O BARROCO

Propaganda
O BARROCO
BARROCO EM PORTUGAL
•Marco inicial – Unificação da
Península Ibérica sob o domínio
espanhol em 1580
•Marco final – Fundação da
Arcádia Lusitana em 1756
BARROCO EM PORTUGAL
Fatos históricos:
• Término do Ciclo das Grandes
Navegações;
• Reforma Protestante, liderada por
Lutero (na Alemanha) e Calvino (na
França);
• Movimento Católico de Contra-Reforma.
BARROCO EM PORTUGAL
“Mito do Sebastianismo”:
– Crença segundo a qual Dom Sebastião
não teria realmente morrido, em 1578,
na Batalha de Alcácer Quibir. Ele
estaria apenas “escondido” e voltaria
para transformar Portugal no Quinto
Império.
BARROCO EM PORTUGAL
O que significa a palavra Barroco?
– A palavra é provavelmente derivada de
Barróquia, nome de uma região da Índia,
produtora de uma pérola de superfície
irregular e áspera com manchas escuras.
(Segundo os clássicos, o Barroco era um estilo
“irregular”, “defeituoso”, de “mau gosto”.
BARROCO EM PORTUGAL
As principais características do Barroco:
•
•
•
•
•
Dualismo
Fugacidade
Pessimismo
Feísmo
Tensão religiosa
BARROCO EM PORTUGAL
• Dualismo – contraste entre as grandes
forças reguladoras da existência
humana:
• fé x razão;
• corpo x alma;
• Deus x Diabo;
• vida x morte.
BARROCO EM PORTUGAL
• Dualismo – contraste entre as grandes
forças reguladoras da existência
humana:
• fé x razão;
• corpo x alma;
• Deus x Diabo;
• vida x morte.
BARROCO EM PORTUGAL
Fugacidade
– Tudo no mundo é passageiro e instável, as
pessoas, as coisas mudam, o mundo muda. O
autor barroco tem a consciência do caráter
efêmero da existência.
BARROCO EM PORTUGAL
Pessimismo
– Consciência da transitoriedade da vida conduz
frequentemente à ideia de morte, tida como a
expressão máxima da fugacidade da vida. A
incerteza da vida e o medo da morte fazem da
arte barroca uma arte pessimista, marcada
por um desencantamento com o próprio
homem e com o mundo.
BARROCO EM PORTUGAL
Feísmo
– Atração por cenas trágicas, por aspectos
cruéis, dolorosos e grotescos. As imagens
frequentemente são deformadas pelo
exagero de detalhes. Há nesse momento
uma ruptura com a harmonia, com o
equilíbrio e a sobriedade clássica. O barroco
é a arte dos contrastes, do exagero.
BARROCO EM PORTUGAL
Tensão religiosa
– Intensifica-se no Barroco, aspectos que já
vinham sendo percebidos no Humanismo e no
Classicismo:
Antropocentrismo x Teocentrismo
BARROCO EM PORTUGAL
O Barroco apresenta duas faces:
Cultismo – jogo de palavras, imagens visando
ao rebuscamento da forma do texto, à
ornamentação e à erudição vocabular.
Conceptismo – Corresponde ao jogo de ideias e
de conceitos, pautado no raciocínio lógico,
visando ao convencimento à argumentação.
BARROCO NO BRASIL
• Bento Teixeira
• Padre Antônio Vieira
• Gregório de Matos
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
Antônio Vieira (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608 — Bahia,
18 de Julho de 1697)
• Escritor e orador da Companhia de Jesus
• Figura de influencia política do século XVII
• Missionário em terras brasileiras
• Defendeu os direitos humanos dos indígenas
• Contra a escravização do índio
• Defendeu os judeus contra a Inquisição
• Defendeu a abolição da escravatura do negro.
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
•
•
•
•
Origem humilde
Primogênito de quatro filhos
Sua mãe era filha de uma mulata ou africana
Seu pai serviu na Marinha Portuguesa e foi escrivão
da Inquisição
• Mudou-se para Salvador, na Bahia em 1618
• Fez os estudos no Colégio dos Jesuítas em Salvador
• Ingressou na Companhia de Jesus como noviço em
maio de 1623
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
1624 – Primeira Invasão holandesa ao Nordeste do
Brasil:
• Refugia-se no interior da capitania
• Inicia a sua vocação missionária
• Faz votos de castidade, pobreza e obediência e
abandonando o noviciado
• Estuda Teologia, Lógica, Metafísica e Matemática,
obtém o mestrado em Artes
• Torna-se professor de Retórica em Olinda
• Ordena-se sacerdote em 1634
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
1630-1654 - Segunda Invasão holandesa ao
Nordeste do Brasil
• Defendeu que Portugal entregasse a região aos
holandeses.
• Disputa entre Dominicanos (membros da
Inquisição) e Jesuítas (catequistas)
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
1640 - Restauração da Independência e volta a
Portugal:
•
•
•
•
Regresso a Lisboa
Início da carreira diplomática
Conquista a amizade e a confiança do rei João IV
Enviado a Holanda para negociar a devolução do
Nordeste do Brasil
• Viaja para o Brasil para defender a liberdade dos
indígenas
• Naufrágio em Açores
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
1669 - 1675 – Roma
• Encontra-se com o Papa
• Luta contra a Inquisição
• Suspensão das atividades da Inquisição
entre 1675 e 1681
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
Últimos anos e retorno ao Brasil:
• Volta ao Brasil, em 1681
• Morre a 18 de julho de 1697, com 89 anos
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
Obra
• Sermões
• Clavis Prophetarum (i
• nacabado)
Entre os inúmeros sermões, destacam-se: o "Sermão da Quinta
Dominga da Quaresma", o "Sermão da Sexagésima", o "Sermão
pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", o
"Sermão do Bom Ladrão","Sermão de Santo António aos Peixes".
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
Já que falo contra os estilos modernos, quero alegar por
mim o estilo do mais antigo pregador que houve no
Mundo. E qual foi ele? – O mais antigo pregador que
houve no Mundo foi o céu. Coeli enarrant gloriam Dei et
opera manuum ejus annuntiat Firmamentum – diz
David. Suposto que o céu é pregador, deve de ter sermões
e deve de ter palavras. Sim, tem, diz o mesmo David;
tem palavras e tem sermões; e mais, muito bem ouvidos.
Non sunt loquellae, nec sermones, quorum non audiantur
voces eorum.
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
E quais são estes sermões e estas palavras do céu? – As
palavras são as estrelas, os sermões são a composição, a
ordem, a harmonia e o curso delas. Vede como diz o estilo
de pregar do céu, com o estilo que Cristo ensinou na
terra. Um e outro é semear; a terra semeada de trigo, o
céu semeado de estrelas. O pregar há-de ser como quem
semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja.
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
Ordenado, mas como as estrelas: Stellae manentes in
ordine suo. Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é
ordem que faz influência, não é ordem que faça lavor.
Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os
pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de
uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar
negro; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer
sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de
dizer subiu.
PADRE ANTÔNIO VIEIRA
Basta que não havemos de ver num sermão duas
palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em
fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o
estilo da disposição, e também o das palavras. As
estrelas são muito distintas e muito claras. Assim há-de
ser o estilo da pregação; muito distinto e muito claro.
BENTO TEIXEIRA
[Porto, 1561 (?) - Pernambuco ou Lisboa, 1618 (?)]
•Autor do marco inicial do Barroco no Brasil.
•Veio de Portugal com a família para a Bahia.
•Ao se declarar judeu, fugiu para Pernambuco.
•Assassinou a esposa, alegando adultério.
•Principal obra: Prosopopéia (1601)
PROSOPOPÉIA (1601)
• Poema épico com 94 estrofes, em oitava rima.
• Versos decassílabos.
• Influenciada pelo poema Os Lusíadas, de Camões.
• Canta os feitos de Jorge d'Albuquerque, então
governador da Capitania de Pernambuco.
PROSOPOPÉIA (1601)
“LX
Olhai o grande gozo e doce glória
Que tereis quando, postos em descanso,
Contardes esta larga e triste história,
Junto do pátrio lar, seguro e manso.
Que vai da batalha a ter victória,
O que do Mar inchado a um remanso,
Isso então haverá de vosso estado
Aos males que tiverdes já passado.”
GREGÓRIO DE MATOS
Gregório de Matos e Guerra (Salvador, 23 de dezembro de 1636 —
Recife, 26 de novembro de 1695)
• Filho de uma família abastada.
• Nasceu na Bahia, mas foi para Portugal, onde se diplomou em
Direito.
• De volta ao Brasil, firma-se como o primeiro poeta brasileiro.
• Suas sátiras são marcadas pela linguagem maliciosa, direta e
muitas vezes ferina.
• Recebeu o apelido de Boca do Inferno.
GREGÓRIO DE MATOS
Existem muitas dúvidas quanto à autenticidade de
sua obra:
• Não publicou nada em vida.
• Não deixou nenhum texto autografado ou produzido
de próprio punho.
• Sua obra permaneceu praticamente inédita até o início
do século XX.
GREGÓRIO DE MATOS
• Dualismo
• Insatisfação
• Fugacidade
• Ousadia
GREGÓRIO DE MATOS
Dualismo:
Oscilou entre o sagrado e o profano. Ora demonstrava
aversão pelo sagrado, pelo religioso, escrevendo textos
sensuais e pornográficos, ora seus poemas apresentavam
uma profunda devoção a Deus e aos santos.
GREGÓRIO DE MATOS
Insatisfação:
Vários textos mostram sua insatisfação com a vida na
colônia e sua incapacidade de se adaptar ao ambiente
baiano, frequentemente criticado.
GREGÓRIO DE MATOS
Fugacidade:
• Deixou clara a sua consciência sobre a transitoriedade
da vida.
• Seus textos mostram frequentemente as vaidades
humanas como insignificantes e passageiras.
GREGÓRIO DE MATOS
Ousadia:
• Considerado um poeta inovador e irreverente.
• Foi adepto do cultismo, e também cultivou o jogo de
idéias presente no conceptismo.
GREGÓRIO DE MATOS
Gêneros:
Poesia lírica
• Sacra
• Amorosa
• Encomiástica
Poesia satírica
GREGÓRIO DE MATOS
Poesia sacra ou religiosa:
• Marcada pelo conflito gerado entre a vida mundana e
o a vida espiritual.
• Entre a consciência do pecado e o desejo de salvação.
“ ... Esta razão me obriga a confiar,
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.”
GREGÓRIO DE MATOS
Poesia amorosa:
Presença da dualidade barroca oscilando entre o amor
elevado, espiritual e o sensualismo e o erotismo do amor
carnal.
Trecho 1:
“ Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:
Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.”
Trecho 2:
“O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
Uma batalha de veias, um rebuliço de
ancas;
Quem diz outra coisa, é besta.”
GREGÓRIO DE MATOS
Poesia Encomiástica:
Em suas sátiras, criticou os vários tipos humanos de sua época, os
costumes, os primeiros colonos nascidos no Brasil, conhecidos como
“caramurus” e principalmente o relaxamento moral da Bahia, numa
posição de recusa em relação à exploração da colônia.
“Que os brasileiros são bestas
E estão sempre a trabalhar
Toda a vida por manter
Maganos de Portugal”
GREGÓRIO DE MATOS
Poesia Satírica:
A sátira não é apenas um tipo de zombaria, engraçada e maldosa,
mas uma crítica feita em tom jocoso:
O governador Câmara Coutinho foi retratado assim:
“Nariz de embono
com tal sacada,
que entra na escada
duas horas primeiro
que seu dono.”
GREGÓRIO DE MATOS
Poesia Satírica:
A uma que lhe chamou “pica-flor”
Se Pica-flor me chamais
Pica-flor aceito ser
mas resta agora saber
se no nome que me dais
meteis a flor que guardais
no passarinho melhor.
Se me dais este favor
sendo só de mim o Pica
e o mais vosso, claro fica
que fico então Pica-flor.
GREGÓRIO DE MATOS
Poesia Satírica:
A uma que lhe chamou “pica-flor”
Se Pica-flor me chamais
Pica-flor aceito ser
mas resta agora saber
se no nome que me dais
meteis a flor que guardais
no passarinho melhor.
Se me dais este favor
sendo só de mim o Pica
e o mais vosso, claro fica
que fico então Pica-flor.
Download