Curso a Distância de Aperfeiçoamento em Agricultura Orgânica 15 ª aula: FUNDAMENTOS DA PROTEÇÃO DE PLANTAS Eng. Agr. Silvio Roberto Penteado 1.INTRODUÇÃO A agricultura orgânica não emprega os agrotóxicos para o controle dos insetos nocivos e patógenos que podem causar prejuízos para as plantas. O princípio é obter uma planta resistente e a presença de elevada população de inimigos naturais. Como fatores prepoderantes para manter a saúde da planta e baixa ocorrência de pragas e doenças, estão a a preservação do meio ambiente, adequado manejo do solo, nutrição equilibrada e cultivo adaptado às condições locais. Estes preceitos estão baseados na teoria de Francis Chaboussou (1987), que afirma que qualquer adubação que deixe a planta em sua condição fisiológica ótima, oferece-lhe o máximo de resistência ao ataque de fito-moléstias. Para o mesmo pesquisador “ insetos e fungos não são a causa verdadeira das moléstias das planta elas só atacam as plantas ruins ou cultivadas incorretamente” , porisso quando são seguidos os princípios orgânicos, há redução significativa de danos causados por insetos ou microrganismos. No entanto, se cumprindo todos os preceitos orgânicos, ocorrerem ataques de insetos nocívos ou patógenos, há alternativas para substituir os agrotóxicos, por produtos de baixo custo e que não afetam a saúde do homem e nem causam desequilíbrio na natureza. Neste caso, o princípio de atuação destes produtos alternativos não é erradicar os insetos ou microrganismos nocivos, mas aumentar a resistência da planta.O produtor deve tirar as dúvidas, conhecer dosagens, época de aplicação e métodos para produzir o seu próprio defensivo natural. Há grande vantagem em produzir alimentos orgânicamente, sem agrotóxicos, são sadios, saborosos e de elevada cotação comercial, 2. PRINCÍPIOS DE RESISTÊNCIA DAS PLANTAS Segundo o cientista francês Francis Chaboussu, as plantas acumulam seus nutrientes de reservas, na forma de proteínas, através do processo de sintese chamado de Proteossíntese. No entanto, nos períodos climáticos desfavoráveis ou quando são empregados excessos de nutrientes solúveis e agrotóxicos, são liberados na seiva das plantas radicais livres (aminoácidos, açucares etc) que são alimentos prontamente disponíveis para os insetos nocivos e patógenos. Os organismos patogênicos, dependem de substâncias solúveis, como açúcares e aminoácidos livres. Essa manifestação é resultado do desequilíbrio - excesso ou carência de nutrientes, tais como nitrogênio, potássio, entre outros ou ainda pelo uso indiscriminado de agrotóxicos. Esta ocorrência é uma nítida manifestação de desequilíbrio químico biodinâmico no vegetal. A ocorrência descrita acima é chamado de proteólise, isto é, há uma quebra do processo metabólico de formação de proteínas, com liberação de aminoácidos. É por esta razão que empregam-se caldas ricas em nutrientes que estimulem a proteósintes. Quando são aplicadas as caldas, os nutrientes da sua composição, penetram na planta e estimulam a formação de proteínas, isto é, retiram os aminoácidos disponíveis, transformando-os em substâncias não assimiláveis (proteínas) pela maioria dos insetos e patógenos, estimulando o processo que favorece a resistência da planta, a proteossíntese. Alguns produtos alternativos como os biofertilizantes enriquecidos com nutrientes e as caldas Bordalesa, Sulfocálcica e Viçosa se inserem neste contexto de ferti-protetoras das plantas, pois, além terem efeito repelente e biocida, não afetam os mecanismos de defesa natural das plantas, como os agrotóxicos em geral. Ao contrário, atuam como fertilizante, fornecendo cálcio, cobre e enxofre, estimulando (proteossíntese). os processos de síntese de proteína No entanto, nem sempre os resultados surgem nas primeiras aplicações, porque as plantas estão saturadas com elementos químicos e os patógenos com elevada resistência. A TEORIA DA TROFOBIOSE Trofo= alimento e Biose= existência de vida. Portanto Trofobiose quer dizer que qualquer ser vivo só sobrevive se tiver alimento disponível para se alimentar. A Teoria da Trofobiose ou também conhecida como a teoria da planta equilibrada, é de autoria de Francis Chaboussou e nos diz que uma planta cultivada só será atacada por um inseto, ácaro, fungo ou bactéria, quando ela tiver na sua seiva exatamente o alimento que eles precisam. A seiva neste caso estará formada principalmente por aminoácidos, que são substâncias simples e solúveis de fácil digestão para esses insetos ou microorganismos. Uma planta que se encontra num ambiente equilibrado, adaptada ao lugar onde vive, com uma quantidade e qualidade de nutrientes suficientes no solo, com solo com abundância de vida e condições adequadas de umidade, consegue fabricar através do seu metabolismo interno e fotossíntese substâncias complexas como proteínas, vitaminas, etc. Estas plantas dificilmente serão atacadas por “pragas e doenças” já que esses organismos não possuem o aparelho digestivo preparado para dissolver essas substâncias complexas. (http://mstbsb.homelinux.org/~mst/ecohorta/links/linkhortro.html) O desequilibro no ambiente é provocado principalmente pelo homem e suas práticas culturais inadequadas, entre elas podemos destacar a monocultura, utilização de adubos químicos, desmatamento, poluição do ambiente etc. O USO DE ADUBOS SOLÚVEIS FAVORECEM O ATAQUE POR PROMOVEREM O DESEQUILÍBRIO NUTRICIONAL DAS PLANTAS-Os adubos químicos além de atuarem como biocidas, destruindo a vida dos microrganismos no solo, enfraquecem os vegetais (aumentando o seu tamanho e o seu teor de água) tornando-os um "prato pronto" para as pragas e doenças. Pelo anteriormente citado podemos afirmar que um bom manejo cultural dos cultivo, respeitando a diversidade, a vida do solo e do ambiente em geral cria plantas resistentes e sadias, dificilmente atacadas por “pragas e doenças”. Segundo a Teoria da Trofobiose todo ser vivo só sobrevive se houver alimento adequado e disponível para ele. A planta, ou parte dela, só será atacada por um inseto, ácaro, nematóide ou microrganismos (fungos e bactérias), quando tiver na sua seiva, o alimento que eles precisam, principalmente aminoácidos. O tratamento inadequado de uma planta, especialmente com substâncias de alta solubilidade, conduz a uma elevação excessiva de aminoácidos livres. Portanto, um vegetal saudável, equilibrado, dificilmente será atacado por pragas e doenças. (Fonte: Embrapa) Á partir das pesquisas do prof. Chaboussou, compreendeu-se que a suscetibilidade da planta a pragas e doenças também é uma questão de nutrição ou de intoxicação. A planta equilibrada em crescimento vigoroso ou em descanso não é nutritiva para as pragas. Estas não têm capacidade de fazer proteólise, não tendo condições de decompor proteínas estranhas, só sabendo fazer proteossíntese. A praga necessita encontrar na planta hospedeira alimentos como aminoácidos, açúcares e minerais solúveis - ainda não incorporados em macromoléculas insolúveis. Isto ocorre quando há inibição da proteossíntese ou quando há excesso de produção de aminoácidos (o que freqüentemente ocorre com o excesso de adubos nitrogenados). A inibição da proteossíntese pode ser conseqüência do uso de agrotóxicos ou de desequilíbrio nutricional da planta. A aplicação de pesticidas contamina toda cadeia alimentar e toda fauna é erradicada do ecossistema Chaboussou pesquisou e constatou que o uso de agrotóxicos para debelar algum mal acarretava depois, um ressurgimento piorado do mal. Os agrotóxicos provocam modificações no metabolismo das plantas, acarretando um enriquecimento dos líquidos celulares ou circulantes em açucares solúveis e aminoácidos livres, que, em excesso, não são normalmente incorporados na proteossíntese. Os insetos fitófagos são assim favorecidos em sua alimentação. O uso de agrotóxicos também age sobre a composição dos vegetais, e sobre sua vida intima, modificando a relação C/N (no caso dos herbicidas), no índice K / Ca (pesticidas) ou no conteúdo de aminoácidos (fungicidas). A esta dependência estreita entre as qualidades nutricionais da planta e seu parasita, o dr. Chaboussou chamou de "Trofobiose". Como diz o prof. Lutzemberger: "Todo agrônomo ou agricultor experiente e observador sabe que, quanto mais venenos se usa, mais praga aparece". http://www.syntonia.com/textos/textosnatural/textosagricultura/agrot oxicos1.htm COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA Há provas científicas dentro dos meios acadêmicos de diversos países de que doenças, ataques de insetos e até viroses são causadas não só pela presença de bactérias, fungos, insetos e vírus na planta, mas sim pelo desequilíbrio fisiológico causado pelo uso de adubos solúveis, manejo incorreto do solo e do meio ambiente onde a planta está inserida, o que a torna suscetível (Francis Chaboussou Plantas Doentes Pelo Uso de Agrotóxicos, A Teoria da Trofobiose Ed. LPM, 1987). É importante ressaltar que, apesar de ser ignorado e combatido pelos interesses da indústria agro-química, esse pesquisador é considerado como fonte bibliográfica de um dos mentores intelectuais da agricultura química, Eurípedes Malavolta, em seu livro Manual de Química Agrícola Adubos e Adubação (Ed. CERES, 1981). Dentro dos parâmetros da metodologia científica, Francis Chaboussou interpreta o ataque de insetos e a presença de moléstias como um desequilíbrio nutricional causado por estresse hídrico, agrotóxicos, excesso de adubação ou condições climáticas inadequadas que impedem a síntese de proteínas (proteosíntese). Estes fatores acarretam, no tecido vegetal, o acúmulo de açúcares e aminoácidos solúveis que consequentemente não são transformados em carbohidratos e proteínas (proteólise). A adaptação ao estresse hídrico e outras formas de estresse também é conhecido como o nome de ajuste osmótico. Crescendo em condições nutricionais ótimas, as plantas desenvolvem uma imunidade adquirida a insetos e microorganismos. DEFENSIVOS AGRÍCOLAS – CONCEITOS GERAIS Eventualmente, apenas as técnicas preventivas não são suficientes para garantir a saúde da cultura, principalmente em função de variações climáticas bruscas e/ou quando o sistema de produção ainda não está totalmente equilibrado. Nestes casos, lançamos mão de produtos naturais (verdadeiramente defensivos por não agredir o homem ou o ambiente). Os inseticidas naturais podem ser preparados a partir de plantas ou minerais não tóxicos à saúde humana ao ambiente O combate às pragas da lavoura, que pode ser necessário para assegurar a integridade das colheitas, pode acarretar efeitos negativos quando realizado com emprego inadequado de defensivos agrícolas. Entre as piores conseqüências do uso desses produtos se enumeram a agressão ao meio ambiente (ar, água e solo, flora e fauna), a contaminação de alimentos, prejuízos para a saúde de quem os manipula e a imunização progressiva aos agrotóxicos dos seres vivos que se pretende eliminar, o que acaba por exigir o emprego de pesticidas cada vez mais potentes e em quantidades maiores. Os defensivos agrícolas são “cidas= matar” substâncias ou misturas, naturais ou sintéticas, usadas para destruir plantas, animais (principalmente insetos), fungos, bactérias e vírus que prejudicam as plantações. Enquadram-se em várias categorias: acaricidas, para eliminar ácaros, germicidas, que destroem microrganismos patogênicos e embriões; fungicidas, que eliminam fungos; herbicidas, que combatem as ervas daninhas que brotam no meio de certas culturas e prejudicam seu desenvolvimento; raticidas; formicidas; cupinicidas e outros. Já na época neolítica, cerca de 7.000 anos a.C., havia a preocupação com a ocorrência de pragas. Os métodos eram mais naturais, pois procedia-se à seleção de sementes de plantas mais resistentes às pragas agrícolas. Os profetas do Antigo Testamento mencionam nuvens de gafanhotos que destruíam lavouras inteiras, como a que se abateu sobre as margens do Nilo no século XIII a.C.. Mas somente a partir dos séculos XVI e XVII começaram os estudos científicos das pragas e dos meios de combatê-las. Os primeiros combates em larga escala a obter sucesso foi o realizado na Europa, na década de 1840 a 1860, contra o míldio da videira e outros fungos, com as caldas Bordalesa e Sulfocálcica. Em 1942, o patologista suíço Paul Müller descobriu as propriedades inseticidas de um composto organoclorado já sintetizado em 1874, e que passou a ser conhecido como DDT. Pesquisas com gases venenosos, realizadas pelos alemães durante a segunda guerra mundial, levaram à descoberta de inseticidas ainda mais poderosos, os compostos organofosforados. Surgiu daí a ilusão de que se poderia usar inseticidas cada vez mais fortes e deter para sempre o avanço das pragas. Na verdade, não se levou devidamente em conta dois obstáculos: a possibilidade de que as próprias pragas desenvolvessem defesas naturais e a cada ano aumenta o número de pragas resistentes a todos os defensivos conhecidos; e os danos ao meio ambiente, que acabam por afetar o homem. Classificação. Os defensivos agem por contato, envenenamento, asfixia ou repelência. Podem ser de origem vegetal, animal, mineral e os produtos orgânicos de síntese. Os inseticidas de origem vegetal destacam-se alcalóides de veratrina, anabasina, nicotina e nornicotina, piretrinas, rianodina e rotenona. Os de origem animal incluem por exemplo as toxinas elaboradas pelo Bacillus thuringiensis contra lagartas ou baculovírus contra a lagarta da soja e dezenas de outros produtos utilizados com sucesso no controle biológico. No campo do controle biológico, usase também a criação e disseminação de machos esterilizados. Embora sexualmente potentes, esses insetos são estéreis, de modo que os ovos postos pelas fêmeas são estéreis também. Os inorgânicos ou de origem mineral, muito usados até a década de 1950, incluem cloretos de mercúrio, arseniatos de chumbo, de cálcio, de sódio, e de alumínio, acetoarsenito de cobre, arsenito de sódio e de bário, criolita e selênio. Os defensivos orgânicos de síntese abrangem os seguintes conjuntos: organoalogenados (DDT, BHC, lindano, clordane, heptacloro, aldrin, dieldrin, endrin etc.); organofosforados (azinfos, malation, paration, forato, oxidemetonmetilo etc.); sulfonas e sulfonatos (tetrasul, tetradifon, fenizon etc.); e os carbamatos (carbaril, isolane etc.). Muitos desses produtos estão banidos ou proibido o emprego nos países desenvolvidos e no Brasil, como o DDT, o BHC, o paration e cianetos. Aplicam-se geralmente por pulverização por meio de equipamento apropriado, desde pequenas bombas manuais até grandes aspersores utilizados em aviões, que cobrem grandes plantações, afetando todo meio ambiente. Todos os países, inclusive o Brasil possuem uma legislação que regula o uso e a venda desses produtos, mas como seu cumprimento é pouco fiscalizado, essas leis quase nunca são obedecidas. Os fungicidas são produtos especialmente ativos, que destroem os fungos ou paralisam o seu crescimento. São aplicados nas folhas e frutos em crescimento, nas frutas colhidas, nas sementes e no próprio terreno a ser cultivado. A aplicação é feita principalmente por aspersão, em tanques acionados por trator. Os fungicidas podem ser preparados na propriedade, sendo misturas de água com cal, enxofre e sulfato de cobre, caso da calda bordalesa ou viçosa ou sulfocálcica. Já os germicidas, são substâncias químicas suficientemente fortes para matar os germes por contato. Os anti-sépticos inibem o crescimento das bactérias; os desinfetantes matam os microrganismos produtores de moléstias. ( http : // www.etda.hpg.ig.com.br / defensivos_ agricolas. Htm) OS RISCOS COM OS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS Os defensivos oferecem grandes riscos ao homem e ao meio ambiente no seu emprego na agricultura e também na região urbana. Os seus efeitos geralmente não podem ser circunscritos à área de aplicação, e se fazem sentir em toda a natureza, devem ser aplicados com parcimônia e orientação técnica. Por exemplo, produtos perigosos são utilizados contra insetos transmissores de doenças infecciosas, assim como inseticida doméstico, caso dos aerosóis caseiros e a popular naftalina ( á base de DDT). Às vezes o homem, na ânsia de solucionar o problema, desequilibra sistemas biológicos inteiros e acaba agravando situações que pretendia remediar. Os defensivos podem destruir conjuntamente pragas e insetos benéficos, sobretudo devido à tendência de se tornarem mais resistentes os nocivos, Um fato ocorrido no Brasil, na década de 1980, veio comprovar esse risco. Ao se tentar erradicar a lagarta da soja com aplicação em massa nas grandes plantações, eliminou-se também seus predadores naturais. Os resíduos de defensivos também provocam contaminação em nível planetário, como se verificou na Antártica, onde foram detectados vestígios de DDT em focas e pingüins. Os compostos organoclorados também têm efeito altamente prejudicial sobre animais, mesmo quando o contato não é direto. Em certos lagos do sul dos Estados Unidos, a reprodução de trutas cessou por completo e a mortalidade entre alevinos atingiu níveis de cem por cento. Os organoclorados agem sobre o sistema nervoso e modificam atividades metabólicas, podendo assim favorecer a proliferação do câncer. O planeta Terra não tem mais condições de absorver às milhares e milhares de toneladas de produtos petroquímicos venenosissimos usados atualmente na agricultura convencional que todos nós sabemos irão gerar uma série de problemas de saúde. Os inseticidas sintéticos originários da petroquímica matam indiscriminadamente os insetos e larvas, poluem o ambiente, intoxicam operadores, seus familiares, e até mesmo os consumidores e, portanto, e por isso mesmo, tem sido repudiados a nível mundial. Não obstante serem extremamente tóxicos, esses produtos não conseguem de forma alguma controlar os insetos, pois são formulados utilizando-se de apenas uma única molécula a qual é invariavelmente protegida por uma patente que dá direito ao seu detentor de comercializá-la a preços muitas vezes exorbitantes amparados que estão por registro efetuados junto a órgãos oficiais do governo. Isto é, o governo não só colabora como também oficializa e o que é pior monopoliza a venda desses produtos altamente tóxicos e, portanto é fator determinante da intoxicação generalizada da população. Ocorre que os insetos, dotados de um maravilhoso mecanismo de defesa, desenvolvem resistência a esses venenos em apenas 3 gerações em alguns casos. Por isso é que em 1988 no E.P.A. (Environment Protection Agency) já haviam cerca de 50.000 produtos químicos registrados para uso na agricultura porque a cada 3 gerações surgem novas variedades de insetos resistentes a essas moléculas isoladas e, portanto novas moléculas tem que ser produzidas e patenteadas e colocadas no mercado. Esse processo não tem fim. A cada ano surgem venenos mais e mais poderosos. Inseticidas e fungicidas que antes controlavam os problemas na ordem de 1 a 2 kg por hectare agora estão sendo fabricados para serem utilizados em doses de apenas 200 gramas por hectare. Esses tipos de moléculas são por assim dizer cerca de 10 vezes mais venenosas que as anteriormente utilizadas, porem as multinacionais às apresentam como mais “seguras” ao meio ambiente pelo simples fato de que se usa menos produto. Menos produto para um mesmo efeito significa maior toxicidade e não menor toxicidade. Junho de 2000 (Engº Agrº José Luiz M. Garcia-M. Sc. Horticultura – Michigan State University) Vejam por exemplo um resumo dos efeitos nocivos dos inseticidas sintéticos: 1. Poluição ambiental. 2. Danos à saúde devido a níveis elevados (ou mesmo baixos) de resíduos. 3. Destruição indiscriminada de insetos sem nenhuma consideração sobre o seu papel no meio ambiente muitas vezes benéfico, como no caso dos inimigos naturais. 4. Envenenamento de animais de sangue quente como pássaros, gado, criação em geral e pessoas que tenham contacto com os mesmos. 5. Desenvolvimento de resistência em insetos. 6. Ressurgimento de certas pragas secundárias e/ou principais que estavam sendo anteriormente controlada por insetos que foram destruídos pelo agrotóxico. Com o seu desaparecimento houve menos concorrência e novas pragas, então, surgiram. 3. EMPREGO DE DEFENSIVOS ALTERNATIVOS São considerados como defensivos alternativos todos os produtos químicos, biológicos, orgânicos ou naturais, que possuam as seguintes características: Não sejam tóxicos ao homem e ao ambiente (grupo toxicológico iv), Sejam inócuos ao homem e á natureza (flora e fauna) e baixa persistência na planta e meio ambiente. Sejam eficientes no combate aos insetos e microrganismos nocivos, com o objetivo principal de favorecer a resistência das plantas e não a erradicação dos insetos nocivos e patogénicos. Não favoreçam a ocorrência de formas de resistência, de pragas e microrganismos, de forma que suas dosagens e intervalos de aplicação sejam atenuados com o tempo. 4.USO DE PRODUTOS NA PROTEÇÃO DE PLANTAS Introdução No sistema orgânico o passo inicial é implantar a cultura num solo sadio, rico em micro e macrorganismos e matéria orgânica, para que favoreçam a biovida e adotar os princípios da produção agroecológica. Num solo adequado, as plantas crescem saudáveis, pois há permeabilidade para o ar, a água e o pleno desenvolvimento do sistema radicular e os nutrientes são retidos e liberados lentamente, sem disponiblizar radicar livres. Mesmo adotando todos os princípios da agroecologia, em condições climáticas desfavoráveis ou em desequilíbrio da planta, podem ocorrer situações favoráveis ao ataque de insetos-nocivos e patógenos. Neste caso, procura-se em primeiro lugar manter o equilíbrio nutricional da planta e caso haja necessidade, o emprego dos defensivos alternativos e naturais. Assim sendo, esta opção somente deve ser utilizada, quando ocorrer níveis de insetos-nocivos ou patógenos, em condições de causar dano econômico. O princípio de atuação dos produtos alternativos, não deve ser em erradicar os insetos-nocivos ou patógenos, mas favorecer resistência da planta, ativando os mecanismos de defesa, estimulando a proteo-síntese (redução dos radicasis livres) e tornando os tecidos mais rústicos e resistentes. Nas normas para a produção orgânica, há alternativas para substituir os agrotóxicos, por produtos de baixo custo e que não afetam a saúde do homem e nem causam desequilíbrio na natureza. 5. FATORES A SEREM CONSIDERADOS NO CONTROLE DE PLANTAS É necessário a conjugação dos fatores para promover a resistência e proteção das plantas. Para um adequado combate às pragas e doenças, o produtor deve tomar os seguintes cuidados: Ter conhecimento geral da cultura (ciclo, exigências edafoclimáticas); pragas de ocorrências importantes e métodos alternativos mais indicados. Avaliar a ocorrência e desenvolvimento da população de pragas e doenças em relação ao clima. As dosagens dos produtos alternativos em função das condições climáticas. Fazer a identificação, levantamento e monitoramento das pragas e doenças. Gerenciamento de dados e ação rápida. Avaliar a eficiência de cada procedimento de combate. Fazer somente a intervenção com defensivos alternativos quando a presença do inseto-praga ou patógeno atingir o nível de dano econômico. Conhecer dosagens, época de aplicação e métodos para produzir o seu próprio defensivo natural. Os produtos obtidos orgânicamente, sem agrotóxicos, são sadios, saborosos e de elevada cotação comercial. Fazer um rígico controle sobre a adubação e nutrição das plantas, mesmo que seja empregado somente adubos orgânicos, pois níveis elevados de um ou outro nutriente na planta, são fatores de desequilíbrio dos mecanismos de defesa, além de favorecer a liberação dos radicais livres. 6.PROCEDIMENTOS BÁSICOS NA PROTEÇÃO DE PLANTAS A agricultura orgânica recomenda um adequado manejo do solo, da nutrição e do cultivo como fatores fundamentais para a sanidade da planta. Segundo Chaboussou (1987) Para o mesmo, insetos e fungos não são a causa verdadeira das moléstias das plantas, elas só atacam as plantas desequilibradas ou cultivadas incorretamente. Na agricultura orgânica é proibido o emprego de agrotóxicos, da calda viçosa com uréia e cloreto ou nitrato de potássio e da nicotina (extrato de fumo). É eventualmente permitido o uso da isca formicida, desde que não seja organo-fosforado. Várias medidas antes do emprego dos defensivos alternativos são indispensáveis para o produtor garantir uma maior proteção e resistência da planta. Em primeiro lugar deverá fazer a adequada correção de calcário no solo, considerando o teor de cálcio que nas condições ideais é 3 a 4 vezes superior ao de magnésio. É necessário dispor de adubos orgânicos, como farinha de ossos, compostagens, etc, que por liberarem lentamente os nutrientes não favorecem a infestação e desenvolvimento da população de insetos ou microorganismos nocivos. A adubação deve ser equilibrada, sem o emprego de nutrientes altamente solúveis. Evitar excesso de adubos orgânicos ricos em nitrogênio, pois favorecem doenças como a podridão mole. Estes deverão ser empregados desde que bem parcelados. O adubo verde deverá sempre entrar na programação do preparo do solo, pois além de reduzir as ervas invasoras idesejáveis, melhoram a nutrição e a presença dos inimigos naturais. 7. MEDIDAS AUXILIARES DE PROTEÇÃO DE PLANTAS O segredo da resistência é ter plantas fortes. Para tanto, o ambiente deve estar em equilíbrio, com a presença de inimigos naturais das pragas, disponibilidade de água e solo bem preparado, tratado, vivo e bem adubado. Essas condições funcionam como medidas preventivas contra pragas e doenças. Os procedimentos considerados como medidas auxiliares de proteção das plantas, são apresentados a seguir. • Escolher espécies e cultivares adaptadas ou resistentes às con-dições de clima e solo existentes na propriedade (germoplasma adequado). • Emprego de mudas e sementes comprovadamente sadias. • Tratamento de sementes com produtos alternativos, como micronutrientes e biofertilizantes. • Retardar o plantio ou adiantar épocas de plantio visando obter períodos de cultivo mais favoráveis. • Adotar um espaçamento adequado, mais amplo para evitar umidade excessiva e a ocorrência de doenças fúngicas e bacterianas. Os plantios muito adensados favorecem doenças como a antracnose, requeima e podridão. • Evitar solos encharcados e o excesso de irrigação, pois favorecem as doenças de raizes, assim como murchas bacterianas, requeima e outras. • Eliminar plantas hospedeiras de pragas e moléstias, principalmente aquelas vetores de fitopredadores. Fazer inspeção semanal, eliminando as plantas com pragas, viroses ou murchas. • Combate a insetos vetores de doenças, principalmente na fase de mudas (pulgão e tripes). No caso de mudas deve-se prevenir o ataque com a instalação dos canteiros em telados. • Instalação de cercas vivas. As faixas de cercas-vivas funcionam como corredores de refúgio ou nichos de preservação dos inimigos naturais, podendo ser empregadas plantas silvestres medicinais. • Formação de quebra-ventos para fazer o isolamento da cultura, para prevenir ventos fortes e a disseminação de doenças, princi-palmente as bacterianas. Para grandes áreas devem ser instaladas árvores altas, enquanto em pequenas o plantio de capim napier ou camerum é muito recomendada, em torno da área cultivada ou entre as linhas de cultivo. • Manter a planta suprida com os micronutrientes essenciais, como boro, zinco, manganês, magnésio e molibdênio. • A presença de ervas nativas e plantas com flor favorecem a permanência de inimigos naturais. Fazer adequado controle das ervas nativas: limpar as faixas junto ao caules das plantas e mantendo-se a vegetação nativa nas entrelinhas de plantio. Fazer a roçada ou capinas das entrelinhas de forma alternada. • Plantio em faixas, bordadura ou consorciação de culturas, com base em princípios alelopáticos. Inclusão de plantas benéficas e plantas repelentes. • Promover uma boa aeração da planta (retirar folhas e brotações em excesso), reduzindo as condições favoráveis para o desenvolvimento de fungos patogênicos. • Rotação de culturas e biodiversidade de cultivos (evitar a monocultura): alternar espécies diferentes em cada área para evitar as pragas e doenças da planta anterior. Para evitar as doenças bacterianas em plantas susceptíveis, como as solanáceas, devem ser plantadas sempre em terras novas ou depois de longas rotações (3 - 4 anos), tendo bastante cuidado com a água de irrigação. • Tratamento preventivo com defensivos que aumentem a resistência das plantas nos períodos críticos, como biofertilizantes, caldas sulfuradas, extratos de plantas, caldas cúpricas (Bordalesa ou Viçosa), etc. • Cuidados com a colheita e manuseio dos frutos em condições de umidade alta. Fazer a colheita dos frutos em período seco do dia. • Fazer o tratamento de acôrdo com as condições climáticas. O excesso de chuvas, altera o equilíbrio químico (maior teor de nitrogênio e difusão de nutrientes), físico ( menor aeração do solo) e biológico (menor taxa de respiração), reduz a proteo-síntese e as plantas ficam mais suscetíveis, deverá haver maior rigor nos tratamentos. • Nas estiagens, com solo pouco oxigenado, há deficit de água e ar para a proteo-síntese. Nestas condições excesso de pulverizações podem até ser prejudiciais por ativar as plantas sem que elas tenham condições de absorver e metabolizar os nutrientes. INFLUÊNCIA DOS MINERAIS NA SANIDADE DAS PLANTAS 1. O EXCESSO DE NITROGÊNIO CAUSA PLANTAS SUSCETÍVEIS ÀS DOENÇAS: Alternaria Botrytis Erwinia Erysipha, Mildio Pernospora Pullinia Pseudomonas Verticilium Fumo, Tomate Videiras, Moranguinhos Batatinhas Cereais E Frutas Alface, Videira Cereais Fumo, Feijão, Pepino, Couve Tomate, Algodão, Cravos 2. A DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES CAUSA PLANTAS SUSCETÍVEIS ÃS DOENÇAS: BORO: Pullinia tritici Erysiphe cich. Erysiphe gram. Phoma betae Botrytis Fusarium COBRE: Pullinia tritici Ustilago tritici Erwinia , Phytophtora Trigo Girassol Cevada, Trigo Beterraba Couve-Flor Tomate Trigo Trigo Batatinha