PROJETO MÃE CANGURU NO HOSPITAL REGIONAL DE

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Anais da XV Semana Acadêmica de Ensino, Pesquisa e Extensão – A
Universidade e suas práticas no Contexto Regional: construindo
diálogos V. 1, nº. 1, 2010. ISSN – 2448-1319
PROJETO MÃE CANGURU NO HOSPITAL REGIONAL DE
GUANAMBI/BA: UMA ANÁLISE DA CONTRIBUIÇÃO DO
ENFERMEIRO
Elane Alves de Campos
Hélcia Taiane de Oliveira
Eliane Bernardes Santos
Sumária Cardoso Silva
Vanusa Lopes de Souza1
Orientado (a): Sandra Célia Coelho Gomes da Silva2
Instituição: Universidade do Estado da Bahia
Categoria: Apresentação oral
RESUMO
O método mãe canguru consiste em um modelo de assistência perinatal voltado para o
cuidado humanizado com estratégias de intervenção que valorizam o contato pele- a pele,
entre a mãe e o recém-nascido prematuro. Desde a década de sua implantação a
enfermagem vem fazendo parte deste método oferecendo uma assistência pautada no
envolvimento, na dedicação e na humanização do cuidado. Este estudo tem por objetivo
analisar as ações de enfermagem no projeto mãe canguru no hospital Regional de
Guanambi/BA. Como metodologia utilizou-se pesquisa qualitativa, com entrevista
semiestruturada realizada com duas enfermeiras, uma terapeuta ocupacional e cinco mães
cujos bebês utilizaram o método mãe canguru. Os dados foram analisados utilizando-se
como referência o manual do curso método mãe canguru do ministério da saúde. O
resultado obtido através das entrevistas revela que o enfermeiro realiza um trabalho
multifuncional destacando-se principalmente nos cuidados prestados as mães, no apoio
psicológico e no incentivo a amamentação. Apesar do pouco conhecimento sobre o
projeto as mães foram unânime em dizer ser positiva e bastante satisfatória sua
participação no método mãe canguru enfatizando o trabalho humanizado realizado pelas
enfermeiras. Nesse sentido considera-se que o papel do enfermeiro no projeto mãe
canguru é relevante, pois traz benefícios para os recém-nascidos de baixo peso e para as
famílias inseridas, uma vez que proporciona maior vinculo entre mãe – filho.
Palavras-chave: Mãe canguru, prematuridade, enfermagem.
Graduandas em enfermagem pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB Departamento de educação
-campus XII.
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Mestranda em ciências da religião da PUC - GO e professora auxiliar da Universidade do Estado da
Bahia Departamento de Educação, Campus XII Guanambi
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Guanambi – BA
1- Introdução
O método mãe canguru consiste em um modelo de assistência perinatal voltado
para o cuidado humanizado com estratégias de intervenção que valorizam o contato pele
a pele entre mãe e recém nascido prematuro. Este tipo de humanização oferece ao bebê
uma vivência da passagem da vida uterina para a extra-uterina mais tranqüila, uma vez
que promove maior vínculo entre pais e bebês.
Tem como finalidade incentivar o aleitamento materno exclusivo em bebês de
risco, propiciando assim um melhor desenvolvimento dos mesmos e diminuir o índice de
mortalidade.
A implantação do projeto no hospital regional de Guanambi correu em 2002,
época em que alguns profissionais de saúde fizeram uma reciclagem e voltaram com a
idéia de implantar este método, devido a grande quantidade de gestação de alto risco e a
necessidade de um local para colocar as mães.
A análise das contribuições da equipe de enfermagem no projeto mãe canguru é
de grande relevância, visto que grande número de bebês nasce prematuro e muitos acabam
falecendo. Torna-se importante a implantação do projeto para proporcionar maior vínculo
mãe – filho favorecendo o desenvolvimento da criança prematura.
As considerações assinaladas levaram a realização do estudo através de uma
pesquisa no hospital regional de Guanambi no estado da Bahia, que teve como principais
objetivos: caracterizar as práticas de enfermagem no projeto canguru; identificar as
possíveis políticas motivacionais utilizadas pelos enfermeiros e analisar a percepção das
mães de bebês prematuros sobre a vivência no método mãe canguru.
2- Fundamentação teórica
Segundo Cabral (2006), o componente neonatal exerce um importante impacto na
mortalidade infantil, pois dos 20 milhões de bebês prematuros e com baixo peso que
nascem no mundo, um terço morre antes de completar um ano de vida.
A realidade sócio-econômica dos países em desenvolvimento demonstra o
significativo número de nascimentos de recém-nascidos prematuros, o que causa um
elevado percentual de morbidade e mortalidade neonatal e, quando não, a necessidade de
permanecerem em unidades de terapia intensiva neonatal - UTIN (ANDRADE, 2005).
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Para Scochi (2003), o risco de mortalidade é tanto maior quanto menor a
idade gestacional e o peso de nascimento, havendo riscos na adaptação á vida extrauterina devido a imaturidade dos órgãos e sistemas.
Conforme Cardoso, 2006, os recém-nascidos de baixo peso constituem um grande
problema de saúde publica, visto que o cuidado necessário à sua sobrevivência e
desenvolvimento
exige
recursos
expressivos
com
profissionais,
instalações,
equipamentos e tecnologia.
No Brasil, segundo o ministério da saúde as primeiras causas de mortalidade
infantil relacionam-se com as afecções perinatais, dentre elas os problemas respiratórios
e os metabólicos como dificuldades para regular a temperatura corporal.
A criação das incubadoras e das unidades de cuidado intensivo possibilita, hoje, a
sobrevivência de recém-nascidos com pesos cada vez mais baixos. Nessas circunstancias,
rotinas hospitalares que separam os pais de seus filhos prematuros podem ter implicações
negativas para a formação do vínculo afetivo e, consequentemente, influenciar o posterior
cuidado dessas crianças (TOMAS 2003).
O método mãe canguru (MMC) foi elaborado, em 1978 pelos neonatologistas
Edgar Rey Sanabria e Hector Martinez Gomes, médicos do instituto Médico infantil de
Bogotá, Colômbia. Preocupados com o excesso de RNPTs (recém nascidos pré-termo),
que por necessidade, permaneciam juntos na mesma incubadora acarretando elevado
percentual de morbidade e mortalidade neonatal, observaram que o canguru nasce
prematuro e permanece na bolsa da mãe até completar o tempo de gestação. Observaram
também a forma como as índias Colombianas carregavam seus bebês e resolveram
adaptá-los para assistência neonatal (ALMEIDA, 2007).
A proposta do método mãe – canguru, de acordo o Ministério da Saúde (2002), é
que da mesma forma que os cangurus, as mães de bebês prematuros irão carregar os seus
filhos, quando esses se encontram, em condições clínicas que viabilizem uma situação
estável, este método tem sido utilizado em diversos países, sendo adaptados para cada
um, de acordo com as condições culturais e as necessidades locais.
Segundo as normas de atenção humanizada do recém nascido de baixo peso, do
ministério da saúde o método mãe canguru é uma forma de assistência neonatal que
consiste no contato pele a pele precoce entre a mãe e o recém nascido pré - termo de baixo
peso, de forma crescente permitindo uma participação maior dos pais no cuidado ao
recém-nascido.
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De acordo com Venâncio, 2004, a pele, maior órgão do corpo, recebe
estímulos sensoriais de várias magnitudes, e o contato pele a pele, que no MMC implica
o contato cutâneo corpo/tórax entre o bebê prematuro e sua mãe, pode promover várias
mudanças no organismo tanto de um como do outro.
Acredita-se que o contato pele a pele pode desempenhar um papel fundamental
tanto no desenvolvimento do recém nascido (através de ganho de peso, controle térmico)
quanto no aspecto psicológico da mãe (melhora do humor e consequentemente aumento
da sua autoestima).
Esse método tem como vantagens: aumentar o vínculo mãe – filho, evitar longos
períodos sem estimulação sensorial para reduzir o tempo de separação mãe - filho,
estimular o aleitamento materno, melhorar o controle térmico, devido à maior
rotatividade dos leitos, reduzir o número de recém nascido em unidades de cuidados
intermediários, reduzir o índice de infecção hospitalar e possibilitar menos permanência
no hospital (ALMEIDA, 2007).
A norma do Ministério da Saúde preconiza a aplicação do MMC em três etapas:
na própria Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, depois, no alojamento conjunto
canguru e após a alta hospitalar, nos ambulatórios de seguimento hospitalar, até o peso
mínimo de 2,5 kg, quando o RNBP é encaminhado para os serviços da rede.
No Brasil a norma orientadora para o método mãe canguru foi aprovada em 5 de
julho de 2000, pelo ministério da saúde, para as unidades médicos – assistenciais
integrantes do sistema de informações hospitalares do sistema único de saúde (ALVES,
2007).
Desde a década de sua implantação que a enfermagem vem fazendo parte do
método mãe canguru, tendo como função cuidar da criança e de sua família sob os
aspectos biológicos oferecendo uma assistência pautada no envolvimento, na dedicação
e na humanização do cuidado, promovendo uma aproximação maior entre o bebê
prematuro e a equipe de saúde (FREITAS, 2006).
3- Metodologia
Trata-se de uma pesquisa com análise qualitativa sob o paradigma interpretativo.
As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com duas enfermeiras, uma terapeuta
ocupacional e cinco mães de neonatos, as quais se encontram no alojamento mãe canguru
na ala B do Hospital Regional de Guanambi.
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Após a coleta e organização do material, foi feita a leitura exaustiva das
entrevistas buscando para cada uma das questões semelhanças e padrões nas respostas.
Para a identificação dos entrevistados utilizou-se nomes fictícios: Enfermeiras
(E)-Marina e Cristiane; a terapeuta ocupacional (TO) - Tânia e as mães cangurus foram
discriminadas respectivamente como M1, M2, M3, M4 e M5.
A análise das entrevistas foi feita, em primeira instância, por meio da organização
em temas (a atuação da equipe de enfermagem e as práticas motivacionais realizada pela
mesma, a vivência das mães cangurus, a participação dos pais e outros membros da
família e dificuldades encontradas pelos enfermeiros no desenvolvimento do projeto).
4- Resultados e discussão
4.1 A atuação da equipe de enfermagem e suas práticas motivacionais.
Os enfermeiros que atuam no projeto mãe canguru encontram-se integrados em
uma equipe multidisciplinar, composta pelo enfermeiro, auxiliares de enfermagem,
fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, assistente social e pediatra.
O acompanhamento oferecido às mães cangurus pela enfermagem é feita no
sentido de acolhê-las. Segundo a enfermeira do projeto esse acolhimento se dá
inicialmente a partir do diálogo, dos esclarecimentos prestados quanto ao método, visto
que a grande maioria das mães de bebês neonatos apresenta pouco conhecimento sobre o
mesmo.
Em entrevista tanto a enfermeira quanto a terapeuta ocupacional dizem manter
uma participação integral no projeto desde a colaboração na organização, bem como na
realização dos procedimentos necessários para a recuperação da mãe – canguru, como
retirada de pontos e curativos, e principalmente no incentivo ao aleitamento materno
como enfatiza uma das enfermeiras:
... Incentivo na amamentação para aceitação da mãe, já que os bebês nascem prematuros
ou com algum problema (Cristiane).
A amamentação é um bem estar do filho de alto risco e dá a mãe um caminho para
se sentir parte do “time” (SCOCHI, 2003). Nesse sentido a enfermagem procura melhorar
o vínculo mãe – filho através da conscientização do afeto que deve ser passado da mãe
para o filho no momento da amamentação. Através do contato pele a pele, a mãe deve
procurar passar o seu calor, a profundidade do seu toque e do seu amor para o recém
nascido.
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Como afirma Venâncio (2004), estudos realizados em serviços que praticam
o método mãe - canguru mostram que mães que realizam o contato pele a pele com seu
bebê prematuro apresentam volume diário de produção de leite significativamente maior
quando comparadas com um grupo de controle. O método mãe – canguru é mencionado
como estratégia salutar na lactação materna.
Em 1989, Affonso et al., em um estudo com 33 mães que realizaram o contato
pele a pele com seus bebês prematuros e um grupo controle, observaram uma tendência
a maior estabilidade emocional nas mães que utilizaram essa prática. Relataram também
maior sentimento de confiança e competência em comparação com as mães dos bebês
que receberam cuidados convencionais
Dentre as práticas motivacionais citada pela enfermeira, o apoio psicológico às
mães está entre as mais significativas uma vez que estas se encontram bastante
fragilizadas.
O nascimento de um filho prematuro causa um forte impacto nas mães capaz de
gerar tanto surpresa quanto sofrimento. A surpresa relaciona-se com a antecipação
materna e o sofrimento em geral relaciona-se aos cuidados específicos demandado pela
frágil condição clinica do bebê ao nascer e ao fato da separação imposta à mãe e o filho
(MOURA 2005).
De acordo com a enfermeira, as mães se sentem muito angustiadas, impacientes e
um atendimento mais humanizado e às vezes uma conversa informal conforta a paciente
deixando-as mais tranqüilas.
... Procuro conversar com elas, mostrando que esse momento é temporário, passando
carinho para que elas aumentem seu contato com o bebê, pois isso é muito importante
para o bebê, até porque as mães percebem as melhoras no desenvolvimento do seu filho,
o apego, a alegria de ter elas por perto (E).
A humanização, como princípio, orienta a assistência neonatal desenvolvida
nessas unidades, pela articulação e integração da equipe, pela atuação interdisciplinar
junto à mulher e a criança (CABRAL, 2006).
Pessini e Bertichini (2004) relatam que a humanização no atendimento exige dos
profissionais da saúde, essencialmente, compartilhar com seu paciente experiências e
vivências que resultem na ampliação do foco de suas ações, via de regra restritas ao cuidar
como sinônimo de ajuda às possibilidades da sobrevivência. Dessa forma, cada encontro
entre o profissional de atendimento humanizado e o paciente reveste-se de uma tomada
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de consciência quanto aos valores e princípios norteadores de suas ações, num
contexto relacional.
De acordo com o ministério público os profissionais da área de saúde devem ter
conhecimento a cerca das particularidades físicas, biológicas e das necessidades especiais
de cuidados técnicos e psicológicos da gestante, da mãe, do recém–nascido de baixo peso
e de toda a família. Esses procedimentos são responsáveis pelo atendimento, buscando
motivá-los para mudanças importantes em suas ações como cuidadores.
Uma outra estratégia utilizada pela equipe é a realização de oficinas para que a
mãe - canguru que se encontra internada em tempo integral possa realizar atividades
artesanais como bordado e pintura ou participar de palestras de forma que ocupem o
tempo das mães e as façam esquecer um pouco do ambiente estressante do hospital.
Atualmente essas oficinas se encontram desativadas pela falta de materiais e espaço.
4.2 Dificuldades encontradas pelos enfermeiros no desenvolvimento do projeto mãe
canguru.
Em virtude do hospital regional de Guanambi ser um hospital de grande porte
voltado para o atendimento de Guanambi e região a prioridade é dada para o que é de
necessidade principalmente de urgência e emergência. O projeto mãe – canguru apesar
da sua comprovada importância ainda precisa passar por algumas modificações no que se
refere ao local adequado para oferecer as mães que não moram na cidade e que não
aceitam ir para a casa de passagem disponibilizada pelo hospital com a qual tem convênio;
e/ou muitas vezes não possuem condições financeiras para o transporte.
Pode-se perceber que uma das grandes dificuldades encontradas relaciona-se a
falta de espaço e de um local adequado para abrigar as mães, bem como para o
desenvolvimento de atividades lúdicas, oficinas e palestras, a fim de amenizar o
sofrimento e a ansiedade das mães e aperfeiçoar a assistência prestada.
Se tomarmos como base a estrutura física exigida para a realização do cuidado
mãe- canguru pelo ministério da saúde, veremos que a área hospitalar necessita de
algumas modificações como: maior número de leitos, banheiros e espaço próprio
destinado para essas mães, como diz a terapeuta ocupacional:
... A falta de espaço, o ambiente precisa ser mais organizado, pois não tem banheiro,
espaço para as mães lavarem suas roupas e são pouco leitos (Tânia).
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...O alojamento é muito pequeno, os leitos já estão ocupados e você não tem a
segurança de saber onde vai ficar pela falta de vagas (M1).
Outra dificuldade relatada neste estudo refere-se à dificuldade de apego por parte
das mães. Muitas mães acabam rejeitando seus filhos, principalmente pelo fato da
impossibilidade de terem seus filhos em seus braços no nascimento e pela fragilidade que
se encontram os bebês recém - nascidos.
De acordo pesquisa o impacto do bebê “real” (o que está aí) em contraste com o
“ideal” (aquele que era projetado), principalmente com relação às suas características
físicas e comportamentais, gera nas mães sentimentos ambivalentes, ficando difícil para
elas perceberem, naquela criança, a realização dos seus sonhos. A saúde instável do bebê
também se apresentou como um fator complicador na aproximação pais - bebês.
Uma questão muito abordada tanto pela enfermeira, quanto pela terapeuta
ocupacional refere-se ao fato das mães cangurus receberem somente 3 refeições diárias;
de acordo com a terapeuta ocupacional três refeições é muito pouco para quem está
amamentando, ela relata que muitas mães que não tem condições acabam sentindo fome
à noite; a ordenha é realizada de três em três horas e o gasto energético é muito grande.
Segundo o Manual de curso do Ministério da saúde, devido a um grande gasto
energético a mulher que está amamentando necessita de um aporte maior de energia. A
refeição deve ser fracionada e, por isso o mínimo são cinco refeições por dia: as três
principais (café da manhã, almoço e jantar) e dois pequenos lanches intercalados.
4.3 Percepção das mães dos bebês prematuros sobre a vivência no método - canguru
Observou-se a percepção das mães acerca da vivência no cuidado canguru, a
partir dos dados obtidos em nosso estudo.
De uma maneira geral, as cinco mães entrevistadas disseram nunca ter ouvido
falar do projeto, porém todas foram unânimes em dizer ser positiva e bastante satisfatória
a sua experiência no método – canguru. Relatam que acham o projeto muito interessante
por propiciar a recuperação mais rápida ao bebê e expressaram também como se sentiram
bem ao chegarem ao hospital e serem bem acolhidas e orientadas pela equipe de
enfermagem. Segundo a fala de M1:
...Ensina a gente a ter mais contato com o bebe não só pegar na hora que tirar o leite
orienta de como lavar bem as mãos, cortar as unhas, trocar a fralda, dar banho, pegar.É
importante ter sempre o contato com a criança pois melhorou muito o vinculo mãe-filho
já que meu bebe já me reconhece.
Já M3 enfatiza a importância do projeto:
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...O projeto está ajudando muito e estou satisfeita, pois se estivesse em casa não
poderia cuidar tão bem do meu bebê.
A M4 relata:
...Estou satisfeita, pois tem melhorado o desenvolvimento do meu bebe, o atendimento é
bom, as enfermeiras dão toda orientação e as outras mães ajudam umas as outras.
Em uma pesquisa envolvendo 488 mães de bebês prematuros, observaram que
aquelas que realizaram o MMC se sentiram mais competentes e apresentaram melhor
percepção das competências do bebê. Além disso, apresentaram menos sentimentos de
estresse mesmo quando a estadia hospitalar foi prolongada (VENANCIO, 2004).
Com exceção da mãe cinco que volta a noite para casa, a maioria das mães fica
em tempo integral no hospital isso faz com que elas fiquem mais ansiosas em querer que
a recuperação do filho seja rápida para voltarem logo para casa.
...Espero que a recuperação seja rápida e que seja tão bom quanto o atendimento.
A flexibilização do horário para a realização do cuidado canguru, permitindo que
a mãe retorne a noite, para o domicílio, pode minimizar a ansiedade decorrente do
afastamento materno do lar.
É importante destacar como ponto forte o fato das mães se identificarem mais com
a terapeuta ocupacional da unidade, pois além da enfermeira esta se encontra bastante
presente no apoio ás mães.
5- Considerações finais
Através da pesquisa realizada pôde-se constatar que o projeto mãe canguru em
Guanambi ainda é pouco divulgado para a comunidade, porém é um método bem aceito
e traz grandes benefícios aos RNBP e as famílias inseridas.
A pesquisa revelou que é cada vez mais forte a tendência dos profissionais de
enfermagem incentivar a interação mãe e filho principalmente através da amamentação;
e dentro dos seus limites orientarem e oferecer suporte emocional à mãe e a família,
porém a carência de recursos humanos é muito grande. A falta de mais profissionais, de
um local adequado e de materiais impede que determinadas atividades sejam promovidas
pela equipe do projeto bem como o aperfeiçoamento da assistência.
As percepções das mães quanto ao desenvolvimento do projeto é positiva. Todas
acreditam que diminui o tempo de internação dos bebês. Entretanto algumas dificuldades
se fizeram presentes e foram consideradas complicadoras do apego mãe e filho como a
ansiedade e o medo.
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Portanto, esse Método merece grande incentivo, pois, por ser simples eficaz
e de baixo custo, pode ser aplicado em qualquer hospital, trazendo assim importante
contribuição para a sociedade uma vez que diminui o índice de mortalidade de neonato.
6- Referências
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