Sobre os Evangelhos e suas Mentiras

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A MAIOR MENTIRA DE TODOS OS TEMPOS.
O departamento de policia federal norte americana deu aos seus agentes uma nota de
dólar verdadeira , o instrutores pediu aos policiais que estudassem exaustivamente a
nota,ao final do curso notaram que os agentes ao pegar uma nota falsa identificavam
imediatamente.
Senhores leitores, escrevo este livro porque muitos amigos e familiares perguntam por
que o Reverendo virou judeu?
Tudo que sou agradeço aos meus pais que me ensinaram a não mentir se honesto, isto
tenho tentado sem medo sem nada dever ninguém, quer que seja este livro não e um
desrespeito a fé de meus amigos nem meus Pais é familiares.
Agradeço ao todo poderoso bendito seja, (B,H) os meu antepassados que como uma
cópia comum mente chamada Xerox deixaram marcos visíveis para retornar a fé
original longe do paganismo.
Para ler este livro o leitor tem que esta preparada para pesquisar ler reler, a bíblia e fatos
históricos, sem tentar ser pretensioso muitos tem me visitado talvez movido por uma
indignação quase incontrolável, mais quando começa a estudar, compreende a
complexidade do assunto.
Já vi pastores, professores de hebraico, Greco, Phd de faculdade de teologia crista
passarem mal, em uma manha eu vi um Phd de teologia,chorar depois de 15 dias sem
dormir pelo novo que possibilitou um reestruturação em sua fé.
já somos em mas de 75 Ex; pastores retornados a fé original,muitos deles Dr.,em línguas
antigas como Greco e hebraico e aramaico que estudaram interpretação crista.
Para melhor compreender as escrituras e necessário o conhecimento do hebraico e
aramaico até mesmo o grego, foi o que procurei fazer, bom como escrevi o leitor poderá
ter noções do original do texto. Neste livro eu procuro ser simples em estudos que
demorei anos e com muito receio do novo,Quando não conhecemos temos medo, estudar
e procurar conhecer a palavra de Deus. Pois a palavra liberta de dogmas e mentiras.
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““Embora hoje como judeu, fiz o que Jesus mandou, “conhecereis a verdade ela vos
libertará,” ele também disse:” examinai as escrituras elas e que testificam de mim.”
Meu nome e marcos Moreira da silva, nasci no Guarujá, no estado de São Paulo, fui pastor
por alguns anos descobri ascendência judaica, meu intuito era pregar para judeus, então
comecei estudar por que os judeus não crêem em Jesus.
Bom não vou lhe apresentar argumentos, somente bíblia e Historia, aconselho que o
leitor e amigo estejam munidos de sua bíblia cristã completos, e não deixe passar um
versículo por nos citado.
Nosso objetivo e mostrar fatos históricos dentro da bíblia, e chegarmos a uma conclusão
que nos permita julgarmos nossas crenças e convicções, os dois lados da moeda.
Lembrando sempre que Deus não deixará seus servos confundidos, e que ele mesmo
procura os fieis sobre a face da terra.
Fica aqui uma ressalva, não confiem no que eu escrevi vão pesquisar ok?
A todos boa leitura
Analise do chamado novo testamento
A palavra Mashiach, em hebraico, significa o mesmo que Messias, e, em grego, significa Ungido.
A unção efetuada utilizando-se óleo era tradicionalmente o meio pelo qual era confirmada a autoridade
de um rei em Israel, como no caso do rei Saul:
Samuel tomou um pequeno frasco de óleo e derramou-o na cabeça de Saul; beijou e disse: O Senhor te
confere esta unção para que sejas chefe da sua herança. (I Samuel 10,1)
Do mesmo modo era através da unção com óleo que eram consagrados também os utensílios rituais
utilizados nos sacrifícios da Antiga Aliança. O emprego do termo ungido, porém, rapidamente passou a ter
um uso também metafórico, significando o escolhido do Eterno, aquele que cumpriria a missão divina. Aos
poucos o povo judeu foi percebendo também que um dia o mashiach também seria ungido pelo Eterno.
Este Mashiach, segundo as Escrituras, deveria vir e que, ao longo do tempo, passou a ser ansiosamente
esperado. Mas, quando viria este Mashiach? Jerusalém havia caído em mãos romanas no ano de 63 a.e.c.
Nesta época, os coletores de impostos e os militares romanos eram um peso nas costas dos judeus.
Grande parte do povo judeu estava disperso pelo mundo desde a época do cativeiro de Babilônia, e
mesmo em Israel, o povo vivia sob o domínio dos pagãos. Nesta época, os judeus estavam divididos em
vários partidos ou seitas e sofria o jugo de outros povos. Neste difícil momento da história judaica, surgiu
toda uma abundante produção de literatura apocalíptica, descrevendo a redenção pelo Mashiach e o fim
do sofrimento. Muitas eram os movimentos ou partidos naquele tempo. Entre eles, podemos citar os
Essênios, os Fariseus, os Saduceus e os Zelotes.
Os essênios possuíam regras de vida muito parecidas com as regras monásticas cristãs. O candidato
passava um ano em postulantado, passando então por um banho ritual de purificação. A assiduidade aos
banhos rituais era um ponto central da filosofia de vida essênia. Após os banhos rituais o candidato era
iniciado para mais um ano, durante o qual ainda não unia seus bens aos da seita. Ao término deste
período era então considerado membro, partilhando totalmente da comunhão de bens entre os membros
e da vida religiosa. Os essênios, originalmente, estavam divididos em duas ordens, uma para os casados e
outra para os celibatários. A primeira, entretanto, acabou muito mais cedo que a outra, que se perpetuou
por séculos apenas com as novas adesões. O credo essênio, contudo, não era semelhante ao cristão. Eles
acreditavam, segundo o historiador Flávio Josefo, que a alma da pessoa possuía uma natureza boa, mas,
por conseqüência do pecado original tinha se maculado, sendo então punida com a encarnação. Para ele,
a vida na terra, portanto, era a ocasião de libertar-se de todo tipo de impureza, para libertar-se do corpo e
voltar ao estado de graça. A preocupação com a pureza legal era algo fortíssimo entre os essênios, que
consideravam qualquer tipo de contato com impuros (não essênios) perigoso. Eles julgavam serem apenas
eles os herdeiros da aliança do Eterno, devendo todos os outros, especialmente os ligados ao templo de
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Jerusalém, ser considerados impuros. Para eles, seria necessário limpar-se de toda espécie de pecado ou
impureza, através de banhos rituais e estudo. Eles consideravam que muitos dos sacerdotes do Templo de
Jerusalém não eram verdadeiramente sacerdotes da linhagem de Aarão, mas erroneamente deduziam daí
que o Templo fora conspurcado além da possibilidade de purificação, e que melhor seria viver seguindo as
normas usadas pelos hebreus antes de adentrarem a Terra Prometida. Os essênios também esperavam
por um Mashiach. A sua exegese e justificação bíblica da crença, contudo, eram bastante diferentes da
visão apocalíptica de outros grupos que sentia a chegada do Mashiach como mais um período de
prosperidade geral dos judeus do que realmente uma santificação de toda a Terra. Eles acreditavam ter o
Eterno escolhido apenas a sua comunidade para a salvação, devendo Ele derrubar o Templo de Jerusalém
e instaurar uma era de harmonia e justiça após uma guerra escatológica em que o Mashiach os lideraria
contra os sacerdotes do Templo.
O movimento dos fariseus era o de maior representatividade na Palestina do ano zero da era comum, e os
precursores do Judaísmo tal como o conhecemos hoje. Ferrenhos defensores da Lei, seu maior interesse
era a preservação da Aliança e a fidelidade à Torá. Para os fariseus, a Torá era o que diferenciava Israel
dos demais povos. Apesar de seu apego aos rituais do Templo, tal como prescritos na Torá, os fariseus
foram os únicos a sobreviver mantendo a sua identidade judaica, estando a sua doutrina na base de quase
todas as vertentes do judaísmo atualmente. Foram os fariseus que forneceram a base do judaísmo
rabínico, que ensina ser necessário proteger a Torá pela especificação e exegese minuciosa de seu
conteúdo. Como, para os fariseus, uma especificação adequada aos tempos que pudesse ser extraída da
Torá seria uma lei válida e um presente do Eterno aos homens, eles buscavam estudar as Escrituras para
discernir nela novas regras de vida e prescrições rituais que mais agradassem ao Eterno.
Considerando que uma transgressão era cometida por ato apenas, e não na intenção, eles procuravam
erigir uma cerca em volta da Torá, proibindo comportamentos que poderiam levar por acidente a quebrar
inadvertidamente uma destas leis. Assim, por exemplo, foram eles a instituir a proibição de usar a mesma
panela, pratos, garfos e etc., para comer carne e leite ou seus derivados, para que não fosse
inadvertidamente quebrada a proibição de cozinhar o filhote no leite de sua mãe. Assim, o risco de uma
panela mal lavada conter uma gota do leite da mãe de um animal e nela ser cozida inadvertidamente a
carne do próprio filhote deveria ser evitado. Em contraposição ao judaísmo rabínico da diáspora, o
farisaísmo palestino dava uma grande importância à existência pessoal e individual do Eterno, não se
deixando contaminar pelas filosofias gregas, filosofias que foram adaptadas às Escrituras Hebraicas e que
deram forma ao Cristianismo. Devido às terríveis circunstâncias que, então, afligiam Israel, havia também
no seio do farisaísmo um certo messianismo apocalíptico.
Para eles, entretanto, um messias que não os libertasse do jugo romano não poderia ser o verdadeiro
Mashiach. O Mashiach, para os fariseus, deveria ser um rei libertador, que, através de armas e,ou de sua
poderosa vontade, libertaria a todos os judeus, derrotando o inimigo. A maior parte da literatura
apocalíptica da época circulava em meio farisaico.
Eles tinham muitas escolas de pensamento, sendo as mais importantes as de Hillel e a de Shammai.
Havia, entretanto, diferenças de interpretação também entre um rabino e outro da mesma escola.
Ao contrário dos saduceus, os fariseus percebiam a existência de uma Lei Oral, com tanto valor quanto a
Lei Escrita.
Suas diferenças com os saduceus não impediam que buscassem sempre participar de todas as cerimônias
no Templo, oferecendo sacrifícios e aceitando, assim, a função sacerdotal saducéia.
Depois da queda do Templo, os rabinos fariseus empreenderam uma grande luta pela manutenção do
Judaísmo, organizando a religião e as suas bases escriturais para que pudessem sobreviver mesmo sem o
Templo.
Assim, eles lutaram por todos os meios possíveis contra tudo aquilo que pudesse destruir o Judaísmo.
Os saduceus compunham a hierarquia sacerdotal de Jerusalém. Sobre eles temos poucos dados, uma vez
que a maior parte dos escritos sobre eles foi feita por seus adversários cristãos, fariseus e essênios, mas
sabemos que sua principal preocupação era manter funcionando o Templo, ainda que isso implicasse em
uma solução de compromisso com os romanos. Os pontos cruciais de sua diferença com as outras seitas
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judaicas eram a não aceitação da Tradição Oral. Eles eram, em termos doutrinários, os Protestantes da
época atual, acreditando que apenas as Escrituras Hebraicas eram a Palavra do Eterno.
O Sinédrio, assembléia de notáveis que governava a vida religiosa e nacional judaica sob a dominação
romana, tinha sempre em sua direção um caduceu, ainda que a maior parte dos membros acabasse por
ser farisaica.
Os saduceus traçavam a sua origem desde Sadoc, sacerdote que serviu na época de Davi e Salomão.
Qualquer Saduceus que desejasse se casar com um judeu não-saduceu era obrigado a efetuar um estudo
minucioso da genealogia do noivo, sendo descartadas quaisquer possibilidades de casamento caso fosse
descoberta alguma impureza, como um antepassado prosélito, por exemplo. Desde 539 a.e.c., apenas
sacerdotes saduceus poderiam ser Sumo-Sacerdotes. Houve apenas uma interrupção durante a guerra dos
Macabeus, em que Hasmoneus ocuparam o trono. Os Sumo-Sacerdotes recebiam ao mesmo tempo a
supremacia espiritual e política sobre o povo judeu, por não mais haver uma realeza.
Os sacerdotes de graus mais inferiores poderiam não ser saduceus, ainda que isto implicasse em uma
série de limitações quanto à sua liberdade de exercer prescrições rituais.
Devido a esta dupla posição, simultaneamente religiosa e política, os saduceus consideravam ser seu
dever realizar uma política de assimilação e amizade com a potência romana invasora, permitindo assim a
liberdade de culto para Israel. Esta assimilação, entretanto, levou a graves dissensões internas no seio do
Judaísmo.
Muitos judeus consideraram blasfêmia a aceitação pelo Templo de oficiar sacrifícios em honra do
imperador romano, que era, evidentemente, pagão. O calendário lunar empregado no Templo, contando
com um ano de 354 dias, era, por muitos, considerado falso, sendo contrastado com os 364 dias do
calendário solar observado até o século II a.e.c. Esta questão foi outro ponto-chave que culminou na
separação das comunidades essênias. A doutrina saducéia, porém, negava completamente toda a
escatologia corrente das outras seitas, sendo firmemente combatida neste ponto por todas elas.
Eles pregavam a inexistência dos anjos e a mortalidade da alma, sendo, portanto, contrários à noção de
ressurreição dos mortos. Os saduceus foram exterminados pelos romanos quando da destruição do
Templo.
O partido dos zelotas era composto de membros cuja visão religiosa era mais parecida com a dos
saduceus, mas que tinham um ponto crucial de diferença: para eles, a independência de Israel e o fim da
ocupação romana eram uma obrigação religiosa.
Não importava tanto para eles se uns acreditavam na ressurreição e outros não. Para um zelota, o que
importava era que se fizesse algo contra a dominação estrangeira e que Israel fosse novamente um país
independente. Eles esperavam um Mashiach, visto por eles como um guerreiro que viria para conduzi-los
contra os romanos, mas não produziam literatura apocalíptica nem tinham grandes esperanças de ajuda
sobrenatural em sua batalha. Poderíamos talvez, com as devidas diferenças, compará-los hoje aos
adeptos da Teologia da Libertação da igreja romana, que não se preocupa com a doutrina, desde que haja
uma ação prática de ajuste social. Pouco depois da destruição do templo os zelotas sobreviventes
encontraram na pessoa de Bar-Kochba o seu Mashiach, que também foi reconhecido como Mashiach por
muitos fariseus.
Era esta a situação da Terra de Israel quando, segundo os escritos dos Evangelhos, apareceu em cena
Iehoshua de Nazaré (Jesus de Nazaré).
Segundo os Evangelhos, Iehoshua nasceu em Belém, mas foi criado em Nazaré. Para os seus seguidores,
ele foi anunciado pelos Profetas e era o Mashiach esperado pelo povo judeu.
Mas seria realmente ele o Mashiach esperado pelo povo judeu? Ele não foi o líder poderoso, temido pelos
romanos e libertador de seu povo que os zelotas e fariseus estavam esperando, e nem foi o líder
purificador ritual que os essênios esperavam. Segundo os seus seguidores, a libertação que ele veio
realizar foi de outra espécie. Foi uma libertação da raiz das transgressões, libertação para nos dar a
filiação adotiva divina que jamais poderíamos conquistar por nossa própria natureza, para nos dar a
possibilidade de sermos realmente felizes por toda a Eternidade. Mas a maioria do povo judeu não o
aceitou. E por inúmeros motivos. Nas palavras de Paulo de Tarso podemos encontrar um exemplo desta
recusa:
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Então que diremos? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justificação, a que vem da
fé, ao passo que Israel, que procurava uma lei que desse a justificação, não a encontrou. Porque Israel a
buscava como fruto não da fé, e sim das obras. E tropeçou na pedra do escândalo, como está escrito: Eis
que ponho em Sião uma pedra de escândalo, um rochedo que faz cair; quem nele crer não será confundido
(Is 8,14; 28,16) (Romanos 9,30-32)
Mas aqui temos um sério problema. Nestes versículos da Carta de Paulo aos Romanos a referência citada
é da profecia de Isaías, profecia esta que se refere ao rei Ezequias, e não a Iehoshua de Nazaré.
Mais adiante, Paulo escreve que:
Conseqüência? Que Israel não conseguiu o que procura. Os escolhidos, estes sim, o conseguiram. Quanto
aos mais, foram obcecados, como está escrito: Deus lhes deu um espírito de torpor, olhos para que não
vejam e ouvidos para que não ouçam, até o dia presente (Deut 29,3). Davi também o diz: A mesa se lhes
torne em laço, em armadilha, em ocasião de tropeço, em justo castigo! A vista se lhes obscureça para não
verem! Dobra-lhes o espinhaço sem cessar (Sal 68,23s)! (Romanos 11,7-10)
A causa desta recusa, portanto, pode ser encontrada no texto de Paulo citado acima, mas e quanto aos
meios desta recusa, ou seja, as razões que os judeus deram para não aceitar Iehoshua como o Mashiach?
A razão principal foi o fato de Iehoshua não ter cumprido as profecias messiânicas narradas inúmeras
vezes nos livros proféticos.
Eles esperavam um Mashiach que viesse destruir a dominação estrangeira e estabelecer um reino de paz.
Os judeus esperavam que os romanos também fossem expulsos de sua terra e esperavam um retorno de
todos os judeus a Israel, mas nada disto aconteceu.
Por que? Porque os profetas não previram a vinda de Iehoshua de Nazaré.
Segundo o Novo Testamento, a igreja prosperava e crescia, convertendo aos milhares tanto judeus quanto
pagãos. Nos primeiros tempos da igreja, não havia uma nítida distinção entre as duas religiões.
O Cristianismo enfatizava ser a verdadeira fé judaica, tendo reconhecido Iehoshua de Nazaré como o
Mashiach da Casa de Davi, enviado pelo Eterno. Mesmo após o Concílio de Jerusalém, a dispensa da
circuncisão fez com que o Judaísmo começasse a separar-se da Igreja, as conversões continuavam
voltadas para o meio judaico, como pode ser observado em Atos dos Apóstolos 9,10-25; 13,14-15 e 18,111.
Mesmo após este concílio, o proselitismo cristão no meio judaico continuou, havendo muitas igrejas
formadas apenas por judeu-cristãos circuncisos e seguidores da Torá.
Estes judeu-cristãos seguiam a sucessão apostólica de Tiago, possuindo muitos evangelhos apócrifos tais
como o Evangelho dos Hebreus, Evangelho de Tomé e Evangelho de Tiago, os quais, para eles,
justificavam o reconhecimento de Tiago como mais justo do que Pedro. Mesmo assim, a primazia de Pedro
era, por muitos, reconhecida, como nas Homilias Clementinas. Na segunda carta destas homilias está
escrito:
Clemente a Tiago, Senhor e Bispo dos Bispos, que ainda rege a Santa Igreja dos hebreus de Jerusalém.
Clemente comunica a Tiago que São Pedro pela veracidade da fé e pela firmeza de sua doutrina é definido
como a base a o fundamento da Igreja, primícia de Nosso Senhor, chefe dos Apóstolos, a quem por
primeiro o Pai revelou o Filho e que Jesus merecidamente proclamou bem-aventurado e, antes de morrer,
elegeu Bispo com o encargo de notificá-lo a Tiago, irmão do Senhor.
A questão das disputas entre os cristãos de origem pagã e de origem judaica, contudo, foi mais longe.
Os judeus não-cristãos originários da Palestina ainda estavam agitados devido a muitos movimentos
messiânicos de natureza política na segunda metade do século I.
Uma guerra de independência contra a potência invasora romana foi então encetada, com trágicos
resultados.
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Aproveitando momentos de confusão política no interior do Império Romano, o judaísmo palestino lutou
pela sua emancipação política. As loucuras do poder central romana, entretanto, não foram suficientes
para assegurar uma vitória dos judeus.
A rebelião foi sufocada, e o general romano Vespasiano venceu os judeus. O comandante judeu José BenMatatias foi tido por perdido na batalha de Jotapata, mas a triste notícia de sua deserção chegou mais
tarde aos ouvidos dos zelotas encastelados em Jerusalém.
Os governantes responsáveis por sua nomeação foram todos passados a fio de espada, criando um vácuo
de poder e uma situação de guerra civil dentro dos muros de Jerusalém.
Três generais judeus combatiam entre si, enfraquecendo ainda mais as condições de defesa de Jerusalém.
Os cristãos e os judeu-cristãos, que acreditavam que o Reino do Eterno não era deste mundo, foram
forçados pelos sacerdotes e rabinos a fugirem e já haviam saído da cidade, sendo acusados de
antinacionalistas e traidores pelos zelotas que lá ficaram.
Sob o comando de Simeão, primo de Iehoshua, segundo os Evangelhos, sucessor de Tiago no comando da
igreja em Jerusalém, as comunidades oriundas de Jerusalém abrigaram-se em Pela, na Transjordânia.
Tito Flávio Vespasiano (9-79), escolhido Imperador Romano, comandava ainda a campanha contra os
judeus. O general Tito, filho do imperador Vespasiano, sitiou a Cidade de Jerusalém em 70 d.e.c.,
impedindo toda e qualquer entrada ou saída de pessoas da cidade. Aqueles que fossem presos por
tentativa de fuga foram crucificados à vista dos muros, para mostrar aos habitantes de Jerusalém qual
seria o seu destino.
Os três generais judeus mencionados já se haviam posto de acordo para defender a cidade, mas a
situação era militarmente insustentável. A fome aumentava e a força dos combatentes judeus diminuía.
Os sacrifícios do Templo, contudo, continuaram a ser oferecidos enquanto havia o que sacrificar.
No dia 17 do mês de tamuz os sacrifícios foram interrompidos, data ainda hoje lembrada por muitos
judeus, e três semanas mais tarde, no dia nove de av, os soldados de Tito entravam no Templo por eles
incendiado.
O general Tito entrou no Santo dos Santos, decidido a buscar o ídolo que ele acreditava que os judeus
escondiam.
Encontrando apenas uma sala, ele afirmou que os judeus cultuavam um deus inexistente.
Pequenos focos de resistência ainda combatiam em pontos esparsos no deserto.
Mais tarde haveria a batalha de Massada, a Oeste do Mar Morto. Esta foi a mais longa de todas as
batalhas desta guerra, e quando os romanos finalmente conquistaram o território, todos os judeus
haviam cometido suicídio.
Os cristãos, naquele momento, estavam sendo perseguidos ao mesmo tempo pelos romanos e pelos
judeus. Os romanos consideravam estes cristãos como judeus.
Entretanto, com a destruição de Jerusalém e tendo substituído os sacrifícios do Templo pela ceia, os
judeu-cristãos estavam conquistando enorme quantidade de prosélitos dispostos a morrer pela cruz, as
quais acreditavam ser salvífica.
As suas igrejas ainda eram semelhantes às sinagogas, sendo muitas vezes chamadas desta forma.
Como mencionado anteriormente, Iehoshua de Nazaré, segundo autores do Novo Testamento, foi o
Mashiach anunciado pelos profetas de Israel, o esperado pelo povo judeu.
Mas ele não foi o líder poderoso, temido pelos romanos e libertador de seu povo que os zelotas e fariseus
estavam esperando, e nem foi o líder purificador ritual que os essênios esperavam.
Segundo os seus seguidores, como narrado nos Evangelhos, a libertação que ele veio realizar foi de outra
espécie. Foi uma libertação da raiz das transgressões, libertação para nos dar a filiação adotiva divina
que, segundo também é ensinado, jamais poderíamos conquistar por nossa própria natureza, para nos dar
a possibilidade de sermos felizes por toda a Eternidade. Mas a maioria do povo judeu não o aceitou. E por
inúmeros motivos. Nesta série de textos faremos uma análise de várias passagens evangélicas que são
citadas como profecias a respeito da vinda de Iehoshua de Nazaré, que, para muitos, foi o enviado do
Criador com a missão de libertar a humanidade do pecado e os judeus do domínio romano, domínio que se
transformou no que veio a ser chamada mais tarde de Igreja Católica Apostólica Romana. Primeiramente,
cumpre-nos ressaltar que, por mais paradoxal que seja, cada denominação religiosa cristã extrai das
Escrituras Hebraicas aquilo que melhor lhe convém simplesmente para justificar seus dogmas, dogmas
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estes que surgiram durante as discussões em vários concílios da igreja romana compostos, em sua
maioria, por filósofos gregos, ao longo dos séculos. Os cristãos embora que divirjam quanto ao número de
livros bíblicos, afirmam, em particular, que o Novo Testamento é de origem e inspiração divinas. Desta
forma, como pode esta mensagem causar tantos desentendimentos e divergências entre eles mesmos,
quando, na verdade, deveria uni-los? Algo que também chama a atenção é o fato de que o povo judeu,
povo a quem as profecias messiânicas são dirigidas, não aceitou Iehoshua de Nazaré como o Mashiach, e
por vários motivos a serem explicados mais adiante. Estas profecias, ditas serem aplicadas a Iehoshua de
Nazaré, só foram admitidas e ensinadas pelas correntes religiosas chamadas mais tarde de cristãs.
Ao se examinar um exemplar do Novo Testamento percebe-se o grande esforço em pôr, de todas as
formas, Iehoshua de Nazaré como sendo o Mashiach anunciado pelos profetas e, para isto, nos
Evangelhos, estão presentes versículos do Tanach para comprovar tais cumprimentos proféticos.
Tais passagens vêem precedidas da expressão: Isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s
profeta/s. Diga-se de passagem, que muitas das profecias não são propriamente o que se pode chamar de
profecias, já que são passagens relacionadas a fatos relacionados à história de Israel, não sendo,
portanto, uma previsão para um acontecimento futuro, e outras não possuem ligação com Iehoshua de
Nazaré, e sim com os próprios profetas de Israel.
Desde que o imperador Constantino I, O Grande, se converteu, como política estratégica, ao Cristianismo
no ano de 324 d.e.c., os judeus passaram a ser perseguidos.
A partir disto, foi declarado herético estudar a Torá, e os judeus passaram a ser considerados assassinos
de Iehoshua de Nazaré e inimigo do Criador, e ao mesmo tempo, Constantino I permitia o culto ao Deus
Sol dentro da igreja romana.
Todo aquele que fosse contrário ao Cristianismo deveria ser morto, pois era um traidor. Assim, os judeus,
por se recusarem a participar das cerimônias cristãs e de tomar parte no culto ao Deus Sol foram
mortalmente perseguidos. Mas o Eterno, Bendito Seja, ajudou aos judeus a enfrentar durante quase dois
milênios a perseguição dos Pais da Igreja, as Cruzadas, a Inquisição, a Reforma Protestante, os Pogroms e
os Nazistas. Durante os séculos que se seguiram, nós, judeus, fomos perseguidos por não aceitarmos a
Iehoshua de Nazaré. Muitos tentaram nos impor suas idéias e aniquilar o Judaísmo.
Nem as perseguições do Império Romano, nem as Cruzadas e a Inquisição de Roma, nem as cartas de
Lutero e nem o Holocausto conseguiram manipular nossas almas para cumprir seu intento.
O Judaísmo manteve sua chama viva até hoje. Em relação aos Pais da Igreja, exporemos algumas de suas
posições e declarações anti-semíticas que perduram até hoje.
Eusebius Pamphli (260-341), Bispo de Cesárea, maldito seja o seu nome, afirmava que os judeus
costumavam matar crianças cristãs durante as cerimônias anuais e que as escrituras judaicas eram
destinadas aos cristãos e não aos judeus.
Marcião (85-160), maldito seja o seu nome, afirmava que qualquer cristão que utilizasse um símbolo
judaico, um nome judaico, ou realizasse qualquer celebração judaica, seria considerado cúmplice da morte
de Iehoshua de Nazaré juntamente com os judeus.
João Chrysostomos (347-407), Bispo de Antioquia, maldito seja o seu nome, afirmava que as sinagogas
eram zonas de meretrício e teatro, cheias de ladrões e bestas selvagens, que os judeus eram culpados da
morte de Iehoshua de Nazaré, que não havia expiação para o povo judeu, que o Criador sempre os odiou
que os cristãos deveriam odiá-los porque eles foram assassinos de Iehoshua de Nazaré e são adoradores
de satanás.
Justino (100-165), O Mártir, maldito seja o seu nome, acusava os judeus de iniciarem a matança de
cristãos. Ele afirmava que se alguém, por fraqueza de espírito, resolver observar as práticas religiosas
como foram entregues a Moshê, e das quais esperam alguma virtude, mas que julgar terem sido indicadas
em razão da dureza dos corações, juntamente com sua esperança em Iehoshua de Nazaré, e desejar
cumprir os eternos e naturais atos de justiça e piedade, mas optar por viver com os cristãos e os fiéis,
conforme declarado anteriormente, não os introduzindo a serem circuncidados como ele próprio, ou a
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observar o shabat, ou a observar qualquer outra cerimônia, ele, Justino, é da opinião que se deveria se
unir e se associar a este alguém em todos os momentos, como um parente e irmão.
Orígenes de Alexandria (185-232), maldito seja o seu nome, acusava o povo judeu, afirmando que eles
conspiravam para matar os cristãos.
Santo Hilário de Poitiers (316-367), maldito seja o seu nome, afirmava que os judeus eram um povo
perverso, amaldiçoado pelo Criador.
Santo Ephraem (306-373), maldito seja o seu nome, referia-se as sinagogas dos judeus como prostíbulos.
São Cirilo de Alexandria (376-444), maldito seja o seu nome, deu aos judeus a escolha de exílio,
apedrejamento ou a conversão.
São Jerome (340-420), o tradutor da Bíblia para o latim (a Vulgata), maldito seja o seu nome, afirmava
que os judeus não eram capazes de compreender as Escrituras Hebraicas e deveriam ser perseguidos
severamente e obrigados a confessar a verdadeira fé.
Aurélio Agostinho (354-430), maldito seja o seu nome, afirmava que os judeus e a nação de Israel são
apenas testemunhas da verdade do Cristianismo e que serviram apenas para deixar o legado da fé e da
verdade cristã. Mas, agora deveriam estar em constante humilhação quanto ao triunfo da igreja sobre a
sinagoga, que não há salvação para os judeus, que eles já estão perdidos de qualquer forma, que o
Judaísmo é uma corrupção e os judeus devem ser escravizados.
São Tomás de Aquino (1225-1274), maldito seja o seu nome, compartilhava do perverso pensamento de
Aurélio Agostinho.
Martin Luther (1483-1546), maldito seja o seu nome, afirmava que os cristãos deveriam queimar as
sinagogas dos judeus juntamente com eles dentro, que os seus livros sagrados deveriam ser queimados,
pois contêm mentiras e blasfêmias. Afirmava também que se deveria ameaçar de morte os rabinos que
ensinassem a Torá, que os judeus fossem proibidos de viajar, obrigados a trabalhar em serviço manual e
que não adquirissem profissão alguma. Além disto, afirmava que os judeus eram arrogantes, teimosos e
de coração de ferro como demônios. Lutero, em particular, através de seus vis manifestos escritos,
colaborou mais do que a igreja romana para que o Holocausto pudesse existir.
Segui-se agora uma amostra de seus manifestos.
Que faremos, nós cristãos, com este povo rejeitado e condenado, os judeus? Vou dar-lhes o meu conselho
sincero: primeiro, atear fogo às suas sinagogas, em honra ao nosso Senhor e à cristandade, de modo que
Deus veja que somos cristãos. Aconselho que as suas casas sejam arrasadas e destruídas. Aconselho que
os seus livros de orações e escritos talmúdicos lhes sejam arrebatados. Aconselho que seus rabinos sejam
proibidos de ensinar, sob pena de perderem a vida e serem mutilados. Acreditamos que o nosso Senhor
Jesus Cristo dizia a verdade ao falar sobre os judeus que não O aceitaram e O crucificaram: Sois uma raça
de víboras e filhos do demônio. Li e ouvi muitas histórias relativas aos judeus que estão de acordo com
este juízo do Cristo. Isto é, que envenenaram poços, assassinaram, seqüestraram crianças. Ouvi dizer que
um judeu mandou a outro judeu por intermédio de um cristão, um recipiente cheio de sangue, juntamente
com um barril de vinho no qual depois de bebido até o fim, encontrou-se um cadáver de um judeu.
Martin Luther - On the Jews and Their Lies, Translated by Martin H. Bertran, Fortress Press - Philadelphia
(1955)
Segue-se agora um extrato da Confissão de Conversão Obrigatória de um Judeu ao Cristianismo.
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Eu, aqui e agora, renuncio a todo rito e observância da religião judaica, detestando todas as suas mais
solenes cerimônias e dogmas, os quais outrora eu guardei e mantive. No futuro, eu não praticarei nenhum
rito ou celebração relacionada com essa religião, nem qualquer costume do meu erro passado,
prometendo não busca-la ou cumpri-la. [Eu] prometo nunca retornar ao vômito da superstição judaica.
Nunca mais eu realizarei nenhum dos ofícios das cerimônias judaicas as quais eu fui ligado, nem nunca
mais as apreciarem. [Eu] evitarei todo relacionamento com outros judeus, e manterei meu círculo de
amizades entre apenas outros cristãos. [Nós não] nos associaremos com os judeus amaldiçoados, que se
mantém sem batismo. Nós não praticaremos a circuncisão carnal, ou celebraremos a páscoa, os sábados,
ou outros dias de festas relacionadas com a religião judaica. Com relação à carne de porco, prometemos
observar a seguinte regra: De que se devido a um antigo costume, não somos capazes de come-la, não
iremos por melindre ou erro, recusar as coisas que são cozidas com ela. E se em todos os pontos tratados
acima fomos achados culpados de qualquer forma. [então] aqueles entre nós que forem achados
culpados, ou perecerão pelas mãos de nossos companheiros, por fogueira ou apedrejamento ou, [se
nossas vidas forem poupadas], perderemos imediatamente nossa liberdade, e vocês nos entregarão
juntamente com toda nossa propriedade a quem lhes convier para a escravidão perpétua. [Eu] renuncio a
toda adoração dos hebreus, à circuncisão, todos os seus legalismos, pão na levedado, a páscoa, o sacrifício
de cordeiros, as festas das semanas, os jubileus, as trombetas, a expiação, os tabernáculos, e todas as
outras festas hebraicas, seus sacrifícios, orações, aspersões, purificações, expiações, jejuns, sábados, luas
novas, comidas e bebidas. E [eu] renuncio a todo costume e instituição das leis judaicas. Em uma palavra,
eu renuncio a absolutamente tudo o que é judeu. Juntamente com os antigos, eu excomungo também os
rabinos chefe e os novos doutores malignos dos judeus. Se eu me desviar do caminho reto em qualquer
modo e profanar a santa fé, e tentar observar a qualquer rito da seita judaica, ou se eu enganar a vocês,
de qualquer forma, nos juramentos desse voto. Então que caiam todas as maldições da Lei sobre mim.
Caiam sobre mim, sobre minha casa, e todos os meus filhos, todas as pragas que feriram o Egito, e para o
horror de outros, que eu sofra em acréscimo, o destino de Data e Abirão, ou seja, que a terra me engula
vivo, e depois de eu ter sido privado desta vida, serei ainda entregue ao fogo eterno, na companhia do
diabo e seus anjos, compartilhando com os habitantes de Sodoma, e com Judas a punição do fogo; e
quando eu chegar diante do tribunal do temível e glorioso juiz, nosso Senhor Jesus Cristo, possa eu ser
contado naquela companhia a quem o glorioso e temível juiz, com semblante ameaçador dirá: Apartai vos
de mim, malditos para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.
A história comprova que, nós, judeus, continuamos rejeitando Iehoshua de Nazaré e o Cristianismo.
Por que?
Porque nós somos simplesmente judeus, vivemos o Judaísmo e temos nossas próprias convicções.
Quando nós, judeus, somos sistematicamente questionados por não aceitarmos Iehoshua de Nazaré,
respondemos com argumentos que, embora sejam bastante violentos, têm o objetivo de apenas
esclarecer a posição judaica.
Ao longo desta série de textos tornar-se-á inevitável, com esclarecimento histórico, que algumas
denominações religiosas se sintam atacadas.
Não depreciamos as outras religiões, pois respeitamos a todos e por esta razão o Judaísmo não faz
proselitismo como muitas denominações religiosas.
Para isto, vamos começar analisando o Novo Testamento.
O chamado Novo Testamento é constituído de 27 livretos dos quais, quatro, os Evangelhos, são supostos
relatos sobre a vida e os supostos ensinamentos de Iehoshua de Nazaré, 21 cartas, cuja autoria é atribuída
aos primitivos discípulos de Iehoshua de Nazaré, porém, a maioria teria sido ditada pelo apóstolo Paulo,
um judeu convertido posteriormente à seita dos nazarenos. Há um livro chamado de Atos dos Apóstolos,
relatando alguns fatos e atividades dos discípulos após a morte do seu líder, e um livro místico, chamado
Apocalipse. Tais livros formam o fundamento do Cristianismo e são apresentados à humanidade como a
última Palavra do Eterno, em substituição à Torá e aos Profetas. No entanto, a patente contradição do
chamado Novo Testamento com a Torá, por si só, já é suficiente argumento para refutar sua origem
Divina, pois está escrito:
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Vossa justiça é eterna é justiça eterna; e é firme a vossa Lei. (Salmo Hb119,142)
Assim, os cristãos devem concordar que qualquer luz de conhecimento posterior ao que foi revelado do
Sinai deve, necessariamente, concordar com os escritos do maior profeta do Eterno, Moshe Rabênu
(Moshe, nosso Mestre), sobre quem a mesma Torá declarou:
Não se levantou mais em Israel profeta comparável a Moisés, com quem o Senhor conversava face a face.
(Ninguém o igualou) quanto a todos os sinais e prodígios que o Senhor o mandou fazer na terra do Egito,
diante do faraó, de seus servos e de sua terra, nem quanto a todos os feitos e às terríveis ações que ele
operou sob os olhos de todo o Israel. (Torá Devarim) deuteronômio: 34,10-12).
Ver também Torá (Shemot 33,11 )êxodo e Torá (números)Bamidbar 12,6-8.
Quando este texto foi escrito, ressaltando a autoridade Divina, conferida a Moshê, de forma
preponderante, Israel ainda não existia como Estado.
Só mais tarde, portanto, o Eterno, inaugurou a era dos profetas.
A expressão não se levantou mais, no verbo passado, é dada como fato consumado e definitivo, a
ressaltar a impossibilidade de surgir, no futuro, um profeta mais qualificado do que Moshê.
A partir de então, todos os profetas do Eterno fundamentaram seus anúncios nas palavras que foram
reveladas a Moshe, subordinando-se à autoridade daquele que também foi considerado pela própria Torá
como o primeiro rei de Israel conforme escrito na Torá Devarim (Dt: 33,5.)
Existem centenas de fraudes no Novo Testamento quando comparado com a Torá, assim como, também
internamente, os Evangelhos, as Epístolas de São Paulo, os livros dos Atos dos Apóstolos e do Apocalipse
entram em contradição entre eles e quando a perspectiva profética do Tanach é posta em análise e
confronto com o entendimento dos autores do Novo Testamento.
É impossível não perceber, desde logo, que fraudes pessimamente arquitetada foram levadas a sério nos
escritos testamentários, pelo menos como atualmente conhecidos. Em razão da fé cega de muitos cristãos,
este assunto não é enfrentado como deve, salvo se por uns poucos teólogos de mente mais aberta, pois,
do contrário, seria posta em evidência a grande questão embutida neste cenário de erros grotescos, a
saber, que a figura de Iehoshua de Nazaré como mais um falso messias.
Urge esclarecer, desde logo, que podemos distinguir três etapas históricas na origem primitiva do
Cristianismo, todas excludentes entre si, dos ensinos propagados, tendo-se como paradigma a doutrina de
Iehoshua de Nazaré, como subtendida dos relatos evangélicos.
A primeira etapa é a própria seita dos nazarenos, também conhecida por O Caminho conforme escrito em
Atos dos Apóstolos 9,2; 19,9 e 22,4, a qual ainda se identificava com o Tanach, conforme esclarecido por
Paulo, após a sua "conversão" à seita, como está escrito em Atos dos Apóstolos 24,5 e 14; 26,22 e 28,23.
Aos poucos, porém, Paulo rompeu com os nazarenos, estabelecendo uma divisão teológica irreversível,
que, na prática deu origem ao Paulinismo (Segunda Etapa do Cristianismo), como está escrito em
I Coríntios 1,12-16. Paulo desafiou a autoridade dos primeiros apóstolos, como Pedro, a quem
considerava hipócrita, por apegar-se às tradições judaicas como está escrito em Gálatas 2,11-14.
Por fim, surgiu o Constatinismo (Terceira Etapa do Cristianismo), quando as mudanças estruturais
pregadas por Paulo encontraram o campo fértil para o sincretismo com as religiões greco-romanas, sendo
tal amálgama apresentado como a religião do nazareno, a qual espalhou-se pelo mundo, a partir de
Roma.
Neste sentido, registra-se que o Novo Testamento, tal como hoje é conhecido, não pode ser visto como
uma obra terminada dos primeiros discípulos de Jesus, mas como uma produção literária que foi forjada e
distorcida durante uma época de fortes contendas religiosas e políticas, tanto da parte do Império
Romano, em decadência naquela época, quanto da parte dos clérigos e autoridades religiosas, já
empenhadas em disputas pelo poder mundano. No Império Romano, é destacada a figura do Imperador
Constantino I,
O Grande, o imperador-sacerdote do deus-sol, ao qual eram dedicadas as festas saturnais do fim de ano
(pelo calendário romano) em que incluíam também o Natalis Solis Invicti (Dia do Nascimento do Sol
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Vitorioso), posteriormente comemorado também como o Natal ou Nascimento de Iehoshua, no dia 25 de
dezembro. Para enfatizar sua adoração a este deus, Constantino I, por meio do conhecido Edito de Milão
promulgado no dia 7 de março de 313, transferiu o culto dos cristãos primitivos (judeus seguidores de
Iehoshua - membros da seita dos nazarenos), ainda realizado no shabat, para o primeiro dia da semana,
então conhecido como Dia do Sol, posteriormente chamado de Domingo (em latim: Dia do Senhor) pelos
cristãos.
Dois marcos principais estão associados com o formato do Novo Testamento atualmente conhecido.
O Primeiro Marco foi Concílio de Nicéia, iniciado no ano de 325. Este concílio foi convocado pelo
imperador Constantino I, que o presidiu na sua abertura, mesmo sendo um pagão, pois jamais este
imperador converteu-se ao Cristianismo, conforme relato fantasioso da igreja romana.
Ele exerceu o cargo de sacerdote do deus-sol até que, no seu leito de morte, no ano de 337, o bispo de
Roma procedeu ao ritual de conversão, quando ele nem sequer podia manifestar-se sobre se esta era sua
vontade ou não. Neste concílio, foi aprovado, além da autoridade política dos bispos, o cânon do Novo
Testamento, quando foram rejeitadas centenas de escritos tidos por sagrados por muitos cristãos fora de
Roma e que eram compostos de relatos evangélicos, cartas dos apóstolos e também dos primeiros
discípulos, hoje rejeitados. Também naquela ocasião, por meio do voto, foi aprovada a divindade de
Iehoshua de Nazaré, que, a partir de então, passou a ocupar, oficialmente, o papel de segunda pessoa da
trindade, abrindo-se a partir daí a oportunidade para o estabelecimento do culto mariano.
Pois Maria, genitora de Iehoshua de Nazaré, logo seria alçada ao papel de Mãe do Criador, já que,
segundo esta doutrina, Iehoshua de Nazaré sendo Criador, sua genitora seria a mãe do Criador, como se
pode verificar ainda hoje em muitos cultos religiosos. Pela importância do papel do imperador
Constantino I,
O Grande, na formação da nova religião, que, na verdade, é uma fé essavita (oriunda de Essav, irmão de
Jacov, pai dos romanos e italianos), cujo objetivo é perseguir Israel, o Cristianismo pode ser chamado de
Constatinismo. Através do imperador Constantino I, O Grande, foi possível elencar, durante o Concílio de
Nicéia, as doutrinas principais da nova religião romana, de onde se espalharia pelo mundo, deixando um
rastro de sangue jamais visto até hoje. De forma ainda mais marcante, o Constatinismo é a religião do
Anti-judaísmo, como ficou bem claro no decorrer dos últimos dois mil anos, pois, para justificar sua
própria existência, a nova religião romana renegou as suas origens judaicas, oriundas dos seguidores de
Iehoshua de Nazaré, e decidiu destruir os judeus para que se consumasse o que ficou conhecido como
Teologia da Substituição. A premissa desta teologia é que uma vez que a igreja surgiu, ela deverá
substituir as sinagogas e, para isto, os judeus devem ser exterminados porque representam um entrave
para a supremacia do Cristianismo, conforme uma das passagens do Novo Testamento:
“Com efeito, irmãos, vós vos tornastes imitadores das igrejas de Deus que estão na Judéia, das igrejas de
Jesus Cristo. Tivestes que sofrer da parte dos vossos compatriotas o mesmo que eles sofreram dos judeus,
aqueles judeus que mataram o Senhor Jesus, que nos perseguiram, que não são do agrado de Deus, que
são inimigos de todos os homens, visto que nos proíbem pregar aos gentios para que se salvem. E com isto
vão enchendo sempre mais a medida dos seus pecados. Mas a ira de Deus acabou por atingi-los. (I
Tessalonicenses 2,14-16).”
Em uma nota marginal da Bíblia da Editora Ave Maria - Edição 119ª - Página 1512, em referência ao
versículo 16 desta passagem, está escrito: Atingi-los: porque os judeus eram agora rejeitados por Deus.
Esta teologia serviu de pretexto máxime pela mentira de que foram os judeus que assassinaram Iehoshua
de Nazaré, para respaldar a tese de ser a vontade do Eterno toda a sorte de perseguição aos judeus,
nestes quase vinte séculos da chamada Era da Graça do Cristianismo.
O Segundo Marco desta história deturpada pelos doutores em teologia da igreja romana, como bem
sabido dos estudiosos, está ligada ao Bispo Dâmaso (Papa Dâmaso), que determinou a São Jerônimo que
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iniciasse um procedimento a uma reforma do Novo Testamento, para eliminar os conteúdos judaicos,
retirando as possíveis dúvidas sobre a origem de Iehoshua, a quem nenhum livro de História daquela
época se referiu, e retirando passagens que retratassem a humanidade de Iehoshua. Em sua obra
intitulada Retractationis, Jerônimo confessa sua resistência em obedecer à ordem papal e principalmente
suas crises de consciência em ter cumprido uma missão que resultou no maior fraude do que aquela
perpetrada pelo Concílio de Nicéia. Sobre a farsa a que fora levada pela ordem papal, Jerônimo escreveu
ao Papa:
De velha Obra me obrigais a fazer nova Obra. “Quereis que, de alguma sorte, me coloque como árbitro
entre os exemplares das Escrituras que estão dispersos por todo mundo, e, como diferem entre si, que eu
distinga os que estão de acordo com o verdadeiro Texto Grego. É um piedoso trabalho, mas é também um
perigoso arrojo, da parte de quem deve ser por todos julgado, julgar ele mesmo os outros, querer mudar a
língua de um velho e conduzir à infância o mundo já envelhecido. Qual, de fato, o sábio e mesmo o
ignorante que, desde que tiver nas mãos um exemplar, depois de o haver percorrido apenas uma vez,
vendo que se acha em desacordo com o que está habituado a ler, não se ponha imediatamente a clamar
que eu sou um “sacrílego”, um falsário, porque terei tido a audácia de acrescentar, substituir e corrigir
alguma coisa nos antigos Livros? Um duplo motivo me consola dessa acusação: O primeiro é que Vós, que
sois o Soberano Pontífice, me ordenais que o faça; O segundo é que a verdade não poderia existir em
coisas que divergem, mesmo quando tivessem elas por si a aprovação dos maus.” (Consultar Obras de São
Jerônimo da autoria de León Denis).
Por isto, quando um cristão não estuda o Novo Testamento com o devido cuidado, o grau de sua
ignorância começa atingir grandes proporções. Para saber se o Novo Testamento é ou não de inspiração
divina, devemos comparar com a Revelação do Sinai, pois qualquer luz de conhecimento posterior ao que
foi revelado do Sinai deve, necessariamente, concordar com os escritos do maior profeta do Eterno, Moshe
Rabênu (Moshe, nosso Mestre), sobre quem a Torá declara:
Não se levantou mais em Israel profeta comparável a Moisés, com quem o Senhor conversava face a face.
(Ninguém o igualou) quanto a todos os sinais e prodígios que o Senhor o mandou fazer na terra do Egito,
diante do faraó, de seus servos e de sua terra, nem quanto a todos os feitos e às terríveis ações que ele
operou sob os olhos de todo o Israel. (Torá Devarim 34,10-12).Dt,
Foi assim que, depois de muitas distorções, o Novo Testamento transformou-se em uma coletânea de
textos contraditórios, espúrios, com acréscimos atualmente denunciados como invenções nas várias
versões das bíblias hodiernas, cujas edições atuais registram entre parêntesis ou em notas marginais a
denúncia de fraudes. É significativo analisar que, em razão de tais mentiras e embustes, um número
incalculável de seres humanos foi morto, ou assumiram o papel de mártires de uma fé cujas bases de
sustentação são o engodo, a credulidade, a falsificação de fatos históricos e a deturpação dos textos
sagrados dos judeus, utilizados de forma contraditória, o que serviu para prática de tramas e deboches.
Na verdade, os cristãos, sem perceberem que são vítimas de uma falsidade histórica, ainda admiram-se de
os judeus até hoje não aceitarem Iehoshua de Nazaré como seu Messias. Este cenário está mudando hoje,
pois muitos cristãos, especialmente os descendentes dos convertidos à força durante a Inquisição, os B’ney
Anussim, estão retornando para o Judaísmo através do estudo da Torá, a revelação dada aos judeus no
Sinai e do estudo dos livros proféticos (Torá (Dt) Devarim 4,5-8 e Tehilim (salmo)147,19-20).
A partir de agora vamos tornar conhecido do público o que o Cristianismo precisou fazer para sustentar a
sua fé decadente.
Para isto, deve ser lembrada a passagem de um discurso realizado por Paulo de Tarso em sua I Epístola
aos Coríntios:
Embora livre de sujeição de qualquer pessoa, eu me fiz servo de todos para ganhar o maior número
possível.
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Para os judeus fiz-me judeu, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da lei, fiz-me como se
eu estivesse debaixo da lei, embora o não esteja, a fim de ganhar aqueles que estão debaixo da lei.
Para os que não têm lei, fiz-me como se eu não tivesse lei, ainda que eu não esteja isento da lei de Deus –
porquanto estou sob a lei de Cristo -, a fim de ganhar os que não têm lei. Fiz-me fraco para os fracos, a fim
de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de salvar a todos. E tudo isso faço por causa do
Evangelho, para dele me fazer participante. (I Coríntios 9,19-23)
Desta forma, é possível entender as monstruosidades praticadas por fiéis, apologistas e líderes das igrejas
Cristãs em todo o mundo, pois torturaram e assassinaram milhões de pessoas. Assim, como ensina Paulo
de Tarso, elas fizeram de tudo para se manterem no poder. E, finalmente, é possível entender a origem
dos milhares de denominações religiosas cristãs espalhadas, ainda hoje, em todo o mundo.
Desejamos a todos os leitores que entendam que muito do que foi e ainda é ensinado contra a Torá, o
shabat, a alimentação kasher, as festas, as tradições etc, é oriundo de um ódio contra aquilo que possui
origem no Eterno, Bendito Seja. Começaremos o nosso estudo analisando as profecias presentes nos
escritos dos Evangelhos, pois os cristãos afirmam que tais escritos são Palavras de Salvação. Mas,
devemos salientar que aqueles que ensinam que o Antigo Testamento é uma preparação para o Novo
Testamento devem se lembrar que este último deve estar de acordo com o que foi previsto pelos profetas
de Israel, mas mostraremos que isto não é verdade. Para enriquecer este pensamento, devemos nos
lembrar de um dos discursos de Paulo de Tarso em sua II Epístola aos Coríntios:
Em posse de tal esperança, procedemos com total desassombro. Não fazemos como Moisés, que cobria o
rosto com um véu para que os filhos de Israel não fixassem os olhos no fim daquilo que era transitório.
Em conseqüência, a inteligência deles permaneceu obscurecida. Ainda agora, quando lêem o Antigo
Testamento, esse mesmo véu permanece abaixado, porque é só em Cristo que ele deve ser levantado. Por
isso, até o dia de hoje, quando lêem Moisés, um véu cobre-lhes o coração. Esse véu só será levantado
quando se converterem ao Senhor. Ora, o Senhor é Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade. Mas todos nós temos o rosto descoberto, refletimos como num espelho a glória do Senhor e nos
vemos transformados nesta mesma imagem, sempre mais resplandecentes, pela ação do Espírito do
Senhor. (II Coríntios 3,12-18)
Mostraremos que este véu não está posto sobre os olhos de nós, judeus, mas, ao contrário, tomaremos
passagens dos livros proféticos presentes nos Evangelhos que, a priori, parecem fazer alusão a Iehoshua
de Nazaré, mas que na realidade não fazem, e mostraremos, durante o nosso estudo, que são os cristãos
que possuem um imenso véu nos olhos. Para salientar isto citamos a continuação do discurso anterior de
Paulo de Tarso:
Por isso, não desanimamos deste ministério que nos foi conferido por misericórdia. Afastamos de nós todo
procedimento fingido e vergonhoso. Não andamos com astúcia, nem falsificamos a palavra de Deus.
Pela manifestação da verdade nós nos recomendamos à consciência de todos os homens, diante de Deus.
Se o nosso Evangelho ainda estiver encoberto, está encoberto para aqueles que se perdem, para os
incrédulos, cujas inteligências o deus deste mundo obcecou a tal ponto que não percebem a luz do
Evangelho, onde resplandece a glória de Cristo, que é a imagem de Deus. (II Coríntios 4,1-4)
Desta forma, nós, judeus, vamos mostrar, através dos Evangelhos, as passagens dos livros proféticos
presentes nos mesmos que foram incluídas fora de seu verdadeiro contexto para que se acreditasse na
messianidade e divindade de Iehoshua de Nazaré, representando, assim, autenticais falsificações.
Se esta atitude foi de fato um ato de fraude, distorção, malícia, desespero da parte dos autores dos
Evangelhos ou costume do povo da época que, ao produzirem seus escritos, desejavam mostrar ou provar
algo, não convém nesta obra questionar.
Outro objetivo deste estudo é tornar conhecido um engano cometido (ou até malícia) pelos cristãos de
uma forma geral: a de afirmarem que os judeus não aceitam Iehoshua de Nazaré devido aos dois mil anos
de perseguição cristã. Desta forma, apologistas cristãos ainda tentam remover do conhecimento público o
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real motivo da rejeição a Iehoshua de Nazaré por parte de nós, judeus: As fraudes presentes nos
Evangelhos.
Bibliografia
Martin Luther - On the Jews and Their Lies, Translated by Martin H. Bertran, Fortress Press - Philadelphia
(1955)
Manual de la Historia Judia – Desde los Origines hasta Nuestros Dias - Simon Dubnow - Translated by
Salomon Resnick – Editorial S. Sigal - 4ª Edition - Buenos Aires (1955) ISBN: ?????
Bíblia Sagrada - Editora Ave Maria - Edição 119ª
Mordechai Moré s’t(Marcos Moreira Da silva s,T) Presidente da fisba ( federação Israelita Sefaradita
benei Anussim)e Roshe(líder da sinagoga casa de Israel) da beit Israel são Paulo são Mateus.
A Resposta Judaica aos Missionários Messiânicos – Manual Antimissionário – Rabino Bentzion Kravitz
(Disponível na página http://www.jewsforjudaism.org/web/mainpages/handbook.html também em
língua portuguesa e no formato pdf)
Parte II - Estudo do Evangelho de Mateus
Estudo de Mateus 1,22-23 com referência a Yeshayáhu 7,14 (Josué)
Mateus 1,22-23 Tudo isto aconteceu para se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: Eis que a Virgem
conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 7,14), que significa: Deus conosco.
Isaías 7,14: Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o
chamará ‘Deus Conosco’.
Na análise desta passagem percebemos que ela não diz respeito a Iehoshua. Para uma melhor
compreensão e para que não haja dúvidas, precisamos discutir o início deste versículo, já que ele é sempre
omitido pelos apologistas cristãos. Como afirmado em Isaías 7,14, o Eterno prometeu que daria um sinal,
mas a quem daria e por quê? Para conhecer as respostas, recorremos às informações da própria Bíblia,
mais precisamente no Capítulo 7,1-9 do livro de Isaías. Naquela época, o Reino do Norte (Efraim) se aliou
a Rasin, rei de Arão em uma tentativa de se libertar do perigo assírio. Como o Reino do Sul (Judá) não
participou da coalizão entre o Reino do Norte e Arão, estes dois temeram que o Reino de Judá se tornasse
aliado da Assíria. Assim, eles resolveram atacar o Reino do Sul, para destronar o rei Acaz e colocar no seu
lugar o filho de Tabeel, rei de Tiro. Acaz, temendo ser cercado pelos exércitos adversários, efetuou uma
verificação da reserva de água da cidade de Jerusalém. Mas Isaías vai ao seu encontro e tranqüiliza o rei
Acaz, mostrando que não haverá perigo, pois continua válida a promessa de que a dinastia do rei Davi
será preservada, desde que se confie totalmente nas providências do Eterno. O sinal prometido a Acaz é o
seu próprio filho, do qual a rainha, uma jovem, está grávida. Este menino, que está para nascer, é o sinal
de que o Eterno continua permanecendo no meio do seu povo. Daí o nome Emanuel, que significa Deus
Conosco. Assim, de acordo com o contexto do Capítulo 7,1-9 do livro de Isaías, observamos que o Eterno
promete um sinal ao rei Acaz e este sinal é justamente o filho do próprio rei que está por nascer. Fora disto
é distorcer a interpretação do texto. Além disto, o desenrolar destes fatos foi uma previsão que se realizou
em pouco tempo, e não uma previsão para um acontecimento futuro bem longínquo, como ensinam os
apologistas cristãos, ao atribuírem tal profecia a Iehoshua de Nazaré, o qual surgiu pouco mais de 700
anos após estes acontecimentos. Vale ainda acrescentar que o nome Iehoshua significa Deus é Salvação,
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diferente do nome Emanuel, que significa Deus Conosco, que é o nome mencionado na profecia de Isaías
7,14, fato que o fanatismo cego, até hoje, não deixou que os cristãos percebessem. Ainda com relação ao
nome Emanuel, vale acrescentar ainda que este é o nome dado por Isaías a uma futura criança cujo
nascimento será, para o rei Acaz, o sinal da assistência divina, como afirmado em Isaías 7,14-17. A
interpretação deste oráculo deve estar ligada ao significado do nome e ao alcance que terá na conjuntura
daquele momento. O reino de Judá é ameaçado pelos sírios e efraimitas que, aliados, desejavam opor-se à
dinastia reinante, a mesma dinastia que também se beneficia das promessas feitas a Davi.
Em vez de dar crédito a estas promessas, Acaz pediu ajuda a Assíria, mas Isaías condenou este modo de
agir do rei e proclamou que o Eterno estaria presente, que Ele estaria do lado do Reino de Judá, ou seja,
que Ele Estaria Conosco. Deste modo, qual seria a criança cujo nascimento seria portadora de uma
mensagem como esta? Como seria para o rei, contemporâneo de Isaías, que o sinal seria dado, então o
nascimento anunciado deveria ocorrer proximamente. Esta criança foi Ezequias, como afirmado muitas
vezes, e com boas razões. Por outro lado, esta criança é descrita em uma linguagem poético-mítica,
concretamente irrealizável. O oráculo abre, portanto, uma perspectiva que segue além do rei em questão.
Devido a este oráculo, alguns judeus seguidores de Iehoshua, insatisfeitos com os reis históricos de Israel,
passaram a esperar por alguém que satisfizesse a esperança deles. Desta forma, Mateus, os seus
contemporâneos e os cristãos posteriores a eles reconheceram em Iehoshua de Nazaré aquele que
realizou plenamente o anúncio de Isaías 7,14, como está escrito em Mateus 1,23. Assim, concluímos que
Isaías 7,14 não se refere a Iehoshua, mas trata-se de um versículo transladado para a época de Iehoshua
por vontade dos seus próprios seguidores descontentes pelo fato do Mashiach ainda não ter aparecido.
Desta forma, os seguidores de Iehoshua se encarregaram de transportar o conteúdo do versículo de
Mateus 1,23 ao longo dos séculos distorcendo o real contexto histórico de tal forma que atropelou os
acontecimentos da época, versículo distorcido até os dias de hoje, uma distorção que os apologistas
cristãos desejam que os fiéis acreditem piamente como verdade.
Por último, vale acrescentar ainda que para estes apologistas a palavra virgem da profecia de Isaías
transformou-se na pessoa da Virgem Maria, uma mulher que, pelo Espírito Santo, concebeu
milagrosamente a Iehoshua de Nazaré (Mateus 1,23). A palavra hebraica em Mateus 1,23 traduzida por
virgem é encontrada também em Gênesis 24,43, Êxodo 2,8, Provérbios 30,19 e Cânticos dos Cânticos 1,3 e
6,8. Em todas estas passagens a palavra almah é traduzida como jovem solteira e casta, mas o termo
hebraico almah designa donzela ou jovem casada recentemente e nada mais além do que isto. Assim,
torna-se evidente a primeira fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 2,5-6 com referência a Miquéias 5,1
Mateus 2,5-6: Disseram-lhe: “Em Belém, na Judéia, porque assim foi escrito pelo profeta: E tu, Belém,
terra de Judá, não é de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que
governará Israel, meu povo” (Miq 5,2).
Miquéias 5,1-2: Mas tu, Belém Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim
aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do
longínquo passado.
Na análise desta passagem do Evangelho de Mateus percebemos a inclusão de uma passagem do texto de
Miquéias, que, fora do seu contexto, aplica-se muito bem aos propósitos dos interessados, mas o seu real
contexto é completamente diferente. Para resolver este problema, vamos prosseguir com os versículos de
2-5 do livro de Miquéias:
Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de seus
irmãos voltará para junto dos filhos de Israel. Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do
Senhor, com a majestade do nome do Senhor, seu Deus. Os seus viverão em segurança, porque ele será
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exaltado até os confins da terra. E assim será a paz. Quando o assírio invadir nossa terra e pisar nossos
terrenos, resistir-lhe-emos com sete pastores e oito príncipes do povo. Devastarão a terra da Assíria com o
gládio, e com a espada a terra de Nemrod. Assim nos salvará ele do assírio, quando este invadir nossa
terra e atacar nosso solo. (Miquéias 5,2-5)
A pessoa de quem se está falando é a que livrará o povo de Israel da Assíria. Embora o exame destas
passagens não revele o nome de quem irá dar à luz e quem nascerá para apascentar os israelitas, o mais
provável é que seja Ezequias, o filho do rei Acaz, Rei de Judá (721-693 a.e.c.), já que a profecia anterior,
Isaías 7,14, conforme constatamos, se refere a ele. Assim, torna-se evidente mais outra fraude no
Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 2,13-15 com referência a Hoshea 11,1( ósseias)
Mateus 2,13-15: Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: “Levantate, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar
o menino para o matar.” José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o
Egito. Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta:
Eu chamei do Egito meu filho (Os 11,1).
Oséias 11,1: Israel era ainda criança, e já eu o amava, e do Egito chamei meu filho.
Na análise desta passagem do livro de Oséias a explicação é que o Profeta Oséias compara a relação entre
o Eterno e Israel como a relação que existe entre Pai e Filho. Trata-se, na realidade, da libertação do povo
judeu (chamado de Israel), quando o Eterno, através de Moshê, removeu este povo da subjugação dos
egípcios. E para confirmar isto, devemos examinar os Oséias 11,2-11 :
Mas, quanto mais os chamei, mas se afastaram; ofereceram sacrifícios aos Baal e queimaram ofertas aos
ídolos. Eu, entretanto, ensinava Efraim a andar, tomava-o nos meus braços, mas não compreenderam que
eu cuidava deles. Segurava-os com laços humanos, com laços de amor; fui para eles como o que tira da
boca uma rédea, e lhes dei alimento. Ele voltará para o Egito e o assírio será seu rei, porque não quiseram
voltar-se para mim. A espada devastará suas cidades, destruirá seus filhos, que colherão assim o fruto de
suas obras. Meu povo é inclinado a separar-se de mim, convidam-no a subir para o Altíssimo, mas
ninguém procura elevar-se. Como poderia eu abandonar-te, ó Efraim, ou trair-te, ó Israel? Como poderia
eu tratar-te como Adama, ou tornar-te como Seboim? Meu coração se revolve dentro de mim, eu me
comovo de dó e compaixão.
Não darei curso ao ardor de minha cólera, já não destruirei Efraim, porque sou Deus e não um homem,
sou o Santo no meio de ti, e não gosto de destruir. Eles seguirão ao Senhor, que rugirá como um leão; ao
seu rugido tremerão os filhos do ocidente; os egípcios tremerão como uma ave, e os assírios, como uma
pomba. Eu os farei habitar em suas casas – oráculo do Senhor. (Oséias 11,2-11).
Na narrativa que acabamos de examinar, o discurso está sendo dirigido ao povo de Israel. Assim, o autor
da passagem de Mateus 2,13-15 modificou completamente o conteúdo de Oséias 11,1 pricipalmente no
sentido que se deve dar à expressão meu filho, mas isto parece ter sido proposital, para induzir a idéia de
que é a respeito de Iehoshua de Nazaré de quem fala Oséias 11,1, já que era este um dos objetivos de seus
seguidores. Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 2,16-17 com referência a Yrmiáhu 31,15(Jeremias)
Mateus 2,16-17: Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e
mandou massacrar em Belém e nos arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o
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tempo exato que havia indagado dos magos. Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Em
Rama se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos, não quer consolação,
porque já não existem! (Jer 31,15).
O que quer dizer Mago?
Segundo o dicionário Aurélio, mago quer dizer,antigo sacerdote, entre os medos e persas, o que pratica a
magia; mágico, bruxo.
Eu pergunto o que os magos estavam fazendo no nascimento de um santo “Jesus” não seria isto a
indicação de paganismo?
Jeremias 31,15: Eis o que diz o Senhor: ouvem-se em Rama uma voz, lamentos e amargos soluços.
É Raquel que chora os filhos, recusando ser consolada, porque já não existem.
De acordo com a nota marginal da Bíblia Sagrada -Editora Ave Maria - Edição 119ª, página 1078, trata-se,
figuradamente, de Raquel, mãe de Benjamim e, por José, avó de Efraim e Manasses quem chora os
homens destas tribos que foram levados para o exílio. Segundo esta referência, este trecho é citado em
Mateus 2,18 por acomodação à dor das mulheres, cujos filhos Herodes ordenou que fossem massacrados.
Devemos observar que a expressão por acomodação denuncia que não é o sentido original do texto, mas
trata-se da vivência do exílio dos judeus na Babilônia. Este era o motivo do choro de Raquel, portanto, não
há relação com uma profecia a respeito da morte das crianças na época de Iehoshua de Nazaré. Assim,
outra passagem dos livros proféticos foi transportada ao longo dos séculos até ser encaixada em um fato
semelhante, que, neste caso, foi o massacre ordenado por Herodes. Assim, torna-se evidente mais outra
fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 2,21-23 sem referência aos livros proféticos
Mateus 2,21-23: José levantou-se, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel. Ao ouvir, porém,
que Arquelau reinava na Judéia, em lugar de seu pai Herodes, não ousou ir para lá. Avisado divinamente
em sonhos, retirou-se para a província da Galiléia e veio habitar na cidade de Nazaré para que se
cumprisse o que foi dito pelos profetas: Será chamado Nazareno.
Quais profetas predisseram que o Mashiach seria chamado de Nazareno? Nenhum profeta predisse isto.
Como é possível, então, citar uma profecia que não existe? Como já falamos anteriormente, existe uma
nítida preocupação em citar passagens dos livros proféticos na tentativa de identificar Iehoshua de Nazaré
como Mashiach. Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 3,1-3 com referência a Yeshayáhu 40,3(Josué)
Mateus 3,1-3: Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia. Dizia ele: “Fazei
penitência porque está próximo o Reino dos Céus.” Este é aquele de quem falou o profeta Isaías, quando
disse: Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas (Is 40,3).
Isaías 40,3: Uma voz exclama: “Abri no deserto um caminho para o Senhor, traçai reta na estepe uma
pista para nosso Deus.”
A passagem de Isaías 40,3 é bem compreendida a partir do versículo, o qual nos informa a quem se refere
esta passagem. Vejamos:
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Consolai, consolai meu povo, diz vosso Deus. Animai Jerusalém, dizei-lhe bem alto que suas lidas estão
terminadas, que sua falta está expiada, que recebeu da mão do Senhor, pena dupla por todos os seus
pecados. Uma voz exclama: “Abri no deserto um caminho para o Senhor, traçai reta na estepe uma pista
para nosso Deus. Que todo vale seja aterrado, que toda montanha e colina sejam abaixadas: que os cimos
sejam aplainados, que as escarpas sejam niveladas!” Então a glória do Senhor manifestar-se-á; todas as
criaturas juntas apreciarão o esplendor, porque a boca do Senhor o prometeu. (Isaías 40,1-5)
Como sabemos, Isaías é considerado o maior profeta do Tanach, o profeta da Justiça. Nascido por volta do
ano de 760 a.e.c., de uma família nobre originária do Reino de Judá, foi chamado pelo Eterno no ano de
740 a.e.c. para anunciar profecias, que exerceu durante cinqüenta anos. O livro de Isaías compõe-se de
duas partes. Os capítulos de 1 a 39 contêm freqüentes alusões a Isaías e ao seu tempo e se encaixam
perfeitamente no ambiente dos acontecimentos dos reinados de Osias, Joatão, Acaz e de Ezequias,
conforme identificado em II Reis 15-24. Os capítulos de 40 a 66 fazem referência a uma época posterior.
Nestes capítulos, identificamos que o profeta se dirige aos israelitas deportados ou já reintegrados em sua
pátria após dominação sob os assírios. Durante esta investida, Isaías se insurgiu contra a idolatria,
ameaçou ricos e poderosos e elevou a sua voz contra os hipócritas e todos aqueles que se comportavam
de forma frívola. Com grande veemência ele chamou o povo ao arrependimento e às práticas dos
preceitos judaicos. É aí então que ele convoca todos os israelitas a abrir um caminho para o Senhor. Assim,
está provado que a referência a Isaías 40,3, como apresentada em Mateus 3,1-3, não possui ligação
alguma com João Batista. Na realidade trata-se de uma convocação ao arrependimento feita por Isaías e
que é dirigida aos israelitas. Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 4,12-16 com referência a Yeshayáhu 9,1(Josué)
Mateus 4,12-16: Quando, pois, Jesus ouviu que João fora, retirou-se para a Galiléia. Deixando a cidade de
Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, à margem do lago, nos confins de Zabulon e Neftali, para que se
cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: A terra de Zabulon e de Neftali, região vizinha ao mar, a terra
além do Jordão, a Galiléia dos gentios, este povo, que jazia nas trevas, viu resplandecer uma grande luz; e
surgiu uma aurora para os que jaziam na região sombria da morte (Is 9,1).
Isaías 9,1: O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região
tenebrosa resplandeceu uma luz.
Para entendermos Isaías 9,1 precisamos estudar as passagens de Isaías 8,23-9,6. Nesta passagem consta
que no ano de 732 a.e.c., o rei da Assíria tomou os territórios da Galiléia e adjacências, incluindo Zabulon
e Neftali. O povo do Reino do Sul temia o avanço assírio, mas o profeta Isaías mostrou que o Eterno
libertaria os oprimidos e traria a paz. O que levou Isaías a esta luminosa esperança foi o nascimento do
Emanuel (Isaías 7,14), que foi Ezequias, o filho herdeiro do rei Acaz. O profeta Isaías previu um chefe
sábio, fiel ao Eterno, de reinado duradouro e pacífico. Com esta atitude, Isaías ajudou a perpetuar a
dinastia do rei Davi, a qual se estendeu até às regiões dominadas pela Assíria e organizou uma sociedade
fundada no direito e na justiça. Assim, como já discutimos anteriormente, a passagem de Isaías 9,1 trata
de Ezequias, filho do rei Acaz, e não de Iehoshua de Nazaré. Ao citar Isaías 9,1, não houve nenhuma
preocupação em se analisar o contexto da frase, pois isto é fundamental para o entendimento dela. Vale a
pena acrescentar, mais adiante, nos versículos de Isaías 9,1-6, que a expressão porque um menino nos
nasceu evidencia tudo o que foi explicado anteriormente, pois esta passagem não se refere a Iehoshua,
mas a uma outra pessoa, que é a mesma pessoa de nome Emanuel, conforme Isaías 7,14. Assim, torna-se
evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 8,14-17 com referência a Yeshayáhu 53,4(Josué)
Mateus 8,14-17: Foi então Jesus à casa de Pedro, cuja sogra estava de cama, com febre. Tomou-lhe a mão,
e a febre a deixou. Ela levantou-se e pôs-se a servi-los. Pela tarde, apresentaram-lhe muitos possessos de
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demônios. Com uma palavra expulsou ele os espíritos e curou todos os enfermos. Assim se cumpriu a
predição do profeta Isaías: Tomou as nossas enfermidades e sobrecarregou-se dos nossos males (Is 53,4).
Isaías 53,4: Em verdade ele tomou sobre si, nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós
o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado.
A análise da passagem de Isaías 53,4 somente pode ser realizada através do estudo dos versículos de
Isaías 52,13–53,12. Neste estudo, apresentar o servo sofrendo pelos pecados da humanidade como sendo
uma referência ao Mashiach, como, é claro, ensinaram os primeiros cristãos, que acreditavam ser
Iehoshua o referido Mashiach (Atos dos Apóstolos 8,35-37) é distorcer as Escrituras. Em seu processo
contínuo de distorcer as Escrituras, os apologistas cristãos ensinam que só a partir do século XII é que
surgiu a opinião de que a palavra meu servo em Isaías 52,13 se refere à nação de Israel, e que esta passou
a ser interpretação dominante no Judaísmo. Segundo eles, a expressão meu servo é diferente da
expressão meu povo que aparece em Isaías 53,8. Segundo estes apologistas trata-se de uma pessoa ou de
uma vítima inocente, o que não significa toda a nação israelita. Tal argumento surge devido à passagem
de Isaías 53,9, passagem que fala de alguém que foi sepultado ao lado de facínoras. Interessante que
querem, de todas as maneiras, distorcer o texto para aplicá-lo a Iehoshua de Nazaré, quando, na
realidade, se refere especificamente à nação de Israel. Também encontramos que os capítulos de 40 a 55,
escritos na época do exílio na Babilônia são apresentados mensagens de esperança e consolação a Israel.
Nas passagens destes capítulos, o fim do exílio é visto como um novo êxodo e, como ocorreu no primeiro,
o Eterno foi o condutor e a garantia desta nova libertação. O povo judeu oprimido é denominado Servo do
Eterno, expressão que reforça mais ainda o caráter judaico da interpretação desta passagem e derruba
por terra a interpretação cristã. Vale apena acrescentar que a palavra servo é utilizada em outras
ocasiões, como por exemplo, em Isaías 42,1-4; 49,1-6; 50,4-9 e 52,13-53,12. Nestes versículos é descrita a
vocação de Israel como servo do Eterno. Os autores do Novo Testamento viram no servo, por excelência,
os sofrimentos e a morte de Iehoshua como remissão para os pecados. Ora, entender tal passagem como
sendo aplicada a Iehoshua não significa que a profecia seja a respeito dele. Quanto ao fato da palavra
servo se referir a uma pessoa em particular, tomamos como exemplo Ciro, rei da Pérsia. Na passagem de
Isaías 44,28 ele é intitulado Pastor, e, mais especificamente, em Isaías 45,1 ele é intitulado Ungido. Diante
destas informações os autores do Evangelho de Mateus atribuíram estes títulos a Iehoshua de Nazaré,
pois estes autores escreveram o que lhes interessava. Como afirmamos anteriormente, os seguidores de
Iehoshua se encarregaram de incluir, ao longo dos séculos, o conteúdo de alguns versículos dos livros
proféticos para o Novo Testamento, distorcendo o real contexto histórico e atropelando os
acontecimentos históricos da época. Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 11,7-10 com referência a Malachim 3,1(malaquias)
Mateus 11,7-10: Tendo eles partido, disse Jesus à multidão a respeito de João: “Que fostes ver no deserto?
Um caniço agitado pelo vento? Que fostes ver, então? Um homem vestido com roupas luxuosas? Mas os
que estão revestidos de tais roupas vivem nos palácios dos reis. Então porque fostes para lá? Para ver um
profeta? Sim, digo-vos eu, mais que um profeta. É dele que está escrito: Eis que eu envio meu mensageiro
diante de ti para te preparar o caminho (Mal 3,1).
Malaquias 3,1: “Vou mandar o meu mensageiro para preparar o meu caminho. E imediatamente virá ao
seu templo o Senhor que buscais, o anjo da aliança que desejais. Ei-lo que vem – diz o Senhor dos
exércitos.
A análise desta passagem é realizada com um comentário que consta em uma nota marginal da Bíblia
Sagrada – Editora Ave Maria, página 1282. Segundo este comentário, a passagem de Malaquias 3,1 se
refere à vinda do Mashiach que, tomando posse da Cidade Santa, põe fim a todos os distúrbios. Logo em
seguida, a referida nota convida o leitor a estudar os versículos de Mateus 11,10; Marcos 1,2 e Lucas 7,27.
Diante destas informações, algumas perguntas são inevitáveis: Em que passagen do Novo Testamento
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está narrado que Iehoshua de Nazaré toma posse da Cidade Santa? Se ele tomou posse desta cidade, o
que fez depois? Estabeleceu algum governo? Em que passagen do Novo Testamento está narrado que
Iehoshua de Nazaré põe fim a algum distúrbio? Após a sua morte cessou algum distúrbio em Israel? Por
outro lado, o livro de Malaquias inicia com oráculos dirigidos a todo o Israel através do Profeta
Malaquias. É comumente admitido que estes oráculos foram pronunciados durante os anos que
precederam imediatamente a vinda de Neemias (ano de 444 a.e.c.). Em seus oráculos, Malaquias fala do
amor do Eterno e explica que Ele não está sendo generoso em bênçãos por causa de negligências dos
sacerdotes, do desrespeito à santidade do matrimônio, ou seja, casamentos mistos, divórcios, e também
por causa da falta de pagamento dos dízimos e etc. A ação de Malaquias preparou a grande reforma
efetuada por Neemias. Para entender isto é necessário nos reportar ao tempo do sacerdote e escriba
Esdras.
O livro de Esdras, cujo nome significa O Senhor Ajuda, deriva do seu título do personagem principal dos
capítulos 7-10. Não é possível saber com certeza se foi o próprio Esdras quem compilou o livro ou se foi um
editor desconhecido. A opinião conservadora e geralmente aceita é de que Esdras tenha compilado ou
escrito este livro juntamente com os livros I e II Crônicas e Neemias. A Bíblia hebraica reconhece os livros
de Esdras e Neemias como um único livro. Ele liderou o segundo dos três grupos que retornaram da
Babilônia para Jerusalém. Como homem devoto, estabeleceu firmemente o estudo da Torá como a base
de fé do povo judeu (Esdras 7,10). O próprio Esdras foi sacerdote e escriba das palavras da Tora e dos
mandamentos do Eterno (Esdras 7,11). As obras de Esdras cobrem um período de pouco mais de 80 anos.
O primeiro período (Capítulos 1-6) com duração de cerca de 23 anos e tem como tema o primeiro grupo
que retorna do exílio sob Zorobabel e a reconstrução do Templo. Depois de mais de 60 anos de cativeiro
babilônico, o Eterno despertou no coração de Ciro, rei da Pérsia, o desejo de publicar um edito em que
dizia que todo judeu, que assim desejasse, poderia retornar à Jerusalém a fim de reconstruir o Templo e a
cidade. Um grupo de fiéis respondeu a este desejo e partiu no ano de 538 a.e.c. sob a liderança de
Zorobabel. A construção do Templo foi iniciada, mas a oposição dos habitantes não judeus desencorajou o
povo, e a obra foi interrompida. O Eterno, então, suscitou os profetas Ageu e Zacarias, que convocaram o
povo para completar a obra. Embora bem menos esplêndido do que o Templo de Salomão, a reconstrução
do Segundo Templo foi completada e o mesmo foi dedicado no ano de 515 a.e.c. O segundo período
iniciou aproximadamente 60 anos depois (ano de 458 a.e.c.), quando outro grupo de exilados retornou à
Jerusalém liderado por Esdras (Capítulos 7-10). Eles foram enviados pelo rei persa Ataxerxes, com somas
adicionais de dinheiro e valores para intensificar o culto no Templo. Esdras também foi comissionado para
escolher líderes em Jerusalém para supervisionar o povo. Já em Jerusalém, Esdras efetuou a reforma
espiritual, que durou cerca de um ano. Depois disto, viveu, provavelmente, com um influente cidadão até
à época de Neemias. O escriba Esdras encontrou um Israel que tinha adotado muito das práticas dos
habitantes pagãos. Durante sua missão, ele chamou Israel ao arrependimento e a uma renovada
submissão aos mandamentos da Torá, a ponto de os judeus se divorciarem de suas esposas pagãs.
Duas grandes mensagens emergem do livro de Esdras, a saber, a fidelidade do Eterno e a infidelidade do
homem à Sua Palavra. O Eterno havia prometido através do Profeta Jeremias (Jeremias 25,12) que o
cativeiro babilônico duraria setenta anos. No momento apropriado, cumpriu fielmente a sua promessa e
induziu Ciro, rei da Pérsia, a publicar um edito que permitia o retorno dos exilados (Esdras 1,1-4).
Concedeu autorização para que os exilados fizessem retomar os bens que haviam sido saqueados do
Templo de Salomão (Esdras 1,5-10). Quando o povo desanimou por causa da zombaria dos inimigos, o
Eterno fielmente levantou Ageu e Zacarias para encorajar o povo a completar a obra. Apesar do seu
retorno e das promessas divinas, o povo se deixou influenciar pelos seus inimigos e desistiu
temporariamente (Esdras 4,24). O estímulo dos profetas trouxe resultados (Esdras 5,1-2). Finalmente,
quando o povo se desviou das verdades da sua apalavra, o Eterno fielmente enviou Esdras para instruir o
povo na verdade, chamando-o ao arrependimento e à confissão dos pecados (Esdras 9-10). A fidelidade do
Eterno é contrastada com a infidelidade do povo. Posteriormente, depois de completada a obra, de forma
que pudesse adorar ao Eterno em seu próprio Templo (Esdras 6,16-22), o povo se tornou desobediente aos
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mandamentos de Deus (Esdras 9,1-2). Contudo a fidelidade do Eterno triunfou em cada situação. A obra
de Esdras pode ser vista claramente na sua ação em cumprir os desígnios divinos.
O nome Neemias, cujo significado é O Eterno Conforta, deriva do seu personagem principal, que aparece
em Neemias 1,1. Neemias expressa o lado prático, a vivência diária da nossa fé em Deus. Esdras havia
conduzido o povo a uma renovação espiritual. A primeira seção do livro de Neemias (Neemias 1-7) narra a
oração de Neemias, o retorno de Neemias à Jerusalém, a reconstrução das muralhas de Jerusalém e as
dificuldades encontradas terminar a obra, as intrigas contra Neemias e o recenseamento dos repatriados.
Durante o período da reconstrução das muralhas, os que estavam comprometidos, guiados por este líder,
venceram a zombaria (Neemias 2,19-20), o despeito (Neemias 3,10), as dificuldades (Neemias 4,6) e as
ameaças de agressão física (Neemias 4,16-17). A segunda seção do livro de Neemias (Neemias 8-10) é
dirigida ao povo que vivia dentro dos muros. A aliança foi renovada e os inimigos que moravam na cidade
foram expulsos. Para guiar o povo de Israel, foi escolhido Esdras, um homem de coração reto e com uma
visão acurada dos temas em questão, o qual inicia a leitura solene da Torá. Na última seção (Neemias 1113), o povo retornou a Torá, enquanto Neemias trabalhava junto com Esdras. Como governador durante
este período, Neemias usou a influência do seu cargo para apoiar a Esdras e exercer uma liderança
espiritual.
A primeira imagem de Neemias surge quando ele exerce a função de copeiro na corte de Artaxerxes, rei da
Pérsia. Um copeiro tinha uma posição de grande confiança como conselheiro do rei e a responsabilidade
de proteger o rei contra envenenamento. Embora Neemias desfrutasse do luxo do palácio, o seu coração
estava em Jerusalém. A oração, o jejum, a qualidade de liderança, a poderosa eloqüência, as habilidades
organizacionais, a confiança nos planos divinos, a rápida e decisiva resposta aos problemas, qualificavam
Neemias como um grande líder e como um grande homem. Nas escrituras, o livro de Neemias forma uma
unidade com Esdras. Muitos estudiosos consideram Esdras como o autor e compilador do livro de Neemias
bem como dos livros I e II Crônicas. A história iniciada no livro de Esdras, se completa no livro de Neemias.
Neemias, que serviu duas vezes como governador da Judéia, deixou a Pérsia para realizar a sua primeira
missão no vigésimo ano de Artaxerxes I, rei da Pérsia, que reinou de 465 até 424 a.e.c. (Neemias 2,1). Ele
retornou à Pérsia no trigésimo segundo ano de reinado de Artaxerxes (Neemias 13,6) e, pouco tempo
depois, retornou novamente para Jerusalém (Neemias 13,7). O período histórico narrado nos livros de
Esdras e Neemias é de pouco mais de 110 anos. O período de reconstrução do Templo sob Zorobabel,
inspirado pela pregação de Zacarias e Ageu, foi de 21 anos. Sessenta anos mais tarde, Esdras causou um
despertar religioso ao povo e promoveu um ensino adequado sobre o culto no Templo. Treze anos mais
tarde, Neemias veio pra construir os muros da cidade de Jerusalém.
Quando Neemias e outros patriotas judeus retornaram à Jerusalém, a cidade estava em total ruína. As
muralhas tinham sido derrubadas, os portões retirados, os habitantes estavam sem proteção contra os
inimigos. Naquela época, os distúrbios em Jerusalém eram roubos, assaltos e pilhagens de todo tipo. Os
inimigos de Israel possuíam domínio total sobre Jerusalém devido à apostasia de Israel, e à desobediência
a Torá. Devido a isto, o Eterno suscitou a Neemias, filho de Helquias, para restaurar a cidade de Jerusalém
e o Judaísmo. Ao ver a aflição e a vergonha que o povo de Israel estava sofrendo, Neemias pôs-se a
chorar, permaneceu vários dias desconsolado, jejuou e orou diante do Eterno, Bendito Seja, confessando
os pecados de Israel (Neemias 1,4-11). Este homem sabia que para haver tal restauração seria necessário
haver uma muralha de verdade, segura e protetora cercando a cidade de Jerusalém.
As únicas manifestações observadas após a chegada de Neemias foram homens e mulheres com picaretas
e pás nas mãos para efetuarem o árduo trabalho de reedificação e restauração das muralhas e portas da
cidade. E Neemias conduzia a tudo isto. Esta obra de restauração se iniciou no momento em que Neemias
assumiu o comando desta restauração. O Eterno concedeu a Neemias uma poderosa capacidade de
restauração dos muros e das portas de Jerusalém a ponto da obra ser concluída em 52 dias. Ele foi o
restaurador não só dos muros e das portas da cidade de Jerusalém, mas das casas, do Templo e das
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famílias quando os judeus estavam cativos sob o domínio de Artaxerxes. Em tudo quanto fez teve êxito.
Ele envolveu de forma organizada as famílias judias em seu projeto de restauração.
O Profeta Malaquias já havia profetizado (Malaquias 2,1-9) sobre o que iria acontecer de terrível caso o
povo de Israel continuasse cometendo transgressões. Em Malaquias 3,1, o Eterno promete que enviará o
seu mensageiro para preparar o caminho da futura restauração que haveria de ocorrer em Jerusalém:
“Vou mandar o meu mensageiro para preparar o meu caminho. E imediatamente virá ao seu templo o
Senhor que buscais, o anjo da aliança que desejais. Ei-lo que vem – diz o Senhor dos exércitos.”
Como mencionado anteriormente, a ação de Malaquias preparou a grande reforma efetuada por
Neemias. Tendo em vista os seus grandes feitos, ele é visto como uma espécie de Mashiach. Portanto, é
Neemias a quem se refere Malaquias 3,1, e não a João Batista. Desta forma, ou o autor de Mateus
transferiu a missão concretizada por Neemias para João Batista ou Iehoshua de Nazaré tentou, diante do
povo, fazer João Batista se passar por Neemias e, desta forma, Iehoshua obteve crédito diante deles.
Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 12,14-17 com referência a Yeshayáhu 42,1-4I (saias)
Mateus 12,14-17: Os fariseus saíram dali e deliberaram sobre os meios de matá-lo.
Jesus soube disso e afastou-se daquele lugar. Uma grande multidão o seguiu, e ele curou todos os seus
doentes. Proibia-lhes formalmente falar disso, para que se cumprisse o anunciado pelo profeta Isaías: Eis
o meu servo a quem escolhi, meu bem amado em quem minha alma pôs toda a sua afeição.
Farei repousar sobre ele o meu Espírito e ele anunciará a justiça aos pagãos. Ele não disputará, não
elevará sua voz; ninguém ouvirá sua voz nas praças públicas. Não quebrará o caniço rachado, nem
apagará a mecha que ainda fumega, até que faça triunfar a justiça. Em seu nome as nações pagãs porão
sua esperança (Is 42,1-4).
Isaías 42,1-4: Eis o meu servo que eu amparo, meu eleito ao qual dou toda a minha afeição, faço repousar
sobre ele meu espírito, para que leve às nações a verdadeira religião. Ele não grita, nunca eleva a voz, não
clama nas ruas. Não quebrará o caniço rachado, não extinguirá a mecha que ainda fumega. Anunciará
com toda a franqueza a verdadeira religião; não desanimará, nem desfalecerá, até que tenha
estabelecido a verdadeira religião sobre a terra, e até que as ilhas desejem seus ensinamentos.
Muitos concentram suas pesquisas na expressão meu servo, como aplicação exclusiva a Iehoshua.
Entretanto, vários outros personagens bíblicos também foram chamados de meu servo, como por
exemplo, Abraham, Moshê, Caleb, Davi, Naamã, o próprio Isaías, Eliacim, Nabucodonosor, rei de
Babilônia, Zorobabel e Jó. Notemos que a expressão meu servo, conforme já discutimos, também é
atribuída ao próprio povo de Israel. Por outro lado, o servo é a grande novidade que o Eterno prepara o
escolhido que, graças ao Seu Espírito, recebe a missão de transformar uma sociedade conforme a justiça e
o direito. Ele não submeterá os fracos ao seu domínio, mas o seu agir acabará produzindo uma
transformação radical. Nas passagens de Isaías 42,1-4,5-9; 49,1-6; 50,4-11 e 52,13-53,12 estão inseridas
versículos que mencionam a palavra servo. Estes versículos apresentam o servo como alguém perfeito
enviado pelo Eterno, que reunirá o seu povo e será a luz das nações, que ensinará a verdadeira religião e
será glorificado por Ele. Estas passagens estão incluídas entre as mais estudadas dos livros proféticos, e
não existe acordo nem quanto à sua origem nem quanto ao seu significado, o que faz com que
identificação do servo seja muito discutida. Muitas vezes ele é interpretado como toda a comunidade de
Israel, mas as características individuais deste servo são muito detalhadas e, devido a isto, outros
exegetas, que formam atualmente a opinião de uma maioria, reconhecem nele um personagem histórico
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do passado ou do presente. Nesta perspectiva, a opinião mais atraente é a que identifica o servo com o
próprio profeta Isaías. Seja como for, uma interpretação que se limitasse ao passado ou ao presente não
explicaria suficientemente os textos. Por outro lado, como o servo também trás a libertação buscada pelos
judeus sempre que se encontravam em cativeiro, então os seguidores de Iehoshua de Nazaré viram nele
esta pessoa. Desta forma, os apologistas cristãos diante da expressão meu servo sempre a identificam
como referente exclusivamente a Iehoshua de Nazaré, tendo em vista o seu sofrimento na cruz. Assim,
torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 13,13-15 com referência a Yeshayáhu 6,8-10(Josué)
Mateus 13,13-15: Eis por que lhes falo em parábolas: para que, vendo, não vejam, e, ouvindo, não ouçam
nem compreendam. Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo profeta Isaías: Ouvireis com vossos
ouvidos e não entendereis, olhareis com vossos olhos e não vereis, porque o coração deste povo se
endureceu: taparam os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para que seus olhos não vejam e seus
ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda; para que não se convertam e eu os sare (Is 6,9s).
Isaías 6,8-10: Ouvi então a voz do Senhor que dizia: “Quem enviarei eu? E quem irá por nós?” – “Eis-me
aqui, disse eu, enviai-me.” - “Vai, pois, dizer a esse povo, disse ele: Escutai, sem chegar a compreender,
olhai, sem chegar a ver. Obceca o coração desse povo, ensurdece-lhe os ouvidos, fecha-lhe os olhos, de
modo que não veja com seus olhos, não ouça com seus ouvidos, não compreenda nada com seu espírito. E
não se cure de novo.”
Esta passagem de Isaías se refere a ele mesmo no início de sua vocação profética. Conforme é
comprovado em Gênesis 12,1-4, a disponibilidade e fé de Isaías lembra a disponibilidade e fé de Avraham
e contrasta com as hesitações de Moshê, conforme registrado em Êxodo 4,10-12 e, sobretudo, conforme
Jeremias 1,6. A pregação do profeta resultará na incompreensão do povo israelita. O Eterno não deseja
esta incompreensão, mas Ele a utilizará para atingir os seus objetivos. Esta passagem mostra o pecado do
povo israelita e a aproximação do julgamento divino. Devemos também comparar estas passagens de
Isaías com o endurecimento do coração do faraó, conforme Êxodo 4,21 e Êxodo 7,3. Assim, torna-se
evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 13,34-35 com referência ao Salmo Hb 78,2
Mateus 13,34-35: Tudo isso disse Jesus à multidão em forma de parábola. De outro modo não lhe falava,
para que se cumprisse a profecia: Abrirei a boca para ensinar em parábolas; revelarei coisas ocultas desde
a criação (Sal 78:2).
Salmo Hb 78,2,3,4: Abrirei os lábios, pronunciarei sentenças, desvendarei os mistérios das origens.
No Salmo Hb 78 Asaf recorda a história antiga da nação israelita para advertir as gerações futuras contra
a repetição da infidelidade. Ele convida o povo de Israel (versículos 1-11) a recordar as maravilhas
operadas pelo Eterno no deserto (versículos de 12-39), a ingratidão deste povo durante o Êxodo (versículos
de 40-55) e a sua infidelidade durante o período dos Juízes (versículos 56-72). Novamente encontramos
uma aplicação fora do contexto, pois os apologistas cristãos ensinam que esta frase se refere a uma
profecia referente a Iehoshua de Nazaré. Ora, nem mesmo disto o texto trata. A explicação dos versículos
1 e 2 deste salmo é que trata-se de uma instrução que ensina o povo a viver para o Eterno. Não é, porém,
uma instrução direta. De fato, os acontecimentos estão escritos na forma de parábolas, as quais exigem
algum estudo para se captar o sentido delas. Tal sentido faz da história um enigma, mas é preciso
perceber que a história é o processo através do qual o Eterno age conduzindo o povo judeu para a
liberdade e a vida. Isto não possui ligação nenhuma com o fato de Iehoshua de Nazaré ter falado em
parábolas. Assim, fica claro que não se trata de uma profecia e nem sobre Iehoshua de Nazaré. A análise
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desta passagem do Evangelho de Mateus pode ser utilizada para explicar o Estudo de Mateus 13,13-15 .
Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 16,21-23 sem referência aos livros proféticos
Mateus 16,21-23: Desde então, Jesus começou a manifestar a seus discípulos que precisava ir a Jerusalém
e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; seria morto e
ressuscitaria ao terceiro dia. Pedro então começou a interpelá-lo e protestar nestes termos: “Que Deus
não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá!” Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: “Afasta-te,
Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!”
Em lugar algum dos escritos proféticos está escrito que o Mashiach viria para morrer e que ressuscitaria
no terceiro dia após a sua morte. Por outro lado, a negativa de Pedro “Que Deus não permita isto, Senhor!
Isto não te acontecerá!” é muito curiosa, pois demonstra que ele não possuía conhecimento desta
profecia, pois, na realidade, ela não existe. Entretanto vale a pena fazer um comentário. Em Oséias 5,156,4 encontramos o seguinte:
Regressarei à minha morada, até que se arrependam de seus pecados e me procurem, e em sua miséria
recorram a mim. “Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a
pensará. Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua
presença. Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a
chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra.”(Oséias 5,15-6,4)
Nesta passagem do Evangelho de Mateus parece que Iehoshua de Nazaré recorre às fórmulas penitenciais
como aquelas encontradas em I Reis 8,23-53; Jeremias 3,11-25 e no Salmo Hb 86 e, desta forma, tenta
convencer aos discípulos de que também deveria ser perseguido e morto assim como aconteceu com
muitos profetas de Israel. Por outro lado, as expressões hoje e amanhã e ao terceiro dia ou depois de
amanhã, que aparecem em Lucas 13,31-33 significam apenas um curto espaço de tempo. De forma
análoga, observamos em I Pedro 3,8 o seguinte:
Mais há uma coisa, caríssimos, de que não vos deveis esquecer: um dia diante do Senhor é como mil anos,
e mil anos como um dia. (II Pedro 3,8)
Expressões semelhantes às anteriores como por causa do triplo e do quádruplo crime de... estão presentes
em Amós 1,3.6.9.11.13 e Amós 2,1.4.6. Esta expressão também designa apenas um breve lapso de tempo.
Embora os apologistas cristãos apliquem os textos citados à suposta ressurreição corporal de Iehoshua, os
escritos do Novo Testamento não os citam. Também dentro deste contexto devemos lembrar da estada de
Jonas (Jonas 2,1) no ventre de um peixe, em que está presente a expressão três dias e três noites,
expressão referenciada em Mateus 12,39-40. Assim, está explicada a origem da ressurreição corporal ao
terceiro dia conforme mencionada em Marcos 16,12-14, Lucas 24,13-27 e em I Coríntios 15,3-5. O que os
apologistas fizeram foi utilizar passagens dos livros proféticos, como as mencionadas anteriormente, para
tentar convencer aos seguidores de Iehoshua de Nazaré de que o mesmo tinha ressuscitado. Mas o
significado das expressões, tais como, em dois dias e ao terceiro dia diz respeito ao que ocorreria em um
curto espaço de tempo, e não a uma ressurreição corporal ao terceiro dia. De forma mais clara
observamos em Oséias 6,1-2 o seguinte:
“Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. Dar-nos-á de
novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença.” (Oséias 6,1-2)
Aqui percebemos claramente que não se trata de ressurreição corporal alguma, mas sim de levantar ou
reerguer alguém em um curto espaço de tempo que, após um castigo ou um grande sofrimento pelo qual
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passou, quase faleceu mas que, logo em seguida, teve suas forças revigoradas pelo Eterno através do Seu
sopro divino revigorador. Assim, ou Iehoshua de Nazaré tentou convencer aos discípulos de que também
deveria ser perseguido e morto, assim como aconteceu com muitos profetas de Israel, ou ele tentou se
passar por algum destes profetas para conseguir apoio do povo. Assim, torna-se evidente mais outra
fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 17,5 com referência a Yeshayáhu 42,1
Mateus 17,5: Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se
ouvir uma voz que dizia: “Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição; ouvi-o.”
Isaías 42,1: Eis meu Servo que eu amparo, meu eleito ao qual dou toda a minha afeição, faço repousar
sobre ele meu espírito, para que leve as nações a verdadeira religião.
Novamente o capítulo 42 está sendo usado fora do contexto, pois o servo aqui é Israel. Em qualquer
passagem bíblica que extrairmos um versículo isolado do contexto, ele se aplicará perfeitamente ao que
for do nosso interesse, não é verdade? Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de
Mateus.
Estudo de Mateus 17,21-22 sem referência aos livros proféticos
Mateus 17,21-22: Enquanto caminhava pela Galiléia, Jesus lhes disse: “O Filho do homem deve ser
entregue nas mãos dos homens. Mata-lo-ão, mas ao terceiro dia ressuscitará.” E eles ficaram
profundamente aflitos.
Esta passagem é quase que idêntica a de Mateus 16,21-23 e, do mesmo modo, não é citada nenhuma
passagem dos livros proféticos que contenha esta profecia. Por outro lado, a aflição dos discípulos de
Iehoshua é muito curiosa, pois demonstra que eles, assim como Pedro, também não possuíam
conhecimento desta profecia, pois, na realidade, ela não existe. Assim, torna-se evidente mais outra
fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 20,17-19 sem referência aos livros proféticos
Mateus 20,17-19: Subindo para Jerusalém, durante o caminho, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes:
“Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos
escribas. Eles o condenarão à morte. E o entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias,
açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará.”
A análise desta passagem do Evangelho de Mateus já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 e no
Estudo de Mateus 17,21-22 . Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 20,24-28 sem referência aos livros proféticos
Mateus 20,24-28: Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos. Jesus,
porém, os chamou e lhes disse: “Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as
governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós,
se faça vosso servo. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. Assim como o
Filho do homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão.”
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A análise desta passagem do Evangelho de Mateus já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no
Estudo de Mateus 17,21-22 e no Estudo de Mateus 20,17-19 . Assim, torna-se evidente mais outra fraude
no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 21,1-5 com referência a Zecharyah 9,9(Zacarias)
Mateus 21,1-5: Aproximavam-se de Jerusalém. Quando chegaram a Betfagé, perto do monte das
Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos, dizendo-lhes: “Ide à aldeia, que está defronte. Encontrareis
logo uma jumenta amarrada e com ela seu jumentinho. Desamarrai-os, e trazei-mos. Se alguém vos disser
qualquer coisa, respondei-lhe que o Senhor necessita deles e que ele sem demora os devolverá.” Assim,
neste acontecimento, cumpria-se o oráculo do profeta: Dizei-lhe à filha de Sião: Eis que teu rei vem a ti,
cheio de doçura, montado numa jumenta, num jumentinho, filho da que leva o jugo (Zac 9,9).
Zacarias 9,9: Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém: eis que vem a ti o
teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta.
A passagem de Zacarias 9,9 é melhor compreendida a partir do versículo 10, o qual nos informa a quem se
refere esta passagem. Vejamos:
Ele suprimirá os carros de guerra na terra de Efraim, e os cavalos de Jerusalém. O arco de guerra será
quebrado. Ele proclamará a paz entre as nações, seu império estender-se-á de um mar ao outro, desde o
rio até as extremidades da terra. (Zacarias 9,10)
Mas, quem foi que suprimiu os carros de guerra? Esta pessoa foi Alexandre, o Grande. Nesta época, ele
marchou pela Síria, depois pela Fenícia, e finalmente pela Filistéia, conquistando assim vários lugares. Os
lugares aqui mencionados são identificados no texto através da expressão desde o rio até as extremidades
da terra. Portanto, pelos acontecimentos, não se trata de uma profecia a respeito de Iehoshua. Como já
dissemos, e agora reafirmamos, qualquer versículo dos livros proféticos que tomarmos, poderemos aplicar
a quem desejarmos. Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 21,42-46 com referência ao Salmo Hb 118,22-23
Mateus 21,42-46: Jesus acrescentou: “Nunca lestes nas Escrituras: A pedra rejeitada pelos construtores
tornou-se a pedra angular; isto é obra do Senhor, e é admirável aos nossos olhos (Sal 117,22)? Por isso vos
digo: ser-vos-á tirado o Reino de Deus, e será dado a um povo que produzirá os frutos dele. [Aquele que
tropeçar nesta pedra, far-se-á em pedaços; e aquele sobre quem ela cair será esmagado.]” Ouvindo isto,
os príncipes dos sacerdotes e os fariseus compreenderam que era deles que Jesus falava. E procuravam
prende-lo; mas temeram o povo, que o tinha por um profeta.
Salmo Hb 118,22-23: A pedra rejeitada pelos arquitetos tornou-se a pedra angular. Isto foi obra do
Senhor; é um prodígio aos nossos olhos.
A explicação para os versículos deste salmo é que a palavra pedra significa o próprio povo israelita que foi
rejeitado pelos conquistadores, pelos construtores de impérios, assim como foi o caso do Império Romano
que, após o no de 476 d.e.c. transformou-se na Igreja Católica Apostólica Romana. Mas esta pedra foi
escolhida pelo Eterno, Bendito Seja, para ser pedra angular, a luz do mundo, a pedra que trará a era
messiânica. O salmista, nestes versículos, intitula Israel como o próprio Mashiach, que, em sentido mais
amplo, afirma ser a pedra angular. A pedra angular, portanto, é o povo de Israel. Então, podemos ainda
acrescentar, para esclarecer esta questão, que este salmo trata de um canto solene de ação de graças,
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recitado alternadamente por um solista, durante uma procissão ao templo para comemorar festivamente
o dia da vitória do Eterno sobre os inimigos de seu povo, libertado de um grande perigo nacional.
Chegando à porta do santuário, a comitiva pede entrada, só permitida aos justos, cujas vidas põem às
exigências da Torá. O motivo da exultação dos fiéis no Templo é o amor do Eterno, manifestado na eleição
de Israel dentre todos os povos, para ser pedra angular para a salvação da humanidade. Como sabemos,
os construtores de impérios da história da humanidade sempre excluíram o povo judeu dos ofícios, das
posições e cargos sociais, da política internacional etc, através de perseguições, conversões forçadas, das
Cruzadas, Inquisições, pogroms e, finalmente, através do Holocausto. Mesmo assim, Israel, um povo tão
pequeno em número, ainda continua praticando os mandamentos da Torá e ainda ocupa lugar central na
vida espiritual dos povos, por ser a chave do processo de estabelecer o Reino do Eterno na terra e o veículo
de transmissão dos desígnios salvíficos na história humana. Assim, torna-se evidente mais outra fraude no
Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 26,20-25 sem referência aos livros proféticos
Mateus 26,20-25: Ao declinar da tarde, pôs-se Jesus à mesa com os doze discípulos. Durante a ceia, disse:
“Em verdade vos digo: um de vós me há de trair.” Com profunda aflição, cada um começou a perguntar:
“Sou eu, Senhor?” Respondeu ele: “Aquele que pôs comigo a mão no prato, esse me trairá.
O Filho do homem vai, como está escrito. Mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído!
Seria melhor para esse homem que jamais tivesse nascido!” Judas, o traidor, tomou a palavra e
perguntou: “Mestre, serei eu?” – “Sim”, disse Jesus.
Em passagem alguma dos livros proféticos está determinado ou escrito que o Mashiach seria traído. Por
outro lado, a compreensão desta passagem do Evangelho de Mateus também pode ser alcançada com o
Estudo de Mateus 16,21-23 . Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 26,30-35 com referência a Zecharyah 13,7( Zacarias)
Mateus 26,30-35: Depois do canto dos salmos, dirigiram-se eles para o monte das Oliveiras. Disse-lhes
então Jesus: “Esta noite serei para todos vós uma ocasião de queda; porque está escrito: Ferirei o pastor, e
as ovelhas do rebanho serão dispersadas (Zac 13,7). Mas depois da minha Ressurreição, eu vos precederei
na Galiléia.” Pedro interveio: “Mesmo que seja para todos uma ocasião de queda, para mim jamais o
serás.” Disse-lhes Jesus: “Em verdade te digo: nesta noite mesma, antes que o galo cante, três vezes me
negarás.” Respondeu-lhe Pedro: “Mesmo que seja necessário morrer contigo, jamais te negarei!” E todos
os outros discípulos diziam-lhe o mesmo.
Zacarias 13,7: Espada, levanta-te contra o meu pastor, (contra o meu companheiro – oráculo do Senhor
dos exércitos). Fere o pastor, que as ovelhas sejam dispersas: Voltarei a minha mão até mesmo contra os
pequenos.
A explicação para este versículo do Profeta Zacarias só pode ser entendida com o estudo dos versículos
Zacarias 12,9-10:
Naquele dia, procurarei exterminar todo o povo que vier contra Jerusalém. Suscitarei sobre a casa de de Davi
e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de boa vontade e de prece, e eles voltarão para mim. Farão
lamentações sobre aquele que traspassaram como se fosse um filho único; chora-lo-ão amargamente como
se chora um primogênito! (Zacarias 12,9-10)
O primeiro ato exigido para a reunificação do povo de Israel é reconhecer o Eterno como o único e absoluto
Criador, o que está identificado na expressão voltarão para mim. Em seguida, o povo israelita deverá
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reconhecer os pecados da idolatria cometidos. O termo traspassaram significa o próprio povo judeu que,
devido aos seus pecados, sempre sofreu a punição do exílio. O processo de purificação não é só
simplesmente um ato, mas é uma atitude, um processo contínuo, que exige sempre um retorno da própria
vida no Eterno, fonte de todo o bem. O processo é doloroso, processo representado pela palavra espada,
como identificado em Zacarias 13,7, e pela palavra fogo, como identificado em Zacarias 13,9. A palavra
espada significa que os judeus deixaram de ter um rei, um pastor após a destruição da cidade de
Jerusalém, e o povo mais pobre, sem apoio, se dispersou pelo país. A palavra fogo significa o exílio na
Babilônia, onde foi testada a fidelidade de Israel ao Eterno e a Torá. Desta forma, e mais uma vez,
percebemos que o assunto trata do povo de Israel, e não de uma pessoa específica, e, portanto, não se
pode aplicá-la a Iehoshua de Nazaré. Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 26,55-56 sem referência aos livros proféticos
Mateus 26,55-56: Depois, voltando-se para a turba, falou: “Saístes armados de espadas e porretes para
prender-me, como se eu fosse um malfeitor. Entretanto, todos os dias estava eu sentado entre vós
ensinando no templo e não me prendestes. Mas tudo isto aconteceu por que era necessário que se
cumprissem os oráculos dos profetas.” Então os discípulos o abandonaram e fugiram.
Não foi informada qual profecia se refere esta passagem. Nada pode ser encontrado nesta passagem de
Mateus 26,55-56 que possa se enquadrar nela. Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho
de Mateus.
Estudo de Mateus 27,1-10 sem referência aos livros proféticos
Mateus 27,1-10: Chegando a manhã, todos os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo reuniram-se
em conselho para entregar Jesus à morte. Ligaram-no e o levaram ao governador Pilatos. Judas, o traidor,
vendo-o então condenado, tomado de remorsos, foi devolveraos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos as
trinta moedas de prata, dizendo-lhes: “Pequei, entregando o sangue de um justo.” Responderam-lhe:
“Que nos importa? Isto é lá contigo! Ele jogou então no templo as moedas de prata, saiu e foi enforcar-se.
Os príncipes dos sacerdotes tomaram o dinheiro e disseram: “Não é permitido lança-lo no tesouro
sagrado, porque se trata de preço de sangue.”Depois de haverem deliberado, compraram com aquela
soma o campo do Oleiro, para que ali se fizesse um cemitério de estrangeiros. Esta é a razão porque
aquele terreno é chamado, ainda hoje, “Campo de Sangue”. Assim se cumpriu a profecia do profeta
Jeremias: Eles receberam trinta moedas de prata, preço daquele cujo valor foi estimado pelos filhos de
Israel; e deram-no pelo campo do Oleiro, como o Senhor me havia prescrito.
A explicação para esta passagem de Mateus 27,1-10 é que a profecia de Jeremias mencionada nela é
encontrada, na realidade, em Zacarias 11,4-14:
Eis o que diz o Senhor meu Deus: “Apascenta estas ovelhas destinadas ao matadouro, que são compradas
e degoladas impunemente, cujos vendedores dizem: Bendito seja o Senhor! Eis que estou rico! – sem que
nenhum pastor tenha compaixão delas. Por minha vez, não pouparei mais os habitantes desta terra –
oráculo do Senhor. Entregarei os homens uns aos outros e nas mãos de seu rei; devastarão o país e não
livrarei ninguém de sua mão”. Pus-me então a apascentar as ovelhas destinadas ao matadouro, as mais
miseráveis do rebanho. Escolhi dois cajados, aos quais chamei respectivamente Benignidade e Liame, e
comecei a apascentar o rebanho. Despedi os três pastores desde o primeiro mês: eu estava cansado deles,
e eles estavam desgostados de mim. Eu declarei: “Não quero mais saber do ofício de pastor. Pereça o que
perecer, morra o que morrer! Os que restarem que se devorem uns aos outros”. Tomando então
Benignidade, meu cajado, quebrei-o, rompendo assim o pacto concluído com todos os povos. Ele foi
quebrado naquele dia e os mercadores de animais que me observavam, perceberam que aquilo indicava
um oráculo do Senhor. Eu disse-lhes: “Daí-me o meu salário, se o julgais bem, ou então retende-o!” Eles
pagaram-me apenas trinta moedas de prata pelo meu salário. O Senhor disse-me: “Lança esse dinheiro no
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tesouro, esta bela soma, na qual estimáramos teus serviços”. Tomei as trinta moedas de prata e lancei-as
no tesouro da casa do Senhor. Depois tomei o meu cajado Liame e quebrei-o, rompendo assim o pacto de
fraternidade entre Judá e Israel (Zacarias 11,4-14).
Esta passagem, na realidade, faz referência a duas outras passagens do livro de Jeremias.
A primeira trata do vaso do oleiro:
Foi dirigida a Jeremias a palavra do Senhor nestes termos: “Vai e desce à casa do oleiro, e ali te farei ouvir
minha palavra.” Desci, então, à casa do oleiro, e o encontrei ocupado a trabalhar no torno. Quando o vaso
que estava a modelar não lhe saía bem, como sói acontecer nos trabalhos de cerâmica, punha-se a
trabalhar em outro à sua maneira. (Jeremias 18,1-4) .
A segunda trata da simbologia do vaso partido:
Eis o que me diz o Senhor: “Vai à casa do oleiro e compra um vaso de barro. Tomarás então contigo
anciãos do povo e anciãos dos sacerdotes, e te dirigirás ao vale do Filho de Inom, próximo da entrada da
olaria. E lá pronunciarás o oráculo que te ditar. Dir-lhe-ás, então: escutai a palavra do Senhor, reis de Judá
e vós todos, habitantes de Jerusalém. Eis o que diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: sobre este lugar
vou mandar desgraça tamanha que fará tinir os ouvidos a quem dela ouvir falar.” (Jeremias 19,1-3)
Como mencionado anteriormente, a passagem de Mateus 27,1-10 faz referência a Jeremias e não a
Zacarias 11,4-14 porque no tempo de Iehoshua de Nazaré os livros proféticos iniciavam com Jeremias, e
não com Isaías como hoje, e a citação era identificada pelo primeiro livro do volume, e não pelo nome do
livro específico de seu autor. A passagem de Zacarias 11,4-14, na realidade, não se trata de uma profecia,
mas da compra de um campo, o Campo do Oleiro, e que é encontrada em Jeremias 32,1-15. Durante a
compra deste campo (Zacarias 11,4-14) Zacarias pergunta aos israelitas se eles ainda desejam que o
Eterno continue a governá-los. Caso a resposta fôsse sim, então que eles pagassem o salário devido ao
governador. Então, como pagamento, Zacarias recebeu a quantia de trinta moedas de prata. Esta quantia
foi um preço irrisório, mais de zombaria do que de recompensa. Esta era o valor da quantia de indenização
que a Torá estabelecia que se pagasse ao dono de um escravo quando alguém o matasse. Nesta
passagem, Zacarias, assumindo a função de porta-voz do Eterno, é desprezado com zombarias. Desta
forma, o autor de Mateus 27,1-10 utiliza o evento da zombaria que os israelitas dirigiram ao Profeta
Zacarias para fazer referência à zombaria efetuada pelos soldados do governador contra Iehoshua de
Nazaré, conforme Mateus 27,27-31. Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Mateus.
Estudo de Mateus 27,35 com referência ao Salmo Hb 22,19
Mateus 27,35: Depois de o haverem crucificado, dividiram suas vestes entre si, tirando à sorte. Cumpriu-se
assim a profecia do profeta: Repartiram entre si minhas vestes e sobre meu manto lançaram à sorte (Sal
21,19).
Salmo Hb 22,19: repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica.
A título de curiosidade, informamos que este trecho na citação de Mateus não consta em algumas Bíblias.
O Salmo Hb 22, cujo autor é Davi, é uma das expressões mais profundas do sofrimento, nas orações
bíblicas. É composto de duas partes: lamentação individual (Versículos 2-22) e cântico de ação de graças
(Versículos 23-31). O salmista, abandonado e solitário em sua dor e privado da presença divina, apela ao
Eterno, Bendito Seja, lembrando-Lhe as promessas relativas aos justos. Depois de relatar seus sofrimentos
morais e espirituais, alude, em sucessão trágica, às dores físicas, aos tormentos corporais e ao terror da
morte. Do extremo da dor passa à certeza da esperança, onde a salvação está assegurada e já está
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próxima, tanto assim que já pode convidar a comunidade dos fiéis a unir-se a ele no louvor ao Altíssimo,
cujo desígnio de salvação se estende ao mundo inteiro e às gerações futuras. A conclusão extraída deste
salmo é que o mesmo se refere a Davi, que lamenta a sua própria sorte, não sendo, portanto uma
profecia, mas é originária de um fato histórico. Mais uma vez, concluímos e denunciamos que em muitos
versículos do Novo Testamento menciona-se passagens dos livros proféticos e dos Salmos como se fôssem
profecias. Na verdade não o são, são apenas fatos ou acontecimentos localizados ou daquela época, nada
mais do que isto. Devemos ressaltar também que, segundo Mateus 27,45 e Marcos 15,34, Iehoshua de
Nazaré cita este salmo dizendo: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” . Não sabemos se são
realmente palavras pronunciadas por ele ou se colocaram em sua boca, já que percebemos a nítida
preocupação e grande esforço em identificar Iehoshua como o Mashiach. Assim, torna-se evidente mais
outra fraude no Evangelho de Mateus.
Parte III - Estudo do Evangelho de Marcos
Estudo de Marcos 1,1-4 com referência a Malachim 3,1(Malaquias) e Yeshayáhu 40,3 (Jeremias)
Marcos 1,1-4: Princípio da boa nova de Jesus Cristo, Filho de Deus. Conforme está escrito no profeta Isaías:
Eis que envio o meu anjo diante de ti: ele preparará o teu caminho. Uma voz clama no deserto: Traçai o
caminho do Senhor, aplanai as suas veredas (Mal 3,1; Is 40,3). João Batista apareceu no deserto e pregava
um batismo de conversão para a remissão dos pecados.
Malaquias 3,1: “Vou mandar o meu mensageiro para preparar o meu caminho. E imediatamente virá ao
seu templo o Senhor que buscais, o anjo da aliança que desejais. Ei-lo que vem – diz o Senhor dos
exércitos.”
Isaías 40,3: Uma voz exclama: “Abri no deserto um caminho para o Senhor, traçai reta na estepe uma
pista para nosso Deus.”
A análise desta passagem é idêntica a que foi realizada no Estudo de Mateus 3,1-3 e no Estudo de Mateus
11,7-10 . Assim, torna-se evidente a primeira fraude no Evangelho de Marcos.
Estudo de Marcos 8,31-33 sem referência aos livros proféticos
Marcos 8,31-33: E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muito,
fosse rejeitado pelos anciãos, pelos sumos-sacerdotes e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse
depois de três dias. E falava-les abertamente dessas coisas. Pedro, tomando-o à parte, começou a
repreendê-lo. Mas, voltando-se ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro: “Afasta-te de
mim, Satanás, porque teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens.”
A análise desta passagem do Evangelho de Marcos já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no
Estudo de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 e no Estudo de Mateus 20,24-28 . Porém, cabe
aqui acrescentar que a repreensão de Pedro foi ignorada pelo próprio Iehoshua, o qual respondeu com
outra repreensão dizendo a Pedro que os pensamentos dele não são de origem divina, mas dos homens.
Diante destas informações, surge uma pergunta: Em que passagem dos livros proféticos está expresso o
pensamento do Eterno de que enviaria o Mashiach para ser morto e que ele ressuscitaria três dias após a
sua morte? Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Marcos.
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Estudo de Marcos 9,30-32 sem referência aos livros proféticos
Marcos 9,30-32 Tendo partido dali, atravessaram a Galiléia. Não queria, porém, que ninguém o soubesse.
E ensinava os seus discípulos: “O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e mata-lo-ão; e
ressuscitará três dias depois de sua morte.” Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho
perguntar.
A análise desta passagem do Evangelho de Marcos já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no
Estudo de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 e no Estudo de
Marcos 8,31-33 . Porém, cabe aqui acrescentar mais uma vez o completo desconhecimento dos discípulos
para este fato, pois os judeus não estavam esperando um Mashiach que viria para morrer. A expressão
Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho perguntar demonstra claramente que o anúncio
de sua morte não estava de acordo com as profecias do Tanach. Assim, torna-se evidente mais outra
fraude no Evangelho de Marcos.
Estudo de Marcos 10,32-34 sem referência aos livros proféticos
Marcos 10,32-34: Estavam a caminho de Jerusalém e Jesus ia adiante deles. Estavam perturbados e o
seguiam com medo. E tomando novamente a si os Doze, começou a predizer-lhes as coisas que lhe haviam
de acontecer: “Eis que subimos a Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos
sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e entregá-lo-ão aos gentios. Escarnecerão dele, cuspirão
nele, açoitá-lo-ão e hão de matá-lo; mas ao terceiro dia ele ressurgirá.”
A análise desta passagem do Evangelho de Marcos já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no
Estudo de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de
Marcos 8,31-33 e no Estudo de Marcos 9,30-32 . Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho
de Marcos.
Estudo de Marcos 12,10-12 com referência ao Salmo Hb 118,22-23
Marcos 12,10-12: “Nunca lestes estas palavras da Escritura: A pedra que os construtores rejeitaram veio a
tornar-se pedra angular. Isto é obra do Senhor, e ela é admirável aos nossos olhos” (Sal 117,22s)?
Procuravam prendê-lo, mas temiam o povo; porque tinham entendido que a respeito deles dissera esta
parábola. E deixando-o, retiraram-se.
Salmo Hb 118,22-23: A pedra rejeitada pelos arquitetos tornou-se a pedra angular. Isto foi obra do
Senhor; é um prodígio aos nossos olhos.
A análise desta passagem do Evangelho de Marcos já foi realizada no Estudo de Mateus 21,42-46 . Assim,
torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Marcos.
Estudo de Marcos 14,17-25 sem referência aos livros proféticos
Marcos 14,17-25: Chegando a tarde, dirigiu-se ele para lá com os Doze. Enquanto estavam sentados à
mesa e comiam, Jesus disse: “Em verdade vos digo: um de vós que come comigo me há de entregar.”
Começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe, um após outro: “Porventura sou eu?” Respondeu-lhes ele:
“É um dos Doze, que serve comigo do mesmo prato. O Filho do homem vai, segundo o que dele está
escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem for traído! Melhor lhe seria que nunca tivesse
nascido...”
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Mais uma vez, em passagem alguma dos livros proféticos está determinado ou escrito que o Mashiach
seria traído. Por outro lado, a compreensão desta passagem do Evangelho de Mateus também pode ser
alcançada com o Estudo de Mateus 16,21-23 . Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de
Marcos.
Estudo de Marcos 14,26-31 com referência a Zecharyah 13,7
Marcos 14,26-31: Terminando o canto dos Salmos, saíram para o monte das Oliveiras. E Jesus disse-lhes:
“Vós todos vos escandalizareis, pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas (Zac 13,7).
Mas depois que eu ressurgir, eu vos precederei na Galiléia.” Entretanto, Pedro lhe respondeu: “Ainda que
todos se escandalizem de ti, eu, porém, nunca!” Jesus disse-lhe: “Em verdade te digo: hoje, nesta mesma
noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me terás negado.” Mas Pedro repetia com maior
ardor: “Ainda que seja preciso morrer contigo, não te renegarei.” E todos disseram o mesmo.
Zacarias 13,7: Espada, levanta-te contra o meu pastor, (contra o meu companheiro – oráculo do Senhor
dos exércitos). Fere o pastor, que as ovelhas sejam dispersas: Voltarei a minha mão até mesmo contra os
pequenos.
A análise desta passagem do Evangelho de Marcos já foi realizada no Estudo de Mateus 26,30-35 . Assim,
torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Marcos.
Estudo de Marcos 14,47-50 sem referência aos livros proféticos
Marcos 14,47-50: Um dos circunstantes tirou da espada, feriu o servo do sumo-sacerdote e decepou-lhe a
orelha. Mas Jesus tomou a palavra e disse-lhes: “Como a um bandido, saístes com espadas e cacetes para
prender-me! Entretanto, todos os dias estava convosco, ensinando no templo, e não me prendestes. Mas
isso acontece para que se cumpram as Escrituras.” Então todos o abandonaram e fugiram.
Esta passagem é idêntica a de Mateus 26,55-56 e, da mesma forma que esta, não é informada qual
profecia se refere esta passagem. Nada pode ser encontrado nesta passagem de Marcos 14,47-50 que
possa se enquadrar nela. Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Marcos.
Estudo de Marcos 15,24-28 com referência a Yeshayáhu 53,12(Isaias)
Marcos 15,24-28: Depois de o terem crucificado, repartiram as suas vestes, tirando à sorte sobre elas, para
ver o que tocaria a cada um. Era a hora terceira quando o crucificaram. A inscrição que motivava a sua
condenação dizia: “O rei dos judeus”. Crucificaram com ele dois bandidos: um à sua direita e outro à
esquerda. [Cumpriu-se assim a passagem da Escritura que diz: Ele foi contado entre os malfeitores (Is
53,12).]
Isaías 53,12: Eis porque lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos; porque
ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos
homens, e intercedendo pelos culpados.
Como explicamos anteriormente no Estudo de Mateus 8,14-17 , a análise da passagem de Isaías 53,4
somente pode ser realizada através do estudo de Isaías 52,13–53,12. Note que nesta análise também está
incluída a passagem de Isaías 53,12, como citada em Marcos 15,28. Mais uma vez, afirmamos que
apresentar o servo sofrendo pelos pecados da humanidade como sendo uma referência ao Mashiach,
como ensinaram os primeiros cristãos, que acreditavam ser Iehoshua o referido Mashiach (Atos dos
Apóstolos 8,35-37) é distorcer as Escrituras. Em seu processo contínuo de distorcer as Escrituras, os
apologistas cristãos ensinam que só a partir do século XII é que surgiu a opinião de que a palavra meu
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servo em Isaías 52,13 se refere à nação de Israel, e que esta passou a ser interpretação dominante no
Judaísmo. Assim, torna-se evidente mais outra fraude no Evangelho de Marcos.
Parte IV - Estudo do Evangelho de Lucas
Estudo de Lucas 3,1-6 com referência a Yeshayáhu 40,3(Isaias)
Lucas 3,1-6: No ano décimo quinto do reinado do imperador Tibério, sendo Pôncio Pilatos governador da
Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e
Lisânias tetrarca da Abilina, sendo sumos-sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra do Senhor no deserto a
João, filho de Zacarias. Ele percorria toda a região do Jordão, pregando o batismo do arrependimento
para remissão dos pecados, como está escrito nos livros do profeta Isaías (40,3ss): Uma voz clama no
deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Todo vale será aterrado, e todo monte
e outeiro serão arrasados; tornar-se-á direito o que estiver torto, e os caminhos escabrosos serão
aplainados. Todo homem verá a salvação de Deus.
Isaías 40,3: Uma voz exclama: “Abri no deserto um caminho para o Senhor, traçai reta na estepe uma
pista para nosso Deus.”
A análise desta passagem é idêntica a que foi realizada no Estudo de Mateus 3,1-3 , no Estudo de Mateus
11,7-10 e no Estudo de marcos 1,1-4 . Assim, torna-se evidente a primeira fraude no Evangelho de Lucas.
Estudo de Lucas 4,16-21 com referência a Yeshayáhu 61,1-2
Lucas 4,16-21: Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o
seu costume, e levantou-se para ler. Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu
a passagem onde está escrito (61,1ss): “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e envioume para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a
redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da
graça do Senhor. E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga
tinham os olhos fixos nele. Ele começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de
ouvir.”
Isaías 61,1-3: O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor consagrou-me pela unção; envioume a levar a boa nova aos humildes, curar os corações doloridos, anunciar aos cativos a redenção, e aos
prisioneiros a liberdade; proclamar um ano de graças da parte do Senhor, e um dia de vingança de nosso
Deus; consolar todos os aflitos, dar-lhes um diadema em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de
vestidos de luto, cânticos de glória em lugar de desespero. Então os chamarão as azinheiras da justiça,
plantadas pelo Senhor para sua glória.
Consultando os Evangelhos, identificamos que a passagem de Lucas 4,14-30 está presente apenas em
Mateus 13,53-58 e Marcos 6,1-6, mas nenhuma delas faz referência a Isaías 61,1s, como consta em Lucas
4,17. Somente Lucas é quem cita tal passagem, o que nos deixa intrigados. Não há garantias de que o fato
foi real ou não. Para explicar esta passagem de Isaías convém estudar os capítulos 60 e 62 de Isaías. Em
particular, no capítulo 61 o Profeta Isaías anuncia aos israelitas que recebeu do Eterno a missão de enviar
mensagens de consolação ao povo (Isaías 61,1-3). Após isto, os israelitas deverão reconstruir as ruínas
antigas, reerguer as relíquias do passado, restaurar as cidades destruídas e reparar as devastações
seculares (Isaías 61, 4). Isaías anuncia também que os estrangeiros assegurarão as necessidades materiais
dos israelitas, transformando-os em um povo de sacerdotes e cumulados de glória (Isaías 61,5-7) e que o
Eterno, Bendito Seja, deseja concluir com os israelitas uma aliança eterna (Isaías 61,8-9). Os versículos de
10 a 11 são uma ação de graças realizada pelo profeta que fala em nome do Altíssimo. Estes versículos
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são uma continuação das passagens de Isaías 42,1; 42,7; 49,4-9 e 50,4-11, onde quem fala é o servo,
exatamente como em Isaías 61,1-11. Desta forma, concluímos que Isaías 61,1-11, assim como as outras
passagens mencionadas, se aplicam ao próprio Isaías e não a Iehoshua de Nazaré. Mas, vamos supor que
Iehoshua tenha realmente lido a passagem de Isaías 61,1-3. O que ocorre é que, segundo Lucas 4,16-21,
ele aplicou à sua missão uma origem divina, afirmando que estaria agindo também pelo Espírito Santo, o
qual estava sobre ele, exatamente como consta em Isaías 61,1, para que o povo acreditasse que ele era
um enviado do Altíssimo. Conforme mencionamos no Estudo de Mateus 3,1-3 , os capítulos de 40 a 66 do
livro de Isaías fazem referência a uma época em que os israelitas foram deportados ou que já estavam
reintegrados em Israel, após dominação sob os assírios. Durante sua missão, Isaías se insurgiu contra a
idolatria, ameaçou ricos e poderosos e elevou a sua voz contra os hipócritas e a todos aqueles que se
comportavam de forma frívola. Ele chamou o povo ao arrependimento e às práticas dos preceitos
judaicos. É aí então que ele convoca todos os israelitas a abrir um caminho para o Senhor, como consta
em Isaías 40,3 e a anuncia a boa nova aos humildes, como consta em Isaías 61,1. Assim, ou o autor de
Lucas transferiu a missão concretizada por Isaías para Iehoshua de Nazaré ou Iehoshua de Nazaré tentou
se passar pelo Profeta Isaías. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de Lucas.
Estudo de Lucas 7,24-27 com referência a Malachim 3,1
Lucas 7,24-27: Depois que se retiraram os mensageiros de João, ele começou a falar de João ao povo:
“Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Mas que fostes ver? Um homem vestido de
roupas finas? Mas os que vestem roupas preciosas e vivem no luxo estão nos palácios dos reis. Mas,
enfim, que fostes ver? Um profeta? Sim, digo-vos, e mais do que profeta. Este é aquele de quem está
escrito: Eis que envio o meu mensageiro ante a tua face; ele preparará o teu caminho diante de ti
(Ml 3,1).”
Malaquias 3,1: “Vou mandar o meu mensageiro para preparar o meu caminho. E imediatamente virá ao
seu templo o Senhor que buscais, o anjo da aliança que desejais. Ei-lo que vem – diz o Senhor dos
exércitos.”
A análise desta passagem é idêntica a que foi realizada no Estudo de Mateus 11,7-10 . Assim, torna-se
evidente mais uma fraude no Evangelho de Lucas.
Estudo de Lucas 9,22 sem referência aos livros proféticos
Lucas 9,22: Ele acrescentou: “É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, seja rejeitado
pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas. É necessário que seja levado à morte e que
ressuscite ao terceiro dia.”
A análise desta passagem do Evangelho de Lucas já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no
Estudo de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de
Marcos 8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 e no Estudo de Marcos 10,32-34 . Assim, torna-se evidente
mais uma fraude no Evangelho de Lucas.
Estudo de Lucas 9,43-45 sem referência aos livros proféticos
Lucas 9,43-45: Todos ficaram pasmados ante a grandeza de Deus. Como todos se admirassem de tudo o
que Jesus fazia, disse ele a seus discípulos: “Gravai nos vossos corações estas palavras: O Filho do homem
há de ser entregue às mãos dos homens!” Eles, porém, não entendiam esta palavra e era-lhes obscura, de
modo que não alcançaram o seu sentido; e tinham medo de lhe perguntar a este respeito.
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A análise desta passagem do Evangelho de Lucas já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no
Estudo de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de
Marcos 8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 , no Estudo de Marcos 10,32-34 e no Estudo de Lucas 9,22 .
Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de Lucas.
Estudo de Lucas 18,31-34 sem referência aos livros proféticos
Lucas 18,31-34: Em seguida, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes: “Eis que subimos a Jerusalém. Tudo
o que foi escrito pelos profetas a respeito do Filho do Homem será cumprido. Ele será entregue aos
pagãos. Hão de escarnecer dele, ultrajá-lo, desprezá-lo; batê-lo-ão com varas e o farão morrer; e ao
terceiro dia ressurgirá.” Mas eles nada disto compreendiam, e estas palavras eram-lhes um enigma cujo
sentido não podiam entender.
A análise desta passagem do Evangelho de Lucas já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no
Estudo de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de
Marcos 8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 , no Estudo de Marcos 10,32-34 , no Estudo de Lucas 9,22 e
no Estudo de Lucas 9,43-45 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de Lucas.
Estudo de Lucas 20,16-19 com referência ao Salmo Hb 118,22-23
Lucas 20,16-19: A estas palavras, disseram: “Que Deus não o permita!” Mas Jesus, fixando o olhar neles,
disse-lhes: “Que quer dizer então o que está escrito: A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a
pedra angular (Sal 117,22)? Todo o que cair sobre esta pedra ficará despedaçado; e sobre quem ela cair,
este será esmagado!” Naquela mesma hora os príncipes dos sacerdotes e os escribas procuraram prendêlo, mas temeram o povo. Tinham compreendido que se referia a eles ao propor essa parábola.
Salmo Hb 118,22-23: A pedra rejeitada pelos arquitetos tornou-se a pedra angular. Isto foi obra do
Senhor; é um prodígio aos nossos olhos.
A análise desta passagem do Evangelho de Lucas já foi realizada no Estudo de Mateus 21,42-46 e no
Estudo de Marcos 12,10-12 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de Lucas
Estudo de Lucas 22,21-23 sem referência aos livros proféticos
Lucas 22,21-23: “Entretanto, eis que a mão de quem me trai está à mesa comigo. O Filho do homem vai,
segundo o que está determinado, mas ai daquele homem por quem ele é traído” Perguntavam então os
discípulos entre si quem deles seria o que tal haveria de fazer.
Mais uma vez, em passagem alguma dos livros proféticos está determinado ou escrito que o Mashiach
seria traído. Por outro lado, a compreensão desta passagem do Evangelho de Mateus também pode ser
alcançada com o Estudo de Mateus 16,21-23 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de
Lucas.
Estudo de Lucas 22,36-37 com referência a Yeshayáhu 53,12
Lucas 22,36-37: “Mas agora, disse-lhes ele, aquele que tem uma bolsa, tome-a; aquele que tem uma
mochila, tome-a igualmente; e aquele que não tiver uma espada, venda sua capa para comprar uma. Pois
vos digo: é necessário que se cumpra em mim ainda este oráculo: E foi contado entre os malfeitores (Is
53,12). Com efeito, aquilo que me diz respeito está próximo de se cumprir.”
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Isaías 53,12: Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque
ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos
homens, e intercedendo pelos culpados.
A análise desta passagem do Evangelho de Lucas pode ser realizada com o Estudo de Mateus 8,14-17 e
com o Estudo de Marcos 15,24-28 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de Lucas.
Estudo de Lucas 24,5-8 sem referência aos livros proféticos
Lucas 24,5-8: Como estivessem amedrontadas e voltassem o rosto para o chão, disseram-lhes eles: “Por
que buscais entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como
ele vos disse, quando ainda estava na Galiléia: O Filho do homem deve ser entregue nas mãos dos
pecadores e crucificado, mas ressuscitará ao terceiro dia.” Então elas se lembraram das palavras de Jesus.
A análise desta passagem do Evangelho de Lucas já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no
Estudo de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de
Marcos 8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 , no Estudo de Marcos 10,32-34 , no Estudo de Lucas 9,22 ,
no Estudo de Lucas 9,43-45 e no Estudo de Lucas 18,31-34 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no
Evangelho de Lucas.
Estudo de Lucas 24,25-27 sem referência aos livros proféticos
Lucas 24,25-27: Jesus lhes disse: “Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em
tudo o que anunciaram os profetas! Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim
entrasse na sua glória?” E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que
dele se achava dito em todas as Escrituras.
A análise desta passagem do Evangelho de Lucas já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no
Estudo de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de
Marcos 8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 , no Estudo de Marcos 10,32-34 , no Estudo de Lucas 9,22 ,
no Estudo de Lucas 9,43-45 , no Estudo de Lucas 18,31-34 e no Estudo de Lucas 24,5-8 . Assim, torna-se
evidente mais uma fraude no Evangelho de Lucas.
Estudo de Lucas 24,44-49 sem referência aos livros proféticos
Lucas 24,44-49: Depois lhes disse: “Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário
que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos.” Abriu-lhes
então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: “Assim é que está escrito, e assim era
necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. E que em seu nome se
pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as
testemunhas de tudo isso. Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai; entretanto, permanecei na cidade,
até que sejais revestidos da força do alto.”
A análise desta passagem do Evangelho de Lucas já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no
Estudo de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de
Marcos 8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 , no Estudo de Marcos 10,32-34 , no Estudo de Lucas 9,22 ,
no Estudo de Lucas 9,43-45 , no Estudo de Lucas 18,31-34 , no Estudo de Lucas 24,5-8 e no Estudo de Lucas
24,25-27 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de Lucas.
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Parte V - Estudo do Evangelho de João
Estudo de João 1,22-23 com referência a Yeshayáhu 40,3 Isaias)
João 1,22-23: Perguntaram-lhe de novo: “Dize-nos, afinal, quem és, para que possamos dar uma resposta
aos que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?” Ele respondeu: “Eu sou a voz que clama no deserto, como
o disse o profeta Isaías” (40,3)
Isaías 40,3: Uma voz exclama: “Abri no deserto um caminho para o Senhor, traçai reta na estepe uma
pista para nosso Deus.”
A análise desta passagem do Evangelho de João é idêntica a que foi realizada no Estudo de Mateus 3,1-3 ,
no Estudo de Mateus 11,7-10 , no Estudo de marcos 1,1-4 e no Estudo de Lucas 3,1-6 . Assim, torna-se
evidente a primeira fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 2,22 sem referência aos livros proféticos
João 2,22: Depois que ressurgiu dos mortos, os seus discípulos lembraram-se destas palavras e creram na
Escritura e na palavra de Jesus.
A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no Estudo
de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de Marcos
8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 , no Estudo de Marcos 10,32-34 , no Estudo de Lucas 9,22 , no
Estudo de Lucas 9,43-45 , no Estudo de Lucas 18,31-34 , no Estudo de Lucas 24,5-8 , no Estudo de Lucas
24,25-27 e no Estudo de Lucas 24,44-49 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 3,13-15 sem referência aos livros proféticos
João 3,13-15: “Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, o Filho do homem que está no céu.
Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do homem, para que todo
homem que nele crer tenha a vida eterna.”
A análise desta passagem do Evangelho de João é realizada com o estudo da passagem de Números 19,122,1. O Eterno ordenou o preceito de que os filhos de Israel deviam trazer uma vaca vermelha (Pará
Adumá) sem defeito algum para ser apresentada ao sacerdote (Cohen) Eleazar para ser sacrificada. O
sacrifício desta vaca era destinado a purificação de todo aquele que tivesse contato com um cadáver.
Todo o ritual finalizava no sétimo dia. Neste dia, todo aquele que estivesse impuro deveria lavar as suas
roupas e banhar-se em um mikvé, após o qual ficava purificado. Continuemos o nosso estudo. Logo
depois, os israelitas chegaram ao deserto de Tzin, acampando em Kadesh. Neste lugar morreu Miriam,
irmã de Moshê e aí foi sepultada. Com a sua morte deixou de manar a água do poço que tinha abastecido
milagrosamente os israelitas durante a sua travessia pelo deserto. Novamente começaram a protestar
contra Moshê pela falta de água. O Eterno ordenou a Moshê e a Aharón que reunissem toda a
congregação e falassem diante de uma rocha que ela emanaria água para todos. Assim cumpriram o
ordenamento do Eterno, mas perante a impaciência do povo, Moshê atingiu com a sua vara, duas vezes a
rocha e assim fluiu água. Deste modo, ele dirigiu uma grande ofensa ao Eterno, uma vez que Ele tinha
ordenado que apenas Moshê falasse, e não batesse na rocha. Isto significou que Moshê não acreditou na
Sua palavra e Aharón, mediante a primeira batida de Moshê com a vara, não o impediu de o mesmo bater
pela segunda vez. Assim, o Eterno decretou que aquele povo não entraria na Terra Prometida e nem
tampouco Moshê e Aharón, já que tinham ofendido ao Eterno perante o povo. Em seguida c omeçaram as
etapas finais da travessia dos israelitas para a Terra Prometida. Era necessário atravessar a terra de Edom
ao Sul do mar Morto, pelo que Moshê enviou mensageiros desde Kadesh até ao rei de Edom, solicitando
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autorização para transitarem unicamente pelo caminho real. Mas a resposta foi negativa e o rei de Edom
ameaçou a enfrentar os israelitas com o seu exército. Assim os israelitas foram obrigados a mudar o seu
rumo, chegando ao monte Hor, lugar onde o Eterno designou Eleazar como Cohen Gadol, substituindo
Aharón que morreu neste lugar e aí foi sepultado.
A partir daqui podemos extrair muitos ensinamentos. Ao caminhar pelo moderno shopping center,
próximo à rodoviária do centro em Be'ersheva, em Israel, o turista se sente quase em casa. Dezenas de
lojas modernas se parecem com as do ocidente. Nota-se a visão familiar de pessoas subindo e descendo
nas escadas rolantes. É também muito prazeroso poder dar um profundo suspiro de alívio ao encher os
pulmões com o ar condicionado deste maravilhoso centro de compras, enquanto a temperatura externa
está em torno de 35ºC. A experiência em si de comprar pode não ser tão excitante, afinal, a mentalidade
de compras no Oriente Médio não é aquela à qual os ocidentais estão acostumados, e lá o cliente nem
sempre tem razão, mas o simples fato de que se está abrigado em um ambiente calmo, hospitaleiro e
fresco deixa qualquer um bem relaxado. Graças às inovações modernas como ar condicionado, aquedutos
para transportar água por longas distâncias, e o aperfeiçoamento na armazenagem de alimentos, cidades
grandes como Be'ersheva começaram a desenvolver-se à margem de desertos. Mas sua existência é tênue
e apenas possível nas áreas mais amenas. Em sua essência, o deserto continua desafiadoramente
implacável com a habitação humana, de tal forma que faz-nos refletir como, nós judeus, sobrevivemos
vagando no deserto por quarenta anos antes de entrar na Terra Prometida. Durante esta estadia nós não
fomos amparados por condicionadores de ar, água encanada, e comida importada. Em vez disso,
beneficiamo-nos de alguns artefatos bastante miraculosos fornecidos pelo Eterno, Bendito Seja.
Nuvens especiais cercaram e cobriram aquele povo que viajava. Assim, foi mantido um controle climático.
Além disso, os judeus não precisavam se preocupar com queimaduras de Sol. As nuvens ofereciam
também proteção contra predadores. Além disso, o maná descia do céu seis dias por semana. Perfeito
alimento substituto, o maná fornecia 100% da nutrição necessária. Na verdade, o maná era tão perfeito
que era absorvido integralmente pelo trabalho digestivo, eliminando a necessidade de aliviar-se. E um
poço, jorrando de uma grande rocha, rolava junto com eles para fornecer-lhes água. Com a maioria de
suas necessidades físicas satisfeitas, os judeus tinham bastante tempo para envolver-se no estudo da Torá
que haviam recebido no início de sua jornada. Entretanto, os presentes que tornaram o ambiente ideal e
protetor não eram gratuitos. Ao contrário, os judeus os receberam pelo mérito dos muitos indivíduos
devotos, motivados e justos que habitavam entre eles. O Talmud (Tratado Ta'anit 9a) relata que Israel
teve três grandes líderes: Moshê, Aharon e Miriam - e três maravilhosos presentes foram recebidos por
intermédio deles. Pelo mérito de Miriam, um poço jorrou água incessantemente; Aharón foi responsável
pelas nuvens que protegiam os israelitas do Sol e o maná caiu pelo mérito de Moshê. Embora estas
associações de Miriam com o poço, Aharón com as nuvens, e de Moshê com o maná, não sejam
explicitamente mencionadas na Torá, cada uma delas pode ser detectada cuidadosamente no decorrer do
estudo do texto. A Torá registra que Miriam faleceu e foi enterrada em Cadesh, no deserto de Tzin.
A Torá continua:
E como não houvesse água para a assembléia, o povo se ajuntou contra Moisés e Aarão, procurou
disputar com Moisés e gritou: “Oxalá tivéssemos perecido com nossos irmãos diante do Senhor! Por que
conduziste a assembléia do Senhor a este deserto, para nos deixares morrer aqui com os nossos rebanhos?
Por que nos fizeste sair do Egito e nos trouxeste a este péssimo lugar, em que não se pode semear, e onde
não há figueira, nem vinha, nem romãzeira, e tampouco há água para beber?” (Números 20,2-5)
A água do poço fluía pelo mérito de Miriam. Era uma mulher justa, que se dedicou a servir ao Eterno. A
presença de Mirian e o seu envolvimento com os judeus trouxeram a ela uma consideração especial por
parte d’Ele e sua morte deixou uma grande lacuna para o povo. Desta forma, o poço deixou de funcionar.
Com as mortes de Aharón e de Moshê os judeus foram privados das nuvens protetoras e do maná. Na
verdade, sempre que uma pessoa justa deixa este mundo sentimos uma grande perda. Quando a Torá
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descreve a viagem de Yaacov de Canaã a Charan (onde vivia seu tio Laban), fornece a afirmação de que
Yaacov deixou Be'ersheva e foi para Charan (Gênesis 28,10). Obviamente, o ato de partir é significativo. A
este respeito, Rashi cita um Midrash onde declara que apartida de um justo de um lugar deixa uma
impressão indelével. Aobra Yaafe Toar explica que, para onde quer que um tsadic (justo) vá, ilumina com
a sabedoria da Torá o lugar em que se encontra tanto espiritual como fisicamente. Ele concede um senso
de dignidade a todos que estão em sua presença, honrando-os e sendo honrado por eles, e oferece
inestimável conselho da perspectiva da Torá. Como um modelo vivo da Torá, o tsadic estabelece um
exemplo positivo e influente para aqueles ao seu redor. Talvez isto possa ajudar a esclarecer a mitsvá:
Temerás ao Senhor, teu Deus, e o servirás. Estarás unido a ele, e só pelo seu nome farás os teus
juramentos. (Deuteronômio 10,20) .
Não podemos apegar-nos fisicamente ao Eterno porque Ele não é físico. Nossos rabinos explicam que
devemos agarrar toda oportunidade de associar-nos com indivíduos justos e piedosos, judeus que estão
imersos na Torá e cujas próprias ações refletem aquela imersão. Certamente os tsadikim (justos) são
mortais, mas a sua influência penetrante e poderosa pode ajudar-nos a ficar mais próximos do Eterno.
Uma lição prática emerge de tudo isto. Toda vez que encontrar uma pessoa assim, a oportunidade estará
batendo à porta. Até mesmo a interação mais básica tem um efeito garantido. Você pode aperfeiçoar seu
Judaísmo durante os negócios, almoçando, ou simplesmente apresentando-se a esta pessoa. Além dos
dons que a comunidade recebe pelo mérito de um justo, o próprio tsadic beneficia a comunidade.
A sua simples presença é um presente em si.
Continuemos o nosso estudo. Durante trinta dias os israelitas fizeram luto por Aharón. Quando os
israelistas continuaram a deslocar-se pelo caminho de Atarim, enfrentaram um ataque do rei cananeu,
Arad, o qual foi vencido por Israel. Em seguida, o povo começou a se queixar pela falta de água e de
alimentos. Então, o Eterno enviou como castigo serpentes ardentes. O povo reconheceu o seu erro e o
Eterno ordenou a Moshê que fizesse uma serpente de bronze e a pusesse enroscada em uma vara, para
que todo aquele que fôsse mordido pudesse ser curado ao olhar para esta serpente.
Partiram do monte Hor na direção do mar Vermelho, para contornar a terra de Edom. Mas o povo perdeu
a coragem no caminho, e começou a murmurar contra Deus e contra Moisés: “Por que, diziam eles, nos
tirastes do Egito, para morrermos no deserto onde não há pão nem água? Estamos enfastiados deste
miserável alimento.” Então o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que morderam e mataram
a muitos. O povo veio a Moisés e disse-lhe: “Pecamos, murmurando contra o Senhor e contra ti. Roga ao
Senhor que afaste de nós essas serpentes.” Moisés intercedeu pelo povo, e o Senhor disse a Moisés: “Faze
para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será
salvo.” Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por
uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida. (Números 21,4-9)
Esta imagem não foi constrúida para adoração, mas era respeitada pelos hebreus, por ser algo sagrado,
enviado pelo Eterno, pois quem olhasse para ela seria salvo, no sentido de obter a saúde. Sabemos que a
serpente na antiguidade era o símbolo da divindade de cura. O Talmud Rosh Hashaná 3,8 pergunta se a
serpente de cobre tirava a vida ou a restituía. Na verdade, todo o tempo em que os filhos de Israel
elevavam os seus olhos ao céu e submetiam seus corações ao Eterno, eles se curavam e, quando não,
morriam. Devido a sua durabilidade e rigidez, Moshê confeccionou a serpente utilizando o cobre, e não
outro material. Contra a luz do Sol, ela tornava-se fulguramente e bastante visível devido à altura da
haste. Esta serpente foi guardada pelos filhos de Israel junto à vasilha de Maná e à vara de Aharón, no
Tabernáculo. Assim, quando Moshê pôs diante dos israelitas a serpente presa a uma haste, eles se
lembraram das transgressões cometidas. Segundo João 3,13-15, Iehoshua de Nazaré tenta se por no lugar
da serpente para se fazer entender que, quando morrese na cruz, destruiria o pecado no mundo.
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Mas o mundo ainda continua cometendo transgressões principalmente por intermédio dos seguidores do
próprio Iehoshua. Bem mais tarde, esta imagem foi destruída pelo rei Chizkyáhu (Ezequias) II Reis 18,4,
pois foi adorada pelo povo israelita, alterando completamente o seu significado, exatamente como a
igreja romana passou a fazer e a ensinar aos cristãos. Isto é, passou a interpretar a serpente de cobre
como uma alusão à crucificação de Iehoshua de Nazaré. Desta forma, estes cristãos passaram a adorar a
cruz, e durante a Inquisição os judeus foram obrigados a adorá-la nas masmorras inquisitórias. Para
finalizar, em nenhuma passagem dos livros proféticos está escrito que o Mashiach será preso a uma cruz
ou que desceria do céu. Na verdade, o Mashiach deverá construir o Terceiro Templo Sagrado, como
descrito em Yechezkel (Ezequiel) 37,1-28, conduzir todos os judeus de volta à Terra de Israel, como descrito
em Yeshayáhu (Isaías) 43,1-6, introduzir uma era de paz mundial, e acabar com o ódio, a opressão, o
sofrimento e as doenças, como descrito em Yeshayáhu (Isaías) 2,1-5, divulgar o conhecimento universal
sobre o Eterno, unificando toda a raça humana como uma só, como descrito em Zecharyah (Zacarias) 14,121, Restaurar Israel e o seu povo como está descrito em Obadyáhu (Abdias) 9,11-15 e reinar para sempre
no trono de David como está descrito em Yrmiyáhu 33,1-26. Ler também o Salmo Hb 89. Assim, torna-se
evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 3,31-34 sem referência aos livros proféticos
João 3,31-34: Entretanto, os discípulos lhe pediam: “Mestre, come.” Mas ele lhes disse: “Tenho um
alimento para comer que vós conheceis.” Os discípulos perguntavam uns aos outros: “Alguém lhe teria
trazido de comer?” Disse-lhes Jesus: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a
sua obra.”
Como comentamos no Estudo de João 3,13-15, as obras do Mashiach são construir o Terceiro Templo
Sagrado, como descrito em Yechezkel (Ezequiel) 37,1-28, conduzir todos os judeus de volta à Terra de
Israel, como descrito em Yeshayáhu (Isaías) 43,1-6, introduzir uma era de paz mundial, e acabar com o
ódio, a opressão, o sofrimento e as doenças, como descrito em Yeshayáhu (Isaías) 2,1-5, divulgar o
conhecimento universal sobre o Eterno, unificando toda a raça humana como uma só, como descrito em
Zecharyah (Zacarias) 14,1-21, Restaurar Israel e o seu povo como está descrito em Obadyáhu (Abdias)
9,11-15 e reinar para sempre no trono de David como está descrito em Yrmiyáhu 33,1-26. Iehoshua de
Nazaré não fez nada disto. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 5,39 sem referência aos livros proféticos
João 5,39: “Vós perscrutais as Escrituras, julgando encontrar nelas a vida eterna. Pois bem! São elas
mesmas que dão testemunha de mim.”
De acordo com os estudos realizados até agora é impossível identificar nas Escrituras Hebraicas quaisquer
testemunhos referentes a Iehoshua de Nazaré. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de
João.
Estudo de João 5,45-47 com referência a Torá Devarim 18,15
João 5,45-47: “Não julgueis que vos hei de acusar diante do Pai; há quem vos acusa: Moisés, no qual
colocais a vossa esperança. Pois se crêsseis em Moisés, certamente creríeis também em mim, porque ele
escreveu a meu respeito. Mas se não acreditais nos seus escritos, como acreditareis nas minhas palavras?”
Deuteronômio 18,15: “O Senhor, teu Deus, te suscitará dentre os teus irmãos um profeta como eu: é a ele
que devereis ouvir.”
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A análise desta passagem do Evangelho de João é realizada com o estudo da passagem de Deuteronômio
18,9-22, pois veremos que não se trata de um profeta em particular, mas de qualquer profeta.
“Quando tiveres entrado na terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não te porás a imitar as práticas
abomináveis da gente daquela terra. Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou
sua filha, nem quem se dê à advinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao esoterismo,
ao espiritismo, à adivinhação ou à invocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles
que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de
ti essas nações. Serás inteiramente do Senhor, teu Deus. As nações que vais despojar ouvem os agoureiros
e os adivinhos; a ti, porém, o senhor, teu Deus, não permite. “O Senhor, teu Deus, te suscitará dentre os
teus irmãos um profeta como eu: é a ele que devereis ouvir. Foi o que tu mesmo pediste ao Senhor, teu
Deus, em Horeb, quando lhe disseste no dia da assembléia: Oh! Não ouça eu mais a voz do Senhor, meu
Deus, nem torne a ver mais esse fogo ardente, para que eu não morra! E o Senhor disse-me: está muito
bem o que disseram; eu lhes suscitarei um profeta como tu dentre seus irmãos: pôr-lhe-ei minhas palavras
na boca, e ele lhes fará conhecer as minhas ordens. Mas ao que recusar ouvir o que ele disser de minha
parte, pedir-lhe-ei contas disso. O profeta que tiver a audácia de proferir em meu nome uma palavra que
eu lhe não mandei dizer, ou que se atrever a falar em nome de outros deuses, será morto. Se disseres a ti
mesmo: como posso eu distinguir a palavra que não vem do Senhor? Quando o profeta tiver falado em
nome do Senhor, se o que ele disse não se realizar, é que essa palavra não veio do Senhor. O profeta falou
presunçosamente. Não o temas." (Deuteronômio 18,9-22).
Este texto anuncia a vinda, não de um determinado profeta, mas de uma série de profetas que deveriam
falar como Moshê, sob o impulso da inspiração. E, para dirimir quaisquer dúvidas, escrevemos o final
deste texto bíblico:
E o Senhor disse-me: está muito bem o que disseram; eu lhes suscitarei um profeta como tu dentre seus
irmãos: pôr-lhe-ei minhas palavras na boca, e ele lhes fará conhecer as minhas ordens. Mas ao que
recusar ouvir o que ele disser de minha parte, pedir-lhe-ei contas disso. O profeta que tiver a audácia de
proferir em meu nome uma palavra que eu lhe não mandei dizer, ou que se atrever a falar em nome de
outros deuses, será morto. Se disseres a ti mesmo: como posso eu distinguir a palavra que não vem do
Senhor? Quando o profeta tiver falado em nome do Senhor, se o que ele disse não se realizar, é que essa
palavra não veio do Senhor. O profeta falou presunçosamente. Não o temas." (Deuteronômio 18,17-22)
Assim, observamos que o texto não fala de um profeta específico, mas de como distinguir quem é um
verdadeiro profeta, e isto vale para todos os profetas posteriores a Moshê. Por outro lado, se Moshê
menciona um profeta como eu, isto equivale a dizer que seria um profeta igual a ele. Entretanto, em
Hebreus 3,1-6 observamos uma contradição: o reconhecimento de que Iehoshua é superior a Moshê. Por
outro lado, o Profeta Prometido não poderia ser diferente de Moshê, seria um homem como Moshê, não
um deus encarnado. Ele deveria ser um judeu submisso ao Eterno, e não o próprio Eterno encarnado.
Desta forma, ele não poderia receber mais honra do que Moshê, porque jamais um profeta terá maior
glória do que Moshê em Israel, como está escrito em Deuteronômio 34,10. Assim, torna-se evidente mais
uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 6,38-40 sem referência aos livros proféticos
João 6,38-40: “Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
Ora, esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu,
mas que os ressuscite no último dia. Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele
crê, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.”
A análise desta passagem do Evangelho de João pode ser realizada com o Estudo de João 3,13-15 , Estudo
de João 3,31-34 , Estudo de João 5,45-47 . Porém, aqui vale a pena acrescentar que nos livros proféticos
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não há menção de que o Mashiach desceria do céu. Por outro lado, Iehoshua afirma que a vontade do
Eterno é não deixar que nenhum dos seus seguidores pereça, mas, no entanto, quando o mesmo foi preso,
algo que também não está profetizado no Tanach, os apóstolos não somente o abandonaram como
também, após a morte dele, os seus discípulos pereceram, muitos dos quais também em uma cruz. Assim,
torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 6,45-46 com referência a Yeshayáhu 54,13
João 6,45-46: Está escrito nos profetas: Todos serão ensinados por Deus (Is 54,13). Assim, todo aquele que
ouviu o Pai e foi por ele instruído vem a mim. Não que alguém tenha visto o Pai, pois só aquele que vem
de Deus, esse é que viu o Pai.
Isaías 54,13: Todos os teus filhos serão instruídos pelo Senhor, e a felicidade deles será grande; tu serás
fundada sobre a justiça.
Como mencionado no Estudo de Mateus 3,1-3, Isaías é considerado o maior profeta do Tanach. O livro de
Isaías compõe-se de duas partes. Os capítulos de 1 a 39 contêm freqüentes alusões a Isaías e ao seu tempo
e se encaixam perfeitamente no ambiente dos acontecimentos dos reinados de Osias, Joatão, Acaz e de
Ezequias, conforme identificado em II Reis 15-24. Os capítulos de 40 a 66 fazem referência a uma época
posterior. Nestes capítulos observamos que o profeta se dirige aos israelitas deportados ou já
reintegrados em sua pátria após dominação sob os assírios. Durante esta investida, Isaías se insurgiu
contra a idolatria, ameaçou ricos e poderosos e elevou a sua voz contra os hipócritas e todos aqueles que
se comportavam de forma frívola. Em especial, no Capítulo 54, Isaías fala sobre a cidade de Jerusalém
anunciando, nos versículos 7-8, que o Eterno, por um momento, a havia abandonado, mas que voltaria a
ter compaixão dela. Nos versículos 11-12, Isaías anuncia em nome do Eterno a reconstrução de Jerusalém
e, para isso, é necessário que os judeus retornem para o Senhor de Israel, pois o Eterno irá instruir todos os
filhos de Israel para esta reconstrução. Logo em seguida, nos versículos 14-15, o Eterno anuncia, referindose a Jerusalém, o seguinte:
Serás isenta de qualquer opressão, nada terás a temer, e de todo o terror, pois não poderá atingir-te. Se te
atacarem, não será de minha parte; teus agressores sucumbirão diante de ti. (Isaías 54,14-15)
Ora, na época em que Iehoshua de Nazaré surgiu, Israel estava sob domínio do Império Romano. Como,
então, entender que a cidade de Jerusalém estaria isenta de qualquer opressão e que os seus agressores
iriam sucumbir, como consta em Isaías 54,14-15, se os romanos também dominavam toda a Terra de
Israel? Além do mais, quando Iehoshua morreu, Israel continuou sob domínio romano. Por outro lado,
Iehoshua afirma que todo aquele que ouviu o Pai e foi por ele instruído iria a ele. Desta forma, ele se
coloca também como instrutor. Em Jeremias 31,31-34, é predito que:
Eis a aliança que, então farei com a casa de Israel – oráculo do Senhor: Incutirlhe-ei a minha lei; gravála-ei
em seu coração. Serei o seu Deus e Israel será o meu povo. Então, ninguém terá encargo de instruir seu
próximo ou irmão, dizendo: "Aprende a conhecer o Senhor", porque todos me conhecerão, grandes e
pequenos - oráculo do Senhor -, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus
pecados. (Jeremias 31,31-34)
Assim, quando a obra do Mashiach estiver em operação a humanidade adquirirá tão elevado
conhecimento da Torá, que todos os seres humanos serão igualmente integrados à plenitude divina e tudo
funcionará para o bem comum. Recomenda-se o estudo das passagens de Yeshayáhu 11,1-16 e o Salmo
Hb 22,1-31. Através destas passagens chegamos a conclusão de que ninguém precisará mais de
instrutores, pregadores e nem tão pouco de aparições de santos ou santas. Nesta época, nenhum homem
dominará outro homem para a desgraça, como ocorreu na trajetória histórica das igrejas cristãs em todo
o mundo. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
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Estudo de João 6,51 sem referência aos livros proféticos
João 6,51: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que
eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo.”
A análise desta passagem do Evangelho de João é realizada com maiores detalhes através dos versículos
35-65. Segundo a Igreja Católica Romana, a hóstia distribuída entre os fiéis durante a celebração
eucarística é a carne de Iehoshua e o vinho é o seu sangue, e, segundo a Igreja Protestante, as palavras
carne e sangue significam os ensinamentos de Iehoshua. Mas, os discípulos de Iehoshua ficaram
perturbados e se perguntaram como alguém pode oferecer a sua própria carne para comer. Mais adiante,
no versículo 61, Iehoshua perguntou se o que ele tinha falado causava escândulo, e, no versículo 62,
perguntou o que aconteceria quando eles vissem o Filho do homem subir para onde ele estava antes e, por
último, no versículo 63, acrescentou que o espírito é que vivifica e a carne de nada serve. Ao que parece, o
que ele tentou explicar foi que os seus ensinamentos eram, ao mesmo tempo, carne e sangue, ou seja,
alimento e bebida. Mas, como sabemos, em Jeremias 31,31-34, é predito queninguém terá encargo de
instruir seu próximo ou irmão, dizendo: "Aprende a conhecer o Senhor", porque todos me conhecerão,
grandes e pequenos - oráculo do Senhor -, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma
lembrança de seus pecados . Assim, quando a obra do Mashiach estiver em operação a humanidade
inteira adquirirá tão elevado conhecimento da Torá, que todos os seres humanos serão igualmente
integrados à plenitude divina e tudo funcionará para o bem comum. Portanto, chegamos a conclusão de
que ninguém precisará mais de instrutores, pregadores. A respeito do que ele falou sobre o Filho do
homem subir para onde ele estava antes, basta rever o Estudo de João 6,38-40 . Assim, torna-se evidente
mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 7,37-39 com referência a Yeshayáhu 58,11 e Zecharyah 14,8
João 7,37-39: No último dia, que é o principal dia de festa, estava Jesus de pé e clamava: “Se alguém tiver
sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água
viva” (Zac 14,8; Is 58,11). Dizia isso, referindo-se ao Espírito que haviam de receber os que cressem nele,
pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado.
Isaías 58,11: O Senhor te guiará constantemente, alimentar-te-á no árido deserto, renovará teu vigor.
Serás como uma fonte de águas inesgotáveis.
Zacarias 14,8: Naquele dia jorrará água corrente de Jerusalém, metade para o mar do nascente e metade
para o mar do poente; jorrará tanto no verão como no inverno.
Na análise desta passagem do Evangelho de João, Iehoshua afirma que quem cresse nele, como diz a
Escritura, do seu interior manariam rios de água viva. Perguntamos: Em que parte da Escritura isto está
afirmado? Para isto são citadas as passagens de Isaías 58,11 e Zacarias 14,8. Em relação ao livro do
Profeta Isaías, já explicamos que os capítulos de 40-66 fazem referência a uma época em que o profeta se
dirige aos israelitas deportados ou já reintegrados em sua pátria após dominação sob os assírios. Durante
esta investida, Isaías se insurgiu contra a idolatria, ameaçaram ricos e poderosos e elevou a sua voz
contra os hipócritas e todos aqueles que se comportavam de forma frívola. No Capítulo 54, Isaías fala
sobre a cidade de Jerusalém anunciando, nos versículos 7-8, que o Eterno, por um momento, a havia
abandonado, mas que voltaria a ter compaixão dela. Nos versículos 11-12, Isaías anuncia em nome do
Eterno a reconstrução de Jerusalém e, para isso, é necessário que os judeus retornem para o Senhor de
Israel, pois o Eterno irá instruir todos os filhos de Israel para esta reconstrução. Logo em seguida, nos
versículos 14-15, o Eterno anuncia, referindo-se a Jerusalém, o seguinte:
Serás isenta de qualquer opressão, nada terás a temer, e de todo o terror, pois não poderá atingir-te. Se te
atacarem, não será de minha parte; teus agressores sucumbirão diante de ti. (Isaías 54,14-15)
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O Capítulo 58 narra a situação da cidade Jerusalém ao fim do século VI a.e.c. Nesta época, os edifícios
destruídos não passam de antigas ruínas, a cidade se encontra pouco restaurada. A comunidade judaica
decepcionada procura obter, através do jejum, a realização das promessas messiânicas como anunciadas
nos capítulos 40-55. Mas Isaías responde ao povo que tais promessas somente seriam realizadas se à
prática do jejum fôsse praticada também a justiça (Isaías 58,3-5). Em seguida, nos versículos 6-7, o Eterno
diz como deve ser feito o jejum. Fora isto, Ele ainda exige, nos versículos 9-10, que seja expulso da casa de
cada israelita toda a opressão, os gestos malévolos, as más conversações e, por último, Ele ainda exige
que se dê alimento aos pobres. Assim, quando todo israelita praticar estas exigências, então o Eterno,
através do Profeta Isaías, guiará o povo constantemente, alimentar-te-á no árido deserto, renovará teu
vigor. Serás como uma fonte de águas inesgotáveis. (Isaías 58,11) Assim, ou o autor de João transferiu a
missão designada pelo Eterno e concretizada por Isaías para Iehoshua ou Iehoshua tentou se passar pelo
Profeta Isaías. Assim, torna-se evidente outra fraude nos evangelhos.
A passagem de Amós 5,18-20, Amós 8,9, Zacarias 14,1-11, e outras etc, o Eterno anuncia a vinda do Dia do
Senhor.
Amós 5,18-20: Ai daqueles que desejam ver o dia do Senhor! Que será para vós o dia do Senhor? Trevas e
não luz. Como aquele que escapa de um leão, mas dá de encontro com um urso; ou que volta para casa,
mas ao tocar com a mão na parede é mordido pela serpente, sim, o dia do Senhor será de trevas e não
claridade, escuridão, e não luz.
Amós 8,9: Acontecerá naquele dia – oráculo do Senhor Javé - que farei o sol se pôr ao meio-dia, e encherei
a terra de trevas em pleno dia.
Zacarias 14,1-11: Eis que vem o dia do senhor, em que os teus despojos serão divididos no meio de ti.
Juntarei todas as nações ao redor de Jerusalém: a cidade será atacada e tomada, as casas serão
destruídas, as mulheres, violadas; metade da cidade irá para o cativeiro, mas o resto do povo não será
expulso. Então sairá o Senhor e pelejará contra aquelas nações: ele combaterá como (o sabe) fazer em
tempo de guerra. Naquele dia os seus pés se apoiarão no monte das Oliveiras, defronte de Jerusalém,
para o lado do oriente, e o monte dividir-se-á em dois pelo meio, do oriente ao ocidente, formando assim
um grande vale. Uma metade do monte se afastará para o norte, a outra para o sul. Fugireis pelo vale
aberto entre as montanhas, porque este vale se prolongará até o lugar do julgamento; e fugireis como
fugistes do terremoto no tempo de Ozias, rei de Judá. Então aparecerá o senhor vosso Deus, com todos os
seus santos. Naquele dia não haverá frio nem gelo. Será um dia contínuo (conhecido somente do Senhor),
e não haverá sucessão de dia e noite, e a noite será clara. Naquele dia jorrará água corrente de Jerusalém,
metade para o mar do nascente e metade para o mar do poente; jorrará tanto no verão como no inverno.
O Senhor reinará sobre toda a terra. Naquele dia o Senhor será o único Deus e só o seu nome será
invocado. Toda a terra será aplanada, desde Gabaa até Remon, ao sul de Jerusalém. Jerusalém ocupará o
seu lugar, e dominará desde a porta de Benjamim até o lugar da Primeira Porta, até a Porta do Ângulo, e
desde a torre de Hananeel até os lagares do rei. Habitarão nela e não haverá mais interdito: Jerusalém
estará verdadeiramente em segurança.
Todas as passagens indicadas do livro de Amós estão relacionadas ao Dia do Senhor. O Dia do Senhor,
como também é observado em Jeremias 30,1-24, Joel 2,1-11 e Sofonias 1,1-18, era visto como uma
poderosa intervenção do Eterno que concedia vitória a Israel, por ser povo escolhido, sobre os seus
inimigos. Amós, porém, anuncia que este dia virá como punição para todos os pecadores, inclusive
israelitas. O profeta prevê a invasão do inimigo assírio. A classe dominante de Israel se refugia na falsa
segurança de ter o Eterno como aliado, pois para ela, quanto o inimigo invadir o país, Ele intervirá, Dia do
Senhor, em favor do seu povo, concedendo-lhe a vitória. Amós, porém, destrói esta falsa segurança, pois,
infelizmente, grande parte do povo também se comportava como o inimigo assírio que explorava e
oprimia o próprio povo. Isto está bem claro em Amós 8,9-14, onde é narrado que as festas se
transformarão em luto e a alegria em gemido. Pior que isto, porém, é que o Eterno se recusará a falar ao
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povo que decidiu a não ouvi-lo. Assim, o Dia do Senhor é um dia muito próximo e não um dia em um
futuro longínquo, e muito menos ainda com relação a Iehoshua de Nazaré.
Em relação ao livro do Profeta Zacarias, podemos afirmar que a segunda parte do livro, Capítulos 9-14,
representa uma situação histórica que se refere às últimas décadas do século IV a.e.c. Em particular,
quanto a Zacarias 14, é interessante analisar o versículo 7: Será um dia contínuo (conhecido somente do
Senhor), e não haverá sucessão de dia e noite, e a noite será clara . Veja bem, se será um dia contínuo e a
noite será clara, então ocorrerá justamente o contrário do que os apologistas cristãos desejam
demonstrar, ou seja, haverá luz e não trevas. Por último, vale a pena acrescentar que o versículo 6 não
fala em trevas. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 8,28-30 sem referência aos livros proféticos
João 8,28-30: Jesus então lhes disse: “Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então conhecereis
quem sou e que nada faço de mim mesmo, mas falo do modo como o Pai me ensinou. Aquele que me
enviou está comigo; ele não me deixou sozinho, porque faço sempre o que é do seu agrado.”
A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de João 3,13-15 . Assim, tornase evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 11,47-52 sem referência aos livros proféticos
João 11,47-52: Os pontífices e os fariseus convocaram o conselho e disseram: “Que faremos? Esse homem
multiplica os milagres. Se o deixarmos proceder assim, todos crerão nele, e os romanos virão e arruinarão
a nossa cidade e toda a nação.” Um deles, chamado Caifás, que era o sumo-sacerdote daquele ano, disselhes: “Vós não entendeis nada! Nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e
que não pereça toda a nação.” E ele não disse isso por si mesmo, mas, como era o sumo-sacerdote
daquele ano, profetizava que Jesus havia de morrer pela nação, e não somente pela nação, mas também
para que fossem reconduzidos à unidade os filhos de Deus dispersos.
Nesta análise do Evangelho de João observamos algo interessante: “Vós não entendeis nada! Nem
considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça toda a nação.”. Por
esta passagem torna-se claro que Iehoshua de Nazaré morrerá como mártir de sua ideologia. Além do
mais, como explicado anteriormente, o Mashiach não virá para morrer. Ao contrário, as obras do
Mashiach são c onstruir o Terceiro Templo Sagrado, como descrito em Yechezkel (Ezequiel) 37,1-28,
conduzir todos os judeus de volta à Terra de Israel, como descrito em Yeshayáhu (Isaías) 43,1-6, introduzir
uma era de paz mundial, e acabar com o ódio, a opressão, o sofrimento e as doenças, como descrito em
Yeshayáhu (Isaías) 2,1-5, divulgar o conhecimento universal sobre o Eterno, unificando toda a raça
humana como uma só, como descrito em Zecharyah (Zacarias) 14,1-21, Restaurar Israel e o seu povo como
está descrito em Obadyáhu (Abdias) 9,11-15 e reinar para sempre no trono de David como está descrito
em Yrmiyáhu 33,1-26. Iehoshua de Nazaré não fez nada disto. Podemos acrescentar à análise desta
passagem do Evangelho de João o Estudo de João 3,13-15 e o Estudo de João 3,31-34 . Assim, torna-se
evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 12,14-16 com referência a Zecharyah 9,9
João 12,14-16: Tendo Jesus encontrado um jumentinho, montou nele, segundo o que está escrito: Não
temas, filha de Sião, eis que vem o teu rei montado num filho de jumenta (Zac 9,9). Os seus discípulos a
princípio não compreendiam essas coisas, mas, quando Jesus foi glorificado, então se lembraram de que
isto estava escrito a seu respeito e de que assim lho fizeram.
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Zacarias 9,9: Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém: eis que vem a ti o
teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta.
A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 21,1-5 . Assim,
torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 12,23-24 sem referência aos livros proféticos
João 12,23-24: Respondeu-lhes Jesus: “É chegada a hora para o Filho do homem ser glorificado. Em
verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz
muito fruto.”
A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no Estudo
de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de Marcos
8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 , no Estudo de Marcos 10,32-34 , no Estudo de Lucas 9,22 , no
Estudo de Lucas 9,43-45 , no Estudo de Lucas 18,31-34 , no Estudo de Lucas 24,5-8 , no Estudo de Lucas
24,25-27 , no Estudo de Lucas 24,44-49 , no Estudo de João 2,22 , no Estudo de João 3,3-15 , no Estudo de
João 8,28-30 e no Estudo de João 11,47-52 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de
João.
Estudo de João 12,31-36 sem referência aos livros proféticos
João 12,31-36: “Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo. E quando
eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim.” Dizia, porém, isto, significando de que morte
havia de morrer. A multidão respondeu-lhe: “Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para
sempre. Como dizes tu: Importa que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?
Respondeu-lhe Jesus: “Ainda por pouco tempo a luz estará em vosso meio. Andai enquanto tendes a luz,
para que as trevas não vos surpreendam; e quem caminha nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto
tendes a luz, crede na luz, e assim vos tornareis filhos da luz..” Jesus disse essas coisas, retirou-se e
ocultou-se longe deles.
A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no Estudo
de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de Marcos
8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 , no Estudo de Marcos 10,32-34 , no Estudo de Lucas 9,22 , no
Estudo de Lucas 9,43-45 , no Estudo de Lucas 18,31-34 , no Estudo de Lucas 24,5-8 , no Estudo de Lucas
24,25-27 , no Estudo de Lucas 24,44-49 , no Estudo de João 2,22 , no Estudo de João 3,3-15 , no Estudo de
João 8,28-30 , no Estudo de João 11,47-52 e no Estudo de João 12,23-24 . Assim, torna-se evidente mais
uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 12,37-41 com referência a Yeshayáhu 6,10 e Yeshayáhu 53,1
João 12,37-41: Embora tivesse feito tantos milagres na presença deles, não acreditavam nele. Assim, se
cumpria o oráculo do profeta Isaías: Senhor, quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço
do Senhor (53,1)? Aliás, não podiam crer, porque outra vez disse Isaías: Ele cegou-lhes os olhos,
endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração e eu os sare
(6,10). Assim se exprimiu Isaías, quando teve a visão de sua glória e dele falou.
Isaías 6,10: “Obceca o coração desse povo, ensurdece-lhe os ouvidos, fecha-lhe o os olhos, de modo que
não veja nada com seus olhos, não ouça com seus ouvidos, não compreenda nada com seu espírito. E não
se cure de novo.”
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Isaías 53,1: Quem poderia acreditar nisso que ouvimos? A quem foi revelado o braço do Senhor?
A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 8,14-17 , no Estudo
de Mateus 13,13-15 e no Estudo de Marcos 15,24-28 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no
Evangelho de João.
Estudo de João 13,18-19 com referência ao Salmo Hb 41,10
João 13,18-19: “Não digo isso de vós todos; conheço os que escolhi, mas é preciso que se cumpra esta
palavra da Escritura: Aquele que come o pão comigo levantou contra mim o seu calcanhar (Sal 40,10).”
Salmo Hb 41,10: Até o próprio amigo em que eu confiava, que partilhava do meu pão, levantou contra
mim o calcanhar.
A análise desta passagem do Evangelho de João é melhor realizada através de II Samuel 15-20. As
passagens destes capítulos narram uma situação em que um amigo de Davi, Aquitofel, o seu próprio
conselheiro, o traiu, juntamente com Abasalão:
Enquanto oferecia os sacrifícios, Absalão mandou chamar também Aquitofel, gilonita, conselheiro de
Davi, à sua cidade de Gilo. E assim a conjuração se fortificava e se tornava cada vez mais numerosa em
torno de Absalão. (II Samuel 15,12 ) .
Mais tarde foi anunciado a Davi que Aquitofel estava entre os conjurados:
Foi anunciado a Davi que Aquitofel estava também entre os conjurados de Absalão. Davi disse: “Fazei que
se frustrem, ó Senhor, meu Deus, os desígnios de Aquitofel!” (II Samuel 15,31) .
Por outro lado, é muito interessante a narrativa dos acontecimentos durante a última ceia, como relatado
no Evangelho de Mateus, em que Iehoshua de Nazaré responde aos seus discípulos sobre quem o iria trair:
Ao declinar da tarde, pôs-se Jesus à mesa com os doze discípulos. Durante a ceia, disse: “Em verdade vos
digo: um de vós me há de trair.” Com profunda aflição, cada um começou a perguntar: “Sou eu, Senhor?”
Respondeu ele: “Aquele que pôs comigo a mão no prato, esse me trairá. O Filho do homem vai, como está
escrito. Mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Seria melhor para esse homem que
jamais tivesse nascido!” Judas, o traidor, tomou a palavra e perguntou: “Mestre, serei eu?” – “Sim”, disse
Jesus. (Mateus 26,20-25)
O autor desta passagem do Evangelho de João tenta relacionar esta última com a passagem do Salmo Hb
41,10, mas tal passagem se trata de uma queixa de Davi a respeito da traição de Aquitofel. Diante disto,
torna-se claro que a passagem do Salmo Hb 41,10 não é uma profecia, mas uma oração oriunda de um
fato histórico: A Conjuração de Absalão. Desta forma, é impossível relacionar tal fato a Iehoshua de
Nazaré, como insistem os apologistas cristãos para poder dar suporte aos seus dogmas. Como
mencionado anteriormente, Davi foi traído por Aquitofel, conforme narrado em II Samuel 15,12.31. O
destino da vida de Aquitofel foi enforcar-se, como é narrado em II Samuel 17,23. Outras passagens que
relatam suicídio nas Escrituras Hebraicas são encontradas em Juízes 9,50-57; I Samuel 31,1-7; II Samuel
17,23 e I Reis 16,15-20. As passagens de Mateus 27,1-10 e Atos dos Apóstolos 1,15-20 parecem ser
inspiradas em II Samuel 17,23, mas narradas de forma diferente. Em Mateus 27,5 está relatado que Judas
Iscariotes, após se retirar da presença dos príncipes dos sacerdotes e anciãos, foi se enforcar. Entretanto,
em Atos dos Apóstolos 1,15-18 está relatado que Judas Iscariotes, após tombar para frente, arrebentou-se
pelo meio e todas as suas entranhas se derramaram, mudando-se, desta maneira, a versão de Mateus
27,5 a respeito da morte de Judas. Desta forma, o autor desta passagem do Evangelho de Mateus
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transferiu a forma de como Aquitofel morreu para Judas Iscariotes, de modo que o Salmo Hb 41,10
obtivesse respaldo de uma profecia quando, na realidade, se trata de um fato histórico. Assim, torna-se
evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 15,23-25 com referência ao Salmo Hb 35,19 e Salmo Hb 69,5
João 15,23-25: “Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai. Se eu não tivesse feito entre eles obras,
como nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora as viram e odiaram a mim e a meu Pai. Mas foi
para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo (Sal 34,19; 68,5).”
Salmo 35,19-21: Não se regozijem de mim meus pérfidos inimigos, nem tramem com os olhos os que me
odeiam sem motivo, pois nunca têm palavras de paz: e armam ciladas contra a gente tranqüila da terra
escancaram para mim a boca, dizendo: “Ah! Ah! Com os nossos olhos, nós o vimos!”
Salmo 69,5: Mais numerosos que os cabelos de minha cabeça os que me detestam sem razão. São mais
fortes que meus ossos os meus injustos inimigos.
O rei Davi teve um grandioso reinado, porém turbulento, mas jamais deixou de se ocupar do estudo da
Torá. Conta-se que todos os dias, sempre após o término de suas funções de rei, passava a noite
estudando e depois da meia noite, começava a compor cânticos, súplicas e louvores ao Eterno, Bendito
Seja, até o amanhecer. Desta reverência ao Eterno surgiu sua obra sagrada chamada Salmos. Durante as
batalhas e muitas vezes em fuga, na aflição e na angústia do deserto, sentia a alegria da proximidade
com o Eterno e com a presença da Shekinah fluíam de seus lábios os versículos. Davi era descendente da
tribo de Judá, portanto predestinado a ser rei. As tragédias de seu povo eram as suas próprias tragédias. A
palavra Salmo em hebraico é Tehilim que significa Hino, porém a palavra hebraica mais usada é Mizmor.
Portanto, os Salmos são cânticos, louvores ao Criador, pedidos de perdão, súplicas que revelam o
sofrimento e as alegrias do rei Davi e de seu povo, incluindo as guerras, tanto com o rei Saul como com o
rei Absalão, seu filho. Os Salmos também narram a vida deste povo no deserto, nos oásis, suas tendas, os
pastores que orientavam seus rebanhos, as imagens de Jerusalém, com seus palácios e torres do
magnífico Templo Sagrado. Davi, nos Salmos, deixa o temor aos céus e ao estudá-los a alma do homem se
comunica com as forças superiores, originando a Teshuvah, ou seja, o retorno do homem ao Eterno. O
trabalho espiritual realizado com os Salmos provoca a regeneração do homem, e eles se tornam uma
riqueza espiritual para ele. O Eterno inspirou estes sentimentos, para que seus filhos tenham ante Ele a
atitude de veneração e respeito necessária a todo aquele que deseja unir o céu com a terra e galgar os
degraus da luminosa Escada de Jacó.
De acordo com a tradição os Salmos, na versão grega, atribui 73 Salmos a Davi, 12 a Asaf, 11 aos filhos de
Coré, e os outros a Salomão e Moisés. Portanto o Livro dos Salmos consta de cinco partes ou livros, tal
como a Torá. Moshê transmitiu à humanidade a Torá, ou seja, a palavra do Eterno, segundo o Judaísmo.
Alguns Salmos são de difícil entendimento ou de verificar a continuidade entre um e outro, súbitas
exclamações, uns rogando por salvação, outros mostrando a aflição do momento, mas nestes instantes de
dor ou de angústia vemos a fé, a alegria e o louvor ao Criador. Davi compôs o Salmo 6 estando muito
doente, doença esta que enfraquecia seu corpo, mas como homem íntegro e dedicado ao Eterno, aceitou
as suas dores como meio de libertar a sua alma do pecado e da agitação. Portanto este salmo é a súplica
de um doente ao Criador. O Salmo 8 anuncia a libertação para o mundo, a redenção para todos os males
físicos e morais, e a restauração para toda a decadência física. O Salmo Hb 23 foi composto por Davi
quando ele estava fugindo do rei Saul e seu exército, e se refugiou em uma floresta estéril e seca, mas o
Eterno, Bendito Seja, não o abandonou. O Salmo Heb 91 foi composto por Moshê, que o dedicou à tribo de
Levi.
Em João 15,23-25 existe algo que não condiz com a realidade. Trata-se da expressão está escrita na sua
lei, a qual é atribuída a Iehoshua de Nazaré. A palavra Lei refere-se a Torá, e a profecia citada em João
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15,23-25 não se encontra na Torá, mas no Salmo Hb 35, mas, na realidade, não se trata de uma profecia.
Este salmo é uma oração de agradecimento que Davi fez ao Eterno, por ter ficado livre de Abimelec, que o
perseguia, e para se livrar dele Davi se fingiu de louco. Em particular, os versículos 12-23 representam um
grande ensinamento centrado no temor ao Eterno. Trata-se de reconhecer que Ele é poderoso, e que o
homem não pode substituí-lo. Em seguida, é preciso empenhar a própria vida na luta pela verdade e
justiça, para que todos possam viver dignamente. Esta é a luta que constrói a paz. Nesta luta o Eterno
toma partido dos justos, ouvindo o seu clamor, libertando-os e protegendo-os. Por outro lado, o Eterno se
posiciona contra os injustos, que são destruídos pelo próprio mal que produzem. Com certeza, este salmo
demonstra tratar-se de um fato relacionado ao próprio Davi. Ainda em relação a este salmo, Davi pede ao
Eterno que o livre e traga destruição sobre os seus inimigos (Versículos 1-10), lamenta o ódio não
justificado de seus inimigos contra ele (Versículos 11-16) e volta a solicitar ao Eterno livramento e justiça
(Versículos 17-28). Em relação aos versículos 1-10 deste salmo, perguntamos aqui: Por que Iehoshua de
Nazaré também não pediu para que os seus inimigos fôssem destruídos? É provável também que este
salmo tenha sido compôsto em uma época em que Davi estava sendo perseguido por Saul (I Samuel
24,15). A oração que Davi faz não está direcionada contra o próprio Saul, pois Davi poupara a sua vida,
mas a oração é destinada contra aqueles que fomentavam o ciúme doentio que Saul sentia de Davi. Foi
um fato histórico vivido por Davi, não uma previsão para uma ocorrência futura. Já o Salmo Hb 69 mostra
o desespero de Davi durante a perseguição (Versículos 1-12), seu desejo de punição para seus inimigos
(Versículos 13-28), e sua declaração de louvor (Versículos 29-36). Em relação aos versículos 13-28 deste
salmo, perguntamos mais uma vez: Por que Iehoshua de Nazaré também não pediu para que os seus
inimigos fôssem punidos? Portanto, nenhuma das duas citações dos salmos mencionados em João 15,2325 trata de uma profecia. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 17,12 sem referência aos livros proféticos
João 17,12: Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incubiste de fazer
conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se
cumprisse a Escritura.
Esta passagem do Evangelho de João é idêntica a de Mateus 26,55-56 e Marcos 14,47-50, ou seja, não é
informada qual profecia se refere esta passagem. Nada pode ser encontrado nesta passagem de João
17,12 que possa se enquadrar nela. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 18,8-9 sem referência aos livros proféticos
João 18,8-9: Replicou Jesus: “Já vos disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais, deixai ir estes.” Assim
se cumpriu a palavra que disse: Dos que me deste não perdi nenhum (Jo 71,12).
Esta passagem do Evangelho de João é idêntica a de Mateus 26,55-56, Marcos 14,47-50 e João 17,12, ou
seja, não é informada qual profecia se refere esta passagem. Nada pode ser encontrado nesta passagem
de João 18,8-9 que possa se enquadrar nela, e nem tampouco se conhece a existência da Escritura Jo
71,12. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 19,23-24 com referência ao Salmo Hb 22,19
João 19,23-24: Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro
partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. Disseram,
pois, uns aos outros: “Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será.” Assim se
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cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica (Sal
21,19).
Salmo Hb 22,19: repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica.
A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 27,35 e pode
também ser realizada com o Estudo de Mateus 26,30-35 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no
Evangelho de João.
Estudo de João 19,31-36 com referência a Êxodo 12,46 e Zecharyah 12,10
João 19,33-36: Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a
Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as
pernas e fossem retirados. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele
foram crucificados. Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas
um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. O que foi
testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de
que vós creiais. Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Êxodo 12,46). E diz
em outra parte a Escritura: Olharão para aquele que transpassaram (Zac 12,10).
Êxodo 12,46: O cordeiro será comido em uma mesma casa: tu não levarás nada de sua carne para fora da
casa e não lhe quebrarás osso algum.
Zacarias 12,10: Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de de boa
vontade e de prece, e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão lamentações sobre aquele que
transpassaram, como se fosse um filho único; chora-lo-ão amargamente como se chora um primogênito!
É incrível como os apologistas tentam relacionar determinadas passagens dos livros proféticos como
sendo profecias, quando na realidade não são. Na realidade são fatos históricos e não profecias
relacionadas a algum evento futuro. A passagem de Êxodo 12,46 não pode ser tomada isolada do seu
contexto, pois desta forma estaríasse distorcendo o seu real sentido, como fizeram e fazem os apologistas
cristãos para que passagens como estas se moldem ao que desejam. Portanto, vamos iniciar a partir do
versículo 43:
O Senhor disse a Moisés e Aarão: “Eis a regra relativa à páscoa: nenhum estrangeiro comerá dela; todo
escravo adquirido a preço de dinheiro, e que tiver sido circuncidado, comerá dela, mas nem o estrangeiro
nem o mercenário comerão dela.” (Êxodo 12,43-45)
Somente a partir daqui é que devemos prosseguir com o versículo 46, já citado. Nesta passagem estão as
determinações do Eterno a respeito de como os judeus deveriam celebrar a Páscoa, com instruções bem
específicas a respeito dos cordeiros, que deveriam ser mortos para serem comidos durante a celebração. É
em relação a estes cordeiros, que o Eterno determina que nenhum dos seus ossos deve ser quebrado
(Examinar os capítulos 1-11,16,17 e de 21-22 do livro de Levítico relatam como devem ser efetuados os
sacrifícios expiatórios). Diante disto, os apologistas cristãos utilizam esta passagem do Evangelho de João
para afirmar que, através de sua morte, Iehoshua de Nazaré passou a ser interpretado como o cordeiro
pascal mencionado em Êxodo 12,43-45, e que foi morto para expiar o pecado de todos os judeus e nãojudeus. Para demonstrar que isto não é verdade devemos saber que
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Não morrerão os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais. Cada um morrerá pelo seu próprio pecado.
(Deuteronômio 24,16)
Amasias tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar. Reinou durante vinte e nove anos em
Jerusalém. Sua mãe chamava-se Joadã, e era de Jerusalém. Fez o bem aos olhos do Senhor, mas não com
um coração inteiramente devotado. Desde que se sentiu seguro de seu poder real, mandou matar aqueles
servos que tinham assassinado o rei, seu pai. Mas não mandou matar os filhos deles, conforme o que está
escrito no livro da lei de Moisés, onde o Senhor ordena: Os pais não serão mortos por seus filhos, nem os
filhos por seus pais: cada um morrerá por seu próprio pecado. (II Crônicas 25,1-4)
“Perguntais por que não leva o filho a iniqüidade do pai! É que o filho praticou a justiça e a eqüidade, e,
como observa e cumpre as minhas leis, também ele viverá. É o pecador que deve perecer. Nem o filho
responderá pelas faltas do pai nem o pai pelas do filho. É ao justo que se imputará sua justiça, e ao mau a
sua malícia. Se, no entanto, o mau renuncia a todos os seus erros para praticar as minhas leis e seguir a
justiça e a eqüidade, então ele viverá decerto, e não há de perecer. Não lhe será tomada em conta
qualquer das faltas cometidas: ele há de viver por causa da justiça que praticou.Terei eu prazer com a
morte do malvado? – oráculo do Senhor Javé. Não desejo eu, antes, que ele mude de proceder e viva? E, se
um justo abandonar a sua justiça, se praticar o mal e imitar todas as abominações cometidas pelo
malvado, viverá ele? Não será tido em conta qualquer dos atos bons que houver praticado. É em razão da
infidelidade da qual se tornou culpado e dos pecados que tiver cometido que deverá morrer.” (Ezequiel
18,19-24) É recomendado que se estude todo o capítulo 18 do livro de Ezequiel.
Mas nenhum homem a si mesmo pode salvar-se, nem pagar a Deus o seu resgate. Caríssimo é o preço de
sua alma. Jamais conseguirá prolongar indefinidamente a vida e escapar da morte, porque ele verá
morrer o sábio, assim como o néscio e o insensato, deixando a outrem os seus bens. O túmulo será sua
eterna morada, sua perpétua habitação, ainda que tenha dado a regiões inteiras o seu nome, pois não
permanecerá o homem que vive na opulência: ele é semelhante ao gado que se abate. (Salmo Hb 49,8-13)
Diante do que observamos acima, um pai alcoólatra e com sífilis, certamente irá transmitir aos seus filhos
as conseqüências do pecado, mas não o pecado em si. Um pai ou uma mãe aidética transmitirá a
enfermidade para o filho no ventre, mas não o pecado em si. O que se transmite, hereditariamente, são os
efeitos do pecado e não o pecado em si. Mas a atitude de cada pessoa é de responsabilidade dela. A Torá
nos ensina que:
Não morrerão os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais. Cada um morrerá pelo seu próprio pecado.
(Deuteronômio 24,16)
Observamos, assim, que o Eterno não permite que os filhos, que não possuem culpa, herdem as maldades
dos pais, em termos espirituais, a ponto de morrerem por causa de seus antepassados. Por ironia, vale a
pena acrescentar o que o próprio Iehoshua de Nazaré afirmou a respeito dos sacrifícios:
Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e
sentaram-se com ele e seus discípulos. Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: “Por que come
vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?” Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: “Não são os
que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas
palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos, mas os
pecadores.” (Mateus 9,10-13)
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Atravessava Jesus os campos de trigo num dia de sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a
arrancar as espigas para come-las. Vendo isto, os fariseus disseram-lhe: “Eis que teus discípulos fazem o
que é proibido no dia de sábado.” Jesus respondeu-lhes: “Não lestes o que fez Davi num dia em que teve
fome, ele e seus companheiros, como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição? Ora, nem a
ele nem àqueles que o acompanhavam era permitido comer esses pães reservados só aos sacerdotes. Não
lestes na lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no templo o descanso do sábado e não se
tornam culpados? Ora, eu vos declaro que aqui está quem é maior que o templo. Se compreendêsseis o
sentido destas palavras: Quero a misericórdia e não o sacrifício... não condenaríeis os inocentes. Porque o
Filho do homem é também senhor do sábado.” (Mateus 12,1-8)
“Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. Dar-nos-á de
novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença. Apliquemo-nos a
conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da
primavera que irriga a terra.” Que te farei, Efraim? Que te farei, Judá? Vosso amor é como a nuvem da
manhã, como o orvalho que logo se dissipa. Por isso é que os castiguei pelos profetas, e os matei pelas
palavras de minha boca, e meu juízo resplandece como o relâmpago, porque eu quero o amor mais que os
sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos. (Oséias 6,1-6)
Assim, diante da passagem porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus
mais que os holocaustos. (Oséias 6,6) , citada por Iehoshua de Nazaré em Mateus 9,13 e em Mateus 12,7,
como, então, os apologistas cristãos ensinam que a morte de Iehoshua de Nazaré foi um sacrifício
expiatório pelos pecados cometidos pelos judeus e não-judeus antes e depois dele? O cordeiro
mencionado em Gênesis 22,13, que tomou o lugar de Isaac, foi chamado de cordeiro do holocausto.
Etimologicamente, a palavra holocausto significa elevação, o que ascende, em referência à fumaça que se
desprende do sacrifício, uma vez inteiramente consumido. Como mencionado em Deuteronômio 24,16
cada um morrerá pelo seu próprio pecado, pois somente o Eterno é quem pode perdoar os pecados.
Desta forma, para que Iehoshua de Nazaré fôsse o cordeiro do holocausto, como desejaram os apologistas
cristãos, seria necessário transformá-lo em Filho de Deus. Para isto, seria necessário que estes apologistas
ensinassem que Maria, mãe de Iehoshua de Nazaré, o concebeu por ação do Espírito Santo, ou seja, sem
ter relações sexuais com José, seu esposo, permanecendo virgem antes, durante e depois do parto. Assim,
a virgindade de Maria passou a constituir um dogma da igreja romana.
Com o passar dos séculos, os cristãos, através do Símbolo Apostólico, confessaram que Iehoshua de
Nazaré nasceu da Virgem Maria. Bem mais tarde, através do Credo Niceno-Constantinopolitano, os
cristãos passaram a afirmar que Iehoshua de Nazaré se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem
Maria. Inácio de Antioquia (50-117), também chamado Theophorus (ho Theophoros), atestou que o Filho
de Deus verdadeiramente nasceu de uma Virgem. Uma das primeiras discussões a respeito de Iehoshua de
Nazaré começou com o teólogo líbio e sacerdote no Egito, Arius de Alexandria (250-336) . Segundo ele, o
Filho de Deus, o Verbo, o Logos, era mera criatura do Criador, e não co-eterno com Ele e de Sua mesma
substância. Embora repleta de Platonismo, assim como os escritos de Paulo de Tarso, sua doutrina
sustentava que só o Criador é eterno, imutável, incriado, divino. Para ele, o Filho é a primeira das
criaturas, a mais excelente delas, e de uma substância diferente da substância do Criador. Não há
Trindade, no pensamento ariano de tal forma que o Filho é uma criatura excelsa que se encarnou em
Iehoshua de Nazaré, tomando o lugar de sua alma. Mas a Encarnação na visão ariana não significa que o
Criador assumiu natureza humana, mas apenas a natureza da matéria, ou seja, da carne humana,
deixando de lado a alma, que, segundo ele, era mera animação do corpo de Iehoshua de Nazaré, função
esta do Filho, do Verbo. Por fim, Arius ensinava que Iehoshua de Nazaré não era o Criador quem assumiu
a tal carne humana, uma vez que o Filho também não é o Criador. Tanto sucesso teve esta teologia de
Arius, que Jerome (340-420), o tradutor da Bíblia para o latim (a Vulgata), chegou a afirmar que o mundo
todo passou a ser ariano. Ao longo das discussões em torno das idéisa de Arius, destacou-se Athanasius
(296-373), Bispo de Alexandria. Na época em que iniciou seu apostolado em prol da fé na divindade do
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Filho, Athanasius de Alexandria era diácono, secretário de Alexandre (?-326), Patriarca de Alexandria.
Devido aos seus trabalhos teologais, alguns pontos da religião cristã começaram ser definidos através de
dogmas no Concílio de Nicéia, no ano de 325. O Filho e o Criador, segundo as decisões dogmáticas do
concílio, são consubstanciais, isto é, possuem a mesma substância, são ambos divinos. Assim, Iehoshua de
Nazaré foi interpretado não como um simples homem animado por um outro ser espiritual, mas ele é o
mesmo que este ser espitual. Mais do que isto, não apenas Iehoshua de Nazaré é uno com ele, como é uno
com o Criador. Iehoshua de Nazaré é o próprio Criador. Ele não é um modo de agir do Criador, como
ensinavam os sabelianistas, os quais negavam a Trindade para demonstrar a Unidade, mas uma outra
pessoa, distinta, embora igualmente divina, e ainda que não seja um outro Criador. O Concílio de Nicéia
foi o primeiro sínodo geral, e nele se proclamou a Trindade e a Unidade no Criador, conforme foi
reafirmado mais tarde nos concílios de Constantinopla, Éfeso, Calcedônia e Florença. Em particular, o
Concílio de Calcedônia, no ano de 451, declarou que Iehoshua de Nazaré nasceu de Maria Virgem. No ano
de 553, o II Concílio de Constantinopla declarou que Iehoshua de Nazaré encarnou-se da gloriosa Mãe de
Deus e sempre Virgem Maria. O Concílio de Latrão preconizou como verdade a Virgindade Perpétua de
Maria, no ano de 649, afirmando que seria condenado aquele que não confessasse, segundo os Santos
Padres, que a santa e sempre Virgem e Imaculada Maria seja, no sentido próprio e segundo a verdade,
Mãe de Deus que concebeu do Espírito Santo, o próprio Deus Verbo nascido do Pai antes de todos os
séculos, sem o auxílio de sêmen, e deu à luz sem corrupção, permanecendo virgem antes, durante e depois
do parto. Na Bula Papal intitulada Cum Quorumdam Hominum, datada de 7 de agosto de 1555,
o Papa Paulo IV, Gianpetro Caraffa, (1555-1559), afirmou que Maria é Sempre Virgem, isto é, que é virgem
antes, durante e depois do parto de Iehoshua de Nazaré. Liderando a Contra-Reforma, este papa
implantou os guetos judeus, primeiramente na Itália e, depois, no Império Austríaco. Assim, como
podemos comprovar, a divindade de Iehoshua de Nazaré não passa de uma decisão puramente humana.
Para finalizar, a análise de João 19,31-36já foi realizada no Estudo de Mateus 26,30-35. Porém vale a pena
acrescentar, em relação à passagem de Zacarias 12,9-13, que o primeiro ato exigido para os judeus
retornarem para o Eterno é reconhecê-lo como Único e Absoluto. Isto explica o significado da expressão
voltarão os seus olhos para mim. O segundo ato exigido é reconhecer os pecados de idolatria cometidos.
Como mencionado no Estudo de Mateus 26,30-35, o termo transpassado designa o próprio povo judeu
que, devido aos seus pecados cometidos, sofreu a punição do exílio. Portanto, está claro que o termo
transpassado é o próprio povo judeu e não uma profecia a respeito de Iehoshua de Nazaré. Assim, tornase evidente mais uma fraude no Evangelho de João.
Estudo de João 20,6-9 sem referência aos livros proféticos
João 20,6-9: Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Viu
também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado
num lugar à parte. Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.
Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os
mortos.
A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no Estudo
de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de Marcos
8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 , no Estudo de Marcos 10,32-34 , no Estudo de Lucas 9,22 , no
Estudo de Lucas 9,43-45 , no Estudo de Lucas 18,31-34 , no Estudo de Lucas 24,5-8 , no Estudo de Lucas
24,25-27 , no Estudo de Lucas 24,44-49 e no Estudo de João 2,22 . Assim, torna-se evidente mais uma
fraude no Evangelho de João.
53
Parte VII
O nome Sefarad aparece nas Escrituras Hebraicas quando o profeta Obadias escreve:
Os exércitos de Israel deportados ocuparão as terras dos cananeus até Sarepta. Os deportados de
Jerusalém em Sefarad possuirão as cidades do sul. Subirão, vitoriosos, o monte Sião para julgarem a
montanha de Esaú; e ao Senhor pertencerá a realeza. (Obadias 20-21)
Em outras palavras, o termo em hebraico Sefarad corresponde a região onde está localizada a Espanha
atual. A palavra que designa sul, na língua hebraica, é Negeve. Particularmente, esta profecia ainda não
se cumpriu e que os judeus sefaraditas deverão ocupar as planície do sul do Estado de Israel. O termo
sefaradita, hoje, corresponde a todo judeu que teve sua ascendência na Espanha e de lá foram para
Portugal, Brasil, Turquia, Marrocos e norte da África. A população da comunidade judaica chegou a
representar mais de 20% da população ibérica. Os judeus cresceram e prosperaram durante séculos.
Durante este período de tempo passaram a dominar a Ciência, a Medicina, a Astronomia, a Matemática,
o Comércio e deram origem aos primeiros banqueiros para empréstimos de dinheiro, inclusive para o
próprio Estado. No dia 1 de novembro de 1478, o Papa Sisto IV, Francesco della Rovere (1471-1484),
assinou a bula Exigit Sincerae Devotionis Affectus, através da qual foi criada a Inquisição na Espanha. Esta
bula se referia às petições dos reis católicos, enfatizando normas quanto a difusão das crenças e dos ritos
mosaicos entre os judeus convertidos ao Cristianismo em Castela e Aragão, ao mesmo tempo, autorizava
os reis a nomear três inquisidores. Estes inquisidores eram de alto nível intelectual, pois incluíam prelados,
religiosos ou clérigos seculares com mais de quarenta anos, bacharéis ou mestres em teologia, além de
licenciados ou doutores em direito canônico. Eles deviam atuar nas principais cidades do reino e nas
dioceses. Em outras palavras, iniciou-se uma prática regular que confirmava e legitimava a Inquisição
espanhola como um tribunal eclesiástico, funcionando com poderes confiados pelo papa.
No início, o estabelecimento da Inquisição em Sevilha era modesto. Depois iniciou-se a detenção de
centenas de acusados durante o primeiro mês de atividade, entre os quais se encontravam os cristãosnovos, ou seja, os judeus que eram obrigados a renunciar o Judaísmo para assumir, publicamente, a fé
católica, tornando-se, assim, um novo converso. Daí o nome cristão-novo para diferenciar daquele que já
era católico, o cristão-velho. Entre os cristãos-novos encontravam-se os mais ricos e nobres da cidade.
Mas, muitos entre eles fugiram para outros países, como Itália, Portugal e Norte da África, evitando assim
os tribunais da Inquisição que os julgariam como rebeldes, crime de infidelidade, heresia e apostasia ao
sistema romano. Cada mês que se passava, novos inquisidores eram sendo nomeados, aumentando o
cerco contra os judeus. A situação agravou-se ainda mais quando na noite do dia 13 de março de 1490 foi
assassinado o Inquisidor-Mor Pedro de Arbués na Catedral de Saragoça. No dia seguinte uma ordem foi
dada para que os conversos fossem assassinados. Os responsáveis pelo homicídio foram executados e
esquartejados e o inquisidor assassinado tornou-se um santo mártir. O ódio e a perseguição se acentuava
cada vez mais contra os judeus conversos. Alguns realmente se convertiam ao Catolicismo. Outros diziam
conversos e continuavam os ritos e a prática do Judaísmo secretamente. E a maior parte, recusava-se a
aceitar a conversão forçada e fugiram para outros países. A Inquisição na Espanha iniciou-se no ano de
1478 e durou até o ano de 1834. Em Portugal, ela iniciou-se no ano de 1536 e durou até 1821 e a
Inquisição Romana foi reorganizada no ano de 1542 e foi abolida no ano de 1746. No início do século XIX,
a Inquisição começou a ser abolida em diversos Estados Italianos. No Brasil, a Inquisição compreendeu o
período de 1591, quando o país recebeu pela primeira vez a visita do Inquisidor oficial da Corte
Portuguesa, até o ano de 1821. Mas, se considerarmos que desde o descobrimento os judeus aqui
chegaram já em número significativo nas expedições do judeu Fernando de Noronha no ano de 1503,
podemos afirmar que o período inquisitorial no Brasil durou mais de 300 anos.
Nos séculos XIII e XIV, até ao século XV, a igreja romana crescia e com isto a pressão sobre a conversão
dos judeus também crescia, pois para os judeus serem batizados e aceitar o Catolicismo, era sinônimo de
garantir um futuro aparentemente seguro, mesclando-se com os mouros, visigôdos, fenícios, romanos e
celtas que também habitavam na Península Ibérica. Desta forma, um filho de cristão-novos já nascia e
vivia alheio às tradições e costumes judaicos. A história nos mostra que muitos netos e bisnetos dos judeus
conversos terminavam se tornando frades e padres, pois abraçavam a religião com grande obstinação,
54
fato este peculiar à raça hebréia. O famoso Padre Vieira que fez parte da história do Brasil é um exemplo
desta assimilação. Os judeus sefaraditas começaram a sofrer um processo assimilativo, tornando-se
cidadãos comuns, assassinando suas raízes judaicas, abandonando a celebração do shabat e passaram a
freqüentar as missas dominicais, quando não se tornavam também filhos de Maria. Mas, isto não ocorria
com todos aqueles que se tornavam cristãos-novos. Uma boa parte assumia o Cristianismo somente como
faixada externa e tornava-se católico relapso, passando apenas pelo batismo e daí para frente não
assumia nenhum compromisso. Grande parte destes judeus vieram mais tarde para colonizar o Brasil. Até
hoje na sociedade brasileira este tipo de católico é muito comum. E, finalmente, uma outra parte não
significativa praticava o Criptojudaísmo, não assumindo interiormente a fé católica.
Estes também foram vítimas dos processos inquisitoriais. Lisboa ,portugal.
A terminologia pejorativa de marranos, que quer dizer porco marrão, era atribuído a estes judeus. Em
meados do século XV começou a surgir na Espanha sintomas de causa e efeito das chamadas conversões
forçadas. O elemento judeu converso tornava-se um problema cada vez maior para o Estado, pois
passaram a ser um perigo disfarçado. O povo espanhol sabia que muitos deles eram convertidos
superficialmente, no intuito de receberem proteção, direitos sociais e econômicos disponíveis aos cristãos.
Um fato historicamente marcante aconteceu quando surgiu Tomás de Torquemada, grande perseguidor
dos judeus. Tomás de Torquemada nasceu em Valladolid no ano de 1420 e morreu em Ávila no ano de
1498. Ele era sobrinho do Cardeal Juan de Torquemada (1388-1468), e confessor do reis Fernando e Isabel.
No dia 12 de agosto de 1483, ele foi nomeado inquisidor-mor dos reinos de Castela e Leão, e logo a seguir
teve sua jurisdição estendida a Aragão, Valência, Catalunha e Majorca. No ano de 1484, ele estabeleceu
um código de processo de 28 artigos, mais tarde publicado sob o título de Compilación de las Instrucciones
del Oficio de la Santa Inquisición - Madrid (1576). Esta compilação foi promovida pelo Inquisidor General
D. Fernando de Valdes (1483-1568), quem deu a ordem para que fosse guardada em Madrid, no dia 2 de
setembro de 1561, segundo consta no final do texto, o qual compreende 81 capítulos que relatam a
respeito dos procedimentos inquisitórios, segundo acordo efetuado pelo Conselho Geral da Inquisição.
Informações a respeito deste manuscrito bem como uma fotografia escaneada de sua capa podem ser
obtidas na página
http://www.rarebooks.nd.edu/exhibits/
inquisition/images/31/
Tomás de Torquemada foi um verdadeiro carrasco e carniceiro que, a tal extremo levou o zelo
inquisitorial, que os massacres comandados por ele tiveram que ser contidos pelo Papa Alexandre VI,
Rodrigo de Bórgia (1492-1503). Ele foi o inspirador da medida de expulsão dos judeus da Espanha e, mais
tarde o seu nome tornou-se símbolo de intolerância e fanatismo. No ano de 1469, Isabel casou-se, então,
com o rei Ferdinando Aragão, em Portugal. O trio da crueldade estava formado e dez anos mais tarde os
reinos estariam unidos, tendo uma causa comum, a Inquisição. Neste período havia vários decretos
proibindo os judeus conversos a ocupar cargos públicos, bem como de usar ou valer-se de qualquer outro
privilégio do Estado. A partir do ano de 1480, o trio Torquemada, Ferdinando e Isabel puseram em prática
certas táticas de inquisição contra os judeus e conversos, instituindo os diabólicos Autos de Fé, levando
estes judeus a uma degradação desumana, mostrando seu lado covarde e perverso. Surgia nesta época
artefatos engenhosos para os mais variados tipos de tortura contra estes judeus. Os judeus não possuíam
outra alternativa a não ser serem torturados para declarar-se judeu e optar pela confissão da maldita fé
romana para escapar da morte. Os mais ricos conseguiam se livrar da morte mediante uma quantia
exorbitante de dinheiro. Várias proibições aos judeus surgiram nesta época. Como muitos deles eram
profissionais, não poderiam exercer suas funções de médico, advogado, tão pouco usar jóias de ouro,
prata, nem seda ou até mesmo deixar a barba crescer. Os judeus não podiam receber dinheiro e nem
mercadorias de qualquer espécie. Realmente, os judeus viveram terríveis momentos no período que foi de
1480 até o ano de 1492. Nestes doze anos, a miséria da comunidade judaica espanhola foi exposta ao
ridículo. Já havia uma emigração deste povo para Portugal, onde a situação para estes judeus era mais
amena. Finalmente, o Decreto de Expulsão dos judeus da Espanha ocorreu no dia 31 de março de 1492,
promulgado pelos reis católicos. A Espanha foi envolvida por uma consciência de nacionalidade. A mácula
da invasão, que por mais de sete séculos lhe inflamara o solo, desaparecia, e assim, o orgulho de sua força
resultou como conseqüência uma espécie de limpeza étnica de estranhos elementos. Aos que tinham esta
compreensão dos acontecimentos, a expulsão dos judeus, em seguida à dos árabes, aparecia como
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emancipação necessária. Assim,os Reis Fernando e Isabel, renegando o proceder dos primeiros tempos do
seu reinado, e tendo ordenado a expulsão, praticaram não só um ato de fanatismo sob a égide de
obedecerem à imposição do sentimento nacional. A repercussão no reino vizinho foi imediata, onde
causas idênticas geraram descontentamento igual nas classes populares. Conforme dados históricos
obtidos na obra intitulada História dos Judeus em Portugal - Livraria Pioneira Editora - São Paulo (1971),
da autoria do historiador alemão, Rabino Meyer Kayserling, o destino e o número de judeus decorrentes
da expulsão da Espanha foram: Turquia: 90.000 judeus, Holanda: 25.000 judeus, Marrocos: 20.000 judeus,
França: 10.000 judeus, Itália: 10.000 judeus, América do Norte: 5.000 judeus, Portugal: 120.000judeus.
Assim, o número total de judeus decorrentes do edito de expulsão foi de cerca 280.000. O número de
judeus que morreram procurando um lar foi em torno de 20.000 e o número dos que foram batizados e
permaneceram na Espanha foi em torno de 50.000.
Em Portugal os judeus possuíam favorecimentos da corte e eram protegidos pela fidalguia, a qual lhes
tirava grandes soldos e rendimentos, além do mais, Portugal era o país vizinho mais próximo da Espanha,
o qual possuía semelhanças da língua e costumes. Por isto, Portugal recebeu o maior número de judeus.
Logo que foi decretado o edito de expulsão, chegou a Portugal o último Gaon de Castela, Rabino Isaac
Aboab, pedir a D. João II, uma licença para se acolher em Portugal juntamente com seiscentas famílias.
Entre eles se encontrava Abraham bar Samuel Abraham Zacut (1450-1522), que passou a ser médico de D.
Manoel. Ele se estabeleceu no Porto, onde veio a falecer mais tarde. Segundo o escritor judeu português,
Samuel Usque, autor da obra intitulada Consolação às Tribulações de Israel - Editora Calouste Gulbenkian
- Lisboa (1989), foram pagos 2 escudos por cada judeu como imposto de entrada no país. Sobre o número
de refugiados, são igualmente discordes as informações. Samuel Usque, que provavelmente citou tal
informação por parte dos seus contemporâneos, menciona apenas as seiscentas famílias, sobre as quais
versa o contrato. A obra de Samuel Usque foi publicada no ano de 1552 na cidade italiana de Ferrara.
Porém, na obra do Rabino Meyer Kayserling, citada acima, consta que Abraham Zacut afirmou que o
número total de judeus foi mais de 120.000, número este que não difere do número de 20.000 mil casais
de judeus, como relata o escritor humanista Damião de Goes (1502-1574) em sua obra intitulada Chronica
do Serenissimo Rei Dom Emanuel - Lisboa (1566). Livro a disposição na página http://bnd.bn.pt/od/hg6770-a/
index-html/gt_toc.html. Nesta obra, Damião de Goes relata que estas 20.000 famílias judias eram
compostas de dez a doze pessoas. O historiador e eclesiástico Andrés Bernáldez (1450-1513), padre da
povoação de Los Palacios, autor da obra intitulada Memorias del Reinado de los Reyes Católicos - Editada
por Manuel Gómez Moreno y Juan de Mata Carriazo - Madrid (1962), afirma que o número de judeus que
fugiram decorrentes do edito de expulsãoforam de: Bragança: mais de 3.000 judeus, Miranda: mais de
30.000 judeus, Vilar Formoso: mais de 35.000 judeus, Marvão: mais de 15.000 judeus, Elvas: mais de
10.000 judeus. Assim, um total de mais de 93.000 judeus que, com as que escaparam por vias ignoradas,
puderam preencher o quadro dos 120.000 judeus que vieram para Portugal, somando-se a outro grande
número que já viviam em Portugal antes do Edito de Expulsão. Historiadores estimam que o total de
judeus que passaram habitar em Portugal chegava a quase ¼ da população portuguesa da época. Outra
versão da obra de Andrés Bernáldez foi publicada em Valencia no ano de 1780. A obra é intitulada de
Crónica de los Señores Reyes Católicos Don Fernando y Dõna Isabel de Castilla y de Aragon - Contexada
com antiguos manuscritos y aumentada de varias ilustraciones e enmiendas - Valencia - En la imprenta de
Benito Monfort - Año MDCCLXXX. Esta obra, escrita pelo cronista Hernando Del Pulgar (1430-1493), foi
escaneada e está a disposição para leitura e download na Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes na
página
http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/
12582063008039393087624/thm0000.htm.
No dia 24 de dezembro de 1496, caiu sobre os judeus portugueses o decreto de expulsão, pois o rei
venturoso, D. Manuel, da coroa portuguesa, casou-se com a princesa de Castela, viúva de D. Afonso.
Assim, as exigências impostas pela Inquisição na Espanha passaram a vigorar também em todo o reino
português. Da mesma forma que na época de D. João II, começou a surgir dificuldades para a saída de
religiosos que não desejavam mudar de fé. A fronteira terrestre do lado da Espanha é fechada, e pelo mar
estes religiosos ficaram impossibilitados de fugir de navio, pois o Governo não tinha colocado navios a
disposição para estes refugiados. Seguiu-se, então, uma série de conversões voluntárias, batismos
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forçados, etc. Desta forma, fechou-se a porta à emigração em 1499, e iniciou-se a era dos cristãos-novos.
Confinados em judiarias, os judeus eram obrigados a se integrarem em famílias portuguesas contra sua
própria vontade. A resistência dos coagidos, por menor que fosse, foi em vão. Mesmo assim, houve
perseguições e as inquisições do Santo Ofício duraram por mais de três séculos.Várias atrocidades foram
cometidas contra estes judeus, que tinham seus bens confiscados, saqueados, sendo suas mulheres
prostituídas e atiradas às chamas das fogueiras e as crianças eram deportadas órfãs para as ilhas da
colônia portuguesa. Segundo narração de Samuel Usque em sua obra citada, uma das atitudes mais
miseráveis de D. João II, no intuito de compelir os imigrantes judeus à conversão, ou de, pelo menos,
trazer os ainda inocentes à fé cristã, foi a de ordenar que todas as crianças judias de dois a dez anos
fossem removidas dos lares de seus pais, e transportadas à ilha de São Tomé, que havia sido descoberta,
cujos moradores eram lagartos, serpentes e outros animais selvagens. A situação estava insuportável no
ano de 1499. Um milagre precisava urgentemente acontecer. Os portugueses pareciam ser mais
perspicazes do que os espanhóis, pois ao invés de expulsar os judeus, ainda os proibia de deixar o país, a
fim de não desmantelar a situação financeira e comercial daquela época, pois os judeus eram prósperos
nas finanças, muito desenvolvidos na Medicina e principalmente, na Astrologia e Navegação. Os judeus
sefarditas, então, eram obrigados a viver em uma situação penosa, pois, por um lado, eram obrigados a
professar a fé cristã, seus bens eram privados devido a falsas acusações, viviam humilhados e confinados
em guetos naquele em Portugal. Os judeus também não poderiam retornar à Espanha, pois já haviam sido
expulsos no ano de 1492, e seguir em mar aberto também era impossível, pois o oceano Atlântico era
imenso. O milagre do Mar Vermelho se abrindo, como registrado na Torá Shemot, precisava acontecer
novamente. Naquele momento de crise, perseguição e desespero, o Eterno, Bendito Seja Ele, abriu uma
porta para os judeus. Assim, o navegador português Pedro Álvares de Cabral, atravessou o oceano
Atlântico com a sua esquadra e, no dia 22 de abril de 1500, o Brasil foi oficialmente descoberto.
Finalmente, após esta apresentação, o leitor desta obra, caso seja um descendente de judeus marranos e
cristão-novos, está diante de duas alternativas. A primeira alternativa seria ignorar tudo o que foi escrito
até agora e continuar a viver no estado religioso em que se encontra, ou seja, alheio às promessas do
Eterno à Casa de Israel e continuar acreditando em Iehoshua e no Novo Testamento. A segunda
alternativa é, caso o judeu descubra suas raízes judaicas, ele deverá, segundo as Escrituras Hebraicas, se
identificar e restaurar suas raízes, quanto ao seu estilo de vida, pois devemos lembrar que o Eterno tem
um chamado irrevogável para os filhos da Casa de Israel e que nas Escrituras Hebraicas encontramos uma
série de mandamentos, estatutos e ordenanças específicos para o povo judeu. Assim, caso o retornado
seja descendente de judeus, disser não a este retorno, não estaria indiretamente dizendo não ao chamado
irrevogável do Eterno para os da Casa de Israel, pois o Judaísmo não possui uma fórmula para indicar
nada a ninguém, a não ser deixar que cada um faça sua própria avaliação e posicione-se segundo sua
própria decisão. Assim, mesmo que ele continue com sua vida cristã jamais deixaria de ser judeu, mas
professar as duas religiões ao mesmo tempo não pode ser jamais admitido, pois as duas religiões são
muito diferentes. Todos nó somos livres e a escolha pertence a cada um. O amor do Eterno, Bendito Seja
Ele, nos permite viver no livre arbítrio. Assim, que cada judeu marrano ou judeu descendente de cristãosnovos tome a decisão que julgar melhor.
Mas, o que queremos dizer com tudo o que foi relatado até agora? Caro leitor, independente de você ser
judeu, cristão ou ateu, é necessário que se entenda o que o Eterno, através das Escrituras Hebraicas,
promete aos judeus o retorno à Terra Prometida, retorno que já aconteceu no dia 15 de maio de 1948, dia
em que surgiu o Estado de Israel. Os judeus fiéis a Torá puderam observar naquela época que tal estado
surgiu sem eles, os judeus, acreditarem em Iehoshua. Os judeus estão corretos há mais de dois mil anos
em não aceitar os ensinamentos deste homem e nem terem vínculos com ele. Os fatos que passaram a se
desenvolver em Israel, desde este dia, tem sido o relógio do Eterno, marcando o tempo da vinda da Era
Messiânica. O mundo, hoje, não passa um dia sequer sem fornecer alguma notícia do conflito em Israel.
As atenções estão voltadas para lá o tempo todo e isto está se tornando cada vez mais notável, pois Israel
procura paz, mas não encontra. Os árabes bem como qualquer ser humano não pode oferecer uma paz
duradoura e definitiva a ninguém, pois esta é a tarefa do Mashiach ou da Era Messiânica. Devemos
lembrar que o Mashiach é chamado em Yieshayahu (Isaías) 9,1-6 como o Príncipe da Paz, e só nele Israel e
a humanidade conhecerá a eterna paz. Os cristãos, quando lêem os capítulos 12 e 13 do Livro do Profeta
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Zacarias, tentam provar, mais precisamente através do versículo10, que o espírito de boa vontade se
refere a Iehoshua de Nazaré:
Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de boa vontade e de prece,
e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão lamentações sobre aquele que traspassaram, como se fosse
um filho único; chorá-lo-aõ amargamente como se chora um primogênito! (Zacarias 12,10)
Na realidade, o povo judeu inteiro, nas Escrituras Hebraicas, é tratado escritural mente na forma singular.
O povo judeu, devido a ser o primeiro povo a professar uma crença em um único Criador, passou a ser
perseguido até hoje. Além disso, os seguidores do Cristianismo foram os que mais perseguiram os judeus e
ainda o fazem até hoje. As lamentações, como narrado em Zacarias, serão feitas pelos povos que
perseguiram e que ainda perseguem aos judeus. Estes povos reconhecerão finalmente as mentiras pelas
quais Israel se tornou culpado. Os cristãos, em particular, ainda acusam os judeus de terem assassinado
Iehoshua e desmerecem a Israel com o famigerado anti-semitismo em suas igrejas, as quais chamam de
Casa do Senhor. É impressionante como há dois mil anos de rejeição a Iehoshua de Nazaré por parte dos
judeus, os cristãos ainda têm dificuldade para entender que nós, judeus, devemos continuar a sermos
judeus e ninguém modificará isto. Os cristãos acreditam que os judeus só reconhecerão Iehoshua de
Nazaré quando os membros da igreja cristã assumirem a responsabilidade de pregar, afirmam que é
urgente que todos eles levantem as bandeiras a favor da nação de Israel e pela redenção do povo judeu,
que não há diferenças entre judeus e não-judeus e que todos devem esperar o retorno de Iehoshua.
Teólogos e apologistas cristãos, por ignorância, citam uma passagem muito interessante da Epístola de
Paulo de Tarso aos Hebreus, que diz respeito a uma Nova Aliança:
Ao nosso Sumo-sacerdote, entretanto, compete ministério tanto mais excelente quanto ele é mediador de
uma aliança mais perfeita, selada por melhores promessas. Porque, se a primeira tivesse sido sem defeito,
certamente não haveria lugar para outra. Ora, sem dúvida, há uma censura nestas palavras: Eis que virão
dias - oráculo do Senhor - em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma aliança
nova. Não como a aliança que fiz com os seus pais no dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra
do Egito. Como eles não permaneceram fiéis ao pacto, eu me desinteressei deles - oráculo do Senhor. Mas
esta é a aliança que estabelecerei com a casa de Israel depois daqueles dias: imprimirei as minhas leis no
seu espírito e as gravarei no seu coração. Eu serei seu Deus, e eles serão meu povo. Ninguém mais terá
que ensinar a seu concidadão, ninguém a seu irmão, dizendo: "Conhece o Senhor", porque todos me
conhecerão, desde o menor até o maior. Eu lhes perdoarei as suas iniquidades, e já não me lembrarei dos
seus pecados (Jer 31,31-34). Se Deus fala de uma aliança nova é que ele declara antiquada a precedente.
Ora, o que é antiquado e envelhecido está certamente fadado a desaparecer. (Hebreus 8,6-13)
O problema nesta passagem é que ela não tem nada a ver com a profecia de Yirmeyahu (Jeremias) onde
está escrito que:
Dias hão de vir - oráculo do Senhor - em que firmarei nova aliança com as casas de Israel e de Judá. Será
diferente da que concluí com seus pais no dia em que pela mão os tomei para tirá-los do Egito, aliança que
violaram embora eu fosse o esposo deles. Eis a aliança que, então farei com a casa de Israel - oráculo do
Senhor: Incurtilhe-ei a minha lei; gravá-la-ei em seu coração. Serei o seu Deus e Israel será o meu povo.
Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: "Aprende a conhecer o Senhor",
porque todos me conhecerão, grandes e pequenos - oráculo do Senhor -, pois a todos perdoarei as faltas,
sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados (Yirmeyahu 31,31-34)
Esta passagem de Yirmeyahu, literalmente citada na Epístola aos Hebreus 8,6-13, interpretada como um
dos cumprimento das palavras do Eterno, deu origem a expressão Novo Testamento, como se um Velho
Testamento houvesse existido. Por acaso, algum judeu tendo morrido em favor de outros judeus, deixou
alguma herança sua em um documento intitulado de Testamento? De forma alguma. Outros problemas,
porém, também surgem aqui. Um deles é que na época de Iehoshua não mais existia a Casa de Israel,
independente, que constituiu o Reino Setentrional da Terra Santa, mas apenas a Casa de Iehudah (Judá). A
Casa de Iehudah permanecia em evidência, graças às promessas Divinas de preservar a Casa de Iehudah,
como descritas em Hoshea (Oséias) 1,1-7; 4,15-19 e 11,1-11. As nove tribos de Israel haviam se dispersado,
restando apenas as tribos de Levi, Yehudah e Benyamin, desde a época do rei Rechavam (Roboão), filho de
Shlomoh (Salomão), como relatado no Capítulo 12 do II Livro das Crônicas. O Profeta Yirmeyahu, todavia,
fala de uma Nova Aliança a ser feita exatamente com as Casas de Israel e de Iehuda. Daí ser necessário
observar que esta profecia somente poderia acontecer quando se cumprisse uma outra profecia, a saber,
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a da restauração das Casas de Israel e Judá, e sua subseqüente reunificação, conforme consta em várias
outras profecias. Portanto, quando Iehoshua entrou no cenário judaico, no primeiro século da era comum,
já não havia a Casa de Israel, mas unicamente a de Iehuda, formada por alguns judeus da tribo de
Benyamin, a qual se encontrava sob o domínio romano. Desta forma, a origem do chamado Novo
Testamento, que segundo ensinam, é a Nova Aliança, predita em Jeremias 31,31-34, não tem sentido
algum, porque, não existindo a Casa de Israel, não poderia Iehoshua ser o mediador desta Nova Aliança
apenas com a Casa de Iehudah. A restauração das duas casas é algo a ser compreendido com a
restauração das Tribos Perdidas, que é uma das missões do Mashiach, como descritas em Yieshayahu
(Isaías) 49,1-6. Para compreender plenamente esta questão, é mister recordar-se que a vinda do Mashiach
de Israel, o Descendente de Yishay, pai de David, como predito em Yieshayahu 11,1-12, somente ocorrerá
após a Segunda Grande Teshuvah, isto é, a Segunda Reunião dos Judeus, após a segunda destruição do
Beit HaMikdash (Templo Sagrado), evento que Iehoshua predisse falsamente em Mateus 24,1-2. Portanto,
se Iehoshua predisse a destruição do Segundo Templo Sagrado, ele não pode ser o Mashiach, pois o
Mashiach somente virá após esta destruição. Além do mais, a vinda do Mashiach somente ocorrerá após o
fim da Grande Diáspora, que iniciou com a destruição do Segundo Templo. Assim, recomendamos o
estudo da passagem de Yieshayahu 11,1-12. De fato, entre os grandes eventos preditos, para a vinda do
Mashiach, está o retorno dos judeus à Terra Santa e a reunificação das Casas de Judá e de Israel preditas
também pelos profetas Yirmeyahu 3,18; 50,4-5 e Yiechezkel 37,15-28. Outro evento marcante será o
domínio de Israel sobre o Monte Moriah, lugar em que será edificado o Terceiro Templo Sagrado,
terminando os dois mil anos ou os dois dias preditos pelo profeta Hoshea:
"Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. Dar-nos-á de
novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença. Apliquemo-nos a
conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da
primavera que irriga a terra."(Hoshea 6,1-3)
Nesta época, quando os filhos de Israel retornarem à Terra Santa e, ali, restabelecerem os sacrifícios, no
Terceiro Templo Sagrado, este será o penhor da Nova Aliança, que será uma Aliança de Paz. Recomendase que se estude as passagens de Hoshea 3,1-5 e Yiechezkel 37,15-28. De acordo estas análises, a
passagem da Epístola aos Hebreus 8,6-13 é uma farsa que, sem dar-se conta do alcance e do tempo
específico do cumprimento das profecias, apresenta divagações em que se confundem contradições e
sofismas diversos. Um exemplo adicional desta passagem contraditória é a questão de um ser humano
poder ser ensinado por outro, após a plena implantação da Nova Aliança. Os cristãos esquecem que no
texto de Jeremias 31,31-34, foi predito que:
Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: "Aprende a conhecer o Senhor",
porque todos me conhecerão, grandes e pequenos - oráculo do Senhor -, pois a todos perdoarei as faltas,
sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados. (Jeremias 31,31-34)
Assim, quando a Aliança do Mashiach estiver em operação, a Humanidade adquirirá tão elevado
conhecimento da Torá, que todos os seres humanos serão igualmente integrados à plenitude Divina e
tudo funcionará para o bem comum. Recomenda-se o estudo das passagens de Yieshayhu 11,1-16 e Salmo
Hb22,1-31. Através destas passagens chegamos a conclusão de que ninguém precisará mais de
instrutores, pregadores, líderes religiosos e nem tão pouco de aparições de santos ou santas, como
existem hoje. Nenhum homem dominará outro homem para a desgraça, como ocorreu na trajetória
histórica das igrejas cristãs em todo o mundo. Ao aplicar este texto de Jeremias à Epístola aos Hebreus
8,6-13, Paulo de Tarso tentou, sem sucesso, conceder um sentido profético a esta passagem. Desta forma,
ficou exposta uma fraude Neo-Testamentária do conhecido proselitismo cristão que tanto preconceito e
desgraça espalhou pelo mundo.
Um exemplo do proselitismo cristão consta no Evangelho de Mateus 28,16-20. Nesta passagem, Iehoshua
recomenda aos seus discípulos para que façam discípulos em todas as nações, batizando-os e ensinandoos a obedecer a tudo que ele ordenou. Nas passagens dos Evangelhos de Lucas 14,25-35 e de Mateus
10,37-38, Iehoshua chega no limite do absurdo, pois ele afirma que quem quisesse se dirigir a ele
precisaria odiar pai, mãe, esposa, tudo o que possuir e até a sua própria vida, para ser seu discípulo. Além
disso, ainda afirma que quem perder a sua vida por amor dele reencontrá-la-á. Os apologistas cristãos se
esforçam ao máximo em explicar que o ódio presente no versículo citado significa amar menos, como está
explicado na nota marginal da Bíblia da Editora Ave Maria - Edição 119ª - página 1369. Outra explicação
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que os apologistas cristãos fornecem é que, nesta passagem, Iehoshua ensina que toda mudança gera
alguma conseqüência. Segundo eles, a partir do momento que passamos a compreender nossos defeitos e
buscamos modificar nossas atitudes, é certo que os que convivem mais próximos de nós sentirão esta
mudança e, assim, muitas vezes por ignorância ou por desconfiança, tais pessoas começam a questionar a
nossa nova forma de agir. Desta forma, se, por exemplo, uma pessoa se excedia ao ingerir produtos
alcoólicos, mas após começar a freqüentar uma casa de ensino religioso, adquiriu consciência de que era
hora de interromper tal costume porque aquele produto estava fazendo mal para o organismo e para o
espírito, então, é neste momento que a pessoa começaria a amar menos a sua vida, ou seja, sentir a
reação das pessoas que o rodeiam durante a modificação dos hábitos, modificações estas que as pessoas
não testemunhavam anteriormente. Portanto, segundo os apologistas, se a pessoa for perseverante ao
decidir mudar a sua vida por causa da bebida, do fumo, do adultério, da desonestidade ou da violência,
com certeza sentirá que deverá amar cada vez menos tais vícios devido a mudança que precisará fazer.
Mas, caso não esteja firme em seus propósitos, a pessoa se destruirá. Desta forma, explicam os
apologistas, que Iehoshua exige discípulos perseverantes, que mudem de comportamento por causa do
excesso de bebida alcoólica, da desonestidade, do adultério, etc., e isto significa odiar pai, mãe, esposa,
tudo o que possuir e até a própria vida para ser seu discípulo. Embora a lição de vida interpretada pelos
apologistas, em parte, esteja correta, há um pequeno equívoco: Se, como vimos, a Nova Aliança, como
predita em Jeremias 31,31-34, proíbe o ensino de cada um ao seu próximo e ao seu irmão, como é possível
na Era Messiânica o Mashiach ensinar, formar discípulos e exigir que para alguém se tornar discípulo dele,
seria necessário modificar o comportamento inadequado por causa do excesso de bebida alcoólica, da
desonestidade, do adultério e etc? Assim, como é possível identificar o Novo Testamento com a Nova
Aliança judaica? O mesmo equívoco surge na passagem do Evangelho de Mateus 10,34-36. Nesta
passagem, Iehoshua afirma que ele não veio para trazer paz, mas a espada, a divisão entre o filho e o pai,
entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e que os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria
casa. Os apologistas cristãos tentam explicar nesta passagem que a espada significa a luta que cada
pessoa trava contra o homem velho que existe dentro de cada um de nós, e que esta luta não é fácil de ser
vencida. Segundo eles, este homem velho é a nossa personalidade egocêntrica e orgulhosa. Assim, esta
luta requer muito esforço próprio e, somente após esta luta, é possível a paz de espírito, a tranqüilidade
de consciência que procuramos. Conseqüentemente, todo o restante será melhorado, seja no âmbito
emocional, mental, profissional ou familiar. Embora esta interpretação apresentada pelos apologistas
cristãos, em parte, esteja correta, há também o mesmo equívoco apresentado anteriormente. Como a
Nova Aliança, predita em Jeremias 31,31-34, estabelece a proibição do ensino de cada um ao seu próximo,
como é possível então que somente na Era Messiânica o Mashiach convidar uma pessoa a melhorar de
vida? Além do mais, na perspectiva profética, não serão os judeus que procurarão os gentios, nos dias
finais da História, mas os gentios é que procurarão os judeus, para servirem ao mesmo Criador, após a
construção do Terceiro Templo Sagrado, no Monte Moriah, em Yierushalayim. Para isto, devemos estudar
Yieshayahu 2,1-5; 56,1-8 e Zecharyah 8,20-23. Na realidade, no tratado talmúdico do Pirkê Avot do Rabi
Eleizer, Capítulo 6 - Mishná 6, é ensinado que a Torá é maior que o sacerdócio ou a realeza porque a
realeza é adquirida junto com 30 condições e o sacerdócio é adquirido com 24 condições. Mas para
alguém adquirir a sabedoria proveniente do estudo da Torá, são exigidas 48 condições: estudo, escutar
atentamente, articular verbalmente o que foi estudado, ter percepção ou compreensão do coração,
reverência, temor, modéstia, alegria, pureza, servir aos sábios, possuir vínculos estreitos com os colegas,
debater perspicazmente com os alunos, sobriedade, ter conhecimento do Tanach e da Mishná, reduzir ao
mínimo a atividade comercial e a ocupação com questões mundanas, ser tolerante ao mínimo no prazer
mundano, dormir pouco, conversar pouco, sorrir pouco, ser lento para a ira, ter um bom coração, ter fé
nos sábios, aceitar o sofrimento, ser consciente do seu próprio lugar, ser feliz com o que tem, fazer uma
cerca em torno de suas palavras, não reivindicar créditos por suas realizações, ser amado, amar ao Eterno,
amar às suas criaturas, amar os caminhos da retidão, amar a justiça, amar a repreensão, manter-se
afastado das honrarias, não ser arrogante, não ter prazer ao proferir decisões da Halachá, compartilhar o
fardo com o seu próximo, julgar favoravelmente considerando sua inocência antes de sua culpabilidade,
colocar-se no caminho da verdade, colocar-se no caminho da paz, ser meticuloso no estudo, perguntar e
responder, escutar aprendendo e somar ao seu conhecimento adquirido, aprender para ensinar, aumentar
a sabedoria de seu mestre, compreender adequadamente o sentido daquilo que se aprende, e citar uma
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idéia ou conceito citando o nome do seu autor. Os cristãos não podem continuar nesta ignorância a
respeito das profecias quanto a Israel. Chegou a hora dos descendentes dos judeus marranos e cristãosnovos restaurarem as raízes judaicas de sua fé. Os cristãos precisam estudar as Escrituras Hebraicas no
contexto do pensamento judaico e não no contexto ocidental. Os cristãos precisam entender que o Novo
Testamento é um conjunto de livros que estão repleto de filosofias gregas e acrescidas de características
de divindades cultuadas por outros povos. Por outro lado, o povo judeu precisa retornar para sua Torá,
para o Tanach e para o Talmud, com o objetivo de conhecer quais as eternas profecias que estão
reservadas para eles.
Parte VIII
A história da humanidade tem muitas desgraças e uma delas foi a Inquisição, na qual em nome de
Iehoshua, a igreja romana e os reis da Espanha, Fernando e Isabel de Castela puseram em prática um
terrível esquema de perseguição e morte aos judeus de Portugal e Espanha, cujo objetivo direto foi o
enriquecimento dos reis e da igreja romana. A definição de heresia dependia da vontade da igreja romana
e chacinar o inimigo foi a solução final encontrada por ela para lidar com aqueles que discordassem de
suas doutrinas espúrias, fossem eles judeus, filósofos ou os reformadores protestantes. Onde podemos
encontrar indícios para tentar compreender a Inquisição, esta tamanha monstruosidade da igreja
romana? Estudando a passagem dos Evangelhos de Marcos 9,33-42 e Lucas 9,46-50, observamos que em
um determinado momento em que Iehoshua ensinava João, um dos seus discípulos, o interrompe
narrando que tinha observado um homem expelir demônios em nome dele, Iehoshua, e que ele
juntamente com os seus companheiros proibiram tal homem de exorcizar porque simplesmente não os
acompanhavam em suas caminhadas. Então, Iehoshua de Nazaré advertiu a João respondendo que este
tipo de proibição não se deveria fazer, pois quem não fosse contra eles era a favor deles. Estas passagens
dos Evangelhos de Lucas e Marcos são incríveis, pois, em particular afirmam que mesmo que uma pessoa
não acompanhe Iehoshua de Nazaré e os seus discípulos, mas ensine e expulse demônios em nome dele,
Iehoshua, não deveria ser molestada. O mais incrível ainda é que na Bíblia da Editora Ave Maria - Edição
119ª a passagem referida do Evangelho de Marcos está intitulada de Humildade. Inveja.
Escândalo, e no Evangelho de Lucas esta passagem está intitulada Lição de Humildade e Tolerância. No
entanto, aqueles que discordavam das doutrinas da igreja romana sofriam as terríveis punições da
Inquisição. Estudando outra passagem do Evangelho de Lucas 9,51-56, observamos que certa vez,
Iehoshua de Nazaré enviou mensageiros os quais entraram em uma povoação de samaritanos para que
eles pudessem conseguir uma pousada. Os samaritanos resolveram negar tal pedido, pois eles
observaram que os discípulos de Iehoshua estavam a caminho de Jerusalém. Os discípulos Tiago e João,
aborrecidos pelo fato dos samaritanos terem negado estadia para eles, perguntaram a Iehoshua de
Nazaré se ele desejaria que eles mandassem descer fogo do céu e consumissem os samaritanos. Neste
momento, Iehoshua ficou horrorizado e repreendeu-os severamente dizendo que Tiago e João não sabiam
de que espírito eles eram animados.
Em seguida, afirmou que ele não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. Esta
passagem do Evangelho de Lucas também é incrível, pois afirma que Iehoshua não pede que ninguém seja
morto pelo fato de alguém negar uma simples hospedagem a ele e aos seus discípulos. Porém, algumas
contradições nos ensinamentos de Iehoshua podem ser observadas nas passagens do Evangelho de
Mateus 25,1-30, mais especificamente no versículo 30 e no Evangelho de Lucas 19,11-28. Na passagem de
Mateus 25,1-30 Iehoshua de Nazaré ensina, através de algumas parábolas, a que será semelhante o reino
dos céus. Em particular, na passagem que relata a Parábola dos Talentos, Iehoshua ensina que o reino dos
céus será semelhante a um homem que, tendo de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens. Nesta
parábola, Iehoshua prossegue ensinando que tal homem ao confiar seus bens aos seus servos confiou-lhes
determinada quantidade de talentos segundo a capacidade de cada servo, e que muito tempo depois, o
senhor daqueles servos retornou para pedir-lhes contas. Quando os servos daquele senhor começaram a
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prestar contas ao seu senhor, cada um deles, segundo a sua capacidade, foi recompensado. Porém, o
último dos servos se desculpou devolvendo ao seu senhor a moeda de um talento que tinha recebido. O
senhor, então, julgou este servo como sendo mal preguiçoso e inútil, e que o mesmo deveria ser jogado
nas trevas exteriores, afirmando que neste lugar haverá choro e ranger de dentes. Nesta parábola,
podemos observar que o senhor mencionado trata-se do Eterno e os servos somos cada um nós e toda a
humanidade. Os talentos são os bens, os recursos, os dons e as qualidades que o Eterno outorgou a cada
um de nós desde o dia em que nascemos para serem empregados em benefício próprio e de nossos
semelhantes. O tempo concedido para pôr em prática todas estas qualidades é o tempo da existência
terrena. A distribuição dos talentos em quantidades desiguais, ao contrário do que possa parecer, nada
tem de arbitrária e nem de injusta, pois os que recebem cinco talentos são os que têm mais experiência, os
que recebem dois, são destinados a tarefas mais restritas, de âmbito familiar; e os que apenas recebem
um talento não têm outra responsabilidade senão a de promoverem o progresso espiritual de si mesmos,
mediante a aquisição de virtudes que lhes faltam. A exigência para o servo que recebeu cinco talentos foi
de outros cinco talentos, a exigência para o servo que recebeu dois talentos foi de mais dois talentos e a
exigência para o servo que recebeu apenas um talento foi de apenas um talento. Os servos que fizeram
com que os talentos se multiplicassem representam os homens que sabem cumprir a Torá, empregando
bem a fortuna, a cultura, o poder, a saúde e os dons recebidos. O servo que deixou improdutivo o talento,
desprezando a incumbência do que lhe fora exigido, simboliza os homens que perdem as oportunidades
oferecidas pelo Eterno para a sua elevação espiritual e dos demais, oportunidades estas que lhes chegam
através de uma enfermidade suportada com paciência, de um grande aborrecimento sofrido sem
desespero, de um filho rebelde que precisou ser tratado com especial atenção e carinho, de uma injustiça
que foi sabiamente tolerada sem revolta, de um inimigo gratuito cuja traição foi suportada com ânimo, de
uma condição adversa a ser superada com esforço e perseverança, etc. O terceiro servo é aplicado aos
homens, que, para encobrirem suas faltas ou justificarem suas fraquezas, não hesitam em atribuir aos
outros os seus fracassos. Este é o caso do servo que não se esforça para acrescentar algo ao que recebeu
da misericórdia divina.
Devemos aproveitar nossos dons e talentos, pois se o Eterno nos deu algum talento é para aproveitarmos
ao máximo. Não devemos esperar que o Eterno venha a nos cobrar a falta de uso de nossos talentos que
deveriam ser aplicados em benefício nosso e do nosso próximo. Na realidade, o ensinamento contido na
Parábola dos Talentos, narrada nos Evangelhos de Mateus 25,14-30 e de Lucas 19,11-28 não é da autoria
de Iehoshua, pois este ensinamento está contido no Talmud muito antes do aparecimento dele, e também
aparece repetidas vezes no Talmud sob diversas formas. Uma das variantes deste ensinamento talmúdico
é que se alguém tem a oportunidade de saborear uma simples fruta e recusa-se a fazê-lo, deverá prestar
contas por isto no Mundo Vindouro. Outra variante deste ensinamento está contido em um dos tratados
mais conhecidos do Talmud, o Pirkê Avot do Rabi Eliezer. Nesta obra consta um ensinamento do Rabi
Iaacóv, no Capítulo 4 - Mishná 16, o qual afirma que este mundo é como uma preparação para o Mundo
Vindouroe que, portanto, devemos nos preparar para sermos participantes dele. Portanto, devemos
refletir sobre os nossos talentos e não deixemos nenhum deles de lado. Assim, uma das preparações que o
judeu que está retornando deve fazer para o Mundo Vindouro é retornar ao Judaísmo. Uma variante da
parábola citada acima está contida no Evangelho de Lucas 19,11-28, a qual está intitulada Parábola do
dinheiro emprestado. Porém, nesta parábola, mais especificamente no versículo 27, Iehoshua afirma que
quem o odiasse e não desejasse reconhecê-lo como rei deveria ser posto em sua presença e massacrado.
Nesta passagem está afirmada a maior intimidação e ameaça proferida por Iehoshua de Nazaré em todo
o Evangelho. Ao que parece os decretos, anátemas, perseguições e assassinatos executados pela igreja
romana foram baseados neste maldito versículo. Talvez tenha sido também através deste maldito
versículo que nós, judeus, agora conseguimos responder a pergunta acima: Onde podemos encontrar
indícios para tentar compreender a Inquisição, esta tamanha monstruosidade da igreja romana? O
Mashiach que estamos esperando, segundo as Escrituras Hebraicas, não vem para nos ameaçar e nem
para nos massacrar. Não entendemos a hipocrisia do versículo do Evangelho de Mateus 19,27 diante de
uma outra passagem também do Evangelho de Mateus 11,25-30. Nesta passagem, mais especificamente
nos versículos 28-30, podemos observar que Iehoshua anunciou aos seus seguidores que eles tomassem o
seu jugo e recebessem a sua doutrina porque ele era manso e humilde de coração e que, desta forma, eles
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conseguiriam repouso para as suas almas, pois o jugo dele era suave e o seu peso era leve. Ora, se
Iehoshua de Nazaré afirma anteriormente que ele é manso e humilde de coração, como, então, encontrar
mansidão e humildade nele ao exigir que, caso não seja aceito como rei por outras pessoas, estas
deveriam ser massacradas, como consta no Evangelho de Lucas 19,27? Onde está, então, a tolerância, a
lição de humildade, a tendência em admitir modos de pensar, de agir e de sentir que diferenciam as
pessoas umas das outras? Neste caso, os muçulmanos, os budistas, os hinduístas, os confucionistas, etc,
deverão também ser massacrados, pois os fiéis destas religiões nunca aceitaram Iehoshua de Nazaré
como rei. Para reforçar ainda mais a questão da suposta mansidão e humildade de Iehoshua de Nazaré,
vamos examinarar as passagens dos Evangelhos de Mateus 26,47-56 e Lucas 22,36-38. O leitor deve notar
que a passagem referida do Evangelho de Mateus é narrada durante a prisão de Iehoshua de Nazaré.
Nesta passagem Judas denuncia Iehoshua de Nazaré com um beijo e, assim, entrega-o às pessoas que
compunham a multidão que fora enviada pelo príncipe dos sacerdotes e anciãos do povo. Em particular,
perguntamos aqui qual a necessidade de tal beijo, para que Iehoshua de Nazaré fosse reconhecido, se o
mesmo já era uma pessoa conhecida do público? Mais adiante nos versículos 50 e 51 as pessoas que
compunham a multidão investem contra Iehoshua de Nazaré, mas um dos seus companheiros
desembainha a espada e decepa a orelha de um servo do sumo-sacerdote. Então, Iehoshua de Nazaré diz:
Jesus, no entanto, lhe disse: "Embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem da espada, pela
espada morrerão. Crês tu que não posso invocar meu Pai e ele não me enviaria imediatamente mais de
doze legiões de anjos? Mas como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais é preciso que seja assim?"
(Mateus 26,52-54)
Perguntamos aqui quantas vezes a igreja romana desembainhou a espada sem fornecer satisfações a
alguém? Por acaso a igreja romana morreu, conforme as palavras de Iehoshua de Nazaré acima? Não.
Continuou ao longo dos séculos, não só desembainhando a espada como também usando lanças. Um
exemplo de tal comportamento foi o do Papa Nicolau V, Tomaso Parentucelli (1447-1455), que no ano de
1447 autorizou o rei de Portugal a guerrear contra os povos africanos, tomar suas terras e fazer escravos.
Este governador religioso disse certa vez que era tudo em todos, que a vontade dele é a que deveria
prevalecer, e que Iehoshua de Nazaré mandou Pedro embainhar a espada mas ele mandava
desembainhar. Perguntamos também aqui, em que passagens das Escrituras Hebraicas está narrado a
prisão do Mashiach? Na passagem do Evangelho de Lucas 22,36-38 está narrado, com algumas diferenças,
o mesmo acontecimento. O leitor deve notar que a passagem referida do Evangelho de Lucas é narrada
pouco antes da prisão de Iehoshua de Nazaré. Nesta passagem, Iehoshua de Nazaré, entre outras
recomendações, pede aos seus discípulos que cada um deles venda a sua capa de vestir para comprar uma
espada, acrescentando que isto deveria acontecer para que se cumprisse o que foi predito pelo Profeta
Isaías:
Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio
deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e
intercedendo pelos culpados (Isaías 53,12)
Neste momento, alguns dos discípulos replicou mostrando que possuía duas espadas, ao que Iehoshua de
Nazaré respondeu com um simples basta. Ora, se nesta passagem de Isaías está escrito que porque ele
próprio deu sua vida por que, então, Iehoshua de Nazaré pede para que os seus discípulos comprem uma
espada? Este dar que aparece em Isaías é condicional ou incondicional? A espada não seria, então, para
lutar? Então, como fica a expressão e deixou-se colocar entre os criminosos? Alguém que precise
interceder pelos culpados faria um pedido para que se comprassem espadas? Na passagem do Evangelho
de Lucas 22,38 os discípulos de Iehoshua de Nazaré, conforme escrito acima retrucaram mostrando duas
espadas. Alguns apologistas cristãos interpretam esta passagem afirmando que as duas espadas são os
poderes material e espiritual, mas observando mais adiante no Evangelho de Lucas 22,47-51, os discípulos
de Iehoshua de Nazaré perguntaram-no se eles deveriam atacar a multidão com as espadas. Como então,
entender aqui as duas espadas como sendo os poderes material e espiritual? Em uma nota de rodapé da
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Bíblia da Editora Ave Maria - Edição 119ª - Página 1379 está escrito:
Basta: isto pode significar: é suficiente, ou então um movimento de humor com respeito aos discípulos:
Basta disso (falemos de outra coisa)
Como esta passagem pode se referir a um tom de humor por parte de Iehoshua de Nazaré se, ao não
esperar a resposta dele próprio, um dos seus discípulos, como narrado no versículo 50, tomou de sua
espada e decepou a orelha direita do príncipe dos sacerdotes, e não do servo do sumo-sacerdote como
narrado em Mateus 26,51? Este humor é incompreensível. Imediatamente, Iehoshua de Nazaré interveio
retendo o tal discípulo pedindo para deixá-lo, e realizou uma cura na orelha do príncipe dos sacerdotes.
Por quê? Será que Iehoshua de Nazaré estava com medo da multidão, já que eram muitas pessoas, e,
desta forma, precisou reter o discípulo que tinha decepado a orelha do príncipe dos sacerdotes? O mais
engraçado disto tudo é que alguns cristãos discordam até das notas de rodapé das próprias bíblias. Por
exemplo, o presidente da Associação Cultural Montfort (http://www.montfort.org.br/), Orlando Fedeli,
doutor em História pela Universidade de São Paulo, em resposta a um visitante do site de sua associação,
afirma que o conteúdo das explicações escritas em notas de rodapé de muitas bíblias católicas são
completamente gagá.
(http://www.montfort.org.br/perguntas/espada.html)
Segundo ele, os comentaristas destas bíblias demonstram que não são capazes de engolir espadas, que
não admitem que Pedro possuía uma espada, e que Iehoshua não mandou que Pedro rejeitasse esta
arma, mas pelo contrário, mandou que Pedro a guardasse, para utilizá-la , mais tarde, quando fosse o
representante dele na Terra, exercendo a sua autoridade. O senhor Orlando Fedeli, baseado nos escritos
dos Evangelhos, também comentou que Iehoshua de Nazaré não mandou que o centurião romano, que
era um soldado por profissão, deixasse a vida militar, a qual exigia usar a espada. Ele também afirmou
que Iehoshua de Nazaré jamais proibiu que alguém fosse soldado. Por último, salientou que estas frases
de Iehoshua de Nazaré doem nos pacifistas e que condenam a guerra, por princípio, que a guerra é um
mal comparada com a paz, mas comparada com a injustiça, a guerra defensiva é legítima. Não foi
exatamente isto que aconteceu ao longo deste dois mil anos de Era da Graça? De acordo com o que o
senhor Orlando Fedeli afirmou, quantas vezes a espada foi desembainhada pela igreja romana para
assassinar aqueles que pensavam diferente dela? Mais uma vez devemos nos lembrar do comportamento
do Papa Nicolau V, Tomaso Parentucelli (1447-1455), que no ano de 1447 autorizou o rei de Portugal a
guerrear contra os povos africanos, tomar suas terras e fazer escravos e ainda salientou que era tudo em
todos, que a vontade dele é a que deveria prevalecer, e que se Iehoshua de Nazaré mandou Pedro
embainhar a espada, ele mandava desembainhar. Desta forma, torna-se claro a violência da Inquisição.
As discordâncias com relação ao papado e ao poder atribuído aos papas foi uma das causas que levaram à
ocorrência de diversos cismas na igreja romana. O próprio Papa João Paulo II admitiu, antes da abertura
do conclave, que a primazia papal tem sido um empecilho significativo em sua tentativa de aprimorar as
relações com as outras igrejas cristãs, principalmente com os ortodoxos, que, segundo ele, se apartaram
dos católicos desde o cisma do ano de 1054. O leitor poderá estudar este assunto na obra, em dois
volumes, do teólogo e historiador católico Johann Joseph Ignaz von Döllinger, O Papa e o Concílio Tradução e Introdução de Rui Barbosa - Editora Leopoldo Machado - Primeira Edição - Londrina (2002), a
qual foi escrita no ano de 1869. De tendência episcopalista, Döllinger revelou-se contrário ao absolutismo
papal, pois a sua atuação entrou em choque frontal com a igreja romana, fato que acabou acarretando a
sua excomunhão, ocorrida no ano de 1871. A existência do Estado Pontifício, o Syllabus de 1864, a
Teologia Neo-Escolástica, o Dogma da Imaculada Conceição e o Dogma da Infabilidade Papal são os
temas que Von Dölinger aborda em sua obra, a qual assinou com o pseudônimo de Janus. Mais tarde, no
ano de 1877, esta obra começou a ser traduzida para a língua portuguesa pelo escritor Rui Barbosa. Outra
obra que pode engrandecer os conhecimentos do leitor é Vicars of Christ - The Dark Side of the Papacy Crown Publishing Group - New York (1988) ISBN: 0517570270, da autoria do historiador e padre católico,
Peter de Rosa.
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Hoje, a maioria dos cristãos ainda não possuem noção do barbarismo e das torturas às quais foram
submetidos os judeus de Portugal e da Espanha. Toda a população foi consumida pelo medo. Uma batida
na porta de suas casas no meio da noite, poderia significar o início de uma morte lenta e torturante nas
mãos dos inquisidores. A morte na fogueira era um espetáculo público, denominado Autos da Fé. Porém
antes de serem queimadas em público, as pessoas eram torturadas privadamente. Para a tortura, em toda
a Europa sabia-se que o papa possuía os melhores profissionais, que podiam obter confissões por meio de
técnicas hábeis e criativas, para as quais foram inventados inclusive instrumentos próprios como a Virgem
de Nuremberg, por exemplo. As pessoas cultas eram submetidas a torturas especiais como as de furar os
olhos para que não mais pudessem estudar. Durante a Idade Média (anos 500 a 1700), o papado eliminou
em torno de 50 milhões de pessoas, uma média de 40 mil por ano, por não se submeterem a ele. O jugo de
Roma era pesado e muito longe estava o jugo suave prometido por Iehoshua de Nazaré, se é que ele
prometeu. Para qualquer um cristão ou não cristão, que conheça o Novo Testamento, as atitudes e os atos
criminosos executados pela igreja romana durante a inquisição, diante do que foi narrado, estão, em
alguns pontos discutidos acima, relacionados aos ensinamentos de Iehoshua de Nazaré, de fato. Portanto,
em que pensava Roma quando aliou-se aos reis católicos da Espanha os quais decretaram a Inquisição?
Em que se baseavam? Fica a pergunta. Na época, os reis da Espanha assinaram um documento dizendo
que seus atos a respeito dos judeus eram uma solicitação do Criador e eles apenas foram encarregados de
executá-los. Hoje, está parado no Vaticano um projeto para canonização de Isabel de Castela, maldito
seja o seu nome, quem iniciou a Inquisição na Espanha. O autor do projeto é um religioso espanhol que
alega ter sido Isabel uma rainha a frente de seu tempo, uma mulher de visão além de católica fervorosa.
Será que a igreja romana mudou? Não. O período da Inquisição foi um período negro na história da
humanidade. Muitos povos, muitos grupos, muitas nações se enchem de orgulho e júbilo quando falam do
seu passado. A igreja romana não tem do que se alegrar. O clímax da imoralidade papal deu-se no
período de 1378 a 1417, durante o qual houve mais de um papa ao mesmo tempo. Como exemplo, a
França e seus aliados obedeciam ao Papa de Avignon, enquanto a Alemanha, a Itália e a Inglaterra
obedeciam ao papa de Roma. Recuso-me a chamar a Inquisição de Santo Ofício ou de Santa Inquisição,
pois este tenebroso acontecimento só poderia ser chamado de santo se tivesse sido inspirado pelo Eterno
ou a Seu serviço. O paradoxo é que este crime contra a humanidade foi urdido no seio de uma igreja que
se declarou infalível e dona da verdade. As Cruzadas e a Inquisição mataram mais do que o nazismo na
Segunda Guerra Mundial, na qual morreram seis milhões de judeus. Os massacres em nome de um deus
pagão vitimaram um número bem superior de pessoas classificadas de hereges, acusadas de
desenvolverem uma fé contrária à da igreja romana, de não aceitarem a infalível autoridade papal e de
combaterem, ousadamente, a imoralidade, a ganância e a corrupção no clero romano. Não se tem notícia
até hoje de que os assassinos do período inquisidor tenham se submetido a um tribunal internacional para
responder pelos seus crimes. Um ou outro papa foi preso e condenado, como no caso do Papa João XXIII,
Baldassare Cossa (1410-1415), julgado e condenado pelo Concílio de Constança por 54 crimes da pior
espécie. A História condena a todos, mas a justiça maior virá do Eterno, Bendito Seja. O que relatamos
neste estudo representa apenas uma pequena parcela do que realmente foi a diabólica Inquisição e o que
ela representou para toda a humanidade e para os judeus. Os representantes papais nunca agiram
sozinhos. A igreja romana estava atrelada de tal forma aos imperadores e reis que, por vezes, não se sabia
o que pesava mais em um massacre: se o motivo religioso, em que Roma defendia seus interesses, ou o
político, sob a manobra dos governantes. O certo é que a parceria Igreja-Estado fabricou mais uma arma
mortífera, a Inquisição. Os sanguinários inquisidores tentaram purificar a intitulada fé católica matando
os que ela intitulou de hereges e, bem mais tarde, o sanguinário Adolf Hitler tentou purificar a tal raça
ariana exterminando o povo judeu. Uma pergunta que devemos fazer é a seguinte: A igreja romana foi
realmente guiada desde sua instituição, pelo Eterno? Se a resposta for negativa, então a criação da
Inquisição também está plenamente justificada. Se positiva a resposta, isto é, se aceitarmos a versão de
que o Eterno guiou esta igreja desde o seu nascimento, teremos que fazer outra indagação: O Eterno
justificou estes homens sanguinários para dirigirem igrejas para que estas substituíssem as sinagogas?
Para justificar os crimes cometidos pelos inquisidores, a igreja romana põe a culpa no diabo. Por mais que
desejemos fazer reflexões com serenidade, não conseguimos conter nossa perplexidade diante de tantos
desatinos promovidos por homens que se intitulavam, Vigários de Cristo e Infalíveis. Os crimes cometidos
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em nome da fé católica, quer nas Cruzadas, quer durante a Inquisição, foram crimes inqualificáveis, crimes
contra a humanidade, e como tal devem ser lembrados por todos os séculos. Muitos cristãos tentam se
defender ainda hoje diante dos fatos durante o tempo inquisidor argumentando que a igreja é formada
por homens e que os homens erram. Mas na realidade, os homens erram desde Adão. Portanto, o
problema não são os erros dos homens, mas sim o sistema religioso falso e hipócrita, as contradições do
Novo Testamento, as retóricas muito utilizadas pelos filósofos gregos e etc. Eis aí apenas um esboço do
que foi a diabólica Inquisição, que tantos malefícios causou à humanidade. Muito longe estamos de
conhecer todos os labirintos dos tribunais inquisitórios. O atual representante da igreja romana tem
ensaiado pedidos de perdão, como no caso de Galileu Galilei. Mas nós, judeus, perguntamos: Pedido de
perdão a quem? Ao Eterno? À Humanidade? Às famílias das vítimas? Ora, não se pode pedir perdão ao
Eterno em nome de um pecador. O pedido de perdão formulado pela igreja romana, através de seu líder, é
na verdade um falso gesto elogiável de cunhos políticos, e que não apaga o pecado dos algozes da
Inquisição. O mais engraçado disto tudo é que sites católicos tais como
http://www.cleofas.com.br/
http://www.lepanto.org.br/
http://www.montfort.org.br/
http://www.presbiteros.com.br/ e
http://www.veritatis.com.br/,
uma onda negra de desculpas repletas de hipocrisias e mentiras são escritas para um público que não
conhece a história da sua religião. Neste sites, tenta-se provar com muito esforço e cinismo ridículo que
acontecimentos como os da Inquisição, por exemplo, não tiveram participação da igreja romana, mas
diretamente do Estado, que os números de mortos são exagerados e outras mentiras típicas da igreja
romana.
Parte IX
O que foi observado no estudo realizado é que o povo judeu, após a experiência da libertação da
escravidão no Egito, passou a viver tanto na presença como da proteção do Eterno, Bendito Seja, que os
protegia de todas as aflições, pois em todas as ocasiões em que ele se encontrava subjugado por outros
povos, o Eterno os libertou como aconteceu no Egito através de Moshê. Assim, devido à experiência da
libertação, sempre que os judeus eram dominados por outros povos, eles, através de profetas, esperavam
um libertador para realizar o mesmo que Moshê, pois, segundo a Torá, o Eterno promete fazer surgir do
meio do povo judeu, profetas como ele:
“ O Senhor, teu Deus, te suscitará dentre os teus irmãos um profeta como eu: é a ele que devereis ouvir.”
(Deuteronômio 18,15)
Mas esta promessa não se refere a um profeta em específico, mas a todos os profetas judeus que serão
enviados pelo Eterno e que falarão em nome dele. Apesar disto, os apologistas cristãos atribuíram
falsamente a passagem de Deuteronômio 18,15 a Iehoshua de Nazaré. Assim, segundo o Judaísmo, para
estabelecer e governar o seu reino na terra, o Eterno se encarregará de enviar um representante, cuja
unção o fará um vassalo seu, e ele será mashiach, que, em hebraico significa ungido. Foi o Profeta Natã,
que, ao prometer ao rei Davi a permanência da sua dinastia (II Samuel 7,1-17), apresentou a primeira
expressão deste messianismo, que também é encontrado em alguns salmos. Entretanto, os fracassos e a
má conduta da maioria dos sucessores de Davi pareciam pôr em dúvida este messianismo, mas mesmo
assim, a esperança concentrou-se na linhagem deste rei particular, cuja vinda passou a ser esperada, para
um futuro próximo ou longínquo, pelos profetas, sobretudo Isaías, Miquéias e Jeremias. De fato, em cada
geração o Eterno sempre suscitou um mashiach para salvar o povo judeu. Segundo o Tanach, o mashiach
deverá ser sempre da estirpe de Davi, como relatado em Isaías 11,1-16; Jeremias 23,1-6 e 33,1-17 e
66
Miquéias 5,1-7. Ele receberá os títulos mais magníficos, como relatado em Isaías 9,5, e o Espírito do Eterno
repousará sobre ele com todo os seus dons, como relatado em Isaías 11,1-5. Um dos mashiach enviado
pelo Eterno, segundo o Profeta Isaías, foi o Emmanuel, que em hebraico significa Deus Conosco, como
relatado em Isaías 7,14. Para o Profeta Jeremias ele será Adonai Tsidkênu, que em hebraico significa O
Eterno é Nossa Justiça, como relatado em Jeremias 23,6. Estes dois nomes resumem a esperança
messiânica. Esta esperança sobreviveu durante todas as dominações estrangeiras e aos exílios, mas as
perspectivas mudaram. Apesar das esperanças, que por um momento os profetas Ageu e Zacarias
confiaram a Zorobabel (também da estirpe de Davi), o messianismo davídico sofreu uma interrupção, pois
nenhum descente de Davi passou mais a ocupar o trono de Israel, e os judeus, em muitas ocasiões,
estiveram submetidos à dominação estrangeira. O Profeta Ezequiel passou a esperar na vinda de um novo
Davi, o qual o chamou de Pastor, Príncipe e Rei, como relatado em Ezequiel 34,23-24 e 37,24-25. O Profeta
Zacarias anunciou a vinda de um Rei, como relatado em Zacarias 9,9-10. O Profeta Daniel recebe a visão
de um ser semelhante ao filho do homem (que tem forma humana) chegando através das nuvens do céu,
o qual recebe do Eterno, Bendito Seja, a incumbência de dominar sobre todos os povos, e afirma que o seu
reino será eterno e jamais será destruído (Daniel 7,13-14). No início da era comum, a espectativa de vários
grupos judaicos no aparecimento de outro mashiach estava largamente difundida. Alguns grupos
esperavam um messias como Moshê, outros esperavam um messias sacerdotal e outros um messias
transcendente e espiritual. Isto reafirma o que mencionamos anteriormente a respeito do que esperavam
os judeus a respeito de um messias que sempre viria para libertá-los. No estudo realizado, verificamos que
a grande maioria das profecias encontrada nos Evangelhos, que parecem fazer alusão a Iehoshua de
Nazaré, foi extraída do Livro de Isaías, pelo grupo de judeus que esperavam um messias transcendente e
espiritual. Em muitas passagens deste livro fala-se do próprio Isaías, e não de Iehoshua de Nazaré. Para
isto, o grupo de judeus que esperavam um messias transcendente e espiritual (e mais tarde os apologistas
cristãos) transferiu muito dos acontecimentos ocorridos na vida do Profeta Isaías para Iehoshua de
Nazaré. Por ironia, em Mateus 10,26-27 e Lucas 12,1-3 é ensinado que nada há de escondido que não
venha à luz e nada de secreto que não venha a ser conhecido. Como exemplo, observem na seguinte
passagem a expressão o leitor entenda, o esforço do autor de Marcos tentando convencer futuros leitores
a respeito do seu livro:
“ Quando virdes a abominação da desolação no lugar onde não deve estar – o leitor entenda -, então os
que estiverem na Judéia fujam para os montes; o que estiver sobre o terraço não desça nem entre em casa
para dela levar alguma coisa; e o que se achar no campo não volte a buscar o seu manto.” (Marcos 13,1417)
Assim, nesta obra o que há mais de dois mil anos estava muito bem escondido, agora vem a ser
conhecido, e com muita clareza, principalmente pelos judeus que estão retornando ao Judaísmo. Portanto,
quando esta obra for publicada, os que advogam teses contrárias serão obrigados a permanecerem
escondidos, pois não terão nada em que se apoiar e ruirão por falta de base sólida. Nós, judeus,
possuímos como base sólida a Torá e o Tanach e, quando precisamos discutir sobre um tema difícil das
Escrituras Hebraicas utilizamos o Talmud. Assim, aos que ainda insistem em manter a humanidade na
ignorância e também em enganar judeus através do movimento messiânico, pois que aguardem. No dia
em que esta obra for publicada a advocacia de cada um deles ruirá. Alguém pode contestar lembrando
que Iehoshua de Nazaré em algumas passagens dos Evangelhos afirmou que estava cumprindo as
profecias analisadas neste estudo. Mas, no entanto, ao final do mesmo, por não ter encontrado
referências à pessoa dele na Torá e no Tanach, concluímos, nas passagens dos Evangelhos que foram
estudadas, que o autor das mesmas efetua fraudes, por exemplo, diante da expressão: isto aconteceu
para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s, que os autores dos Evangelhos tentaram fazer
Iehoshua de Nazaré se passar por algum dos profetas de Israel, e, desta forma, precisaram pôr palavras
na boca dele, ou que ele se fez passar, em muitas ocasiões, por um destes profetas, sobretudo o Profeta
Isaías. Porém, acreditamos que o valor dos seus ensinamentos, se é que ele ensinou o que consta nos
67
Evangelhos, foi profundamente marcante para os seguidores dele. Estes seguidores, na maioria das vezes
constituída pela massa ignorante da época, não possuíam conhecimento algum das Escrituras Hebraicas
e, por isto, foi muito fácil manipulá-los. Não é à toa que em muitos versículos dos Evangelhos ele se
apresenta distorcendo a Torá. Para verificar melhor isto convém ao leitor estudar a obra intitulada Um
Rabino Conversa com Jesus – Um Diálogo entre Milênios e Confissões – Coleção Bereshit – Editora Imago
LTDA – Rio de Janeiro (1994) ISBN: 8531203341, da autoria do Rabino Jacob Neusner. Nesta obra o autor
demonstra que caso tivesse vivido na época de Iehoshua de Nazaré jamais teria se tornado um de seus
discípulos. Como sabemos, base de toda a fé cristã reside nos escritos do Novo Testamento, coletânea de
livros adotados pelos cristãos como sendo a última revelação do Eterno. Enquanto a comprovação da
existência do Criador para os judeus se verificou mais fortemente através da experiência da atravessia do
deserto, a existência do Criador para os cristãos é comprovada mediante interpretações distorcidas das
Escrituras Hebraicas e que não possuem consistência alguma com as profecias contidas no Tanach, as
quais foram utilizadas nos Evangelhos para se fazer alusão a Iehoshua de Nazaré. Estas comprovações
residem na arbitrariedade dos argumentos utilizados para sustentá-las, e selecionados, sobretudo com o
apoio de filosofias gregas, de tal modo que favoreceu a posição dos seguidores de Iehoshua de Nazaré ao
longo dos séculos. Por outro lado, o desenvolvimento do Cristianismo e a construção das características de
Iehoshua de Nazaré, ao longo dos séculos, encontraram vários paralelos em cultos religiosos efetuados
por povos mais antigos do que o Cristianismo. Muitos cristãos, em sua ignorância, consideram espantoso
o fato de que muitas das profecias do Tanach foram cumpridas na vida de Iehoshua de Nazaré, porém não
enxergam, não querem enxergar ou simplesmente ignoram o real contexto destas profecias, pois elas
foram utilizadas fora de seu tempo real. Desta forma, se comprova, como foi comprovado através dos
estudos realizados anteriormente, que os Evangelhos são uma coletânea de fraudes e distorções,
intencionais ou não, cuja origem foi o a utilização de profecias do Tanach que não possuem ligação
alguma com Iehoshua de Nazaré. Muitos cristãos assumem, consideram e têm fé que estas profecias
foram realizadas e cumpridas na pessoa de Iehoshua de Nazaré, mas ao mesmo tempo não possuem e
nem sustentam evidências reais para apoiar esta fé. Porém, quando estas profecias são estudadas em
seus contextos originais, identificamos, como aconteceu nos estudos dos Evangelhos realizados
anteriormente, que nenhuma delas pode ser aplicada a Iehoshua de Nazaré. Um exemplo disto é o
suposto cumprimento da profecia sobre a matança das crianças inocentes promovidas por Herodes,
narrado no Evangelho de Mateus:
Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em
Belém e nos arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia
indagado dos magos. Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Em Rama se ouviu uma voz,
choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos, não quer consolação, porque já não existem! (Jer
31,15) (Mateus 2,16-17)
Assim, enquanto que para um cristão, esta é apenas mais uma das profecias cumpridas a respeito de
Iehoshua de Nazaré, para nós, judeus, afirmamos que qualquer texto das Escrituras Hebraicas, utilizado
fora de seu real contexto transforma-se em um pretexto para esconder algo. De fato, quando isto ocorre,
aqueles que advogam o contrário do que ensinam os apologistas cristãos são chamados de sem fé,
hereges, ateus e, assim, estes apologistas removem, diante da sociedade, a bendita razão daquelas
pessoas. Na realidade, a profecia que Mateus afirma ter se cumprido está relatada no livro do Profeta
Jeremias:
Eis o que diz o Senhor: ouvem-se em Rama uma voz, lamentos e amargos soluços. É Raquel que chora os
filhos, recusando ser consolada, porque já não existem. (Jeremias 31,15)
No entanto, esta passagem do livro de Jeremias é uma declaração que, no contexto original, se refere aos
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judeus que foram espalhados pelo estrangeiro durante a Diáspora. O Profeta Jeremias se referiu a este
fato como se fosse, de forma figurada, Raquel chorando pelos seus filhos, já que Raquel, esposa de Yacov,
é a mãe de todos os filhos de Israel. Porém, no mesmo contexto, há uma promessa no versículo 16,
segundo a qual estes filhos, ou seja, Israel, regressariam da terra do inimigo.
16
Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos; porque há
galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, pois eles voltarão da terra do inimigo.
Portanto, torna-se claro que Jeremias não estava de forma alguma fazendo referência a um massacre de
crianças judias. Desta forma, a atitude de transferir o fato narrado para séculos depois, na época em que
Iehoshua de Nazaré surgiu é distorcer o real contexto da passagem e dar-lhe a aplicação desejada, como
efetuou o autor de Mateus. Daí, mais uma vez, torna-se claro a insistência dos autores dos Evangelhos, ao
fazerem menção de passagens dos livros proféticos, em utilizar a expressão corriqueira isto aconteceu
para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s. Se esta atitude foi um ato de fraude, distorção,
malícia, desespero da parte dos autores dos Evangelhos ou costume do povo da época que, ao produzirem
seus escritos, desejavam mostrar ou provar algo, não convém aqui questionar. O que importa é que as
passagens ditas serem relativas a cumprimentos proféticos não possuem de fato qualquer evidência real
que comprove que Iehoshua de Nazaré cumpriu as profecias sobre a vinda do Mashiach. As profecias a
respeito da vinda de Iehoshua de Nazaré, além de estarem apoiadas em profecias que não possuem
nenhuma ligação com ele, estão baseadas também em histórias de religiões mais antigas do que o
Cristianismo. Entre elas, citamos a versão indiana de Krishna. De fato, é espantoso como esta história é
semelhante à história do nascimento de Iehoshua de Nazaré como narrada em Mateus. Segundo a
literatura indiana, quando Krishna, a oitava encarnação do deus Vishnu, nasceu da virgem Devaki, ele foi
visitado por homens sábios que foram guiados até ele por uma estrela. Anjos também anunciaram o
nascimento de Krishna a pastores nos campos próximos do local de seu nascimento. Quando o Rei Kansa
soube do nascimento da criança, enviou homens para matar todas as crianças nas localidades vizinhas,
mas uma voz celestial chegou aos ouvidos do pai adotivo de Krishna avisando-o para que tomasse a
criança e fugisse através do rio Jumna. Estudos sobre religiões antigas estabelecem paralelos semelhantes
à história de Zoroastro (Pérsia), Tammuz (Babilônia), Perseus e Adônis (Grécia), Hórus (Egito), Rômulo e
Remo (Império Romano), Gautama (o fundador do Budismo), pois vários elementos da criança perigosa
que deveria morrer podem ser observados nas histórias de todas estas religiões. Todas estas
características são muitos séculos anteriores ao relato de Mateus sobre o massacre das crianças em
Belém. Krishna, por exemplo, foi um salvador indiano que viveu no século VI a.e.c. Portanto, quando um
estudo de religiões do mundo antigo mostra que um evento como a matança de crianças ou de inocentes
parece ter ocorrido em outros lugares, percebe-se que este evento não ocorreu em lugar algum, ou na
melhor das hipóteses, ocorreu apenas uma única vez e em seguida passou a ser copiado por apologistas
de outras religiões. Como a história do massacre de crianças ocorreu muitas vezes muito antes da versão
de Mateus, podemos concluir que tal evento não ocorreu em Belém como Mateus, e somente Mateus
narrou, mas deve se tratar de uma cópia extraída de uma outra fonte. Segundo os apologistas cristãos, o
sofrimento de Iehoshua de Nazaré, como narrado nos Evangelhos, pode ser encontrado em Isaías 53,1-12;
a alusão à sua crucificação é encontrada no Salmo Hb 22,17; a alusão à sua ressurreição pode ser
encontrada no Salmo Hb 16,10, e a alusão à sua ascensão pode ser encontrada no Salmo Hb 68,19.
Contudo, o exame destas passagens em todo o seu contexto revela o mesmo problema como aquele do
caso de Jeremias 31,15, ou seja, não possui conexão alguma com Iehoshua de Nazaré. Mesmo assim,
vamos supor que seja possível provar o cumprimento da profecia da matança de crianças inocentes. Desta
forma, quem desejar provar que esta matança ocorreu e foi realmente profetizada pelo Profeta Jeremias
deve demonstrar que ele pretendia que a declaração fosse uma profecia da matança destes inocentes
efetuada a mando de Herodes. Além disto, vamos supor que alguém conseguisse provar que Jeremias
pretendia que a profecia fosse ocorrer em uma época bem longínqua. Esta pessoa seria obrigada a provar
de forma bastante convincente que o massacre daquelas crianças em Belém pode ser comprovada como
fato histórico. A ausência total de quaisquer referências a este fato da parte dos autores que comporão o
Novo Testamento ou por qualquer historiador secular contemporâneo àquela época torna impossível esta
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tarefa. Contudo, se um fato que alegadamente é um cumprimento profético não pode ser comprovado
historicamente, como é possível afirmar que se realizou profeticamente? As passagens dos Evangelhos
que contêm a expressão isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s somente se
tornam profecias através de argumentos arbitrários dos autores dos Evangelhos, que os removeram do
seu real contexto e os aplicaram em situações que julgaram ser convenientes. Se quem os removeu foram
os primeiros autores ou autores tardios dos Evangelhos, não se sabe. Se esta atitude foi um ato de fraude,
distorção, malícia, desespero da parte dos autores dos Evangelhos ou costume do povo da época que, ao
produzirem seus escritos, desejavam mostrar ou provar algo, não convém aqui questionar. Tudo o que se
concluiu com o estudo realizado dos Evangelhos é que os mesmos registram fatos que não podem ser
confirmados quando confrontados com os registros do Tanach. O Cristianismo não é a única religião que
alega que o seu salvador realizou milagres, foi crucificado, foi ressuscitado dos mortos e ascendeu ao céu.
Escritos indianos atribuíram todas estas ocorrências a Krishna, muito antes do primeiro século da era
comum. De fato, as narrativas das vidas de Iehoshua de Nazaré e Krishna, conforme relatadas nas
literaturas de seus seguidores, são tão semelhantes que a conclusão que se chega é que os autores dos
Evangelhos muito se inspiraram na religião de Krishna, a qual também possui, em sua teologia,
características de um avatar, ou seja, de um salvador. De fato, salvadores nascidos de virgens, pessoas
crucificadas e ressuscitadas são características muito comuns que estão presentes em religiões antigas.
Mesmo assim, se isto não destruir os argumentos dos Evangelhos na mente dos cristãos e de judeus que se
deixam levar pelos engodos do movimento messiânico, quando se referem a cumprimento de profecias
por parte de Iehoshua de Nazaré, então infelizmente eles, muitos por comodidade, conveniência e outros
por ignorância, estarão obviamente determinados a permanecer desta forma, independentemente do
quão convincente possa ser as evidências apresentadas por aqueles que advogam o contrário. Se não foi
possível provar que uma profecia a respeito de Iehoshua de Nazaré se cumpriu, o que dizer de uma série
delas, como ocorreu durante este estudo dos Evangelhos? Imagine o que dizer das profecias sobre o
nascimento virginal de Iehoshua de Nazaré, os seus milagres, a sua entrada triunfal em Jerusalém, a
traição de Judas Iscariotes, a sua crucificação, a sua ressurreição, a sua ascensão aos céus e o que dizer de
centenas de outros supostos cumprimentos proféticos? É bem mais provável que alguém tivesse estudado
as Escrituras Hebraicas e, ao interpretar algumas passagens como profecias, as tivessem aplicado a
Iehoshua de Nazaré, de modo a fazer parecer que elas se cumpriram na pessoa dele. De acordo com o
estudo dos Evangelhos realizados anteriormente isto foi possível. Portanto, a conclusão que nós, judeus,
chegamos frente às profecias a respeito da vinda de Iehoshua de Nazaré é que os cumprimentos proféticos
relativos à sua vinda, como narrados nos Evangelhos, nunca ocorreram, mas que os autores dos mesmos
limitaram-se a verificar ou procurar no Tanach passagens que pudessem ser interpretadas como profecias
e depois as transcreveram para os seus escritos particulares, de modo a fazer parecer que todas elas
foram literalmente cumpridas. Mesmo que os alegados cumprimentos proféticos tivessem ocorrido,
poderiam também ter sido efetuados deliberadamente com o objetivo de conceder a Iehoshua de Nazaré
a oportunidade de alegar que ele cumpriu as mesmas e, a partir daí, elevá-lo a categoria de Mashiach. E
se esta atitude foi um ato de fraude, distorção, malícia, desespero da parte dos autores dos Evangelhos ou
costume do povo da época que, ao produzirem seus escritos, desejavam mostrar ou provar algo, mais uma
vez não convém aqui questionar.
Parte X
O que foi observado durante o Estudo dos Evangelhos é que os autores dos mesmos não pretendiam
efetuar uma narração histórica de acontecimentos, mas efetuar uma composição de textos em que
poderiam ser incluídas passagens das Escrituras Hebraicas, que deveriam ser arranjadas de tal forma a
induzir fiéis a acreditar que as mesmas estavam aludindo a pessoa de Iehoshua de Nazaré. Ao que tudo
indica a intenção dos evangelistas não foi registrar fatos históricos com precisão, mas transmitir
ensinamentos religiosos. Paulo de Tarso, embora não tenha sido um dos apóstolos, foi um dos principais
criadores da figura de Iehoshua de Nazaré. No episódio narrado de Atos dos Apóstolos 9,1-9, ele, ao cair
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do cavalo quando viajava pela estrada que o conduzia até Damasco, julgou estar divinamente inspirado.
Após este fato, ele analisou as Escrituras Hebraicas em busca de revelações ocultas e, acreditando que
toda e qualquer idéia que lhe ocorria também era de inspiração divina, acreditou ter encontrado nelas o
anúncio da vinda de Iehoshua de Nazaré. Na realidade, o mundo de Paulo de Tarso ainda era fortemente
influenciado pela cultura helênica. Para os gregos, a verdadeira realidade era a realidade mítica, onde
viviam deuses e anjos. O mundo material era apenas um reflexo desta realidade. As Escrituras Hebraicas
não continham profecias a respeito do que Paulo de Tarso pensava e ensinava, mas na ótica dele elas
revelavam um pouco desta realidade mítica. Para ele, o sofrimento e morte de Iehoshua de Nazaré eram
fatos já ocorridos nesta realidade espiritual, em um tempo diferente do nosso, assim como as aventuras
dos deuses gregos, e não algo que ainda estaria para ocorrer no mundo material. Era desta realidade
mítica que falava Paulo de Tarso quando se pôs a escrever as suas epístolas, e não de um Iehoshua de
Nazaré humano, ou seja, de carne e osso. E para isto, era necessário procurar nas Escrituras Hebraicas
revelações de um Iehoshua de Nazaré espiritual, abstrato. Uma conseqüência imediata disto é a
transcendentalização de passagens das Escrituras Hebraicas, o que acarreta pseudo-interpretações e
ajuda a distorcer e atropelar fatos históricos, como aqueles identificados nos Estudos dos Evangelhos
realizados anteriormente. Para Paulo de Tarso, era o Eterno quem fazia as revelações e Iehoshua de
Nazaré era apenas o seu canal de comunicação. Assim, a Sabedoria Judaica começou a ser interpretada
como o Logos Grego. Para concretizar isto, Paulo de Tarso, judeu que absorveu a cultura e filosofia grega,
recorreu às Escrituras Hebraicas e descobriu vestígios de Iehoshua de Nazaré através de suas próprias
inspirações divinas, pois os gregos somente entendiam o Criador a partir de si próprio, e não através de
experiências como sempre ocorreu com o povo judeu. Para ele, Iehoshua de Nazaré era uma espécie de
segredo que esteve escondido durante épocas remotas e que foi revelado para ele pelo Criador. Para isto,
era necessário ter fé neste Iehoshua de Nazaré de natureza mítico-espiritual [na realidade, abstrata],
como Paulo de Tarso mostra sistematicamente em suas epístolas. Mas por que seria necessário ter fé em
um homem que, ao morrer, ressuscitou? Isto seria um grande fato histórico, e não algo a ser entendido
através da fé. Somente mais tarde, através dos concílios, é que se começou a discutir a figura de Iehoshua
de Nazaré como homem. Desta forma, foi necessário que passagens do Antigo Testamento fossem
incluídas nos Evangelhos para induzir fiéis a acreditar que tais passagens se referiam a sua vinda. Nos
escritos de Paulo de Tarso não são mencionadas expressões como: Conforme eu ouvi da boca de Iehoshua
de Nazaré, conforme ensinou Fulano, que foi discípulo de Iehoshua de Nazaré, etc. Por que? Vale a pena
salientar que Paulo de Tarso só foi à cidade de Jerusalém anos depois do incidente da queda do cavalo e
nem sequer mencionou lugares santos ou sua emoção ao visitá-los; não menciona Pilatos e nem o
julgamento de Iehoshua de Nazaré. Por que? Nos escritos de Paulo de Tarso é observado o
comportamento de que ele é que é o Mestre, e não Iehoshua de Nazaré. Por isto, em todas as suas
discussões com discípulos, ele jamais foi acusado de distorcer palavras de Iehoshua de Nazaré, pois ele é
que se fazia Mestre, e não Iehoshua de Nazaré. Não havia o ensinamento das Palavras de Iehoshua de
Nazaré. Na realidade, os Evangelhos e a vida terrena de Iehoshua de Nazaré ainda não tinham sido
criados. Porém, é possível que versões primitivas dos Evangelhos já existissem no final do primeiro século,
mas talvez não fizessem parte do pensamento Paulinista, naquela época ainda muito predominante. Para
entender melhor o que foi escrito acima, convém lembrar que gregos e europeus até os tempos de Nikolaj
Kopernik (1473-1543) e Galileu Galilei (1564-1642) acreditavam que a Terra era o centro do universo e que
em volta dela havia esferas de cristal concêntricas, cada uma sustentando um dos sete planetas
conhecidos. Na esfera de cristal mais interior, a da Lua, se localizavam os demônios, interpretados como
mensageiros entre os homens e os deuses, e além da sétima esfera de cristal se localizavam os deuses.
Para Paulo de Tarso e seus correligionários, em vez de vários deuses existe um único deus e os demônios
são forças do mal, conforme mencionado em um dos seus discursos:
Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os príncipes deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares. (Efésios 6,12)
Segundo Paulo de Tarso, os demônios habitam as regiões celestes, mas somente mais tarde foram
expulsos deste lugar e passaram a habitar as profundezas da terra, e que embora não sejam humanos,
eles são os dominadores do mundo em que vivemos. Segundo livros apócrifos do fim do primeiro século da
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era comum, como o livro da Ascenção de Isaías, por exemplo, Iehoshua de Nazaré teria viajado através
das esferas de cristal até alcançar a esfera mais interior, nascendo de uma mulher, da mesma forma que a
deusa Attis nascera de Cibele e depois se sacrificara. Mais tarde os demônios mataram Iehoshua de
Nazaré sem perceberem quem ele era. No final do século I da era comum, nenhuma menção foi efeuada a
um Iehoshua de Nazaré terreno, assim como também não foi efetuada nenhuma menção a qualquer de
seus ensinamentos e nem tão pouco foi mencionado o perdão de pecados. Do mesmo modo, também não
é mencionado que Pilatos o julgou e que houve calvário. A missão deste Iehoshua de Nazaré, que embora
possuísse aparência humana mas que não era de carne e osso, era derrotar o anjo da morte e resgatar os
justos. Por exemplo, em I Coríntios 2,6-8 Paulo de Tarso menciona novamente os dominadores do mundo,
mas não menciona Pilatos:
Entretanto, o que pregamos entre os perfeitos é uma sabedoria, porém não a sabedoria deste mundo nem
a dos grandes deste mundo, que são, aos olhos daquela, desqualificados. Pregamos a sabedoria de Deus,
misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória. Sabedoria que
nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a houvessem conhecido, não teriam crucificado o
Senhor da glória). (I Coríntios 2,6-8)
Os teólogos Marcião (85-160) e Orígenes de Alexandria (185-254) também interpretavam Paulo de Tarso
desta forma. Segundo eles, Iehoshua de Nazaré desceu aos infernos (sheol) e ressuscitou três dias depois.
Retornou aos céus levando com ele as almas dos justos e, a partir deste dia, os justos que morressem iriam
também para o céu. Este era o segredo da eternidade escondido, no qual era preciso acreditar para se
escapar do inferno. Assim, Iehoshua de Nazaré passou a ser visto como o cordeiro imolado desde o início
dos tempos, e não a partir do ano 33 d.e.c. Através de estratégias como esta, também tornou-se fácil
efetuar conexões entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento, como se tornou evidente, por exemplo,
através da frase: Isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s.
Com o passar dos anos, outras personalidades de Iehoshua de Nazaré começaram a ser encaixadas na
pessoa dele para que gregos e romanos pudessem melhor aceitá-lo. Muitos dos ensinamentos atribuídos
a Iehoshua de Nazaré foram encontrados nos manuscritos do Mar Morto, escritos pelos essênios pelo
menos cem anos antes da era comum. Os essênios eram conhecidos por esperarem a vinda do Reino de
Deus; pelo seu desprezo às coisas materiais; faziam-se batizar para a purificação do corpo e do espírito e
iniciavam a vida pública a partir dos trinta anos, após quarenta dias de jejum no deserto. Ensinamentos
como amar aos inimigos; se lhe pedem o casaco dá também a camisa e ao lhe baterem em uma das faces,
dar a outra, derivam dos Estóicos, que eram pessoas pertencentes a um movimento filosófico de origem
grega, e que pregava um modo de viver o mais simples e humilde possível, em oposição ao materialismo
da sociedade urbana. Muitos outros ensinamentos foram extraídos do Documento Q, uma coleção de
ensinamentos resultantes da mistura da filosofia estóica com o messianismo judaico. Assim, tornou-se
possível construir uma biografia para Iehoshua de Nazaré. Quando os autores dos Evangelhos
construíram uma biografia da vida terrena para Iehoshua de Nazaré, cada um expressou os fatos em
contextos diferentes. Para mostrar isto, examinemos dois exemplos. Como primeiro exemplo, Iehoshua de
Nazaré ensina sobre a força da fé, no Evangelho de Mateus 17,14-20 e no Evangelho de Lucas 17,5-6.
Enquanto a passagem mencionada do Evangelho Mateus é proferida por Iehoshua de Nazaré, ao explicar
que os discípulos não conseguiram expulsar demônios de um epiléptico por causa da falta de fé deles, na
passagem do Evangelho de Lucas a mensagem é proferida pelos apóstolos, os quais pedem para que
Iehoshua de Nazaré aumente a fé deles. O engraçado aqui é que até hoje ninguém conseguiu realmente
mover uma árvore ou uma montanha de um lugar para outro com a força da fé. Será que a fé é menor do
que um grão de mostarda na maioria das pessoas? Como segundo exemplo, a conhecida Oração do Pai
Nosso é ensinada por Iehoshua de Nazaré no Evangelho de Mateus 6,9-13 durante o episódio do Sermão
da Montanha, o qual foi dirigido a uma multidão, ao passo que no Evangelho de Lucas 11,1-4 são os
discípulos que pedem para que Iehoshua de Nazaré os ensine a orar. Então, Iehoshua de Nazaré ensinou a
Oração do Pai Nosso. Outras passagens que ensinam sobre a força da fé estão contidas no Evangelho de
Mateus 17,14-20, Evangelho de Marcos 9,14-29 e Evangelho de Lucas 9,37-43.
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Quanto as narrativas dos milagres realizados por Iehoshua de Nazaré, grande parte delas foram extraídas
do Antigo Testamento e incluídas nos Evangelhos. Para mostra isto, examinemos seis exemplos.
Primeiro Exemplo – I Reis 17,7-24 – Elias ressuscita o filho de uma viúva em Sarepta
Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de I Reis 17,7-24 com a passagem do
Evangelho de Lucas 7,11-17. Vamos examinar mais precisamente a passagem I Reis 17,19-23.
“Dá-me o teu filho?”, respondeu-lhe Elias. Ele tomou-o dos braços de sua mãe e levou-o ao quarto de cima
onde dormia e deitou-o em seu leito. Em seguida, orou ao Senhor, dizendo: “Senhor, meu Deus, até a uma
viúva, que me hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho?” Estendeu-se em seguida sobre o menino por
três vezes, invocando de novo o Senhor: “Senhor, meu Deus, rogo-vos que alma deste menino volte a ele.”
O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida. Elias tomou o
menino, desceu do quarto superior ao interior da casa e entregou-o à mãe, dizendo: “Vê: teu filho vive.” (I
Reis 17,19-23)
Segundo Exemplo – I Reis 17,23 – Elias é reconhecido pela viúva de Sarepta como homem de Deus
Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de I Reis 17,23 com a passagem do Evangelho
de João 4,1-42, mais precisamente na passagem do Evangelho de João 4,16-26.
A mulher exclamou: “Agora vejo que és um homem de Deus e que a palavra de Deus está
verdadeiramente em teus lábios. (I Reis 17,24)
Terceiro Exemplo – II Reis 4,8-37 – Eliseu ressuscita o filho de uma sunamita
Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 4,8-37 com as passagens do
Evangelho de Mateus 9,18-19,23-26, Evangelho de Marcos 5,21-24,35-43 e Evangelho de Lucas 8,40-42,4956. Vamos examinar mais precisamente a passagem II Reis 4,32-37.
Eliseu entrou na casa, onde estava o menino morto em cima da cama. Entrou, fechou a porta atrás de si e
do morto, e orou ao Senhor. Depois, subiu à cama, deitou-se em cima do menino, colocou seus olhos sobre
os olhos dele, suas mãos sobre as mãos dele, e enquanto estava assim estendido, o corpo do menino
aqueceu-se. Eliseu levantou-se, deu algumas voltas pelo quarto, tornou a subir e estendeu-se sobre o
menino; este espirrou sete vezes e abriu os olhos. Eliseu chamou Giezi e disse-lhe: “Chama a sunamita”; o
que ele fez. Ela entrou e Eliseu disse-lhe: “Toma o teu filho.” Então ela veio e lançou-se aos pés de Eliseu,
prostrando-se por terra. Em seguida tomou o filho e saiu. (II Reis 4,32-37)
Quarto Exemplo – II Reis 4,42-44 – Eliseu realiza uma multiplicação de pães
Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 4,42-44 com as passagens do
Evangelho de Mateus 14,13-21, Evangelho de Mateus 15,29-39, Evangelho de Marcos 6,30-44, Evangelho
de Marcos 8,1-10, Evangelho de Lucas 9,10-17 e Evangelho de João 6,1-15. Vamos examinar a passagem
de II Reis 4,42-44.
Veio um homem de Baalsalisa, que trazia ao homem de Deus, à guisa de primícias, vinte pães de cevada e
trigo novo no seu saco. “Dá-os a esses homens, disse Eliseu, para que comam.” Seu servo respondeu:
“Como poderei dar de comer a cem pessoas com isto?” – “Dá-os a esses homens, repetiu Eliseu, para que
comam. Eis o que diz o Senhor: Comerão e ainda sobrará.” E deu-os ao povo. Comeram e ainda sobrou,
como o Senhor tinha dito. (II Reis 4,42-44)
Quinto Exemplo – Eliseu cura um leproso
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Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 5,1-19 com as passagens do
Evangelho de Mateus 8,1-4, Evangelho de Marcos 1,40-45 e Evangelho de Lucas 5,12-16. Vamos examinar
mais precisamente a passagem II Reis 5,8-14.
Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: “Por que
rasgaste as tuas vestes? Que ele venha a mim, e saberá que há um profeta em Israel.” Naamã veio com
seu carro e seus cavalos e parou à porta de Eliseu. Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: “Vai, lava-te
sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa.” Naamã se foi, despeitado, dizendo: “Eu pensava que ele
viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me
curaria da lepra. Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas
de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo?” E, voltando-se, retirou-se encolerizado. Mas seus
servos, aproximando-se dele, disseram-lhe: “Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse ordenado algo
difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: Lava-te e serás curado.” Naamã desceu
ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, e sua carne tornou-se tenra como a de uma criança. (II Reis 5,8-14)
Sexto Exemplo – Jonas acalma uma tempestade
Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de Jonas 1,1-16 e as passagens do Evangelho
de Mateus 8,23-27, Evangelho de Marcos 4,35-41 e Evangelho de Lucas 8,22-25. Vamos examinar mais
precisamente a passagem de Jonas 1,12,15-16.
“Tomai-me, disse Jonas, e lançai-me às águas, e o mar se acalmará. Reconheço que sou eu a causa desta
terrível tempestade que vos sobreveio.” E, pegando em Jonas, lançaram-no às ondas, e a fúria do mar se
acalmou. Tomada de profundo sentimento de temor para com o Senhor, a tripulação ofereceu-lhe um
sacrifício, acompanhado de votos. (Jonas 1,12,15-16)
Uma comparação cuidadosa revela que vários outros trechos do Antigo Testamento foram incluídos no
Novo Testamento fora do seu real contexto ou tomados como profecia, quando na verdade se referiam a
outros acontecimentos. Para mostra isto, examinemos sete exemplos.
Na passagem do Evangelho de Mateus 1,22 é mencionada a passagem de Isaías 7,14 sobre uma virgem
que conceberia e daria a luz a uma criança. Na realidade, o Profeta Isaías fala de uma criança que nascerá
na época dele, e não setecentos anos após a época dele. Para isto, basta estudar Isaías 8,3 e se concluirá
que não se trata de Iehoshua de Nazaré, mas de alguém que se referirá como Emanuel. Para isto, basta
estudar a passagem de Isaías 8,5-8. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 1,2223 com referência a Yeshayáhu 7,14. Nas passagens do Evangelho de Mateus 2,5-6 e Evangelho de João
7,40-43, se discute que o nascimento de Iehoshua de Nazaré em Belém fora profetizado e, para isto, é
mencionada a passagem de Miquéias 5,1-2. Esta passagem se refere ao clã de David, Belém Éfrata, e não
a uma cidade. Além disto, mesmo que fosse uma cidade, o Messias profetizado viria para espalhar o terror
e a morte entre os inimigos de Israel e torná-la poderosa, enquanto que Iehoshua de Nazaré afirmou que
o reino dele não era deste mundo. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 2,5-6
com referência a Miquéias 5,1-2. Nas passagens do Evangelho de Mateus 21,1-11, Evangelho de Marcos
11,1-11, Evangelho de Lucas 19,29-44 e Evangelho de João 12,12-36 estão registradas que a entrada de
Iehoshua de Nazaré na cidade de Jerusalém montado em um jumento foi prevista em Zacarias 9,9, mas o
rei de que fala o Profeta Zacarias seria um rei humano, que reinaria sobre Israel, e no entanto nunca
houve o reinado de Iehoshua de Nazaré e, além do mais, após a morte dele Israel continuou sob domínio
romano. A aclamação do povo Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor, como registrada no
Evangelho de Mateus 21,9, foi extraída do Salmo Hb118,26. Por outro lado, seria interessante retornar ao
Estudo de Mateus 21,1-5 com referência a Zecharyah 9,9. Nas passagens do Evangelho de Mateus 21,1217, Evangelho de Marcos 11,15-19, Evangelho de Lucas 19,45-48 e Evangelho de João 2,13-25 é narrado
como Iehoshua de Nazaré expulsou os vendilhões do Templo. Sabe-se que naquela época o comércio de
animais era essencial à realização dos sacrifícios pelos fiéis, e, desta forma, tal comércio não era ilegal e o
mesmo era apoiado pelas autoridades religiosas. Por outro lado, levando em consideração as dimensões
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do pátio do Templo e a existência de guardas, parece pouco provável que apenas um único homem com
um chicote em mãos conseguisse expulsar todos os vendilhões e ainda ficar impune. Na realidade, as
passagens acima citadas foram extraídas de Zacarias 14,21 e Jeremias 7,11:
Todo caldeirão, tanto em Jerusalém como em Judá, será consagrado ao Senhor dos exércitos; todo aquele
que vier oferecer sacrifício poderá servir-se deles para cozinhar; e não haverá mais traficantes naqueles
dias na casa do Senhor dos exércitos. (Zacarias 14,21) É, por acaso, a vossos olhos uma caverna de
bandidos esta casa em que meu nome foi invocado? Também eu o vejo – oráculo do Senhor. (Jeremias
7,11)
Nas passagens do Evangelho de Mateus 26,1-16, Evangelho de Mateus 27,1-10, Evangelho de Marcos
14,1-11 e Evangelho de Lucas 22,1-6 estão registradas a traição de Judas Iscariotes por trinta moedas de
prata como tendo sido profetizada no Salmo Hb41,9-10 e em Zacarias 11,4-17. Entretanto, nenhuma das
passagens argumenta sobre o messias. No referido salmo, é David, o autor, quem denuncia ao Eterno uma
traição e se considera um pecador. E na referida passagem do Profeta Zacarias, este afirma ter recebido
trinta moedas de prata, as quais ele as devolve, por um serviço prestado, sem nenhuma traição envolvida.
Por outro lado, a passagem do Evangelho de Mateus 27,1-10 menciona também que a compra do campo
do oleiro, por uma quantia de trinta moedas de prata, fora profetizada pelo Profeta Jeremias, mas tal
profecia não existe. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 16,21-23 sem
referência aos livros proféticos.
Na passagem do Evangelho de Lucas 1,26-38 um anjo revela a Maria como nasceria Iehoshua de Nazaré,
mas esta passagem trata-se de uma quase cópia da passagem de Sofonias 3,14-18, onde se profetiza o
triunfo de Israel sobre as nações que a oprimiram.
Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu
coração, filha de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti, e afastou o teu inimigo.
O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça. Naquele dia, dir-se –á
em Jerusalém: “Não temas, Sião! Não se enfraqueçam os teus braços! O Senhor teu Deus está no meio de
ti como herói e salvador! Ele anda em transportes de alegria por causa de ti, e te renova seu amor. Ele
exulta de alegria a teu respeito como num dia de festa.” Suprimirei os que te feriram, tirarei a vergonha
que pesa sobre ti. (Sofonias 3,14-18)
Diante do final desta passagem, como identificar que durante a pregação de Iehoshua de Nazaré os
inimigos do povo judeu foram suprimidos? Naquela época foi removida a vergonha de sobre nós, judeus?
Não. Continuamos sob domínio do Império Romano que, após o ano de 476 foi dividido em dez nações e
mais tarde veio a se transformar na Igreja Católica Apostólica Romana. As passagens dos Salmos Hb22,119 e 69,22 foram utilizadas durante a crucificação de Iehoshua de Nazaré, mas na realidade as mesmas
falam sobre os inimigos de David e da perseguição que o mesmo sofria do rei Saul. Não havendo,
portanto, nenhuma ligação com Iehoshua de Nazaré. Em particular, a tradução direta do hebraico para o
português do Salmo Hb22 é:
Ao mestre do canto, acompanhado por "Aiélet Hashachar", um salmo de David. Eterno, Eterno, por que
me abandonastes? Por que deixaste tão distante minha salvação e ignoraste meu gemido angustiado? De
dia clamo e à noite não silencio, e Tu não me escutas. Mas Tu és o Santo, e a Ti se dirigem os louvores de
Israel! Em Ti confiaram nossos patriarcas, confiaram plenamente e Tu os resgatastes. Clamaram a Ti e
foram salvos; em Ti acreditaram e não foram desiludidos. Quanto a mim, sou como um verme e não
homem, opróbrio da plebe, vergonha do povo. Zombam de mim os que me fitam, riem e meneiam
ironicamente suas cabeças. Dizem-me, porém, confia no Eterno! Ele o redimirá, Ele lhe trará salvação,
porque nele se compraz. Tu me tiraste do ventre materno e me fizeste sentir seguro, contra seu peito.
Desde meu nascimento, em Teus braços fui entregue; mesmo antes de nascer, já eras meu Criador. Não Te
afastes de mim, porque muito próxima está a aflição e não há quem me proteja, senão Tu. Touros furiosos
me cercaram, touros do Bashan me rodearam. Abriram contra mim suas bocas como um leão que
estraçalha e ruge. Sinto-me como água derramada que não pode voltar a seu recipiente, meus ossos
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fraquejam; meu coração parece ser de cera, de tal forma se derrete dentro de mim. Minha força secou
como a argila, minha língua está colada ao paladar e me deitaste no pó da morte. Cães me cercam, uma
turba de perversos me rodeia, atacam meus pés e minhas mãos como se fora um leão. Verifico como estão
meus ossos enquanto eles me observam e tripudiam. Minhas roupas, entre si repartem, minhas
vestimentas sorteiam. Mas Tu, ó Eterno, eu te peço, não Te afastes de mim; ó minha Força, apressa-Te e
vem em meu auxílio! Salva minha alma da espada, minha vida das presas dos sabujos. Livra-me da boca
do leão, resgata-me dos chifres dos touros selvagens. Então, a salvo, proclamarei Teu Nome a meus
irmãos e louvarte-ei do seio da multidão! Vós que sois a semente de Jacob, honrai-O! Reverenciai-O todos
vós, descendentes de Israel. Porquanto não desprezou nem ignorou a angústia do aflito e dele não
escondeu Sua face e atendeu a sua prece. Graças a Ti poderei proclamar meu louvor às multidões;
cumprirei minhas promessas na presença daqueles que O temem. Os humildes hão de comer e se fartar; os
que buscam o Eterno hão de louvá-lo e vida perene terão seus corações. Dos confins da terra, todos a Ti se
voltarão com compreensão e ante Ti se curvarão todas as famílias das nações. Pois só do Eterno é a
realeza e Seu é o domínio sobre todos os povos. Comerão todos os povos a fartura da terra e ante Ele se
prostrarão; reverenciá-lo-ão os que retornam do pó, mas então já será tarde porque suas almas não fará
viver. Da descendência dos que O servem, de geração em geração, será relatada a magnificência de Sua
glória. Anunciarão às gerações vindouras a bondade de seus feitos. (Salmo Hb22 – Traduzido do Hebraico)
Nas bíblias cristãs, o versículo 17 deste salmo [grafado acima de azul] está escrito como:
Sim, rodeia-me uma malta de cães, cerca-me um bando de malfeitores. Traspassaram minhas mãos e
meus pés. (Salmo Hb22,17)
Na realidade, a palavra hebraica ka'ari, que significa como um leão, é gramaticalmente semelhante à
expressão ferir muito. Desta maneira, apologistas do Cristianismo traduziram o versículo 17 com o
interesse de que o mesmo pudesse ser referido à crucifixão de Iehoshua de Nazaré e, para isto, escreveram
traspassaram minhas mãos e meus pés. Torna-se claro agora que muitas das frases do Antigo Testamento
foram inseridas nos Evangelhos para dar a entender que se referem às profecias anunciadas pelos
profetas de Israel, mas que foram usadas deliberadamente para se fazer alusão à pessoa de Iehoshua de
Nazaré. As mesmas encontram-se localizadas estrategicamente para convencer a todos de sua
messianidade e, para isto, vêm seguidas insistentemente da frase: Isto aconteceu para que se cumprisse o
que foi dito pelo/s profeta/s.
Há uma epístola apócrifa, denominada Primeira Epístola de Clemente, enviada de Roma aos Coríntios no
ano de 96 d.e.c., onde pela primeira vez Iehoshua de Nazaré é mencionado como mestre e alguns
ensinamentos lhe são atribuídos como sendo de sua autoria [Clement of Alexandria - Ante Nicene
Christian Library Translations of the Writings of the Writing of the Fathers Down to AD 325 - Part Four Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson - Kessinger Publishing – Whitefish, Montana,
United States (2004) - ISBN: 1417922788]. No entanto, há algumas passagens desta epístola que lembram
o Sermão da Montanha, mas há outras passagens que também lembram os Evangelhos mas não são
atribuídas a ninguém ou então citam as Escrituras Hebraicas. Além do mais, não há menções sobre João
Batista e nem sequer sobre a vida terrena de Iehoshua de Nazaré e nem sobre os seus milagres. O mais
engraçado disto tudo é que, nesta epístola, quando o julgamento e a morte de Iehoshua de Nazaré são
mencionados, Clemente faz referências ao Profeta Isaías. Desta forma, este escrito de Clemente indica que
acontecimentos ocorridos envolvendo Iehoshua de Nazaré, como narrados nos Evangelhos, foram
extraídos de livros do Antigo Testamento e depois transferidos para os Evangelhos.
Por volta do ano 107 d.e.c. surgiram as sete cartas escritas por Inácio, Bispo de Antioquia (Ignatius, Bishop
of the Antioch): Epístola a Policarpo, Epístola aos Efésios, Epístola aos Esmirnenses, Epístola aos Filadélfos,
Epístola aos Magnésios, Epístola aos Romanos e Epístola aos Tralianos. Estas cartas contêm as primeiras
menções ao rei Herodes, O Grande, Pôncio Pilatos e Maria, a mãe de Iehoshua de Nazaré [Ignatius of
Antioch - A Commentary on the Seven Letters of Ignatius of Antioch - Author: William R. Schoedel, Editor:
Helmut Koester - Publisher: Augsburg Fortress – Minneapolis, United States (1985) - ISBN: 0800660161].
Ignatius, também chamado Theophoros, nasceu na Síria por volta do ano 50 d.e.c e morreu em Roma em
algum ano entre os anos de 98-117. Na Parte IV da Epístola de Inácio de Antioquia aos Filadélfos,
intitulada Fugir do Judaísmo, está escrito que:
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Meus irmãos, transbordo todo de amor para convosco e em meu júbilo procuro confortar-vos. Não eu,
mas Jesus Cristo. Estando preso em Seu Nome, temo tanto mais achar-me ainda imperfeito. No entanto,
vossa prece me aperfeiçoará para Deus, com o intuito de conseguir a herança na qual obtive misericórdia,
buscando refúgio no Evangelho, como na carne de Jesus, e nos Apóstolos como no presbitério da Igreja.
Amemos igualmente os Profetas, por terem também eles anunciado o Evangelho, terem esperado n'Ele e
O terem aguardado. Foram salvos por Lhe terem dado fé, e, unidos a Jesus Cristo, se tornarem santos
dignos do nosso amor e admiração, aprovados pelo testemunho de Jesus Cristo, sendo enumerados no
Evangelho da comum esperança. Se, no entanto, alguém vier com interpretações judaizantes, não lhe deis
ouvido. É melhor ouvir doutrina cristã dos lábios de um homem não-circuncidado do que a judaica de um
circuncidado. Se porém ambos não falarem de Jesus Cristo, tenha-os em conta de colunas sepulcrais e
mesmo de sepulcros, sobre os quais estão escritos apenas nomes de homens. Fugi pois das artimanhas e
tramóias do príncipe deste século, para que não venhais a esmorecer no amor, atribulados pela
sagacidade dele. Todos vós, porém, uni-vos num só coração indiviso. Agradeço a Deus, porque gozo de
consciência tranqüila a vosso respeito e porque não há motivo de ninguém gloriar-se, nem oculta nem
publicamente, por lhe ter sido eu um peso em coisa pequena ou grande. Faço votos que todos a quem falei
assimilem minhas palavras, não porém em testemunho contra si mesmos.
Devemos observar nesta parte da carta uma frase curiosa:
Amemos igualmente os Profetas, por terem também eles anunciado o Evangelho, terem esperado n'Ele e
O terem aguardado.
Como podemos observar mais uma vez, já naquela época se afirmava que as Escrituras Hebraicas
continham profecias sobre a vinda de Iehoshua de Nazaré, mas a série de Estudos do Evangelhos
realizados anteriormente provou que isto não é verdade. Portanto, as passagens contidas nos Evangelhos
que mencionam profecias anunciadas pelos Profetas de Israel como cumpridas por Iehoshua de Nazaré já
constituíam, naquela época, fraudes que se propagavam de longa data. Outra frase curiosa desta carta é:
Se, no entanto, alguém vier com interpretações judaizantes, não lhe deis ouvido. É melhor ouvir doutrina
cristã dos lábios de um homem não-circuncidado do que a judaica de um circuncidado.
Como podemos observar, ensinamentos como estes se propagaram durante séculos e que se
concretizaram ao longo de todos os concílios da igreja. Desta forma, a igreja cristã produziu a seguinte
premissa: Tudo o que for judaico deve ser enterrado.
Em uma das cartas de Inácio de Antioquia há um trecho sobre a aparição de Iehoshua de Nazaré
ressuscitado aos discípulos, mas não há comentários sobre os Evangelhos ou que Iehoshua de Nazaré
tivesse sido um mestre. Entretanto, na Parte VI da Epístola de Inácio de Antioquia aos Filadélfos,
intitulada A Originalidade do Evangelho, está escrito que:
Embora fossem honrados também os sacerdotes, coisa melhor porém é o Sumo-sacerdote, responsável
pelo santo dos santos, pois só a Ele foram confiados os mistérios de Deus. É Ele a porta para o Pai, pela
qual entram Abraão, Isaac e Jacó, os Profetas, os Apóstolos e a Igreja. Tudo isso leva à unidade de Deus. O
Evangelho contém porém algo de mais sublime, a saber, a vinda do Salvador e Senhor nosso Jesus Cristo, a
Sua Paixão e Ressurreição. A respeito d'Ele vaticinaram os queridos Profetas. O Evangelho constitui
mesmo a consumação da imortalidade. Tudo se reveste de grande importância, se confiardes no Amor.
Devemos observar nesta parte da carta uma frase curiosa:
O Evangelho contém, porém algo de mais sublime, a saber, a vinda do Salvador e Senhor nosso Jesus
Cristo, a Sua Paixão e Ressurreição. A respeito d'Ele vaticinaram os queridos Profetas.
Como podemos observar mais uma vez, já naquela época se afirmava que as Escrituras Hebraicas
continham profecias sobre a vinda de Iehoshua de Nazaré, mas a série de Estudos dos Evangelhos
realizados anteriormente mais uma vez provou que isto não é verdade. Portanto, as passagens contidas
nos Evangelhos que mencionam profecias anunciadas pelos Profetas de Israel como cumpridos por
Iehoshua de Nazaré já constituíam, naquela época, fraudes que se propagavam de longa data. Trechos
das sete cartas de Inácio de Antioquia estão disponíveis para leitura na página
http://www.veritatis.com.br/_agnusdei/patrist.htm.
Na época de Inácio de Antioquia foi escrita a obra intitulada Didaké (Didache), escrita provavelmente
entre os anos 60 e 90 d.e.c. Esta obra trata da instrução moral, da liturgia, da disciplina e dos ofícios
eclesiásticos, além de uma exortação final sobre o retorno de Iehoshua de Nazaré e a ressurreição dos
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mortos. Embora a mesma se trate de uma obra de estilo simples, interessada em dar testemunho da vida
cristã em face das perseguições a que era submetida a igreja primitiva, com algumas indicações a respeito
da estrutura eclesiástica incipiente, ela não faz comentários sobre os ensinamentos de Iehoshua de
Nazaré. Nesta obra a Oração do Pai Nosso é atribuída diretamente ao Criador, e não há comentários
sobre a Última Ceia, Crucificação e a suposta Ressurreição de Iehoshua de Nazaré [Didaqué - O Catecismo
dos Primeiros Cristãos para as Comunidades de Hoje – Paulus Livraria e Editora, São Paulo (2003) – ISBN:
8534903255].
O nascimento de um Iehoshua de Nazaré terreno aparece pela primeira vez em textos que datam do ano
de 115 d.e.c., considerados apócrifos pela Igreja Católica Romana. Alguns destes textos foram publicados
em uma série de quatro volumes por Maria Helena de Oliveira Tricca e Julia Barany sob o título Apócrifos
– Os Proscritos da Bíblia. Na obra Apócrifos - Os Proscritos da Bíblia – Volume IV – Maria Helena de
Oliveira Tricca e Julia Barany – Primeira Edição - São Paulo, Editora Mercuryo (2001) – ISBN: 857272171, a
narrativa histórica sobre o nascimento de Iehoshua de Nazaré é bem diferente daquela que é narrada nos
Evangelhos. No quarto volume desta série é narrado que Iehoshua de Nazaré nasce na cidade de Belém na
casa de Maria e José, e não em uma manjedoura durante uma viagem, e que Maria, só mais tarde,
descobre que seu filho era especial. Neste apócrifo não há comentários sobre anjos que anunciaram o
nascimento de Iehoshua de Nazaré a pastores que guardavam rebanhos ou comentários sobre reis magos,
e nenhuma informação é fornecida sobre o rei Herodes, O Grande, e a fuga da família de Iehoshua de
Nazaré para o Egito.
Na realidade, os evangelistas se basearam nesta história, mas cada um a modificou a seu modo, porém,
mantendo em comum apenas a referência a cidade de Belém, devido ao fato do Profeta Malaquias
anunciar o nascimento de um futuro rei de Israel nesta cidade. Para isto, é necessário retornar ao Estudo
de Mateus 11,7-10 com referência a Malachim 3,1 e ao Estudo de Lucas 7,24-27 com referência a
Malachim 3,1.
Quanto a passagem do Evangelho de Mateus 2,1-2 em que três reis magos relatam ao rei Herodes, O
Grande, que observaram uma estrela no oriente, tal passagem foi extraída da Torá Bamidbar (Números)
24,17:
Eu o vejo, mas não é para agora, percebo-o, mas não de perto: um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se
de Israel, que fratura a cabeça de Moab, o crânio dessa raça guerreira. (Números 24,17)
Enquanto que o episódio da fuga da família de Iehoshua de Nazaré para o Egito somente é relatado no
Evangelho de Mateus 2,13-23, somente no Evangelho de Lucas 2,1-40 ele é apresentado ao Templo após
oito dias de seu nascimento. Sobre o episódio da matança de inocentes, como narrado somente no
Evangelho de Mateus 2,13-23, a história registra que o rei Herodes, O Grande, ordenou a morte de vários
de seus próprios parentes com medo que lhe tomassem o poder, o que pode ter inspirado o autor do
Evangelho de Mateus, mas não há registro histórico de matança indiscriminada de crianças por ordem
deste rei. Sobre a participação na morte de Iehoshua de Nazaré por Pilatos, Governador da Judéia em
nome do Imperador Romano Tibério, as passagens mencionadas são as do Evangelho de Mateus 27,1126,57-66, Evangelho de Marcos 15,1-15,42-47, Evangelho de Lucas 23,1-25,50-56 e Evangelho de João
18,28-40;19,1-42. No entanto, a primeira referência a Pilatos em uma epístola está registrada em I
Timóteo 6,11-16, a qual deve ter sido escrita provavelmente por volta do ano de 115 d.e.c., mas ela é tão
omissa quanto aos acontecimentos sobre a morte de Iehoshua de Nazaré que talvez seja uma inclusão
efetuada muito posteriormente. As duas epístolas atribuídas a Pedro, escritas provavelmente por volta do
ano de 120 d.e.c., falam da futura vinda de Iehoshua de Nazaré, mas não o seu retorno ou a sua suposta
segunda vinda. Além do mais, o/s autores das epístolas cita profecias do Antigo Testamento, e não
promessas da autoria de Iehoshua de Nazaré. O mais engraçado é que na passagem de II Pedro 1,16-21,
esta epístola menciona algo que lembra o episódio da Transfiguração de Iehoshua de Nazaré narrados no
Evangelho de Mateus 17,1-13, Evangelho de Marcos 9,2-13 e Evangelho de Lucas 9,28-36, mas o fato é
apresentado nesta epístola como uma amostra do que seria a futura vinda de Iehoshua de Nazaré, e, mais
uma vez, o autor da segunda epístola de Pedro faz referências às Escrituras Hebraicas, e não a um
Iehoshua de Nazaré terreno.
A Epístola de Barnabé, escrita provavelmente entre os anos de 134-135 d.e.c., trata-se de uma coleção de
tradições orais, sem, no entanto mencionar os Evangelhos ou algo sobre a vida de Iehoshua de Nazaré
terreno, embora algumas passagens lembrem os seus ensinamentos, como registrados nos Evangelhos, e
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também contenha vagas referências sobre acontecimentos históricos. O engraçado nesta epístola é que os
acontecimentos sobre o sofrimento e morte de Iehoshua de Nazaré, como registrados nos Evangelhos, são
descritos utilizando-se passagens das Escrituras Hebraicas. Um fato curioso que chama a atenção está
registrado no Capítulo XVI desta epístola:
No que se refere ao templo, eu vos direi ainda como esses infelizes extraviados puseram sua esperança
num edifício, como se fosse a casa de Deus, e não no Deus deles, que os criou. Com efeito, quase como os
pagãos, eles o consagraram no templo. Mas, como fala o Senhor, abolindo-o? Aprendei: "Quem mediu o
céu com o palmo e a terra com a mão? Não fui eu? diz o Senhor: O céu é o meu trono e a terra é o estrado
dos meus pés. Que casa construireis para mim, ou qual será o lugar do meu repouso?" Vede como era vã a
esperança deles. Por fim, ele diz ainda: "Eis! aqueles que destruíram esse templo, eles mesmos o
edificarão."
Aqui observamos que a frase: "Eis! aqueles que destruíram esse templo, eles mesmos o edificarão." parece
ter sido inserida na passagem do Evangelho de João 2,18-20:
Perguntaram-lhe os judeus: “Que sinal apresentas tu, para proceder deste modo?” Respondeu-lhes Jesus:
“Destruí vós este templo, e eu os reerguerei em três dias.” Os judeus replicaram: “Em quarenta e seis anos
foi edificado este templo, e tu hás de levanta-lo em três dias?!” (João 2,18-20)
A Epístola de Barnabé e outros escritos apostólicos estão comentados na obra Apostolic Fathers –
Translated by J.B. Lightfoot and J.R. Harmer – Edited and Revised by Michael W. Holmes - Kessinger
Publishing - Whitefish, Montana, United States (2003) - ISBN: 0766164985.
A primeira tentativa de canonização dos livros do Novo Testamento foi efetuada pelo gnóstico Marcião
(85-160), natural de Sinope, no Ponto (Ásia Menor). Por volta do ano de 140 d.e.c., ele usou trechos de
uma versão prévia do que viria a ser o Evangelho de Lucas. Isto é verdade porque a história registra que
Quintus Septimius Florens Tertullianus (160-220), Bispo de Cartago, condenou a versão do texto de
Marcião anos mais tarde. A versão que Marcião usou era diferente da atual, o que denuncia que os
Evangelhos passaram por várias revisões devidamente moldadas aos interesses de alguém. E isto ocorreu
porque ainda naquela época os Evangelhos não passavam de textos da autoria de vários fiéis, e ninguém
os considerava divinamente inspirados. Em particular, processos de revisão de textos dos Evangelhos
podem ser identificados ao longo dos trinta anos que separam o Evangelho de Marcos do Evangelho de
João. Uma leitura cuidadosa destes dois evangelhos fornece a conclusão de que um é uma adaptação do
anterior moldado à realidade da época. Um exemplo disto, o qual pode ser verificado, é o curioso
envolvimento dos judeus na condenação de Iehoshua de Nazaré e a eliminação da culpa dos romanos
durante o processo jurídico e morte do mesmo. Não é à toa que a sede da Igreja Católica Apostólica
Romana está localizada na cidade Roma. O mais engraçado disto tudo é que Tertuliano, conhecido como
O Pai Adiantado da Igreja, admitiu ironicamente conhecer as origens verdadeiras da personalidade de
Iehoshua de Nazaré e de todos os deuses-homens. É interessante ainda relatar que Tertuliano, um
defensor da fé cristã, renunciou ao Cristianismo por volta do ano de 207 e aderiu ao Montanismo [Gnostic
and Historic Christianity - Gerald Massey - Holmes Publishing Group - Edmonds, Washington, United
States (1985) - ISBN: 0916411516].
Marcião afirmava que qualquer cristão que utilizasse um símbolo judaico, um nome judaico, ou realizasse
qualquer celebração judaica, seria considerado cúmplice da morte de Iehoshua de Nazaré juntamente com
os judeus. Desta forma, no esforço de eliminar características judaicas dos textos do Novo Testamento, ele
elaborou uma depuração de escritos neotestamentários. Assim, ele rejeitou o Evangelho de Marcos,
Evangelho de Mateus e o Evangelho de João. Forjou o seu próprio cânone inserindo textos selecionados do
Evangelho de Lucas e das epístolas paulinas, muitas delas mutiladas. Para ele, nenhum dos apóstolos
havia entendido os ensinamentos de Iehoshua de Nazaré, com exceção de Paulo de Tarso. Por isto, para
Marcião, Paulo de Tarso é o apóstolo por excelência, pois, segundo ele, recebeu de Iehoshua de Nazaré,
por revelação, o verdadeiro evangelho. Por fim, Marcião fazia distinção entre o deus das Escrituras
Hebraicas e o deus do Novo Testamento. Daí, durante os séculos, surgiu a noção de que o deus das
Escrituras Hebraicas é um deus mau e, por isto deveria ser esquecido e desprezado, e o deus do Novo
Testamento é um deus bom. Pensamentos como este de Marcião reforçaram a premissa do que mais
tarde a igreja cristã definiu ao longo dos Concílios Eclesiásticos e em sua Teologia da Substituição: Tudo o
que for judaico deve ser enterrado.
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Marcião possuía conhecimentos da língua grega e de retórica, e também uma excelente formação
jurídica. Também era dono de embarcações e tinha um poder econômico que permitia publicação de obras
escritas, algo que era precioso na antigüidade. Depois de exercer a jurisprudência em Roma, retornou
para sua cidade de origem no ano de 195, como cristão. É provável que ele tenha liderado um movimento
missionário na Ásia Menor, pois Tertuliano publicou entre os anos de 207 e 208 d.e.c. a obra intitulada
Adversus Marcionem [Tertullianus Against Marcion - Ante Nicene Christian Library Translations of the
Writings of the Fathers Down to AD 325 - Part Seven – Edited by Reverend Alexander Roberts and James
Donaldson - Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States (2004) - ISBN: 1417922818]. Nesta
obra, Tertuliano condena várias idéias de Marcião, entre elas a de que o deus das Escrituras Hebraicas não
é o mesmo que o deus do Novo Testamento e que Iehoshua de Nazaré não é o messias prometido pelas
Escrituras Hebraicas. Contra os judeus, Tertulliano escreveu, em torno do ano de 200 d.e.c., a obra
intitulada Adversus Iudaeos [An Answer to the Jews – Tertullian – Kessinger Publishing – Whitefish,
Montana, United States (2004) – ISBN: 1419106171; Adversus Judaeos – A Bird’s Eye View of Christian
Apologiae to the Jews Until the Renaissance – Arthur Lukyn Williams – Cambridge Uiversity Press –
Cambridge, England (1935) – ISBN: B00085B3EO].
Marcião publicou o chamado Corpus Paulino, uma coleção de dez cartas paulinas e um evangelho que
deve ter sido o Evangelho de Lucas, com algumas partes suprimidas, em especial aquelas que permitem
uma visão judaica e indicam o nascimento carnal de Iehoshua de Nazaré. O Corpus Paulino de Marcião ou
Cânon de Marcião é composto da Epístola aos Romanos, I Epístola aos Coríntios, II Epístola aos Coríntios,
Epístola aos Gálatas, Epístola aos Efésios, Epístola aos Filipenses, Epístola aos Colossenses, I Epístola aos
Tessalonicenses, Epístola a Filêmon, e uma carta aos laodicenses, uma carta que parece que se perdeu,
pois há referência desta na passagem da Epístola aos Colossenses 4,16 [Revista de Interpretação Latino
Americano (RIBLA) – A Canonização dos Escritos Apostólicos – Número 42-43 – Volume 2-3 – MaioDezembro (2002) – Marcião e o Surgimento do Cânon, Página 37 – Autor: Ediberto López].
No início da igreja primitiva, os Evangelhos não possuíam nomes. Justino, O Mártir (100-165), por volta do
ano de 150 d.e.c. se refere aos Evangelhos como Memórias dos Apóstolos. Em sua obra intitulada
Apologiaes ele cita alguns trechos contendo ensinamentos dos Evangelhos [Justin Martyr and
Athenagoras – Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Fathers Down to AD 325
Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson – Kessinger Publishing – Whitefish, Montana,
United States (2004) - ISBN: 1417922761]. Tais trechos divergem dos evangelhos atuais e não há menção
alguma do Evangelho de João.
Diante de tudo isto que foi escrito o que eu, Torahlaam, recomendo aos judeus b'nei anussim que
estão realizando o Processo de Retorno? O que eu, Torahlaam, recomendo a aqueles judeus b'nei anussim
que ainda não conseguem se libertar dos ensinamentos dos agentes do movimento messiânico?
Caros judeus b’nei anussim, depois de realizado o Estudo dos Evangelhos é um erro e uma idolatria
permanecer em sinagogas messiânicas se alimentando de falsos ensinamentos e falsas esperanças.
O Novo Testamento que, segundo ensinam, é um livro de inspiração divina não poderia conter tamanhas
fraudes como aquelas identificadas nestes estudos, e o mundo jamais poderia passar por tantas desgraças
como ocorreu nestes dois mil anos. O que está errado? Pensamos que os teólogos do passado, por mais
sábios que pudessem ser não possuíam uma visão acurada dos fatos? Não. Na realidade eles sempre
interpretaram os textos bíblicos sob o seu estreito e exclusivo ponto de vista. E não há como negar que o
homem avançou de maneira considerável, principalmente no campo das ciências. Isto vem provocando
uma revisão completa nos conhecimentos do passado. A humanidade, hoje, mais questionadora e mais
exigente, não deseja aceitar mais nada sem o crivo da razão. E a partir do estudo que foi realizado,
começaram a surgir complicações teológicas contundentes, pois agora as denominações cristãs serão
obrigadas, frente a Torá, a fechar as portas de suas instituições ou modificar os seus conceitos e aceitar,
de fato, a Torá e o Judaísmo fidedigno pois, caso contrário, estarão sob pena de continuarem formando
ateus. Eu, Torahlaam, diante do estudo dos Evangelhos que foi realizado, desejo fazer um pedido urgente
a vocês, caros judeus b’nei anussim: Enterrem o Novo Testamento e retornem para o Judaísmo
.
80
Saibam vocês que é raro que um povo se mantenha por mais de vinte séculos no exílio submetido a
punhos de ferro em terra habitada por povos que teve contato, povos pelos quais se espalhou e pelos
quais também foi dominado. Sabe-se que não existe estratégia imbatível quando o punho de ferro a que
este povo é submetido é contínuo e que as mudanças acíclicas exigidas para que ele se auto-defenda é a
automanutenção que exige um trabalho árduo por parte de quem encabeça as várias comunidades
espalhadas deste povo, chamadas de comunidades da diáspora.
É certo que a perseguição e o punho de ferro aumentam a união de um povo, assim como é certa que para
esta auto-manutenção é necessário a manutenção das tradições, do idioma, da cultura popular e religiosa
do mesmo. Houve um povo, em particular, que possuía vantagens sobre muitos outros povos, a saber, foi
e ainda é um povo que nasceu sem pátria e desta forma perdura há muitos e muitos séculos. Errantes a
maior parte da sua existência a ponto de o desejo de serem independentes se tornar uma gota de água no
oceano de suas vidas, tal como beduínos no deserto, este povo calejou seus corpos e espíritos diante de
povos estranhos a sua cultura para se manterem como povo. Devido ao seu modo de viver estranho,
sofreram terríveis perseguições jamais testemunhadas pela civilização humana. Para se manterem como
povo, ultrapassaram os piores obstáculos em todas as gerações pelas quais atravessou, mas o Eterno,
Bendito Seja, jamais os rejeitou. Assim, o próprio Eterno forneceu, mais do que eles já possuíam, um
enorme conjunto de habilidades não visíveis que oscilaram no tempo garantindo a eles alcançar aquilo
que pretendiam e isto teve como base os registros que este povo deixou em seus livros sagrados, os quais
contêm todo um desenvolvimento de sistemas de raciocínio que se exteriorizaram durante os séculos
pelos quais se dispersou. Sistemas estes que quer oralmente quer através da escrita, mas que só este povo
entendia pela crepitação envolvente e pela belíssima música que inebriava os alheios do desconhecido.
Este povo é o povo judeu e o seu livro mais sagrado é a Torá.
A palavra teshuvá é muitas vezes traduzida como arrependimento. O radical da palavra, porém, significa
simplesmente retorno.
O Judeu de origem ibérica necessita do verdadeiro retorno não um retorno para agradar a comunidade
judaica dita oficial mais um “Retorno, a Israel, ao Eterno teu D’us" (Hosea 14:2) é a essência da teshuvá, a
chave da expiação. Um retorno a D’us não é apenas um reconhecimento de Sua existência, ou
simplesmente dizer "Eu creio n’Ele". O fato de meramente se juntar a uma sinagoga também não constitui
um retorno a Ele.
Estes são apenas os primeiros passos naquela direção. Teshuvá significa nada menos que se tornar um
servo do Senhor, um eved Hashem. Um servo é aquele que não somente reconhece a existência do amo
como também se submete à sua lei e jurisdição, que se sujeita aos comandos e pedidos do amo. E se
voltarmos Para a hashem nada nem ninguém pode se o por ao servo Fiel é sincero que deixou as religiões
pagãs para servir a Israel espiritual, não estamos falando do Estado de Israel, mais do Ami Israel espiritual
(yeshuv).
O estado de Israel atual esta corrompido terá sua redenção com a vinda do Mashiach.
A teshuva só e verdadeira com consciência de responsabilidade de continuidade da comunidade e do
judaísmo, com a verdadeira intenção de uma realização de um puro relacionamento com D, us.
Quando nossa teshuva e verdadeira nos primeiramente acontecem em nosso interior nossa maneira de
viver, no caso dos bene anussim que tem sua origem judaica, não necessita de provar sua judaicidade, os
direitos são iguais, quando os chamados judeus asquenazitas na segunda guerra não tinha como provar
sua origem pois todos seus documentos foram perdidos ou queimados.
Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente,
lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu
povo. (Jr 31:33)
81
Eis que a sabedoria conclama, e a compreensão eleva sua voz. (Provérbios [Mishlê] 8:1)
O relacionamento de Israel com D’us também é assim. Porém ao nos submeter a D’us, proclamamos nossa
liberdade da servidão humana. "Vós sereis Meus servos, disse o Eterno, e não servos de Meus servos."
Duas vezes ao dia, no Shemá (Ouve, ó Israel) somos lembrados do mandamento "E amarás ao Senhor teu
D’us com todo teu coração…"
O relacionamento de Israel com D’us é descrito em termos de um eterno matrimônio também entre
amantes: "Eu Te ligarei a Mim para sempre; eu te ligarei a Mim em justiça e integridade, em bondade e
misericórdia; eu te ligarei a Mim em fidelidade e tu conhecerás o Eterno."
(Hosea 2:21-22)(ósseas )
"Não é mais religião que é necessária em educação mais elevada, mas educação mais elevada que é
necessária em religião." O outro envolve experiências, a experiência de viver como judeu, de comportar-se
como judeu.
O conhecimento exige entendimento, e o maior entendimento deriva do envolvimento pessoal e não
meramente do estudo de livros.
Conhecer interiormente com certeza é superior a apenas observar do lado de fora. Um reconhecimento
intelectual da importância de ser um judeu não pode se comparar com a valorização intuitiva de seu valor,
que vem do ato de fazer. Embora o intelecto possa estar lá para reforçá-lo, especialmente em nossa
época, a sensação direta daquilo que realmente é vem do fazer, não apenas de saber. Se uma avaliação
intuitiva ou emocional dos valores e idéias judaicos em si não é mais suficientemente forte para enfrentar
a luz do exame crítico no mercado de idéias e exige um sólido apoio intelectual e acadêmico, este por si
mesmo não trará engajamento ao modo de vida judaico.
O primeiro artigo em cada credo é a crença… Mas é difícil ver como uma simples idéia pode ter esta
eficácia… Não é suficiente que pensemos nelas (as idéias), é também indispensável que nos coloquemos
em sua esfera de ação e que nos coloquemos onde possamos melhor sentir sua influência; numa palavra,
é necessário agir…
"Retorna, ó Israel ao Eterno teu D’us" é o grito dos profetas hebreus que tem ecoado através das gerações
sempre que nosso povo se afastou d’Ele.
O centro de nossa fé é a noção de que nunca é tarde demais para um retorno. Se a pessoa tem seis ou
sessenta anos, dez ou cem, é convocado a purificar seu coração e seus pensamentos e a direcionar-se ou
redirecionar-se ao Todo Poderoso.
Que nenhum báal teshuvá imagine que está muito distante do nível dos justos por causa de seus pecados
e transgressões passados. Não é assim. Ele é amado e querido perante o Criador como se jamais tivesse
pecado… Não somente isso, mas sua recompensa é ainda maior, pois ele experimentou a transgressão e
se afastou dela, dominando sua má inclinação. Nossos Sábios disseram: no lugar onde está um báalteshuvá, nem mesmo o perfeito justo pode ficar. Em outras palavras, seu nível espiritual é ainda mais
elevado que o daqueles que nunca pecaram. Todos os Profetas conclamaram ao arrependimento, e a
redenção final de Israel somente virá por meio do arrependimento…(Hil. Teshuvá 7:4,5)
Podemos também registrar a conclusão do sábio Cohêlet, que após toda sua procura pelo significado da
vida e após toda sua busca por ela, do ascetismo ao hedonismo, concluiu que: "Após todas as coisas terem
sido ouvidas… reverencia o Eterno e guarda Seus mandamentos. Pois esta é a íntegra do homem"
82
(Cohêlet 12:13)Proverbios
Se alguém que salva uma vida recebe, segundo nossa tradição, o mérito de ter salvado o mundo inteiro,
então aquele que destrói uma vida é culpado de destruir um mundo. Se aquele que sufoca espiritualmente
uma vida judaica, seja a sua ou a de seus próprios filhos, é imputável pela sufocação espiritual de todo um
mundo judaico, também aquele que revive espiritualmente uma vida judaica – seja a sua própria – é como
se espiritualmente revivesse um mundo judaico.
Fazer Teshuvá, isto é, querer voltar a viver o judaísmo autêntico de acordo com a Torá de verdade e Torá
de vida e não de acordo com a política e falsas "boas maneiras".
Fazer Teshuvá não significa dar dinheiro. Fazer Teshuvá é viver de novo.
Não basta doar um Sefer Torá para lavar sua consciência e não estar nem aí para cumprir suas 613
obrigações.
Doar dinheiro, doar Sefer Torá, visitar a sinagoga, tudo isto é muito bonito, mas não isenta nenhum judeu
de cumprir suas obrigações, isto é, os 613 Mandamentos da Torá. Um bom rabino orientador deve
orientar a pessoa a seguir as Leis da Torá de maneira honesta e não rapinar suas economias acalmando
sua consciência.
Comentários extras
AS FABULOSAS PROFECIAS DO MESSIAS
De Jim Lippard
O Velho Testamento... Contém várias centenas de referências ao Messias. Todas se cumpriram em Cristo e
estabelecem uma confirmação sólida das suas credenciais como o Messias.
Josh McDowell (1972), p. 147
Examinei todas as passagens do Novo Testamento que são citações do Velho [Testamento], e as assim
chamadas profecias a respeito de Jesus Cristo, e não encontro qualquer profecia a respeito de tal pessoa, e
nego que [essas profecias] existam.
Thomas Paine (1925), p. 206
Estas duas citações expressam pontos de vista diametralmente opostos sobre a questão de saber se a vida
de Jesus conforme é descrita nos evangelhos do Novo Testamento cumpre profecias do Messias judeu que
se encontram nas escrituras hebraicas. O ponto de vista de Josh McDowell é o ponto de vista padrão dos
cristãos evangélicos, que encontramos em inúmeras obras apologéticas cristãs. Contudo, o ponto de vista
expresso por Thomas Paine é muito menos conhecido. É pena que assim seja, pois Paine está certo. Todo o
caso de alegado cumprimento de profecias messiânicas sofre de um dos seguintes defeitos: (1) a alegada
profecia do Velho Testamento não é uma profecia messiânica ou nem sequer é uma profecia de todo, (2) a
profecia não foi cumprida por Jesus, ou (3) a profecia é tão vaga a ponto de não ser convincente na sua
aplicação a Jesus.
O Significado das Profecias Messiânicas
83
Antes de examinar alegações específicas de profecias messiânicas cumpridas, devem ser feitas algumas
observações sobre o seu significado. O cumprimento de profecias bíblicas é um pilar central nos
argumentos apologéticos cristãos evangélicos que pretendem provar a verdade e a exatidão da Bíblia.
A Bíblia contém muitas declarações sobre eventos futuros que pretendem ser proféticos — os livros dos
profetas, como os de Isaías e Jeremias, estão cheios desse tipo de declarações. Muitas destas declarações
são sobre eventos históricos reais do passado. Tendo em consideração o nosso conhecimento atual da
cronologia da escrita da Bíblia, contudo, na maioria dos casos não pode ser demonstrado que as
declarações proféticas não são posteriores aos eventos "preditos". No caso das profecias do Velho
Testamento a respeito do Messias, porém, temos documentos (por exemplo, os Rolos do Mar Morto) que
realmente são anteriores ao tempo em que se acredita que o Jesus histórico tenha vivido. Se
encontrássemos no Velho Testamento profecias numerosas e específicas condizentes com a vida do Jesus
histórico, isto providenciaria considerável evidência em apoio da fé cristã. É exatamente isto que os
apologistas cristãos alegam.
Por outro lado, se descobrirmos que não existem tais profecias específicas cumpridas por Jesus, ou que
existem profecias messiânicas específicas que não foram cumpridas por Jesus, isto seria evidência contra a
veracidade do Cristianismo. Como o Cristianismo alega exatidão e verdade tanto do Velho como do Novo
Testamento, está vinculado aos padrões bíblicos para um profeta verdadeiro de Deus delineado nas
escrituras hebraicas. O livro de Deuteronômio apresenta estes padrões quando diz que Moisés, falando
em representação de Deus no capítulo 18 versículo 22, proclamou que "Quando um profeta fala no nome
do Senhor, se a coisa não suceder nem se realizar, essa é a coisa que o Senhor não falou. O profeta falou-a
presunçosamente; não terás medo dele." No versículo 20, ele diz que: "... o profeta que falar
presunçosamente em meu nome uma palavra que não lhe ordenei, ou que falar em nome de outros
deuses, esse profeta morrerá." Por outras palavras, qualquer profecia de Deus é necessariamente exata, e
qualquer profecia que não seja de Deus mas dada em seu nome resultará na morte do profeta.
Embora estes padrões requeiram que profecias de Deus sejam exatas, a verdade de uma profecia não
garante que vem de Deus. Deuteronômio 13:1-5 indica que falsos profetas também podem ser exatos,
mas profetas verdadeiros nunca desencaminharão os judeus da sua religião, sob pena de morte. 1
Se, conforme vou mostrar ,existe profecias messiânicas que não foram cumpridas por Jesus (e que não
serão cumpridas no futuro), então estes padrões têm como conseqüência que ou Jesus não foi o Messias,
ou as profecias em questão não foram feitas por um verdadeiro profeta de Deus. Ambos os extremos do
dilema têm a conseqüência de que é falsa qualquer forma de Cristianismo que mantenha a infalibilidade
da Bíblia.
Profecias Relacionadas com o Nascimento
Existem várias alegadas profecias messiânicas sobre o nascimento de Jesus: profecias sobre o local, modo
e tempo do seu nascimento, sobre a sua genealogia, e sobre eventos que deviam ocorrer no momento do
seu nascimento.
Nascido de uma virgem
Provavelmente a profecia mais famosa de entre estas é aquela que diz que Jesus nasceria de uma virgem.
Os evangelhos de Mateus (1:18-25) e Lucas (1:26-35) alegam que Jesus nasceu de uma virgem, mas só
Mateus (1:23) apela para as escrituras hebraicas como explicação para a razão por que isto devia
acontecer. O versículo invocado é Isaías 7:14, que diz: "Por isso, o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis
que a Virgem concebeu e dá à luz um filho, e o chama Emanuel." (Missionários Capuchinhos)
84
Existem várias dificuldades nesta passagem. Conforme muitos observaram, a palavra hebraica traduzida
por "virgem" neste versículo é "almah", que é traduzida de forma mais exata simplesmente como "jovem
mulher". A palavra hebraica "bethulah" significa "virgem". No livro de Isaías, "bethulah" aparece quatro
vezes (23:12, 37:22, 47:1, 62:5), portanto o autor desse livro conhecia a palavra. Na tradução da Bíblia
New American Standard Translation, todas as outras ocorrências de "almah" são traduzidas simplesmente
como "rapariga", "menina" ou "donzela" (a saber, Gênesis 24:43, Êxodo 2:8, Salmos 68:25, Provérbios
30:19, Cântico de Salomão 1:3, 6:8). Assim, o alegado cumprimento acrescenta uma condição
biologicamente impossível que nem sequer está presente na profecia original. 2
Outro problema é que em nenhum lado no Novo Testamento Maria, a mãe de Jesus, se lhe refere como
"Emanuel". Portanto não temos evidência de que uma das condições da profecia se tenha alguma vez
cumprido.
Mas o problema mais sério desta alegada profecia messiânica é que foi tirada fora do contexto.
Analisando por inteiro o sétimo capítulo de Isaías, torna-se claro que a criança em questão nasceria como
um sinal para Acaz, Rei de Judá, garantindo que ele não seria derrotado em batalha por Rezim, Rei da
Síria, e Peca, filho do Rei de Israel. O nascimento de Jesus não podia ser esse sinal pois veio com sete
séculos de atraso. Em Isaías 8:3-4, uma profetisa dá à luz um filho — Maer-Salal-Hás-Baz — que é
claramente descrito como o cumprimento da profecia de Isaías 7:14. 3
J. Edward Barrett (1988, p. 14) apresenta evidência em como os Cristãos primitivos rejeitavam o
nascimento virginal. Um elemento da evidência de Barrett é que em 1 Timóteo 1:3-4, o escritor (que pode
ou não ter sido o apóstolo Paulo) aconselha a sua audiência a "impedir que certas pessoas ensinassem
doutrinas estranhas, e se interessassem por fábulas e genealogias intermináveis que ocasionam disputas
em lugar de promoverem a obra de Deus que se baseia na fé." (MC) O evangelho mais antigo, Marcos,
não tem um relato do nascimento de Jesus, tal como João, o evangelho mais tardio, também não tem
O nascimento virginal é muito relevante para a genealogia, e tanto Mateus como Lucas apresentam a
genealogia de Jesus próxima da história [do nascimento virginal].
Nascimento em Belém
Uma segunda alegada profecia relacionada com o nascimento é que Jesus nasceria na cidade de Belém,
citada nos evangelhos de Mateus (2:1-6), Lucas (2:4-7) e João (7:42). Destes, Mateus e João referem-se a
uma profecia nas escrituras hebraicas. A passagem mencionada é Miquéias 5:2, que diz: "E tu, Belém
Efrata, pequena demais para chegar a estar entre os milhares de Judá, de ti me sairá aquele que há de
tornar-se governante em Israel, cuja origem é desde os tempos primitivos, desde os dias do tempo
indefinido." (Tradução do Novo Mundo) "Efrata" é o antigo nome de Belém (Gênesis 35:19, Rute 4:11) mas
a situação é mais confusa pois "Belém Efrata" também é o nome de uma pessoa: Belém o filho (ou neto)
de Efrata (1 Crônicas 4:4, 2:50-51). Portanto esta profecia podia-se referir tanto a um nativo da cidade
como a um descendente de uma pessoa. Se for este último caso, Jesus não se qualifica, pois nenhuma das
85
suas alegadas genealogias (informação adicional sobre este assunto será apresentada mais adiante) inclui
Belém ou Efrata. Se o primeiro caso for verdadeiro (o que é mais provável, visto que Belém foi o local onde
nasceu o Rei Davi, de quem o Messias supostamente descende), então Jesus qualifica-se por local de
nascimento4 mas falha a verificação da condição de ser "governante em Israel". Os Cristãos alegam que
esta é uma profecia que se cumprirá na Segunda Vinda.
Genealogias
Existem várias alegadas profecias genealógicas sobre os ancestrais do Messias. Alega-se que Gênesis
22:18 e 12:2-3 são profecias que indicam que o Messias seria um descendente de Abraão, mas estes
versículos não dizem nada sobre o Messias. Dizem simplesmente que os descendentes de Abraão seriam
abençoados. Outras alegadas profecias sobre os ancestrais do Messias dizem que ele seria da tribo de
Judá (Gênesis 49:10, Miquéias 5:2), da família de Jessé (Isaías 11:1, 10), e da casa de Davi (Jeremias 23:5, 2
Samuel 7:12-16, Salmos 132:11). Algumas destas parecem ser verdadeiras profecias messiânicas, mas
outras parecem simplesmente referir-se a reis futuros. Todos estes versículos se referem a reis — e por isso
nenhum deles foi cumprido por Jesus.
Mas os problemas destas profecias são ainda maiores. Será que Jesus é realmente da tribo de Judá, da
família de Jessé, e da casa de Davi? A única evidência para isto são os dois conjuntos de genealogias de
Jesus, em Mateus 1:1-17 e Lucas 3:23-38. Ambos traçam a linhagem de Jesus através do seu pai, José. Se a
história do nascimento virginal for levada a sério, então Jesus não tem os ancestrais próprios. Por outro
lado, se a genealogia de Mateus for levada a sério, então Jesus tem um ancestral chamado Jeconias
(Mateus 1:12), sobre o qual o profeta Jeremias disse: "Inscrevei este homem como sem filhos, como varão
vigoroso que não terá bom êxito nos seus dias; pois, dentre a sua descendência, nem um único será bem
sucedido, sentado no trono de Davi e governando ainda em Judá." (Jeremias 22:30, TNM) A genealogia de
Lucas sofre do mesmo problema, pois inclui Sealtiel e Zorobabel, que são descendentes de Jeconias.
Por fim, um problema muitas vezes notado é que as genealogias de Mateus e Lucas se contradizem
mutuamente e contradizem as escrituras hebraicas. O avô paterno de Jesus foi Jacó (Mateus 1:16) ou Eli
(Lucas 3:23)? O pai de Sealtiel foi Jeconias (1 Crônicas 3:17, Mateus 1:12) ou Néri (Lucas 3:27)? Mateus
1:11 omite Jeoiaquim (que em Jeremias 36:29-30 recebe uma maldição similar à do seu filho Jeconias)
entre Josias e Jeconias (1 Crônicas 3:15) e Mateus 1:4 omite Admin entre Rão [ou Arni] e Aminadabe
(Lucas 3:33, MC). Finalmente, Mateus 1:13 diz que Abiúde é filho de Zorobabel, Lucas 3:27 diz que Resa é
filho de Zorobabel, mas 1 Crônicas 3:19-20 não menciona qualquer deles como sendo filhos de Zorobabel. 5
A matança das crianças
Outra profecia relacionada com o nascimento de Jesus é a alegação de que o Messias nasceria numa
altura em que o Rei Herodes mataria crianças. Só o evangelho de Mateus (2:16-18) alega isso, citando
uma profecia de Jeremias (31:15, TNM) que diz que "Ouve-se uma voz em Ramá, lamentação e choro
amargo; Raquel chorando por seus filhos. Negou-se a ser consolada por causa dos seus filhos, porque eles
já não existem." Existem dois problemas com esta alegada profecia messiânica: não é uma profecia sobre
matança de crianças e é duvidoso que alguma vez tenha existido tal matança de inocentes por Herodes.
"Raquel chorando por seus filhos" refere-se à mãe de José e Benjamim (e esposa de Jacó) chorando pelos
seus filhos levados cativos para o Egito. No contexto, este versículo refere-se ao cativeiro Babilônico, que o
seu autor testemunhou. Versículos subseqüentes falam do regresso das crianças, e portanto referem-se ao
cativeiro em vez de ao assassinato. A matança feita por Herodes também é duvidosa pois o escritor de
Mateus é a única pessoa que menciona esse evento. Flávio Josefo, que relatou cuidadosamente os abusos
de Herodes, não o menciona.
Levado para o Egito
86
Mateus prossegue dizendo que para fugir aos assassinos de Herodes, Jesus foi levado enquanto criança
para o Egito. Isto é feito, segundo Mateus 2:15 (TNM), "para que se cumprisse o que fora falado por Jeová
por intermédio do seu profeta, dizendo: Do Egito chamei o meu filho." Isto é uma referência a Oséias 11:1,
que não é de modo nenhum uma profecia. É uma referência ao Êxodo dos Judeus do Egito.
"Será chamado Nazareno"
No fim do mesmo capítulo de Mateus (2:23, TNM), o seu autor escreve que Maria, José e a criança Jesus
estabeleceram-se em Nazaré "para que se cumprisse o que fora falado por intermédio dos profetas: Ele
será chamado Nazareno." Não existe tal profecia nas escrituras Hebraicas, embora alguns aleguem que
isto se refere a Juizes 13:5. Este versículo descreve um anjo a falar com a mãe de Sansão, dizendo-lhe que
o filho dela "se tornará nazireu". Não só isto não é uma profecia messiânica como também não pode ser
aquilo a que Mateus se referia. Um nazireu é muito diferente de um Nazareno. Um Nazareno é um
habitante de Nazaré, ao passo que um nazireu é um Judeu que tomou votos especiais para se abster de
todo o vinho e uvas, não cortar o cabelo e realizar sacrifícios especiais (veja Levítico 6:1-21). Jesus bebeu
vinho (Mateus 26:29, Marcos 14:25, Lucas 22:18), portanto não pode ter sido um nazireu.
As Setenta Semanas de Daniel 9:24-27
Uma profecia relativa à época do Messias que muitos Cristãos evangélicos acham extremamente
convincente encontra-se no livro de Daniel. Provavelmente não é exagero dizer que esta profecia, mais do
que qualquer outra, convence os Cristãos de que Jesus foi o Messias. Daniel 9:24-27 (TNM) diz:
"Setenta semanas foram determinadas sobre o teu povo e sobre a tua cidade santa, para acabar com a
transgressão e encerrar o pecado, e para fazer expiação pelo erro, e para introduzir justiça por tempos
indefinidos, e para apor um selo à visão e ao profeta, e para ungir o Santo dos Santos.
"E deves saber e ter a perspicácia [de que] desde a saída da palavra para se restaurar e reconstruir
Jerusalém até [o] Messias, [o] Líder, haverá sete semanas, também sessenta e duas semanas. Ela tornará
[a ser] e será realmente reconstruída, com praça pública e fosso, mas no aperto dos tempos.
"E depois das sessenta e duas semanas [o] Messias será decepado, sem ter nada para si mesmo. E a
cidade e o lugar santo serão arruinados pelo povo de um líder que há de vir. E o fim disso será pela
inundação. E até [o] fim haverá guerra; o que foi determinado são desolações.
"E ele terá de manter em vigor [o] pacto para com muitos por uma semana; e na metade da semana fará
cessar o sacrifício e a oferenda. E sobre a asa de coisas repugnantes haverá um causando desolação; e até
a exterminação derramar-se-á a coisa determinada também sobre aquele que jaz desolado."
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A palavra traduzida nestes versículos como "semanas" é uma forma da palavra hebraica para "setes", e é
interpretada por Cristãos como significando sete anos em vez de sete dias. Assim, "setenta semanas" no
versículo 24 são interpretadas como significando setenta períodos de sete anos, ou 490 anos, "sete
semanas" no versículo 25 são interpretadas como significando 49 anos, "sessenta e duas semanas" nos
versículos 25 e 26 são interpretadas como significando 434 anos, e "uma semana" no versículo 27 é
interpretada como significando sete anos.
O ponto de partida da profecia é "a saída da palavra para se restaurar e reconstruir Jerusalém".Um
decreto para reconstruir o templo em Jerusalém é descrito na Bíblia em 2 Crônicas 36:22-23 e Esdras 1:1-4.
Estes versículos descrevem o decreto emitido por Ciro, rei da Pérsia e contemporâneo de Daniel, em 538
A.E.C. "Sete semanas... [e] sessenta e duas semanas" ou 483 anos depois deste decreto seria 55 A.E.C.,
muitos anos demasiado cedo para Jesus. Por isso os cristãos têm de rejeitar a identificação do decreto do
versículo 25 com o decreto de Ciro, e é exatamente isso que fazem. Que outros decretos estão disponíveis?
Josh McDowell (1972, p. 180) oferece três alternativas: um decreto de Dario descrito no livro de Esdras,
um decreto de Artaxerxes descrito em Esdras e um decreto de Artaxerxes descrito em Neemias. O decreto
de Dario, descrito em Esdras 6:1-9, ordenava uma procura nos arquivos para encontrar o texto do decreto
de Ciro, e depois para continuar a construção do templo em Jerusalém usando dinheiro dos impostos. Isto
ocorreu por volta de 522 A.E.C. (veja Esdras 4:24), o que colocaria a vinda do Messias em 39 A.E.C. —
ainda muito cedo para Jesus.
O decreto de Artaxerxes para Esdras, descrito em Esdras 7:11-28, permite ao povo de Israel regressar a
Jerusalém, levando consigo vários utensílios do tesouro real. Este decreto foi emitido em 458 A.E.C. (veja
Esdras 7:7), o que colocaria a vinda do Messias em 26 E.C. Isto funciona razoavelmente bem se colocarmos
o fim das "sessenta e duas semanas" no início do ministério de Jesus, embora a maioria dos cristãos
achem que o ponto final é a crucificação, devido a uma referência no versículo 26 da profecia de Daniel,
que diz que o Messias seria "decepado". A maioria dos cristãos rejeita este decreto, bem como os de Ciro e
de Dario, como sendo o ponto de partida apropriado para a profecia. Uma excepção é Gleason Archer.
Archer (1982, pp. 290-291) argumenta que Esdras 9:9 implica que Esdras recebeu permissão de Artaxerxes
para reconstruir as muralhas de Jerusalém, apesar do fato de estas não terem sido reconstruídas até ao
tempo de Neemias (veja Neemias 1:3). Esdras 9:9 declara que Deus não abandonou os Judeus mas deulhes uma hipótese de "erguer a casa de nosso Deus e erguer os seus lugares desolados, e para nos dar um
muro de pedras em Judá e em Jerusalém." Em defesa do fim das "sessenta e duas semanas" como sendo o
início do ministério de Jesus em vez de ser a sua crucificação, Archer sublinha que o versículo 26 da
profecia apenas diz que o 'decepamento' do Messias ocorreria depois desse período de tempo, não
necessariamente imediatamente depois.
O decreto de Artaxerxes para Neemias, descrito em Neemias 2:1-6, na realidade não é de maneira
nenhuma um decreto. Em vez disso, Artaxerxes dá a Neemias cartas de salvo-conduto para viajar para
Judá e para obter madeira para reconstruir os portões do templo e as muralhas de Jerusalém. Isto ocorreu
em 445 A.E.C., o que coloca o tempo do Messias em 39 E.C., demasiado tarde para Jesus, que se crê ter
sido crucificado algures entre 29 e 33 E.C. Apesar destas falhas, a maioria dos cristãos evangélicos adota
este como o decreto apropriado porque Neemias reconstruiu as muralhas de Jerusalém. Para fazer o
ponto inicial 445 A.E.C. resultar num ponto final 483 anos mais tarde situado ou no início do ministério de
Jesus ou na altura da sua crucificação, tem de se usar um ano diferente do ano de 365 dias.
O mais popular destes cálculos, devido a Sir Robert Anderson e promovido por Josh McDowell, é adaptar
um "ano profético de 360 dias" — uma invenção de Anderson baseado na sua leitura de Revelação(Ap:
11:23), onde ele iguala 42 meses a 1260 dias, dando 30 dias por mês. Usando "anos proféticos", o fim do
período de 483 anos cai em 32 E.C., que na opinião de muitos é o ano da crucificação. Robert Newman
88
(1990, pp. 112-114) aponta várias falhas neste esquema de cálculo que, tomadas no seu conjunto, lhe são
fatais: (1) Revelação 11:23 não justifica a invenção do "ano profético", pois não há qualquer indicação de
que 1260 dias sejam exatamente 42 meses (poderiam ser 41,5 arredondados para cima), (2) um ano de
360 dias ficaria fora de sincronia com as estações, e os Judeus acrescentavam um mês lunar adicional a
cada dois ou três anos ao seu ano lunar de 354 dias, dando-lhes uma duração média do ano de cerca de
365 dias, e (3) o consenso atual sobre a data da crucificação é 30 E.C. em vez de 32 E.C.
Newman oferece a sua própria alternativa: o uso de anos sabáticos, que têm justificação bíblica (Êxodo
23:10-11 e Levítico 25:3-7, 18-22). Todo sétimo ano é um ano sabático. Newman usa informação do
primeiro livro dos Macabeus, que tem uma referência a uma observância de um ano sabático, para
calcular que 163-162 A.E.C. foi um ano sabático e portanto 445 A.E.C., o ponto inicial da profecia de
Daniel, calha no ciclo sabático de sete anos 449-442 A.E.C. Se este é o primeiro ciclo sabático na
contagem, o sexagésimo nono é 28-35 E.C., um período de tempo que abrange a crucificação. Em resposta
ao Cristicismo de que a profecia diz que o Messias seria "decepado" depois de sessenta e duas semanas,
Newman diz que no idioma Judeu convencional, "depois" significa "depois do início de".
Existem outros problemas para todas as interpretações acima mencionadas, que Gerald Sigal (1981, pp.
109-122) indica. Um dos principais criticismos de Sigal é que a pontuação Massorética da Bíblia hebraica
coloca uma divisão entre as "sete semanas e sessenta e duas semanas", significando que em vez de dizer
que o Messias virá depois dos períodos de tempo combinados, ele virá depois das "sete semanas"
isoladas. Outro criticismo que Sigal faz é que o texto hebraico não coloca um artigo definido antes da
palavra "Messias" (ou "ungido"). A Revised Standard Version da Bíblia é traduzida com estes fatos em
mente, e apresenta Daniel 9:24-27 como se segue:
Setenta semanas são decretadas a respeito do teu povo e da tua cidade santa, para acabar com a
transgressão, para colocar um fim ao pecado, e para expiar a iniqüidade, para trazer justiça duradoura,
para selar tanto a visão como o profeta, e para ungir um lugar muito santo. Sabe portanto e compreende
que desde a saída da palavra para restaurar e reconstruir Jerusalém até à chegada de um ungido, um
príncipe, haverá sete semanas. Depois, durante sessenta e duas semanas será reconstruída com praça
pública e fosso, mas num tempo de tribulação. E depois das sessenta e duas semanas, um ungido será
decepado, e nada terá; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário. O seu fim virá
com uma inundação, e até ao fim haverá guerra; desolações são decretadas. E ele fará um pacto forte
com muitos durante uma semana; e durante metade da semana ele fará cessar o sacrifício e a oferenda; e
sobre a asa das abominações virá um que a torna desolada, até que o fim decretado seja derramado
sobre o desolador.
Usando a pontuação Massorética, as "sessenta e duas semanas" são gastas na reconstrução da cidade em
vez de se aplicarem à vinda do Messias. Esta interpretação explica por que é que "sete semanas e sessenta
e duas semanas" são dadas separadamente, em vez de se dizer simplesmente "sessenta e nove semanas".
A maioria dos apologistas ou desconhece ou ignora a pontuação Massorética, mas Robert Newman (1990,
p. 116) rejeita-a com o argumento de que "a data de tal pontuação pode não ser anterior ao IX ou X
séculos AD" e que a estrutura dos versículos como um todo favorece a sua interpretação.
Qual é o resultado de tudo isto? A profecia de Daniel não é tão convincente como poderia parecer
inicialmente a alguém a quem fosse apresentada apenas uma das interpretações que "funcionam". Não
nos deve surpreender que com quatro escolhas para pontos iniciais (os decretos de Ciro, Dario e
Artaxerxes, mais as cartas de Artaxerxes para Neemias), várias escolhas possíveis para pontos terminais
(o nascimento, o ministério, e a crucificação de Jesus), e pelo menos três modos de contar (anos normais,
"anos proféticos", e ciclos sabáticos), se tenham encontrado cálculos para os quais Jesus se encaixa na
profecia. Existem boas razões para se rejeitar cada uma dessas interpretações. As duas primeiras escolhas
para pontos iniciais não funcionam para as interpretações oferecidas. O decreto de Artaxerxes funciona
para anos normais com o ministério de Jesus como ponto terminal, mas nada diz sobre a reconstrução de
Jerusalém. As cartas de Artaxerxes funcionam para ciclos sabáticos com a crucificação como ponto
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terminal, mas não são um decreto para se reconstruir a cidade de Jerusalém. Em vez disso, dão a Neemias
um salvo-conduto para Judá e permissão para usar madeira das florestas reais. Por fim, nenhuma dessas
interpretações leva em consideração a pontuação Massorética que, se não estiver ela própria em erro,
elimina-as a todas como possíveis interpretações do texto. (massoretas desenvolveram as vogais no
alfabeto hebraico,para leitura do hebraico moderno)
Profecias sobre o ministério
Alegadas profecias sobre a vida e o ministério de Jesus dizem que ele seria precedido por um mensageiro
(isto é, João Baptista), que ele teria um ministério na Galileia, que ele realizaria milagres, e que teria uma
entrada triunfal na cidade de Jerusalém, montado num jumento.
Precedido por um mensageiro
A primeira destas, que ele seria precedido por um mensageiro, refere Isaías 40:3, que reza: "Uma voz
grita: Abri no deserto um caminho para o Senhor, aplanai na solidão as veredas para o nosso Deus." (MC)
Este versículo não fala de um mensageiro do Messias, fala dos Judeus sendo libertados do cativeiro
Babilônico. Outro versículo que se diz apresentar a mesma profecia é Malaquias 3:1, que diz: "Eis que vou
mandar o Meu mensageiro, o qual preparará o Meu caminho diante de Mim...." (MC) Esta pode ser
tomada plausivelmente como uma profecia messiânica. Mas será que João Baptista realmente 'preparou
o caminho' como mensageiro para Jesus? O historiador Flávio Josefo escreve sobre João Baptista mas não
relaciona o seu nome com o de Jesus (Antiquities of the Jews 18.5.2; Josefo (1985), p. 382).
Os escritos cristãos mais antigos, as cartas de Paulo, não fazem qualquer referência a João Baptista. Os
evangelhos (e o livro de Atos, escrito pelo autor de Lucas) são a única evidência real de um elo [entre João
Baptista e Jesus]. Mas a evidencia dos evangelhos não é consistente. O evangelho de João mostra João
Baptista reconhecendo explicitamente Jesus como o Messias (João 1:25-34) antes de ser lançado na prisão
por herodes (João 3:23-24). Mas os evangelhos de Mateus (11:2-3) e Lucas (7:18-22) descrevem João
Baptista, na prisão, enviando os seus discípulos a Jesus para perguntar se ele alega ser o Messias.
Se a história de João fosse verdadeira, João Baptista não teria razão para fazer aquela pergunta. (Para
mais informação sobre João Baptista e a sua relação com Jesus, veja Miosi (1993).)
Ministério na Galileia
Apologistas cristãos alegam que o ministério de Jesus na Galileia é profetizado em Isaías 9:1, que diz: "...
no tempo passado humilhou a terra de Zabulon e a terra de Neftali, no futuro cobrirá de glória o caminho
do mar, a Transjordânia e a Galileia das nações." (MC) A única coisa que este versículo diz é que Deus fará
a área "gloriosa" — não diz nada sobre o ministério do Messias. Os versículos seguintes (Isaías 9:6-7)
falam de uma criança que nasceria no futuro e que seria rei, "o qual se chamará Conselheiro admirável,
Deus forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz." A tradição judaica diz que isto se refere ao Rei Ezequias, não ao
Messias (Sigal, 1981, pp. 29-32). Isaías 9:7, se aplicado a Jesus, não se cumpriu, pois fala do seu reino.
Milagres
Profecias sobre as curas milagrosas de Jesus são supostamente encontradas em Isaías 35:5-6 e Isaías 32:34. Este texto não menciona curas, mas diz que "Os olhos dos que vêem não se ofuscarão, e os ouvidos dos
que ouvem estarão atentos. Os espíritos dos insensatos entenderão a ciência, e a língua dos tartamudos
exprimir-se-á com prontidão e clareza." (MC) Diz-se ainda que isto ocorrerá durante o reinado de um rei
(Isaías 32:1), o que não ocorreu em Israel durante o ministério de Jesus. O outro texto, por outro lado,
descreve pessoas sendo curadas ("Então se abrirão os olhos do cego, e se desimpedirão os ouvidos dos
90
surdos", MC) mas também, nos versículos 7 e 8, descreve a terra como sendo "curada". Não existe aqui
qualquer indicação clara de que estas curas tenham algo que ver com o Messias, em vez disso, é o próprio
Deus que faz as curas. Os evangelhos não contêm qualquer relato de Jesus curando a terra.
Entrada triunfal em Jerusalém, montado num jumento
Uma última profecia relacionada com a vida e o ministério de Jesus é Zacarias 9:9, que diz: "Eis que o teu
Rei vem a ti... humilde, montado num jumento, no potrinho de uma jumenta." (MC) Novamente, Jesus não
era rei, portanto esse aspecto da profecia continua sem cumprimento. O alegado cumprimento desta
profecia também é problemático. Segundo Marcos (10:11-19), Lucas (19:28-38) e João (12:12-19), Jesus
entrou em Jerusalém montado num jumento. Mas Mateus 21:1-11 apresenta Jesus montado tanto num
jumento como num potro, o que indica que ele se equivocou com a profecia.
Profecias sobre a traição
Várias das alegadas profecias estão relacionadas com a traição de Jesus por Judas. Estas incluem profecias
de que Jesus seria traído por um amigo por trinta moedas de prata e que este dinheiro seria lançado no
templo e usado para comprar um campo de um oleiro. Dois versículos que são tomados como profecias de
traição por um amigo são Salmos 41:9 e Salmos 55:12-14, o último dos quais diz: "Mesmo o meu amigo
próximo, em quem eu confiava, que comia o meu pão, levantou o seu calcanhar contra mim." Ambos são
salmos que falam de sentimentos de dor por ter sido traído por um amigo próximo em quem se confiava.
Mas Jesus já tinha presciência da sua traição por Judas (João 13:21-26), e por isso não deve ter confiado
nele. Quando o evangelho de João (13:18) cita o Salmo 41:9, admite tacitamente este problema ao omitir
a expressão "em quem eu confiava". Nenhum destes versículos das escrituras hebraicas dá qualquer
indicação de ter sido originalmente escrito com intenções proféticas.
Mateus 26:14-15 declara que foram pagas a Judas Iscariotes trinta moedas de prata pelos sacerdotes
Judeus como pagamento pela sua traição. Mateus 27:9-10 alega que isto é feito para cumprir uma
profecia de Jeremias:
"Cumpriu-se, assim, o que fora dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço em
que foi avaliado Aquele que os filhos de Israel avaliaram, e deram-nas pelo campo do oleiro, como o
Senhor me havia ordenado."
O problema aqui é que o versículo citado não aparece em nenhuma parte do livro de Jeremias. Existe um
versículo que é muito similar no livro de Zacarias, mas ali o profeta Zacarias está a falar de si mesmo e não
está envolvida qualquer traição. O apologista cristão Gleason Archer (1982, p. 345) tenta resolver este
problema citando vários versículos em Jeremias que se referem ao "profeta comprando um campo em
Anatot por um certo número de siclos" (32:6-9), "o profeta vendo um oleiro modelando vasos de barro na
sua casa" (18:2), "um oleiro perto do templo" (19:2), e Deus dizendo: "Quebrarei este povo e esta cidade
como se parte um vaso de oleiro" (19:11). Porque é que Archer escreve "um certo número de siclos" em
vez de dar o número especificado em Jeremias? Porque Jeremias 32:9 diz dezassete siclos, não diz trinta.
O que Archer fez aqui foi simplesmente procurar as palavras "oleiro", "siclo" e "campo", numa tentativa
de argumentar que Mateus estava realmente a referir-se a Jeremias em vez de Zacarias. Mas realmente
não há dúvida que Mateus se queria referir a Zacarias em vez de Jeremias. Compare com Zacarias 11:1213:
"Eu disse-lhes: Se vos parece bem, dai-me o meu salário; se não, guardai-o. Eles pagaram-me pelo meu
salário trinta moedas de prata. O Senhor disse-me: Arroja esse dinheiro no tesouro, essa bela soma pela
qual avaliaram os teus serviços. Tomei as trinta moedas de prata e lancei-as no tesouro da casa do
Senhor."
Novamente, isto é Zacarias falando da sua própria experiência em vez de ser uma profecia messiânica.
Mas Mateus 27:5-7 tenta cumprir esta não-profecia contando uma história de Judas Iscariotes lançando o
seu pagamento no templo antes de cometer suicídio, depois do que os sacerdotes usam o dinheiro para
91
comprar um campo de um oleiro. Esta história não aparece nos outros evangelhos (embora Atos 1:18-19
diga que foi o próprio Judas, em vez de serem os sacerdotes, quem comprou o campo com o dinheiro (cuja
quantidade não é especificada) ganho com a sua traição).
Outro problema com esta alegada profecia é que os manuscritos mais antigos (Siríaco) de Zacarias
versículo 13 nem sequer contêm a palavra "oleiro" — em vez disso, têm "tesouro", que faz mais sentido
mas prejudica ainda mais a sua credibilidade como profecia. (A Revised Standard Version apresenta o
versículo como "Lancei-o no tesouro", com a tradução "para o oleiro" relegada para uma nota de rodapé.)
Profecias sobre a crucificação
Os apologistas cristãos talvez estejam muito impressionados com várias alegadas profecias relacionadas
com a crucificação de Jesus. Eles alegam que as escrituras hebraicas contêm profecias de que Jesus seria
crucificado, que as suas vestimentas seriam divididas através do lançamento de sortes, que lhe dariam
vinho misturado com fel ou mirra, que ele gritaria sobre ser abandonado, e que nenhum dos seus ossos se
quebraria.
Seria crucificado
Existem vários versículos que são encarados como referindo-se à crucificação: Salmos 22:16, Zacarias
12:10, e Zacarias 13:6 são exemplos típicos. Salmos 22:16 diz: "Sou rodeado pelos cães; envolvido por um
bando de malfeitores; trespassaram as minhas mãos e os meus pés". Este é um salmo de Davi que não dá
indicação de ser profético e que se descreve a si mesmo sendo caçado e morto em vez de ser crucificado.
Gerald Sigal (1981, p. 98) argumenta que a palavra hebraica traduzida aqui por "trespassaram" é "ariy",
que significa "leão", e portanto uma tradução mais exata seria "como um leão [eles estão a morder] as
minhas mãos e os meus pés." [N. do T.: a tradução Missionários Capuchinhos (católica) diz, numa nota de
rodapé: "O hebraico] diz: «como um leão, as minhas mãos e os meus pés». O targum explica: «eles
morderam como um leão»."] Gleason Archer (1982, p. 37), contudo, argumenta que "eles trespassaram"
está correto, baseado na tradução Septuaginta e noutras considerações.
Zacarias 12:10 (MC) diz "... eles voltarão os seus olhos para Mim. Quanto àquele que traspassaram, chorálo-ão como se chora um filho único; chorá-lo-ão amargamente como se chora um primogénito." O
evangelho de João (19:37) encara isto como sendo uma profecia cumprida na crucificação de Jesus, mas
não há indicação de que Zacarias fale de crucificação. Além disso, o 'ele' sendo lamentado não é o 'eu' que
está sendo traspassado. A interpretação Judaica deste versículo é que Deus está a falar do povo de Israel
sendo "traspassado" ou atacado (Sigal 1981, pp. 80-82).
Zacarias 13:6 (MC) diz: "Que ferimentos são esses nas tuas mãos [a RSV diz "entre os teus braços"]?",
referindo-se a alguém que afirma não ser profeta e que foi vendido como escravo na sua juventude
(Zacarias 13:5). Ferimentos entre os braços não são característicos de crucificação e Jesus nem foi vendido
como escravo nem afirmou que não era profeta.
Lançadas sortes sobre as vestimentas
Apenas o evangelho de João fala das vestimentas de Jesus sendo divididas entre os soldados e o
lançamento de sortes sobre a sua túnica (João 19:23-24), e ele cita Salmos 22:18 como a profecia que é
cumprida dessa forma. Este último versículo diz: "repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes
sobre elas." Este versículo conta um evento — roupas sendo divididas através do lançamento de sortes.
Mas João transforma-o em dois eventos: primeiro a divisão da roupa de Jesus sem incluir a túnica (João
19:23) e depois o lançamento de sortes sobre a sua túnica (João 19:24). Parece que João criou uma
92
história numa tentativa de providenciar um cumprimento para a sua compreensão equivocada de um
versículo que não dá qualquer indicação de ter sido originalmente uma profecia.
Vinho misturado com fel ou mirra para beber
Mateus (27:34) fala de terem dado a beber a Jesus "vinho misturado com fel" e Marcos (15:23) diz que lhe
ofereceram "vinho misturado com mirra". Ambos os versículos são encarados como referências a Salmos
69:21, que diz "Por alimento servem-me veneno, por bebida contra a minha sede, dão-me vinagre." A
palavra hebraica traduzida aqui por "veneno" é "rosh", que significa veneno ou fel, e refere-se a alguma
planta venenosa. O versículo diz que veneno está sendo colocado na comida, o que não se aplica à
crucificação. Mirra, que não é venenosa, é referida pela palavra hebraica "mor", que não aparece em
Salmos 69:21. Este salmo, que fala repetidamente de águas de uma inundação, não dá qualquer indicação
de ser profético nem de se aplicar a Jesus.
"Por que me abandonaste?"
Os evangelhos de Mateus (27:46) e Marcos (15:34) dizem que as últimas palavras de Jesus foram: "Meu
Deus, meu Deus, por que me abandonaste?", uma citação do Salmo 22:1. Lucas (23:46) diz que as últimas
palavras de Jesus foram "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito", enquanto João (19:30) apresenta
Jesus a dizer: "Acabou-se." Só a primeira destas frases é alegadamente um cumprimento de profecia, no
entanto dificilmente se poderá dizer que é miraculoso ter Jesus feito tal declaração. Presumivelmente
Jesus estava familiarizado com as escrituras hebraicas. Tal observação, contudo, é inconsistente com a
teologia cristã. Por que é que Jesus, que é supostamente Deus encanado, falaria de ser abandonado por si
mesmo em qualquer circunstância, quanto mais na culminação do seu plano para a salvação humana?
Também não é evidente que Salmos 22 seja quer profético, quer aplicável a Jesus (veja Sigal, 1981, pp. 9599).
Nenhum dos seus ossos seria quebrado
Uma última profecia que desejo examinar, relacionada com a crucificação de Jesus, é que os ossos dele
não seriam quebrados. Só o evangelho de João (19:32-36) afirma isso, dizendo que os soldados
quebravam as pernas das vítimas da crucificação para apressar as suas mortes, no entanto pouparam
Jesus pois ele já estava morto. João 19:36 cita Salmos 34:20: "Ele guarda cada um dos Seus ossos, nem um
só será quebrado", como sendo a profecia que é cumprida dessa forma. Não há qualquer indicação de que
Salmos 34 tenha sido escrito com intenções proféticas, nem que se aplique a Jesus. A intenção do
evangelho de João é representar Jesus como um sacrifício, correspondendo especificamente ao cordeiro
pascal (por exemplo, João 1:29, 36). Um requerimento do cordeiro pascal é que nenhum dos seus ossos
seja quebrado (Êxodo 12:46, Números 9:12). Mas esta analogia falha por várias razões: o cordeiro pascal
não era para expiação de pecado, e requeria-se que os sacrifícios judeus estivessem completamente sem
deformidades físicas, chagas ou ferimentos (Levítico 22:20-25) ao passo que Jesus foi açoitado
[chicoteado] e mutilado (João 19:1; Sigal 1981, pp. 265-268).
Conclusões
Vale a pena examinar brevemente algumas conclusões a respeito de profecias messiânicas, que diferem
das minhas, apresentadas por Peter Stoner (1952) (e repetidas por McDowell (1972)). Stoner calcula a
probabilidade de apenas oito profecias messiânicas6 serem cumpridas como sendo 1 em 10^21 (McDowell
(1972), citando uma edição mais recente do livro de Stoner, apresenta a probabilidade como sendo 1 em
10^17. Jeffrey (1990, pp. 17-20) apresenta uma lista de onze profecias messiânicas7 e uma probabilidade
de 1 em 10^19.) Existem vários problemas com os cálculos de Stoner. A probabilidade de cada profecia ser
cumprida por acaso foi obtida de uma estimativa feita por "uma classe sobre Evidências Cristãs" em
Pasadena City College patrocinada pela Inter-Varsity Christian Fellowship (Stoner 1952, p. 71). [N. do T.:
93
ou seja, fundamentalistas!] Estas estimativas não consideraram nenhuma das acima mencionadas
objeções a estas profecias, nem consideraram a possibilidade de cumprimento intencional. (Por exemplo,
um pretendente a Messias podia contratar um mensageiro do gênero de João Baptista para o preceder,
ou poderia montar um jumento intencionalmente e entrar na cidade de Jerusalém.) Outro problema com
esse método [de Stoner] é tais estimativas de probabilidades não serem de confiança.8 Destes problemas,
o mais grave é o fracasso de Stoner em considerar as objeções que apresentei acima, e este fato por si só é
suficiente para invalidar os seus cálculos.
Examinei mais de duas dúzias de alegadas profecias messiânicas que os apologistas cristãos dizem terem
sido cumpridas em Jesus. Embora existam muitas outras de tais alegadas profecias (por exemplo,
McDowell (1972) enumera 61 com algum detalhe e refere-se a numerosos versículos adicionais sem
detalhes), estes são os melhores exemplos, segundo o reconhecimento dos próprios apologistas.9 Este
exame mostra que nenhuma delas é uma predição específica, detalhada e exata de um evento que tenha
ocorrido na vida de Jesus. Em vez disso, as supostas profecias parecem ser o resultado de tentativas
deliberadas por parte dos escritores dos evangelhos e dos apologistas cristãos para encontrar
similaridades post hoc entre eventos descritos no Novo Testamento e nas escrituras hebraicas.
As profecias messiânicas, contrariamente ao que os apologistas dizem, não fornecem evidência em apoio
da fé Cristã.
***
Site pessoal de Jim Lippard: http://www.discord.org/~lippard
Agradecimentos
Agradeço a Ed Babinski, que me recomendou o livro de Gerald Sigal, a Robert Sheaffer pelos seus
comentários úteis sobre uma versão preliminar deste artigo, e a David Wood por ter indicado o modo
como a RSV traduz Zacarias 11:13.
Todas as citações da Bíblia, salvo indicação em contrário, são [tradução livre para português] da New
American Standard Translation.
Notas
1 - Poderia argumentar-se (e é o que têm feito Judeus desde o terceiro século) que Jesus desencaminhou
os Judeus da sua religião e por isso era um falso profeta. Veja Sanhedrin 43a no Talmude Babilônico
(Epstein 1935, p. 281).
2 - Deve-se notar que alguns apologistas cristãos alegam que o sentido pretendido é "virgem" porque os
tradutores judeus do Velho Testamento para o grego (a Septuaginta) usaram a palavra grega "parthenos"
("virgem") para "almah" ao traduzirem este versículo. Isto provavelmente indica, em vez disso, que
Mateus usou a Septuaginta. Gerald Sigal (1981, p. 24) indica um caso (Gênesis 34:3) em que a Septuaginta
usa "parthenos" para a palavra hebraica "na'arah" ("rapariga") quando a mulher em questão não é de
modo nenhum uma virgem (veja Gênesis 34:2). Nahigian (1993, p. 13) também indica que traduções
posteriores de Isaías, por Aquila, Theodocion, Lucian e outros não usaram "parthenos" ao traduzir
"almah" em Isaías 7:14.
3 - A resposta cristã usual é invocar a doutrina do "duplo cumprimento" das profecias. Note que isto,
combinado com a opinião cristã de que "almah" significa "virgem", implica que o Cristão tem de aceitar
dois nascimentos virginais.
94
4 - O evangelho de João não diz nada sobre Jesus ser de Belém, mas em vez disso diz que ele é de Nazaré,
na Galileia. Veja João 1:45-46 e 7:41-42, 52.
5 - Existem duas tentativas que costumam ser feitas para resolver estas contradições. A mais comum entre
cristãos evangélicos é alegar que a genealogia de Lucas é a de Maria, não a de José. Isto não explica a
repetida convergência seguida de divergência que notamos à medida que analisamos as duas
genealogias. Também não explica por que é que a genealogia de Lucas contém quase duas vezes mais
ancestrais do que Mateus no mesmo período de tempo. Ainda outro problema é que essa explicação entra
em conflito com a tradição católica que diz que os pais de Maria foram Joaquim e Ana. Uma segunda
explicação, preferida pelos católicos, é que cada caso de divergência é o resultado de casamento de
Levirato. Isto é, os pais discrepantes são irmãos uns dos outros, e quando um deles morreu, o outro casou
com a esposa do seu irmão (veja Deuteronómio 25:5). Esta explicação também não explica a diferença no
número de ancestrais.
6 - Miquéias 5:2 (nascido em Belém), Malaquias 3:1 (precedido por um mensageiro), Zacarias 9:9 (entra
em Jerusalém montado num jumento), Zacarias 13:6 (traído por um amigo, ferido nas mãos), Zacarias
11:12 (traído por trinta moedas de prata), Zacarias 11:13 (prata lançada no templo e usada para comprar
campo de oleiro), Isaías 53:7 (fica silencioso perante acusadores) e Salmos 22:16 (mãos e pés
traspassados). Todos estes, excepto o versículo de Isaías, foram examinados acima (veja a [nota 9]).
7 - Jeffrey apresenta as mesmas oito de Stoner e McDowell (substituindo Isaías 40:3 por "precedido por
um mensageiro" e Salmos 41:9 por "traído por um amigo") e acrescenta Isaías 53:5 (ferido e chicoteado
por inimigos), Isaías 50:6 (cuspido e golpeado), e Isaías 53:12 (crucificado com ladrões). Estes últimos três
versículos não são abordados neste artigo, veja a [nota 9].
8 - Veja Kahneman, Slovic e Tversky (1982) e Falk (1982).
9 - Profecias que não abordei incluem os escritos de Isaías sobre o "Servo Sofredor", que são tratados por
Sigal (1981, pp. 35-68) e no número 30 (Junho de 1985) da revista Biblical Errancy [Erros Bíblicos].
Referências
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Epstein, Rabbi Dr. I., editor (1935) The Babylonian Talmud: Sanhedrin. London: The Soncino Press.
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Jeffrey, Grant R. (1990) Armageddon: Appointment with Destiny. N.Y.: Bantam.
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Translated by William Whiston.
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Miosi, Frank T. (1993) "Who Was John the Baptist?" Free Inquiry 13(2, Spring):38-45.
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Newman, Robert C. (1990) "The Time of the Messiah." In Robert C. Newman, editor, The Evidence
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Paine, Thomas (1925) "Examination of the Prophecies." In William M. Van der Weyde, editor, The
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Sigal, Gerald (1981) The Jew and the Christian Missionary: A Jewish Response To Missionary
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Stoner, Peter W. (1952) Science Speaks: An Evaluation of Certain Christian Evidences. Wheaton,
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O MITO DO JESUS HISTÓRICO
Muito interesse tem sido expresso nos media Judaicos acerca da atividade das “igrejas Evangélicas" e
outras organizações missionárias que saem dos seus limites para converterem os Judeus ao Cristianismo.
Infelizmente, muitos Judeus estão deficientemente equipados para fazerem face aos missionários Cristãos
e aos seus argumentos.
Quando se encontra com missionários Cristãos, é importante que baseemos os nossos argumentos em
fatos corretos. Argumentos baseados em fatos incorretos podem facilmente ser desmascarados e
acabarem por fortalecer os argumentos dos missionários.
É pena que tantos bem intencionados professores de Estudos Judaicos tenham inconscientemente ajudado
os missionários, ensinando aos alunos Judeus informações incorretas acerca das origens do Cristianismo.
Posso recordar a história que me foi ensinada acerca de Jesus na escola Judaica que freqüentei:
"Jesus foi um rabi famoso do primeiro século, cujo nome Hebreu foi Rabbi Yehoshua. O seu pai foi um
carpinteiro chamado José e o nome da sua mãe era Maria. Maria engravidou antes de ter casado com
José. Jesus nasceu num estábulo em Belém durante um censo Romano. Jesus cresceu em Nazaré e tornouse um rabi erudito. Viajou por todo o Israel pregando que as pessoas se deviam amar. Algumas pessoas
pensaram que ele era o Messias e ele não negou isso, o que deixou os outros rabis muito zangados. Ele
causou tanta controvérsia que o Governador Romano Pôncio Pilatos o mandou crucificar. Foi enterrado
num túmulo, e mais tarde o seu corpo foi dado como desaparecido, dado que provavelmente teria sido
roubado pelos seus discípulos."
Alguns anos depois de ter sido ensinado esta aparentemente inocente história, comecei a interessar-me
pelas origens do Cristianismo e decidi ler algo mais sobre o "famoso Rabbi Yehoshua". Para grande
desânimo meu, descobri que não havia qualquer evidência histórica deste Rabbi Yehoshua. A
reivindicação de que Jesus foi um rabi chamado Yehoshua e a de que o seu corpo tinha sido
provavelmente roubado acabaram por se tornar puras conjecturas. O resto da história não era mais que
uma versão diluída da história que os Cristãos acreditam ser parte da religião Cristã, mas que não é
suportada por nenhuma fonte histórica legítima. Não havia absolutamente nenhuma evidência histórica
que Jesus, José ou Maria tenham existido, já não mencionando que José tenha sido carpinteiro ou que
Jesus tenha nascido em Belém e vivida em Nazaré.
Apesar da falta de evidência da existência de Jesus, muitos Judeus fizeram o trágico erro de assumir que a
história do Novo Testamento era largamente carreta e tenham tentado refutar o Cristianismo
experimentando racionalizar os vários milagres que alegadamente ocorreram durante a vida de Jesus e
após a sua morte. Numerosos livros foram escritos que tentam esta aproximação ao Cristianismo. Esta
aproximação, no entanto, é desesperadamente falhada e é, de fato, perigosa, pois encoraja a crença no
Novo Testamento.
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Quando os Israelitas foram confrontados com a adoração de Baal, não aceitaram cegamente os antigos
mitos Semíticos Ocidentais como História. Quando os Macabeus foram confrontados com a religião Grega,
eles não aceitaram cegamente a mitologia Grega como História. Porque é que tantos Judeus modernos
aceitam cegamente a mitologia Cristã? A resposta a esta questão parece ser que muitos Cristãos não
sabem onde a distinção entre História estabelecida e crenças Cristãs reside, tendo passado a confusão
deles para a comunidade Judaica. Passando uma vista de olhos pela secção de religião numa livraria local,
recentemente deparei com um livro que pretendia ser uma biografia objetiva de Jesus. Acabou por ser
nada mais que um sumário da história usual do Novo Testamento. Até incluía pretensões que os milagres
de Jesus tinham sido testemunhados, mas que explicações racionais para eles poderiam existir. Muitos
livros de História escritos pelos Cristãos têm uma aproximação similar. Alguns autores Cristãos sugerirão
que talvez os milagres não sejam completamente históricos, mas eles, todavia seguem a história do Novo
Testamento usual. A idéia de que havia um Jesus histórico real firmou-se tanto na sociedade Cristã que os
Judeus que vivem no mundo Cristão começaram a aceitar cegamente esta crença porque nunca a viram
ser seriamente desafiada.
Apesar da difundida crença em Jesus, permanece o fato de que não existe um Jesus histórico. Para se
perceber o que se quer dizer com o "Jesus histórico", considere o Rei Midas da Mitologia Grega.
A história em que o Rei Midas transformava tudo o que tocava em ouro é claramente absurda, mas
apesar disto sabemos que houve um verdadeiro Rei Midas. Arqueólogos escavaram o seu túmulo e
encontraram os seus restos esqueléticos. Os Gregos que contaram a história de Midas e o seu toque
dourado pretendiam claramente que o relacionassem com o Midas real. Por isso, apesar da história do
toque dourado ser ficcional, a história é acerca de alguém cuja existência é dada como um fato – o "Midas
histórico". No caso de Jesus, no entanto, não há uma única pessoa cuja existência seja um fato e que seja
também objeto das histórias de Jesus, isto é, não há nenhum Jesus histórico.
Quando confrontados com um missionário Cristão, deve-se imediatamente apontar que a existência de
Jesus não foi provada. Quando os missionários argumentam, usualmente apelam mais para as emoções
do que para a razão, e tentarão que fiques embaraçado ao negares a historicidade de Jesus. A resposta
habitual é qualquer coisa do gênero de "Negar a existência de Jesus não é tão tolo como negar a
existência de Júlio César ou da Rainha Isabel?". Uma variação popular desta resposta, usada
especialmente contra os Judeus é "Negar a existência de Jesus não é como negar o Holocausto?". Deve-se
então apontar que há amplas fontes históricas a confirmar a existência de Júlio César, da Rainha Isabel ou
de qualquer outro que for nomeado, enquanto que não existe evidência correspondente para Jesus.
Para se ser perfeitamente direto, deve-se ter tempo para fazer alguma investigação sobre as personagens
históricas mencionadas pelos missionários e apresentar fortes evidências da sua existência. Ao mesmo
tempo deve-se desafiar os missionários a mostrar evidência similar da existência de Jesus. Deve-se
apontar que embora a existência de Júlio César ou da Rainha Isabel, etc. seja universalmente aceite, o
mesmo já não acontece com Jesus. No Extremo Oriente, onde as maiores religiões são o Budismo, o
Xintoísmo, o Taoísmo e o Confucionismo, Jesus é considerado como mais uma personagem da mitologia
religiosa ocidental, a par com Thor, Zeus e Osíris. A maioria dos Hindus não acredita em Jesus, mas os que
acreditam consideram que ele é uma das muitas encarnações do deus Hindu Vishnu. Os muçulmanos
certamente acreditam em Jesus, mas rejeitam a história do Novo Testamento e consideram que ele foi um
profeta que anunciou a vinda de Maomé. Eles negam explicitamente que ele tenha sido crucificado.
Em resumo, não há uma história de Jesus que seja uniformemente aceite pelo mundo inteiro.
É este fato que põe Jesus num nível diferente para personalidades históricas estabelecidas.
Se os missionários usarem o "argumento Holocausto", deve-se apontar que o Holocausto está bem
documentado e que existem numerosos relatos de testemunhas oculares. Deve-se apontar que a maior
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parte das pessoas que negam o Holocausto eram semeadores de ódio anti-semítico com credenciais
fraudulentas. Por outro lado, milhões de gente honesta na Ásia, que fazem a maioria da população
mundial, não conseguiram ser convencidos pela história Cristã de Jesus na medida em que não há
nenhuma evidência constrangedora da sua autenticidade. Os missionários insistirão que a história de
Jesus é um fato bem estabelecido e irão argumentar que existem "bastantes evidências que comprovam
isso". Deve-se então insistir em ver essa evidência e recusar-se a ouvir enquanto eles não a apresentarem.
Se Jesus não foi uma personagem histórica, de onde veio toda a história do Novo Testamento em primeiro
lugar? O nome Hebreu para os Cristãos sempre foi Notzrim. Este nome é derivado da palavra hebraica
neitzer, que significa broto ou rebento – um claro símbolo Messiânico. Já havia pessoas chamadas Notzrim
no tempo do Rabbi Yehoshua ben Perachyah (c. 100 A.C.) Apesar de os modernos Cristãos afirmarem que
o Cristianismo só começou no primeiro século depois de Cristo, é claro que os Cristãos do primeiro século
em Israel se consideravam como sendo a continuação do movimento Notzri, que existia à cerca de 150
anos. Um dos mais notáveis Notzrim foi Yeishu Ben Pandeira, também conhecido como Yeishu ha-Notzri.
Os estudiosos do Talmude sempre mantiveram que a história de Jesus começou com Yeishu. O nome
Hebreu para Jesus sempre foi Yeishu, e o Hebreu para "Jesus de Nazaré" sempre foi "Yeishu ha-Notzri" (o
nome Yeishu é um diminutivo do nome Yeishua, e não de Yehoshua.) É importante notar que Yeishu haNotzri não é um Jesus histórico, uma vez que o Cristianismo moderno nega alguma conexão entre Jesus e
Yeishu e, além do mais, partes do mito de Jesus são baseadas em outras personagens históricas além de
Yeishu.
Sabemos pouco sobre Yeishu ha-Notzri. Todos os trabalhos modernos que o mencionam são baseados em
informação retirada do Tosefta e do Baraitas – escritos feitos ao mesmo tempo do Mishna mas não
contidos neste. Porque a informação histórica respeitante a Yeishu é tão danosa para o Cristianismo,
muitos autores Cristãos (e também muitos Judeus) tentaram desacreditar esta informação e inventaram
muitos argumentos engenhosos para a explicarem. Muitos dos seus argumentos são baseados em mal
entendidos e citações errôneas do Baraitas, e para se ter uma imagem exata de Yeishu devem-se ignorar
os autores Cristãos e examinar o Baraitas diretamente.
A insuficiente informação contida no Baraitas é a seguinte: o Rabi Yehoshua Ben Perachyah, num dado
momento, repeliu Yeishu. As pessoas pensavam que Yeishu era um feiticeiro, considerando que ele tinha
levado os Judeus a desencaminharem-se. Como resultado de acusações feitas contra ele (os detalhes das
quais não são conhecidos, mas provavelmente envolveriam alta traição), Yeishu foi apedrejado e o seu
corpo foi pendurado na véspera da Passagem. Antes disto, ele foi exibido durante 40 dias com um arauto
que ia à sua frente anunciando que ele iria ser apedrejado e chamando por gente para avançar e o
defenderem. Todavia, nada foi trazido em seu favor. Yeishu tinha cinco discípulos: Mattai, Naqai, Neitzer,
Buni e Todah.
No Tosefta e no Baraitas, o nome do pai de Yeishu é Pandeira ou Panteiri. Estes são formas HebreuAramaicas de um nome Grego. Em Hebreu, a terceira consoante do nome é escrito quer com um dalet,
quer com um tet. Comparando com outras palavras Gregas transliteradas para Hebreu mostra que o
original Grego devia ter tido um delta como sua terceira consoante, e assim a única possibilidade para o
nome Grego do pai é Panderos. Como os nomes Gregos eram comuns entre os Judeus durante a época dos
Macabeus, não é necessário assumir que ele era Grego, como alguns autores fizeram.
A relação entre Yeishu e Jesus é corroborada pelo foto de que Mattai e Todah, os nomes de dois dos
discípulos de Yeishu, serem as formas originais hebraicas de Mateus e Tadeu, nomes de dois dos discípulos
de Jesus na mitologia Cristã.
Os primeiros Cristãos estavam também cientes do nome "Ben Pandeira" para Jesus. O filósofo pagão
Celso, que foi famoso pelos seus argumentos contra o Cristianismo, reivindicou em 178 d.C. que tinha
ouvido a um Judeu que a mãe de Jesus, Maria, se tinha divorciado do seu marido, um carpinteiro, depois
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de se ter provado que ela era uma adúltera. Ela vagueou em vergonha e deu à luz Jesus em segredo. O seu
verdadeiro pai era um soldado chamado Pantheras. De acordo com o escritor Cristão Epifânio (c. 315 –
403 d.C.), a apologista Cristã Origem (c. 185 – 254 d.C) tinha afirmado que "Panther" era o apelido de
Jacob, o pai de José, o padrasto de Jesus. É de notar que a afirmação de Origen não é baseada em
nenhuma informação histórica. É puramente uma conjectura cujo objetivo era explicar a história de
Pantheras de Celso. Essa história é também não histórica. A reivindicação de que o nome da mãe de Jesus
era Maria e a pretensão de que o seu marido era um carpinteiro é tirada diretamente das crenças Cristãs.
A afirmação de que o pai verdadeiro de Jesus se chamava Pantheras é baseada numa tentativa incorreto
de reconstruir a forma original de Pandeira. Esta reconstrução incorreta foi provavelmente influenciada
pelo fato de o nome Pantheras ser encontrado entre os soldados Romanos.
Porque é que as pessoas acreditavam que a mãe de Jesus se chamava Maria e o seu marido se chamava
José? Porque é que os não Cristãos acusavam Maria de ser uma adúltera enquanto que os Cristãos
acreditavam que ela era virgem? Para responder a essas questões ter-se-á de examinar algumas das
lendas à volta de Yeishu. Não se pode esperar obter a verdade absoluta sobre as origens do mito de Jesus,
mas podemos mostrar que existem alternativas razoáveis para a aceitação cega do Novo Testamento.
O nome José para o nome do padrasto de Jesus é fácil de explicar. O movimento Notzri era
particularmente popular entre os Judeus Samaritanos. Enquanto que os Fariseus estavam à espera de um
Messias que seria um descendente de David, os Samaritanos queriam um Messias que viesse restaurar o
reino nortenho de Israel. Os Samaritanos enfatizavam a sua descendência parcial das tribos de Efraim e
Manasses que descendiam do José da Tora. Os Samaritanos consideravam-se como sendo "Bnei Yoseph",
i.e., "filhos de José", e como acreditavam que Jesus tinha sido o seu Messias, teriam assumido que era um
"filho de José". A população de língua Grega, que tinha pouco conhecimento de Hebreu e das verdadeiras
tradições Judaicas, poderia facilmente ter mal entendido este termo e presumir que José era o nome
verdadeiro do pai de Jesus. Esta conjectura é corroborada pelo foto que de acordo com o Evangelho
segundo S. Mateus, o pai de José se chama Jacob, tal como o do José da Tora. Mais tarde, outros Cristãos
que seguiam a ideia de que o Messias seria um descendente de David, tentaram seguir o curso de José até
David. Chegaram a duas genealogias contraditórias para ele, uma registrada no Evangelho segundo S.
Mateus e a outra no Evangelho segundo S. Lucas. Quando a idéia de que Maria era virgem desenvolveu, o
mítico José foi relegado para a posição de ser simplesmente o seu marido e o padrasto de Jesus.
Para se perceber de onde a história de Maria veio, teremos que nos virar para outra personagem histórica
que contribuiu para o mito de Jesus, e que é Ben Stada. Toda a informação que temos sobre Ben Stada
advém novamente do Tosefta e do Baraitas. Há ainda menos informação sobre ele do que sobre Yeishu.
Algumas pessoas acreditavam que ele tinha trazido encantamentos do Egito num corte da sua carne,
outros pensavam que ele era um louco. Ele era um trapaceiro e foi apanhado pelo método da testemunha
escondida, sendo apedrejado em Lod.
No Tosefta, Ben Stada é chamado Ben Sotera ou Ben Sitera. Sotera parece ser a forma Hebreu-Aramaica
do nome Grego Soteros. As formas "Sitera" e "Stada" parecem ter surgido como más interpretações e
erros de soletração ( yod substituindo vav e o dalet a substituir reish ).
Como havia tão pouca informação acerca de Ben Stada, muitas conjecturas surgiram sobre quem ele era.
É conhecido da Gemara que ele era confundido com Yeishu. Isto provavelmente resultou do fato de que
ambos foram executados por ensinamentos traidores e estarem associados à feitiçaria. As pessoas que
confundiam Ben Stada com Yeishu tiveram que explicar o porquê dele também ser chamado Ben
Pandeira. Como o nome "Stada" se parece com a expressão aramaica "stat da", que significa "ela
desencaminhou-se", pensou-se que "Stada" se referia à mãe de Yeishu e que ela era uma adúltera.
Conseqüentemente, as pessoas começaram a pensar que Yeishu era o filho ilegítimo de Pandeira.
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Estas idéias são de fato mencionadas na Gemara e são provavelmente mais antigas. Como Ben Stada
viveu nos tempos Romanos e o nome Pandeira se assemelhava com o nome Pantheras encontrado entre
os soldados Romanos, assumiu-se que Pandeira tinha sido um soldado Romano estacionado em Israel.
Isto certamente explica a história mencionada por Celso.
O Tosefta menciona um caso famoso de uma mulher chamada Miriam bat Bilgah que casou com um
soldado Romano. A idéia de que Yeishu tinha nascido de uma mulher judia que tinha tido um caso com um
soldado Romano provavelmente resultou da confusão entre a mãe de Yeishu e esta Míriam. O nome
"Míriam" é, claro, a forma original do nome "Maria". É de fato conhecido através do Gemara que
algumas das pessoas que confundiam Yeishu com Ben Stadta acreditavam que a mãe de Yeishu era
"Míriam, a cabeleireira de mulheres".
A história de que Maria (Míriam), mãe de Jesus, era uma adúltera, era certamente não aceitável para os
primeiros Cristãos. A história da virgem que deu à luz foi provavelmente inventado para limpar o nome de
Maria. Os primeiros Cristãos não inventaram isto do nada. Histórias de virgens que davam à luz eram
comuns nos mitos pagãos. As seguintes personagens mitológicas eram tidas como nascidas de virgens
fecundadas divinamente: Rômulo e Remo, Perseu, Zoroastro, Mitra, Osíris-Aion, Agdistis, Attis, Tammuz,
Adónis, Korybas, Dioniso. As crenças pagãs em uniões entre deuses e mulheres, não considerando se elas
eram virgens ou não, é ainda mais comum. Acreditava-se que muitas personagens da mitologia pagã
eram filhas de pais divinos e mães humanas. A crença Cristã de que Jesus era o filho de Deus nascido de
uma virgem é típica de uma superstição Greco-Romana. O filósofo Judeu Phílon de Alexandria (c. 25 A.C. –
50 D.C.), avisou contra a superstição bastante espalhada da crença de uniões entre homens deuses e
mulheres humanas que retornavam a mulher a um estado de virgindade.
O deus Tammuz, adorado pelos pagãos no norte de Israel, era dado como nascido da virgem Myrrha. O
nome Myrrha assemelha-se superficialmente a "Maria/Míriam", e é possível que esta particular história
de uma virgem que deu à luz tenha influenciado a história de Maria mais que as outras. Tal como Jesus,
Tammuz foi sempre chamado Adon, que significa "Senhor" (A personagem Adónis da mitologia Grega é
baseada em Tammuz.) Como veremos mais tarde, a relação entre Jesus e Tammuz vai mais longe que isto.
A ideia de que Maria tinha sido uma adúltera nunca desapareceu completamente na mitologia Cristã. Em
vez disso, a personagem de Maria foi dividida em duas: Maria, a mãe de Jesus, que se acreditava ser uma
virgem, e Maria Magdalena, que se acreditava ser uma mulher de má fama. A ideia de que a personagem
de Maria Madalena é também derivada de Míriam, a mítica mãe de Yeishu, é corroborado pelo fato de o
estranho nome "Magdalena" se assemelhar claramente ao termo aramaico "mgadala nshaya", que
significa "cabeleireira de mulheres". Como se mencionou anteriormente, acreditava-se que a mãe de
Yeishu era "Míriam, a cabeleireira de mulheres". Porque os Cristãos não sabiam o que o nome
"Magdalena" significava, mais tarde conjecturaram que isso significava que ela tinha vindo de um lugar
chamado Magdala, a oeste do lago Kinneret. A ideia das duas Marias assentava bem na forma pagã de
pensamento. A imagem de Jesus sendo seguido pelas duas Marias lembra bastante Dioniso sendo seguido
por Deméter e Perséfone.
A Gemara contém uma lenda interessante acerca de Yeishu, que tenta elucidar o Beraitas, que diz que o
Rabi Yehoshua ben Perachyah repeliu Yeishu. A lenda afirma que quando o rei Asmoneu Alexandre Janeus
estava a matar os Fariseus, o Rabi Yehoshua e Yeishu fugiram para o Egito. Quando voltaram, chegaram a
uma estalagem. A palavra aramaica "aksanya" tanto significa "estalagem" como "estalajadeiro (a)". O
Rabi Yehoshua observou o quão bela a "arksanya" era (referindo-se à estalagem.). Yeishu (referindo-se à
estalajadeira) replicou que os olhos dela eram muito estreitos. O Rabi Yehoshua zangou-se bastante com
Yeishu e excomungou-o. Yeishu pediu que o perdoasse muitas vezes, mas o Rabi Yehoshua não o
perdoava. Uma vez, quando o Rabi Yehoshua estava a recitar a Shema, Yeishu veio ter com ele. O Rabi
fez-lhe um sinal de que devia esperar. Yeishu não entendeu e pensou que estava a ser rejeitado
100
novamente. Ele zombou do Rabi Yehoshua fazendo um tijolo e adorando-o. O Rabi Yehoshua disse-lhe
para ele se arrepender mas ele recusou, dizendo que tinha aprendido com ele que a alguém que peca e
leva muitos a pecar não é dada a oportunidade de se arrepender.
Esta história, que começa com os eventos da estalagem, é bastante semelhante com outra lenda em que o
protagonista não é o Rabi Yehoshua mas o seu discípulo Yehuda ben Tabbai. Nesta lenda, Yeishu não é
nomeado. Pode-se então questionar se Yeishu foi realmente ao Egipto ou não. É possível que Yeishu tenha
sido confundido com algum outro discípulo do Rabi Yehoshua ou do Rabi Yehuda. A confusão pode ter
resultado de Yeishu ser confundido com ben Stada, que tinha regressado do Egipto. Por outro lado, Yeishu
poderia ter mesmo fugido para o Egito e regressado, e isto, por seu turno, poderia ter contribuído para a
confusão entre Yeishu e ben Stada. Qualquer que seja o caso, a crença que Yeishu tenha fugido para o
Egito para escapar à matança de um rei cruel parece ser a origem da crença Cristã de que Jesus e a sua
família fugiram para o Egito para escapar ao Rei Herodes.
Como os primeiros Cristãos acreditavam que Jesus tinha vivido nos tempos Romanos é natural que
tenham confundido o rei cruel que tinha querido matar Jesus com Herodes, pois não havia outros reis
cruéis adequados durante o período Romano. Yeishu era adulto no tempo em que os Rabis fugiram de
Alexandre Janeus; porque é que os Cristãos acreditavam que Jesus e a sua família tinham fugido para o
Egipto quando Jesus era infante? Porque é que os Cristãos acreditavam que o rei Herodes tinha ordenado
que todos os bebés nascidos em Belém fossem mortos, quando não há evidência histórica disso? Para
responder a estas questões temos novamente que recorrer à mitologia pagã.
O tema de uma criança divina ou semidivina que é temida por um rei cruel é muito comum na mitologia
pagã. A história usual é que o rei cruel recebe uma profecia de que uma certa criança vai nascer e vai
usurpar o trono. Em algumas histórias a criança é nascida de uma virgem e usualmente é filho de um
deus. A mãe da criança tenta escondê-lo. O rei normalmente ordena a matança de todos os bebês que
possam ser o profetizado rei. Exemplos de mitos que seguem este enredo são as histórias de nascimento
de Rómulo e Remo, Perseu, Krishina, Zeus e Édipo. Apesar de os literalistas da Tora não gostarem de
admiti-lo, a história do nascimento de Moisés também se assemelha à destes mitos (alguns dos quais
afirmam que a mãe pôs a criança num cesto e o colocou num rio.) Existiam provavelmente várias histórias
destas a circular no Levante que se perderam. O mito Cristão da matança dos inocentes por Herodes é
simplesmente uma versão Cristã deste tema. O enredo era tão conhecido que um sábio Midrashi não
resistiu a usá-lo para um relato apócrifo do nascimento de Abraão.
Os primeiros Cristãos acreditavam que o Messias iria nascer em Belém. Esta crença é baseada numa má
interpretação de Miquéias_5. 2, que simplesmente nomeia Belém como a cidade onde a linhagem Da
virgem Diana começou. Como os primeiros Cristãos acreditavam que Jesus era o Messias, eles
automaticamente acreditaram que ele tinha nascido em Belém. Mas porque é que os Cristãos
acreditavam que ele tinha vivido em Nazaré? A resposta é bem simples. Os primeiros Cristãos de língua
Grega não sabiam o que a palavra “Nazarena” significava. A forma primitiva Grega desta palavra é
"Nazoraios", que deriva de "Natzoriya", o equivalente aramaico do Hebreu "Notzri" (lembre-se que
"Yeishu ha-Notzri" é o original Hebreu para "Jesus, o Nazareno".) Os primeiros Cristãos conjecturaram que
"Nazareno" significava uma pessoa de Nazaré, e assim assumiu-se que Jesus tinha vivido em Nazaré.
Ainda hoje, os Cristãos alegremente confundem as palavras hebraicas "Notzri" (Nazareno, Cristão),
"Natzrati" (Nazareno, natural de Nazaré) e "nazir" (nazarite), todas as quais têm significados
completamente diferentes.
A informação no Talmude (que contém o Baraitas e o Gemara) acerca de Yeishu e ben Stada é tão danosa
para o Cristianismo que os Cristãos sempre tomaram medidas drásticas contra ela. Quando os Cristãos
primeiro descobriram a informação, tentaram imediatamente apagá-la censurando o Talmude. A edição
de Basileia do Talmude (c. 1578 – 1580) tinha todas as passagens relacionadas com Yeishu e Ben Stada
101
apagadas pelos Cristãos. Ainda hoje, as edições do Talmude usadas pelos escolares Cristãos não têm estas
passagens!
Durante as primeiras décadas deste século, ferozes batalhas acadêmicas irromperam violentamente entre
escolares Cristãos e Ateus acerca das verdadeiras origens do Cristianismo. Os Cristãos foram forçados a
enfrentarem a evidência Talmúdica. Não podiam ignorar mais isso e assim, em vez disso, decidiram atacálo. Afirmaram que o Yeishu Talmúdico era uma distorção do "Jesus histórico". Afirmaram que o nome
"Pandeira" era simplesmente uma tentativa hebraica para pronunciar a palavra Grega para virgem –
"parthenos". Apesar de haver uma parecença superficial entre as palavras, temos de notar que para
"Pandeira" derivar de "parthenos", o "n" e o "r" têm de trocar de posições. No entanto, os Judeus não
sofriam de nenhum impedimento linguístico que causasse isto! A resposta Cristã é que possivelmente os
Judeus alteram propositadamente a palavra "parthenos" para os nomes "Pantheras" (encontrado na
história de Celso) ou para "pantheros", que significa pantera, e "Pandeira" é derivado da palavra
deliberadamente alterada. Este argumento também falhou, pois a terceira consoante da palavra
"parthenos" alterada e inalterada é theta. Esta letra é sempre transliterada pela letra hebraica taw, cuja
pronunciação durante os tempos clássicos muito se assemelhava a essa letra Grega. Contudo, o nome
"Pandeira" nunca é soletrado com um taw, mas com um dalet ou um tet, o que mostra que a forma
original Grega tinha um delta como sua terceira consoante, e não um theta. O argumento Cristão pode-se
também voltar contra si: talvez os Cristãos deliberadamente alterassem "Pantheras" para "parthenos"
quando inventaram a história da virgem que deu à luz. Também é de notar que a semelhança entre
"Pantheras" (ou "pantheros") é muito menor quando escrita em Grego, pois na formação original Grega
as suas segundas vogais são completamente diferentes.
Os Cristãos também não aceitaram que Maria Magdalena estivesse ligada a Miriam, a alegada mãe de
Yeishu no Talmude. Eles argumentaram que o nome "Magdalena" significa uma pessoa de Magdala e que
os Judeus inventaram "Miriam, a cabeleireira de mulheres" (Magdala nshaya) ou para zombar dos
Cristãos, ou porque eles próprios se equivocaram quanto ao nome "Magdalena". Este argumento também
é falso. Primeiramente, ignora a gramática Grega: o Grego correto para "de Magdala" é "Magdales", e o
Grego correto para uma pessoa de Magdala é "Magdalaios". A raiz Grega original para "Magdalena" é
"Magdalen-", com um "n" distinto mostrando que a palavra não tem nada a ver com Magdala. Em
segundo lugar, Magdala só obteve o seu nome após os Evangelhos terem sido escritos. Antes disso era
chamada Magadan ou Dalmanutha (apesar de "Magadan" ter um "n", falta-lhe o "l", e, portanto não
pode ser a derivação de "Magdalena".). De fato, a comunidade Cristã alterou o nome para Magdala às
ruínas desta área porque acreditavam que Maria Magdalena tinha vindo de lá.
Os Cristãos também afirmam que a palavra "Notzri" significa uma pessoa de Nazaré. Isto é, claro, falso,
pois a palavra hebraica para Nazaré é "Natzrat" e uma pessoa de Nazaré é uma "Natzrati". O nome
"Notzri" não tem a letra taw de "Natzrat", e assim não pode derivar daí. Os Cristãos argumentam que
talvez o nome aramaico para Nazaré fosse "Natzarah" ou "Natzirah" (como o moderno nome árabe), o
que explica o taw que falta em "Notzri". Isto também não tem senso pois a palavra aramaica para alguém
da Nazaré seria "Natzaratiya" ou "Natziratyia" (com um taw, pois a terminação feminina "-ah" tornar-seia "-at-" quando o sufixo "-yia" é adicionado), e além do mais, a forma aramaica não seria usada em
Hebreu. “Os Cristãos também apareceram com outros argumentos variados que podem ser
desmascarados uma vez que eles confundem as palavras hebraicas “Notzri” e “nazir”, ou ignoram o fato
de que “Notzri” é a primitiva forma da palavra Nazarena”.
Para resumir, todos os argumentos Cristãos foram baseados em mudanças fonéticas e formas gramaticais
impossíveis, e foram, conseqüentemente, desmistificadas. Além do mais, apesar das lendas na Gemara
não possam ser tidas como fato, a evidência no Baraitas e no Tosefta respeitante a Yeishu pode levar-nos
atrás diretamente até Yehoshua Ben Perachyah, Shimon Ben Shetach e Yehuda Ben Tabbai, enquanto que
a evidência no Baraitas e no Tosefta respeitante a ben Stada leva-nos até ao Rabi Eliezer ben Hyrcanus e
seus discípulos, que foram contemporâneos de ben Stada. Conseqüentemente, esta evidência pode ser
102
encarada como historicamente certa. Por esta razão os Cristãos modernos não mais atacam o Talmude,
mas em vez disso negam qualquer relação entre Jesus e Yeishu ou Ben Stada. Eles desmistificam as
similaridades como puras coincidências. No entanto, ainda tem de se estar atento aos falsos ataques
contra o Talmude pois muitos livros Cristãos ainda os mencionam e podem ressurgir de tempos em
tempos.
Muitas partes da história de Jesus não são baseadas em Yeishu ou Ben Stada. A maior parte das
denominações Cristãs afirma que Jesus nasceu a 25 de Dezembro. Originalmente, os Cristãos orientais
acreditavam que ele tinha nascido a 6 de Janeiro. Os Cristãos armênios ainda seguem esta primitiva
crença enquanto que muitos Cristãos consideram que essa é a data da visita dos Magos. Como já foi
apontado anteriormente, Jesus foi provavelmente confundido com Tammuz, nascido da virgem Myrrha.
Sabe-se que nos tempos Romanos os deuses Tammuz, Aion e Osíris eram identificados. Dizia-se que OsírisAion tinha nascido da virgem Geb a 6 de Janeiro, e isto explica a data primitiva para o Natal. Geb era, às
vezes, representada como uma vaca sagrada e o seu templo era um estábulo, que é provavelmente a
origem da crença Cristã de que Jesus nasceu num estábulo. Embora alguns possam pensar que esta
afirmação é forçada, é tido como um fato que algumas facções primitivas Cristãs consideravam Jesus e
Osíris nos seus escritos. A data de 25 de Dezembro para o Natal era originalmente a data pagã do
aniversário do deus sol, cujo dia da semana é ainda conhecido como Sun_day. O halo de luz que é
usualmente mostrado à volta da face de Jesus e dos santos Cristãos é outro conceito tirado do deus sol.
O tema da tentação por uma criatura diabólica também é encontrado na mitologia pagã. A história da
tentação de Jesus por Satã, em particular, parece-se com a tentação de Osíris pelo deus diabólico Set na
mitologia egípcia.
Já tínhamos sugerido que havia uma relação entre Jesus e o deus pagão Dioniso. Como Dioniso, o infante
Jesus foi posto com fraldas e colocado numa manjedoura; como Dioniso, Jesus podia tornar água em
vinho; como Dioniso, Jesus viajou de burro e deu de comer a uma multidão num ermo; como Dioniso, Jesus
sofreu e foi objeto de escárnio. Alguns primitivos Cristãos afirmavam que Jesus tinha de fato nascido, não
num estábulo, mas numa caverna – como Dioniso.
De onde é que a história de que Jesus foi crucificado veio? Parece ter resultado de várias origens. Em
primeiro lugar, houve três personagens históricas durante o período Romano que as pessoas pensavam
ser o Messias e que foram crucificadas pelos Romanos, a saber, Yehuda da Galileia (6 D.C.), Theudas (44
D.C.) e Benjamim, o Egípcio (60 D.C.). Dado que se pensava que estas três pessoas eram o Messias, elas
foram naturalmente confundidas com Yeishu e ben Stada. Yehuda da Galileia tinha pregado na Galileia e
tinha arranjado muitos seguidores antes de ser crucificado pelos Romanos. A história do ministério de
Jesus na Galileia parece ter sido baseada na vida de Yehuda da Galileia. Esta história e a crença de que
Jesus viveu em Nazaré na Galileia reforçaram-se mutuamente. A crença de que alguns dos discípulos de
Jesus foram mortos em 44 D.C. por Agripa parece ser baseado no destino dos discípulos de Theuda. Dado
que ben Stada tinha vindo do Egito é natural que ele tenha sido confundido com Benjamim, o Egípcio. Eles
foram também, provavelmente, contemporâneos. Alguns escritores modernos até sugeriram que eles
foram a mesma pessoa, apesar disso não ser possível pois as histórias das suas mortes são
completamente diferentes. Nos Atos dos Apóstolos do Novo Testamento, que usa o livro de Flávio Josefo
"Antiguidades Judaicas" (93 – 94 D.C.) como referência, é deixado claro que o autor considerou Jesus,
Yehuda da Galileia, Theudas e Benjamim, o Egípcio como quatro pessoas diferentes. No entanto, naquela
altura já era muito tarde para anular as confusões que já tinham acontecido antes do Novo Testamento
ter sido escrito, e a ideia da crucificação de Jesus tinha-se tornado uma parte integral do mito.
Em segundo lugar, surgiu a ideia de que Jesus tinha sido executado na véspera da Passagem.
Esta crença é aparentemente baseada na execução de Yeishu. A Passagem ocorre quando do Equinócio da
Primavera, um evento considerado importante pelos astrólogos durante o Império Romano. Os astrólogos
103
pensavam nesta época como a época do cruzamento de dois círculos celestes astrológicos, e este evento
era simbolizado por uma cruz. Deste modo, acreditava-se que Jesus tinha morrido "na cruz". O mau
entendimento deste termo por aqueles que não eram iniciados nos cultos astrológicos foi outro fato que
contribuiu para a crença de que Jesus tenha sido crucificado. Num dos primeiros documentos Cristãos (os
"Ensinamento dos Doze Apóstolos"), não há menção de Jesus ter sido crucificado, e o sinal de uma cruz no
céu é usado para representar a chegada de Jesus. É de notar que o centro da superstição astrológica no
Império Romano foi a cidade de Tarso na Ásia Menor – o lugar de onde o lendário missionário S. Paulo
veio. A ideia de que uma estrela especial tenha anunciado o nascimento de Jesus e que um eclipse solar
tenha ocorrido na sua morte é típica da superstição astrológica Tarsiana.
O terceiro fato que contribuiu para a história da crucificação é, outra vez, a mitologia pagã. O tema de
uma divindade ou semi-divindade sendo sacrificada contra uma árvore, poste ou cruz, e depois
ressuscitando, é muito comum na mitologia pagã. Foi encontrado nas mitologias de todas as civilizações
ocidentais, estendendo-se desde um extremo oeste como a Irlanda até um extremo este como a Índia. Em
particular, é encontrados nas mitologias de Osíris e Attis, ambos os quais eram muitas vezes identificados
com Tammuz. Osíris acabou com os seus braços esticados numa árvore tal como Jesus na cruz. Esta árvore
era, às vezes, mostrada como um poste com dois braços esticados – o mesmo aspecto da cruz Cristã. Na
adoração de Serapis (uma composição de Osíris e Apis), a cruz era um símbolo religioso. De fato, o símbolo
da "cruz Latina" Cristã parece ser baseado diretamente no símbolo da cruz de Osíris e Serapis.
Os Romanos nunca usaram esta cruz tradicional Cristã para as crucificações, eles usavam cruzes com a
forma de um X ou de um T. O hieróglifo de uma cruz numa colina era associado a Osíris. Este hieróglifo
representava o "Good One", em Grego "Chrestos", um nome aplicado a Osíris e outros deuses pagãos. A
confusão deste nome com "Christos" (= Messias, Cristo) reforçou a confusão entre Jesus e os deuses
pagãos.
No equinócio da Primavera, os pagãos do norte de Israel celebravam a morte e ressurreição de TammuzOsíris, nascido de uma virgem. Na Ásia Menor (onde as primeiras igrejas Cristãs se estabeleceram), uma
celebração similar era feita para Attis, também nascido de uma virgem. Attis era mostrado como
morrendo contra uma árvore, sendo enterrado numa gruta e depois ressuscitando ao terceiro dia.
Agora se vê de onde a história da ressurreição de Jesus veio. Na adoração de Baal, acreditava-se que Baal
tinha enganado Mavet (o deus da morte) aquando do equinócio da Primavera. Ele fez-se passar por morto
e depois apareceu vivo. Ele teve sucesso neste ardil dando o seu único filho como sacrifício.
A ocorrência da Passagem na mesma época do ano que as "Páscoas Crista" pagãs não da coincidência.
Muitos dos costumes da Pessach Judaico, retratados aos costumes Cristão sao pagãos como veremos
Os pagãos acreditavam que quando o seu deus da natureza (como Tammuz, Osíris ou Attis) morria e
ressuscitava, a sua vida ia para as plantas usadas pelo homem como comida. assim os cristão
transformaram O matza feito da colheita da Primavera era o seu novo corpo e o vinho das uvas era o seu
novo sangue. 652 ( a bíblia hebraica,proíbe o judeu de comer sangue ou carne humana Como Jesus se
referiu ao pão como sua carne e seu sangue,sabendo que esta ideia e completamente estranha aos judeus
e a bíblia)
No Judaísmo, o matza não era usado para representar o corpo de um deus, mas o pão de homem pobre
que os Judeus comeram antes de saírem do Egito. Os pagãos usavam o sacrifício pascal para representar o
sacrifício de um deus ou do seu filho único, mas o Judaísmo usou-o para representar a refeição comida
antes de saírem do Egito.
104
Em vez de contarem histórias de Baal a sacrificar o seu filho varão a Mavet, os Judeus contavam como o
mal'ach ha-mavet (o anjo da morte) matou os filhos varões dos Egípcios. Os pagãos comiam ovos para
representar a ressurreição e renascimento do seu deus da natureza, mas o ovo no seder representa o
renascimento do povo Judeu ao escapar do cativeiro no Egito. Quando os primeiros Cristãos se deram
conta das similaridades entre os costumes da Pessach e os costumes pagãos, eles deram a volta completa
e converteram os costumes da Pessach de volta às suas velhas interpretações pagãs. A seder tornou-se a
última ceia de Jesus, similar à última ceia de Osíris, comemorada no equinócio da Primavera. O matza e o
vinho tornaram-se novamente no corpo e sangue de um falso deus, desta vez Jesus. Os ovos da Páscoa são
novamente comidos para comemorar a ressurreição de um "deus" e também o "renascimento" obtido
pela aceitação do seu sacrifício na cruz.
O mito da última ceia é particularmente interessante. Como foi mencionada, a ideia básica da última ceia
ocorrer no equinócio vernal vem da história da última ceia de Osíris. Na história Cristã, Jesus está presente
com doze apóstolos. De onde é que a história dos doze apóstolos veio? Parece que na primeira versão a
história era entendida como uma alegoria. A primeira vez que doze apóstolos são mencionados é no
documento conhecido como "Ensinamentos dos Doze Apóstolos". Este documento aparentemente teve
origem num documento sectário Judeu escrito no primeiro século D.C., mas foi adotado pelos Cristãos, que
o alteraram substancialmente e adicionaram-lhe idéias Cristãs. Nas primeiras versões é claro que os "doze
apóstolos" são os doze filhos de Jacob representando as doze tribos de Israel. Os Cristãos, mais tarde,
consideraram os "doze apóstolos" como sendo alegóricos discípulos de Jesus.
Na mitologia egípcia, Osíris foi traído na sua última ceia pelo deus diabólico Set, que os Gregos
identificavam como Typhon. Esta parece ser a origem da ideia de que o traidor de Jesus estava presente
na sua última ceia. A ideia de que este traidor se chamava "Judas" vem do tempo em que os doze
apóstolos eram ainda entendidos como sendo os filhos de Jacob. A ideia de Judas (= Judah, Yehuda)
traindo Jesus (o "filho" de José) é uma forte reminiscência da história do José da Tora sendo traído pelos
seus irmãos com Yehuda como líder da traição. Esta alegoria seria particularmente apelativa para os
Samaritanos Notzrim, que se consideravam filhos de José, traídos pelos Judeus ortodoxos (representados
por Judas/Yehuda.)P ara engolir tudo isso só não conhecendo historia nem a bíblia, se faz necessário uma
mente investigativa, pois foi o Paulo de tarso que disse que a nossa fé e racional....
Onde esta a razão nestas crenças?
No entanto, a história dos doze apóstolos perdeu a sua interpretação alegórica original, e os Cristãos
começaram a pensar que os "doze apóstolos" eram doze pessoas reais que seguiram Jesus. Os Cristãos
tentaram encontrar nomes para estes doze apóstolos. Mateus e Tadeu foram baseados em Mattai e
Todah, dois dos discípulos de Yeishu. Um ou os dois apóstolos chamados Jacobus (Tiago) é possivelmente
baseado no Jacob de Kfar Sekanya, um primitivo Cristão conhecido do rabi Eliezer ben Hyrcanus, mas isto
é apenas uma suposição. Como já vimos, a personagem de Judas é majoritariamente baseado no Judah da
Tora, mas poderá haver também uma ligação com um contemporâneo de Yeishu, Yehuda ben Tabbai, o
discípulo do Rabi Yehoshua ben Perachyah. Como já foi mencionado, a ideia do traidor na última ceia é
derivada da mitologia de Osíris, que foi traído por Set-Typhon. Set-Typhon tinha cabelo ruivo, e esta é
provavelmente a origem da afirmação de que Judas tinha o cabelo ruivo. Esta ideia levou ao retrato
estereotipo Cristão de que os Judeus têm cabelo ruivo, não obstante o fato de que, na realidade, o cabelo
ruivo é de longe mais comum entre Arianos do que entre Judeus. (para informação do leitor Yacoov
( Jacó)e mesmo nome na forma latina Tiago)
O apelido "Iscariotes" é muitas vezes atribuído a Judas. Em algumas partes onde os Novos Testamentos
Ingleses têm "Iscariotes", o texto Grego realmente tem "apo Kariotou", que significa "de Karyot". Karyot
105
era o nome de uma cidade em Israel, provavelmente o moderno lugar conhecido em árabe como
Karyatein. Portanto, vê-se que o nome Iscariotes é derivado do Hebreu "ish Karyot", que significa "homem
de Karyot". Isto é, com efeito, a compreensão aceite hoje em dia, pelos Cristãos, do nome. No entanto, no
passado, os Cristãos entendiam mal este nome, e nasceram lendas de que Judas era da cidade de Sychar,
que ele era um membro do partido extremista conhecido como Sicarii, e que ele era da tribo de Issacar.
O mais interessante mal entendimento do nome é a sua primitiva confusão com a palavra scortea, que
significa uma bolsa de couro. Isto levou ao mito do Novo Testamento de que Judas carregava uma tal
bolsa, o que por sua vez levou à crença de que ele era o tesoureiro dos apóstolos.(O que judeus são ricos)
O apóstolo Pedro parece ser uma personagem largamente ficcional. De acordo com a mitologia Cristã,
Jesus escolheu-o para ser o "guardião das chaves do reino dos céus". Isto é claramente baseado na
divindade pagã egípcia Petra, que era o porteiro do céu e da vida após a morte, governados por Osíris.
Temos também de duvidar da história de Lucas "o médico", que era suposto ser amigo de Paulo. O
original Grego para Lucas é Lycos, que era um outro nome para Apolo, o deus da cura.
João Baptista é largamente baseado numa personagem histórica que praticava imersão ritual na água
como um símbolo físico de arrependimento. Ele não realizava baptismos sacramentais ao estilo Cristão
para purificar as almas das pessoas – tal ideia era totalmente estranha ao Judaísmo. Ele foi condenado à
morte por Herodes Antipas, que temeu que ele estivesse prestes a começar uma rebelião. O nome de João
em Grego era "Ioannes", e em latim "Johannes". Apesar de estes nomes serem usualmente usados para o
nome Hebreu Yochanan, é improvável que este tenha sido o verdadeiro nome Hebreu de João. "Ioannes"
assemelha-se a "Oannes", o nome Grego para o deus pagão Ea. Oannes era o "Deus da Casa de Água".
Baptismos sacramentais para purificação mágica das almas era uma prática que aparentemente originou
a adoração de Oannes. A mais provável explicação do nome de João e a sua relação com Oannes é a de
que João provavelmente ostentou o apelido "Oannes", dado que ele praticava o baptismo, que tinha
adaptado do culto de Oannes. O nome "Oannes" foi mais tarde confundido com "Ioannes" (de fato, a
lenda do Novo Testamento que diz respeito a João providencia uma pista de que o seu verdadeiro nome
talvez tenha sido Zacarias.) É sabido, dos escritos de Flávio Josefo, que o João histórico rejeitou a
interpretação pagã do baptismo como "purificação de almas". Os Cristãos, no entanto, voltaram a esta
interpretação pagã original.
O deus Oannes era associado com a constelação do Capricórnio. Tanto Oannes como a constelação do
Capricórnio eram associados com a água (a constelação é suposto representar uma mítica criatura
marítima com o corpo de peixe e as partes dianteiras de um bode.) Já vimos que a Jesus é dado a mesma
data de nascimento do deus sol (25 de Dezembro), quando o sol está na constelação de Capricórnio. Os
pagãos pensavam deste período como um onde o deus sol imerge nas águas de Oannes e emerge
renascido (o Solstício de Inverno, quando os dias começam a ficar maiores, ocorre perto de 25 de
Dezembro.). Este mito astrológico é aparentemente a origem da história de que Jesus foi baptizado por
João. Provavelmente começou como uma história astrológica alegórica, mas parece que o deus Oannes
mais tarde foi confundido com a personagem histórica de apelido Oannes (João.)
A crença de que Jesus tinha conhecido João contribuiu para a crença de que a pregação e crucificação de
Jesus tenham ocorrido quando Pôncio Pilatos era procurador da Judéia. É de notar que muitas das datas
para Jesus citadas pelos Cristãos são completamente absurdas. Jesus foi em parte baseado em Yeishu e
Ben Stada, que provavelmente viveram com mais de um século de diferença. Ele foi também baseado nos
três falsos Messias, Yehuda, Theudas e Benjamim, que foram crucificados pelos Romanos em várias
épocas diferentes. Outro fato que contribuiu para a datação confusa de Jesus foi que Jacob de Kfar
Sekanya e provavelmente também outros Notzrim usavam expressões como "assim fui ensinado por
Yeishu ha-Notzri", apesar dele não ter sido ensinado por Yeishu em pessoa. Sabemos da Gemara que o
testemunho de Jacob levou o Rabi Eliezer ben Hyrcanus a incorretamente concluir que Jacob era um
discípulo de Yeishu. Isto sugere que havia rabis que não sabiam que Yeishu tinha vivido nos tempos
106
Asmoneu. Mesmo depois dos Cristãos situarem Jesus no primeiro século D.C., a confusão continuou entre
os não-Cristãos. Houve um contemporâneo do Rabi Akiva chamado Pappus Ben Yehuda que costumava
trancar a sua esposa infiel. Sabemos da Gemara que algumas pessoas que algumas pessoas que
confundiam Yeishu e Ben Stada confundiam a mulher de Pappus com Míriam, a infiel esposa de Yeishu.
Isto iria situar Yeishu mais de dois séculos depois do que ele habitualmente viveu!
A história do Novo Testamento confunde tantos períodos históricos que não há maneira de reconciliá-la
com a História. O ano tradicional do nascimento de Jesus é 1 D.C. Era suposto Jesus não ter mais de dois
anos de idade quando Herodes ordenou a matança dos inocentes. No entanto, Herodes morreu antes de
12 de Abril do ano 4 A.C.. Isto levou alguns Cristãos a relatarem o nascimento de Jesus entre 6 – 4 A.C.. No
entanto, Jesus era também suposto ter nascido durante o censos de Quirinius. Este censos teve lugar
depois de Arquelau ter sido deposto em 6 D.C., dez anos depois da morte de Herodes. Era suposto Jesus ter
sido baptizado por João logo depois de João ter começado a baptizar e a pregar, no décimo quinto ano do
reinado de Tibério, i.e., 28 – 29 D.C., quando Pôncio Pilatos foi governador da Judéia, i.e., 26 – 36 D.C. De
acordo com o Novo Testamento, isto também aconteceu quando Lysanias foi tetrarca de Abilene e Anás e
Caifás eram sumos sacerdotes. Mas Lysanias governou Abilene de c. 40 A.C. até ser executado em 36 A.C.
por Marco António, cerca de 60 anos antes da data para Tibério, e cerca de 30 anos antes do suposto
nascimento de Jesus! Além do mais, nunca houve dois sumos sacerdotes juntos, em particular, Anás não
foi sumo sacerdote juntamente com Caifás. Anás foi retirado do ofício de sumo sacerdote em 15 D.C.,
depois de deter o ofício por alguns nove anos. Caifás só se tornou sumo sacerdote em 18 D.C., cerca de
três anos depois de Anás (ele deteve este ofício durante cerca de 18 anos, e assim as suas datas são
consistentes com Tibério e Pôncio Pilatos, mas não com Anás ou Lysanias.) Apesar dos Atos dos Apóstolos
apresentarem Yehuda da Galileia, Theudas e Jesus como três pessoas diferentes, situa incorretamente
Theudas (crucificado no ano 44 D.C.) antes de Yehuda, que menciona corretamente como tendo sido
crucificado durante o censos (6 D.C.) Muitos destes absurdos cronológicos parecem ser baseados em
leituras mal interpretadas e mal entendimentos do livro de Flávio Josefo "Antiguidades Judaicas", que foi
usado como referência pelo autor do Evangelho segundo S. Lucas e dos Atos dos Apóstolos.
A história do julgamento de Jesus é também altamente suspeita. Tenta claramente aplacar os Romanos
enquanto difama os Judeus. O Pôncio Pilatos histórico era arrogante e déspota. Ele odiava os Judeus e
nunca delegou nenhuma autoridade neles. No entanto, na mitologia Cristã, ele é retratado como um
governante preocupado que se distancia das acusações contra Jesus e que foi forçado a obedecer às
pretensões dos Judeus. De acordo com a mitologia Cristã, em cada Passagem os Judeus pediriam a Pilatos
para libertar qualquer criminoso que eles escolhessem. Isto é, claro, uma mentira espalhafatosa. Os
Judeus nunca tiveram o costume de libertar criminosos culpados na Passagem ou em qualquer outra
época do ano. De acordo com o mito, Pilatos deu aos Judeus a chance de libertar Jesus, o Cristo, ou um
assassino chamado Jesus Barrabás. Os Judeus são supostos ter entusiasticamente escolhido Jesus
Barrabás. Esta história é uma malévola mentira anti-semita, uma das muitas mentiras semelhantes
encontradas no Novo Testamento (majoritariamente escrito por anti-semitas.) O que é particularmente
odioso nesta história sem sentido é que é aparentemente uma distorção de uma história mais antiga que
clamava que os Judeus tinham pedido para Jesus Cristo ser liberto. O nome "Barrabás" é simplesmente a
forma Grega do Aramaico "bar Abba", que significa "filho do Pai". Assim, "Jesus Barrabás" originalmente
significava "Jesus o filho do Pai", em outras palavras o usual Jesus Cristão. Quando a história antiga
clamava que os Judeus queriam que Jesus Barrabás fosse solto, estava a referir-se ao Jesus usual. Alguém
distorceu a história afirmando que Jesus Barrabás era uma pessoa diferente de Jesus Cristo e isto enganou
os Cristãos Romanos e Gregos, que não sabiam o significado do nome "Barrabás".
Finalmente, a afirmação de que o Jesus ressurreto apareceu aos seus discípulos é também baseada em
superstições pagãs. Na mitologia Romana, Rômulo, nascido de uma virgem, apareceu ao seu amigo na
estrada antes de ser levado para o céu (o tema de ser levado para o céu é encontrado em grande número
de mitos e lendas pagãs, e até em histórias Judaicas.). Foi afirmado que Apolônio de Tyana também tinha
aparecido aos seus discípulos depois de ter ressuscitado. É interessante de notar que o Apolônio histórico
107
nasceu mais ou menos ao mesmo tempo em que o mítico Jesus era suposto ter nascido. Em lendas, as
pessoas afirmavam que ele tinha executado muitos milagres, que eram idênticos àqueles atribuídos a
Jesus, tal como exorcismos de demônios e o de trazer novamente a vida a uma menina morta.
Quando confrontados com missionários Cristãos, deve-se apontar tanta informação quanta for possível
acerca das origens do Cristianismo e do mito de Jesus. Quase nunca os irás conseguir convencer de que o
Cristianismo é uma falsa religião. Não poderás provar para além de todas as dúvidas de que a história de
Jesus surgiu da maneira que nós afirmamos, uma vez que muita da evidência é circunstancial. De fato, não
podemos ter a certeza da origem precisa de muitos pontos particulares da história de Jesus. Isto não
interessa. O que é importante é que tu próprio compreendas que existem alternativas lógicas à crença
cega nos mitos Cristãos e que pode ser lançada uma dúvida racional sobre a narrativa do Novo
Testamento.
A FALTA DE EVIDÊNCIA HISTÓRICA PARA JESUS
A resposta Cristã habitual para os que questionam a historicidade de Jesus é manusear vários documentos
como "evidência histórica" para a existência de Jesus. Eles normalmente começam com os evangelhos
canônicos, ou seja, O Evangelho segundo S. Mateus, O Evangelho segundo S. Marcos, O Evangelho
segundo S. Lucas e O Evangelho segundo S. João. A afirmação habitual é a de que estes são "registros de
testemunhas oculares sobre a vida de Jesus feita pelos seus discípulos”. A resposta a este argumento pode
ser resumido numa palavra – pseudepigráfico. Este termo refere-se a trabalhos de escrita cujos autores
ocultam as suas verdadeiras identidades atrás de nomes de personagens lendárias do passado. A escrita
pseudepigráfico era particularmente popular entre os Judeus durante os períodos Asmoneu e Romano, e
este estilo de escrita foi adotado pelos primeiros Cristãos.
Os evangelhos canônicos não são os únicos evangelhos. Por exemplo, há também evangelhos de Maria,
Pedro, Tomé e Filipe. Estes quatro evangelhos são reconhecidos como sendo pseudepigráfico tanto por
escolares Cristãos como não Cristãos. Eles providenciam uma informação histórica ilegítima dado que
foram baseados em rumores e crenças. A existência destes óbvios evangelhos pseudepigráfico faz com
que seja bastante racional suspeitar que os evangelhos canônicos poderão também ser pseudepigráfico. O
fato de que os primeiros Cristãos escreviam evangelhos pseudepigráfico sugere que isto era de fato a
norma. Deste modo, é quando os missionários afirmam que os evangelhos canônicos não são
pseudepigráfico que requer provas.
O Evangelho segundo S. Marcos é escrito no nome de S. Marcos, o discípulo do mítico S. Pedro (S. Pedro é
majoritariamente baseado no deus pagão Petra, que era o porteiro do céu e da vida depois da morte na
religião egípcia.) Até na mitologia Cristã S. Marcos não era discípulo de Jesus, mas um amigo de S. Paulo e
S. Lucas. O Evangelho segundo S. Marcos foi escrito antes do Evangelho segundo S. Mateus e do
Evangelho segundo S. Lucas (c. de 100 D.C.), mas depois da destruição do Templo em 70 D.C., que
menciona. Muitos Cristãos acreditam que foi escrito em c. 75 D.C. Esta data não é baseada em História,
mas na crença de que um histórico S. Marcos escreveu o evangelho na sua velhice. Isto não é possível,
dado que o estilo de linguagem usada em S. Marcos mostra que foi escrita (provavelmente em Roma) por
um Romano convertido ao Cristianismo, cuja primeira língua era Latim e não Grego, Hebreu ou Aramaico.
De fato, como todos os outros evangelhos são escritos em nome de personagens lendárias do passado, o
Evangelho segundo S. Marcos foi provavelmente escrito muito depois de algum Marcos histórico (se houve
um) ter morrido. O conteúdo do Evangelho segundo S. Marcos é uma seleção de mitos e lendas que foram
juntos de forma a formar uma narrativa contínua. Não há provas de que tenha sido baseado em qualquer
fonte histórica de confiança. O Evangelho segundo S. Marcos foi alterado e editado muitas vezes, e a
versão moderna provavelmente data de cerca de 150 D.C. Clemente de Alexandria (c. de 150 D.C. – c. de
215 D.C.) queixou-se acerca das versões alternativas deste evangelho, que ainda circulavam no seu tempo
(os Carpocratians, uma primeira facção Cristã, considerava a pederastia como sendo uma virtude, e
108
Clemente queixou-se da sua versão do Evangelho segundo S. Marcos, que contava as explorações
homossexuais de Jesus com rapazes novos!.)
O Evangelho segundo S. Mateus certamente não foi escrito pelo apóstolo S. Mateus. A personagem de S.
Mateus é baseada na personagem histórica chamada Mattai, que era um discípulo de Yeishu Ben
Pandeira (Yeishu, que viveu nos tempos Asmoneus, foi uma das várias pessoas históricas em quem a
personagem de Jesus foi baseada.) O Evangelho segundo S. Mateus foi originalmente anônimo e só foi lhe
foi imputado o nome de S. Mateus algures durante a primeira metade do segundo século D.C. A forma
primitiva foi provavelmente escrita mais ou menos ao mesmo tempo do Evangelho de S. Lucas (c. de 100
D.C.), pois nenhum dos dois parece saber do outro. Foi alterado e editado até cerca de 150 D.C. Os
primeiros dois capítulos, que tratam da virgem a dar à luz, não estavam na versão original, e os Cristãos
de Israel com descendência Judaica preferiram esta primeira versão. Para suas fontes, usou o Evangelho
segundo S. Marcos e uma colecção de ensinamentos referidos como a Segunda Fonte (ou o Documento Q.)
A Segunda Fonte não sobreviveu como um documento isolado, mas todos os seus conteúdos são
encontrados no Evangelho segundo S. Marcos e no Evangelho segundo S. Lucas. Todos os ensinamentos aí
contidos podem ser encontrados no Judaísmo. Os ensinamentos mais razoáveis podem ser encontrados no
Judaísmo ortodoxo, enquanto que os menos razoáveis podem ser encontrados no Judaísmo sectário. Não
há nada nele que requeira a nossa suposição da existência de um Jesus histórico real. Apesar do
Evangelho segundo S. Mateus e do Evangelho segundo S. Lucas atribuírem os ensinamentos neles contidos
a Jesus, a Epístola de S. Tiago atribui-os a S. Tiago. Como foi visto, o Evangelho segundo S. Mateus não
providencia nenhuma evidência histórica para Jesus.
O Evangelho de S. Lucas e o livro dos Atos dos Apóstolos (que eram duas partes de um mesmo trabalho)
foram escritos em nome da personagem mitológica Cristã de S. Lucas, o médico (que provavelmente não
foi uma personagem histórica, mas uma adaptação Cristã do deus Grego da cura Lycos.) Até na mitologia
Cristã S. Lucas não foi um discípulo de Jesus, mas um amigo de S. Paulo. O Evangelho segundo S. Lucas e
os Atos dos Apóstolos usam o livro de Flávio Josefo, "Antiguidades Judaicas", como referência, e assim
não podiam ter sido escritos antes de 93 D.C. Nesta altura, qualquer amigo de S. Paulo estaria ou morto
ou bem senil. De fato, tanto escolares Cristãos como não Cristãos estão de acordo de que as primeiras
versões dos dois livros foram escritas por um Cristão anônimo em c. 100 D.C., e foram alterados e editados
até c. 150 – 175 D.C. Além do livro de Flávio Josefo, o Evangelho segundo S. Lucas e os Atos dos Apóstolos
também usam o Evangelho de S. Marcos e a Segunda Fonte como referências. Apesar de Flávio Josefo ser
considerado mais ou menos de confiança, o autor anônimo muitas vezes lê ou entende mal Flávio Josefo,
e, além disso, nenhuma das informações acerca de Jesus no Evangelho segundo S. Lucas e nos Atos dos
Apóstolos vem de Flávio Josefo. Como se vê, o Evangelho segundo S. Lucas e os Atos dos Apóstolos não
têm valor histórico.
O Evangelho segundo S. João foi escrito em nome do apóstolo S. João, o irmão de S. Tiago, filho de
Zebedeu. O autor do Evangelho segundo S. Lucas usou tantas fontes quantas pode obter, mas ele não
tinha conhecimento do Evangelho segundo S. João. Assim, o Evangelho segundo S. João não podia ter sido
escrito antes do Evangelho segundo S. Lucas (c 100 D.C.) Conseqüentemente, o Evangelho segundo S. João
não podia ter sido escrito pela semi-mítica personagem de S. João, o apóstolo, que era suposto ter sido
morto por Herodes Agripa pouco antes da sua própria morte em 44 D.C. (S. João, o apóstolo, é
aparentemente baseado num histórico discípulo do falso Messias, Theudas, que foi crucificado pelos
Romanos em 44 D.C., e cujos discípulos foram assassinados.) O autor real do Evangelho segundo S. João
foi, de fato, um anônimo Cristão de Éfeso, na Ásia Menor. O fragmento mais velho sobrevivente do
Evangelho segundo S. João data de c. 125 D.C., e assim podemos datar o Evangelho de c. 100 – 125 D.C.
Baseados em considerações estilísticas, muitos escolares diminuem a data para c. 100 – 120 D.C. A
primeira versão do Evangelho segundo S. João não contém o último capítulo, que trata da aparição de
Jesus aos seus discípulos. Tal como os outros Evangelhos, o Evangelho segundo S. João provavelmente só
chegou à sua presente forma por volta de 150 – 175 D.C. O autor do Evangelho segundo S. João usou o
Evangelho segundo S. Marcos frugalmente, e assim pode-se suspeitar que não confiava nele. Ele ou não
109
tinha lido o Evangelho segundo S. Mateus e o Evangelho segundo S. Lucas ou não confiava neles, pois ele
não usa nenhuma informação deles que não tenha sido encontrada no Evangelho segundo S. Marcos.
Grande parte do Evangelho segundo S. João consiste em lendas com óbvias interpretações fundamentais
alegóricas, e pode-se suspeitar que o autor nunca tencionasse que fossem História. O Evangelho segundo
S. João não contém nenhuma informação de fontes históricas de confiança.
Os Cristãos afirmarão que próprio Evangelho segundo S. João declara que é um documento histórico
escrito por S. João. Esta pretensão é baseada nos versos João 19.34 – 35 e João 21.20 – 24. João 19.34 –
35 não afirma que o Evangelho foi escrito por S. João. Afirma que os eventos descritos nos versos
imediatamente precedentes foram reportados corretamente por uma testemunha. A passagem é ambígua
e não é claro se a testemunha é suposta ser a mesma pessoa que o autor. Muitos escolares são da opinião
de que a ambigüidade é deliberada e que o autor do Evangelho segundo S. João está a tentar arreliar os
seus leitores nesta passagem, bem como nas passagens em que conta histórias miraculosas com
interpretações alegóricas. João 21.20 – 24 também não afirma que o autor é S. João. Afirma que o
discípulo mencionado na passagem é alguém que testemunhou os eventos descritos. É mais uma vez
notavelmente ambíguo no que refere à questão do discípulo ser a mesma pessoa que o autor. É de notar
que esta última passagem é no último capítulo do Evangelho segundo S. João, que não fazia parte do
Evangelho original, mas que foi adicionado como um epílogo por um relator anônimo. Tem de se estar
consciente do fato de que muitas traduções "fáceis de entender" do Novo Testamento distorcem as
passagens mencionadas para remover a ambigüidade encontrada no original Grego (idealmente, uma
pessoa precisa de estar familiarizada com o texto original Grego do Novo Testamento de maneira a evitar
traduções preconceituosas e corrompidas usadas por fundamentalistas e missionários Cristãos.)
De maneira a fazer recuar as suas pretensões de que o Evangelho segundo S. Marcos e o Evangelho
segundo S. Mateus foram escritos pelos "reais" apóstolos S. Marcos e S. Mateus, e que Jesus é uma
personagem histórica, os missionários muitas vezes chamam a atenção para o assim chamado
"testemunho de Papias". Papias foi o bispo de Hierápolis (perto de Éfeso) em meados do segundo século
D.C. Nenhum dos seus escritos sobreviveu, mas o historiador Cristão Eusébio (c. 260 – 339 D.C.), no seu
livro História Eclesiástica (escrito c. 311 – 324 D.C.) parafraseou certas passagens do livro de Papias
"Exposition of the Oracles of the Lord" (escrito c. 140 – 160 D.C.) Nestas passagens, Papias afirma que
tinha conhecido as filhas do apóstolo S. Filipe, e também reportou várias histórias que afirmou terem
vindo de pessoas chamadas Aristion e João, o Ansião, que ainda estariam vivos durante a sua própria
vida. Eusébio parece ter pensado que Aristion e João, o Ansião eram discípulos de Jesus. Papias afirmava
que João, o Ansião tinha dito que S. Marcos tinha sido o intérprete de S. Pedro e tinha escrito exatamente
tudo o que S. Pedro tinha escrito sobre Jesus. Papias também afirmou que S. Mateus tinha compilado
todos os "oráculos" em Hebreu, e todos os tinham interpretado o melhor que podiam. Nada disto, no
entanto, providencia uma evidência histórica legítima de Jesus nem suporta a crença de que o Evangelho
segundo S. Marcos e o Evangelho segundo S. Mateus foram realmente escritos por apóstolos ostentando
aqueles nomes. Papias foi um blasonador e não é de nenhuma maneira certa de que ele tenha sido
honesto quando afirmou ter conhecido as filhas de S. Filipe. Mesmo que tivesse, isto iria, no máximo,
provar que o apóstolo S. Filipe da mitologia Cristã tinha sido baseado numa personagem histórica. Papias
nunca afirmou explicitamente que tinha conhecido Aristion e João, o Ansião. Além do mais, só porque
Eusébio no século IV acreditou que tinham sido discípulos de Jesus não quer dizer que tenham sido. Nada é
conhecido sobre quem realmente seria Aristion. Ele não é certamente um dos discípulos na usual tradição
Cristã. Já vi livros em que certos fundamentalistas Cristãos afirmam que João, o Ansião era o apóstolo S.
João, o filho de Zebedeu, e que ele ainda estaria vivo quando Papias era jovem. Eles também afirmam que
Papias viveu entre c. 60 – 130 D.C., e que ele escreveu o seu livro em c. 120 D.C. Estas datas não são
baseadas em nenhuma legítima evidência e são um completo disparate: Papias foi bispo de Hierápolis em
c. 150 D.C. e como foi já mencionado o seu livro foi escrito algures no período c. 140 – 160 D.C. Puxando a
data para Papias para 60 D.C., ainda não o coloca durante o tempo de vida do apóstolo S. João, que, de
acordo com as lendas Cristãs normais, foi morto em 44 D.C. Além disso, é improvável que João, o Ansião
tenha tido alguma coisa a haver com S. João, o apóstolo. De acordo com Epifânio (c. 320 – 403), um
110
primitivo Cristão chamado João, o Ansião tinha morrido em 117 D.C. Teremos mais a dizer sobre ele
quando discutirmos as três epístolas atribuídas a S. João. Qualquer que seja o caso, as histórias que Papias
colecionou eram sendo contadas pelo menos uma década depois de os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos
terem sido escritos, e refletem rumores e superstições infundadas acerca das origens destes livros. Em
particular, a história acerca de S. Marcos obtida de João, o Ansião, não é mais que uma elaboração
superficial da lenda acerca de S. Marcos encontrada nos Atos dos Apóstolos, e assim não nos diz nada
acerca das verdadeiras origens do Evangelho segundo S. Marcos. A história acerca de S. Mateus escrever
os "oráculos" é simplesmente um rumor, e além disso, não tem nada a haver com o Evangelho segundo S.
Mateus. O termo "oráculos" pode apenas ser entendido como uma referência à coleção de escritos
conhecidos como Oracles of the Lord, que é referido no título do livro de Papias, e que com toda a
probabilidade é a mesma coisa que a Segunda Fonte, não o Evangelho segundo S. Mateus.
Além dos Evangelhos canónicos e dos Atos dos Apóstolos, os missionários também tentam usar as várias
epístolas Cristãs como prova da história de Jesus. Eles afirmam que as epístolas são cartas escritas por
discípulos e seguidores de Jesus. No entanto, epístolas (do Grego epistolē, significando mensagem ou
ordem) são livros, escritos sob forma de cartas (usualmente de personagens lendárias do passado), que
expõem doutrinas e instruções religiosas. Esta forma de escrita religiosa foi usada pelos Judeus nos
tempos Greco-Romanos (a mais famosa epístola Judaica é a Epístola de Jeremias, que é uma prolongada
condenação da idolatria, escrita durante o período Helênico na forma de carta pelo profeta Jeremias à
população de Jerusalém mesmo antes deles terem sido exilados para a Babilônia.). Como no caso dos
Evangelhos, há epístolas Cristãs que não estão contidas no Novo testamento, que escolares tanto Cristãos
como não-Cristãos concordam serem epístolas pseudepigráficas e de nenhum valor histórico, pois expõem
crenças e não História. A existência de epístolas pseudepigráficas, e verdadeiramente todo o conceito de
uma epístola, sugere que as epístolas eram normalmente pseudepigráficas. Ainda assim, são as
afirmações dos missionários e Cristãos fundamentalistas de que as epístolas canônicas são cartas
genuínas que requerem provas.
A Epístola de S. Judas é escrita em nome de Jude (Judas), o irmão de S. Tiago. De acordo com o Evangelho
segundo S. Marcos e o Evangelho segundo S. Mateus, Jesus tinha irmãos chamados Judas e Tiago.
Comparando com outros escritos mostra que a Epístola de S. Judas foi escrita em c. 130 D.C., e assim é
obviamente pseudepigráfico. No entanto, não há nenhuma evidência que o seu autor usou alguma fonte
histórica legítima no que se refere a Jesus.
Duas das epístolas canônicas são escritas em nome de S. Pedro. Dado que S. Pedro é uma adaptação da
divindade pagã egípcia Petra, estas epístolas certamente não foram escritas por ele. O estilo e o caráter
da Primeira Epístola de S. Pedro sozinhos mostram que não pode ter sido escrita antes de 80 D.C. Até de
acordo com a lenda Cristã, S. Pedro era suposto ter morrido no decurso das perseguições instigadas por
Nero em c. 64 D.C. e, portanto ele não poderia ter escrito a epístola. O autor do Evangelho segundo S.
Lucas e dos Atos dos Apóstolos usou todas as fontes escritas que conseguiu obter e tendia a usá-los
indiscriminadamente, no entanto ele não menciona quaisquer epístolas de S. Pedro. Isto mostra que a
Primeira Epístola de S. Pedro foi provavelmente escrita depois do Evangelho segundo S. Lucas e dos Atos
dos Apóstolos (c. 100 D.C.) Nenhuma das referências a Jesus na Primeira Epístola de S. Pedro é tirada de
fontes históricas, mas em vez disso reflete crenças e superstições. A Segunda Epístola de S. Pedro é uma
declaração contra os Marcionistas, e, portanto deve ter sido escrita em c. 150 D.C. Como se vê, é
claramente pseudepigráfico. A Segunda Epístola de S. Pedro usa como fontes: a história da transfiguração
de Jesus encontrada no Evangelho segundo S. Marcos, Evangelho segundo S. Mateus e Evangelho segundo
S. Lucas, o Apocalipse de S. Pedro e a Epístola de S. Judas. O não canônico Apocalipse de S. Pedro (escrito
algures no primeiro quarto do segundo século D.C.) é reconhecido como sendo não-histórico até pelos
fundamentalistas Cristãos. Assim, a Segunda Epístola de S. Pedro também não usa qualquer fonte
histórica legítima.
111
Agora voltamo-nos para as epístolas supostamente escritas por S. Paulo. A Primeira Epístola de S. Paulo a
Timóteo avisa contra o trabalho Marcionista conhecido como Antithesis. Marcion foi expulso da Igreja de
Roma em c. 144 D.C. e a Primeira Epístola de S. Paulo a Timóteo foi escrita pouco depois. Como se vê,
temos novamente um caso claro de pseudepigrafia. A Segunda Epístola de S. Paulo a Timóteo e a Epístola
de S. Paulo a Tito foram escritas pelo mesmo autor e datam de cerca do mesmo período. Estas três
epístolas são conhecidas como as "epístolas pastorais". As 10 restantes epístolas "não-pastorais" escritas
no nome de S. Paulo eram conhecidas por Marcion em c. 140 D.C. Algumas delas não foram escritas
somente no nome de S. Paulo, mas estão na forma de cartas escritas por S. Paulo em colaboração com
vários amigos como Sosthenes, Timóteo e Silas. O autor do Evangelho segundo S. Lucas e dos Atos dos
Apóstolos usou todas as vias para obter todas as fontes disponíveis e tendeu a usá-las
indiscriminadamente, mas ele não usou nada das epístolas Paulinas. Podemos então concluir que as
epístolas não-pastorais foram escritas depois do Evangelho segundo S. Lucas e dos Atos dos Apóstolos no
período c. 100 - 140 D.C. A não-canónica Primeira Epístola de Clemente aos Coríntios (escrita c. 125 D.C.)
usa a Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios como fonte, e, portanto podemos reduzir a data para
essa epístola para 100 - 125 D.C. No entanto, ficamos com a conclusão de que todas as epístolas Paulinas
são pseudepigráficas (o semi-mítico)S. Paulo era suposto ter morrido durante as perseguições instigadas
por Nero em c. 64 D.C.) Algumas das epístolas Paulinas aparentam terem sido alteradas e revistas
numerosas vezes antes de terem chegado às suas formas modernas. Como fontes usam-se mutuamente, e
ainda os Atos dos Apóstolos, o Evangelho segundo S. Marcos, o Evangelho segundo S. Mateus, o
Evangelho segundo S. Lucas e a Primeira Epístola de S. Pedro. Podemos então concluir que não
providenciam nenhuma evidência histórica de Jesus.
A Epístola aos Hebreus é uma epístola particularmente interessante, dado que não é pseudepigráfico, mas
completamente anônima. O seu autor nem revela o seu próprio nome nem escreve em nome de uma
personagem mitológica Cristã. Os Cristãos fundamentalistas clamam ser outra epístola de S. Paulo e de
facto chamam-lhe Epístola de S. Paulo aos Hebreus. Esta ideia, aparentemente datando do final do quarto
século D.C., não é no entanto aceite por todos os Cristãos. Como fonte para a sua informação sobre Jesus
usa material comum ao Evangelho segundo S. Marcos, ao Evangelho segundo S. Mateus e ao Evangelho
segundo S. Lucas, mas não fontes legítimas. O autor da Primeira Epístola de São Clemente usou-o como
fonte, e, portanto deve ter sido escrita antes dessa epístola (c. 125 D.C.), mas depois de, pelo menos, o
Evangelho segundo S. Marcos (c. 75 - 100 D.C.)
A Epístola de S. Tiago é escrita no nome de um servo de Jesus chamado Tiago (ou Jacobus (Yacoov).
No entanto, na mitologia Cristã havia dois apóstolos chamados Tiago e Jesus também tinha um irmão
chamado Tiago. Não é claro qual dos Tiago é o pretendido, e não há entendimento entre os próprios
Cristãos. Cita declarações da Segunda Fonte, mas ao contrário do Evangelho segundo S. Mateus e do
Evangelho segundo S. Lucas não atribui estas declarações a Jesus, mas apresenta-as como sendo de S.
Tiago. Contém um importante argumento contra a doutrina da "salvação através da fé" exposta na
Epístola de S. Paulo aos Romanos. Podemos então concluir que foi escrita durante a primeira metade do
segundo século D.C., depois da Epístola aos Romanos mas antes do tempo em que o Evangelho segundo S.
Mateus e o Evangelho segundo S. Lucas foi aceite por todos os Cristãos. Assim, indiferentemente de qual
seja o S. Tiago pretendido, a Epístola de S. Tiago é pseudepigráficas. Não diz quase nada de Jesus e não há
evidência de que o autor tinha quaisquer fontes históricas para ele.
Há três epístolas com o nome do apóstolo S. João. Nenhuma delas é, de fato, escrita no nome de S. João, e
provavelmente só lhas foram atribuídas algum tempo depois de terem sido escritas. A Primeira Epístola de
S. João, tal como a Epístola aos Hebreus, é completamente anônima. A ideia de que foi escrita por S. João
vem do fato de que usa o Evangelho segundo S. João como fonte. As outras duas epístolas com o nome de
S. João foram escritas por um único autor que em vez de escrever em nome de um apóstolo, escolheu
simplesmente chamar-se "o Ancião". A ideia de que estas duas epístolas foram escritas por S. João nasceu
das crenças de que "o Ancião" se referia a João, o Ancião, e que ele era a mesma pessoa que o apóstolo S.
112
João. No caso da Segunda Epístola de S. João, esta crença foi reforçada pelo fato de que essa epístola
também usa o Evangelho segundo S. João como fonte. Podemos então concluir que as primeiras duas
epístolas atribuídas a S. João foram escritas depois do Evangelho segundo S. João (c. 110 -120 D.C.)
Conseqüentemente, nenhuma das três epístolas poderia ter sido escrita pelo apóstolo S. João. Deve-se
apontar que é bastante possível que o pseudônimo "o Ancião" se refira à pessoa chamada João, o Ancião,
mas se tal assim é, ela não é certamente o apóstolo S. João. As primeiras duas epístolas de S. João apenas
usam o Evangelho segundo S. João como fonte para Jesus; elas não usam nenhumas fontes legítimas. A
Terceira Epístola de S. João menciona "Cristo" escassamente e não há evidências de que tenha usado
quaisquer fontes históricas para ele.
Além das epístolas com o nome de S. João, o Novo Testamento também contém um livro conhecido como
Apocalipse do Apóstolo S. João. Este livro combina duas formas de escrita religiosa, a da epístola e a do
apocalipse (apocalipses são trabalhos religiosos que são escritos na forma de revelação acerca do futuro
por uma personagem famosa do passado. Estas revelações geralmente descrevem eventos infelizes que
ocorrem no tempo em que foram escritas, e também oferecem alguma esperança ao leitor de que as
coisas irão melhorar.) Não é certo por quantas revisões passou o Apocalipse do Apóstolo S. João, e assim é
difícil datá-la precisamente. Dado que menciona as perseguições instigadas por Nero, podemos dizer com
certeza que não foi escrita antes de 64 D.C. Assim sendo, não poderia ter sido escrita pelo "verdadeiro S.
João". Os primeiros versos formam uma introdução que é claramente entendida como não sendo de S.
João, e que providencia uma vaga admissão de que o livro é pseudepigráfico, apesar do autor sentir que a
sua mensagem é inspirada por Deus. O estilo de escrita e as referências à prática de kriobolium (baptismo
em sangue de ovelha) sugerem que o autor era dessas pessoas de descendência Judaica que misturavam o
Judaísmo com práticas pagãs. Havia muitos destes "Judeus pagãos" durante os tempos Romanos, e foram
estas pessoas que se tornaram nos primeiros convertidos aos Cristianismo, estabeleceram as primeiras
igrejas, e que foram provavelmente também responsáveis pela introdução de mitos pagãos na história de
Jesus (eles são também lembrados pela sua crença ridícula de que "Adonai Tzevaot" era o mesmo que o
deus pagão "Sebazios".). As referências a Jesus no livro são poucas e não há evidências de que são
baseadas em nada mais que crença.
Além das epístolas aceites no Novo Testamento, e além das epístolas que são unanimemente
reconhecidas como não tendo qualquer valor (como a Epístola de Barnabas), existem também várias
epístolas que embora não aceites no Novo Testamento são consideradas de valor por alguns Cristãos.
Primeiramente, há as epístolas com o nome de Clemente. Na lenda Cristã, S. Clemente foi o terceiro na
sucessão a S. Pedro como bispo de Roma. A Primeira Epístola de S. Clemente aos Coríntios não é, de fato,
escrita em nome de Clemente, mas no nome da "Igreja de Deus que estadia em Roma". Refere-se a uma
perseguição que é geralmente pensada como tendo ocorrido em 95 D.C., no reinado de Domiciano, e
refere-se à exoneração dos anciãos da Igreja de Corinto em c. 96 D.C. Os Cristãos acreditam que S.
Clemente foi bispo de Roma durante esta altura, e esta é aparentemente a razão pela qual a epístola lhe
foi mais tarde atribuída. Os Cristãos fundamentalistas acreditam que a epístola foi de fato escrita em 96
D.C. Esta data não é possível dado que a epístola se refere a bispos e a padres como grupos separados,
uma divisão que não tinha ainda tomado lugar. Considerações estilísticas mostram que foi escrita em c.
125 D.C. Como referências usam a Epístola aos Hebreus e a Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios,
mas nenhuma legítima fonte histórica. A Segunda Epístola de S. Clemente é de um autor diferente do
primeiro e foi escrita mais tarde. Podemos então concluir que também não foi escrita por S. Clemente (não
há evidências de que qualquer uma destas epístolas tenha sido atribuída a S. Clemente antes da sua
incorporação na coleção de livros conhecida como o Codex Alexandrinos, no século quinto D.C.) Como
fontes para Jesus, a _Segunda Epístola de S. Clemente usa o Evangelho dos Egípcios, um documento que é
rejeitado até pelos mais fundamentalistas Cristãos, e também os livros do Novo Testamento que
mostramos serem de nenhum valor. Assim, e uma vez mais, não temos nenhuma legítima evidência de
Jesus.
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A seguir, temos as epístolas escritas no nome de Inácio. De acordo com a lenda, St. Inácio era o bispo de
Antioquia que foi morto durante o reinado de Trajano c. 110 D.C. (apesar de ele ser provavelmente
baseado numa personagem histórica real, as lendas acerca do seu martírio são largamente ficcionais.)
Existem quinze epístolas escritas no seu nome. Destas, oito são unanimemente reconhecidas como sendo
pseudepigráficas e de nenhum valor no que respeita a Jesus. As restantes sete têm cada uma duas formas,
uma maior e outra mais pequena. As formas maiores são claramente edições alteradas e revistas das
formas mais pequenas. Os fundamentalistas Cristãos clamam que as formas mais pequenas são as cartas
genuínas escritas por St. Inácio. A Epístola de St. Inácio aos Esmirnenses menciona a tripla ordenação de
bispos, padres e diáconos, que ainda não tinha tido lugar quando da morte de St. Inácio, que ocorreu o
mais tardar em 117 D.C,. e que provavelmente teve lugar c. 110 D.C. Todas as sete pequenas epístolas
atacam várias crenças Cristãs, hoje consideradas heréticas, que só se tornou prevalecente c. 140 – 150 D.C.
A Epístola de St. Inácio aos Romanos mais pequena contém uma citação dos escritos de St. Irineu, escrito
depois de 170 D.C. e publicada c. 185 D.C. Podemos então concluir que as sete epístolas mais curtas são
também pseudepigráficas. A Epístola de St. Inácio aos Romanos mais curta foi certamente escrita depois
de 170 D.C. (de fato, se não foi escrita por St. Irineu então foi provavelmente escrita depois de c. 185 D.C.)
e as outras seis foram escritas não antes do período c. 140 – 150 D.C., se não mais tarde. Não há fontes
para Jesus nas epístolas de St. Inácio que não sejam os livros do Novo Testamento e os escritos de St.
Irineu, que apenas usa o Novo Testamento. Portanto, elas contêm nenhuma evidência legítima para Jesus.
Há também mais duas epístolas que os Cristãos afirmam serem cartas genuínas, a saber, a Epístola de S.
Policarpo e o Martírio de S. Policarpo. As epístolas de St. Inácio e as epístolas que dizem respeito a S.
Policarpo foram sempre estreitamente associadas. É bastante possível que tenham todas sido escritas
pelo escritor Cristão St. Irineu e seus discípulos. Houve certamente uma primitiva personagem histórica
real Cristã chamada Policarpo. Ele foi bispo de Esmirna e foi morto pelos Romanos algures no período de
155 – 165 D.C. Quando St. Irineu era um rapaz, conheceu S. Policarpo. Fundamentalistas Cristãos afirmam
que S. Policarpo era o discípulo do apóstolo S. João. No entanto, mesmo que aceitemos a lenda de que S.
Policarpo tenha vivido até à idade de 86, ele não poderia ter nascido antes de 67 D.C., e portanto não
poderia ter sido discípulo de S. João (é possível que tenha sido discípulo do enigmático João, o Ansião.)
Como St. Irineu tinha conhecido S. Policarpo, também assumiram que St. Irineu era de fato seu discípulo,
uma pretensão para a qual não há evidências. A Epístola de S. Policarpo usa a maior parte dos livros do
Novo Testamento e as epístolas de St. Inácio como referências, mas não usa fontes legítimas para Jesus.
Os Cristãos que rejeitam as epístolas de St. Inácio mas que acreditam ser a Epístola de S. Policarpo uma
carta genuína afirmam que as referências às epístolas de Inácio são uma inserção tardia. Esta ideia é
baseada em inclinações pessoais, e não em nenhuma evidência genuína. Baseada numa crença cega que a
epístola é uma carta genuína, alguns Cristãos datam-na de meados do segundo século D.C., pouco antes
da morte de S. Policarpo. No entanto, as referências às epístolas de St. Inácio sugere que foi de fato
escrita algures durante as últimas décadas do segundo século D.C., pelo menos cerca de uma década
depois da morte de Policarpo, se não mais tarde.
O Martírio de S. Policarpo é escrito em nome da "Igreja de Deus que estadia em Esmirna". Começa na
forma de carta, mas o seu corpo principal é escrito na forma de uma história vulgar. Fala-nos do conto do
martírio de S. Policarpo. Tal como a Epístola de S. Policarpo, foi escrita algures durante as últimas décadas
do segundo século D.C. Infelizmente, não existe evidência de que tenha usado quaisquer fontes de
confiança para a sua história, apenas rumores e boatos. De facto, a história parece ser altamente
ficcional. As referências a Jesus não são tiradas de qualquer fonte de confiança.
Assim, vimos que as epístolas usadas pelos missionários como "evidências" são tão ilegítimas como os
evangelhos. Ainda assim, o leitor deve ter em atenção as traduções fáceis de entender do Novo
Testamento, dado que elas chamam ás epístolas "cartas", e portanto implicando incorretamente que elas
são na verdade cartas escritas pelas pessoas das quais levaram o nome.
114
Agora, além dos livros do Novo Testamento, e além das epístolas relativas a S. Clemente, St. Inácio e S.
Policarpo, há ainda mais um trabalho religioso Cristão que os Cristãos afirmam ser uma evidência
histórica de Jesus, a saber, os Ensinamentos dos Doze Apóstolos, também conhecido como o Didache.
Todos os outros primitivos trabalhos religiosos Cristãos ou são totalmente rejeitados pelos modernos
Cristãos ou pelo menos reconhecidos como não sendo fontes primárias no que respeita a Jesus. O Didache
começou como documento sectário Judeu, provavelmente escrito durante o período de tumulto em c. 70
D.C. A sua forma primitiva consistia em ensinamentos morais e predições da destruição da corrente ordem
mundial. Esta primeira versão, que obviamente não mencionava Jesus, foi tomada pelos Cristãos, que o
reviram e alteraram bastante, adicionando uma história de Jesus e regras de culto para as primeiras
comunidades Cristãs. Os escolares estimam que a primeira versão Cristã do Didache não poderia ter sido
escrita muito depois de 95 D.C. Provavelmente só chegou à sua forma final por volta c. 120 D.C. Parece ter
servido uma comunidade Cristã isolada na Síria como uma "Ordem da Igreja" durante o período c. 100 –
130 D.C. No entanto, não há evidências de que a sua história de Jesus tenha sido baseada em qualquer
fonte de confiança, e como havemos mencionado, a primitiva versão Judaica não tinha nada a haver com
Jesus. De facto, este documento providencia informação de que o mito de Jesus cresceu gradualmente. Tal
como o Evangelho segundo S. Marcos e as primeiras versões do Evangelho segundo S. Mateus, a história
de Jesus no Didache não faz menção de um nascimento de uma virgem. Não faz menção dos fantásticos
milagres que foram mais tarde atribuídos a Jesus. Apesar de Jesus ser referido como "filho" de Deus,
parece que este termo é usado simbolicamente. A evidência que temos em relação à origem do mito da
crucificação sugere que uma das coisas que levou a este mito era o fato da cruz ser o símbolo astrológico
do Equinócio Vernal, que ocorre perto da Passagem, quando se acredita que Jesus tenha sido morto.
Assim, não é de surpreender que a história no Didache não mencione Jesus a ser crucificado, apesar de
mencionar uma cruz no céu como símbolo de Jesus. Os doze apóstolos mencionados no título do Didache
não aparecem como doze reais discípulos de Jesus, e o termo referem-se claramente aos doze filhos de
Jacob que representam as doze tribos de Israel. Assim, o Didache providencia pistas vitais no que respeita
ao crescimento do mito de Jesus, mas certamente não providencia qualquer evidência de um Jesus
histórico.
Dado que nenhum dos textos religiosos Cristãos providencia nenhuma evidência aceitável de Jesus,nem
teologicamente como já vimos nem historicamente, os missionários voltam-se a seguir para textos nãoCristãos. Os Cristãos afirmam que vários historiadores de confiança registraram informação acerca de
Jesus. Apesar de alguns destes historiadores serem mais ou menos aceites, veremos que não eles não
providenciam qualquer informação acerca de Jesus.
Primeiramente, os Cristãos afirmam que o historiador Judeu Flávio Josefo registrou informações acerca de
Jesus no seu livro Antiguidades Judaicas (publicado c. 93 – 94 D.C.) É verdade que este livro contém
informações sobre os três falsos Messias, Yehuda da Galileia, Theudas e Benjamim, o Egípcio, e é verdade
que a personagem de Jesus parece ser baseada em todos eles, mas nenhum deles pode ser considerado
como o Jesus histórico. Além do mais, no livro dos Atos dos Apóstolos, estas pessoas são mencionadas
como sendo pessoas diferentes de Jesus, e assim o Cristianismo moderno rejeita alguma relação entre eles
e Jesus. Nas edições Cristãs revistas das Antiguidades Judaicas, há duas passagens que se referem a Jesus
como está retratado nos trabalhos religiosos Cristãos. Nenhumas destas passagens são encontradas na
versão original das Antiguidades Judaicas, que foi preservada pelos Judeus. A primeira passagem
(XVII,3,3) foi citada pela escrita de Eusébio em c. 320 D.C., e portanto podemos concluir que foi adicionada
algures entre o tempo em que os Cristãos detiveram as Antiguidades Judaicas e c. 320 D.C. Não é
conhecido quando a outra passagem (XX,9,1) foi adicionada. Nenhuma das passagens é baseada em
qualquer fonte de confiança. É fraudulento afirmar que estas passagens foram escritas por Flávio Josefo, e
que elas providenciam evidências para Jesus. Elas foram escritas por redatores Cristãos e são baseadas
puramente na crença Cristã.
A seguir, os Cristãos apontarão para os Anais de Tácito. Nos Anais XV,44, Tácito descreve como Nero
culpou os Cristãos pelo incêndio de Roma em 64 D.C. Ele menciona que o nome "Cristãos" era originário de
115
uma pessoa chamada Christus, que tinha sido executada por Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério. É
certamente verdade que o nome “Cristão” é derivado de Cristo ou Christus (= Messias), mas a afirmação
de Tácito de que ele foi executado por Pilatos durante o reinado de Tibério é baseado puramente nas
afirmações feitas pelos próprios Cristãos e que apareciam nos Evangelho segundo S. Marcos, Evangelho
segundo S. Mateus e Evangelho segundo S. Lucas, que já tinham tido extensa circulação quando os Anais
estavam a ser escritos (os Anais foram publicados depois de 115 D.C. e não foram certamente escritos
antes de 110 D.C.) Portanto, embora os Anais contenham uma frase na qual se fala de "Christus" como
uma verdadeira pessoa, esta frase foi puramente baseada em afirmações e crenças Cristãs, que são de
nenhum valor histórico. É bastante irônico que os modernos Cristãos usem Tácito para suportarem as suas
crenças dado que ele era o menos exato de todos os historiadores Romanos. Ele justifica o ódio aos
Cristãos dizendo que eles cometiam abominações. Além de "Christus", ele também fala de outros deuses
pagãos como se eles realmente existissem. O seu sumário da História do Médio Oriente no seu livro
Histórias é tão distorcido que é ridículo. Podemos concluir que a sua única menção de Christus não pode
ser tida como uma evidência de confiança de um Jesus histórico.
Uma vez Tácito ser rejeitado, os Cristãos afirmarão que uma das cartas de Plínio, o Jovem ao imperador
Trajano providencia evidências de um Jesus histórico (Cartas X,96.) Isto é um disparate. A carta em
questão simplesmente menciona que certos Cristãos tinham maldito "Cristo" para evitarem serem
castigados. Não afirma que este Cristo realmente tenha existido. A carta em questão foi escrita antes da
morte de Plínio em c. 114 D.C., mas depois de ele ser mandado para Bitínia em 111 D.C., provavelmente
no ano 112 D.C. Assim, ela providencia nada mais que uma confirmação do fato trivial de que à volta do
começo da décima segunda década D.C. os Cristãos normalmente não amaldiçoavam algo chamado
"Cristo" apesar de alguns o terem feito para evitarem o castigo. Não providencia nenhuma evidência de
um Jesus histórico.
Os Cristãos irão também afirmar que Suetônio registrou evidências de Jesus no seu livro As Vidas dos
Imperadores (também conhecido como Os doze Césares.) A passagem em questão é Cláudio 25, onde
menciona que o imperador Cláudio expulsou os Judeus de Roma (aparentemente em 49 D.C.) porque eles
causavam distúrbios contínuos instigados por um certo Chrestus. Se assumirmos cegamente que
"Chrestus" se refere a Jesus, então, se é que, esta passagem contradiz a história Cristã de Jesus dado que
Jesus era suposto ter sido crucificado quando Pôncio Pilatos era procurador (26 – 46 D.C.) durante o
reinado de Tibério, e além do mais, ele nunca foi suposto ter estado em Roma! Suetônio viveu durante o
período c. 75 – 150 D.C., e o seu livro, As Vidas dos Imperadores, foram publicados durante o período 119
– 120 D.C., tendo sido escrito algum tempo depois da morte de Domiciano em 96 D.C. Assim sendo, o
evento que ele descreve ocorreu pelo menos 45 anos antes de ele ter escrito acerca disso, e assim não
podemos ter a certeza da sua exatidão. O nome Chrestus é derivado do Grego Chrestos, que significa "o
bom" e não é o mesmo que Christ ou Christus que são derivados do Grego Christos, que significa "o
ungido/Messias". Se tomarmos a passagem pelo seu valor nominal ela refere-se a uma pessoa chamada
Chrestus que estava em Roma e que não tinha nada a ver com Jesus ou com qualquer outro "Cristo". O
termo Chrestos era bastante aplicado para os deuses pagãos e muitas das pessoas em Roma chamadas
“Judias” eram na verdade pessoas que misturavam crenças Judaicas com crenças pagãs e que não eram
necessariamente de descendência Judaica. Assim, é também possível que a passagem se refira a conflitos
envolvendo estes "Judeus" pagãos que adoravam um deus pagão (como Sebazios) de título Chrestos. Por
outro lado, as palavras Chrestos e Christos eram muitas vezes confundidas, e assim a passagem poderia
até referir-se a algum conflito envolvendo Judeus que acreditavam que alguma pessoa era o Messias, mas
esta pessoa poderá ou poderá não ter estado realmente em Roma, e por tudo o que sabemos, ele poderá
não ter sido uma verdadeira personagem histórica. Deve-se ter em memória que o evento descrito teve
lugar só alguns anos após a crucificação do falso Messias Theudas em 44 D.C. e que a passagem pode-se
referir aos seus seguidores em Roma. Os Cristãos afirmam que a passagem se refere a Jesus e aos conflitos
que nasceram depois de S. Paulo ter trazido notícias dele a Roma, e que Suetônio apenas se enganou
acerca do próprio Jesus ter estado em Roma. No entanto, esta interpretação é baseada na crença cega em
116
Jesus e nos mitos acerca de S. Paulo e não há nada que sugira ser esta a correta interpretação. Assim,
podemos concluir que Suetônio também falha em providenciar qualquer evidência de um Jesus histórico.
Todos os outros escritores que mencionam Jesus, desde S. Justino, o Mártir no segundo século D.C. aos
últimos intérpretes do mito Cristão no século vinte, basearam todos os seus referências a Jesus nas fontes
que desacreditamos acima. Conseqüentemente, as suas pretensões são de nenhum valor como evidências
históricas. Ficamos então com a conclusão que de que não há absolutamente nenhumas evidências
históricas de confiança e aceitáveis. Todas as referências a Jesus são derivadas das crenças supersticiosas
e mitos da primitiva comunidade Cristã. A maioria destas crenças apenas apareceu após a perseguição de
Nero e a tragédia de 70 D.C. Muitas destas crenças são baseadas nas lendas pagãs acerca dos deuses
Tammuz, Osíris, Attis, Dioniso e o deus sol Mithras. Outros mitos acerca de Jesus parecem ser baseadas
em diferentes e variadas personagens históricas tais como os criminosos condenados Yeishu Ben Pandeira
e Ben Stada, e os falsos Messias crucificados Yehuda, Theudas e Benjamim, mas nenhuma destas pessoas
pode ser considerada como um Jesus histórico.
Bom só restou uma solução para encobrir a verdade, você já ouviu falar que defunto
não fala? Resultado mais de 7000. Milhão de judeus sefarditas mortos na inquisição é
6000.000 de judeus asquenazitas mortos nos campos de concentração.
(Malaquias)Malachi 3:7, “Voltem
para Mim e Eu voltarei para vocês”, e em
Ezequiel 18:27, “Quando o homem perverso dá as costas para as maldades
que cometeu, e faz o que é legal e correto, ele salvará sua alma e dar-lheá
vida”.
Isaías 44:6, “Eu sou o primeiro e eu sou o último e além de Mim não há
outro”.( leia ósseas
“Vede, agora, que Eu e apenas Eu sou o Senhor, não há outro deus Comigo”
(Deuteronômio 32:39) e “Não há nada além de Deus” (Deuteronômio 4:35).
Provérbios (3:17-18) descreve a Torá nestas palavras: “Seus
Caminhos são veredas agradáveis e todas suas trilhas levam à paz.
Ela é uma “Árvore da vida para aqueles que se agarram nela”.
O Rei Salomão disse que o principal objetivo da humanidade é acreditar em
Deus
E cumprir os Seus Mandamentos, como está escrito em Eclesiastes 12:13-14,
“O final das contas, levando-se tudo em consideração é: Tema a Deus e siga
os Seus Mandamentos, porque este é todo o dever do Homem”. leia
Deuteronômio 30:1-14 ensina que este caminho para Deus está
inquestionavelmente a nosso alcance, notem quando os pastores ensinam
que ninguém consegue cumprir a lei,chamam a D,us de mentiroso, isso e
blasfêmia.
117
Um salmo de David. Ó Eterno, quem habitará em teu tabernáculo e quem
ascenderá a Teu Sagrado monte? Salmo 15
Um salmo de David. Ó Eterno, quem habitará em teu tabernáculo e quem ascenderá a Teu
Sagrado monte?
Aquele cujo caminho é de retidão, que prima pela justiça, cujo coração se rende a verdade, que
não tem calúnia em sua língua, que jamais praticou o mal contra seu companheiro nem causo
vergonha ao seu próximo.
O malévolo lhe é repulsivo, mais o temente a D,us concede honra,não anula um juramento
mesmo quando lhe é danoso .
Nunca emprestou a juros, nem aceitou suborno contra o inocente.
Quem desta forma se comporta nunca sucumbirá.
Qual e recompensa pela santidade?
Aqueles que nascem estão destinados a morrer, e aqueles que morreram estão destinados a
viver.
Ética dos Pais, 4:22
Como será o messias esperado por nos
Descendente do Rei David, ele profetizará uma era de paz mundial.
O Messias será um ser humano normal nascido de pais humanos. Conseqüentemente, é possível que até
já tenha nascido.
Semelhantemente, o Messias será mortal. Finalmente, morrerá e deixará seu reino como herança para
seu filho ou sucessor.
A tradição menciona que este será um descendente direto do Rei David, filho de Jesse, como está escrito,
"Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes um renovo." (Isaías 11:1). Da mesma forma, em
nossas orações, pedimos, "que o filho de David floresça," e "que a memória de Mashiach Ben David
surja... perante você." Existem inúmeras famílias judias hoje que podem traçar sua descendência
diretamente ao Rei David é a importância da arvore genealógica para nos judeus .
O Messias será o maior líder e gênio político que o mundo já viu. E, igualmente será o homem mais sábio
que já existiu. Usará seus talentos extraordinários para precipitar uma revolução mundial que trará a
justiça social perfeita para a humanidade, e influenciará todas as pessoas a servirem a D’us com coração
puro.
O Messias também alcançara a profecia e se tornará o maior profeta da história, segundo somente para
Moisés.
Qualidades especiais
O profeta Isaías descreveu seis qualidades com as quais o Messias será santificado: "o espírito do D’us
descansará nele, (1) o espírito de sabedoria e (2) compreensão, (3) o espírito do aconselhamento e (4)
118
grandeza, (5) o espírito do conhecimento e (6) o temor a D’us" (Isaías 11:2). Em todas estas qualidades, o
Messias superará qualquer outro ser humano.
O Messias não se deixará iludir pela falsidade e hipocrisia deste mundo. Terá o poder para entender o
espírito da pessoa, conhecendo assim, seu registro espiritual completo podendo então julgar se é culpado
ou não. Com relação a este poder, está escrito, "Deleitará-se pelo temor a D’us; não julgará pelo que seus
olhos vêem, ou repreenderá pelo que seus ouvidos ouvem" (Isaías 11:3). Este é um sinal pelo qual o
Messias será reconhecido. Porém, similarmente como o presente da profecia, este poder se desenvolverá
gradualmente.
O Messias usará este poder para determinar em qual tribo cada judeu pertence. Então, dividirá a Terra de
Israel em heranças terrestres onde cada tribo receberá sua parte. Começará com a tribo de Levi,
determinando a legitimidade de cada Cohen e Levi. Com relação a isso o profeta escreve, "Ele purificará as
crianças de Levi, e refinará-las como ouro e prata, para se tornarem portadoras de uma oferenda para
D’us com honradez" (Malachi 3:3)Malaquias.
Metas e Missão
A missão do Messias tem seis partes. Sua tarefa principal é fazer com que todo o mundo retorne para D’us
e Seus ensinamentos.
Ele também restabelecerá a dinastia real para os descendentes de David. (Isaías 11:1).
Ele supervisionará a reconstrução de Jerusalém, inclusive o Terceiro Templo. (Yechezkel 37:2628)(Ezequiel)
Ele juntará o povo judeu na Terra de Israel. (Yeshayáhu 43:5-6) (Isaias)
Ele restabelecerá o Sanhedrin, o supremo tribunal religioso e as leis do povo judeu. Esta é uma condição
necessária para a reconstrução do Terceiro Templo, como está escrito, "restituirei os teus juízes, como
eram antigamente, os teus conselheiros, como no princípio; depois te chamarão cidade de justiça, cidade
fiel. Sião será redimida pelo direito, e os que se arrependem, pela justiça “(Isaías 1:26-27).
Este Sanhedrin também poderá reconhecer formalmente o Messias como rei de Israel.
Ele restabelecerá o sistema sacrifícios, como também as práticas do Ano Sabático (Shmitá) e o Ano Jubileu
(Iovel).
Portanto, como Maimonides declara, "Se surgir um governador da família de David, submerso em Torá e
em seus Mandamentos como David e seu antepassado, que siga tanto a Torá Escrita como a Oral, que
conduza Israel de volta a Torá, fortalecendo a observância de suas leis e lutando em batalhas por D’us,
então podemos assumir que ele é o Messias. E se for bem sucedido na reconstrução do Templo em seu
local original e juntar o povo dispersado de Israel, sua identidade como Messias passa a ser uma certeza."
Influência mundial
Assim como os poderes do Messias se desenvolverão, sua fama também o fará. O mundo começará a
reconhecer sua profunda sabedoria e virá buscar seu conselho. Portanto, ensinará toda a humanidade a
viver em paz e seguir os ensinamentos de D’us. Os profetas, deste modo, prenunciam, "Nos últimos dias
acontecerá que o monte da casa do Eterno será estabelecido no cume dos montes, e se elevará sobre os
outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações, e dirão: Vinde e subamos ao monte do
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Eterno, e à casa de D’us de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos e andemos pelas suas veredas;
porque de Sião sairá a lei, e as palavras do Eterno de Jerusalém. Ele (o Messias) julgará entre os povos e
corrigirá muitas nações; estes converterão as suas espadas em relhas de arados, e suas lanças em
podadeiras: uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra."
(Isaías 2:2-4, Miquéias 4:1-3)
Na Era Messiânica muitas pessoas não-judias se sentirão compelidas a se converter ao Judaísmo como o
profeta prenuncia, “Darei a todas as pessoas uma língua pura, para que possam chamar o nome de D’us, e
todos possam servi-Lo de uma só forma” (Zacarias 3:9). Uma vez que o Messias se revele, todavia,
convertidos não serão aceitos.
Ainda, Jerusalém se tornará o centro de adoração e instrução para toda humanidade. Deste modo D’us
disse a Seu profeta, "Voltarei para Sião, e habitarei no meio de Jerusalém; Jerusalém se chamará cidade
fiel; e o monte do Eterno, monte santo " (Zacarias 8:3).
Então começará o período em que os ensinamentos de D’us serão supremos sobre toda humanidade,
como está escrito, "O Eterno reinará no monte Sião e em Jerusalém; perante os seus anciãos (ele revelará
sua) glória " (Isaías 24:23). Todas as pessoas virão para Jerusalém buscando D’us. O profeta Zacarias
descreve este fato graficamente quando diz, "Virão muitos povos, e poderosas nações buscar em
Jerusalém o Eterno e suplicar a Seu favor...naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as
línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu, e lhe dirão: Iremos convosco, porque
temos ouvido que D’us está convosco." (Zacarias 8:22-23).
Em Jerusalém, o povo judeu será estabelecido como professores espirituais e morais de toda humanidade.
Naquele tempo, Jerusalém se tornará a capital espiritual do mundo.
Na Era Messiânica, todas as pessoas acreditarão em D’us e proclamarão Sua Unidade. Desta forma, diz o
profeta, "O Eterno será rei sobre toda terra; naquele dia um só será o Eterno, e um só será seu
nome.”(Zacarias 14:9).
Paz e Harmonia
Na Era Messiânica, inveja e competições pararão de existir, e no lugar delas haverá abundância de coisas
boas e todos os tipos de gentilezas serão tão normais quanto a poeira. Os homens não travarão ou se
prepararão para guerra, como o profeta prenuncia, ". Uma Nação não levantará a espada contra outra
nação, nem aprenderão mais a guerra.” (Isaías 2:4).
Na Era Messiânica, todas as nações viverão pacificamente juntas. Semelhantemente, pessoas de todas os
níveis viverão juntas em harmonia. O profeta comenta este fato alegoricamente quando diz, "O lobo
habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal
cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas
se deitarão; o leão comerá palha como o boi.” (Isaías 11:6-7).
Embora o Messias influencie e ensine toda humanidade, sua missão principal será trazer o povo judeu a
D’us. Deste modo, o profeta diz, "Porque os filhos de Israel ficarão por muitos dias sem rei, sem príncipe,
sem sacrifício, sem coluna, sem estola sacerdotal ou ídolos do lar. Depois tornarão os filhos de Israel e
buscarão ao Eterno seu D’us, e a Davi, seu rei; e nos últimos dias, tremendo se aproximarão do Eterno e
de sua bondade" (Oséias 3:4-5). Igualmente lemos, "O meu servo Davi reinará sobre eles; todos eles terão
um só pastor, andarão nos meus juízos, guardarão os meus estatutos e os observarão.” (Ezequiel 37:24).
Ao passo que a sociedade avança em direção a perfeição e o mundo se torna cada vez mais religioso, a
principal ocupação da humanidade será conhecer a D’us. A verdade será revelada e o mundo inteiro
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reconhecerá que a Torá é o verdadeiro ensinamento de D’us. É o que o profeta quer dizer quando escreve,
"...a terra se encherá de conhecimento do Eterno, como as águas cobrem o mar” (Isaías 11:9). Da mesma
forma, toda a humanidade atingirá os níveis mais altos de Inspiração Divina sem qualquer dificuldade.
Embora o homem ainda tenha o livre arbítrio na Idade Messiânica, ele terá todo o incentivo para fazer o
bem e seguir os ensinamentos de D’us. Será como se o poder do mal estivesse totalmente aniquilado. É o
que o profeta prenuncia, "porque está é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias,
diz o Eterno. Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei...não ensinará
jamais cada um ao seu irmão dizendo: conheça D’us, porque todos Me conhecerão, desde o menor até o
maior deles” (Jeremias 31:33-34).
O profeta também diz em nome de D’us, "Darei vos um coração novo, e porei dentro de vós espírito novo;
tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne” (Ezequiel 36:26), ou seja, a inclinação em
direção ao bem estará tão fortalecida no homem que este não seguirá suas tentações físicas. Pelo
contrário, irá constantemente se fortalecer espiritualmente e andará em direção a servir a D’us e seguir
Sua Torá. Este é o significado da promessa da Torá: "E abrirá o Eterno, teu D’us, teu coração e o coração
de tua descendência, para amares ao Eterno, teu D’us, com todo o coração e com toda tua alma, para que
vivas” (Deuteronômio. 30:6).
Prática religiosa
O Messias não mudará nossa religião de forma alguma. Todos os mandamentos vão estar ligados à Era
Messiânica. Nada será adicionado ou extraído da Torá.
Há uma opinião que diz que os únicos livros da Bíblia que serão regularmente estudados na Era
Messiânica são os Cinco Livros de Moisés (o Pentateuco) e o Livro de Ester (Meguilat Ester). A razão para
isto é que todos os outros ensinamentos dos profetas são derivados da Torá, e já que o Messias revelará
todos os significados da Torá à perfeição, a escrita profética não será mais necessária.
O sistema de sacrifícios será restabelecido na Era Messiânica. Porém, só será aceito o sacrifício de ação de
graças, pois já que o coração do homem será circuncidado o desejo de pecar não mais existirá e os
sacrifícios que serviam para se reconciliar e reparar o erro não serão necessários. Conseqüentemente as
únicas rezas que existirão serão as de ação de graças.
Nossos profetas e sábios não anseiam pela Era Messiânica para que possam mandar no mundo e dominar
a humanidade. Também não desejam que as nações os honre, ou que possam ser capazes de comer,
beber e serem felizes. Só desejam uma coisa: estarem livres para poderem se envolver com a Torá e sua
sabedoria.
Bom como lemos não seremos confundidos com o ante cristo, criado pela igreja católica na esperança de
seus lideres que o messias fosse destruído pelo seguidores,mais diz as escrituras operando eu quem
impediria? O engraçado que o novo testamento diz que da mesma fonte não pode verter água amarga e
doce.
Teste para o leitor
Qual destes textos e o verdadeiro?
1-Jairo pede a Jesus (yeshua) ajuda para sua filha que. .. Morta?Lucas ( 8:41-42)
....estava morrendo? (Mateus 9:18)
2-Ao sair de jerico Jesus curou?
....dois cegos.?(Mateus20:29,30)
.....ou curou apenas um cego?(marcos 10:46-47)
Jesus disse que Zacarias era filho de Baraquias (Mateus 23:35)mas Zacarias era filho de Yhoiada ,
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( 2cronicas 24:20_22) o personagem citado por Jesus e encontrado no livro guemara dos judeus de Flavio
Josefo. Um evento 40 anos após a (história contada) morte do nazareno, como então Jesus poderia ter
citado este fato?
Jesus errou, não tinha conhecimento da historia do povo judeu nem da bíblia hebraica?
4-dois discípulos buscaram ....?
....uma jumenta e um jumentinho para Jesus(mateus21:2_7)
....mas era apenas um jumentinho,sem sua mãe(marcos 11:2-7)
5- um novo mandamento “foi dado por Jesus”?
João escreveu 13:34
O mesmo João diz não a novo mandamento?
(João2: 7,8; 2 João5)
Jesus disse: que a lei e os profetas vigorarão ate João batista Lucas ( 16:16)
....depois o mesmo Jesus afirma no versículo seguinte que não cairá uma letra da lei.(Lucas 16:17).
....segundo ele,a lei continua em vigor e não cairá nenhum dos céus menores mandamentos
(Mateus 5:17-19).
7_Quem fez o pedido para que os irmãos Tiago e João se assentassem um a direita outro á esquerda de
Jesus?
....Mateus(20:20-21 jura que foi a mãe deles.
....Marcos (10:35-37) garante que foi os próprios discípulos que fizeram o pedido pessoalmente .
8- Jesus disse que João e o Elias que viria antes do grande dia do senhor ( Mateus11:12-14,17;10_13)
...... Mas João batista desmentiu Jesus dizendo:” EU não e Elias” (João 1:19-21).
Testemunho pessoal Mordechai Moré.
Nasci do dia 01 de outubro 1967 no Guarujá cidade de São Paulo, meu pai é de origem Etíope (‫ווארת‬-‫ )ןב‬e
minha mãe de origem judaica sefarad– ‫ סילדפ הרירמ‬, espano –portuguesa.
Meus pais se converteram ao cristianismo um ano depois que eu nasci, e como todo filho eu sempre
acreditei nos ensinamentos dos meus pais, e cheguei as mais altas rodas como pregador do cristianismo
evangélico, viajando por toda a América do Sul.
Sempre desejei fazer algo para D-us, até que um dia algo começou a entrar em conflito dentro de mim, as
perguntas mais intrigantes me tiravam o sono, “Se Deus não muda por que ele mudou?”, Na Tanach O
Todo Poderoso Bendito Seja pediu para obedecer a lei e no chamado novo testamento disseram QUE
ELE aboliu a lei, - como D-us que um, se tornara três? Como D-us que segunda as escrituras é Espírito e
incorpóreo pode ser a terceira pessoa da trindade?
http://gentedasnacoes.tripod.com/id10.html (para entender melhor a ascendência judaica visite site)a
disponível material sobre o assunto Ascendência judaica espano –portuguesa no site a USP.
Todas as respostas através dos meus estudos, levaram-me de volta para o judaísmo, abandonei a religião
de meus pais, no principio rejeição, dor, angustia, até mesmo desespero, abandono dos amigos e da
família, como objetivo é servir a D-us que é Misericordioso e sabe de todas as coisas, e com a ajuda da
minha querida esposa, que me apoiou e me deu força, através de muito estudo chegamos ao
conhecimento, ela também descobriu sua ascendência judaica, pois ela e neta de judeus oriundos da Itália
vindo para o Rio Grande do Sul .
Logo descobrimos que ser judeu e pobre era muito complicado, por causa das leis kashrut, louças de
shabat e tudo mais, ou seja, precisaríamos nos adaptar, estudar as Leis e costumes do nosso povo, com o
abandono dos negócios cristãos chegamos a sofrer necessidades como a falta de alimentação, também
por medo de sermos rejeitados por nossos irmão judeus,começamos a viver judaísmo e procurar a nos
aprimorar mais e mais, nesta busca o Eterno na sua Misericórdia nos presenteou com judeus que nos
ensinaram como deveriam ser cumpridas as leis de Shabat, costumes e tradições, na nossa inocência
acreditávamos que seriamos aceitos como retornastes que iriam nos receber e ver que estávamos
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voltando pra casa, que se abririam para nós as portas da comunidade, mas foi ilusão, uma decepção,
apesar de muitos Rabinos falarem que os B’nê deveriam retornar, pois temos este direito, mas quando se
procura por este direito ele lhe é negado, tem que se fazer um caminho inverso, e você se depara com uma
situação totalmente fora do que é falado e prometido, há exemplos nessa mesma situação de não ser
reconhecido e ao mesmo tempo ser reconhecido, não oficialmente como natural, mas isso não é normal .
É normal, na persistência da fé, que trouxe a rejeição e a dor que peneirou o povo nas chamas da
perseguição solidificou a permanência dos vencedores, pois as chamas firmaram os mais fortes, enquanto
os fracos ficaram pelo caminho.
Ao invés de destruir fortaleceram um exército forte e ideologicamente mais decidido.
Os fracos desistindo sucumbiram, matando em si o ser judeu, assimilando-se a mercê dos agressores,
ainda somos também tratados como invasores de Israel, reconhecidos pelos muitos Rabinos da
atualidade , judeus de origem sefarad( Ibéricos )por ser descendentes dos que foram forçados a agir
segundo a forma em posta pela Igreja Apostólica Romana.
Hoje em dia ao se apresentar para entrevista com rabinos, geralmente se recebe um não como resposta,
além das frustrações que deixam marcas profundas, sentem-se quase na mesma situação de seus
antepassados nos dias de interrogatórios inquisitoriais .
É preciso entender que isso aconteceu no passado, e considerar o seu mal, mas não é preciso ceder por
isso, consideramos um exemplo, numa ocasião aparentemente semelhante, no passado com nossos
irmãos que formaram uma grande comunidade na Holanda.
O que tem haver com isso nossa época?
É que eles também não foram bem aceitos nas comunidades européias onde buscaram apoio, isto não os
fez desistir, mas levou-os a levantar por suas próprias mãos com a ajuda do Altíssimo a importante
comunidade TALMUD –TORA em Amsterdã, a mãe de todas comunidade na América .
Nossa arvore genealógica esta sendo mapeada pela Universidade do estado de são Paulo e o Dr.El Saraiva
Granjeiro em Miami nos estados unidos.
A comunidade formou o maior centro de estudo da TORÀ na Europa, uma grande Yeshivá ( etz haim ) e
grandes sábios espanos- português se formaram, em que nos apoiamos.
"Ama teu próximo como a ti mesmo."
Vayicrá 19:18
"Este é o maior princípio da Torá."
Rabi Akiva"
"Todo o povo judeu é um todo único, perfeito."
Zôhar
"Toda manhã, antes de suas preces, comprometa-se a amar outro judeu como a si mesmo. Então suas
preces serão aceitas e produzirão frutos."
Rabi Yitschac Luria, "O Ari"
"Uma alma desce de seu lugar no alto e entra neste mundo por setenta ou oitenta anos apenas para fazer
um favor a outra."
O Báal Shem Tov
"Você ouve o que dizem na academia celestial? Que amar seu próximo judeu significa amar o totalmente
perverso assim como você ama o completamente justo!"
O Maguid de Mezeritch
“ Etiquetas são para camisas, não para judeus. “Servimos a todos os judeus igualmente, sem
expectativas.”
È pela historia do nosso povo, que formamos a Federação Israelita Sefarad B’nei Anussim, para ajudar
nossos irmãos a voltarem para casa.
A FISBA tem um trabalho sério, como a primeira sinagoga de origem b’nei anussim de São Paulo, ( Beith
Israel) onde os judeus de origem ibérica tem orientação de liturgia judaica sefaradita.
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Leis costumes e tradições, convivência comunitária, ladino, espanhol e hebraico.
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