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Beneficios da facilitação neuromuscular proprioceptiva no tratamento
de pacientes com sequelas de acidente vascular cerebral
Arnoldo Dantas Batalha1
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Fisioterapia Neurofuncional – Faculdade FASAM
Resumo
O acidente vascular cerebral é uma doença caracterizada pelo início agudo de um deficit
neurológico que persiste por pelo menos 24 horas, refletindo envolvimento focal do sistema
nervoso central como resultado de um distúrbio na circulação cerebral que leva a uma
redução do aporte de oxigênio às células cerebrais adjacentes ao local do dano com
consequente morte dessas células; começa abruptamente, sendo o deficit neurológico máximo
no seu início, e podendo progredir ao longo do tempo. Neste estudo, realizou-se o
levantamento bibliográfico com ênfase nos benefícios do FNP no tratamento de pacientes
com sequelas de AVC. Pesquisaram-se os artigos nas bases de dados do site do Google
acadêmicos e livros. O objetivo desse estudo é mostrar o método do FNP no tratamento de
pacientes com sequelas de AVC, melhorando as suas incapacidades motoras. Portanto o FNP
é um método satisfatório da fisioterapia, visando à qualidade de vida do paciente.
Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral; Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva;
Tratamento Fisioterapêutico.
1. Introdução
Acidente Vascular Cerebral (AVC) destaca-se entre as doenças que acometem o Sistema
Nervoso Central (SNC) pela elevada prevalência e morbimortalidade, independentemente do
nível de desenvolvimento do país (OTERO, 2009). Segundo Ministerio da saúde (2010), no
Brasil, o AVC, não especificado se isquêmico ou hemorrágico, representa a terceira causa de
maior internação e a segunda de maior número de mortes no conjunto das doenças que
acometem o aparelho circulatório.
O acidente vascular cerebral (AVC) é definido como uma síndrome que consiste no
desenvolvimento rápido de distúrbios clínicos focais da função cerebral, global no caso do
coma, que duram mais de 24 horas ou conduzem à morte sem outra causa aparente que não a
de origem vascular.
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é considerado a terceira causa de óbitos em todo o
mundo. Dentre os fatores desencadeantes desta doença estão: hipertensão arterial, doença
cardíaca, colesterol, tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoolicas, diabetes,
obesidade, malformação arteriovenosa cerebral entre outros. Trata-se de uma doença de início
súbito na qual o paciente pode apresentar paralisação ou dificuldade de movimentação de um
ou mais membros, dificuldade na fala ou articulação das palavras e déficit visual súbito de
uma parte do campo visual, devendo, portanto, ser tratada com emergência. O AVC é
classificado em dois grandes grupos: AVC isquêmico e o AVC hemorrágico. O mais
frequente, com cerca de 85% dos casos, é o AVC Isquemico, que se caracteriza pela
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Pós-graduando em Fisioterapia Neurofuncional
Graduada em Fisioterapia, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestrado em bioética e direito em
saúde
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interrupção do fluxo sanguíneo (obstrução arterial por trombos ou êmbolos) em uma
determinada área do encéfalo.
Os comprometimentos motores provenientes do AVC geralmente são a hemiplegia/paresia
que fazem com que as atividades manuais sejam as mais afetadas. A hemiplegia é
caracterizada pela ausência de controle motor no hemicorpo afetado que ocorre contralateral à
lesão do cérebro; enquanto que a hemiparesia é a redução da capacidade de gerar força
adequada para um movimento funcional (COSMO, 2006; PEREIRA; SILVA, 1995).
O processo de conduta fisioterapêutica objetiva maximizar a capacidade funcional e evitar
complicações secundárias.
O fisioterapeuta é capaz de identificar e medir os distúrbios do movimento, e elaborar
estratégias apropriadas, esse processo inclui lidar com fatores sociais e psicológicos que afeta
o paciente com AVC.
A Fisioterapia é uma ciência da saúde que tem como objetivo trabalhar a prevenção e tratar os
distúrbios de ordem cinéticos funcionais do corpo humano envolvendo órgãos e sistemas,
desde alterações de ordem genética, traumas e, até mesmo, doenças adquiridas. A Fisioterapia
é importante para a reabilitação de pacientes com AVC, podendo prevenir, quando bem
aplicada. O tratamento para o hemiplégico/parético inclui como opção desde que bem
indicado, a utilização de cinesioterapia, a estimulação elétrica funcional, o posicionamento
adequado, o manuseio correto, a bandagem, o ultrassom, a crioterapia, o calor superficial, a
aplicação de técnicas como o conceito Neuroevolutivo – Bobath, e também, o conceito de
Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) dentre outros (KLOTZ, 2006; COFFITO,
2009)
Facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) é um método que promove e acelera a
resposta dos mecanismos neuromusculares através da estimulação dos receptores do sistema
nervoso. Baseia-se na utilização de movimentos e posturas com fins terapêuticos e procura
entender o movimento e a postura normal para realizar a aprendizagem ou reaprendizagem
quando estes movimentos ou postura estão alterados.
Para o estudo dos beneficios da facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) no tratamento
de pacientes com sequelas de AVC, traçou-se como objetivo geral: mostrar os beneficios do
metodo de FNP. Os objetivos específicos são: Comentar a fudamentação teorica do sistema
nervoso central e do acidente vascular cerebral, mostrar os recursos de tratamento
fisioterapeutico, sendo ele o FNP.
2. Fundamentação Teórica
2.1 Sistema Nervoso Central
O Sistema nervoso Central (SNC) é a porção de recepção de estímulos, de comando e
desencadeadora de respostas, formado pelo encéfalo e pela medula espinhal, protegidos, pelo
crânio e pela coluna vertebral. O encéfalo é composto por três partes (cérebro, cerebelo e
tronco encefálico). O tronco encefálico também tem três divisões: mesencéfalo, ponte e bulbo.
O Sistema Nervoso Central é composto anatomicamente pelo encéfalo ou cérebro, contido
dentro do crânio, e pela medula espinal, contida dentro da coluna vertebral (REED, 2004), o
cérebro é a porção mais rostral e mais larga do encéfalo, o mesmo está dividido em dois
hemisférios cerebrais, os quais estão separados pela fissura sagital. O hemisfério cerebral
direito é responsável por receber sensações e controlar movimentos do lado esquerdo do
corpo, assim como o hemisfério cerebral esquerdo recebe as sensações e controla os
movimentos do lado direito do corpo. Já a medula espinhal está envolvida pelos ossos da
coluna vertebral e é o maior condutor de informação da pele, das articulações e dos músculos
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ao encéfalo, e deste para apele, articulações e músculos. A medula espinhal se comunica com
o corpo através dos nervos espinhais, que formam parte do Sistema Nervoso Periférico
(BEAR et al., 2000; MACHADO, 2000; MARTIN, 1998).
Os neurônios recebem continuamente impulsos nas sinapses dos seus dendritos vindos de
milhares de outras células, os neurônios caracterizam-se pelos processos que conduzem
impulsos nervosos para o corpo e do corpo para a célula nervosa (GUYTON; HALL, 2006).
De acordo Guyton (2006), o neurônio é formado por três partes sendo o corpo celular, axônio
e dendritos e representam à unidade funcional principal do sistema nervoso, os tipos de
neurônios são: Aferentes ou sensitivos que conduzem o impulso ao sistema nervoso central,
tendo também os eferentes ou motores que conduzem o estímulo do sistema nervoso central e
os efetores que são os músculos e glândulas. Um neurônio em repouso que não está
conduzindo estímulos apresenta a superfície interna de sua membrana menos positiva que a
externa, sendo que isso significa que o interior da célula é eletricamente negativo em relação
ao exterior, fazendo a diferença potencial nas faces da membrana que é chamado de potencial
de repouso.
O cérebro também é dividido em dois hemisférios, direito e esquerdo, e cada hemisfério é
dividido em lobos: frontal, parietal, temporal e occipital. O lobo frontal controla a
concentração, o pensamento abstrato, o armazenamento de informações (memória) e a função
motora. O parietal é o lobo da sensibilidade. Já o lobo temporal contém áreas receptoras
auditivas e desempenha a função mais dominante de qualquer área do córtex na cerebração.
Por fim, o lobo occipital, o menor dos lobos, localizado na região posterior o cérebro, é
responsável pela interpretação visual (SMELTZER & BARE, 2002). Os dois hemisférios do
cérebro que são separados de forma incompleta pela grande fissura longitudinal. Esse sulco
separa o cérebro em hemisférios direito e esquerdo. A porção externa (córtex cerebral) é
constituída de substâncias cinzenta, que contém bilhões de neurônios, dando-lhe um aspecto
acinzentado. A substância branca constitui a camada mais interna, sendo composta de fibras
nervosas e da neurologia (tecido de sustentação), que forma os tratos ou vias conectoras das
diversas partes do cérebro entre si (vias transversais ou de associação) e o córtex com as
porções inferiores do cérebro e a medula espinhal. Os hemisférios cerebrais são divididos em
pares de lobos frontal, parietal, temporal e occipital.
2.2 Acidente Vascular Cerebral
O AVC é uma condição que pode resultar em prejuízo neurológico e levar à incapacidade e
morte. Suas manifestações frequentemente envolvem fraqueza muscular, espasticidade e
padrões motores atípicos (ARANTES, 2007).
A etiologia mais comum do AVC decorre de doenças cardiovasculares: doença valvular,
infarto do miocárdio, arritmias, doença cardíaca congênita; doenças sistêmicas podem
produzir êmbolos sépticos, gordurosos ou de ar, que afetam a circulação cerebral
(SULLIVAN, 2004).
É um distúrbio considerado grave que ocorre no cérebro. Acontece quando uma artéria e
obstruída ou se rompe interrompendo a alimentação de oxigênio na parte afetada do cérebro
causando uma isquemia. Os neurônios ficam sem oxigenação e morrem. Os resultados de
um AVC (Acidente Vascular Cerebral) podem ser letais. Cerca de 20 a 30% das vítimas
morrem e as que sobrevivem apresentam paralisias ou problemas na fala. São vários os fatores
que colaboram ou são determinantes para ocorrer um AVC. Obesidade, uso excessivo de
anticoncepcionais e o tabagismo (PORTAL SÃO FRANCISCO, 2009).
A patologia possui grande risco de deixar suas vítimas com incapacidades, de caráter
temporário ou permanente, o que predispõe aos sobreviventes um padrão de vida sedentário
com limitações que implicam em necessidades variadas de grau de dependência,
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principalmente para o desenvolvimento das atividades básicas da vida diária (SHELTON,
2001).
Os comprometimentos e limitações funcionais associados ao Acidente Vascular Cerebral
compreendem déficits sensoriais com redução da sensibilidade nos membros superiores e
inferior contralaterais, déficits proprioceptivos, perda da sensibilidade ao toque superficial e à
temperatura, dormência, síndrome da dor talâmica, déficits motores como flacidez e
hiporreflexia, espasticidade, hiperreflexia na fase crônica, sinergias, padrões de reflexos
primitivos, paresia, incoordenação, perda de equilíbrio, apraxia, déficits na marcha, déficits de
comunicação, déficits de percepção, déficits cognitivos, déficits de afetividade e déficits nas
funções intestinal e vesical (DREEBEN, 2010).
De acordo com Cosmo et al (2005), os sinais e sintomas clínicos do AVC variam conforme o
território cerebral envolvido os mais comuns envolvem déficit de força repentino ou
parestesia de face, braço ou perna, na maioria das vezes em um hemicorpo, incluem ainda,
confusão mental (perda de atenção, as respostas tornam-se lentas e a percepção têmporoespacial é anormal, o indivíduo pode apresentar casos de alucinações, ilusões e agitações),
cefaléia ( chamada de “dor de cabeça”, pode ser desencadeada por várias etiologias), vômito,
alteração de consciência, disartria (dificuldade em articular palavras faladas), afasia motora ou
verbal (conhecida também como afasia de Broca, em que o indivíduo apresenta dificuldade
para expressar-se pela fala ou pela escrita), apraxia (dificuldade na realização de atividades
gestuais de forma consciente e intencional), ataxia (movimentos incoordenados), nistagmo
(movimento involuntário do globo ocular), diplopia (visão dupla), déficit visual com um ou
com ambos os olhos, hemianópsia (defeito no campo visual em que o indivíduo perde metade
do campo visual), dificuldade para deambular, tontura (sensação de desequilíbrio e
insegurança durante a deambulação), vertigem (sensação de que o ambiente em que se
encontra está rodando), déficit de sensibilidade contralateral, déficit de equilíbrio ou de
coordenação; síncopes (desmaios). As consequências de um AVC dependem em geral de qual
parte do encéfalo foi afetado, e ainda, qual o grau da lesão. Um curso muito grave pode causar
morte súbita.
Para Cacho, Melo e Oliveira (2004), os esforços para minimizar o impacto e para aumentar a
recuperação funcional após Acidente Vascular Cerebral têm sido um ponto importante para a
fisioterapia.
Convém salientar que programas de reabilitação têm contribuído significativamente para
diminuir os danos causados pela doença; porém, para que o êxito seja alcançado, é
fundamental que se inicie, o mais cedo possível, medidas de reabilitação como forma de
garantir uma recuperação eficaz. A reabilitação deve ser iniciada assim que o quadro clínico
estabilizar (HICKEY,1997).
No que se refere à classificção, o AVC pode ser dividido em Isquêmico, quando acontece a
perda súbita da função decorrente da interrupção do suprimento sanguíneo para uma região do
cérebro; e Hemorrágico que são provocados pelo sangramento no tecido cerebral, ventrículos
ou espaços subaracnóide (SMELTZER; BARE, 2005).
2.2.1 Acidente Vascular Cerebral Isquêmico
O AVC isquêmico (AVCi), é causado por uma oclusão vascular localizada, levando à
interrupção do fornecimento de oxigênio e glicose ao tecido cerebral, afetando
subsequentemente os processos metabólicos do território envolvido (HACK et al, 2003).
O AVC isquémico (AVCi) é uma patologia complexa, cujos mecanismos fisiopatológicos,
incluem a trombose e a embolia cerebral.
Os AVCi também podem ocorrer de uma perfusão sistêmica baixa, como resultado de
insuficiência cardíaca ou perda importante de sangue com a consequente hipotensão
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sistêmica. A consequente escassez de fluxo sanguíneo cerebral priva o cérebro de glicose e
oxigênio que lhe são necessários, prejudica o metabolismo celular e leva à lesão e morte dos
tecidos (SULLIVAN, 2004).
2.2.2 Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico
De acordo com Roy (1988), AVC Hemorrágico é causado por aneurisma ou trauma dentro
das áreas extravasculares do cérebro. Os fatores que mais contribuem para a formação de um
aneurisma são os defeitos de desenvolvimento que causam fraqueza na parede do vaso
sanguíneo. A hemorragia está estreitamente relacionada à hipertensão arterial.
A hemorragia intracraniana é mais comum nos pacientes com hipertensão e arterosclerose
cerebral, porque as alterações degenerativas a partir dessas patologias causam a ruptura
vascular. Nas pessoas com menos de 40 anos de idade, as hemorragias intracerebrais são
usualmente causadas por malformações arteriovenosas, hemangioblastomas e trauma. Elas
também podem ser provocadas por certos tipos de patologia arterial, tumor cerebral e pelo uso
de medicamentos – anticoagulantes orais, anfetaminas e várias substâncias geradas de vício
(SMELTZER & BARE, 2002).
De acordo com Schenttino et. al (2006), dentre os fatores de risco para AVCH (Acidente
Vascular Cerebral Hemorrágico), destacam-se: o consumo o excessivo de álcool o tabagismo,
hipertensão arterial sistêmica (HAS), aterosclerose, idade, uso de medicamentos e história
familiar.
3. Tratamento
3.1 Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva
Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) é uma filosofia e um método de tratamento.
Foi iniciada pelo Dr. Herman Kabat nos anos 1940. O Dr. Kabat e Margaret Knott
desenvolveram e expandiram as técnicas de tratamentos e procedimentos. Originalmente esse
método foi utilizado no tratamento de pacientes com poliomielite. Com o tempo, e por meio
das experiências, ficou evidente que o enfoque terapêutico era eficaz para diversas patologias
(ADLER ET AL, 2007).
Sua filosofia baseia-se na ideia de que todo o ser humano, incluindo aqueles portadores de
deficiências, tem um potencial existente não explorado (Kabat, 1950).
Segundo Adler (2007), levando-se em conta essa filosofia, certos princípios são fundamentais
em FNP:
- FNP é um método de tratamento global: cada tratamento é direcionado para o ser humano;
- O enfoque terapêutico é sempre positivo; além disso, reforça e utiliza o que o paciente pode
fazer física e psicologicamente;
- O objetivo primário de todo tratamento é fazer com que o paciente consiga alcançar o seu
mais alto nível funcional.
O conceito Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva possui procedimentos básicos, como
resistência, irradiação e reforço, contato manual, contato verbal, visão, tração e aproximação,
estiramento, sincronização de movimentos e padrões. As técnicas específicas e os padrões de
facilitação têm como finalidade gerar o movimento funcional por meio da facilitação,
inibição, fortalecimento e de relaxamento de grupos musculares. Essas técnicas se valem de
contrações musculares concêntricas, excêntricas e estáticas, podendo ou não ser usada com a
aplicação de uma resistência de forma gradual e com procedimentos que facilitem a execução
do movimento, ajustando-se aos limites e as necessidades de cada paciente. Os padrões de
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facilitação utilizados na Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva são os escapulares e
pélvicos, os de membros superiores e de membro inferior que combinam os planos sagital,
frontal e transversal (PERES, 2006; GALÚCIO, 2012).
Segundo Grzebellus (2005), a FNP tem o caráter, como sugere o próprio nome, tornar fácil o
movimento, envolvendo nervos e músculos, trabalhando-se os receptores sensoriais que
enviam informações relacionadas ao movimento e posicionamento corporal. A FNP é
considerada mais do que uma técnica e sim uma filosofia de tratamento, baseados nesta
filosofia certos princípios são básicos para o método.
Os procedimentos básicos da utilização da técnica de FNP fornecem ao terapeuta as
ferramentas necessárias para ajustar seus pacientes a atingir uma função motora eficiente são
elas: a utilização da resistência promovendo um melhor controle muscular, a força refinando a
ação motora, irradiação e reforço gerando propagação do estímulo, contato manual guiando a
execução do movimento, biomecânica controlando a movimentação ou estabilização,
comando verbal, direcionando o paciente, visão orientando o movimento, tração e
aproximação de estruturas, estiramento ou alongamento, sincronia dos movimentos e padrões
de movimentação sinérgica em massa. Necessariamente essa eficiência não depende da
colaboração do paciente. Utiliza três planos para o tratamento: sagital, frontal e transversal, ou
de rotação (SILVA e GESTER, 2009).
4. Metodologia
O método utilizado neste trabalho foi à pesquisa bibliográfica. Optou-se pela pesquisa
bibliográfica, pois o tema explorado foi pesquisado em livros do ano de 1953 a 2015, e em
sites nas bases de dados do google acadêmico, que disponibilizou estudos científicos por
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific
Electronic Library Online (SCIELO) e US National Library of Medicine (MEDLINEn), sendo
a busca realizada por meio das seguintes palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral, Sistema
Nervoso Central e Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva . A pesquisa foi realizada no
período de 15 de janeiro a 09 de Abril de 2015.
5. Discussão e Resultados
No caso do AVC, que é uma doença cerebrovascular, Calil (2007), afirma que é a primeira
causa de óbitos em adultos, e, no mundo, é a terceira causa de morte, sendo superado apenas
por neoplasias e doenças cardiovasculares.
Apesar das evidências que indicam ser o AVC um dos maiores problemas de saúde pública
mundial, ainda são escassos os fundos de pesquisa direcionados para esta área, quando
comparados com as doenças cardíacas ou neoplásicas (ROTHWELL, 2001).
De acordo com Costa (2002), os indivíduos portadores de sequelas de AVC seguem,
normalmente, uma rotina de intervenção e tratamento de acordo com o tipo e causa do
acidente vascular cerebral. Esta rotina varia desde a intervenção cirúrgica ao tratamento
clínico, passando, posteriormente, para o tratamento fisioterápico. Este consiste, na medida do
possível, em restabelecer funções e/ou minimizar as sequelas deixadas. No entanto, o quadro
tende, com o tempo, a se estabilizar e o paciente apresenta, na maioria das vezes, uma
hemiparesia ou uma hemiplegia, dependendo não somente da área cerebral afetada, como
também da extensão deste acometimento. Isto faz com que a pessoa torne-se um eterno
paciente da fisioterapia, desenvolvendo, na maioria das vezes, uma atividade relativa.
Todo o movimento do corpo é comandado pelo nosso sistema nervoso central e periferico,
que recebe estimulo, integra e modula a informação de acordo com as necessidades fisicas e
metabólicas. Quando o corpo precisa fazer uma contração muscular, a informação é
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conduzida pelos receptores que estão localizados nas articulações, nos tendões e nos musculos
direto para o cortex motor que através de motoneurônios responde ao estimulo com
contrações voluntarias especificas. A terminação motora libera acetilcolina, que induz o
reticulo sarcoplasmático a liberar o cálcio, que por sua vez entra nas microfibrilas de actinas e
miosinas para realizar o processo de contração muscular (MULRONEY, 2009).
Segundo Kisner (2009), quando alguma doença muscular ou cerebral impede que a percepção
ocorra, o movimento do corpo fica limitado ou deficiente. As técnicas da Facilitação
Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) têm o intuito de ativar ou aumentar o envio dessas
informações para o sistema nervoso, por meio dos proprioceptores, para que a amplitude do
movimento seja executada, de maneira que o individuo possa reaprender os movimentos
funcionais.
As técnicas de facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) são consideradas como
recursos promissores para pacientes que apresentam alterações sensório-motoras, pois a
mesma é direcionada buscando os potenciais e incapacidades destes em nível estrutural, de
atividade e de participação, necessitando então que se tenha uma visão do indivíduo como um
todo para assim traçar um tratamento baseado na funcionalidade do indivíduo utilizando suas
atividades como modelo de facilitação para adquirir ou melhorar tal função desejada
(ADLER, BECKERS, BUCK, 2007).
De acordo com Galúcio (2012), descreveu os benefícios da Facilitação Neuromuscular
Proprioceptiva em pacientes com sequelas sensório-motora por Acidente Vascular Encefálico
e evidenciou que, seja utilizando a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva como recurso
fisioterapêutico em pacientes com incapacidades motoras, visto que os achados referenciais
indicam que o uso adequado da técnica propicia independência motora aos pacientes
submetidos a este tratamento.
O Método FNP pode ser definido como a utilização de movimentos fisiológicos do paciente, e
mecanismos neuromusculares e proprioceptivos a fim de relacionar informações relacionadas
ao segmento corporal, além de estimular receptores táteis, visuais e auditivos, proporcionado
movimentos de maior habilidade e controle motor (ADLER, BECKERS, 1999; LEWIS,
BYBLOW, WALT,2000).
A Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP), ou Método Kabat, é uma abordagem ao
exercício terapêutico que utiliza padrões específicos de movimento em diagonal e espiral,
bem como estímulos aferentes para promover um desencadeamento do potencial
neuromuscular, obtendo melhores respostas em todo sistema músculo-esquelético (GODOI;
ISHIDA, 1997).
De acordo com Pereira e Silva (1995) o FNP tem como finalidade promover o movimento
funcional por meio da facilitação, da inibição, do fortalecimento e do relaxamento dos grupos
musculares. Os exercícios visam aumentar a amplitude de movimento e a capacidade do
indivíduo em responder de forma positiva ao esforço.
O método teoriza que a função motora deve ser corrigida através da via neuromuscular pela
estimulação dos proprioceptores localizados nas articulações, nos tendões e nos músculos,
utilizando para isso, a contração muscular voluntária, pois quanto maior o estímulo sensitivo
da periferia, maior a quantidade de estímulos que chegam ao SNC, fazendo com que a
resposta, por conseqüência, seja maior (REICHEL, 1998).
Para Smith et al (1997), a irradiação do treinamento é decorrente das adaptações neurais
provenientes do aumento do desempenho muscular. De fato, a demonstração de que a
realização de contração muscular voluntária produz ativação no córtex correspondente é
utilizada para explicar a facilitação contralateral. Outra possível explicação, é que as técnicas
de FNP aumentam a excitação nos centros motores e nos trajetos do SNC, particularmente nas
sinapses das células do corno anterior da medula, onde se localiza grande parte dos
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interneurônios que se comunica com neurônios que projetam aferências ao cérebro, para o
mesmo membro e para o membro contralateral (KABAT; KNOTT, 1953.).
Algumas estratégias usadas para melhorar o controle postural e a mobilidade funcional do
paciente com Acidente Vascular Cerebral são diretamente voltadas para a simetria do tronco,
onde as atividades sugeridas como rolar, sentar, ponte, transferências de sentar para levantar
se enquadram nas tarefas específicas trabalhadas dentro da FNP (O’SULLIVAN, 2010).
Pode-se também através da técnica promover algumas respostas hemodinâmicas como
aumento da tensão no sistema cardiovascular, conduzindo a um metabolismo anaeróbico
aumentado assim a qualidade de vida do paciente. A FNP produz um tipo de alongamento que
promove imediatamente um aumento da amplitude de movimento e um aumento na tolerância
do alongamento. A Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva acaba facilitando os órgãos
tendinosos de Golgi a inibir os músculos nos quais eles se situam, usando o principio da
inibição recíproca (GÜLTEKIN et al, 2006).
De acordo com Morales et al (2003), teve como objetivo comprovar através da análise
eletromiográfica dos efeitos contralaterais da FNP obtiveram em seus resultados foram
satisfatórios, pois ocorreu ativação muscular estatisticamente significante no membro
contralateral com o uso de FNP, tanto na diagonal de extensão quanto de flexão. Pois se
comparou os padrões de flexão extensão de membro superior sem resistência, com a ativação
muscular realizada em uma contração isomérica de bíceps não acompanhada dos padrões da
FNP, sendo que a contração isométrica de bíceps não apresentou significância, chegando-se
então a conclusão que os componentes em espiral dos padrões da FNP são provavelmente os
responsáveis por induzir a irradiação. Outro estudo realizado por Leal e Clementino (2006),
que compararam a utilização da Estimulação Elétrica Funcional (FES) e FNP, na melhora da
habilidade funcional da articulação do ombro em pacientes Hemiparéticos após AVC,
chegaram a conclusão que a FNP oferece melhor resultados na melhora da habilidade motora
do que a FES, quando aplicadas em pacientes com AVC. Adler, Beckers e Buck (1999)
Grzebellus (2005) e Costoso et al, (2005), citam que a resistência aplicada nas diagonais de
FNP facilitam o órgão tendinoso a inibir os músculos antagonistas, relaxando os mesmos,
pois usa o principio da inibição recíproca.Se a atividade do agonista foi intensa, o mesmo
deve ter ocorrido com o antagonista (co –contração), através da irradiação (deflagração da
resposta ao estímulo). Com isto, quando a FNP é utilizada nos membros superiores, esta
permite a adequação dos músculos na cintura escapular, que apresentam seu tônus alterado
devido ao acometimento do AVC, sendo assim, é restaurada a biomecânica da cintura
escapular, melhorando a articulação glenoumeral, diminuindo assim a propensão a traumas na
articulação e conseqüentemente diminuindo o quadro álgico do paciente.
Segundo Biasoli (2007), a FNP se baseia num trabalho de fortalecimento neuromuscular autoinduzido. Nesse processo as reações do mecanismo neuromuscular são melhoradas, através de
estimulação dos proprioceptores. A utilização de movimentos complexos é baseada nos
princípios da estimulação máxima do aparelho neuromuscular com o auxílio adicional de
movimentos diagonais e espirais associados à flexão, adução, abdução, rotação externa e
interna. Os receptores musculares e articulares são elementos importantes na estimulação do
sistema motor.
Brentano, Rodrigues e Kruel (2008), realizaram uma pesquisa para verificar o impacto da
utilização da FNP e do alongamento estático na amplitude de movimento de idosos. Ao
término do estudo, observaram que a técnica FNP promoveu um maior arco articular do
quadril quando comparado com o alongamento estático. Resultado este que pode ser
justificado pelo fato da técnica de FNP se basear em exercícios terapêuticos que utilizam
diversos mecanismos facilitadores com a finalidade de promover e/ou melhorar a contração.
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6. Conclusão
A FNP não é apenas um método de tratamento, mas sim uma ferramenta que permite ao
mesmo tempo avaliação e tratamento de disfunções neuromusculares. A FNP também inclui
aprendizado motor e retenção funcional de atividades recém-aprendidas por meio da repetição
de uma demanda específica a utilização do desenvolvimento do comportamento motor que
permite aos pacientes criar e recriar estratégias de movimentos funcionais eficientes e a
análise biomecânica e comportamental do controle motor. Todas as atividades dentro das
intervenções com FNP são orientadas para um objetivo funcional e são relativas ao ambiente
no qual o objetivo a ser alcançado está inserido. As técnicas de facilitação neuromuscular
proprioceptiva se propõem a auxiliar o indivíduo no processo de reabilitação ou na melhora
de sua condição física, exigindo do paciente maior aprendizagem motora e desempenho,
flexibilidade e aumento da amplitude de movimento, fortalecimento muscular e coordenação
motora. Com o uso da neurofisiologia aliado aos padrões de movimentos em massa que
compõem o Método Kabat, de caráter espiral e diagonal, baseados num profundo estudo
anatômico e biomecânico, que se assemelham muito aos movimentos empregados no esporte
e atividades de vida diária e no trabalho é possível resolver desde alterações neuromusculares
até melhorar condição física.
Portanto a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva tem uma grande importância no
tratamento de pacientes com sequelas de acidente vascular cerebral, pois a abordagem
positiva que esta técnica utiliza ajuda o paciente a se sentir mais seguro de si e mais preparado
para novos desafios.
Referências
ADLER, S. S; BUCK, M; BECKERS, D. PNF: Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva. São Paulo:
Manole, 2007.
ADLER, Susan S; BECKERS, Dominiek; BUCK, Math. PNF, Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva:
um guia ilustrado. São Paulo: Manole, 1999.
ARANTES, NF; VAZ, DV; MANCINI, MC; PEREIRA, MSDC; PINTO, FP; PINTO, TPS. Efeitos da
estimulação elétrica funcional nos músculos do punho e dedos em indivíduos hemiparéticos: uma revisão
sistemática da literatura. Rev Bras Fisioter 2007.
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