1 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 PROJETO MÃE CANGURU NO HOSPITAL REGIONAL DE GUANAMBI/BA: UMA ANÁLISE DA CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO Elane Alves de Campos Hélcia Taiane de Oliveira Eliane Bernardes Santos Sumária Cardoso Silva Vanusa Lopes de Souza1 Orientado (a): Sandra Célia Coelho Gomes da Silva2 Instituição: Universidade do Estado da Bahia Categoria: Apresentação oral RESUMO O método mãe canguru consiste em um modelo de assistência perinatal voltado para o cuidado humanizado com estratégias de intervenção que valorizam o contato pele- a pele, entre a mãe e o recém-nascido prematuro. Desde a década de sua implantação a enfermagem vem fazendo parte deste método oferecendo uma assistência pautada no envolvimento, na dedicação e na humanização do cuidado. Este estudo tem por objetivo analisar as ações de enfermagem no projeto mãe canguru no hospital Regional de Guanambi/BA. Como metodologia utilizou-se pesquisa qualitativa, com entrevista semiestruturada realizada com duas enfermeiras, uma terapeuta ocupacional e cinco mães cujos bebês utilizaram o método mãe canguru. Os dados foram analisados utilizando-se como referência o manual do curso método mãe canguru do ministério da saúde. O resultado obtido através das entrevistas revela que o enfermeiro realiza um trabalho multifuncional destacando-se principalmente nos cuidados prestados as mães, no apoio psicológico e no incentivo a amamentação. Apesar do pouco conhecimento sobre o projeto as mães foram unânime em dizer ser positiva e bastante satisfatória sua participação no método mãe canguru enfatizando o trabalho humanizado realizado pelas enfermeiras. Nesse sentido considera-se que o papel do enfermeiro no projeto mãe canguru é relevante, pois traz benefícios para os recém-nascidos de baixo peso e para as famílias inseridas, uma vez que proporciona maior vinculo entre mãe – filho. Palavras-chave: Mãe canguru, prematuridade, enfermagem. Graduandas em enfermagem pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB Departamento de educação -campus XII. 1 2 Mestranda em ciências da religião da PUC - GO e professora auxiliar da Universidade do Estado da Bahia Departamento de Educação, Campus XII Guanambi Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 2 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 Guanambi – BA 1- Introdução O método mãe canguru consiste em um modelo de assistência perinatal voltado para o cuidado humanizado com estratégias de intervenção que valorizam o contato pele a pele entre mãe e recém nascido prematuro. Este tipo de humanização oferece ao bebê uma vivência da passagem da vida uterina para a extra-uterina mais tranqüila, uma vez que promove maior vínculo entre pais e bebês. Tem como finalidade incentivar o aleitamento materno exclusivo em bebês de risco, propiciando assim um melhor desenvolvimento dos mesmos e diminuir o índice de mortalidade. A implantação do projeto no hospital regional de Guanambi correu em 2002, época em que alguns profissionais de saúde fizeram uma reciclagem e voltaram com a idéia de implantar este método, devido a grande quantidade de gestação de alto risco e a necessidade de um local para colocar as mães. A análise das contribuições da equipe de enfermagem no projeto mãe canguru é de grande relevância, visto que grande número de bebês nasce prematuro e muitos acabam falecendo. Torna-se importante a implantação do projeto para proporcionar maior vínculo mãe – filho favorecendo o desenvolvimento da criança prematura. As considerações assinaladas levaram a realização do estudo através de uma pesquisa no hospital regional de Guanambi no estado da Bahia, que teve como principais objetivos: caracterizar as práticas de enfermagem no projeto canguru; identificar as possíveis políticas motivacionais utilizadas pelos enfermeiros e analisar a percepção das mães de bebês prematuros sobre a vivência no método mãe canguru. 2- Fundamentação teórica Segundo Cabral (2006), o componente neonatal exerce um importante impacto na mortalidade infantil, pois dos 20 milhões de bebês prematuros e com baixo peso que nascem no mundo, um terço morre antes de completar um ano de vida. A realidade sócio-econômica dos países em desenvolvimento demonstra o significativo número de nascimentos de recém-nascidos prematuros, o que causa um elevado percentual de morbidade e mortalidade neonatal e, quando não, a necessidade de permanecerem em unidades de terapia intensiva neonatal - UTIN (ANDRADE, 2005). Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 3 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 Para Scochi (2003), o risco de mortalidade é tanto maior quanto menor a idade gestacional e o peso de nascimento, havendo riscos na adaptação á vida extrauterina devido a imaturidade dos órgãos e sistemas. Conforme Cardoso, 2006, os recém-nascidos de baixo peso constituem um grande problema de saúde publica, visto que o cuidado necessário à sua sobrevivência e desenvolvimento exige recursos expressivos com profissionais, instalações, equipamentos e tecnologia. No Brasil, segundo o ministério da saúde as primeiras causas de mortalidade infantil relacionam-se com as afecções perinatais, dentre elas os problemas respiratórios e os metabólicos como dificuldades para regular a temperatura corporal. A criação das incubadoras e das unidades de cuidado intensivo possibilita, hoje, a sobrevivência de recém-nascidos com pesos cada vez mais baixos. Nessas circunstancias, rotinas hospitalares que separam os pais de seus filhos prematuros podem ter implicações negativas para a formação do vínculo afetivo e, consequentemente, influenciar o posterior cuidado dessas crianças (TOMAS 2003). O método mãe canguru (MMC) foi elaborado, em 1978 pelos neonatologistas Edgar Rey Sanabria e Hector Martinez Gomes, médicos do instituto Médico infantil de Bogotá, Colômbia. Preocupados com o excesso de RNPTs (recém nascidos pré-termo), que por necessidade, permaneciam juntos na mesma incubadora acarretando elevado percentual de morbidade e mortalidade neonatal, observaram que o canguru nasce prematuro e permanece na bolsa da mãe até completar o tempo de gestação. Observaram também a forma como as índias Colombianas carregavam seus bebês e resolveram adaptá-los para assistência neonatal (ALMEIDA, 2007). A proposta do método mãe – canguru, de acordo o Ministério da Saúde (2002), é que da mesma forma que os cangurus, as mães de bebês prematuros irão carregar os seus filhos, quando esses se encontram, em condições clínicas que viabilizem uma situação estável, este método tem sido utilizado em diversos países, sendo adaptados para cada um, de acordo com as condições culturais e as necessidades locais. Segundo as normas de atenção humanizada do recém nascido de baixo peso, do ministério da saúde o método mãe canguru é uma forma de assistência neonatal que consiste no contato pele a pele precoce entre a mãe e o recém nascido pré - termo de baixo peso, de forma crescente permitindo uma participação maior dos pais no cuidado ao recém-nascido. Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 4 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 De acordo com Venâncio, 2004, a pele, maior órgão do corpo, recebe estímulos sensoriais de várias magnitudes, e o contato pele a pele, que no MMC implica o contato cutâneo corpo/tórax entre o bebê prematuro e sua mãe, pode promover várias mudanças no organismo tanto de um como do outro. Acredita-se que o contato pele a pele pode desempenhar um papel fundamental tanto no desenvolvimento do recém nascido (através de ganho de peso, controle térmico) quanto no aspecto psicológico da mãe (melhora do humor e consequentemente aumento da sua autoestima). Esse método tem como vantagens: aumentar o vínculo mãe – filho, evitar longos períodos sem estimulação sensorial para reduzir o tempo de separação mãe - filho, estimular o aleitamento materno, melhorar o controle térmico, devido à maior rotatividade dos leitos, reduzir o número de recém nascido em unidades de cuidados intermediários, reduzir o índice de infecção hospitalar e possibilitar menos permanência no hospital (ALMEIDA, 2007). A norma do Ministério da Saúde preconiza a aplicação do MMC em três etapas: na própria Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, depois, no alojamento conjunto canguru e após a alta hospitalar, nos ambulatórios de seguimento hospitalar, até o peso mínimo de 2,5 kg, quando o RNBP é encaminhado para os serviços da rede. No Brasil a norma orientadora para o método mãe canguru foi aprovada em 5 de julho de 2000, pelo ministério da saúde, para as unidades médicos – assistenciais integrantes do sistema de informações hospitalares do sistema único de saúde (ALVES, 2007). Desde a década de sua implantação que a enfermagem vem fazendo parte do método mãe canguru, tendo como função cuidar da criança e de sua família sob os aspectos biológicos oferecendo uma assistência pautada no envolvimento, na dedicação e na humanização do cuidado, promovendo uma aproximação maior entre o bebê prematuro e a equipe de saúde (FREITAS, 2006). 3- Metodologia Trata-se de uma pesquisa com análise qualitativa sob o paradigma interpretativo. As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com duas enfermeiras, uma terapeuta ocupacional e cinco mães de neonatos, as quais se encontram no alojamento mãe canguru na ala B do Hospital Regional de Guanambi. . Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 5 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 Após a coleta e organização do material, foi feita a leitura exaustiva das entrevistas buscando para cada uma das questões semelhanças e padrões nas respostas. Para a identificação dos entrevistados utilizou-se nomes fictícios: Enfermeiras (E)-Marina e Cristiane; a terapeuta ocupacional (TO) - Tânia e as mães cangurus foram discriminadas respectivamente como M1, M2, M3, M4 e M5. A análise das entrevistas foi feita, em primeira instância, por meio da organização em temas (a atuação da equipe de enfermagem e as práticas motivacionais realizada pela mesma, a vivência das mães cangurus, a participação dos pais e outros membros da família e dificuldades encontradas pelos enfermeiros no desenvolvimento do projeto). 4- Resultados e discussão 4.1 A atuação da equipe de enfermagem e suas práticas motivacionais. Os enfermeiros que atuam no projeto mãe canguru encontram-se integrados em uma equipe multidisciplinar, composta pelo enfermeiro, auxiliares de enfermagem, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, assistente social e pediatra. O acompanhamento oferecido às mães cangurus pela enfermagem é feita no sentido de acolhê-las. Segundo a enfermeira do projeto esse acolhimento se dá inicialmente a partir do diálogo, dos esclarecimentos prestados quanto ao método, visto que a grande maioria das mães de bebês neonatos apresenta pouco conhecimento sobre o mesmo. Em entrevista tanto a enfermeira quanto a terapeuta ocupacional dizem manter uma participação integral no projeto desde a colaboração na organização, bem como na realização dos procedimentos necessários para a recuperação da mãe – canguru, como retirada de pontos e curativos, e principalmente no incentivo ao aleitamento materno como enfatiza uma das enfermeiras: ... Incentivo na amamentação para aceitação da mãe, já que os bebês nascem prematuros ou com algum problema (Cristiane). A amamentação é um bem estar do filho de alto risco e dá a mãe um caminho para se sentir parte do “time” (SCOCHI, 2003). Nesse sentido a enfermagem procura melhorar o vínculo mãe – filho através da conscientização do afeto que deve ser passado da mãe para o filho no momento da amamentação. Através do contato pele a pele, a mãe deve procurar passar o seu calor, a profundidade do seu toque e do seu amor para o recém nascido. Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 6 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 Como afirma Venâncio (2004), estudos realizados em serviços que praticam o método mãe - canguru mostram que mães que realizam o contato pele a pele com seu bebê prematuro apresentam volume diário de produção de leite significativamente maior quando comparadas com um grupo de controle. O método mãe – canguru é mencionado como estratégia salutar na lactação materna. Em 1989, Affonso et al., em um estudo com 33 mães que realizaram o contato pele a pele com seus bebês prematuros e um grupo controle, observaram uma tendência a maior estabilidade emocional nas mães que utilizaram essa prática. Relataram também maior sentimento de confiança e competência em comparação com as mães dos bebês que receberam cuidados convencionais Dentre as práticas motivacionais citada pela enfermeira, o apoio psicológico às mães está entre as mais significativas uma vez que estas se encontram bastante fragilizadas. O nascimento de um filho prematuro causa um forte impacto nas mães capaz de gerar tanto surpresa quanto sofrimento. A surpresa relaciona-se com a antecipação materna e o sofrimento em geral relaciona-se aos cuidados específicos demandado pela frágil condição clinica do bebê ao nascer e ao fato da separação imposta à mãe e o filho (MOURA 2005). De acordo com a enfermeira, as mães se sentem muito angustiadas, impacientes e um atendimento mais humanizado e às vezes uma conversa informal conforta a paciente deixando-as mais tranqüilas. ... Procuro conversar com elas, mostrando que esse momento é temporário, passando carinho para que elas aumentem seu contato com o bebê, pois isso é muito importante para o bebê, até porque as mães percebem as melhoras no desenvolvimento do seu filho, o apego, a alegria de ter elas por perto (E). A humanização, como princípio, orienta a assistência neonatal desenvolvida nessas unidades, pela articulação e integração da equipe, pela atuação interdisciplinar junto à mulher e a criança (CABRAL, 2006). Pessini e Bertichini (2004) relatam que a humanização no atendimento exige dos profissionais da saúde, essencialmente, compartilhar com seu paciente experiências e vivências que resultem na ampliação do foco de suas ações, via de regra restritas ao cuidar como sinônimo de ajuda às possibilidades da sobrevivência. Dessa forma, cada encontro entre o profissional de atendimento humanizado e o paciente reveste-se de uma tomada Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 7 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 de consciência quanto aos valores e princípios norteadores de suas ações, num contexto relacional. De acordo com o ministério público os profissionais da área de saúde devem ter conhecimento a cerca das particularidades físicas, biológicas e das necessidades especiais de cuidados técnicos e psicológicos da gestante, da mãe, do recém–nascido de baixo peso e de toda a família. Esses procedimentos são responsáveis pelo atendimento, buscando motivá-los para mudanças importantes em suas ações como cuidadores. Uma outra estratégia utilizada pela equipe é a realização de oficinas para que a mãe - canguru que se encontra internada em tempo integral possa realizar atividades artesanais como bordado e pintura ou participar de palestras de forma que ocupem o tempo das mães e as façam esquecer um pouco do ambiente estressante do hospital. Atualmente essas oficinas se encontram desativadas pela falta de materiais e espaço. 4.2 Dificuldades encontradas pelos enfermeiros no desenvolvimento do projeto mãe canguru. Em virtude do hospital regional de Guanambi ser um hospital de grande porte voltado para o atendimento de Guanambi e região a prioridade é dada para o que é de necessidade principalmente de urgência e emergência. O projeto mãe – canguru apesar da sua comprovada importância ainda precisa passar por algumas modificações no que se refere ao local adequado para oferecer as mães que não moram na cidade e que não aceitam ir para a casa de passagem disponibilizada pelo hospital com a qual tem convênio; e/ou muitas vezes não possuem condições financeiras para o transporte. Pode-se perceber que uma das grandes dificuldades encontradas relaciona-se a falta de espaço e de um local adequado para abrigar as mães, bem como para o desenvolvimento de atividades lúdicas, oficinas e palestras, a fim de amenizar o sofrimento e a ansiedade das mães e aperfeiçoar a assistência prestada. Se tomarmos como base a estrutura física exigida para a realização do cuidado mãe- canguru pelo ministério da saúde, veremos que a área hospitalar necessita de algumas modificações como: maior número de leitos, banheiros e espaço próprio destinado para essas mães, como diz a terapeuta ocupacional: ... A falta de espaço, o ambiente precisa ser mais organizado, pois não tem banheiro, espaço para as mães lavarem suas roupas e são pouco leitos (Tânia). Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 8 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 ...O alojamento é muito pequeno, os leitos já estão ocupados e você não tem a segurança de saber onde vai ficar pela falta de vagas (M1). Outra dificuldade relatada neste estudo refere-se à dificuldade de apego por parte das mães. Muitas mães acabam rejeitando seus filhos, principalmente pelo fato da impossibilidade de terem seus filhos em seus braços no nascimento e pela fragilidade que se encontram os bebês recém - nascidos. De acordo pesquisa o impacto do bebê “real” (o que está aí) em contraste com o “ideal” (aquele que era projetado), principalmente com relação às suas características físicas e comportamentais, gera nas mães sentimentos ambivalentes, ficando difícil para elas perceberem, naquela criança, a realização dos seus sonhos. A saúde instável do bebê também se apresentou como um fator complicador na aproximação pais - bebês. Uma questão muito abordada tanto pela enfermeira, quanto pela terapeuta ocupacional refere-se ao fato das mães cangurus receberem somente 3 refeições diárias; de acordo com a terapeuta ocupacional três refeições é muito pouco para quem está amamentando, ela relata que muitas mães que não tem condições acabam sentindo fome à noite; a ordenha é realizada de três em três horas e o gasto energético é muito grande. Segundo o Manual de curso do Ministério da saúde, devido a um grande gasto energético a mulher que está amamentando necessita de um aporte maior de energia. A refeição deve ser fracionada e, por isso o mínimo são cinco refeições por dia: as três principais (café da manhã, almoço e jantar) e dois pequenos lanches intercalados. 4.3 Percepção das mães dos bebês prematuros sobre a vivência no método - canguru Observou-se a percepção das mães acerca da vivência no cuidado canguru, a partir dos dados obtidos em nosso estudo. De uma maneira geral, as cinco mães entrevistadas disseram nunca ter ouvido falar do projeto, porém todas foram unânimes em dizer ser positiva e bastante satisfatória a sua experiência no método – canguru. Relatam que acham o projeto muito interessante por propiciar a recuperação mais rápida ao bebê e expressaram também como se sentiram bem ao chegarem ao hospital e serem bem acolhidas e orientadas pela equipe de enfermagem. Segundo a fala de M1: ...Ensina a gente a ter mais contato com o bebe não só pegar na hora que tirar o leite orienta de como lavar bem as mãos, cortar as unhas, trocar a fralda, dar banho, pegar.É importante ter sempre o contato com a criança pois melhorou muito o vinculo mãe-filho já que meu bebe já me reconhece. Já M3 enfatiza a importância do projeto: Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 9 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 ...O projeto está ajudando muito e estou satisfeita, pois se estivesse em casa não poderia cuidar tão bem do meu bebê. A M4 relata: ...Estou satisfeita, pois tem melhorado o desenvolvimento do meu bebe, o atendimento é bom, as enfermeiras dão toda orientação e as outras mães ajudam umas as outras. Em uma pesquisa envolvendo 488 mães de bebês prematuros, observaram que aquelas que realizaram o MMC se sentiram mais competentes e apresentaram melhor percepção das competências do bebê. Além disso, apresentaram menos sentimentos de estresse mesmo quando a estadia hospitalar foi prolongada (VENANCIO, 2004). Com exceção da mãe cinco que volta a noite para casa, a maioria das mães fica em tempo integral no hospital isso faz com que elas fiquem mais ansiosas em querer que a recuperação do filho seja rápida para voltarem logo para casa. ...Espero que a recuperação seja rápida e que seja tão bom quanto o atendimento. A flexibilização do horário para a realização do cuidado canguru, permitindo que a mãe retorne a noite, para o domicílio, pode minimizar a ansiedade decorrente do afastamento materno do lar. É importante destacar como ponto forte o fato das mães se identificarem mais com a terapeuta ocupacional da unidade, pois além da enfermeira esta se encontra bastante presente no apoio ás mães. 5- Considerações finais Através da pesquisa realizada pôde-se constatar que o projeto mãe canguru em Guanambi ainda é pouco divulgado para a comunidade, porém é um método bem aceito e traz grandes benefícios aos RNBP e as famílias inseridas. A pesquisa revelou que é cada vez mais forte a tendência dos profissionais de enfermagem incentivar a interação mãe e filho principalmente através da amamentação; e dentro dos seus limites orientarem e oferecer suporte emocional à mãe e a família, porém a carência de recursos humanos é muito grande. A falta de mais profissionais, de um local adequado e de materiais impede que determinadas atividades sejam promovidas pela equipe do projeto bem como o aperfeiçoamento da assistência. As percepções das mães quanto ao desenvolvimento do projeto é positiva. Todas acreditam que diminui o tempo de internação dos bebês. Entretanto algumas dificuldades se fizeram presentes e foram consideradas complicadoras do apego mãe e filho como a ansiedade e o medo. Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 10 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 Portanto, esse Método merece grande incentivo, pois, por ser simples eficaz e de baixo custo, pode ser aplicado em qualquer hospital, trazendo assim importante contribuição para a sociedade uma vez que diminui o índice de mortalidade de neonato. 6- Referências AFFONSO, DD; WAHLBERG, V; PERSSON, B. Exploration of mothers reactions to the Kangaroo method of prematurity care. Neonatal Netw. 1989. ALMEIDA, C. M.; ALMEIDA, A.F.N.; FORTI,E.M.P. 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ISSN – 2448-1319 11 Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319 das clinicas de Ribeirão preto. Rev. Latino - AM. Enfermagem V.11 n°4 Ribeirão preto jul/Ago. 2003. TOMAS, T.S. Método mãe – canguru: O papel dos serviços de saúde e das redes familiares no sucesso do programa. Cad. Saúde pública. Vol.19 suppl.2 Rio de janeiro, 2003. VENANCIO, S.I.; ALMEIDA, R. Método mãe – canguru: aplicação no Brasil evidências cientifica e impacto sobre aleitamento materno. Jornal de pediatria. Vol.80. n°5 (supl),2004. Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo diálogos v.1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319