HIPERPLASIA GENGIVAL MEDICAMENTOSA: UMA REVISÃO DA LITERATURA Fernandes ADS, Oliveira DC, Castro GG Universidade do Vale do Paraíba, Faculdade de Ciências da Saúde, Curso de Odontologia, Avenida: Shishima Hifumi, 2911, Urbanova, São José dos Campos – SP – Brasil. [email protected], [email protected], [email protected] Resumo- A hiperplasia gengival medicamentosa é uma condição em que a gengiva apresenta um aumento de volume, devido ao uso frequente de determinados fármacos, sendo eles representados por três grupos: os antiepilépticos (fenitoína), os bloqueadores de canais de cálcio (nifedipina) e os imunossupressores (ciclosporina). O objetivo deste estudo foi relatar as principais indicações e efeitos colaterais de medicações que podem levar ao aumento gengival. Além disso, foi investigado o impacto destas medicações na saúde gengival. Foram selecionados alguns artigos do Pubmed, Bireme e Scielo, publicados entre 1999 a 2012 que relataram o efeito destas medicações na saúde gengival. Dentro das limitações desta revisão observamos que em alguns estudos a hiperplasia gengival medicamentosa estava associada a parâmetros clínicos periodontais tais como índice de placa e gengival. Em outros, esta associação não foi significativa. O tipo de medicação, população avaliada, índices utilizados e tempo de tratamento podem explicar a divergência de achados. Palavras-chave: Hiperplasia gengival, Fenitoína, Ciclosporina, Nifedipina Área do Conhecimento: Odontologia Introdução A hiperplasia gengival medicamentosa é uma condição em que a gengiva apresenta um aumento de volume, devido ao uso frequente de determinados fármacos, sendo eles representados por três grupos principais: os antiepilépticos (fenitoína), os bloqueadores de canais de cálcio (nifedipina) e os imunossupressores (ciclosporina). A hiperplasia se desenvolve durante os primeiros meses após a administração da droga (DAHLOF et al. 1984 apud VIEIRA et al., 2001), causando alterações na forma e na consistência das papilas (VIEIRA et al., 2001). Pode atingir todas as faces dos dentes, porém, a mais afetada parece ser a face vestibular dos dentes anteriores (ANGELOPOULU, GOAZ et al., 1972 apud VIEIRA et al., 2001). A presença do crescimento gengival torna difícil o controle da placa bacteriana, que resulta num processo inflamatório, complicando a hiperplasia causada pela droga (MARAKOGLU et al. 2004). O crescimento gengival quando tratado tende a apresentar recidiva, por não haver a possibilidade de interromper o uso do fármaco. A gengivectomia é uma técnica comumente usada para corrigir a alteração, desde que não haja bolsas periodontais verdadeiras, e o controle da placa bacteriana seja satisfatório (SANTOS et al. 2001). O objetivo deste estudo foi relatar as principais indicações e efeitos colaterais de medicações que podem levar ao aumento gengival. Além disso, foi investigado o impacto destas medicações na saúde gengival. Metodologia Foram selecionados alguns artigos científicos do Pubmed, Bireme e Scielo, publicados entre 1999 a 2012 que relatarm o impacto destas medicações na saúde gengival. Revisão da Literatura (1) Mecanismo de ação, efeitos colaterais e indicações clínicas 1.1. Fenitoína Existem três mecanismos que são importantes na ação dos antiepilépticos, que são a inibição da função dos canais de cálcio, a inibição das funções dos canais de sódio e a potencialização da ação do GABA (MELDRUM, 1996; ROGAWSKI & LOSCHER, 2004 apud RANG & DALE 2008). O antiepilético mais comum causador do crescimento gengival, é a fenitoína, que foi relatada pela primeira vez por KIMBALL em 1939. Esta condição pode afetar cerca de 50% dos pacientes que fazem uso deste fármaco (KAMALI et al. 1999). A fenitoína é a droga de primeira escolha tanto para as crises parciais, quanto às generalizadas e ela é um potente indutor enzimático e não tem efeito sedativo. XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de PósGraduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba 1 (DELORENZO et al, 1995 apud SILVA et al, 2008). Seu mecanismo de ação baseia-se na inibição das funções dos canais de sódio dependentes de voltagem, afetando a excitabilidade da membrana. (RANG & DALE 2008). Seu maior efeito está na capacidade de bloquear o recrutamento de células neuronais, evitando a propagação das descargas. (DELORENZO et al, 1995 apud SILVA et al, 2008). Além da hiperplasia gengival, podem ocorrer anomalias congênitas em crianças, cujas mães fizeram uso de anticonvulsivos durante a gravidez. Essas anomalias incluem lábio leporino, fenda palatina, má formações cardíacas e síndrome fetal por hidantoína, caracterizada por deficiência no crescimento pré-natal. As hidantoínas podem também produzir deficiência de vitamina K na mãe, o que acarreta um aumento da hemorragia durante o parto. A fenitoína é indicada principalmente no tratamento da epilepsia, na supressão e no controle das crises parciais simples e complexas, também é utilizada no tratamento das crises convulsivas que ocorrem durante e após as neurocirurgias. Além dessas indicações, a fenitoína é prescrita no tratamento pós-infarto do miocárdio, e em arritmias cardíacas. (BULA MED, CENTRALX, ©2013). avaliados os fatores demográficos, hábitos de higiene bucal, tempo de tratamento com fenitoína. Além disso, foram coletadas amostras de sangue e avaliação dos índices de placa, gengival e de crescimento gengival. A amostra final foi constituída por 134 pacientes, sendo 111 do sexo masculino. Os principais fatores relacionados ao crescimento gengival foram: placa bacteriana, idade (indivíduos jovens) e níveis de fenitoína séricos muito baixos. O fator determinante mais importante da associação foi a placa bacteriana e os autores salientaram a importância de medidas preventivas especialmente em indivíduos jovens. BRUNET et al. (2001) investigaram a prevalência, severidade e fatores de risco relacionados ao crescimento gengival em pacientes que utilizaram fenitoína, fenitoína associada a outras drogas antiepiléticas ou outros anticonvulsivantes. A população foi composta por 157 pacientes, 59 casos tratados com anticonvulsivantes e 98 controles. Os resultados mostraram que os pacientes que tomavam fenitoína apresentaram um maior índice gengival e um maior risco de apresentar crescimento gengival. Os autores concluíram que nesta amostra a inflamação gengival foi um fator de risco significante para o crescimento gengival. 1.1.1 Estudos A ciclosporina é um composto que foi encontrado em fungos em 1972, é um imunossupressor, mas sem afeito sobre a reação inflamatória aguda. Foi de grande importância para as cirurgias de transplantes, esta droga tem numerosas ações sobre as células como, a diminuição da proliferação clonal de linfócitos T, por inibição da síntese de IL – 2, e também pela diminuição da expressão dos receptores para IL – 2 (RANG & DALE 2008). As reações adversas mais frequentes, observadas em pacientes com transplante de órgão são: tremores, insuficiência renal e hepática, hiperplasia gengival e distúrbios gastrintestinais, além de hipertensão, parestesia, fadiga e diarréia. A ciclosporina é indicada como prevenção, nos casos que ocorrem rejeição de enxerto em transplantes alogênicos e também nos transplantados que já receberam outros imunossupressores. Também é indicado para doenças auto-imunes, uveíte endógena, uveíte intermediária, uveíte de Behçet, psoríase. (BULA MED, CENTRALX, ©2013). KAMALI et al. (1999) avaliaram um grupo de 36 pessoas adultas epilépticas que faziam o uso da fenitoína. Treze doentes utilizavam terapia simultânea com outros anticonvulsivantes; carbamazepina (9 pacientes), fenobarbital (3 pacientes) ou primidona (1 paciente). Foram avaliados a higiene oral, o número de superfícies com placa e o sangramento à sondagem. Além disso, foram feitas moldagens com alginato para obter o modelo de estudo e avaliar a extensão do crescimento gengival utilizando método de Seymour et al. (1985). Os resultados mostraram que não houve diferenças significativas entre os pacientes que receberam somente fenitoína e aqueles que receberam fenetoína associada ao fenobarbital, primidona ou carbamazepina. Os autores concluíram que a fenitoína associada a outros anticonvulsivantes pode não aumentar a manifestação do crescimento gengival. MAJOLA et al. (2000) verificaram a prevalência e a severidade do crescimento gengival induzido por fenitoína em pacientes ambulatoriais que procuraram a clínica de epilepsia do Hospital Memorial Prince Mshiyeni e relacionaram os fatores locais e sistêmicos que poderiam influenciar o crescimento gengival. Foram 1.2 Ciclosporina XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de PósGraduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba 2 1.2.1 Estudos SPOLIDORIO et al. (2000) avaliaram morfometricamente e estereologicamente a ação da fenitoína e da ciclosporina em tecidos gengivais de ratos. Foram 30 ratos, machos jovens, pesando aproximadamente 50g, foram divididos em 2 grupos. Um grupo de 10 ratos recebia a fenitoína por via intraperitonial na dose inicial de 2mg/kg de peso corporal/dia, aumentando 2mg a cada 2 semanas, durante 60 dias. E o outro grupo recebeu ciclosporina por via subcutânea, 10mg/kg de peso corporal/ dia, durante o mesmo período. Foi concluído que a ciclosporina faz com que se desenvolva mais o crescimento gengival, podendo estar atuando na proliferação de fibroblastos e no desequilíbrio fisiológico da síntese de fibras colágenas. SEMPREBOM et al. (2004) avaliaram o aumento gengival em pacientes que faziam o uso da ciclosporina e ciclosporina/nifedipina e as possíveis relações entre crescimento gengival, idade, sexo, dose, concentração plasmática, tempo de uso da droga e o grau de crescimento gengival. Foram avaliados 37 pacientes de ambos os sexos, com idades entre16 a 79 anos, tratados com ciclosporina e ciclosporina/nifedipina. Não houve relação entre o crescimento gengival, as variáveis farmacocinéticas, duração da terapia e concentração plasmática da ciclosporina. Os pacientes que faziam o uso da ciclosporina e ciclosporina/nifedipina apresentaram grau de crescimento gengival silmilares. A idade e gênero não influenciaram o crescimento gengival. THOMASON et al. (2005) investigaram o efeito dos fatores de risco na gravidade do crescimento gengival em pacientes transplantados medicados com ciclosporina na ausência de todos os bloqueadores dos canais de cálcio. Cem pacientes transplantados, dentados, medicados com ciclosporina (mas sem bloqueadores de canais de cálcio ou fenitoína) foram recrutados para o estudo. Os dados demográficos, farmacológicos e periodontais foram anotados e o crescimento gengival avaliado a partir de modelos. A análise multivariada identificou que a duração do transplante, índice de sangramento papilar, concentração de creatinina sérica, dosagens de azatioprina e prednisolona seriam fatores de risco para a severidade do crescimento gengival. A dosagem de cada um dos três agentes imunossupressores foi identificada como um fator de risco para a gravidade da alteração gengival. ROSING et al. (2012) investigaram a prevalência e a gravidade do crescimento gengival (CG) em pacientes que receberam transplante de rim e tratamento com ciclosporina (CSA), bem como as associações com fatores farmacológicos e clínicos. Este estudo incluiu 63 pacientes transplantados renais que foram tratados com CsA em um hospital universitário. No geral, 40% dos pacientes apresentavam algum grau de CG. A prevalência do CG e as taxas de gravidade foram inferiores aos relatados em estudos anteriores e parecia ser independente de interações medicamentosas. Não houve associação entre o índice de placa e o índice gengival com o crescimento gengival. 1.3 Nifedipina Os bloqueadores de canais de cálcio atuam sobre os canais tipo L, produzindo vasodilatação e estão divididos em três classes quimicamente diferentes: fenilalquilaminas (Verapamil), diidropiridinas (nifedipina) e benzotiazepinas (diltiazem) (RANG, DALE 2008). As alterações cardiovasculares que podem ocorrer pelo uso da nifedipina são ondas de calor, inchaços nas pernas, palpitação e queda rápida da pressão, já as alterações neurológicas são tontura, dores de cabeça, nervoso, cansaço e alterações no sono. Também podem ocorrer, lesões vermelhas na pele, coceiras, diarréia, prisão de ventre, gazes, além de hiperplasia gengival, náusea e queimação (FS-UNB). A nifedipina é indicada para hipertensão arterial como coadjuvante no tratamento da crise hipertensiva, também na hipertensão arterial essencial, estágios 1 a 4 (leve, moderada e grave) além de, hipertensão arterial secundária, doença arterial coronariana, como angina do peito crônica estável e angina do peito vasoespástica. (Bula Med, Centralx, ©2013). 1.3.1 Estudos GUNCU et al. (2007) determinaram a relação de concentrações de nifedipina e o grau de crescimento gengival, entre o plasma e o fluido do sulco gengival em pacientes tratados com nifedipina, e analisaram as relações entre as variáveis clinicas e farmacológicas. Foram atendidos dezoito pacientes que faziam uso da nifedipina em doses regulares por pelo menos seis meses. O crescimento gengival foi avaliado por dois índices: crescimento gengival vertical e horizontal. O índice gengival (IG), índice de placa (IP), índice de sangramento gengival (ISG), profundidade de sondagem (PS) e o nível clínico de inserção (NCI), também foram registrados. O fluido do sulco gengival e as concentrações de nifedipina no plasma foram determinados por meio de cromatografia liquida de alta eficiência. A concentração média de nifedipina no fluido foi significativamente superior do que a concentração XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de PósGraduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba 3 no plasma. O estudo mostrou que as concentrações no fluido e os níveis plasmáticos de nifedipina não são um fator de risco para o crescimento gengival. Foi observado que a melhora da higiene bucal pode ajudar a controlar o grau de hiperplasia gengival. FERNANDES et al. (2010) avaliaram o efeito da nifedipina sobre o crescimento gengival e a destruição periodontal, usando uma ligadura induzindo a periodontite em ratos. Em comparação com os animais com ligaduras, o grupo que recebeu ligaduras e nifedipina mostrou maiores níveis de inflamação. Não foram observadas diferenças significativas de perda óssea entre os grupos experimentais. A nifedipina isoladamente não levou a hiperplasia gengival em ratos. Na presença de acúmulo de biofilme, a nifedipina apresentou maior crescimento gengival e inflamação, mas não foi observada uma maior destruição periodontal. SOUSA. NAVARRO, SPOSTO (2011) verificaram o crescimento gengival em pacientes brasileiros que usavam a nifedipina. O estudo foi conduzido em 70 pacientes, 35 casos (usavam a medicação) e 35 controles.Foram avaliadas as seguintes variáveis: profundidade de sondagem, índice de placa, índice gengival, sangramento à sondagem e nível de clínico de inserção. Não houve correlação entre as variáveis demográficas (idade e gênero) e as variáveis farmacológicas (dose e tempo de tratamento) com o crescimento gengival. O crescimento gengival foi associado à inflamação gengival. (2) Dosagem e nome comercial Tabela 1 – Dosagem e nome comercial das drogas que causam hiperplasia gengival. Medicação Nome Comercial Fenitoína Hidantal® Cicloporina Nifedipina Sandimmum® Adalat® Posologia 40 – 100 µmol/L, Via Oral 10-15 mg/kg/dia, Via Oral. 20-60 mg/kg/dia, Via Oral Fonte: Fenitoína, Rang & Dale 2008; Ciclosporina, Bulas Med, Centralx 2013; Nifedipa, Anvisa, Novartis, Bula 2013. Discussão Nesta revisão foram avaliados os mecanismos de ação, efeitos colaterais e indicações clínicas de fármacos que levam ao crescimento gengival. Somando-se a isso, foram selecionados alguns estudos que avaliaram o efeito destas drogas sobre a saúde gengival. A fenitoína é um anticonvulsivante largamente utilizado em crises epiléticas. Dois estudos encontraram associação do crescimento gengival com parâmetros clínicos periodontais (MAJOLA et al., 2000, BRUNET et al., 2001). Majola et al. (2000), afirmaram que os principais fatores relacionados ao crescimento gengival foram a placa bacteriana, a idade e níveis séricos de fenitoína. Brunet et al., (2001), relatam que os pacientes que ingeriram a fenitoína apresentaram um maior índice gengival e um maior risco de apresentar o crescimento gengival. Os dois estudos contaram com amostras populacionais significativas (134 e 157 pacientes, respectivamente) que geraram evidência científica adequada. Neste sentido, parece que o controle de placa e da inflamação gengival, através da implementação de medidas terapêuticas e preventivas auxiliaria no controle do crescimento gengival. É interessante observar que a associação da fenitoína com outros anticonvulsivantes como a primidona, fenobarbital ou carbamazepina não aumentou a manifestação do crescimento gengival (KAMALI et al., 1999). A ciclosporina é um imunossupressor que atua na inibição dos linfócitos T. Segundo Spolidorio et al. (2000) a ciclosporina pode atuar na proliferação de fibroblastos e no desequilíbrio fisiológico da síntese de fibras colágenas. Isso explicaria o crescimento gengival nestes pacientes. Dois estudos avaliados encontraram resultados diferentes com relação ao índice gengival. Thomason et al., (2005), verificaram que o índice de sangramento gengival, a concentração de creatinina, dosagens de azatioprina e prednisolona, são fatores de risco para a severidade do crescimento gengival. Em contrapartida, Rosing et al. (2012) não encontraram associação do crescimento gengival com maiores níveis de inflamação gengival. A discrepância dos achados pode ser explicada pela população avaliada. No estudo de Thomason et al.,(2005) cem pacientes foram medicados somente com ciclosporina ( sem bloqueadores de canais de cálcio ou fenitoína). No estudo de Rosing et al. (2012) a maioria dos pacientes utilizou a ciclosporina associada a outro imunossupressor. Outros autores relataram também que não houve relação entre o crescimento gengival e as variáveis XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de PósGraduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba 4 farmacocinéticas, duração da terapia e concentração plasmática da ciclosporina (SEMPREBOM et al., 2004). A nifedipina é um bloqueador de canal de cálcio que atua sobre os canais tipo L, produzindo vasodilatação. Um estudo em animais, observou que a nifedipina isoladamente, sem a presença de placa bacteriana, não foi suficiente para promover o crescimento gengival ou a destruição periodontal (FERNANDES et al., 2010). GUNCU et al. (2007) verificaram que a concentração média do fármaco no fluído gengival não foi considerada um fator de risco para o crescimento gengival. Entretanto, a melhora da higiene bucal pode controlar a hiperplasia gengival. Um estudo na população brasileira, em pacientes mais velhos e com problemas sistêmicos, verificou que a nifedipina estaria associada à inflamação gengival (SOUSA. NAVARRO, SPOSTO, 2011) A hiperplasia gengival medicamentosa é frequentemente observada com a utilização destes farmacos. Embora alguns estudos não tenham encontrado associação entre o índice de placa e inflamação gengival com o crescimento gengival, talvez seja interessante implementar um programa de saúde bucal na fase inicial da utilização destas medicações. gingival enlargement in patients treated with anticonvulsant drugs. Eur J Clin Invest. n.9, p. 781-788, 2001. - CICLOSPORINA, Bulas de Medicamentos. Plataforma HiDoctor Centralx, 2013. Disponível em:http://www.bulas.med.br/bula/10804/ciclosporin a.htm. 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Em outros, esta associação não foi significativa. O tipo de medicação, população avaliada, índices utilizados e tempo de tratamento podem explicar a divergência de achados. Agradecimentos Agradecemos a Profa Ana Cristina de Oliveira Solis por suas sugestões no texto. Referências - ADALAT, Bulas de Medicamentos. Plataforma HiDoctor Centralx, 2013. Disponível em: http://www.bulas.med.br/p/240670/adalat.htm. Acesso em: 23 jul. 2013. - BRUNET L, MIRANDA J, ROSET P, BERINI L, FARRÉ M, MENDIETA C. Prevalence and risk of - KAMALI F, MCLAUGHLIN WS, BALL DE, SEYMOR RA. The effect of multiple anticonvulsant therapy on the expression of phenytoin-induced gingival overgrowth. J Clin Periodontol. n.12, p. 802-805, 1999. - MAJOLA MP, MCFADYEN ML, CONNOLLY C, NAIR YP, GOVENDER M, LAHER MH. Factors influencing phenytoininduced gingival enlargement. J Clin Periodontol. n.7, p. 506-512, 2000. - MARAKOGLU I, GURSOY UK, CAKMAK H, MARAKOGLU K. 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