o ATLAS LINGÜÍSTICO DO MARANHÃO: um - PPPG

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o ATLAS
LINGÜÍSTICO DO MARANHÃO:
um projeto em desenvolvimento
Antônio Cordeiro Feitosa'
Conceição de Maria de Araújo Ramos"
Jeanine Silva Mendes'"
José de Ribamar Mendes Bezerra····
Márcia Manir Miguel Feitosa"?"
Teresinha de Jesus Baldez e Silva?"?"
RESUMO
Apresenta-se um panorama do projeto Atlas Lingüístico do Maranhão
(ALiMA), em sua fase inicial, com ênfase nos subsídios geográficos
do Atlas. Foram abordadas doze unidades amostrais dentre os
municípios maranhenses, sendo oito selecionadas de acordo com a
metodologia adotada para a elaboração do Atlas Lingüístico do Brasil
e quatro com base nos critérios definidos pela equipe estadual.
Relativamente a estas unidades amostrais, são apresentados os
aspectos geográficos básicos para subsidiar o projeto do ALiMA.
Palavras-chave:
Dialetologia;
Lingüístico do Maranhão.
Geolingüística;
Variação; Atlas
SUMMARY
An overview is being presented for the Linguistic Atlas Project of
Maranhão (ALiMA), in its initial phase, emphasizing the geographic
subsidies oftheAtlas. Twelve sampling units were approached eight
of them, according to the adopted methodology to the ellaboration of
the Linguistic Atlas of Brazil and four of them based on the criteria
defined by the State team. Relatively to these sampling units, the
basic geographics aspects are presented to subsidiate ALiMA project.
Key-words: Dialectology; Geolinguistics; Variation; LinguisticAtlas
of Maranhão .
. Prof. Dr. do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Maranhão
.. Prof'. Ora. do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão
•.. Aluna do Curso de Geografia da Universidade Federal do Maranhão
••.. Prof. Ms. da Faculdade Atenas Maranhense
..... Prof' Ora. do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão
...... Prof' Ms. do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão
Cad. Pesq., São Luís, v. 11, Il. 2, p. 9-20, jul.Zdez. 2000.
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1 INTRODUÇÃO
Os estudos sistemáticos de caráter dialetal em nosso país remontam a
1952, momento em que foi proposta a
elaboração de um atlas lingüístico do
Brasil. Entretanto, as primeiras pesquisas no âmbito geolingüístico voltaramse mais para a elaboração de atlas
lingüísticos regionais, dada à grande
extensão do país, ao difícil acesso às
diferentes localidades selecionadas e a
outras dificuldades que inevitavelmente surgiriam numa investida de cunho
nacional.
Passado quase meio século e após
a publicação do primeiro atlas lingüístico
no Brasil, o Atlas Prévio dos Falares
Baianos - APFB (1963), ao qual se
seguiram o Esboço de um Atlas
Lingüística
de Minas Gerais EALMG (1977), o Atlas Lingüística
da Paraíba - ALPb (1984), o Atlas
Lingüística de Sergipe - ALS (1987)
e o Atlas Lingüística do Paraná ALPr (1994), é chegado o momento de
se aceitar esse desafio e concretizar o
desejo de elaborar uma descrição
acurada da realidade lingüística brasileira, dando-se prioridade para a identificação das diferenças diatópicas
(fonético- fonológicas, morfossintáticas,
léxico-semânticas e prosódicas), numa
perspectiva da geografia lingüística,
sem, contudo, deixar de considerar as
implicações sócio-históricas delas decorrentes.
Com esse objetivo, pesquisadores
brasileiros da área de Dialetologia reuniram-se em Salvador, Bahia, em novembro de 1996 e, a partir da criação
de um Comitê Nacional, implernen10
taram o projeto nacional para a execução do Atlas Lingüística do Brasil
(ALiB), objetivando um conhecimento
mais aprofundado do português brasileiro em sua unidade e diversidade de
uso.
Vale ressaltar que os atlas regionais até então publicados não interferem na proposta de elaboração de um
atlas geral do Brasil: muito ao contrário, servem de apoio e contribuem para
um conhecimento mais efetivo das particularidades geolingüísticas de cada
região e dos segmentos sociais que a
constituem e que nela atuam direta ou
indiretamente.
O projeto de elaboração do Atlas
Lingüística do Maranhão (ALiMA)
se insere nesse contexto, objetivando
oferecer subsídios não só ao ALiB,
como também aos interessados nos
estudos
lingüísticos
(lingüistas,
lexicólogos, etimólogos, filólogos,
pedagogos, geógrafos e profissionais de
áreas afins), o que possibilitará o conhecimento da realidade sócio-lingüística e cultural
do Maranhão
e
contribuirá para o entendimento da língua portuguesa como instrumento social de comunicação diversificado e
pluricultural.
No que concerne à pesquisa
dialetológica no Maranhão, convém
destacar a importante contribuição de
Domingos Vieira Filho que, em 1958,
publica a segunda edição de seu glossário, intitulada A linguagem popular
do Maranhão. Um trabalho que é, segundo o próprio autor, "uma modesta
contribuição ao estudo das variações
regionais da linguagem popular do Brasil." (VIEIRA FILHO, 1979, p.9).
Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul./dez. 2000.
Soma-se a esse documentário sobre a linguagem coloquial do Maranhão
o desejo, igualmente importante, dos
pesquisadores Ramiro Corrêa Azevedo, Maria do Socorro Monteiro Vieira
e Elenice Bezerra Melo de "colaborar
cientificamente na revelação do rico
acervo cultural que os falares brasileiros possuem." (AZEVEDO et al., 1980,
p.l l ), realizando, portanto, no final da
década de 70 do século XX, uma investigação antropolingüística na Raposa, uma comunidade
situada,
aproximadamente, a 32 km do centro
de São Luís, um verdadeiro espaço de
diversidades tanto lingüísticas como
culturais, uma vez que a comunidade
abrigava/abriga uma população bastante heterogênea, composta, naquela época, segundo os pesquisadores,
de
migrantes cearenses, piauienses e
maranhenses, principalmente de Tutóia
e Barreirinhas.
Uma outra contribuição desses
estudiosos refere-se à pesquisa O falar da Zona dos Cocais, que revela
um falar "caracteristicamente nordestino sob influência de grupos humanos
provindos do Piauí e Ceará, principalmente". (MELO et aL,1986, p. 53).
Esses estudos pioneiros, mas ainda em número reduzido, oferecem, de
fato, uma importante contribuição para
o conhecimento da diversidade lingüística no Estado. Entretanto, ainda há
muito por escavar para que se possa
delinear a conformação dialetológica do
Maranhão.
Nesse sentido, um grupo de professores pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da
Faculdade
Atenas
Maranhense
(FAMA) vem buscando uma participação efetiva nas atividades do Comitê
Nacional, instância que gerencia uma
política de integração e coordenação
dos trabalhos que se vêm desenvolvendo com a execução dos atlas regionais,
visando
à elaboração
do Atlas
Lingüística do Brasil.
Com o ingresso do Maranhão no
Projeto Atlas Lingüístico do Brasil, durante a reunião do Comitê Nacional em
Londrina, em julho de 2000, dá-se início às atividades do atlas maranhense
que, buscando realizar um trabalho conjunto de levantamento das realidades
lingüísticas regionais de maneira sistemática, lança mão da metodologia proposta pelo Comitê Nacional e redefine
os pontos selecionados por esse Comitê para a coleta de dados iniciais.
2
SUBSÍDIOS
GEOGRÁFICOS PARA O
ALIMA
o panorama geográfico maranhense compreende significativa diversidade de ambientes diferenciados tanto
por seus aspectos naturais, como pelas
atividades humanas.
O quadro natural espelha a transição entre as paisagens das regiões
Nordeste, Centro-Oeste e Norte com
significativas variações de clima, vegetação, hidrografia e solos, o que interfere nas atividades
humanas,
propiciando ou dificultando a produtividade no meio rural, condicionada aos
recursos naturais.
A ocupação dos espaços naturais
pelo homem
ocorreu
lenta
e
continuadamente, marcada pelos mé-
Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2,p. 9-20,jul./dez. 2000.
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todos primitivos de cultivo e exploração da natureza. Dos aborígines, primeiros habitantes da terra maranhense,
restam poucos grupos ainda autênticos
em suas tradições, mas ocupando áreas significativas do Estado.
A chegada dos colonizadores significou mudanças drásticas nas relações do homem com o meio físico e
entre si. Inicialmente vieram franceses,
portugueses, holandeses, africanos de
várias nações e, posteriormente, chegaram os sírios, libaneses e japoneses.
Reduzida drasticamente a imigração estrangeira, continuaram as levas
de brasileiros oriundos inicialmente das
zonas mais suscetíveis à seca, particularmente dos estados do Piauí, Ceará,
Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do
Norte. Nas duas últimas décadas, salienta-se o grande contingente de imigrantes das regiões Sudeste, Sul e
Norte.
O processo de colonização responde a injunções geográficas representadas pelas dificuldades características do
meio físico, em duas frentes pioneiras:
a primeira, representada pelos imigrantes estrangeiros, iniciou ocupação do
território a partir de São Luís, povoando a planície, o litoral e os vales dos
rios Itapecuru e Mearim onde desenvolveram cultivos de cana-de-açúcar,
arroz e algodão, destinados principalmente a atender as necessidades da
Coroa Portuguesa. A segunda, oriunda
dos estados nordestinos, alcançou as
terras maranhenses pelo nordeste, leste e sudeste através do Estado do Piauí,
fixando-se nos altos vales e chapadas
do sul do Estado, onde desenvolveu a
pecuária e a agricultura de subsistência.
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Mesmo após consolidada a ocupação do território, o rigor das condições
geográficas impunha grande isolamento entre os habitantes do norte e do sul
maranhense. Os primeiros continuaram,
como era natural, fortemente vinculados à cidade de São Luís tanto pelas
facilidades de acesso, como pelas relações comerciais e de parentesco. Os
últimos, não dispondo de facilidades de
acesso à capital, vincularam as bases
de apoio nos estados vizinhos, como
ocorreu com a população de Brejo e
região, abastecida por Parnaíba-Pi,
Pastos Bons e região abastecida por
Floriano-Pi, Carolina, abastecida em
Araguaína- To e Anápolis-Go
e
Carutapera, abastecida por Bragança
e Belém-Pa. As bases de apoio para o
abastecimento significaram forte intercâmbio cultural com relações de influência e dependência que modelaram os
parâmetros lingüísticos.
Os imigrantes do sudeste e do sul
do Brasil diferenciam-se dos nordestinos pelo volume de capital e pelo alto
nível tecnológico empregado no trato
com a terra, para a produção de soja e
de outros produtos em larga escala, ou
nas atividades industriais e de serviços.
Para abranger toda esta diversidade de padrões lingüísticos, o Comitê
Nacional do ALiE selecionou 08 municípios para a pesquisa que subsidiará o
Atlas Lingüístico
do Brasil: Alto
Parnaíba, Bacabal, Balsas, Barra do
Corda, Brejo, Imperatriz, São João dos
Patos e São Luís. Com o propósito de
elaborar o ALiMA, a equipe considerou, numa etapa inicial, a inclusão de
mais 04: Carolina, Carutapera, Pinheiro e Raposa, dada a extensão territorial
Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul.Zdez: 2000.
do estado e sua diversidade regional
(Figura 1).
Sobre esses municípios foram considerados os seguintes parâmetros geográficos: localização, limites, dados
históricos, população e principais atividades econômicas.
2.1 Alto Parnaíba
Localizado no extremo sul do Estado do Maranhão, limita-se com os
municípios de Tasso Fragoso e Balsas
(MA), ao norte e a noroeste; com o
Estado do Piauí, ao sul e a leste e com
o Tocantins, ao sul e a oeste.
Situada à margem esquerda do rio
Pamaíba, a área era habitada primitivamente pelos aborígines do grupo
Tapuia. O primeiro povoador de suas
terras foi o senhor Francisco Freitas
que, em busca de uma área adequada
ao cultivo agrícola, ali se instalou, fundando uma fazenda a qual denominou
Barcelona. Posteriormente, Cândido
Lustosa, imigrante do Piauí, fixou-se nas
proximidades daquela fazenda, vindo a
ser também pioneiro no desbravamento
da área. Em 1886, Francisco Freitas
doou parte das terras de sua fazenda
Barcelona à igreja local.
Segundo pesquisa realizada pelo
IBGE (l9~7, p.129), a população do
município, em 1996, era de 10.553 habitantes, sendo 5.470 residentes na sede
e 5.065 na zona rural.
Originalmente a economia do município baseava-se na agricultura de
subsistência com o cultivo de arroz, feijão, milho e mandioca e na pecuária
extensiva, ambas praticadas com uso
de técnicas primitivas. Somente a partir do final da década de oitenta, essas
técnicas vêm sendo modernizadas, com
a introdução do cultivo de soja, praticada de forma intensiva.
2.2 Bacabal
Localiza-se na região Centro-Norte do Estado do Maranhão. Limita-se
ao norte com os municípios de Lago
Verde e São Mateus do Maranbão; ao
sul com Lago de Junco e São Luís
Gonzaga; a leste com Alto Alegre do
Maranhão e São Mateus do Maranhão
e a oeste com os municípios de Olho
d' Água das Cunhãs e Bom Lugar.
Em 1876, o Coronel Lourenço da
Silva ocupou a área da sede do município onde fundou uma fazenda para o
cultivo agrícola, valendo-se da mão-deobra escrava. Com a Abolição da Escravatura, o Coronel Raimundo Alves
comprou a fazenda de seu antigo dono,
passando a comercializar tanto com índios, quanto com trabalhadores livres.
Devido à fertilidade do terreno, aos
grandes recursos e à privilegiada topografia, a fazenda prosperou, crescendo
o povoado e aumentando as culturas.
A migração de vários grupos nordestinos contribuiu para o gradativo aumento populacional do povoado, graças ao
desenvolvimento do comércio local, promovendo a tão sonhada interligação
com a capital do Estado, feita inicialmente com a instalação do Telégrafo
Nacional em 1883.
De acordo com o IBGE (2001), a
população do município, em 2000, era
de 91.737 habitantes, sendo 71.357 residentes na sede e 20.380 na zona rural.
Originalmente a economia do município baseava-se na agricultura de
Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul.rdez. 2000.
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subsistência com o cultivo de arroz, feijão, milho e mandioca e na pecuária
extensiva, ambas praticadas com uso
de técnicas primitivas e mão-de-obra
escrava. A partir do final da década de
setenta do século XX, a pecuária modernizou-se, especialmente com relação à criação de gado para abate,
tomando-se uma das principais atividades econômicas do município.
Fig. 1 - Unidades amostrais para o atlas lingüístico do Maranhão.
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14
- Oe a. ALEXANDRE
Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9·20,jul./dez.
2000.
2.3 Balsas
Localizado no sul do Estado do
Maranhão, limita-se ao norte com os
municípios de Fortaleza dos Nogueiras,
Nova Colinas e São Raimundo das
Mangabeiras; ao sul com Alto Parnaíba
e o Estado do Tocantins; a leste com
os municípios de Sambaíba e Tasso
Fragoso; a oeste, com Riachão e Estado do Tocantins.
Ponto de melhor acesso às fazendas do município de Riachão, o porto
das Caraíbas, no rio Balsas, em função
do contínuo movimento de viajantes,
logo despertou o interesse de pequenos comerciantes que lá se fixaram com
pequenas casas de comércio. Para lá
também se deslocou o baiano Antonio
Ferreira Jacobina, mercador de fumo
nos sertões, assim que soube da existência do novo núcleo de população.
Tornou-se líder do povoado a que denominou Vila Nova, onde foi edificada,
em 1879, uma pequena igreja em homenagem a Santo Antonio. Em 1882, o
nome da povoação passou a ser Santo
Antonio de Balsas e, em 1943, recebeu
o nome definitivo: Balsas.
A população do município, em
2000, era de 60.155 habitantes, sendo
50.132 residentes na sede e 10.023 na
zona rural. (IBGE, 2001).
A princípio, a economia do município baseava-se na agricultura de subsistência com o cultivo de arroz, feijão,
milho e mandioca e na pecuária extensiva, ambas praticadas com uso de técnicas primitivas. A partir do final da
década de setenta do século XX, a agricultura modernizou-se com a imigração
de agricultores provenientes do Rio
Grande do Sul, que introduziram técnicas intensivas no cultivo de arroz e da
soja, que se tornou o principal produto
econômico do município.
2.4 Barra do Corda
Localiza-se na região central do
Maranhão. Limita-se ao norte com os
municípios de Itaipava do Grajaú, São
Raimundo do Doca Bezerra, São
Roberto e Joselândia;
ao sul com
Fernando Falcão; a leste com Tuntum
e a oeste com Jenipapo dos Vieiras e
Grajaú.
Primitivamente ocupado pelas tribos Canelas, do Tronco Jês e Guajajaras
da linha Tupi, pouco se sabe com absoluta certeza a respeito do povoamento
do território do atual município de Barra do Corda. De acordo com registros
mais antigos, o fundador deste município foi o cearense Manoel Rodrigues
de Meio Uchoa que, por volta de 1835,
chegou ao local escolhido para fundar
a povoação da área da sede de Barra
do Corda, margeando o rio Corda ou
"das Cordas" (origem do nome). O local foi escolhido por suas condições
topográficas, o suprimento de água potável e ainda a possibilidade de navegação fluvial até São Luís.
De acordo com o IBGE (2001), a
população do município, em 2000, era
de 77.750 habitantes, sendo 43.231 residentes na sede e 34.519 na zona rural.
Originalmente a economia do município apoiava-se na agricultura de subsistência baseada no cultivo de arroz,
feijão, milho e mandioca e na pecuária
extensiva, ambas praticadas com uso
Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul.Zdez. 2000.
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de técnicas primitivas. Atualmente essas atividades encontram-se mais modernizadas com a melhoria do rebanho
e com a introdução de técnicas intensivas no cultivo do arroz.
2.5 Brejo
A área ocupada pelo município de
Brejo está localizada na região nordeste do Estado do Maranhão, na
fronteira com o Estado do Piauí. Limitase ao norte com o município de
Milagres do Maranhão; ao sul com o
município de Buriti; a leste com o
Estado do Piauí e a oeste com o
município de Anapurus.
Seu primeiro povoador foi Francisco Vasconcelos que recebeu as terras
por doação, no ano de 1729. No entanto, a ocupação definitiva coube a uma
senhora de nome D. Euzébia Maria da
Conceição, de origem portuguesa, possuidora de grande fortuna e dona de
muitos escravos que, acompanhada de
seus colonos, chegou à povoação em
data desconhecida, tendo sido assassinada em Gameleiras-Pi, quando da
Guerra da Balaiada, último reduto dos
Balaios, em 1840.
Conforme pesquisa realizada pelo
IBGE (2001), a população do município, em 2000, era de 27.510 habitantes,
sendo 10.652 residentes na sede e
16.858 na zona rural.
A princípio, a economia do município apoiava-se na agricultura de subsistência, baseada no cultivo de arroz,
feijão, milho e mandioca-e na pecuária
extensiva, ambas praticadas com uso
de técnicas primitivas. Atualmente essas atividades são praticadas com pequenas inovações, merecendo destaque
16
a introdução da silvicultura com a plantação de eucalipto e do cultivo de caju.
2.6 Carolina
o
município de Carolina está localizado a sudoeste do Estado do Maranhão e limita-se ao norte com os
municípios de Estreito, Feira Nova do
Maranhão e São Pedro dos Crentes; a
leste com Feira Nova do Maranhão e
Riachão e ao sul e a oeste com o Estado do Tocantins.
No ano de 1798, o governo português, por meio de Carta Régia, ordenou ao Capitão do Maranhão que
promovesse o reconhecimento do rio
Tocantins pelo lado de sua capitania,
até então ignorado no Estado. Várias
expedições foram organizadas e, em
1806, os bandeirantes conseguiram atingi-lo. Morava, nessa época, em uma
fazenda no sertão de Pastos Bons, o
pioneiro Elias Ferreira de Barros que,
à procura de outros pastos, adentrouse no sertão, formando a fazenda do
Mirador. Por volta de 1810, o goiano
Francisco José Pinto de Magalhães,
juntamente com pessoas que o acompanhavam, estabeleceram-se à margem
direita do rio Manuel Alves Grande,
dando ao nascente povoado a denominação de São Pedro de A1cântara. Em
1816, foi abandonado por Magalhães
e, em 1825, o deputado do governo provisório, Padre Luís Gonzaga Fleury, ao
descer o rio, deu ao povoado o nome
de Carolina, em homenagem à memória de nossa primeira Imperatriz.
De acordo com o IBGE (2001), a
população do município, em 2000, era
de 23.937 habitantes, sendo 14.349 residentes na sede e 9.581 na zona
Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul./dez. 2000.
rural. Originalmente a economia do município apoiava-se na agricultura de subsistência, baseada no cultivo de arroz,
feijão, milho e mandioca e na pecuária
extensiva, ambas praticadas com uso
de técnicas primitivas. Atualmente estas atividades encontram-se mais modernizadas com a melhoria do rebanho
e com a introdução de técnicas intensivas no cultivo de arroz.
2.8 Imperatriz
2.7 Carutapera
Localizado no extremo oeste do
Estado do Maranhão, limita-se ao norte com o Oceano Atlântico; ao sul com
o município de Amapá do Maranhão; a
leste com o de Luís Domingues e a
oeste com o Pará.
Topônimo de origem tupi, que significa "povoação abandonada", a fundação do município de Carutapera
remonta à compra de 600 braças de
terra pelo casal Pantoja, em 1861; terras essas localizadas à margem direita
do rio Arapiranga. Da ocupação dessas terras nasceu Carutapera, inicialmente habitada por um número reduzido
de pessoas.
Em pesquisa realizada pelo IBGE
(2001), a população do município, em
2000, era de 18.594 habitantes, sendo
13.090 residentes na sede e 5.504 na
zona rural.
A principio a economia do município apoiava-se na pesca, no extrativismo e na agricultura de subsistência,
baseada no cultivo de arroz, feijão, milho e mandioca e na pecuária extensiva. Tanta a agricultura,
quanto a
pecuária empregavam técnicas primitivas. Atualmente essas atividades são
praticadas com pequenas inovações.
o
Localizado no oeste maranhense,
na fronteira com o Estado do Tocantins,
o município de Imperatriz limita-se ao
norte com os municípios de Cidelândia
e São Francisco do Brejão; ao sul com
Governador Edson Lobão, Davinópolis
e Estado do Tocantins; a leste com os
de João Lisboa e Senador La Rocque
e a oeste com o Estado do Tocantins.
Não estando ainda estabelecidos
os limites entre as então províncias do
Pará e Maranhão, o presidente da província paraense, Francisco Coelho, em
1851, incumbiu o Frei Manuel Procópio
do Coração de Maria de edificar uma
vila em território do Pará, no limite com
o Maranhão. Em 1852, este último fundou o povoado de Santa Tereza de Imperatriz, em homenagem à D. Tereza
Cristina, Imperatriz do Brasil, na época. Frei Manuel se empenhou por tornar sua província uma vila de fronteira
maranhense. Em 1896 , consezuiu
b'
astuciosamente, elevar o povoado à
condição de vila.
A população do município, em
2000, era de 230.450 habitantes, sendo
218.555 residentes na sede e 11.895 na
zona rural. (IBGE, 2001).
Inicialmente, a economia do município apoiava-se no extrativismo e na
agricultura de subsistência, baseada no
cultivo de arroz, feijão, milho e mandioca e na pecuária extensiva, todas praticadas com uso de técnicas primitivas.
Atualmente essas atividades são praticadas com alto nível de modernização.
Dispõe ainda Imperatriz do parque industrial do estado e da oferta de serviços especializados, ocupando o segundo
Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul.rdez, 2000.
17
lugar em importância na economia estadual.
2.9 Pinheiro
o município de Pinheiro está localizado na região norte do Estado do
Maranhão, na área tradicionalmente
conhecida como Baixada Maranhense.
Limita-se ao norte com Santa Helena;
ao sul com Pedro do Rosário, São Bento
e Palmeirândia; a leste com os municípios de Bequimão,
Peri-Mirim,
Palmerândia, Central do Maranhão e
Mirinzal e a oeste com Presidente
Samey e Santa Helena.
Sua origem remonta à fundação de
uma fazenda pelo Capitão-Mor lnácio
José Pinheiro que, pela ausência de
pastagens em Alcântara, buscou um
lugar que melhor atendesse às necessidades do rebanho. O Capitão-Mor,
fixando-se em um lugar propício ao
gado, motivou outros fazendeiros a fazerem o mesmo, dando início, assim, ao
povoamento.
Segundo o IBGE (2001), a população do município, em 2000, era de
67.888 habitantes, sendo 38.157 residentes na sede e 29.731 na zona rural.
As atividades econômicas desenvolvidas pelos primeiros habitantes eram
a pecuária e a agricultura de subsistência praticada pelos vaqueiros. Atualmente a economia do município
apóia-se na pecuária, pesca, agricultura e comércio.
2.10 Raposa
Está localizado no nordeste da ilha
do Maranhão. Limita-se ao norte e a
leste com o Oceano Atlântico; ao sul e
18
a oeste com Paço do Lumiar. Situa-se
a 32 Km da cidade de São Luís, capital
do Estado do Maranhão.
O povoado foi fundado no final dos
anos quarenta, a partir do aparecimento de dois cearenses em São José de
Ribamar, Antonio do Pocal e José
Baiaco, que vieram de uma praia do
norte do Estado do Ceará (AZEVEDO, 1998). Estes pescadores mandaram buscar seus familiares e outros
pescadores também cearenses foram
atraídos para o local. Entre estes vieram José Maria Castelo e Chico Noca,
ainda vivos. A povoação foi emancipada apenas em 1994 e o primeiro prefeito foi empossado em 1998.
Segundo REIS (1998, p.36), cerca
de 65% a 70% da população da Raposa, migrantes da seca, é formada de
cearenses, oriundos, em sua maioria, do
município de Acaraú.
Embora situada muito próximo da
cidade de São Luís, a comunidade da
Raposa manteve-se isolada por cerca
de 40 anos, pela falta de acesso rodoviário.
De acordo com o IBGE (2001), a
população do município de Raposa, em
2000, era de 16.790 habitantes, sendo
11.109 residentes na sede e 5.681 na
zona rural.
A principal fonte de renda do município da Raposa é obtida com a pesca e do artesanato.
Com a
emancipação do povoado, muitos moradores de outras áreas da ilha e do
interior do Estado foram atraídos para
o local, acelerando seu crescimento.
Convém salientar que grande parcela
de seus moradores trabalha em São
Luís, transformando o município apenas em dormitório.
Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul./dez. 2000.
2.11 São João dos Patos
Localizado na região leste do Estado do Maranhão, limita-se ao norte
com os municípios de Passagem Franca; ao sul com o Estado do Piauí; a leste com Barão do Grajaú e Sucupira do
Riachão e a oeste com Paraibano, Pastos Bons e Nova Iorque.
Inicialmente, denominado Lago dos
Patos, pertencia ao município de Pastos Bons. Em 1838, passou a integrar o
município de Passagem Franca, já com
o nome de São João dos Patos, conseguindo sua independência em abril do
mesmo ano. Seu nome origina-se da
existência, no município, de duas lagoas: a de São João e a dos Patos.
De acordo com o IBGE (2001), a
população do município, em 2000, era
de 23.131 habitantes, sendo 18.765 residentes na sede e 4.366 na zona rural.
Seus primeiros habitantes desenvolviam agricultura de subsistência,
baseada no cultivo de arroz, feijão,
mandioca e milho e pecuária extensiva. Atualmente essas atividades continuam dando suporte econômico ao
município e são desenvolvidas com técnicas mais modernas.
2.12 São Luís
É a capital do Estado. Localizada
na região norte do Maranhão, está delimitada ao norte com o Oceano Atlântico· ao sul com Rosário e Bacabeira;
a leste com São José de Ribamar e Paço
do Lumiar e a oeste com Alcântara,
Bacurituba e Cajapió.
Foi fundada em 1612 pelo francês
Daniel de La Touche, Senhor de La
Ravardiere, a partir do Forte que atu-
almente abriga o Palácio dos Leões.
São Luís foi, desde 1615, colonizada
pelos portugueses. Após o término das
obras de edificação e estabelecidos os
primeiros contatos com os aborígines,
foi dado o nome de São Luís à fortificação recém-construída, em homenagem a Luís XIII, então Rei da França.
Após a consolidação do domínio português, a cidade experimentou significativo crescimento
demográfico
e
econômico, tornando-se centro industrial de relevância nacional no início do
século XIX, conforme atestam SPIX e
MARTIUS (1981, p.247). Com o
sucateamento do seu parque fabril no
início do século XX, a cidade sofreu
certo isolamento e forte estagnação,
retomando o ritmo de crescimento com
a implantação do Projeto Carajás.
A população do município, em
2000, era de 867.690 habitantes, sendo
834.968 residentes na sede e 32.722 na
zona rural. IBGE (2001).
As atividades econômicas desenvolvidas pelos primeiros habitantes eram
a pecuária, a agricultura de subsistência e a pesca. Nas últimas décadas, a
economia do município vem tendo, na
indústria e no comércio, que foram
incrementados com o advento do Projeto Carajás, seu suporte principal. Nos
últimos cinco anos, constata-se o despertar das autoridades para o fomento
ao turismo que já é uma das perspectivas econômicas mais promissoras.
3
CONCLUSÃO
O projeto de elaboração do Atlas
Lingüístico do Maranhão virá, pois, ao
mesmo tempo, complementar, ampliar
Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 9-20, jul.ldez. 2000.
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e atualizar os trabalhos pioneiros de
VIEIRA FILHO (1979), AZEVEDO
et al. (1980) e MELO et al. (1986), ao
delinear a conformação dialetológica do
Maranhão, por meio do mapeamento
dos caracteres fonéticos, fonológicos,
morfossintáticos
e semânticos.
Além disso, o ALiMA se propõe a
oferecer
subsídios
a lingüistas,
lexicólogos,
etimólogos,
filólogos,
BIBLIOGRAFIA
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AZEVEDO, R.; VIEIRA, M. do S. M;
MELO, E. B. Antropolinguística:
Raposa. São Luís: SIOGE, 1980. 81 p.
pedagogos, geógrafos e profissionais de
áreas afins, notadamente
àqueles que
atuam no processo ensino / aprendizagem, possibilitando aprofundar o conhecimento
da realidade
lingüística
e
cultural do Estado do Maranhão, uma
vez que promoverá uma maior reflexão sobre as variantes que integram naturalmente a língua portuguesa falada
no Brasil.
CONSULTADA
MELO, E. B.; AZEVEDO,
R. C.;
VIEIRA, M. do S. M. O falar da Zona
dos Cocais. Cadernos de Pesquisa. São
Luís. v.2, n.2. p.53-85, jul./dez. 1986.
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