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INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO INTERVALADO E CONTÍNUO NA
RESPOSTA PRESSÓRICA DE INDIVÍDUOS QUE PRATICAM CORRIDA
DE RUA
Lucas Rocha Costa¹
Fabrício Galdino Magalhães2
PALAVRAS-CHAVE: treinamento; corrida; pressão arterial.
INTRODUÇÃO (JUSTIFICATIVA E BASE TEÓRICA)
Segundo a VI Diretrizes brasileira de hipertensão a HAS (Hipertensão Arterial
Sistêmica) tem alta prevalência e baixas taxas de controle, é considerada um dos principais
fatores de risco (FR) modificáveis e um dos mais importantes problemas de saúde pública.
Os métodos de treinamento intervalado e, contínuo são linhas bastante utilizadas no
treinamento de corrida de rua. Segundo Laterza et al. (2007) praticar exercício físico aeróbio
regularmente permite adaptações autonômicas e hemodinâmicas que desenvolvem de forma
significativa o funcionamento do sistema cardiovascular, além de influenciar no fator clínico,
considerando que se pode prevenir a hipertensão arterial, ou até mesmo trata-la. De acordo
com Brum et al. (2004) caracterizam como exercício físico a situação que quebra a
homeostase do organismo, aumentando imediatamente a demanda de energia dos músculos
solicitados e do organismo de modo geral.
Com o crescente número de adeptos da modalidade, fazem-se necessárias pesquisas
que envolvam situações reais do exercício e suas respostas fisiológicas, priorizando a
segurança ao prescrever treinos de corrida de rua aos praticantes, em diferentes níveis de
sobrecarga cardiovascular, visto que, na literatura não existem muitas discussões referentes
sobre o assunto, tornando o trabalho um diferencial contribuindo assim para a comunidade
acadêmica assim como para os indivíduos praticantes desta modalidade.
Segundo Laterza et. al. (2007) a prática regular de exercícios aeróbios provocam
adaptações e melhorias do funcionamento do sistema cardiovascular e podem prevenir, ou até
tratar a hipertensão arterial, levando o indivíduo hipertenso a valores regulares de pressão
arterial, o que leva a compreender a relevância e contribuição da prática de corrida de rua. O
treinamento aeróbio reduz a pressão arterial de hipertensos em, aproximadamente 7 mmHg
(sistólica) e 5 mmHg (diastólica), além de diminuir a pressão arterial no período de sono e em
ocorrência de estresse físico e/ou mental (MEDINA et al., 2010). Polito e Farinatti (2006)
salientam a relevância clínica da hipotensão pós-exercício, mas afirma que as variáveis que
podem contribuir para sua manifestação apresentam aspectos duvidosos, o que mais uma vez
nos leva a justificar a necessidade e relevância deste tipo de estudo.
Segundo Foss e Keteyian (2000) o organismo pode sofrer alterações em resposta a um
exercício submáximo a redução do acúmulo de lactato, aumento da velocidade de remoção de
ácido lático, nenhuma mudança ou ligeira redução no débito cardíaco, aumento do volume de
ejeção sanguínea e redução na frequência cardíaca. Em resposta adaptativa a esforço máximo
há um aumento na potência aeróbia máxima pelo aumento do VO2máx, aumento do débito
cardíaco, aumento do volume de ejeção sanguínea, nenhuma mudança ou ligeira redução na
frequência cardíaca, aumento da ventilação por minuto máxima, aumento da capacidade de
difusão pulmonar, e aumento do acúmulo de lactato.
Logo, Monteiro (2004) nos traz que, para o desenvolvimento de condicionamento
cardiorrespiratório, o tipo de atividade realizada deve utilizar grandes grupos de massa
muscular, que podem ser solicitados de forma contínua e cíclica e por maiores períodos de
tempo, com grande exercício do sistema aeróbio.
A pratica de exercício aeróbio, e especificar, a prática de corrida de rua e, durante a
prática de exercícios aeróbios têm-se o aumento do sistema nervoso simpático e diminuição
do parassimpático. O sistema nervoso simpático promove o aumento da frequência cardíaca e
do volume sistólico, ocasionando o aumento do débito cardíaco. Desta forma temos o
aumento da pressão arterial sistólica e uma manutenção ou mesmo uma diminuição da
pressão arterial sistólica. (BRUM et al., 2004). Ainda, exercícios de caráter aeróbio podem
promover efeito hipotensor, ou seja, após a realização da pratica de exercício aeróbio têm-se
diminuição da pressão arterial (McARDLE et al., 2001).
OBJETIVOS
Avaliar a resposta pressórica subaguda de corredores de rua submetidos aos métodos
de treinamento contínuo e intervalado e verificar o aparecimento, ou não, de hipotensão pósexercício.
METODOLOGIA
Tratou-se de um ensaio clínico controlado cruzado, realizado no LAFEX ESEFFEGO,
com 9 indivíduos do sexo masculino, praticantes de corrida de rua, há pelo menos 6 meses, e
máximo 3 anos. Foram realizados 3 protocolos. Os protocolos experimentais consistiram em:
Treinamento contínuo com 3000m de corrida com frequência cardíaca entre 70 e 80% da
máxima; Treinamento intervalado com 8 tiros de 300 metros com frequência cardíaca
próxima de 85% ao fim do tiro, e descanso ativo de 100m de caminhada. No 3° protocolo,
controle. A pressão arterial foi aferida antes, imediatamente após, e até 40 minutos depois, de
20 em 20 minutos, utilizando aparelho semiautomático de marca Omrom 705 CP. Os dados
foram tratados através de medida de tendência central (média) onde primeiramente foi
realizado o teste de normalidade pelo teste de ShapiroWilk, e aplicado teste t-student, intra e
intergrupo, adotando nível de significância p<0,05.
ANÁLISE E DISCUSSÃO
Analisando a Pressão Arterial Sistólica (PAS), do protocolo experimental contínuo foi
encontrado, o minuto pré, 117,28±15,33; minuto 0, 147,21±11,40; minuto 20, 122,57±8,26;
minuto 40, 117±7,14. No protocolo experimental intervalado, o minuto pré, 124,75±6,33;
minuto 0 , 160,75±12,57; minuto 20, 122,66±10,55; minuto 40, 120,41±9,45. Referente ao
protocolo controle, o momento pré, 122,14±11,74; minuto 0, 115,78±12,79; minuto 20,
117,35±11,15; minuto 40, 116,57±9,51.
Relacionado à análise da Pressão Arterial Diastólica (PAD), do protocolo
experimental contínuo foi encontrado no momento pré, 70,21±6,99; minuto 0, 76,92±12,47;
minuto 20, 74,92±4,54; minuto 40, 71±5,98. No protocolo experimental intervalado, o
momento pré, foi, 81,11±11,58; minuto 0, 85,41±12,86; minuto 20, 80,05±10,49; minuto 40,
79,41±10,58. Referente ao protocolo controle, o momento pré, 67,57±7,74; minuto 0,
66,64±7,91; minuto 20, 67,5±6,91; minuto 40, 68,07±5,49.
Os corredores apresentaram elevação significativa da PAS imediatamente após a
sessão de corrida, tanto no treinamento contínuo quanto no treinamento intervalado, quando
comparados ao momento pré-exercício. Contudo, essa resposta não se mostrou significativa.
Ainda, no grupo controle, não observou-se alteração relevante.
De acordo com os resultados encontrados, em estudo de Oliveira et al. (2011), em
revisão bibliográfica, concluíram que o treinamento aeróbio promove diferenças na frequência
cardíaca e na pressão arterial sistólica, e que a frequência cardíaca reduz significativamente
após três meses de treinamento aeróbio regular, enquanto a pressão arterial sistólica pode
demorar mais tempo, chegando a apresentar diferenças significativas apenas após seis meses.
Porém, também não encontraram hipotensão relevante em alguns estudos revisados. Da
mesma forma, neste estudo onde foi analisado o momento agudo não foi encontrado efeitos
hipotensores.
Segundo Brum et al. (2004) encontrou o fator hipotensivo, predominantemente, em
estudos feitos com indivíduos hipertensos, diferente dos resultados encontrados em indivíduos
normotensos, ou seja, o efeito hipotensor apresentou de forma significativa em indivíduos
hipertensos. Logo, isso sugere que o fator hipotensivo do treinamento se aplicaria,
predominantemente, a indivíduos hipertensos, nos quais essa redução seria mais relevante
fisiologicamente.
Ainda, de acordo com Cornelissen e Fagard (2005), em meta-análise, verificaram
reduções da pressão arterial após treinamento aeróbio onde a população hipertensa apresentou
mais que o dobro dos valores de redução da população normotensa. Desta forma, nos leva a
considerar que a prática de exercícios aeróbios, em específico, a corrida de rua, pode ser um
fator contribuinte para a população acometida pela hipertensão.
Estudo de Forjaz et al. (1998) a pressão arterial sistólica diminuiu após o exercício e,
essa redução foi maior e mais prolongada no protocolo de 45 minutos do que no protocolo de
25 minutos e no controle no qual a pressão arterial se manteve nos mesmos valores. Em
consonância com a pesquisa realizada, o fator da duração do exercício pode ter influenciado
na resposta dos indivíduos
CONCLUSÕES
Com o estudo identificou-se que indivíduos jovens, normotensos, submetidos a
treinamento de corrida de rua, não apresentaram significativa hipotensão pós-exercício. Em
avaliação subaguda imediata ao treino, foi observado maior aumento da pressão arterial tanto
no grupo de treinamento contínuo, quanto do treinamento intervalado, no entanto, o
treinamento intervalado teve um aumento mais expressivo comparado ao treino contínuo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. Rio de Janeiro; RJ. Guanabara; 2010.
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crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo.
2004
CORNELISSEN, V.A. FAGARD, R. H. Effects of endurance training on blood pressure,
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2005.
FORJAZ, Cláudia Lúcia M. SANTAELLA, Danilo F. REZENDE, Liliane O. BARRETTO,
Antônio Carlos P. NEGRÃO, Carlos Eduardo. A duração do exercício determina a
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MCARDLE, W. D. KATCH, F. I. KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição
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MONTEIRO, W. D. Personal training – Manual para avaliação e prescrição de
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SILVA, M. S. A. Corra: guia completo de corrida, treino e qualidade de vida. / Mario
Sergio Andrade Silva. – São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2009.
CARDIOLOGIA, S. B. (2010). VI Diretrize Brasileira de Hipertensão.Arq.Bras.Cardiol.:151.
FONTE DE FINANCIAMENTO
O presente trabalho não contou com apoio financeiro de nenhuma natureza para sua
realização.
________________________
¹ Professor Especialista, Universidade Estadual de Goiás, [email protected]
2
Acadêmico do curso de Educação Física, Universidade Estadual de Goiás,
[email protected]
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