Determinação da Carga Fundamental por Eletrólise Objetivos A. B. Compreender o que significa eletrólise e explicar como este processo permite a determinação da carga elétrica fundamental e. Determinar o valor de e a partir de medidas da eletrólise do cobre. Princípio ++ Cu do anodo, formando CuSO4 que volta a se dissociar na solução. Assim a reação no anodo é: 0 Cu → Cu++ + 2e (3) SO4-- + Cu++ → CuSO4 Equipamento e material Quando dissolvemos certos sais, ácidos ou bases num solvente apropriado, obtemos um eletrólito, ou seja, uma solução condutora de eletricidade. Isto ocorre por que, no processo de dissolução (independentemente de qualquer campo aplicado) as moléculas se dissociam em íons positivos (cátions) e negativos (ânions), que se movem desordenadamente pela solução. Se aplicarmos um campo elétrico no interior de uma solução desse tipo - o que pode ser feito mergulhando-se dois eletrodos na solução e ligando-os aos terminais de uma pilha ou gerador - observamos que os íons positivos tenderão a mover-se no sentido do campo (para o eletrodo negativo, ou catodo) e os íons negativos no sentido contrário ao campo (para o eletrodo positivo, ou anodo). Surgirá portanto uma corrente elétrica no interior do eletrólito, causada pelo movimento desses íons. Coulômetro de 3 eletrodos de cobre 1 Solução eletrolítica de Ottel ∼ 200 ml Década de resistência (999,9 ohm) 1 Multímetro digital 1 Fonte DC (pilha ou gerador) 1 Cronômetro 1 Balança analítica (0,001 g) 1 Fios para conexão 4 Esponja de aço, sabão e alcool anidro. Preparação e procedimentos Como eletrólito, utiliza-se a seguinte solução, nas concentrções abaixo especificadas, denominada solução de Ottel: CuSo4•5H2O ……………………..150 g H2SO4 (concentrado) …………….50 g Alcool ………………………………50 g H2O (até completar 1 litro) Fig. 1: Esquema do processo de eletrólise. 1. Inicialmente prepara-se o circuito para as medidas conforme a Fig. 2. Em seguida enche-se o copo do coulômetro com a solução de Ottel até ums 2 cm da borda. Fig. 2 Montagem para eletrólise com coulômetro de três eletrodos. Ao chegarem aos eletrodos, os íons depositam-se neles ou reagem quimicamente com os mesmos, no processo conhecido por eletrose. A passagem de eletricidade pelo eletrólito é denominada eletrólise. Na determinação da carga fundamental e utilizaremos como eletrólito o sulfato de cobre (CuSo4), diluido em uma solução com ácido sulfúrico (H2SO4) e água, que se dissocia, mantendo um equilíbrio dinâmico entre seus íons: ++ + SO4-CuSO4 ↔ Cu (1) Ao introduzirmos os eletrodos de cobre no eletrólito, conectados à uma fonte DC como na Fig. 1, os íons Cu++ da solução dirigem-se para o catodo. Lá, cada íon adquire dois elétrons, depositando-se no catodo como átomo de Cu neutro. A reação no catodo é equacionada como: ++ Cu + 2e → Cu0 (2) O anodo por sua vez é dissolvido durante o processo de eletrólise. Os íons SO4-- da solução reagem com os íons 2. Limpe cuidadosamente as três lâminas de Cu. Numa primeira etapa utilize esponja de aço e sabão (manchas mais severas podem ser removidas com o lixa d’água n 0). Remova todas as manchas e resíduos de sabão. A seguir introduza as lâminas num becher com álcool isopropílico. Após um ou dois minutos remova as lâminas e deixe-as secar suspensas por grampos. Evite toca-las diretamente usando uma pinça. Limpe também com cuidado os contatos elétricos na tampa do coulômetro. Essa etapa é fundamental para se obter um bom resultado. Instituto de Física – UFRJ / Prof. Máximo Ferreira da Silveira 1 Determinação da Carga Fundamental por Eletrólise 3. 4. 5. 6. Fixe cuidadosamente as lâminas na tampa. Instale a tampa sobre o copo, fechando assim o circuito de medidas. Ajuste a tensão da fonte em cerca de 3 VDC e a corrente em um valor próximo a 50 mA, com auxílio da década de resistência ( correntes altas produzem uma deposição muito instável de Cu que podem se desprender facilmente das lâminas, prejudicando a acurácia do resulto final). Verifique a estabilidade da corrente por uns 20 a 30 minutos. Registre o valor da resistência e da corrente efetivamente alcançada. Em condições normais de uso a corrente deverá manifestar uma pequena variação no início e depois se manter rigorosamente estável por toda a experiência. Se a estabilidade da corrente não for observada, reveja os contatos elétricos e a estabilidade da tensão. O que se almeija nesta primeira etapa é a deposição de uma fina camada de Cu sobre a lâmida de ganho (catodo). Essa fina camada apresenta uma pureza superior à da própria lâmina. A deposição eletrolítica, como a cristalização, são processos de purificação de materiais, muito usados na indústria e laboratórios. A vantagem em se depositar essa camada de Cu purificado é facilitar a deposição de camadas ulteriores, contribuindo assim para uma maior acurácia da medida. Retire as lâminas do coulômetro lave-as rapidamente em água corrente e em seguida em álcool isopropílico. Deixe-as secar e em seguida meça a massa das três lâminas cuidadosamente. Cuidado para não tocar nas placas. Use pinças e lenço de papel. Fixe novamente as lâminas na tampa, com atenção para mante-las nas mesmas posições da etapa anterior. Instale a tampa sobre o copo fechando o circuito e acione simultaneamente o cronômetro. A corrente deve se estabilizar rapidamente no mesmo nível anterior. Mantenha a corrente por pelo menos 2 horas. Finalmente remova a tampa do coulômetro interrompendo o circuito e anote o tempo decorrido. Remova as lâminas, lave-as em água e em seguida em álcool isopropílico. Coloque-as para secar e em seguida meça suas massas. Determine então o ganho de massa no catodo e a perda nos dois anodos. do íon, ou seja, seu átomo-grama dividido pela sua valência. A quantidade de carga necessária para depositar um equivalente químico de uma substância é uma constante bem definida, denominada faraday e representada pela letra F. Um faraday deposita um átomo-grama de uma substância monovalente, ou meio átomo-grama de uma substância divalente, etc. Para depositar um átomograma de uma substância trivalente é necessária a passagem de 3 faradays pelo eletrólito. Vemos assim o motivo do aparecimento do equivalente químico c na eq. 4 pois podemos atribuir à constante de proporcionalidade k o valor 1/F. Chamando de A o átomo-grama do íon em questão e de v a sua valência, temos: ∆M = A.Q/F.v Para aqueles que se interessarem por um texto mais profundo sobre o fenômeno da eletrólise sugerimos a leitura do cap.40 da referência [1]. Análise dos resultados Por ser mais conveniente, medimos a quantidade de cobre depositada no catodo. Determinando a massa do catodo antes e depois da eletrólise, obtemos a massa de cobre depositada durante o processo. Conhecendo o valor da corrente que percorre o circuito e seu tempo de duração calcula-se a carga total que passa pela solução: Q = i.∆t ∆M = k.c.Q 1. 2. A massa ∆M depositada no catodo, por efeito da eletrólise, é diretamente proporcional à carga total Q que passa pela solução. Fixada a quantidade de carga, a massa depositada é diretamente proporcional ao equivalente químico c ∆M = A.i.∆t/F.v (7) e = F/N0 = A.i.∆t/v.N0.∆M (8) Onde i, ∆M e ∆t são medidos no laboratório. 1. Organize seus dados em tabelas com as massas inicial e final nos eletrodos, a resistência da década, a corrente elétrica e o tempo de eletrólise. 2. A partir das medidas da massa final e inicial do catodo, e com os dados de corrente e tempo de eletrólise, calcule os valores de F e e com respectivas incertezas. 3. Compare o valor obtido para a carga fundamental com o valor atualmente aceito [2] de : (4) Considerando, num caso particular , um íon positivo (cátion) que chega ao eletrodo negativo (catodo) e, ao depositar-se, adquiri os elétrons necessários para neutralizar-se. Neste caso, podemos interpretar a eq. 4 da seguinte forma: - Leis de Faraday (6) O átomo-grama do Cu vale A= 63,54 g e sua valência é 23 conhecida (v=2). Com o valor de N0= 6,02 × 10 , temos: Teoria e desenvolvimento Michael Faraday, um físico e químico inglês, em 1833 formulou duas leis sobre eletrólise que levam o seu nome. Ambas podem ser sintetizadas em uma única expressão: (5) e = 1,60217733 ± 0,00000049) × 10-19 C Bibliografia 1. 2. Introduction to Physical Chemistry G.I. Brown, Longmans, Green and Co. Ltd., London (1968) Physics Today - BG8a, august 1989 Instituto de Física – UFRJ / Prof. Máximo Ferreira da Silveira 2