Curso a Distância de Aperfeiçoamento em Agricultura Orgânica 15 ª

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Curso a Distância de Aperfeiçoamento em Agricultura
Orgânica
15 ª aula: FUNDAMENTOS DA PROTEÇÃO DE PLANTAS
Eng. Agr. Silvio Roberto Penteado
1.INTRODUÇÃO
A agricultura orgânica não emprega os agrotóxicos para o
controle dos insetos nocivos e patógenos que podem causar prejuízos
para as plantas. O princípio é obter uma planta resistente e a
presença de elevada população de inimigos naturais.
Como fatores prepoderantes para manter a saúde da planta
e baixa ocorrência de pragas e doenças, estão a a preservação do
meio ambiente, adequado manejo do solo, nutrição equilibrada e
cultivo adaptado às condições locais.
Estes preceitos estão baseados na teoria de Francis
Chaboussou (1987), que afirma que qualquer adubação que deixe a
planta em sua condição fisiológica ótima, oferece-lhe o máximo de
resistência ao ataque de fito-moléstias.
Para o mesmo pesquisador “ insetos e fungos não são a
causa verdadeira das moléstias das planta elas só atacam as plantas
ruins ou cultivadas incorretamente” , porisso quando são seguidos os
princípios orgânicos, há redução significativa de danos causados por
insetos ou microrganismos.
No entanto, se cumprindo todos os preceitos orgânicos,
ocorrerem ataques de insetos nocívos ou patógenos, há alternativas
para substituir os agrotóxicos, por produtos de baixo custo e que não
afetam a saúde do homem e nem causam desequilíbrio na natureza.
Neste caso, o princípio de atuação
destes produtos
alternativos não é erradicar os insetos ou microrganismos nocivos, mas
aumentar a resistência da planta.O produtor deve tirar as dúvidas,
conhecer dosagens, época de aplicação e métodos para produzir o
seu próprio defensivo natural.
Há grande vantagem em produzir alimentos orgânicamente,
sem agrotóxicos, são sadios, saborosos e de elevada cotação
comercial,
2. PRINCÍPIOS DE RESISTÊNCIA DAS PLANTAS
Segundo o cientista francês Francis Chaboussu, as plantas
acumulam seus nutrientes de reservas, na forma de proteínas, através
do processo de sintese chamado de Proteossíntese.
No entanto, nos períodos climáticos desfavoráveis ou quando
são empregados excessos de nutrientes solúveis e agrotóxicos, são
liberados na seiva das plantas radicais livres (aminoácidos, açucares
etc) que são alimentos prontamente disponíveis para os insetos
nocivos e patógenos.
Os organismos patogênicos, dependem de substâncias
solúveis, como açúcares e aminoácidos livres. Essa manifestação é
resultado do desequilíbrio - excesso ou carência de nutrientes, tais
como nitrogênio, potássio, entre outros ou ainda pelo uso
indiscriminado de agrotóxicos.
Esta ocorrência é uma nítida
manifestação de desequilíbrio químico biodinâmico no vegetal.
A ocorrência descrita acima é chamado de proteólise, isto é,
há uma quebra do processo metabólico de formação de proteínas,
com liberação de aminoácidos.
É por esta razão que empregam-se caldas ricas em nutrientes
que estimulem a proteósintes. Quando são aplicadas as caldas, os
nutrientes da sua composição, penetram na planta e estimulam a
formação de proteínas, isto é, retiram os aminoácidos disponíveis,
transformando-os em substâncias não assimiláveis (proteínas) pela
maioria dos insetos e patógenos, estimulando o processo que
favorece a resistência da planta, a proteossíntese.
Alguns produtos alternativos como os biofertilizantes
enriquecidos com nutrientes e as caldas Bordalesa, Sulfocálcica e
Viçosa se inserem neste contexto de ferti-protetoras das plantas, pois,
além terem efeito repelente e biocida, não afetam os mecanismos de
defesa natural das plantas, como os agrotóxicos em geral. Ao
contrário, atuam como fertilizante, fornecendo cálcio, cobre e
enxofre, estimulando
(proteossíntese).
os
processos
de
síntese
de
proteína
No entanto, nem sempre os resultados surgem nas primeiras
aplicações, porque as plantas estão saturadas com elementos
químicos e os patógenos com elevada resistência.
A TEORIA DA TROFOBIOSE
Trofo= alimento e Biose= existência de vida. Portanto
Trofobiose quer dizer que qualquer ser vivo só sobrevive se tiver
alimento disponível para se alimentar.
A Teoria da Trofobiose ou também conhecida como a teoria
da planta equilibrada, é de autoria de Francis Chaboussou e nos diz
que uma planta cultivada só será atacada por um inseto, ácaro,
fungo ou bactéria, quando ela tiver na sua seiva exatamente o
alimento que eles precisam. A seiva neste caso estará formada
principalmente por aminoácidos, que são substâncias simples e
solúveis de fácil digestão para esses insetos ou microorganismos.
Uma planta que se encontra num ambiente equilibrado,
adaptada ao lugar onde vive, com uma quantidade e qualidade de
nutrientes suficientes no solo, com solo com abundância de vida e
condições adequadas de umidade, consegue fabricar através do
seu metabolismo interno e fotossíntese substâncias complexas como
proteínas, vitaminas, etc. Estas plantas dificilmente serão atacadas
por “pragas e doenças” já que esses organismos não possuem o
aparelho digestivo preparado para dissolver essas substâncias
complexas.
(http://mstbsb.homelinux.org/~mst/ecohorta/links/linkhortro.html)
O desequilibro no ambiente é provocado principalmente pelo
homem e suas práticas culturais inadequadas, entre elas podemos
destacar a monocultura, utilização de adubos químicos,
desmatamento, poluição do ambiente etc.
O USO DE ADUBOS SOLÚVEIS FAVORECEM O ATAQUE POR
PROMOVEREM O DESEQUILÍBRIO NUTRICIONAL DAS PLANTAS-Os
adubos químicos além de atuarem como biocidas, destruindo a vida
dos microrganismos no solo, enfraquecem os vegetais (aumentando o
seu tamanho e o seu teor de água) tornando-os um "prato pronto"
para as pragas e doenças.
Pelo anteriormente citado podemos afirmar que um bom
manejo cultural dos cultivo, respeitando a diversidade, a vida do solo
e do ambiente em geral cria plantas resistentes e sadias, dificilmente
atacadas por “pragas e doenças”.
Segundo a Teoria da Trofobiose todo ser vivo só sobrevive se
houver alimento adequado e disponível para ele. A planta, ou parte
dela, só será atacada por um inseto, ácaro, nematóide ou
microrganismos (fungos e bactérias), quando tiver na sua seiva, o
alimento que eles precisam, principalmente aminoácidos.
O tratamento inadequado de uma planta, especialmente
com substâncias de alta solubilidade, conduz a uma elevação
excessiva de aminoácidos livres. Portanto, um vegetal saudável,
equilibrado, dificilmente será atacado por pragas e doenças. (Fonte:
Embrapa)
Á partir das pesquisas do prof. Chaboussou, compreendeu-se
que a suscetibilidade da planta a pragas e doenças também é uma
questão de nutrição ou de intoxicação. A planta equilibrada em
crescimento vigoroso ou em descanso não é nutritiva para as pragas.
Estas não têm capacidade de fazer proteólise, não tendo condições
de decompor proteínas estranhas, só sabendo fazer proteossíntese.
A praga necessita encontrar na planta hospedeira alimentos
como aminoácidos, açúcares e minerais solúveis - ainda não
incorporados em macromoléculas insolúveis. Isto ocorre quando há
inibição da proteossíntese ou quando há excesso de produção de
aminoácidos (o que freqüentemente ocorre com o excesso de
adubos nitrogenados). A inibição da proteossíntese pode ser
conseqüência do uso de agrotóxicos ou de desequilíbrio nutricional
da planta.
A aplicação de pesticidas contamina toda cadeia alimentar e
toda fauna é erradicada do ecossistema
Chaboussou pesquisou e constatou que o uso de agrotóxicos
para debelar algum mal acarretava depois, um ressurgimento
piorado do mal. Os agrotóxicos provocam modificações no
metabolismo das plantas, acarretando um enriquecimento dos
líquidos celulares ou circulantes em açucares solúveis e aminoácidos
livres, que, em excesso, não são normalmente incorporados na
proteossíntese. Os insetos fitófagos são assim favorecidos em sua
alimentação.
O uso de agrotóxicos também age sobre a composição dos
vegetais, e sobre sua vida intima, modificando a relação C/N (no
caso dos herbicidas), no índice K / Ca (pesticidas) ou no conteúdo
de aminoácidos (fungicidas). A esta dependência estreita entre as
qualidades nutricionais da planta e seu parasita, o dr. Chaboussou
chamou de "Trofobiose". Como diz o prof. Lutzemberger: "Todo
agrônomo ou agricultor experiente e observador sabe que, quanto
mais venenos se usa, mais praga aparece".
http://www.syntonia.com/textos/textosnatural/textosagricultura/agrot
oxicos1.htm
COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA
Há provas científicas dentro dos meios acadêmicos de
diversos países de que doenças, ataques de insetos e até viroses são
causadas não só pela presença de bactérias, fungos, insetos e vírus
na planta, mas sim pelo desequilíbrio fisiológico causado pelo uso de
adubos solúveis, manejo incorreto do solo e do meio ambiente onde
a planta está inserida, o que a torna suscetível (Francis Chaboussou Plantas Doentes Pelo Uso de Agrotóxicos,
A Teoria da Trofobiose Ed. LPM, 1987). É importante ressaltar
que, apesar de ser ignorado e combatido pelos interesses da indústria
agro-química, esse pesquisador é considerado como fonte
bibliográfica de um dos mentores intelectuais da agricultura química,
Eurípedes Malavolta, em seu livro Manual de Química Agrícola Adubos e Adubação (Ed. CERES, 1981).
Dentro dos parâmetros da metodologia científica, Francis
Chaboussou interpreta o ataque de insetos e a presença de moléstias
como um desequilíbrio nutricional causado por estresse hídrico,
agrotóxicos, excesso de adubação ou condições climáticas
inadequadas que impedem a síntese de proteínas (proteosíntese).
Estes fatores acarretam, no tecido vegetal, o acúmulo de
açúcares e aminoácidos solúveis que consequentemente não são
transformados em carbohidratos e proteínas (proteólise). A
adaptação ao estresse hídrico e outras formas de estresse também é
conhecido como o nome de ajuste osmótico. Crescendo em
condições nutricionais ótimas, as plantas desenvolvem uma
imunidade adquirida a insetos e microorganismos.
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS – CONCEITOS GERAIS
Eventualmente, apenas as técnicas preventivas não são
suficientes para garantir a saúde da cultura, principalmente em
função de variações climáticas bruscas e/ou quando o sistema de
produção ainda não está totalmente equilibrado. Nestes casos,
lançamos mão de produtos naturais (verdadeiramente defensivos por
não agredir o homem ou o ambiente).
Os inseticidas naturais podem ser preparados a partir de
plantas ou minerais não tóxicos à saúde humana ao ambiente
O combate às pragas da lavoura, que pode ser necessário para
assegurar a integridade das colheitas, pode acarretar efeitos
negativos quando realizado com emprego inadequado de
defensivos agrícolas.
Entre as piores conseqüências do uso desses produtos se
enumeram a agressão ao meio ambiente (ar, água e solo, flora e
fauna), a contaminação de alimentos, prejuízos para a saúde de
quem os manipula e a imunização progressiva aos agrotóxicos dos
seres vivos que se pretende eliminar, o que acaba por exigir o
emprego de pesticidas cada vez mais potentes e em quantidades
maiores.
Os defensivos agrícolas são “cidas= matar” substâncias ou
misturas, naturais ou sintéticas, usadas para destruir plantas, animais
(principalmente insetos), fungos, bactérias e vírus que prejudicam as
plantações. Enquadram-se em várias categorias: acaricidas, para
eliminar ácaros, germicidas, que destroem microrganismos
patogênicos e embriões; fungicidas, que eliminam fungos; herbicidas,
que combatem as ervas daninhas que brotam no meio de certas
culturas e prejudicam seu desenvolvimento; raticidas; formicidas;
cupinicidas e outros.
Já na época neolítica, cerca de 7.000 anos a.C., havia a
preocupação com a ocorrência de pragas. Os métodos eram mais
naturais, pois procedia-se à seleção de sementes de plantas mais
resistentes às pragas agrícolas. Os profetas do Antigo Testamento
mencionam nuvens de gafanhotos que destruíam lavouras inteiras,
como a que se abateu sobre as margens do Nilo no século XIII a.C..
Mas somente a partir dos séculos XVI e XVII começaram os estudos
científicos das pragas e dos meios de combatê-las.
Os primeiros combates em larga escala a obter sucesso foi o
realizado na Europa, na década de 1840 a 1860, contra o míldio da
videira e outros fungos, com as caldas Bordalesa e Sulfocálcica.
Em 1942, o patologista suíço Paul Müller descobriu as
propriedades inseticidas de um composto organoclorado já
sintetizado em 1874, e que passou a ser conhecido como DDT.
Pesquisas com gases venenosos, realizadas pelos alemães durante a
segunda guerra mundial, levaram à descoberta de inseticidas ainda
mais poderosos, os compostos organofosforados.
Surgiu daí a ilusão de que se poderia usar inseticidas cada
vez mais fortes e deter para sempre o avanço das pragas. Na
verdade, não se levou devidamente em conta dois obstáculos: a
possibilidade de que as próprias pragas desenvolvessem defesas
naturais e a cada ano aumenta o número de pragas resistentes a
todos os defensivos conhecidos; e os danos ao meio ambiente, que
acabam por afetar o homem.
Classificação.
Os
defensivos
agem
por
contato,
envenenamento, asfixia ou repelência. Podem ser de origem vegetal,
animal, mineral e os produtos orgânicos de síntese.
Os inseticidas de origem vegetal destacam-se alcalóides de
veratrina, anabasina, nicotina e nornicotina, piretrinas, rianodina e
rotenona.
Os de origem animal incluem por exemplo as toxinas
elaboradas pelo Bacillus thuringiensis contra lagartas ou baculovírus
contra a lagarta da soja e dezenas de outros produtos utilizados com
sucesso no controle biológico. No campo do controle biológico, usase também a criação e disseminação de machos esterilizados.
Embora sexualmente potentes, esses insetos são estéreis, de modo
que os ovos postos pelas fêmeas são estéreis também.
Os inorgânicos ou de origem mineral, muito usados até a
década de 1950, incluem cloretos de mercúrio, arseniatos de
chumbo, de cálcio, de sódio, e de alumínio, acetoarsenito de cobre,
arsenito de sódio e de bário, criolita e selênio.
Os defensivos orgânicos de síntese abrangem os seguintes
conjuntos: organoalogenados (DDT, BHC, lindano, clordane,
heptacloro, aldrin, dieldrin, endrin etc.); organofosforados (azinfos,
malation, paration, forato, oxidemetonmetilo etc.); sulfonas e
sulfonatos (tetrasul, tetradifon, fenizon etc.); e os carbamatos (carbaril,
isolane etc.). Muitos desses produtos estão banidos ou proibido o
emprego nos países desenvolvidos e no Brasil, como o DDT, o BHC, o
paration e cianetos.
Aplicam-se geralmente por pulverização por meio de
equipamento apropriado, desde pequenas bombas manuais até
grandes aspersores utilizados em aviões, que cobrem grandes
plantações, afetando todo meio ambiente.
Todos os países, inclusive o Brasil possuem uma legislação
que regula o uso e a venda desses produtos, mas como seu
cumprimento é pouco fiscalizado, essas leis quase nunca são
obedecidas.
Os fungicidas são produtos especialmente ativos, que
destroem os fungos ou paralisam o seu crescimento. São aplicados
nas folhas e frutos em crescimento, nas frutas colhidas, nas sementes e
no próprio terreno a ser cultivado. A aplicação é feita principalmente
por aspersão, em tanques acionados por trator. Os fungicidas podem
ser preparados na propriedade, sendo misturas de água com cal,
enxofre e sulfato de cobre, caso da calda bordalesa ou viçosa ou
sulfocálcica.
Já os germicidas, são substâncias químicas suficientemente
fortes para matar os germes por contato. Os anti-sépticos inibem o
crescimento das bactérias; os desinfetantes matam os microrganismos
produtores de moléstias. ( http : // www.etda.hpg.ig.com.br / defensivos_ agricolas. Htm)
OS RISCOS COM OS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS
Os defensivos oferecem grandes riscos ao homem e ao meio
ambiente no seu emprego na agricultura e também na região
urbana. Os seus efeitos geralmente não podem ser circunscritos à
área de aplicação, e se fazem sentir em toda a natureza, devem ser
aplicados com parcimônia e orientação técnica.
Por exemplo, produtos perigosos são utilizados contra insetos
transmissores de doenças infecciosas, assim como inseticida
doméstico, caso dos aerosóis caseiros e a popular naftalina ( á base
de DDT).
Às vezes o homem, na ânsia de solucionar o problema,
desequilibra sistemas biológicos inteiros e acaba agravando situações
que pretendia remediar. Os defensivos podem destruir conjuntamente
pragas e insetos benéficos, sobretudo devido à tendência de se
tornarem mais resistentes os nocivos,
Um fato ocorrido no Brasil, na década de 1980, veio
comprovar esse risco. Ao se tentar erradicar a lagarta da soja com
aplicação em massa nas grandes plantações, eliminou-se também
seus predadores naturais.
Os resíduos de defensivos também provocam contaminação
em nível planetário, como se verificou na Antártica, onde foram
detectados vestígios de DDT em focas e pingüins. Os compostos
organoclorados também têm efeito altamente prejudicial sobre
animais, mesmo quando o contato não é direto.
Em certos lagos do sul dos Estados Unidos, a reprodução de
trutas cessou por completo e a mortalidade entre alevinos atingiu
níveis de cem por cento. Os organoclorados agem sobre o sistema
nervoso e modificam atividades metabólicas, podendo assim
favorecer a proliferação do câncer.
O planeta Terra não tem mais condições de absorver às
milhares e milhares de toneladas de produtos petroquímicos
venenosissimos usados atualmente na agricultura convencional que
todos nós sabemos irão gerar uma série de problemas de saúde.
Os inseticidas sintéticos originários da petroquímica matam
indiscriminadamente os insetos e larvas, poluem o ambiente,
intoxicam operadores, seus familiares, e até mesmo os consumidores
e, portanto, e por isso mesmo, tem sido repudiados a nível mundial.
Não obstante serem extremamente tóxicos, esses produtos não
conseguem de forma alguma controlar os insetos, pois são formulados
utilizando-se de apenas uma única molécula a qual é invariavelmente
protegida por uma patente que dá direito ao seu detentor de
comercializá-la a preços muitas vezes exorbitantes amparados que
estão por registro efetuados junto a órgãos oficiais do governo.
Isto é, o governo não só colabora como também oficializa e o
que é pior monopoliza a venda desses produtos altamente tóxicos e,
portanto é fator determinante da intoxicação generalizada da
população. Ocorre que os insetos, dotados de um maravilhoso
mecanismo de defesa, desenvolvem resistência a esses venenos em
apenas 3 gerações em alguns casos. Por isso é que em 1988 no E.P.A.
(Environment Protection Agency) já haviam cerca de 50.000 produtos
químicos registrados para uso na agricultura porque a cada 3
gerações surgem novas variedades de insetos resistentes a essas
moléculas isoladas e, portanto novas moléculas tem que ser
produzidas e patenteadas e colocadas no mercado.
Esse processo não tem fim. A cada ano surgem venenos mais e mais
poderosos. Inseticidas e fungicidas que antes controlavam os
problemas na ordem de 1 a 2 kg por hectare agora estão sendo
fabricados para serem utilizados em doses de apenas 200 gramas por
hectare. Esses tipos de moléculas são por assim dizer cerca de 10
vezes mais venenosas que as anteriormente utilizadas, porem as
multinacionais às apresentam como mais “seguras” ao meio
ambiente pelo simples fato de que se usa menos produto. Menos
produto para um mesmo efeito significa maior toxicidade e não
menor toxicidade. Junho de 2000 (Engº Agrº José Luiz M. Garcia-M. Sc. Horticultura –
Michigan State University)
Vejam por exemplo um resumo dos efeitos nocivos dos
inseticidas sintéticos:
1. Poluição ambiental.
2. Danos à saúde devido a níveis elevados (ou mesmo baixos)
de resíduos.
3. Destruição indiscriminada de insetos sem nenhuma
consideração sobre o seu papel no meio ambiente muitas vezes
benéfico, como no caso dos inimigos naturais.
4. Envenenamento de animais de sangue quente como
pássaros, gado, criação em geral e pessoas que tenham contacto
com os mesmos.
5. Desenvolvimento de resistência em insetos.
6. Ressurgimento de certas pragas secundárias e/ou principais
que estavam sendo anteriormente controlada por insetos que foram
destruídos pelo agrotóxico. Com o seu desaparecimento houve
menos concorrência e novas pragas, então, surgiram.
3. EMPREGO DE DEFENSIVOS ALTERNATIVOS
São considerados como defensivos alternativos todos os
produtos químicos, biológicos, orgânicos ou naturais, que possuam as
seguintes características:
 Não sejam tóxicos ao homem e ao ambiente (grupo toxicológico
iv),
 Sejam inócuos ao homem e á natureza (flora e fauna) e baixa
persistência na planta e meio ambiente.
 Sejam eficientes no combate aos insetos e microrganismos nocivos,
com o objetivo principal de favorecer a resistência das plantas e
não a erradicação dos insetos nocivos e patogénicos.
 Não favoreçam a ocorrência de formas de resistência, de pragas e
microrganismos, de forma que suas dosagens e intervalos de
aplicação sejam atenuados com o tempo.
4.USO DE PRODUTOS NA PROTEÇÃO DE PLANTAS
Introdução
No sistema orgânico o passo inicial é implantar a cultura num
solo sadio, rico em micro e macrorganismos e matéria orgânica, para
que favoreçam a biovida e adotar os princípios da produção
agroecológica. Num solo adequado, as plantas crescem saudáveis,
pois há permeabilidade para o ar, a água e o pleno desenvolvimento
do sistema radicular e os nutrientes são retidos e liberados lentamente,
sem disponiblizar radicar livres.
Mesmo adotando todos os princípios da agroecologia, em
condições climáticas desfavoráveis ou em desequilíbrio da planta,
podem ocorrer situações favoráveis ao ataque de insetos-nocivos e
patógenos. Neste caso, procura-se em primeiro lugar manter o
equilíbrio nutricional da planta e caso haja necessidade, o emprego
dos defensivos alternativos e naturais. Assim sendo, esta opção
somente deve ser utilizada, quando ocorrer níveis de insetos-nocivos
ou patógenos, em condições de causar dano econômico.
O princípio de atuação dos produtos alternativos, não deve
ser em erradicar os insetos-nocivos ou patógenos, mas favorecer
resistência da planta, ativando os mecanismos de defesa,
estimulando a proteo-síntese (redução dos radicasis livres) e tornando
os tecidos mais rústicos e resistentes.
Nas normas para a produção orgânica, há alternativas para
substituir os agrotóxicos, por produtos de baixo custo e que não
afetam a saúde do homem e nem causam desequilíbrio na natureza.
5. FATORES A SEREM CONSIDERADOS NO CONTROLE DE PLANTAS
É necessário a conjugação dos fatores para promover a
resistência e proteção das plantas. Para um adequado combate às
pragas e doenças, o produtor deve tomar os seguintes cuidados:
 Ter
conhecimento
geral
da
cultura
(ciclo,
exigências
edafoclimáticas); pragas de ocorrências importantes e métodos
alternativos mais indicados.
 Avaliar a ocorrência e desenvolvimento da população de pragas e
doenças em relação ao clima. As dosagens dos produtos
alternativos em função das condições climáticas.
 Fazer a identificação, levantamento e monitoramento das pragas
e doenças. Gerenciamento de dados e ação rápida. Avaliar a
eficiência de cada procedimento de combate.
 Fazer somente a intervenção com defensivos alternativos quando a
presença do inseto-praga ou patógeno atingir o nível de dano
econômico.
 Conhecer dosagens, época de aplicação e métodos para produzir
o seu próprio defensivo natural. Os produtos obtidos
orgânicamente, sem agrotóxicos, são sadios, saborosos e de
elevada cotação comercial.
 Fazer um rígico controle sobre a adubação e nutrição das plantas,
mesmo que seja empregado somente adubos orgânicos, pois níveis
elevados de um ou outro nutriente na planta, são fatores de
desequilíbrio dos mecanismos de defesa, além de favorecer a
liberação dos radicais livres.
6.PROCEDIMENTOS BÁSICOS NA PROTEÇÃO DE PLANTAS
A agricultura orgânica recomenda um adequado manejo do solo,
da nutrição e do cultivo como fatores fundamentais para a
sanidade da planta. Segundo Chaboussou (1987)
Para o mesmo, insetos e fungos não são a causa verdadeira das
moléstias das plantas, elas só atacam as plantas desequilibradas ou
cultivadas incorretamente. Na agricultura orgânica é proibido o
emprego de agrotóxicos, da calda viçosa com uréia e cloreto ou nitrato
de potássio e da nicotina (extrato de fumo). É eventualmente permitido
o uso da isca formicida, desde que não seja organo-fosforado.
Várias medidas antes do emprego dos defensivos alternativos
são indispensáveis para o produtor garantir uma maior proteção e
resistência da planta.
Em primeiro lugar deverá fazer a adequada correção de
calcário no solo, considerando o teor de cálcio que nas condições
ideais é 3 a 4 vezes superior ao de magnésio. É necessário dispor de
adubos orgânicos, como farinha de ossos, compostagens, etc, que por
liberarem lentamente os nutrientes não favorecem a infestação e
desenvolvimento da população de insetos ou microorganismos nocivos.
A adubação deve ser equilibrada, sem o emprego de nutrientes
altamente solúveis. Evitar excesso de adubos orgânicos ricos em
nitrogênio, pois favorecem doenças como a podridão mole. Estes
deverão ser empregados desde que bem parcelados.
O adubo verde deverá sempre entrar na programação do
preparo do solo, pois além de reduzir as ervas invasoras idesejáveis,
melhoram a nutrição e a presença dos inimigos naturais.
7. MEDIDAS AUXILIARES DE PROTEÇÃO DE PLANTAS
O segredo da resistência é ter plantas fortes. Para tanto, o
ambiente deve estar em equilíbrio, com a presença de inimigos naturais
das pragas, disponibilidade de água e solo bem preparado, tratado,
vivo e bem adubado. Essas condições funcionam como medidas
preventivas contra pragas e doenças.
Os procedimentos considerados como medidas auxiliares de
proteção das plantas, são apresentados a seguir.
• Escolher espécies e cultivares adaptadas ou resistentes às con-dições
de clima e solo existentes na propriedade (germoplasma adequado).
• Emprego de mudas e sementes comprovadamente sadias.
• Tratamento de sementes com produtos alternativos, como micronutrientes e biofertilizantes.
• Retardar o plantio ou adiantar épocas de plantio visando obter
períodos de cultivo mais favoráveis.
• Adotar um espaçamento adequado, mais amplo para evitar umidade
excessiva e a ocorrência de doenças fúngicas e bacterianas. Os plantios
muito adensados favorecem doenças como a antracnose, requeima e
podridão.
• Evitar solos encharcados e o excesso de irrigação, pois favorecem as
doenças de raizes, assim como murchas bacterianas, requeima e outras.
• Eliminar plantas hospedeiras de pragas e moléstias, principalmente
aquelas vetores de fitopredadores. Fazer inspeção semanal, eliminando
as plantas com pragas, viroses ou murchas.
• Combate a insetos vetores de doenças, principalmente na fase de
mudas (pulgão e tripes). No caso de mudas deve-se prevenir o ataque
com a instalação dos canteiros em telados.
• Instalação de cercas vivas. As faixas de cercas-vivas funcionam como
corredores de refúgio ou nichos de preservação dos inimigos naturais,
podendo ser empregadas plantas silvestres medicinais.
• Formação de quebra-ventos para fazer o isolamento da cultura, para
prevenir ventos fortes e a disseminação de doenças, princi-palmente as
bacterianas. Para grandes áreas devem ser instaladas árvores altas,
enquanto em pequenas o plantio de capim napier ou camerum é muito
recomendada, em torno da área cultivada ou entre as linhas de cultivo.
• Manter a planta suprida com os micronutrientes essenciais, como boro,
zinco, manganês, magnésio e molibdênio.
• A presença de ervas nativas e plantas com flor favorecem a
permanência de inimigos naturais. Fazer adequado controle das ervas
nativas: limpar as faixas junto ao caules das plantas e mantendo-se a
vegetação nativa nas entrelinhas de plantio. Fazer a roçada ou capinas
das entrelinhas de forma alternada.
• Plantio em faixas, bordadura ou consorciação de culturas, com base
em princípios alelopáticos. Inclusão de plantas benéficas e plantas
repelentes.
• Promover uma boa aeração da planta (retirar folhas e brotações em
excesso), reduzindo as condições favoráveis para o desenvolvimento de
fungos patogênicos.
• Rotação de culturas e biodiversidade de cultivos (evitar a monocultura): alternar espécies diferentes em cada área para evitar as
pragas e doenças da planta anterior. Para evitar as doenças bacterianas em plantas susceptíveis, como as solanáceas, devem ser
plantadas sempre em terras novas ou depois de longas rotações (3 - 4
anos), tendo bastante cuidado com a água de irrigação.
• Tratamento preventivo com defensivos que aumentem a resistência
das plantas nos períodos críticos, como biofertilizantes, caldas sulfuradas,
extratos de plantas, caldas cúpricas (Bordalesa ou Viçosa), etc.
• Cuidados com a colheita e manuseio dos frutos em condições de
umidade alta. Fazer a colheita dos frutos em período seco do dia.
• Fazer o tratamento de acôrdo com as condições climáticas. O excesso de
chuvas, altera o equilíbrio químico (maior teor de nitrogênio e difusão de
nutrientes), físico ( menor aeração do solo) e biológico (menor taxa de
respiração), reduz a proteo-síntese e as plantas ficam mais suscetíveis, deverá
haver maior rigor nos tratamentos.
• Nas estiagens, com solo pouco oxigenado, há deficit de água e ar
para a proteo-síntese. Nestas condições excesso de pulverizações
podem até ser prejudiciais por ativar as plantas sem que elas tenham
condições de absorver e metabolizar os nutrientes.
INFLUÊNCIA DOS MINERAIS NA SANIDADE DAS PLANTAS
1. O EXCESSO DE NITROGÊNIO CAUSA PLANTAS SUSCETÍVEIS ÀS
DOENÇAS:
Alternaria
Botrytis
Erwinia
Erysipha, Mildio
Pernospora
Pullinia
Pseudomonas
Verticilium
Fumo, Tomate
Videiras, Moranguinhos
Batatinhas
Cereais E Frutas
Alface, Videira
Cereais
Fumo, Feijão, Pepino, Couve
Tomate, Algodão, Cravos
2. A DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES CAUSA PLANTAS SUSCETÍVEIS ÃS
DOENÇAS:
BORO:
Pullinia tritici
Erysiphe cich.
Erysiphe gram.
Phoma betae
Botrytis
Fusarium
COBRE:
Pullinia tritici
Ustilago tritici
Erwinia , Phytophtora
Trigo
Girassol
Cevada, Trigo
Beterraba
Couve-Flor
Tomate
Trigo
Trigo
Batatinha
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