Sexualidade e Gênero Ana Mendieta - Facial Hair Transplant (1972) O que nos torna homem ou mulher? Sexo biológico Seu sexo depende basicamente se você nasce com genitais masculinos ou femininos e com um programa genético que te faz produzir hormônios masculinos ou femininos para estimular o desenvolvimento de seu sistema reprodutor. (características anatômicas e hormonais) You are you (Lindsay Morris) http://lindsaymorris.viewbook.com/you-are-you La Vie en Rose (Malika Gaudin Delrieu) "Eu nunca me senti mal por ser hermafrodita, são os outros que têm um problema com isso, não eu.” (Claudette) http://www.ideafixa.com/conheca-claudette-hermafrodita-e-profissional-do-sexo-nsfw/ Gênero Seu gênero é sua auto-identificação como homem ou mulher e seu desempenho dos papéis masculinos e femininos considerados apropriados por sua cultura e sociedade. Diferentemente do sexo, o gênero não é determinado apenas pela biologia e refere-se à expressão culturalmente apropriada de masculinidade e feminilidade. Sexo / Gênero Ser homem ou mulher envolve não apenas a biologia, mas também sentimentos, atitudes e comportamentos “masculinos” ou “femininos”. Com base nisso, os sociólogos distinguem o sexo - biológico, do gênero - sociológico. Identidade de Gênero É a identificação com um sexo particular ou o sentimento de pertencer a esse sexo – biológica, psicológica e socialmente. Papel de Gênero É o conjunto de comportamentos associado às expectativas amplamente compartilhadas acerca de como homens e mulheres devem se comportar. Ideologia de Gênero Conjunto de ideias inter-relacionadas acerca do que constitui papéis e comportamentos femininos e masculinos apropriados. Aprendizado social da identidade de gênero Pesquisas mostram que os bebês primeiro desenvolvem um sentido vago quanto ao fato de serem meninos ou meninas por volta de um ano de idade; mais tarde, entre dois e três anos, desenvolvem um sentido mais completo de sua identidade de gênero. (BLUM, Deborah. Sex on the Brain: The Biological Differences Between Men and Women. Nova York: Penguin, 1997) Estudo mostra que crianças trans identificam seu gênero no mesmo tempo que crianças cisgêneras “(...)Pesquisadores da Universidade de Washington, liderada pelo psicólogo e fundador do Projeto Trans Youth Kristina Olson, descobriram que os jovens que reivindicam um gênero diferente do que lhes foi atribuído de nascença são tão conscientes quanto crianças de sua idade que não são trans. Esse estudo foi publicado pela Psychological Science. O estudo foi realizado com 32 crianças transexuais, que vivem em tempo integral como o sexo identificado por elas e em ambientes de total apoio da família. Nenhum deles tinha atingido a puberdade ainda, de acordo com ThinkProgress. O estudo utilizou um Teste de Associação Implícita para medir a velocidade em que os participantes associavam aspectos de gênero com a sua própria identidade, muitas vezes de forma automática e subconsciente.(...) A Olson também ressaltou a importância de os pais apoiarem a identidade de gênero de seus filhos e destacou no estudo a forma como muitos dos pais tiveram reações negativas inicialmente, quando seus filhos afirmaram que eles eram um gênero diferente do que o que nasceram. A falta de aceitação por parte dos pais e familiares pode causar graves consequências na saúde mental da criança, incluindo a fuga, automutilação, e até mesmo suicídio.(...) De acordo com um estudo de 2007 da American Association of Suicidology, quase metade dos jovens transexuais pensam seriamente em suicídio, e cerca de 25 por cento deles já tentaram pelo menos uma vez tirar a própria vida.(...)” Disponível em <http://www.ideafixa.com/estudo-mostra-que-criancas-trans-identificam-seu-genero-no-mesmo-tempoque-criancas-cisgeneras> acesso em 05 fev. 2015 Teorias sobre diferenças de gênero Essencialismo O gênero é percebido como parte da natureza ou da “essência” de nossa constituição biológica, sendo simplesmente reforçado pela sociedade. Portanto, as diferenças de gênero são um reflexo direto das diferenças biológicas entre homens e mulheres. Construtivismo O gênero é construído principalmente por meio da cultura e da estrutura social. Portanto, as diferenças de gênero são um reflexo das diferentes posições sociais ocupadas por homens e mulheres. Teorias sobre diferenças de gênero Essencialismo • Sigmund Freud: Acreditava que diferenças na anatomia masculina e feminina e o processo de reconhecimento dessa anatomia durante a socialização primária, seriam os responsáveis pelo desenvolvimento de papéis de gênero masculinos e femininos distintos. – Complexo de Édipo – “Inveja do pênis” que se transforma no desejo de ter filhos, nas mulheres. Teorias sobre diferenças de gênero Essencialismo • Sociobiologia e Psicologia Evolutiva: afirmam que a estrutura do cérebro humano e os genes – unidades químicas que carregam características de pais para filhos – explicam não apenas características físicas mas também comportamentos e práticas sociais específicos. • O ponto de partida da Psicologia Evolutiva é a teoria da evolução de Charles Darwin. – Darwin concluiu que as características mais duradouras de cada espécie são aquelas que aumentam suas chances de sobrevivência. Teorias sobre diferenças de gênero Essencialismo • Sociobiologia e Psicologia Evolutiva – Promiscuidade Masculina e Fidelidade Feminina: (Pesquisa de Angus Bateman com moscas de frutas em 1948) Homens e mulheres desenvolvem estratégias diferentes a fim de aumentar as chances de reproduzir seus genes. Isso tem a ver com a quantidade de gametas produzidos por cada sexo: ao ejacular, os homens liberam centenas de milhares de espermatozoides; enquanto as mulheres produzem poucos óvulos ao longo de sua vida. Por isso, uma mulher tem de fazer um investimento muito maior do que um homem para garantir a sobrevivência de sua prole. Nesse sentido, é do interesse da mulher assumir a maior parte da responsabilidade pelos filhos biológicos e procurar o melhor parceiro possível com o qual misturar seus genes. Esse parceiro seria o homem que pode oferecer o melhor apoio possível para as crianças nascidas. Teorias sobre diferenças de gênero Essencialismo Pesquisa questiona teoria de propensão masculina à promiscuidade www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/04/090428_estud opromiscuidade_rw.shtml Pesquisa desafia papéis tradicionais de homens e mulheres na reprodução www.sinpefpe.org.br/Principal/Pagina_Default.asp?COD_NO TICIA=1877 Teorias sobre diferenças de gênero Críticas sociológicas ao Essencialismo 1) As teorias essencialistas ignoram as variações históricas e culturais de gênero e sexualidade. a. Quando o nível de desigualdade de gênero em uma sociedade é alterado, também se pode mudar os critérios de seleção de parceiros de mulheres e homens. (Eagley e Wood, 1999) b. Tendências biológicas são acentuadas ou minimizadas em função de demandas ocupacionais. Exemplo: carreiras profissionais estressantes aumentam os níveis de testosterona em mulheres. (Blum, 1997: 158-88) Teorias sobre diferenças de gênero Críticas sociológicas ao Essencialismo c. As diferenças de gênero estão diminuindo rapidamente. As mulheres têm se tornado mais assertivas, competitivas, independentes e analíticas nos últimos 30 anos (Twenge, 1997). Isso sugere que, quando os currículos escolares e os métodos de ensino se tornarem menos sexistas, e quando mais oportunidades forem proporcionadas às mulheres nas universidades e no mercado de trabalho, uma gama de diferenças de gênero começará a desaparecer. Teorias sobre diferenças de gênero Críticas sociológicas ao Essencialismo 2) O essencialismo tende a generalizar a partir da média, ignorando variações no seio de grupos de gênero. 3) Nenhuma evidência confirma diretamente os principais argumentos essencialistas. A sociobiologia e a psicologia evolucionária não identificaram nenhum dos genes que, segundo suas teorias, causam o ciúme masculino, o chamado “instinto materno”, a divisão de trabalho desigual entre homens e mulheres etc. Teorias sobre diferenças de gênero Críticas sociológicas ao Essencialismo 4) As explicações essencialistas para as diferenças de gênero ignoram o papel do poder. A sociobiologia e a psicologia evolucionária simplesmente pressupõem que os padrões de comportamento existentes ajudam a assegurar a sobrevivência da espécie, ignorando o fato de que os homens normalmente ocupam posições de maior poder e autoridade do que as mulheres, que lhes possibilitam estabelecer suas preferências em detrimento dos interesses das mulheres. Essencialismo Bibliografia sobre Psicologia Evolucionista O que é Psicologia Evolutiva? (William A. Spriggs) www.cerebromente.org.br/n11/opiniao/evolutive-p.htm A Psicologia Evolucionista e o conceito de cultura (Eulina Rocha Lordelo) www.scielo.br/pdf/epsic/v15n1/08.pdf Teorias sobre diferenças de gênero Construtivismo Social • O construtivismo social é a principal alternativa ao essencialismo por pensar o gênero como algo construído num processo que envolve a negociação dos indivíduos na construção dos papéis de gênero. • Desnaturalização da noção de gênero: rompimento com os estudos da substancialidade do que é a mulher e do que é o homem (determinação do biológico sobre o sexo). • Os estudos de gênero reivindicam o caráter simbólico das relações de gênero e apontam para a instabilidade de quaisquer caracterizações de gênero. Teorias sobre diferenças de gênero Construtivismo Social • Como enfatizou Simone de Beauvoir (1908-1986) em O Segundo Sexo (1949), nós não nascemos mulheres, nós nos tornamos mulheres, o mesmo se pode dizer dos homens. Isso implica, portanto, analisar os processos, as estratégias e as práticas sociais e culturais que produzem e/ou educam indivíduos como mulheres e homens de determinados tipos, sobretudo se quisermos investir em possibilidades de propor intervenções que permitam modificar, minimamente, as relações de poder de gênero vigente na sociedade em que vivemos. Teorias sobre diferenças de gênero Construtivismo Social • Simone de Beauvoir acreditava na necessidade de lutar contra o destino do sexo biológico e vê-lo como obstáculo à formulação do projeto de sujeito que toda mulher deve almejar. Teorias sobre diferenças de gênero Construtivismo Social • A construção social do gênero faz-se evidente na maneira como os pais tratam os filhos, como professores tratam os alunos e como os meios de comunicação de massa retratam imagens ideais do corpo. • Assim, os papéis de gênero que as crianças aprendem em suas famílias, na escola e com os meios de comunicação de massa formam a base para suas interações sociais quando adultas. Sexualidade e Gênero II Homossexualidade A discussão precedente sublinha algumas influências sociais poderosas que nos impelem a nos definirmos como convencionalmente masculinos ou femininas no comportamento e na aparência. Para a maioria das pessoas, a socialização de gênero pela família, pela escola e pelos meios de comunicação de massa, tem um poder coercitivo suficientemente forte para conformá-las aos papéis de gênero convencionais, e essa socialização de gênero é sustentada nas interações da vida cotidiana. Uma minoria de pessoas, entretanto, resiste aos papéis de gênero convencionais. Por exemplo, indivíduos transgêneros são pessoas que rompem com as normas de gênero sociais ao desafiar as distinções rígidas existentes entre homens e mulheres. Algumas das pessoas transgêneros são transexuais. Os transexuais acreditam que nasceram com o corpo “errado” e se identificam com as pessoas do sexo oposto, desejando viver plenamente como elas. Essas pessoas frequentemente se engajam em um processo para mudança de sexo, recorrendo a intervenções cirúrgicas e tratamentos hormonais. Homossexuais são pessoas que têm as orientações sexual e afetiva dirigidas a pessoas do mesmo sexo e bissexuais são as pessoas com orientação sexual e afetiva a pessoas de ambos os sexos (Ministério da Saúde, 2004a). É comum chamar homossexuais masculinos de gays e homossexuais femininas de lésbicas. No Brasil, estima-se que, gays, lésbicas e transgêneros representem 10% da população, ou cerca de 16 milhões de pessoas (Mott, 2002). A homossexualidade existiu em todas as sociedades e, em algumas, como a Grécia Antiga, ela era encorajada. Mais frequentemente, no entanto, atos homossexuais foram proibidos. Segundo Luiz Mott, em culturas judaico-cristãs, em especial depois do século XIV, a homossexualidade foi considerada o maior e mais horroroso de todos os tabus sexuais. Apesar disso, os homossexuais não foram identificados como uma categoria distinta de pessoas até os anos de 1860, quando o termo “homossexualismo” foi cunhado. Ainda não compreendemos por que os indivíduos desenvolvem orientações homossexuais. Alguns cientistas acreditam que as causas são sobretudo genéticas; outros, que são hormonais; e outros, ainda, que essas orientações decorrem de experiências vividas na primeira infância. O que sabemos é que a orientação sexuais não parece ser uma escolha. De acordo com a Associação Americana de Psicologia, a homossexualidade “emerge, para a maioria das pessoas, na adolescência, sem nenhuma experiência sexual prévia (...) [e] não é mutável” (American Psychological Association, 1998). Os sociólogos estão menos interessados nas origens da homossexualidade do que na maneira como ela é socialmente construída – isto é, na grande variedade de formas como ela é expressa e reprimida. É importante observar que a homossexualidade tornou-se menos estigmatizada no último século. Dois fatores principais são responsáveis por esse fato – um de ordem científica e outro de ordem política. No século XX, os sexólogos – psicólogos e médicos que estudam cientificamente as práticas sexuais – reconheceram e enfatizaram a grande diversidade de práticas sexuais existentes. Os sexólogos tem fornecido uma base científica para a crença na normalidade da diversidade sexual. Alfred Kinsey (sexólogo americano): foi um dos pioneiros nessa área. Ele e seus colaboradores entrevistaram milhares de mulheres e homens e, nos anos de 1940, concluíram que as práticas homossexuais eram tão difundidas que a homossexualidade dificilmente poderia ser considerada uma doença que afetava uma pequena minoria. Entretanto, foram as próprias minorias sexuais que forneceram a energia social e política necessária para legitimar a diversidade sexual entre parcelas cada vez mais amplas da população. Especialmente a partir da metade do século XX, gays e lésbicas construíram grandes comunidades e subculturas, particularmente em grandes áreas urbanas como Nova York, San Francisco e outras grandes cidades do mundo. Na América Latina, a Argentina foi o primeira país a organizar, em 1971, um grupo de defesa dos direitos de gays e lésbicas, a Frente de Liberación Homosexual, responsável pelo primeiro boletim homossexual da região. Em 1972, duas entidades semelhantes foram fundadas no México, seguido pelo Brasil, em 1978, e pelo Peru, no início dos anos de 1980. Com a criação de comunidades, subculturas e organizações em defesa dos direitos dos homossexuais , essas pessoas assumiram publicamente seu modo de vida, organizaram passeatas, paradas e grupos de pressão política para expressar sua autoconfiança e exigir direitos iguais aos da maioria heterossexual. Provocações (TV Cultura) entrevista o cartunista Laerte Coutinho Bloco 01 http://youtu.be/QmEGgs5yWCE Bloco 02 http://youtu.be/5bsxMFiD6QM Bloco 03 http://youtu.be/14WOikeET5E Homofobia Apesar de todos esses fatores que contribuem para a diminuição da estigmatização da homossexualidade no último século, a oposição a pessoas que não se conformam a papéis de gênero convencionais permanece forte em todas as fases da vida. As crianças são geralmente muito rígidas ao reforçar papéis de gênero convencionais e aplicam sanções a colegas que se desviam das convenções. Entre os adultos, a oposição é igualmente forte. A antipatia em relação a homossexuais é tão forte entre algumas pessoas que elas estão dispostas a defender suas crenças com base no uso da força. De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia, entre 1991 e 2004, mais de 1600 homossexuais foram assassinados no Brasil. Homofobia Devido à animosidade generalizada em relação a homossexuais, muitas pessoas que gostariam de ter tido experiências sexuais com pessoas do mesmo sexo, ou já o fizeram, não se identificam como gays, lésbicas ou bissexuais. Isso é evidente quando se leva em consideração a distribuição geográfica de pessoas que se identificam como homossexuais ou bissexuais. Centros com menor população tendem a ser menos tolerantes em relação à homossexualidade e à bissexualidade, por isso muitas pessoas que manifestam desejo por pessoas do mesmo sexo são, portanto, menos propensas a expressar e a desenvolver identidades homossexuais e bissexuais em comunidades menores, tendendo a migrar para cidades maiores e mais liberais nas quais existem comunidades gays bem estabelecidas e que possam oferecer apoio emocional (Michal et al., 1994: 178, 182) Homofobia Pesquisas recentes também sugerem que alguns crimes contra gays podem resultar de tendências homossexuais reprimidas por parte dos agressores (Adams, Weight, Lohr, 1998). De acordo com essa perspectiva, os agressores são homofóbicos – sentem rejeição ou tem aversão a homossexuais porque não conseguem lidar com seus próprios impulsos homossexuais, provavelmente inconscientes. A agressão seria então uma forma de atuar a negação de tais impulsos. No Brasil, de forma geral, o termo homofobia é utilizado para qualificar todo tipo de violência contra homossexuais, sugerindo que ela se refere a uma patologia sociopsicológica e não apenas psicológica. ADAMS, Henry E.; WEIGHT, Lester W.; LOHR, Bethany A. “Is Homophobia Associated with Homosexual Arousal?”. Journal of Abnormal Psychology. N. 105, p. 440-5, 1998. MICHAEL, Robert T. et al. Sex in America: A Definitive Survey. Boston: Little Brown, 1994. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Brasil sem Homofobia: Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLBT e Promoção da Cidadania Homossexual. Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Brasília: Ministério da Saúde, 2004ª. MOTT, Luiz. Por que os Homossexuais são os Mais Odiados Dentre Todas as Minorias? In: CORREA, Mariza (org.). Gênero e Cidadania. Campinas: Unicamp, Coleção Encontros, p. 143-55, 2002.