GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1 MATRIZES CULTURAIS DO BRASIL Páginas 3 - 5 1. a) Espera-se que os alunos observem que os indígenas ocupavam o território do atual Brasil antes da chegada dos portugueses. Portanto, a propriedade da terra era dos indígenas antes que os colonizadores tomassem essas terras, praticamente dizimando os nativos. b) Espera-se que os alunos percebam que a reprodução minuciosa de elementos da vida dos povos indígenas serve para comprovar o quanto eram ricas as culturas desses povos antes da chegada dos colonizadores. É importante que você incentive os alunos a buscar informações que contextualizem a obra de arte estudada. 2. Durante a observação da obra de arte, você deve destacar alguns de seus detalhes, facilitando, assim, a elaboração da resposta. O olhar do pintor está situado na ponte de comando do navio, projetando-o sobre a proa e conferindo destaque para as famílias de emigrantes. Embora, ao que tudo indica, o instante escolhido pelo artista seja o da tristeza do desterro, o navio parece erguer-se, maior e mais forte do que os obstáculos naturais (o mar) em direção a seu porto de destino. Além desses aspectos, nota-se o valor atribuído pelo artista aos seres anônimos que, egressos de diferentes países, contribuíram para a formação e diversidade étnica do Brasil contemporâneo. 3. A letra da canção pretende chamar a atenção para a presença dos afrodescendentes na população brasileira. Mais que isso, busca reafirmar a valorização do movimento negro em nosso país, a partir das décadas de 1980 e 1990, não somente por intermédio de sua organização e mobilização político-social como também de sua expressão pela dança, música e poesia. É o caso, entre outros, do RAP (Rhythm and Poetry; Ritmo e Poesia) e do Movimento Hip-Hop. Essas expressões artísticas contribuem para o processo de reconstrução de identidades nas sociedades em que eles estão presentes, dando origem à constituição de um novo patamar urbano de 1 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 organização social que leva em consideração as pluralidades, as diferenças e as dicotomias que caracterizam os processos de construção de uma verdadeira sociedade democrática e igualitária. Páginas 5 - 7 1. Espera-se que os alunos apresentem como critérios os seguintes elementos: cor da pele e critérios morfológicos como formato do nariz, dos lábios, do queixo, do formato do crânio, o ângulo facial etc. 2. De acordo com o texto, ao se considerar elementos culturais, psicológicos e intelectuais para classificar raças, cria-se uma hierarquia valorativa por meio da qual é possível estabelecer quem é “melhor” ou “pior”, “superior” ou “inferior” que outros. Se alguns geneticistas consideram raça um conceito biologicamente ultrapassado, a sociedade deve romper com classificações criadas com o intuito de gerar hierarquias, responsáveis por justificar formas de dominação de um povo sobre outros. As sociedades devem, portanto, respeitar-se, compreendendo que as diferenças entre os povos manifestam-se pela diversidade cultural e que cada indivíduo é único e como tal deve ser compreendido como mais um membro da espécie humana, dentro do contexto socioeconômico e cultural em que vive. Você pode aproveitar essa reflexão para discutir com os alunos a ideia de “diferença” em contraposição à ideia de “desigualdade”. Páginas 7 - 9 1. Na comparação dos gráficos, observa-se que há diminuição no número de brancos e aumento significativo do número de pardos. Espera-se que os alunos percebam que os dados de 2006 demonstram que mais pessoas em nosso país estão assumindo sua cor de pele, abrindo mão, assim, de uma ideologia de cunho racista que as fazia desvalorizar sua cor de pele. Em parte, isso ocorre em um contexto histórico de fortalecimento do movimento negro e de uma transformação positiva da imagem pública das pessoas desse grupo, em nossa sociedade, que sofrem preconceito ainda 2 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 hoje. Podem surgir respostas que justifiquem essa mudança na distribuição étnicoracial pelo aumento da miscigenação entre negros e brancos. 2. a) Até o levantamento de 1991, só havia quatro classificações possíveis: brancos, pardos, pretos e amarelos. A partir do censo de 2000 foi introduzida a classificação indígena. Os dados de 2001 são mais abrangentes do que os dos levantamentos anteriores, pois houve a inclusão de mais uma categoria. b) Espera-se que os alunos percebam a imprecisão dos critérios do IBGE para a classificação da população em relação à cor da pele, visto, por exemplo, que os indígenas podem ser pardos ou amarelos. c) Espera-se que os alunos percebam que os dados não refletem fielmente a realidade da população brasileira, por serem dados autodeclarados, uma vez que o IBGE solicita que cada indivíduo se reconheça em um dos poucos parâmetros relativos à cor da pele previstos no instrumento de pesquisa e não são considerados aspectos sociais e culturais. Nos dados colhidos a partir de 2000, além de alguma preocupação sobre esses aspectos, asiáticos e indígenas foram agrupados separadamente. Páginas 9 - 10 1. O grupo que apresenta a maior frequência escolar é o de mulheres brancas, o de menor frequência escolar é o composto de homens pretos, segundo nomenclatura do IBGE. Espera-se que os alunos relacionem a discriminação racial e a desigualdade social como fatores que influenciam no acesso dos brasileiros à educação. 2. O grupo de mulheres pretas, segundo nomenclatura do IBGE, destaca-se por concentrar as maiores taxas de desemprego. Os alunos deverão levantar várias hipóteses, e entre elas podem surgir questões como a dificuldade de acesso ao mercado de trabalho formal, que embora se negue, baseia-se no preconceito relativo à cor da pele. 3. O enunciado exige reflexão e associação entre aspectos estudados e dados estatísticos. Espera-se que os alunos ponderem que o fato de haver uma forte miscigenação entre brancos e não brancos no Brasil não garante que exista uma verdadeira democracia. É o que atestam os gráficos apresentados e nos quais os alunos poderão estruturar a argumentação a esse respeito, pois se percebe, 3 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 claramente, que as mulheres brancas se destacam quanto à frequência escolar em todas as idades (primeiro gráfico), enquanto, no que tange ao desemprego, em todas as faixas etárias as mulheres negras lideram (segundo gráfico). Quando sabemos que esse contraste entre brancos e não brancos estende-se para outras informações – relativas às etnias e sua condição social (por exemplo, homens brancos são os que ganham salários mais elevados em todas as faixas etárias, homens negros são as maiores vítimas da violência urbana e homens pardos de 30 a 59 anos apresentam maior número de analfabetos) –, nota-se que a democracia no que diz respeito à cor da pele somente poderá ser construída por meio de mudanças socioeconômicas e culturais profundas. Em outras palavras, para deixar de ser um mito e passar a ser realidade, a democracia exige que os não brancos adquiram igualdade de condições no mercado de trabalho, nível de escolaridade e acesso à renda, entre outros, compatíveis com aqueles observados para os brancos. Há, ainda, a necessidade de deixarem de ser vistos socialmente por meio de estereótipos e preconceitos. Página 11 O enunciado da questão busca promover a associação entre os conteúdos estudados na Situação de Aprendizagem 1 com aqueles tratados no Caderno do volume 1. A alternativa a apresenta pertinência quanto aos dados da tabela apresentada, mas associa erroneamente a antiga cultura canavieira à região Norte para explicar o predomínio da população parda; na alternativa b, os descendentes de povos orientais não explicam o contingente da população parda encontrada na região Centro-Oeste; a alternativa c apresenta distorção quanto aos dados da tabela; e a alternativa e, além de desconsiderar a porcentagem da população indígena no Centro-Oeste, restringe a mestiçagem a partir da construção da Rodovia Transamazônica, desconsiderando seus antecedentes. Desse modo, a única alternativa correta é a d, na qual se verifica tanto a apresentação de dados corretos a partir da tabela oferecida para leitura e interpretação como também causas explicativas que os justificam com base nos conhecimentos prévios dos alunos sobre o processo de povoamento e ocupação do território brasileiro. 4 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 SITUAÇÃO APRENDIZAGEM 2 A DINÂMICA DEMOGRÁFICA Para começo de conversa Páginas 12 - 13 1. Espera-se que os dados coletados por intermédio da ficha reproduzam em escala local os mesmos resultados relativos ao encolhimento da taxa de fecundidade e à intensa migração da população brasileira. Tomando por base esses resultados, analise com os alunos a importância de coletar e estudar dados populacionais, não apenas para que os governos planejem as políticas públicas adequadas às reais necessidades da população, mas também para que as empresas privadas façam projeções sobre seus mercados consumidores. 2. a) Espera-se que os alunos destaquem que houve movimento migratório, se for o caso – o mais provável. Junto com os alunos, identifique se o movimento migratório foi intraestadual ou de âmbito nacional e determine os vetores desse movimento. b) Provavelmente, a média do número de filhos por família terá diminuído, confirmando a tendência observada nas taxas de fecundidade nas últimas décadas. Junto com os alunos, procure traçar a média de filhos nas diferentes gerações. Leitura e Análise de Gráfico e Tabela Páginas 13 - 15 1. a) Como esse tema já foi estudado em anos anteriores, espera-se que os alunos não considerem verdadeira a afirmação. A explosão demográfica ocorreu entre as décadas de 1940 e 1970, período de grande aumento populacional em decorrência das altas taxas de natalidade e da queda da mortalidade resultantes dos avanços da medicina, como o surgimento dos antibióticos e a popularização de formas de prevenção com as vacinações em massa. 5 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 b) O que foi apurado na classe deve confirmar a tendência de diminuição no crescimento populacional brasileiro, conforme mostra o gráfico. Caso essa tendência não se confirme, é importante discutir fatores sociais e econômicos locais que possam ter influenciado o resultado. 2. a) Taxas de natalidade e de mortalidade. b) O crescimento vegetativo é o resultado da diferença entre as taxas de natalidade e de mortalidade a cada mil habitantes. Por exemplo, no período 1872-1890, o crescimento vegetativo era de 16,3 (46,5 de natalidade por mil e 30,2 de mortalidade por mil). c) A taxa de mortalidade expressa a proporção entre o número de óbitos e a população absoluta de um lugar, em determinado intervalo de tempo. A taxa de natalidade expressa a proporção entre o número de nascimentos e a população absoluta de um lugar, em determinado intervalo de tempo. 3. Espera-se que os alunos considerem que o comportamento da população brasileira no final do século XIX (1890) e início do século XX deveu-se, principalmente, ao ingresso de imigrantes. Esse foi o período em que a entrada de imigrantes superou o crescimento natural da população. Esse fluxo foi significativo entre 1910 e 1920. Porém, no início dos anos de 1930, poucos meses depois assumir o poder, o presidente Getúlio Vargas baixou decreto limitando a entrada de estrangeiros no Brasil e a partir de 1934, a chegada de imigrantes ao Brasil diminuiu significativamente, em consequência de diversos fatores. Em primeiro lugar, a crise cafeeira provocou sérios danos à economia brasileira no final dos anos 1920, gerando desemprego e tensão social, ampliados pelas instabilidades causadas pelas revoluções de 1930 e 1932. Em 1934, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas, foi assinada a Lei de Cotas de Imigração, que permitia o ingresso de apenas 2% do total de imigrantes que haviam entrado no Brasil nos últimos 50 anos (exceção feita aos portugueses). Tais fatores explicam a redução populacional ocorrida entre as décadas de 1920 e 1930. 4. A explosão demográfica ocorreu entre as décadas de 1940 e 1970, período em que as taxas de natalidade aumentaram e houve redução acentuada nas taxas de mortalidade, gerando, em consequência, grande crescimento vegetativo ou natural da população brasileira. Tais fatores resultaram dos avanços da medicina com a popularização dos antibióticos e das vacinações, assim como da urbanização e ampliação do saneamento básico. 6 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 Páginas16 - 17 1. O número de filhos por mulher diminuiu de 6,2, em 1940, para 1,95 filhos por mulher em 2007, começando a cair a partir da década de 1960. No geral, o gráfico “Crescimento populacional brasileiro entre 1872 e 2000 e projeções para 2010 e 2020” mostra uma diminuição contínua no crescimento populacional. Ressalva em 1960, quando houve um pequeno aumento na taxa de fecundidade e um aumento no crescimento populacional em comparação à década anterior. 2. O gráfico demonstra como as taxas de fecundidade diminuem sensivelmente conforme aumentam os anos de estudo das mulheres. Além disso, percebe-se que a Região Norte é a que apresenta a maior taxa de fecundidade nas mulheres com menor nível de instrução. 3. Espera-se que os alunos, de modo geral, percebam que a redução nas taxas de fertilidade é explicada pelo aumento da urbanização e, portanto, pelo maior acesso aos meios contraceptivos, pela melhoria no nível educacional da população e pela significativa presença da mulher no mercado de trabalho, entre outros fatores. Leitura e Análise de Gráfico e Mapa Páginas 17 - 18 1. a) Espera-se que os alunos acentuem que a primeira fase caracteriza o regime demográfico tradicional, e apresenta uma alta taxa de mortalidade e de natalidade. Na Fase I da Transição Demográfica ocorre a redução das taxas de mortalidade e registrase um elevado crescimento vegetativo da população. Na Fase II, ocorre uma redução das taxas de natalidade, e, consequentemente, do crescimento vegetativo. Por último, na Fase III, período pós-transicional, característico de um regime demográfico moderno, as taxas de mortalidade e de natalidade apresentam-se reduzidas. 7 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 b) Países que já concluíram sua transição demográfica, que se encontram na Fase III: Japão, países europeus, Estados Unidos, Canadá etc. Fase II, caracterizada por crescimento populacional lento: os países latino-americanos, com exceção da Bolívia, Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua (todos na Fase I), e Uruguai e Cuba que estão na fase III. Na Fase I encontram-se grande parte dos países africanos e na Ásia temos Iêmen, Afeganistão, Nepal, Butão, Bangladesh, Camboja e Laos. Em geral a fase III ocorre em países onde há desenvolvimento econômico ou em nações antigas e também os atuais e ex-países socialistas, que priorizaram ações voltadas para a educação, saúde e mesmo planejamento familiar. Os países que se encontram na Fase I são pobres, em sua maioria com população predominantemente rural, com pouca infraestrutura e ações concretas em termos educacionais e de assistência à saúde. c) Espera-se que o aluno identifique a situação de pobreza como um dos fatores das altas taxas de natalidade e de mortalidade, além da falta de infraestrutura e os conflitos armados comuns nessa região. Os alunos podem sugerir várias ações, tais como investimentos em saneamento básico, em saúde, educação etc. Alguns deles podem citar o papel da ajuda internacional. Se isso acontecer, proponha a discussão sobre a eficácia desse tipo de ajuda e que interesses estão por trás desse auxílio patrocinado pelos países ricos. 2. Considera-se transição demográfica o comportamento das taxas de natalidade e de mortalidade de uma população no decorrer de um período, tendo em vista duas situações, uma inicial e outra final, de crescimento demográfico relativamente reduzido. A situação inicial, ou período pré-transicional, caracteriza-se por altas taxas de mortalidade e natalidade. Em seguida, na Fase I da transição demográfica, há redução das taxas de mortalidade e registra-se um elevado crescimento vegetativo da população. Na Fase II, junto com a redução progressiva da taxa de mortalidade, observa-se uma redução também da taxa de natalidade e, consequentemente, do crescimento vegetativo. Por fim, na Fase III, período pós-transicional, as taxas de mortalidade e de natalidade apresentam-se reduzidas, mantendo baixo o crescimento vegetativo. 8 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 Páginas 19 - 20 1. Grupo 1 Países Brasil e Índia Características da Estrutura etária Base larga, corpo médio e topo estreito. No Brasil verifica-se o aumento de adultos e uma leve diminuição no número de jovens. 2 Rússia e China China e Rússia apresentam base menor que o corpo da pirâmide, resultado de baixas taxas de natalidade, e com número significativo de idosos. Na pirâmide da Rússia, o número de homens adultos é menor do que o de mulheres, em virtude de guerras e conflitos militares nos quais o país se envolveu no século XX. 2. A análise do comportamento da pirâmide brasileira evidencia uma diminuição da base e um maior alargamento do contingente de população em idade adulta, o que sinaliza a passagem da Fase II para a Fase III da transição demográfica. 3. A análise da pirâmide etária oferece diversas informações sobre a população de um país, como a quantidade e distribuição de habitantes por faixa etária, a proporção por sexo e a porcentagem de pessoas em idade produtiva (ou seja, as que se encontram entre 10 e 65 anos) no total da população. Página 21 O Brasil, segundo estudos do IBGE, encontra-se na fase de transição demográfica em curso, caminhando para a de transição demográfica estabilizada (final da transição demográfica), pois apresenta diminuição acentuada das taxas de natalidade e de fecundidade e, consequentemente, crescimento populacional moderado. 9 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 Páginas 21 - 22 Alternativa c. As afirmações I e IV interpretam corretamente os dados apresentados no gráfico da questão e resgatam as principais causas para os fenômenos demográficos citados e que foram comentados durante a Situação de Aprendizagem 2, na análise do gráfico “Brasil: taxas de natalidade, de mortalidade e de crescimento vegetativo da população”. Já as afirmações II e III estão incorretas. 10 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3 O TRABALHO E O MERCADO DE TRABALHO Página 23 Os dados apresentados nos gráficos revelam uma mudança histórica nas relações familiares até então patriarcais, em que o homem era considerado o grande provedor, para uma nova realidade, na qual o papel da mulher torna-se cada vez mais reconhecido como participante na renda familiar e provedora individual de grande parte das famílias. Os gráficos revelam o aumento de domicílios chefiados por mulheres, o que as torna, nos últimos anos, protagonistas de uma grande mudança em curso no mercado de trabalho brasileiro. Além das mudanças nas relações familiares, é importante discutir com os alunos o processo de migração campo-cidade (êxodo rural), o consecutivo aumento da população urbana, onde o custo de vida é mais alto, o que contribui para a entrada da mulher no mercado de trabalho para auferir uma renda familiar maior. Percebe-se que as mulheres aumentaram significativamente o seu papel no mercado de trabalho. Em 1992, o trabalho feminino na composição da renda das famílias brasileiras era de 30,1%, e em 2007 passou a representar 39,8%. O número de mulheres chefes de família cresceu de forma mais significativa, passando de 301 mil famílias em 1993, para 3,6 milhões em 2007. Páginas 24 - 25 1. De acordo com o IBGE, denomina-se População Economicamente Ativa (PEA) o conjunto da população em idade produtiva, entre 10 e 65 anos, e que trabalha em atividades remuneradas, considerando-se tanto indivíduos ocupados (com trabalho) quanto desocupados (sem trabalho, mas que tomam alguma providência efetiva no sentido de procurar trabalho). Essa definição do IBGE pode ser discutida com os alunos, observando que a Constituição brasileira não permite o trabalho infantil. A 11 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 Constituição determina a idade mínima de l4 anos para a admissão ao trabalho e proíbe qualquer trabalho a menores de 14 anos, salvo na condição de aprendiz. 2. Espera-se que os alunos saibam identificar as características de cada setor da economia, pois o tema já foi abordado nos anos anteriores. Nesse sentido, o setor primário deve ser compreendido como o que envolve a agricultura, com todas as formas de pecuária, a caça, a pesca e as explorações florestais; o setor secundário abrange a atividade industrial, incluindo as indústrias de transformação de bens de consumo e de produção, as de construção civil e as de extração mineral; o setor terciário agrupa as atividades relacionadas ao comércio e à prestação de serviços (bancos, transporte, saúde, educação, comércio, profissões liberais, funcionalismo público etc.). 3. Entre as décadas de 1940 e 1960 a população brasileira era predominantemente rural, concentrada no setor primário. Com a aceleração da industrialização, principalmente a partir da década de 1970, associada à mecanização agrícola, e consequente êxodo rural, esse perfil se alterou. Houve, então, um crescimento dos setores secundário e terciário e uma diminuição da população no setor primário. Após a década de 1980, a automação industrial provocou novas alterações na distribuição da população pelos setores da economia. A partir daí, a concentração tornou-se ainda maior no setor terciário, que absorveu a mão de obra egressa das indústrias. Além disso, surgiram novos serviços resultantes das tecnologias da informação e novas formas de administração alocadas no setor terciário. Páginas 25 - 26 1. O que se espera é que os alunos identifiquem que os dados retratam um aumento significativo da participação das mulheres no mercado de trabalho, fato notório nas últimas décadas, principalmente a partir da década de 1980. Feita essa caracterização, os alunos poderão indicar várias razões explicativas de acordo com as leituras e com o que foi tratado em sala de aula. Poderão discorrer sobre a necessidade de complementação da renda familiar, o aumento do número de mulheres chefes de família ou, ainda, o desejo de emancipação e maior independência e igualdade de oportunidades em relação aos homens. Além desses aspectos, os alunos poderão 12 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 explicar a mudança do papel da mulher na estrutura familiar, o que, muitas vezes, mantém relação com o desemprego do parceiro. A ideia dessa questão não é requisitar que os alunos esgotem as causas do processo em evidência, mas que tão somente indiquem uma ou duas razões explicativas, a partir das quais o professor poderá avaliar se compreenderam o que foi abordado durante as aulas. 2. Solicita-se que os alunos reconheçam que a situação das mulheres no mercado de trabalho ainda é desigual quando comparada com a dos homens. Mas isso não é tudo. Espera-se que argumentem sobre a questão, notificando, entre outros aspectos, que o mercado de trabalho ainda é discriminatório em relação às mulheres por vários motivos, como: tendência em pagar salários menores às mulheres que aos homens que ocupam o mesmo cargo; dificuldade de aceitar a participação feminina em cargos ou funções executivas, de alta administração ou de gerenciamento; reação negativa ao acúmulo de funções familiares e de trabalho; afastamento do posto de trabalho devido às licenças-maternidade. Página 26 A alternativa (d) resgata os principais conteúdos estudados na Situação de Aprendizagem 3, correlacionando de forma correta os principais fatores que explicam o aumento significativo das mulheres no mercado de trabalho do Brasil. Na alternativa a, é errôneo utilizar as expressões “igualdade profissional” e “acentuada redução” das disparidades salariais entre mulheres e homens; na alternativa b, para o período considerado (1970-2006), passa-se ao largo da queda do porcentual de pessoas empregadas no setor secundário de produção durante os anos 1980, seja por crise no setor, seja por racionalização do trabalho (incluída a automação), levando à dispensa de mão de obra; e, nas alternativas c e e, desconsideram-se, entre outras associações equivocadas, as desigualdades no mercado de trabalho com as quais se deparam as mulheres, particularmente as dos grupos étnicos não brancos. 13 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4 A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL E A EXCLUSÃO SOCIAL Páginas 27 - 29 1. A pobreza é associada à insuficiência de renda. Ou seja, quando a soma dos rendimentos de um indivíduo ou da família não permite a satisfação de suas necessidades básicas (alimentação, transporte, moradia, saúde e educação), costuma se utilizar o termo pobre. Quanto à exclusão social, além da renda, emprega-se a expressão de maneira mais ampla ou multidimensional, pois também abrange restrições à mobilidade social (intra e intergerações) resultantes de condições como etnia, sexo, tipo de ocupação, condição socioeconômica, além de fatores culturais, institucionais e políticos. De maneira complementar, vale chamar a atenção dos alunos para o fato de que a exclusão social também pode ser vista sob outro enfoque, como um conceito associado à ideia de “vulnerabilidade social”, referindo-se, nesse caso, à marginalização de determinados segmentos sociais (em geral, pobres com baixa escolaridade, negros e mulheres) em relação aos benefícios gerados pelo desenvolvimento. Em qualquer dos casos, o fato é que a exclusão social está intrinsecamente associada à noção de mobilidade social. 2. De acordo com as informações contidas no mapa, as regiões brasileiras nas quais os índices de pobreza e exclusão mais se equiparam são as regiões Norte e Nordeste. 3. Considerando a diferença entre os conceitos, espera-se que os alunos identifiquem que, apesar de os salários serem mais elevados em São Paulo, e as famílias em conjunto conseguirem suprir suas necessidades básicas, essa mesma população enfrenta restrições quanto à mobilidade social resultantes de condições como etnia, sexo, tipo de ocupação, condição socioeconômica, além de fatores culturais, institucionais e políticos. 14 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 Leitura e Análise de Diagrama Página 29 A análise do diagrama permitirá ao aluno destacar que os grandes temas considerados referem-se ao padrão de vida digno, conhecimento e risco juvenil. • Quanto ao padrão de vida digno: os índices que o compõe são os de pobreza, emprego e desigualdade. • Quanto ao de conhecimento: os índices são anos de estudo e alfabetização. • Quanto ao risco juvenil: os índices são concentração de jovens e violência. Considerando essas variáveis, definem-se os índices de exclusão social de um dado lugar. Página 30 Espera-se que o trabalho em sala de aula permita aos alunos discorrerem sobre as formas de segregação espacial manifestadas pela distribuição desigual de infraestrutura entre os bairros ricos e pobres, assim como a manifestação desta mesma segregação em razão do aumento de condomínios “fechados”, designados como “enclaves fortificados”, ou seja, espaços privatizados, fechados e monitorados para residência, consumo, lazer ou trabalho. A proliferação desses “enclaves fortificados” vem criando um novo modelo de segregação espacial e transformando a qualidade da vida pública não somente no Brasil como em muitas cidades ao redor do mundo. Esses locais reproduzem uma cultura segregacionista e excludente das elites econômicas (motivadas em virtude dos altos índices de violência urbana) em relação a outros grupos sociais menos abastados, resultando numa fragmentação dos espaços urbanos, reproduzindo no plano espacial a desigualdade social existente. Incentive os alunos a ilustrar essa discussão com exemplos de exclusão e segregação espacial de seu cotidiano. 15 GABARITO Caderno do Aluno Geografia – 2a série – Volume 3 Página 30 Ao lado do fator crescimento populacional, a alternativa e é a única que associa a distribuição de renda com a exclusão social, o que impede que a primeira seja identificada como a única ou principal causa do problema, evitando-se, desse modo, um entendimento simplista ou reducionista. 16