Português ESAF - Editora Ferreira

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AMOSTRA DA OBRA
www.editoraferreira.com.br
O sumário aqui apresentado é reprodução
fiel do livro Português ESAF
Luiz Ricardo Leitão
Português
ESAF
questões comentadas
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2ª edição
Sumário
Nota sobre o autor
Luiz Ricardo Leitão é escritor, tradutor e professor associado da UERJ.
Licenciado em Letras pela UFRJ (1983) e Doutor em Estudos Literários
pela Universidad de La Habana (2002), publicou várias obras didáticas e ensaísticas, entre elas a Gramática Crítica: o culto e o coloquial
no português brasileiro (2007) e Noel Rosa: Poeta da Vila, Cronista
do Brasil (2009). Acumula larga experiência na área de Concursos
Públicos, ministrando, de 1989 até 2012, aulas de Língua Portuguesa e Redação em diversos cursos do Rio de Janeiro.
Apresentação VII
Interpretação e compreensão de texto Coesão textual Coerência textual Tópicos de Morfologia Sintaxe I – Concordância Sintaxe II – Regência & Uso da Crase Sintaxe III – Emprego & Colocação dos Pronomes Pontuação Noções de Semântica Ortografia & Acentuação Gráfica Análise das estruturas linguísticas do texto 1
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38
62
75
89
101
109
123
130
135
Apêndice 153
I. Aspectos ortográficos II. Aspectos gramaticais 1. Regência Verbal & Uso da Crase 2. Emprego & Colocação dos Pronomes Átonos 3. Uso dos Sinais de Pontuação III. Aspectos textuais 1. Mecanismos de Coesão Textual 153
155
155
158
160
161
161
Referências bibliográficas 165
3
Amostra da obra
Apresentação
Este livro possui um duplo objetivo. Em primeiro lugar, ele trata de comentar de maneira clara e rigorosa as questões propostas em mais de uma dezena de
provas objetivas de Língua Portuguesa elaboradas pela Escola de Administração
Fazendária (ESAF) para processos seletivos de enorme prestígio, como é o caso dos
concursos para a Receita Federal, o Ministério da Fazenda e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Por outro lado, a presente obra também se preocupa
em estabelecer uma espécie de perfil da banca organizadora desses certames, a fim
de orientar os leitores sobre os tópicos mais exigidos da disciplina e a forma como
estes têm sido abordados pelos examinadores nos concursos mais recentes (ou seja,
aqueles realizados entre os anos de 2008 e 2012).
Nesse sentido, nossa preocupação foi distribuir os exercícios por tópicos
e itens, conforme será discriminado mais adiante, a fim de que o(a) candidato-estudante disponha de uma descrição precisa e fidedigna de quais pontos do
amplo programa oficial abrangido pela disciplina são dignos de sua maior atenção.
Nosso primeiro passo, então, consistiu em compilar os certames que serviriam
de base para a pesquisa a ser desenvolvida. Nesse sentido, no intuito de tornar
mais atual a obra, as questões que selecionamos neste volume foram transcritas
dos mais recentes processos seletivos (realizados no período entre 2008 e 2012).
Os cargos e os órgãos a que se destinaram, assim como os respectivos anos de
aplicação das provas objetivas escolhidas, são os seguintes:
01. Analista-Tributário / Receita Federal (2012)
02. Auditor-Fiscal / Receita Federal (2012)
03. Analista de Finanças e Controle / CGU (2012)
04. Auditor-Fiscal do Trabalho / MTE (2010)
05. Fiscal de Rendas / SMF-RJ (2010)
06. Agente Executivo / CVM (2010)
07. Analista Técnico / SUSEP (2010)
08. Analista de Planejamento e Orçamento / MPOG (2009/2010)
09. Analista-Tributário / Receita Federal (2009)
10. Auditor-Fiscal / Receita Federal (2009)
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Amostra da obra
Português ESAF
Questões por assunto
11. Assistente Técnico-administrativo / Ministério da Fazenda (2009)
12. Agência Nacional de Águas / ANA (2009)
13. Analista de Finanças e Controle / Secretaria do Tesouro Nacional (2008)
Analisando atentamente as questões aqui comentadas, é possível reconhecer uma estrutura e um padrão geral de avaliação adotado pela ESAF em suas
provas. Para fins didáticos, inclusive, pode-se dizer que o seu conteúdo básico
compreende os seguintes pontos:
a) Interpretação e compreensão de texto: neste tópico também são incluídas questões de paráfrase textual (reescritura de trechos ou parágrafos, com manutenção ou não do sentido original dos enunciados
transcritos) e inferência (realização de deduções ou conclusões a partir
das informações veiculadas pelo texto).
b) Questões gerais de coesão textual, com atenção especial ao emprego
de pronomes e advérbios em função referencial anafórica e aos valores
semânticos dos conectivos.
c) Questões gerais de coerência textual, com dois itens bastante recorrentes:
• Ordenação coesa e coerente de períodos ou trechos de um texto adaptado: questões básicas de encadeamento discursivo, que são resolvidas
a partir do reconhecimento do tópico frasal e dos conectores/processadores que servem para estabelecer a devida coesão entre os segmentos dispostos de forma desordenada pela banca;
• Continuação coesa, coerente e gramaticalmente correta de um segmento de texto, por meio de exercícios que requerem não só o domínio dos principais mecanismos de coesão textual, mas também um
conhecimento mínimo do conteúdo temático que o autor explora,
além do manejo seguro da chamada norma culta da nossa língua
escrita.
d) Análise de aspectos morfológicos do texto, entre os quais se incluem a
correlação entre os tempos verbais, o uso da voz passiva pronominal
ou sintética e as classes e funções da partícula “se”.
e) Questões gerais de sintaxe, desde a identificação, em segmentos de
textos transcritos pela banca, de eventuais falhas de organização sintática dos períodos, até os casos mais comuns de concordância (verbal e
nominal), regência (quase sempre a verbal), crase e emprego & colocação dos termos, em especial os pronomes átonos.
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f) Questões gerais de uso dos sinais de pontuação, com ênfase no emprego da vírgula e do ponto e vírgula, inclusive com a análise das justificativas propostas para cada ocorrência ou das eventuais alterações
sugeridas pela banca.
g) Noções básicas de semântica, avaliadas em questões objetivas relacionadas aos conceitos de denotação, conotação, sinonímia e paronímia,
assim como o de hipônimos, hiperônimos, etc.
h) Tópicos diversos de ortografia e acentuação gráfica, com questões de
emprego de letras, grafia de locuções e grafia de formas verbais.
i) Exercícios bastante abrangentes de análise do uso das estruturas linguísticas, que reúnem em uma só questão os aspectos ortográficos, gramaticais, semânticos e textuais presentes no manejo da língua escrita.
***
A fim de orientar o leitor-candidato em seus estudos, apresentamos abaixo
um quadro sinóptico das onze seções em que foram distribuídos os exercícios
catalogados no conjunto dos treze processos seletivos acima citados. Assim, será
possível avaliar o peso que cada assunto assume dentro das provas objetivas de
Língua Portuguesa, o que decerto lhe será muito útil no momento de traçar a sua
estratégia de revisão da disciplina. Confira:
TÓPICOS & ITENS
1. Interpretação & Compreensão de texto
1. A – Paráfrase (reescritura textual)
1. B – Inferência (raciocínio dedutivo)
2. Coesão Textual
2. A – Uso da função referencial anafórica
2. B – Valores semânticos dos conectivos
3. Coerência Textual
3. A – Ordenação coerente de trechos
3 . B – Continuação coesa, coerente e correta
4. Tópicos de Morfologia
4. A – Correlação entre tempos verbais
4. B – Flexão nominal & verbal
4. C – Função da partícula “se”
5. Concordância nominal & verbal
6. Regência & Crase
7. Emprego & Colocação de pronomes
7
Total de QUESTÕES
15
06
03
10
06
04
15
07
08
10
05
03
02
10
10
05
Amostra da obra
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8. Pontuação
8. A – Emprego dos principais sinais
8. B – Justificativa do uso
9. Noções de Semântica
9. A – Denotação & Conotação
9. B – Homonímia & Sinonímia
10. Ortografia & Acentuação Gráfica
10. A – Grafia de locuções & expressões
10. B – Uso das formas verbais
10. C – Emprego de letras & acentuação gráfica
11. Análise das estruturas linguísticas do texto
10
07
03
05
01
04
05
01
01
02
10
Análise das estruturas linguísticas do texto
Esta seção final do livro seleciona alguns exercícios que abrangem os mais
variados tópicos do programa de Língua Portuguesa estipulado pela ESAF.
Assim, os aspectos ortográficos, gramaticais, semânticos e textuais deverão ser atentamente examinados pelos leitores-candidatos na resolução das
questões aqui transcritas.
Leia o fragmento de entrevista abaixo para responder à questão 01.
Os dados fornecidos por esse quadro permitem-nos traçar um painel bastante abrangente e meticuloso dos aspectos linguísticos abordados nos concursos
promovidos pela ESAF. A relevância que se concede às questões de interpretação & compreensão de texto, assim como aos exercícios variados de coesão &
coerência textual, atestam que a expectativa da banca é selecionar candidatos
de efetiva competência verbal, para os quais ler (e escrever) não representa um
tormento, mas sim uma forma de decifrar/reinventar o mundo e aprimorar seu
próprio conhecimento sobre a realidade.
A importância dos aspectos gramaticais, porém, está mais do que realçada.
Os itens de morfologia e sintaxe, em particular, assumem um peso considerável
nos exames, isso sem falar na pontuação, um capítulo à parte sempre presente nos
processos seletivos a cargo da instituição. Recebe menor atenção a parte de ortografia & acentuação gráfica, ainda que suas questões compreendam distintos itens do
programa. É de se estranhar, talvez, a pequena quantidade de exercícios de semântica, o que parece denotar uma aparente desatenção a essa área tão valorizada pelos
modernos estudos linguísticos – em compensação, lembre-se que o uso dos conectivos
possui indiscutível relevo, com ênfase clara nos valores semânticos por eles assumidos.
Enfim, não obstante eventuais desacertos da própria ESAF, as provas que
são comentadas neste volume atestam a busca de equilíbrio na abordagem dos
aspectos gramaticais e textuais que se mesclam no uso da variante culta da nossa
língua escrita. Ao final de tão laboriosa pesquisa, o autor, assim como o editor,
deseja que o material selecionado contribua decisivamente na preparação dos
leitores-candidatos e que estes, devidamente habilitados no manejo dessa ferramenta básica para o exercício da cidadania e a difusão do conhecimento, logrem
obter sua aprovação no certame, a fim de cumprir com competência e princípios
éticos as suas funções no Serviço Público.
Luiz Ricardo Leitão
8
Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 2013.
O Autor.
5
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15
CARTA CAPITAL: Como o senhor avalia a economia
brasileira? Roberto Frenkel: A queda do crescimento
da economia teve a ver com três acontecimentos. A
situação nos EUA está mais positiva, há otimismo no
mercado norte-americano, as ações subiram e estão no
pico pós-crise, mas ainda é uma recuperação modesta.
Na zona do euro, serão dois trimestres consecutivos em
queda, o que, de acordo com a definição convencional,
caracteriza recessão. E a China está claramente
em desaceleração. Essas realidades tiveram um
efeito negativo sobre o crescimento brasileiro ao
longo do segundo semestre de 2011. Outro fator foi
a valorização cambial. No fim do ano passado, o
real chegou a acumular a maior valorização cambial
desde o início da globalização financeira, ou seja,
desde o fim dos anos 1960; e isso tem um efeito muito
negativo sobre a indústria e a atividade de modo geral.
(Trecho adaptado da entrevista de Roberto Frenkel a Luiz Antonio Cintra,
Intervir para ganhar. Carta Capital, 18 de abril de 2012, p.78.)
01.
(Analista de Finanças e Controle/CGU/2012) Assinale a opção correta a
respeito do uso das estruturas linguísticas no texto.
a) O uso de “ainda” (ℓ.6) indica que a “recuperação modesta” (ℓ.6) tem expectativas de vir a melhorar.
b) A flexão de singular em “há” (ℓ.4) deve-se à concordância com “otimismo” (ℓ.4).
c) Preservam-se a coerência e a correção gramatical do texto, conferindo-lhe
mais formalidade, ao substituir a expressão “teve a ver” (ℓ.3) por viu.
d) O uso do tempo e modo verbais em “serão” (ℓ.7) sugere hipótese, possibilidade na declaração, incerteza de que isso venha a acontecer.
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Amostra da obra
Português ESAF
Questões por assunto
e) O pronome “isso” (ℓ.16) retoma a ideia expressa por “globalização financeira” (ℓ.15).
Como o nosso leitor-candidato poderá verificar nas questões desta seção,
a ESAF habituou-se a mesclar em um mesmo exercício itens gramaticais e textuais do programa de Língua Portuguesa, agrupando-os, quase
sempre, sob a cômoda rubrica de “estruturas linguísticas do texto”.
A análise correta proposta pela banca aparece na letra A. De fato, o uso
do advérbio de tempo (“ainda”) sugere ao leitor que o fenômeno aludido
(a “recuperação” dos EUA) poderá assumir dimensão mais positiva em
um futuro não tão distante. Quanto às demais opções, todas apresentam
equívocos gramaticais ou de coesão textual que comentaremos a seguir.
No item B, é óbvio que a flexão do verbo haver na 3ª pessoa do singular se deve ao fato de que este se torna impessoal quando assume o
sentido de “existir” – o termo “otimismo”, em realidade, não é sujeito,
mas sim o seu objeto direto. Já em C, a substituição aventada torna absolutamente incoerente a frase enunciada.
Por sua vez, na letra D, o uso da forma verbal no futuro do presente do
indicativo está longe de sugerir “hipótese, possibilidade na declaração,
incerteza”, conforme a banca redigiu. Em última instância, o que o redator enuncia é um prognóstico objetivo, calcado nos dados de que se
dispõe, sobre o desempenho econômico da zona do euro, cujo quadro
recessivo, aliás, ameaça tornar-se uma doença crônica na região.
Por fim, na opção E, houve uma associação indevida entre o demonstrativo “isso” e o seu referente na cadeia discursiva do texto. A ideia que
o pronome retoma não é a de “globalização financeira”, mas sim a de
recorde de valorização cambial do real desde o início daquela era, ou
seja, desde meados dos anos 1960. Gabarito: A
Texto para a questão 02.
5
No momento, o ministro das Comunicações trabalha
em medidas para reduzir custos na telefonia e nas
telecomunicações. Ele usa o conhecido – e correto –
argumento de que o corte de impostos, ao reduzir o
custo final para o usuário, aumenta o consumo; logo,
o faturamento das empresas. E, portanto, repõe, num
segundo momento, a receita tributária inicialmente
perdida.
Luiz Ricardo Leitão
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15
A visão do ministro para o corte de tributos nas
comunicações pode ser estendida a toda a
economia, envergada sob o peso de uma fatura de
impostos na faixa dos 36% do PIB, a mais elevada
entre as economias emergentes, no mesmo nível de
países europeus, em que os serviços públicos têm
uma qualidade muito superior à dos oferecidos pelo
Estado brasileiro.
(Hora de ampla desoneração tributária. Editorial, O Globo, 5/6/2012, com
adaptação. http://arquivoetc.blogspot.com.br/2012/06/hora-de-ampla-desoneracaotributaria.html)
02. (Auditor-Fiscal da Receita Federal/2012) Assinale a proposição correta a
respeito de elementos linguísticos do texto e de sentidos nele depreensíveis.
a) Prejudica-se a correção gramatical do período ao se substituir os travessões (ℓ.3) por vírgulas.
b) Há relação de “causa e conseqüência” na sequência destas três idéias do
texto: “o corte de impostos reduz o custo final para o consumidor”, “o
consumo aumenta”, “aumenta o faturamento das empresas”.
c) Substituindo-se “envergada” (ℓ.11) por soterrada ou subterrada, palavras já aglutinadas com o prefixo so e sub-, torna-se dispensável o emprego da preposição “sob” na frase.
d) Por estarem subentendidas, é correto explicitar as palavras que estão no
corpo da frase das linhas 13 e 14, que vai ficar assim: ... as economias
emergentes, que estão no mesmo nível de países europeus...
e) Confere-se maior concisão à frase “superior à dos oferecidos pelo Estado brasileiro”, sem prejuízo da correção gramatical, se ela for reescrita
assim: superior aos oferecidos pelo Estado brasileiro.
Na presente questão, a análise dos “elementos linguísticos do texto”
abrange desde o emprego de vírgulas e os usos de concordância verbal, até as relações coesivas expressas pelo mecanismo de conexão ou
conjunção.
A proposição correta é expressa pela letra B, que corresponde a uma
síntese das ideias enunciadas no segundo período do texto (cf. linhas
3-6). Quanto às demais opções, incorrem em distintas falhas, as quais
serão comentadas a seguir.
Na alternativa A, não há prejuízo em substituir os travessões por vírgulas, quando estas marcam o acréscimo de um novo adjunto (“[e]
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Amostra da obra
Português ESAF
Questões por assunto
­correto”) ao núcleo do sintagma nominal (“argumento”). Na letra C,
não se pode dispensar a preposição; neste caso, para evitar uma eventual redundância entre o prefixo das formas “soterrada” ou “subterrada” e a preposição “sob”, o melhor seria valer-se de outra construção:
“soterrada pelo peso [...]”.
a) O emprego do sinal indicativo de crase em “rumo à modernização” (ℓ.2)
justifica-se porque a palavra “passo” exige complemento antecedido
pela preposição “a” e “modernização” admite artigo definido.
b) Confere-se mais formalidade ao texto ao se substituir a palavra “entulhar” (ℓ.8) por atolar.
c) O emprego de vírgula antes de “que regulamenta” (ℓ.11) justifica-se para
isolar oração subsequente de natureza restritiva.
d) Depreende-se das informações do texto que o termo “verticalização”(ℓ.22)
refere-se ao processo de contratação direta de funcionários pelas empresas.
e) Ao substituir “Já não era sem tempo.”(ℓ.13) por Já era tempo ­prejudica-se
o sentido original do texto.
Já na opção D, é inviável a flexão do verbo no plural, porque seu sujeito
(oculto) é “uma fatura de impostos na faixa dos 36% do PIB”, termo
que exige a concordância no singular. Por fim, na letra E, o pronome
demonstrativo “a”, que se contrai com a preposição “a” na construção “superior à dos oferecidos pelo Estado brasileiro”, refere-se ao termo
feminino “qualidade”, o que inviabiliza o uso do masculino plural.
Gabarito: B
03.
Esta questão também se atém a diversos pontos do programa oficial,
abordando tanto os itens gramaticais quanto os semânticos. A opção
correta corresponde à letra D: o termo “verticalização” efetivamente
denota o “processo de contratação direta de funcionários pelas empresas”, sistema preferido pelos sindicatos, mas pouco a pouco abandonado pelas empresas, que optam pela “terceirização”, fórmula imposta
pelo aumento dos “ganhos de escala” e pela reengenharia estrutural do
mundo neoliberalmente globalizado.
(Auditor-Fiscal da Receita Federal/2012) Assinale a opção correta sobre as
relações morfossintáticas e semânticas do texto.
A legislação trabalhista brasileira está perto de dar
um passo rumo à modernização em pelo menos
uma das frentes de contratação de mão de obra.
Trata-se da terceirização. O sistema avançou em
todo o mundo nos últimos anos, mas, no Brasil,
tem alimentando polêmica entre trabalhadores,
empresários e magistrados, além de ajudar a
entulhar os escaninhos da Justiça do Trabalho.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da
Câmara dos Deputados vai votar o relatório ao
Projeto de lei nº 4.330/04, que regulamenta essa
modalidade de contratação.
Já não era sem tempo. Rejeitada por lideranças
sindicais, que temem sofrer enfraquecimento
de sua base com ampliação das empresas de
terceirização, a matéria vem tramitando com
grande dificuldade no Congresso. O resultado é
que a realidade acabou atropelando a legislação
ou a falta dela. A sofisticação dos processos de
produção, a necessidade de manter o foco no
coração do negócio e de buscar ganhos de escala
forçou as empresas a reduzir a verticalização.
5
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20
(Avanço nas relações de trabalho, Editorial, Correio Braziliense, 13/8/2012)
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Quanto às demais opções, apresentam distintos erros de análise. Na
letra A, a preposição “a” é exigida pelo substantivo “rumo”, e não pela
palavra “passo”, como sugere a banca. Em B, o vocábulo “atolar” não
assume valor mais formal que o verbo “entulhar”: ambos se inserem
em um registro coloquial da língua. Na opção C, usa-se a vírgula para
isolar a “oração subsequente” de valor explicativo – e não uma oração
“restritiva”, como enuncia o item. Por fim, na letra E, a substituição
proposta não prejudica o sentido original do texto, ao contrário do que
a alternativa afirma. Gabarito: D
04.
(Analista-Tributário da Receita Federal/2012)
5
O governo dá sinais de que parece superar a longa
fase de negação do problema e está mais perto de
formatar uma agenda para enfrentar a deterioração
das contas do Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS.
Não estão em pauta medidas juridicamente
controversas nem de impacto sobre o orçamento no
curto prazo, mas decisões a serem tomadas logo para
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atenuar, no futuro, a expansão da despesa com a
Previdência. Hoje, ela já é da ordem de 10% do PIB
(incluindo o setor público), comparável à de países
mais ricos e com maior número de idosos.
No caso dos atuais segurados, o fundamental para
equilibrar as contas é desencorajar as aposentadorias
precoces admitidas pela legislação. A alternativa à mão
é a fórmula batizada de 85/95, em que os números se
referem à soma da idade com o tempo de contribuição
a ser exigida, respectivamente, de mulheres e homens.
A regra, fácil de entender, substituiria o fator
previdenciário.
Além disso, caberia impor aos futuros participantes
do mercado de trabalho, por exemplo, uma idade
mínima para a aposentadoria, como nos regimes
previdenciários da maioria dos países. Trabalha-se
com 60 anos para mulheres e 65 para homens,
números que serão objeto de negociação no
Congresso. Atualmente, há quem se aposente antes
dos 50, com base no tempo de contribuição (30 e 35
anos, respectivamente, para obter o benefício integral).
O outro item da agenda, disciplinar as pensões por
morte, reúne melhores condições para engendrar uma
ação mais imediata, talvez, dadas a dimensão e a
obviedade das anomalias por corrigir. Viúvos e órfãos
custaram R$ 100 bilhões ao erário no ano passado
(cerca de 20% do gasto previdenciário total), dos
quais R$ 60 bilhões na carteira do INSS e o restante
no regime dos servidores públicos.
Trata-se de um desembolso dos mais liberais no
mundo, resultado de uma legislação extravagante.
Não leva em conta, por exemplo, o período de
contribuição pelo segurado, a idade do beneficiário ou
sua capacidade de sustentar-se.
(Editorial, Folha de S. Paulo, 2/8/2012)
Em relação às estruturas linguísticas do texto, assinale a opção correta.
a) Mantém-se a correção gramatical e os sentidos originais do período ao
se substituir “de que” (ℓ.1) por do qual.
b) O emprego do sinal indicativo de crase em “à de países” (ℓ.11) ­justifica-se
pela fusão da preposição “a”, exigida pelo adjetivo “comparável”, com
o artigo definido feminino singular “a” que acompanha o substantivo
“despesa”, elíptico na frase.
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c) Prejudica-se a correção gramatical e o sentido original do período ao se
substituir “em que” (ℓ.16) por na qual.
d) A palavras “fórmula” e “números” (ℓ.16) recebem acento gráfico com
base em regras gramaticais diferentes.
e) Em “trabalha-se” (ℓ.24 e 25) e em “se aposente” (ℓ.27) o emprego do pronome “se” tem a mesma função morfossintática.
Esta questão gerou enorme polêmica no certame, já que a resposta indicada no gabarito oficial da ESAF – a opção B – apresenta uma descrição absolutamente discutível para a estrutura linguística analisada. De
acordo com a banca, no trecho em que o texto, referindo-se à “expansão da despesa com a Previdência”, julga-a “comparável à de países mais
ricos”, a ocorrência da crase se justificaria pela “ fusão da preposição ‘a’,
exigida pelo adjetivo ‘comparável’, com o artigo definido feminino singular ‘a’ que acompanha o substantivo ‘despesa’, elíptico na frase.”
Ora, quase todos os gramáticos normativos do português brasileiro
não identificam nessa construção a presença de um artigo definido
(a), mas sim a ocorrência de um pronome demonstrativo (“comparável
àquela de países mais ricos”). Em última instância, o artigo só existiria se viesse antes de um substantivo, conforme prescreve Evanildo
­Bechara em sua obra:
O pronome o, perdido o seu valor essencialmente demonstrativo e posto antes de substantivo, como adjunto,
recebe o nome de artigo definido. Assim é que a gramática, no exemplo seguinte, considera o primeiro os artigo
definido e o segundo pronome demonstrativo:
“Os homens de extraordinários talentos são ordinariamente os de menor juízo” (Marquês de MARICÁ).
Em face de tal observação, que este autor subscreve plenamente, não
se poderia aceitar a explicação dada no item, o que implicaria a ANULAÇÃO da questão, já que nenhuma opção enuncia um comentário
válido sobre as construções linguísticas do texto. Os recursos interpostos nesse sentido, porém, foram indeferidos pela banca, que manteve o
gabarito original.
Em relação às demais alternativas, cabe registrar algumas breves
considerações. No item A, é inviável a substituição proposta, pois o
15
Amostra da obra
Português ESAF
Questões por assunto
c­ onectivo que é uma conjunção subordinativa integrante – e não um
pronome relativo, como a resposta supõe. Na opção C, a substituição
sugerida não prejudica a correção do período, pois o antecedente do
pronome relativo é um termo feminino (fórmula). Na letra D, os dois
vocábulos recebem acento pelo mesmo motivo (ambos são proparoxítonos). Já no item E, a partícula se assume duas funções distintas: a
primeira é índice de indeterminação do sujeito e a segunda indica voz
reflexiva. Gabarito: B
c) O sinal de travessão, na linha 13, exerce função semelhante ao sinal de
dois pontos, que é a de introduzir uma explicação ou uma especificação
para a ideia anterior.
d) As estruturas sintáticas do texto permitem o deslocamento do pronome átono em “se constitui” (ℓ.14) e “se dá” (ℓ.15) para depois do verbo,
escrevendo-se, respectivamente, constitui-se e dá-se, sem que com isso
se prejudique a correção ou a coerência do texto.
e) Embora a substituição de “está sendo” (ℓ.16 e 17) por é respeite a correção gramatical e a coerência do texto, a opção pelo uso da forma durativa enfatiza a ideia de continuidade do processo civilizatório.
Texto para a questão 05.
5
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Esta questão também ilustra muito bem aquilo que os concursos organizados pela ESAF costumam descrever como “uso das estruturas linguísticas no texto”. Nas cinco alternativas, são abordados os mais diversos
itens do programa, desde a regência verbal e a colocação pronominal até
o emprego dos sinais de pontuação e os mecanismos de coesão textual.
A experiência da modernidade é algo que só pode ser
pensado a partir de alguns conceitos fundamentais.
Um deles é o conceito de civilização. Tal conceito, a
exemplo dos que constituem a base da estrutura da
experiência ocidental, é algo tornado possível apenas
por meio de seu contraponto, qual seja, o conceito de
barbárie.
Assim como a ideia de civilização implica a ideia de
barbárie, a experiência da modernidade (que não deve
ser pensada como algo que já aconteceu, mas como
algo que deve estar sempre acontecendo, um porvir)
implica a experiência da violência que a tornou possível
– a violência fundadora da modernidade. O processo
civilizatório se constitui a partir da conquista de territórios
e posições ocupados pela barbárie. Tal processo se dá
de forma contínua, num movimento insistente que está
sendo sempre recomeçado. Pensando em termos de
experiência moderna, todas as grandes conquistas ou
invasões das terras alheias tiveram como justificativa a
ocupação dos espaços da barbárie.
A opção incorreta é a letra B. O uso da voz passiva só foi possível
porque o verbo “pensar” é transitivo direto, na mesma acepção de
“conceber”, “imaginar”. O autor quis dizer que “a experiência da modernidade” não deve ser concebida / imaginada “como algo que já aconteceu” – na voz ativa, diríamos: não pensemos a modernidade [objeto direto] como algo que já aconteceu. A presença da preposição “em”,
portanto, é inadmissível.
Nas demais letras, não há ressalvas a fazer. No item A, veja-se que a
concordância no masculino é o padrão para os vocábulos neutros
(como o pronome indefinido “algo”) na língua portuguesa. Na opção
D, de fato não existe qualquer fator que exija a próclise na colocação
dos pronomes átonos, por isso a ênclise foi bem empregada (as regras
para esse uso estão no Apêndice ao final deste volume). Gabarito: B
(Adaptado de Ruberval Ferreira, Guerra na língua:
mídia, poder e terrorismo. 2007, p. 79-80)
05.
(Analista/MPOG/2010) Assinale a opção incorreta a respeito do uso das
estruturas linguísticas no texto.
a) A flexão de masculino no termo “pensado” (ℓ.2) indica que o pronome
relativo “que” retoma, nas relações de coesão, o pronome “algo” e não o
substantivo “experiência”.
b) O uso da voz passiva em “ser pensada” (ℓ.10) indica que o verbo pensar
está empregado como pensar em, e a oração na voz ativa correspondente
deve ser escrita como pensar na experiência da modernidade.
Luiz Ricardo Leitão
16
06.
(Analista Técnico da SUSEP/2010) Assinale a opção correta a respeito do
uso das estruturas linguísticas na organização das ideias do texto.
5
Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, índices
de renda, emprego e mobilidade social retornaram aos
mesmos patamares de antes da queda. Em uma analogia
com uma partida de futebol, o coordenador da pesquisa
afirmou que o Brasil teve um “tropeço no começo do
jogo”, mas depois conseguiu se recuperar: “Podemos
dizer que é um empate com muitos gols. Começamos o
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Português ESAF
10
Questões por assunto
No item B, em face do caráter reflexivo da ação verbal, é inviável a omissão do pronome “se”. Caso o retirássemos, faltaria um objeto direto para
o verbo recuperar, que possui regime transitivo direto na oração.
ano levando uma goleada, mas depois nos recuperamos.
Foi um empate generalizado: desigualdade, pobreza,
mobilidade.” O índice de mobilidade social foi um dos
destaques do levantamento.
Já na letra C, é óbvio, para qualquer brasileiro que conheça as metáforas futebolísticas, que um empate com “muitos gols” tem valor (e sabor)
totalmente diverso de um empate com “poucos gols”, ao contrário do
que o item sugere.
(Correio Braziliense, 11 de fevereiro, 2010, com adaptações)
a) De maneira a explicitar as relações entre as ideias do primeiro período sintático, subentendem-se, depois de “patamares” (ℓ.3), os termos que tinha.
b) Por retomar um termo já presente no texto, o nome “Brasil” (ℓ.5), o pronome “se” (ℓ.6) admite ser omitido, sem prejudicar a coerência da argumentação ou a correção gramatical do texto.
c) Como a comparação com o jogo de futebol ressalta o “empate” (ℓ.7),
para efeito de argumentação, é irrelevante se a expressão “muitos gols”
(ℓ.7) for substituída por alguns gols ou por poucos gols.
d) A relação de explicação que o período iniciado por “Começamos” (ℓ.7)
estabelece com o período que o antecede permite substituir o ponto depois de “gols” (ℓ.7) pelo sinal de dois pontos, fazendo os devidos ajustes
na letra inicial maiúscula desse verbo.
e) A relação de sentidos entre a fala do coordenador da pesquisa e a última
oração do texto permite iniciá-la pelo conectivo Por isso, fazendo ajustes
na pontuação e nas letras maiúsculas, escrevendo-se: Por isso, o índice.
Finalmente, na letra E, a introdução do conectivo “Por isso” é totalmente inadequada, visto que a última oração não expressa uma decorrência do fato anteriormente exposto, mas sim um destaque ou adição
de informação dentro da linha argumentativa do texto. Gabarito: D
07.
(Agente Executivo/CVM/2010) Em relação ao uso das estruturas linguísticas do texto, assinale a opção correta.
5
Reúne-se aqui uma série de afirmativas que tratam de aspectos semânticos e gramaticais do texto, incluindo-se entre estes itens de sintaxe,
pontuação e emprego de conectivos.
A única opção correta é a letra D. Ela aborda um artifício muito comum nas questões de pontuação, presente tanto em provas objetivas
da ESAF, quanto em concursos do Cespe: a substituição do ponto pelo
sinal de dois-pontos entre dois períodos consecutivos que estabelecem
entre si uma relação de explicação. Essa conexão, aliás, por vezes também pode ser promovida pelo uso de uma conjunção explicativa (pois,
porque), conforme o(a) candidato(a) poderá encontrar em outros processos seletivos das referidas bancas.
Quanto às demais opções, possuem falhas bem evidentes. Note-se, de
imediato, na letra A, que a inclusão dos termos “que tinha” implica
grave erro de concordância verbal, já que o antecedente do pronome
relativo é o termo “índices de renda, emprego e mobilidade social”, o
qual exige verbo no plural (“que tinham”). Além disso, sua inserção
também tornaria desnecessária a presença da preposição “de”, que antecede a expressão “antes da queda”.
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Nem sempre a abundância de um recurso
natural como o petróleo num país traz-lhe prosperidade. A prosperidade dos países árabes mais
ricos pelo petróleo é discutível, se a gente não
olhar apenas os palácios e o exotismo árabes. A
chamada doença holandesa caracteriza a situação
de um país que, à mercê de novas riquezas,
acaba solapando a sua indústria. Mas o mais terrível,
como referência à maldição do petróleo, não
é a Holanda, é a Venezuela. E o Brasil, por que
não? Surfando nos ciclos do açúcar, do ouro e
do café, montamos um país desigual e atrasado,
ou como dizia Washington Luiz antes da época
da industrialização: “o Brasil é um país essencialmente agrícola”, isto é, especializado em exportar
açúcar, café, cacau e tabaco.
Portanto, o pré-sal tanto pode ser uma fonte
de recursos que impulsionarão o Brasil para um
novo patamar de desenvolvimento e equidade
social ou algo mais parecido com o ciclo da cana-deaçúcar, em que se consolidou uma sociedade
colonial injusta, atrasada e sem recursos que não
os cedidos pelas metrópoles. Tudo depende de
como o pré-sal vier a ser administrado.
(Pergentino Mendes de Almeida, disponível em http://www.correiocidadania.
com.br/content/view/4881/9/, acesso em 29/10/2010)
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Amostra da obra
Português ESAF
Questões por assunto
a) Prejudica-se a correção gramatical do período ao se substituir “­traz-lhe”
(ℓ.2) por traz a ele.
b) A palavra “solapando” (ℓ.8) está sendo empregada com o sentido de impulsionando.
c) A palavra “equidade” (ℓ.19) está sendo empregada com o sentido de respeito à igualdade de direitos, justiça social.
d) A palavra “Surfando” (ℓ.11) está sendo empregada com o sentido denotativo.
e) Prejudica-se a correção gramatical do período ao se substituir “vier a
ser” (ℓ.24) por estiver sendo.
Esta questão também trata de aspectos gramaticais e semânticos do artigo transcrito. A opção correta é a letra C, na qual se expressa com
precisão e fidelidade ao texto o sentido da palavra “equidade”, uma
variante mais formal do termo “igualdade”, que aqui se aplica a um
contexto eminentemente social.
Nos demais itens, por vezes, pequenos detalhes de redação fazem a diferença. Na letra A, por exemplo, a substituição proposta não prejudica
a correção do período. O mesmo veio a ocorrer na opção E, em que
não se nota nenhuma transgressão à norma dita culta caso se efetive a
alteração sugerida.
Quanto à letra B, basta conferir no dicionário: “solapar” significa “escavar; minar, abalar os fundamentos de” (HOUAISS & VILLAR, 2009)
– por isso, não cabe a suposta sinonímia com “impulsionar”. Finalmente, na alternativa D, “Surfando” foi empregado com sentido nitidamente conotativo (ou seja, figurado) – e não de forma denotativa,
como a opção equivocadamente afirma. Gabarito: C
08.
(Auditor-Fiscal do Trabalho/MTE/2010) Em relação às estruturas do texto,
assinale a opção incorreta.
5
Para que a cobertura mínima oferecida pelos
planos de saúde aos seus segurados inclua as
tecnologias, os tratamentos e os equipamentos que
entraram em uso recentemente, a Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS) acrescentou 73 novos
procedimentos à lista de exames, consultas, cirurgias
e outros serviços que as operadoras são obrigadas a
oferecer.
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Criada em 2000 para “promover a defesa do interesse
público na assistência suplementar à saúde e regular as
operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações
com prestadores (de serviços) e consumidores”, a ANS
opera numa corda bamba. Entre suas atribuições está
a de elaborar a lista dos procedimentos de cobertura
obrigatória nos planos de saúde. Ela tem de assegurar
aos que buscam a proteção dos planos de saúde a
cobertura mais completa possível, o que inclui as novas
tecnologias na área de medicina. Mas, muitas vezes, os
novos procedimentos têm um custo tão alto que limita seu
uso. Se a ANS impuser às operadoras a obrigatoriedade
do oferecimento desses procedimentos poderá levá-las
à ruína financeira, o que, no limite, destruiria o sistema
de assistência suplementar à saúde.
(O Estado de S. Paulo, Editorial, 17/01/2010.)
a) O termo “Para que” (ℓ.1) confere ao período em que ocorre a ideia de
finalidade.
b) O emprego do modo subjuntivo em “inclua” (ℓ.2) justifica-se por se tratar de uma oração subordinada que apresenta um fato hipotético ou
provável.
c) A expressão “numa corda bamba” (ℓ.13) tem significação conotativa e
confere um tom de informalidade ao texto.
d) A expressão “aos que buscam a proteção dos planos de saúde” (ℓ.16) tem,
no período, a função de objeto direto.
e) As expressões “novas tecnologias na área da medicina” (ℓ.17 e 18), “os novos procedimentos” (ℓ.18 e 19), “desses procedimentos” (ℓ.21) formam uma
cadeia coesiva que retoma a ideia inicial de “as tecnologias, os tratamentos
e os equipamentos que entraram em uso recentemente” (ℓ.2, 3 e 4).
Esta questão contempla tópicos de sintaxe, semântica e coesão textual,
incluindo até uma opção voltada para o significado dos modos verbais.
A opção incorreta é a letra D. O termo indicado (“aos que buscam
a proteção dos planos de saúde”), regido pela preposição “a”, assume a
função de objeto indireto, complementando o verbo “assegurar”, que,
na oração, é transitivo direto e indireto: no texto, assegura-se alguma
coisa (“a cobertura mais completa possível” – objeto direto) a alguém
(“aos que buscam [...]” – objeto indireto).
Quanto aos demais itens, não há nenhum comentário equivocado. Na
letra A, o conectivo “Para que” equivale à locução conjuntiva “a fim de
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Amostra da obra
Português ESAF
09.
Questões por assunto
que”, ambos com valor final. Na opção B, o uso do subjuntivo de fato se
justifica pelo caráter de possibilidade de inclusão de tecnologias, tratamentos e equipamentos mais recentes na cobertura dos planos de saúde.
d) O autor evita afirmar com plena certeza que os jornais cariocas são mais
prolíficos em notícias de crime do que os paulistas.
e) O advérbio “mutuamente” (ℓ.14) significa: reciprocamente.
O item C torna a destacar, como já ocorrera na questão 06, o emprego
informal de expressão conotativa (“na corda bamba”) dentro de um texto jornalístico mais formal (um editorial de O Estado de São Paulo). Por
fim, a letra E constitui um mero exercício de identificação de elementos
textuais que se associam ao mesmo item discursivo já enunciado. Gabarito: D
Entre as cinco alternativas de resposta para a questão, incluem-se, entre outros, tópicos de estruturação do período, emprego da voz passiva e sinonímia.
A opção que apresenta um comentário falso é a letra A. A proposta de
substituição da expressão “Nem mesmo” por “Até mesmo” acarreta prejuízo evidente ao texto, pois, em lugar da noção de adição negativa que
a primeira construção traduz, a segunda confere à passagem um valor
de inclusão (ou, ainda, de admissão ou reconhecimento inclusivo).
(Assistente Técnico/Ministério da Fazenda/2009)
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Sem uma pesquisa sistemática sobre o assunto,
parece, à primeira vista, que os jornais cariocas são
mais prolíficos em notícias de crime do que os paulistas.
É alarmante a escalada da anomia em seu território.
Em menos de uma semana, invadiram-se duas
instalações militares para roubar armas, com êxito
absoluto. Os tiroteios são cotidianos nas vias de
acesso ao centro urbano e mesmo nesse centro, onde
quadrilhas organizam “bondes” para tomar de assalto
pedestres e motoristas. Nem mesmo membros das
famigeradas “milícias” estão inteiramente a salvo: na
semana passada, roubou-se a moto de um miliciano
encarregado de vigiar uma rua num subúrbio. Ou seja,
as quadrilhas vitimizam-se mutuamente, do mesmo
modo como costuma acontecer com as batalhas pelo
controle de pontos de droga.
Quanto aos itens seguintes, ressalte-se, na letra C, mais um caso de
conversão da voz passiva pronominal ou sintética (“Invadiram-se
duas instalações militares”) para a passiva analítica, com a devida concordância entre o particípio e o seu sujeito (“duas instalações militares foram invadidas”). Gabarito: A
10.
(Analista de Finanças e Controle/STN/2008) Assinale a asserção correta em
relação aos sentidos e expressões linguísticas do trecho.
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(Muniz Sodré, Ruas de presas e de caçadores, 17/3/2009, (com cortes), em:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=529JDB002)
Assinale a afirmação falsa a respeito dos elementos linguísticos do texto.
a) A expressão “Nem mesmo” (ℓ.10) pode ser substituída por “Até mesmo”,
sem prejuízo do significado do texto.
b) Entende-se um predicado oculto em: Os tiroteios são cotidianos nas vias
de acesso ao centro urbano e [são cotidianos] mesmo nesse centro...
c) “Invadiram-se duas instalações militares” (ℓ.5 e 6) pode ser substituída
por: “duas instalações militares foram invadidas”, sem prejuízo da correção gramatical.
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Derrotada sistematicamente nos tribunais superiores,
a Advocacia-Geral da União (AGU) resolveu editar
um pacote com oito súmulas, reconhecendo direitos
dos servidores públicos federais. O gesto põe fim a
pendências jurídicas que se arrastavam havia décadas e
serve de alento para quem ainda busca reaver ou manter
benefícios funcionais. Com as súmulas, os advogados
públicos ficam automaticamente desobrigados a
contestar decisões desfavoráveis. (...) Esclarece a
AGU: “O servidor sabia que se entrasse na Justiça
ganharia, mas a União, por dever, mesmo sabendo que
perderia, tinha de recorrer. As oito medidas acabam
com isso.” Entre as súmulas está a que reconhece o
direito de pagamento do auxílio-alimentação retroativo
ao servidor em férias ou licença entre outubro de 1996
e dezembro de 2001.
(Luciano Pires, Correio Braziliense, 20/09/2008, p. 23, com adaptações)
a) O particípio “Derrotada” (ℓ.1) e o gerúndio “reconhecendo” (ℓ.3) constam no texto com sujeito oculto.
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Amostra da obra
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Questões por assunto
b) No lugar do sintagma “O gesto” (ℓ.4) poderia ser empregado, sem prejuízo da coerência textual, qualquer dos sintagmas Este ato, Tal medida, O
feito.
c) O segmento “que se arrastavam havia décadas” (ℓ.5) é resumido, sem
incorreção gramatical, da seguinte maneira: de haviam décadas.
d) Reescreve-se, mantendo-se a correção gramatical e a coerência textual,
o período “para quem ainda busca reaver ou manter benefícios funcionais.” (ℓ.6 e 7) do seguinte modo: para que se reavenham ou mantenham
benefícios funcionais.
e) Substitui-se, com correção gramatical e sem alteração de sentido, o segmento “ficam automaticamente desobrigados a contestar decisões desfavoráveis” (ℓ.8 e 9) por: não ficam automaticamente obrigados a ratificar
decisões favoráveis.
A asserção correta identifica-se, de imediato, na letra B: a substituição do termo “O gesto” por cada um dos três sintagmas propostos não acarreta qualquer prejuízo à coerência textual. A edição do
‘pacote’ (item discursivo que o substantivo retoma) também pode
ser designada como um “ato”, “medida” ou “ feito”, devidamente
antecedido, nos três casos, por um termo determinante – pronome
demonstrativo (Este e Tal) ou artigo (O). Os mais rigorosos talvez
apontassem falha no emprego de Este em lugar de Esse, já que, à primeira vista, o elemento anafórico se refere ao item focalizado na frase imediatamente anterior. Contudo, não se deve perder de vista que
o dito “gesto” é o tema permanente do trecho em tela, o que permite
ao redator destacá-lo como tópico relevante e presencial por meio do
demonstrativo da 1ª pessoa (ver, no Apêndice, a função referencial
dos pronomes).
Por fim, o item D comete uma grave falha morfológica, ao empregar
uma forma fictícia de um verbo tido como defectivo (“reaver” não
se conjuga nas três pessoas do singular e na 3ª pessoa do plural do
presente do indicativo e, por extensão, tampouco pode ser flexionado no presente do subjuntivo) – neste caso, caberia o uso de um
sinônimo: “para que se recuperem”.
Para concluir, a letra E incorre em óbvia confusão semântica, ao utilizar o verbo “ratificar” (= “confirmar”) em lugar do seu parônimo
“retificar” (= “corrigir”). Quem se desobriga “a contestar decisões
desfavoráveis” (termo enunciado no trecho original que a opção busca parafrasear) deixa de estar obrigado a “refutá-las” ou “retificá-las”
– e não “reafirmá-las” ou “ratificá-las”. Gabarito: B
Quanto às demais alternativas, assinalamos a seguir suas falhas
mais evidentes.
Na letra A, não há omissão do sujeito do particípio: “Derrotada”
refere-se explicitamente ao sintagma “a Advocacia-Geral da União
(AGU)”.
Na opção C, incorre-se em erro crasso de concordância verbal: o
verbo haver, indicando “tempo decorrido” (= “fazer”), é impessoal
e, portanto, não pode ser flexionado no plural. O correto, segundo a
norma culta letrada, seria: “de havia décadas”.
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