar as 12 páginas da seção “Caixa de Entrada”, observou-se que os comentários publicados em cada página (uma página por edição) somam o total de 85 notas. A partir da leitura atenta dos 85 comentários, constatou-se que as notas publicadas falam do conteúdo das seções: “Matéria de Capa”, “Perfil”, “Bem Viver”, “Comportamento”, “Em Trânsito”, “Bastidores da Aviação”, “Meu Jeito de Voar”, “Achados do Artur” (dentro da seção “Embarque”) e “Esporte” (dentro da seção “Embarque”). Já os textos referentes a algum destino turístico, que podem ser de uma das três seções que abordam o tema, chamamos neste ponto de “Destino”. E os que fazem elogios à revista de uma maneira geral, nomeamos de “Elogios”. A distribuição dos comentários referentes a esses assuntos, entre as 12 edições, ficou da seguinte maneira: Tabela 1 / Parte 1 – Quantidade de comentários sobre as seções da Revista da GOL Edição / Seção Matéria de Capa Achados do Artur 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 3 2 1 3 4 4 3 4 1 4 2 3 1 - Destinos Elogios Perfil 1 2 3 1 Fonte: O autor, com base nas análises. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 2 3 3 1 3 1 2 1 2 2 6 - 5 1 1 1 1 - Em Trânsito 1 - Tabela 1 / Parte 2 – Quantidade de comentários sobre as seções da Revista da GOL Edição / Seção 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 Bem Viver 1 2 1 Comportamento 2 1 - Meu Jeito de Voar 1 - Bastidores da Aviação 1 Embarque Esporte 1 Fonte: O autor, com base nas análises. Observando as duas partes da Tabela 1, é possível verificar que as três seções mais comentadas pelos leitores, de acordo com o que foi publicado na revista, em ordem decrescente, são: matéria de capa, elogios e destinos. Gráfico 1 – Percentual das seções da Revista da GOL mais comentadas Fonte: o autor, com base nas análises. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 Para Vaz e Trindade (2013) a capa de revista é a vitrine de qualquer publicação e tem como objetivo principal seduzir o leitor à primeira vista. Em qualquer situação, uma boa imagem será sempre importante – e é ela o primeiro elemento que prenderá a atenção do leitor. O logotipo da revista também é fundamental, principalmente quando ela é conhecida, e já detém uma imagem de credibilidade junto ao público. (SCALZO, 2004, p. 63) Ainda segundo Scalzo (2004), é bom observar que o logotipo e o estilo da capa devem ser uma espécie de marca da publicação. Já Ali (2009) enfatiza que: A produção de uma foto de capa é cara, mas garante que a identidade de uma revista seja bem comunicada, mesmo quando se trata de um simples retrato. É o que costuma estar presente na grande maioria das capas. Algumas são de celebridades (ou pelo menos de gente conhecida na área de atuação da revista). (ALI, 2009, p. 70) A partir dos dados da tabela e o que expressam os autores, na capa, o que chama logo a atenção é a imagem de uma celebridade. A matéria de capa da publicação traz o perfil de alguma personalidade de sucesso. São artistas da música, cinema, televisão, teatro, entre outros, reconhecidos pela excelência e pela originalidade de seus trabalhos. Parte do interesse do público pelas celebridades está nas fantasias criadas a respeito de suas vidas. As pessoas imaginam que os famosos vivem num clima eternamente espetacular e fascinante, diferente da vida dos comuns dos mortais. Muitos se perguntam o que fariam se fossem ricos como eles e pudessem comprar tudo o que desejassem. Daí o sucesso desse gênero. (ALI, 2009, p. 210) O canto superior da página da seção “Caixa de Entrada” informa que os leitores podem mandar os comentários para o e-mail [email protected] ou deixar mensagem no twitter, blog, Facebook e Google+ da GOL. Mesmo existindo esses cinco canais de comunicação com o público leitor, verificou-se que das 85 mensagens publicadas nas revistas analisadas, a maioria foram oriundas do facebook, conforme o Gráfico 2. Um dado curioso é que foi publicado um comentário chegado à redação da revista através de carta, apesar de o meio carta não estar entre as opções para o envio de mensagens. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 Gráfico 2 – Percentual da origem dos comentários publicados Fonte: o autor, com base nas análises. Sobre essas informações, podemos reportar ao que aponta Araújo (2013, p.270). A autora diz que uma das formas de verificar a opinião dos leitores sobre a revista que está nas bancas é através dos comentários deles na página da publicação no facebook: (...) essa nova maneira de o jornalista se relacionar com os seus leitores e fontes está modificando o jornalismo, em especial o de revista segmentada, que depende muito da interação com sua comunidade de leitores e tem seu próprio público como importante fonte de suas matérias. Ainda de acordo com Araújo (2013), além dessa relação direta, os leitores muitas vezes interagem com o perfil das revistas na mídia social seja respondendo a perguntas, fazendo comentários e até mesmo piadas, como se a publicação fosse mais um dos seus amigos virtuais. 6.2 Vista aérea Também foi observado que nas edições 130 a 136, no canto inferior direito da página da seção “Caixa de Entrada”, apareceu o box “Vista Aérea”. Trata-se de uma seção interativa com os Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 leitores, na qual eles enviam à redação da revista uma foto do destino de sua viagem, feita de dentro da aeronave da GOL. A foto é publicada e os outros leitores terão que adivinhar o local onde a imagem foi feita. Para isso, basta mandar um e-mail para a redação com o palpite. Na edição seguinte, são divulgados o resultado e o vencedor da aposta. Neste box, sempre são publicadas duas fotos, ambas com os nomes dos respectivos leitores que as enviaram: uma inédita para que o público reconheça o local e outra com a resposta correta, divulgada primeiramente na edição anterior, e o (s) nome (s) do (s) leitor (es) que acertaram a resposta. Foi observado que a maioria dos clicks publicados foram feitos de um ângulo em que aparece a asa da aeronave e a logomarca da GOL. Os destinos publicados nas edições 130 a 136 foram respectivamente: Santarém-PA, Porto Alegre-RS, Fortaleza-CE, Vitória-ES, Buenos Aires-Argentina, Uberlândia-MG, e Itajaí e Navegantes-SC. 6.3 Em trânsito “Em Trânsito” é uma seção da revista que exibe imagens dos passageiros da GOL em diferentes momentos das suas viagens. Pode ser compreendida em três partes diferentes: “Você na Revista da GOL”, “Sua Viagem na Revista da GOL” e “Do Instagram para a Revista da Gol”. De acordo com o mídia kit da publicação, disponível no site da companhia, esta é uma das seções da revista que mais recebem cartas e e-mails e talvez a mais copiada. Vale salientar que todas as fotos publicadas são enviadas pelos próprios leitores-passageiros. 6.3.1 Você na Revista da GOL Com cinco páginas em todas as edições analisadas, esta parte da seção apresentou uma média por edição de 15 fotos diferentes. No total foram 173 fotos, das quais 93% são de pessoas comuns e 7% de pessoas famosas. Ao lado (esquerdo ou direito) de cada foto publicada aparece um pequeno box vertical com algumas informações referentes à mesma: Quem (nome da pessoa), O que faz (profissão), De Onde / Para Onde (trecho da viagem) e Por quê (motivo da viagem). Em algumas fotos ainda aparece uma quinta informação, “Como foi”, trazendo Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 um breve comentário em primeira pessoa, no qual o passageiro comenta algum aspecto especial vivenciado por ele durante a viagem. Também foi observado que as páginas exibem fotos dos clientes em poses, feitas no aeroporto, em locais como guichês de check-in e atendimento, ou ao lado de painéis da companhia, sempre de uma forma que apareça a logomarca da GOL ao fundo da imagem. Pode ser foto individual, em dupla ou em grupo, de passageiros das mais variadas profissões e lugares do Brasil, como também de comissários de bordo da companhia e equipe de tripulação. São sempre fotos de pessoas bonitas, felizes e sorrindo - jovens na grande maioria, mas também podem aparecer bebês, crianças, adultos e pessoas maduras. Na quinta página, são veiculadas fotos feitas na pista de pouso e decolagem do aeroporto, mostrando o lado externo da aeronave ao fundo, como também fotos feitas de dentro do avião. Nesse último caso, as pessoas são clicadas segurando um exemplar da Revista da GOL ou o cardápio dos lanches servidos a bordo, mostrando a capa com a logomarca em destaque. Na parte superior da quinta página desta parte da seção “Em Trânsito”, está escrita a frase: “Envie sua imagem com nome, o trecho e o motivo da viagem para o e-mail [email protected]. Sua foto pode ser publicada!”. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 Gráfico 3 – Percentual do tipo de foto publicada Fonte: o autor, com base nas análises 6.3.2 Sua viagem na Revista da GOL Com apenas uma página em todas as edições analisadas, esta parte da seção “Em Trânsito” traz um breve texto enviado por um leitor, escrito na primeira pessoa, no qual ele relata as experiências vividas durante a viagem a um determinado lugar e fala de alguns pontos turísticos visitados. Foi observado que são cinco fotos publicadas, enviadas pelo leitor em questão, que aparecem numeradas e descritas ao longo do texto e na ordem, da foto de número 1 a 5. As imagens em sua maioria retratam apenas as paisagens dos pontos visitados, mas também podem aparecer uma ou duas fotos do leitor com o local citado ao fundo. No canto inferior esquerdo da página aparece um pequeno box vertical com algumas informações referentes ao autor do texto e das imagens: Quem (nome da pessoa), O que faz (profissão) e De Onde / Para Onde (trecho da viagem). As fotos e textos dos destinos turísticos enviados pelos leitores, nas edições analisadas, são respectivamente: Palmas-TO, Fernando de Noronha-PE, Rio dos Cedros-SC, Chapada dos Veadeiros-GO, Jalapão-TO, Orlando-EUA, Santo Domingo-Caribe, Morro de São Paulo-BA, Buenos Aires-Argentina, Santa Cruz de la Sierra e La Paz-Bolívia, Maceió-AL e Aruba-Caribe. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 6.3.3 Do instagram para a Revista da Gol A última página da seção “Em Trânsito” é dedicada à publicação de fotos de alguns lugares feitas pelos leitores e postadas no instagram. Na página está escrito que para ver a foto publicada na revista, o usuário da mídia social deve seguir o perfil da GOL no instagram, o @voegol, e marcar a foto postada com a hastag #voegol. Geralmente são quatro fotos numeradas distribuídas no centro da página. No entorno desse agrupamento aparecem as legendas de cada imagem, com os seguintes elementos: nome do local onde a foto foi feita, um breve comentário escrito pelo autor da foto (em primeira pessoa), seguido do nome dele, perfil do mesmo no Instagram, profissão, idade e cidade onde mora. Ao analisar a seção “Em Trânsito” completa, podemos perceber claramente que a mesma caracteriza o conceito de marketing experiencial, um paradigma de marketing baseado na experiência do consumidor com o produto ou serviço de determinada marca. De acordo com McKenna (1997), empresas bem-sucedidas percebem que o marketing é semelhante ao conceito de qualidade: essencial para qualquer organização empresarial. E do mesmo modo que a qualidade, o marketing é intangível, ou seja, o consumidor só pode apreciar se experimentar. No modelo de marketing experiencial, as empresas criam meios para que os clientes possam experimentar seus produtos e tenham condições de emitir opinião sobre eles. Os atributos qualitativos derivam-se ao mercado através de experiências com o produto e com a organização de assistência técnica. A qualidade é comunicada ao mercado através de experiências. E a comunicação mais valiosa no estabelecimento de uma posição qualitativa está na experiência com o serviço. (MCKENNA, 1997, p. 68) Através da análise da seção também podemos lançar um olhar sobre o marketing interativo, conforme preconiza Limeira (2004). “Marketing interativo é o conceito que expressa o conjunto de ações de marketing direcionadas a criar uma interação entre o cliente e a empresa, em que o cliente tem um papel ativo, possibilitando a personalização e a customização de produtos e serviços.” (LIMEIRA, 2004, p. 8). Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 Após a análise do conteúdo publicado nas seções “Caixa de Entrada” e “Em Trânsito” da Revista GOL, nos apropriamos das ideias de Storch (2013). De acordo com a autora, ao produzir uma revista, o jornalismo procura repercutir os desejos do público leitor, assim como o mesmo, ao folhear alguma publicação, busca observar as características que revelam seu projeto editorial e, dessa maneira, procuram indícios que permitem o seu reconhecimento enquanto leitor do referido título. Segundo a pesquisadora, devido as suas características as revistas mantêm uma relação com os leitores, que vai além da oferta de informação. A leitura, como qualquer relacionamento, envolve mais do que o simples fato de se deparar de frente com conteúdos em páginas impressas. “As revistas também são bonitas. E, soma-se à leitura o prazer de folhear as belas páginas e de se reconhecer nos traços e cores das ilustrações, nas imagens e nas texturas do papel.” (STORCH, 2013, p. 139) As ideias citadas são semelhantes ao que aponta Ali (2009). De acordo com a autora, boas revistas, como nenhum outro meio de comunicação, conseguem estabelecer com os leitores um clima de intimidade, amizade, lealdade e afeto. Quando o relacionamento acontece, o leitor responde, e muitas vezes de forma apaixonada e envolvente. Mas, se, ao contrário, houver uma distância, ele se afasta. E sem vínculo não há revista. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisar a existência das revistas customizadas, como uma ferramenta utilizada pelos departamentos de marketing e comunicação das organizações empresariais brasileiras permitiu-nos chegar a algumas considerações a respeito da relação que este meio de comunicação tem com o conceito de marketing de relacionamento – uma das estratégias valorizadas pelas empresas nos dias de hoje, como forma de se destacar frente à concorrência. Trabalhamos com a hipótese inicial de que as empresas que possuem uma publicação desta natureza dirigida aos seus clientes conseguem se relacionar e estabelecer uma imagem positiva perante os mesmos. O resultado alcançado com este artigo, a partir do estudo de caso da Revista GOL Linhas Aéreas Inteligentes, confirma que, sim, a revista customizada é uma ferramenta de comunicação que pode ser usada para proporcionar oportunidades de desenvolvimento de relações com os clientes. Para tanto, vale destacar que, ao utilizar esta ferramenta as empresas se apropriam das características peculiares do meio revista, que por si só estabelece uma relação de aproximação com os leitores por oferecer conteúdo informativo relevante e de interesse, além de entretenimento. Tudo isso baseado em conceitos como credibilidade, intimidade e afeto. Valendo-se destas premissas, as empresas conseguem cativar os clientes quando criam e entregam de forma gratuita um produto impresso com excelente padrão de qualidade gráfica, aliada a um conteúdo jornalístico de primeira. Os números e os exemplos citados neste artigo demonstram a força e a penetração que este tipo de produto consegue atingir no mercado. Por ser de uma empresa do setor de aviação civil, é imprescindível que na Revista da GOL, a temática do turismo tenha destaque nas suas páginas. Os destinos turísticos publicados, muitos deles desconhecidos do grande público e distantes dos roteiros tradicionais, são capazes de fazer os leitores viajantes sonharem em conhecê-los. De forma subliminar fica implícito que a GOL poderá fazê-los alcançar tal sonho e, para isso, a empresa não mede esforços ao tentar facilitar a vida do cliente, seja fornecendo dicas úteis dos pontos turísticos, Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.11, Jan. - Jul. 2015 como lugares para visitar, comprar, comer e ficar, além das opções de voos disponíveis para os destinos, sempre citados no final das reportagens. REFERÊNCIAS ALI, Fátima. A arte de editar revistas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009. ARAÚJO, Sílvia Amélia de. Rotinas produtivas em revista: padrões e transformações no fazer de uma publicação segmentada. In: MELLO B. 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