matéria completa - Centro de Relações Internacionais / CPDOC / FGV

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Fundação Getulio Vargas
15/05/2012
Veja Online - SP
Tópico: CPDOC
Editoria: Internacional
Pg: 17:57:00
Em busca de projeção, Brasil anuncia 7,5 milhões de dólares para
refugiados da Palestina
Luís Bulcão
Medida faz parte de um conjunto de ações brasileiras para se firmar como ator relevante
no cenário internacional
Cerca separa assentamentos israelenses de áreas palestinas construídas (Cecília Araújo
/ VEJA)
O governo brasileiro anunciou, na segunda-feira, uma doação de 7,5 milhões de dólares
para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA,
sigla em inglês). A doação faz do Brasil o maior contribuinte entre os países dos Brics
(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para os refugiados palestinos. Para o
coordenador do departamento de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas,
Matias Spektor, a medida não é mero altruísmo internacional.
Além da ajuda humanitária - a contribuição ajudará a agência de assistência alimentar,
que atende 106 mil refugiados, o departamento de educação, que atende 1.800 crianças,
e as 20 unidades de saúde que atendem 1,2 milhão de refugiados na Faixa de Gaza -, a
medida faz parte de um conjunto de ações brasileiras para se firmar como ator
importante no cenário internacional. O objetivo é justificar o pleito por maior
representatividade, como, por exemplo, a busca por uma vaga no Conselho de
Segurança.
"O Brasil procura aumentar a presença em regiões distantes que não representam uma
ameaça direta para interesses brasileiros porque acredita que, ao agir assim, vai
demonstrar possuir um leque de preocupações globais. Na interpretação brasileira, isso
qualifica o Brasil para jogar nas grandes ligas. Não tem como ser um jogador global sem
ter opinião formada sobre a paz no Oriente Médio, que é a região mais volátil do mundo",
afirma.
De acordo com Spektor, a medida não é nova e está de acordo com as ações já tomadas
pelo país na mesma direção, como iniciativa para a criação do fórum permanente de
diálogo entre a América do Sul e países árabes. "Os investimentos humanitários do Brasil
se concentram no Haiti, em Cuba e na Palestina, justamente porque o Brasil quer se
projetar no cenário internacional", diz.
Para o professor, o Brasil procura se promover como mediador das questões
internacionais e o financiamento da ajuda aos refugiados da Palestina não significa uma
afronta a Israel. "A melhoria das relações com Israel foi muito intensa nos últimos anos.
Esse é o jogo do Brasil. Procura exercer influência na Palestina, mas busca boas
relações com Israel também", afirma.
A ONU informou que, em 2010, o Brasil contribuiu com 200 mil dólares para o orçamento
do programa principal, com uma doação adicional de 500 mil dólares para a reconstrução
do campo de refugiados de Nahr el-Bared, no norte do Líbano. Em 2011, as doações
aumentaram para 960 mil dólares para os programas centrais da UNRWA, com ênfase
particular na ajuda alimentar e atividades de educação em Gaza.
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