A PREVALÊNCIA DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM PACIENTES

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ENSAIOS E CIÊNCIA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, AGRÁRIAS E DA SAÚDE
A PREVALÊNCIA DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA
EM PACIENTES PROSTATECTOMIZADOS
Caio Atila Prata Bezerra de Sousa – Centro Universitário Estácio do Ceará
Constancy Roldan Tavares Amorim – Instituto PH
Raimunda Hermelinda Maia Macena – Universidade Federal do Ceará – UFC
Crystiane Macedo Peixoto, Leila Beuttenmuller Cavalcanti Soares e Vasco Pinheiro Diógenes Bastos – Centro
Universitário Estácio do Ceará – Estácio/FIC
RESUMO: O câncer de próstata é uma doença comum no mundo e já assumiu em alguns
países uma das principais causas de mortalidade da população masculina. Estudos
comprovam que 80% dos casos são observados em homens com idade superior a 65
anos. Suas causas são desconhecidas, bem como os fatores ambientais que favorecem
seu surgimento. Os objetivos foram verificar a prevalência da incontinência urinária
(IU) em pacientes prostatectomizados, traçar um perfil epidemiológico dos pacientes
em estudo, verificar o conhecimento do paciente em relação à incontinência urinária,
verificar o tipo de incontinência urinária pós-cirurgia do grupo em estudo. O estudo
trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo, exploratório e transversal com estratégia
de análise quantitativa dos resultados apresentados, realizado na clínica Urocentro.
Utilizou-se um questionário individual contendo dados pessoais, profissionais e
problemas de saúde. A amostra foi coletada no mês de Agosto a Novembro de 2008. Os
resultados apontaram 40% (n=4) tem idade entre 40 a 50 anos; A IU presente em todos
os pacientes por eles relatados, isto é, 100% ; quanto a seu conhecimento sobre IU nossa
amostra relatou que 80% (n=8) apresentavam entender o porquê da incontinência e
20% (n=2) relatou não ter conhecimento; 70% (n=7) referiram não realizar o ato sexual
devido a diversos incômodos. Conclui-se que a prevalência da incontinência urinária
em pacientes submetidos a prostatectomia é elevada. Sugerimos que sejam realizados
mais estudos científicos para que sejam mais explorados os fatores que implicam nessas
principais conseqüências, proporcionando melhora na situação clinica e psicológica.
ABSTRACT: The Prostate cancer is a common disease in the world and in some countries
has assumed a leading cause of mortality in the male population. Studies show that
80% of cases are found in men over the age of 65. Its causes are unknown, as well
as environmental factors that favor its appearance. The objectives were to determine
the prevalence of urinary incontinence (UI) in prostatectomy patients, draw an
epidemiological profile of the patients in the study, check the patient’s knowledge
regarding urinary incontinence, check the type of urinary incontinence post-surgery
study group. The study deals with a research of a descriptive, exploratory and crossstrategy quantitative analysis of the results, carried out at the clinic Urocentro. We used
a questionnaire containing personal data personal, professional and health problems.
The sample was collected in August and November 2008. The results showed 40% (n
= 4) were aged 40 to 50 years; UI present in all patients reported by them, ie 100%, as
their knowledge of IU our sample reported that 80% (n = 8) had to understand why
incontinence and 20% (n = 2) reported having no knowledge, 70% (n = 7) reported
not perform sexually due to various disturbances. It is concluded that the prevalence
of incontinence in patients undergoing prostatectomy is high. We suggest further
studies to be more scientific explored the factors involving these major consequences,
providing improved clinical situation and psychological.
PALAVRAS-CHAVE:
Incontinência Urinária;
Prostatectomia; Disfunção Sexual.
KEYWORDS:
Urinary Incontinence;
Prostatectomy; Sexual Dysfunction.
Artigo Original
Recebido em: 08/04/2013
Avaliado em: 24/04/2013
Publicado em: 14/05/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Correspondência
Sistema Anhanguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
[email protected]
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A prevalência de incontinência urinária em pacientes prostatectomizados
1. INTRODUÇÃO
A próstata é um órgão exclusivo do sexo masculino. Localiza-se abaixo da bexiga, na frente
do reto. No homem adulto, a próstata tem o tamanho aproximado de uma ameixa, pesando
cerca de 20 gramas. Ela envolve a uretra, que conduz para fora a urina que se acumula na
bexiga (NETTER, 2000).
A próstata produz e armazena o líquido prostático, que é expelido na ejaculação. Ela é
formada por 30 a 50 glândulas tubuloalveolares ramificadas, cujos ductos desembocam na
uretra prostática. Envolvendo a próstata, existe uma cápsula fibroelástica rica em músculo
liso, que envia septos que entram na glândula (CALAIS-GERMAIN, 1992).
A próstata cresce devido à influência da testosterona já na puberdade até que
produção começa a diminuir por volta dos 40 anos de idade. Por volta dos cinqüenta anos,
a conversão de testosterona em deidrotestosterona (DHT) aumenta, causando o inchaço da
glândula. Como a evolução do inchaço, a pressão da próstata pressiona a uretra, enquanto
causa obstrução do fluxo da urina provocando danos para os rins, bexiga e ureteres, como
também infecção urinária, devido ao resíduo da urina que não sai e retorna (NETTER, 2000).
Existem três tipos principais de problemas: Hiperplasia Prostática Benigna (HPB);
Prostatite (inflamação da próstata) e Câncer de Próstata O importante é reconhecer que tais
sintomas urinários estão associados ao crescimento do volume (tamanho) da próstata, que,
por sua vez, pode ser provocado por alguma dessas patologias (KLEIN,1992).
O câncer de próstata é uma doença relativamente comum no mundo e já assumiu em
alguns países uma das principais causas de mortalidade da população masculina. Atualmente,
o adenocarcinoma prostático representa a 3ª causa de morte na população masculina brasileira,
após as doenças cardiovasculares e as causas externas (MIRANDA, 2004).
Na sua fase inicial, não apresenta nenhum sintoma. Numa fase adiantada, começará
a obstruir a urina, como ocorre com o tumor benigno (HBP), mas o tratamento curativo já
é mais difícil. Trabalhos já mostraram que em autópsias realizadas em100 indivíduos de
40 a 50 anos que vieram a falecer de várias causas 04 deles eram portadores de câncer de
próstata, sem nunca terem se queixado de qualquer sintoma (HERING; SROUGI, 1995).
De acordo com Costa (1998), a evolução dos pacientes com câncer de próstata depende
do grau histológico do tumor e o estágio da doença no momento do diagnóstico e o volume
tumoral. As células do câncer prostático produzem fosfatase ácida, os níveis séricos desta
tornam-se elevados quando o tumor se estende fora da cápsula, não sendo de grande valia
de diagnóstico no carcinoma de estado inicial.
Estudos comprovam que 80% dos casos são observados em homens com idade superior
a 65 anos. Suas causas são desconhecidas, bem como os fatores ambientais que favorecem
seu surgimento. No Brasil, de 60% a 70% dos casos são diagnosticados quando a doença já
está disseminada (LIBERMAN, 2001).
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Caio Atila Prata Bezerra de Sousa, Crystiane Macedo Peixoto, Leila Beuttenmuller Cavalcanti Soares, Constancy Roldan Tavares Amorim, Raimunda
Hermelinda Maia Macena e Vasco Pinheiro Diógenes Bastos
O retardo do diagnóstico prende-se a diversos fatores: a falta de informação da
população leiga, que mantém crenças ultrapassadas e negativas sobre o câncer e seu
prognóstico; a falta de alerta dos profissionais de saúde para o diagnóstico precoce dos
casos; o preconceito contra o câncer e contra o toque retal; a inexistência de um exame
específico e sensível que possa detectar em fase microscópica e a falta de rotinas abrangentes
programadas nos serviços de saúde públicos e privados que favorece a detecção do câncer,
inclusive o de próstata (HERING; SROUGI, 1995).
De acordo com Hering; Srougi (1995), as decisões acerca do tratamento do câncer
de próstata compreendem muitos fatores. Os pacientes com câncer de próstata devem
ser tratados em função do estágio da doença: recorre-se à prostatectomia e à terapêutica
endócrina anti-androgênica nos casos de doença disseminada.
Após o seu diagnostico o paciente pode ser submetido a uma cirurgia. A Prostatectomia,
que consiste em um tratamento realizado em casos de tumores e quando a próstata se torna
muito grande a ponto de restringir o fluxo de urina através da uretra, que pode ser radical
ou parcial (HAMAND, 1991).
O tratamento cirúrgico, realizado mediante prostatectomia radical, é particularmente
indicado nos pacientes com doença em estágios A e B (T1 e T2). Quando o tumor atinge os
tecidos periprostáticos, ou seja, estágio C (T3 e T4), a cirurgia não remove integralmente a
neoplasia e os pacientes são melhores tratados por radioterapia radical (BILLIS, 1999).
A prostatectomia radical é uma cirurgia que reduz a mortalidade, mas podem
desencadear algumas complicações como a incontinência urinária, alterações sexuais
e problemas psicológicos que geram grande impacto na qualidade de vida do paciente
(NETTINA, 2003).
Dentre as complicações surgidas temos a incontinência urinária sendo o achado mais
comum nos pacientes submetidos à retirada radical da próstata, podendo ser temporária ou
persistente necessitando de tratamento. Esta intercorrência é acompanhada pelo tratamento
farmacológico, processos cirúrgicos e tratamento Fisioterápico (FRANCO, 2001).
A incontinência urinária pós-prostatectomia é uma complicação com conseqüências
de ordem social e psicológica que geram grande impacto na qualidade de vida do paciente.
A incidência da incontinência após o tratamento cirúrgico da obstrução por HPB, seja após
a ressecção transuretral da próstata ou após a prostatectomia aberta, gira em torno de 1%
(LIBERMAN, 2001).
Srougi e Simon (1996) submeteram 22 pacientes a prostatectomia radical retro púbica
entre 1987 e 1988, observou 5% de incontinência urinária. Utilizaram questionários em
pesquisa com mais de 800 pacientes após a prostatectomia radical e 32% responderam que
usavam absorventes ou grampo peniano devido à incontinência urinária, em graus variados.
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A prevalência de incontinência urinária em pacientes prostatectomizados
A fisioterapia vem mostrando bons resultados no tratamento de incontinência urinária
através da eletroterapia e da cinesioterapia que visam o recrutamento de fibras musculares,
levando ao fortalecimento, pela melhora do mecanismo esfincteriano (BARACHO, 2007).
Esse estudo surgiu da necessidade de verificar as complicações nos pacientes
prostatectomizados identificando o nível e grau de conhecimento da incontinência urinária
pelos pacientes e a relação com o tratamento e o fisioterápico.
Baseado nisso o estudo busca oferecer conhecimentos aos profissionais de fisioterapia.
Abordando o perfil dos pacientes prostatectomizados, para que se desenvolvam mais
pesquisas no pré e pós-operatório de pacientes prostatectomizado.
Tendo como objetivo geral verificar a prevalência de Incontinência urinária em pacientes
prostatectomizados traçando um perfil epidemiológico, verificando o conhecimento do
paciente em relação à incontinência urinária e o tipo de incontinência urinária pós-cirurgia
do grupo em estudo.
2. METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho consiste em um estudo de caráter descritivo, exploratório e
transversal com estratégia de análise quantitativa dos resultados apresentados.
O presente estudo se realizou na clínica Urocentro, situada a Rua Costa Araújo, 1210
– Bairro de Fátima, Fortaleza/CE. No período entre agosto a novembro de 2008, conforme
aprovação do projeto pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade Integrada do Ceará.
A amostra foi selecionada a partir dos indivíduos do sexo masculino (n=10) que tenham
realizado cirurgia de prostatectomia. Foram: incluídos os indivíduos do sexo masculino,
maior de 30 anos, que foram submetidos à cirurgia de prostatectomia com visitas freqüente a
clínica Urocentro e que aceitaram participar da pesquisa mediante a assinatura de um termo
de consentimento informado (APÊNDICE A). Os excluídos da pesquisa são os que não
estavam freqüentando a clínica Urocentro, que não realizaram cirurgia de prostatectomia,
os que não se encontravam dentro da faixa etária delimitada, e os indivíduos que não
aceitaram realizar a cirurgia, e não aceitaram participar da pesquisa.
As variáveis a serem abordadas foram o tempo de cirurgia, o tipo de cirurgia, o tipo de
terapêutica, a idade e tipo de incontinência.
Inicialmente foi feita uma visita na clínica Urocentro, onde foi realizada uma explanação
perante o Diretor da mesma sobre os objetivos do trabalho (APÊNDICE B) em seguida foi
explicado os objetivos da pesquisa aos pacientes que freqüentavam a clínica e foi solicitada
a assinatura do termo de consentimento. (APÊNDICE A). Logo após receberam a ficha
de resolução para o desenvolvimento da pesquisa (APÊNDICE C), que aborda tipos de
cirurgias, Complicações pós – cirúrgicas e tipos de incontinência urinária.
Realizaram-se uma análise estatística descritiva, Microsoft Office, através do Excel
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Caio Atila Prata Bezerra de Sousa, Crystiane Macedo Peixoto, Leila Beuttenmuller Cavalcanti Soares, Constancy Roldan Tavares Amorim, Raimunda
Hermelinda Maia Macena e Vasco Pinheiro Diógenes Bastos
2003, os resultados sendo apresentados em forma de gráficos e tabelas.
O estudo seguiu os aspectos éticos que envolvem a pesquisa com seres humanos, como
garantia da confidencialidade, do anonimato, da não utilização das informações em prejuízo
dos indivíduos e do emprego das informações somente para os fins previstos na pesquisa.
A coleta de dados ocorreu, conforme aprovação do estudo pelo comitê de ética em
pesquisa da Faculdade Integrada do Ceará (ANEXO A) e seguirá as normas da Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde – pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL,
1996), assim como da resolução do COFFITO 10/78 - Protocolo nº. 59 (Código de Ética de
Fisioterapia).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo foi realizado através de questionário aplicado em 10 pacientes prostatectomizados
que freqüentavam a clínica Urocentro, tendo a amostra uma idade média de 42,9 (±2,30)
anos, estando cerca de 40% (n=4) da amostra na faixa etária de 40 a 50 anos (GRAFICO 1).
Gráfico 1: Distribuição dos dados de acordo com a faixa etária. Fortaleza/Ce, 2008.
Nossos dados vão de encontro ao de Lirbeman (2001) que destaca que as neoplasias da
próstata são raras antes dos 50 anos, observando-se aumento progressivo da incidência com
a idade. Os tumores são atualmente identificados, respectivamente, em 4%, 7%, 12%, 25% e
41% dos homens com 40, 50, 60, 70, e 80 anos.
Seguindo o roteiro da pesquisa estudada, com relação ao estado civil dos pacientes
detectou-se que 60% (n=6) eram casados, 20% (n=2) solteiros e 20% (n=2) separados
(GRAFICO 2).
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A prevalência de incontinência urinária em pacientes prostatectomizados
Gráfico 2: Distribuição dos dados de acordo com o estado civil. Fortaleza/Ce, 2008.
A incontinência urinária se destacou presente em todos os pacientes por eles relatados,
isto é, 100% (n=10). Logo, foi relatado sobre os possíveis sintomas da incontinência urinária,
detectou-se que 60% (n=6) dos entrevistados apresentavam alteração na força para micção;
20% (n=2) polaciúria; 10% (n=1) disúria e 10% (n=1) enurese noturna (TABELA 1).
Tabela 1: Distribuição dos dados de acordo com os sintomas relatados diante da Incontinência urinária.
Sintomas
Fa
Percentagem (%)
Força para micção
6
60%
Polaciúria
2
20%
Disúria
1
10%
Enurese noturna
1
10%
Total
10
100%
Fortaleza/ Ce, 2008.
Confirmando os dados presentes em nossa pesquisa citamos o Ciconelli (1999) que
descreve em seus estudos que a incontinência urinária existe após a prostatectomia, pois
gera o enfraquecimento temporário dos músculos levando os diversos sintomas, dentre
eles: endurese noturna, polaciúria e disúria ao rir, tossir ou no decurso de determinadas
atividades físicas.
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Hermelinda Maia Macena e Vasco Pinheiro Diógenes Bastos
Diante do conhecimento quanto à incontinência urinária nossa amostra relatou que
80% (n=8) apresentavam entender o porquê da incontinência e 20% (n=2) relatou não ter
conhecimento da incontinência urinária (GRAFICO 3).
Gráfico 3: Distribuição dos dados de acordo com o Conhecimento dos paciente quanto a Incontinência Urinária
Indo de confronto com Hamand (1991) que relata que os pacientes prostactomizados
já são logo informados que a principal complicação e a incontinência urinária, sabendo
que na maioria dos casos possui reversão desse fator e que segundo como conseqüência a
disfunção sexual.
Na pesquisa elaborada sobre a incapacidade de controlar voluntariamente a eliminação
da urina apresentou um número relevante de pacientes, que fizeram parte da amostra,
com micção em jatos, totalizando 50% (n=5) dos entrevistados, os demais participantes
diversificaram em sua resposta nas demais formas de micção, com os seguintes dados: 20%
(n=2) na forma de espirros; 30% (n=3) em forma de gotas e 10% (n=1) em outras. (TABELA 2).
Tabela 2: Distribuição dos dados de acordo com formas de micção da perda urinária Fortaleza/ Ce, 2008.
Formas de micção
Fa
Percentagem (%)
Jatos
5
50%
Espirros
2
20%
Gotas
3
30%
Outros
1
10%
Total
10
100%
Carvalho (1994) afirma que o tipo mais comum de problemas urinários do homem
é o gotejamento contínuo em formas de jato promovendo não esvaziamento completo da
bexiga. Dados esses confirmando os nossos resultados.
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A prevalência de incontinência urinária em pacientes prostatectomizados
Foi indagado aos entrevistados se os mesmo praticavam relação sexual após a
prostatectomia, sendo verificado que 30% (n=3) dos pacientes afirmaram ter relação sexual
e 70% (n=7) referiram não realizar o ato sexual por apresentar diversos incômodos, sendo
eles: Mal estar em 20% (n=2), pouca ereção em 40% (n=4) e dor em 40% (n=4) da amostra
(TABELA 3).
Tabela 3: Distribuição dos dados de acordo com os motivos da negação ao ato sexual. Fortaleza/ Ce, 2008.
Motivos
fa
Percentagem (%)
Mal estar
2
20%
Pouca ereção
2
20%
Dor
3
30%
Total
7
70%
Rodrigues; Zago (1991) relatam que os sintomas polaciúria, disúria e endurese noturna
apresentados levam o homem a problemas de ordem física, psicossociais (como a depressão,
o isolamento social, a rejeição do parceiro), em virtude da pouca ereção que reflete na prática
e na concretização da relação sexual. Corroborando Gugliota (2001) destaca que a disfunção
sexual afeta a qualidade de seu relacionamento dificultando a ereção, justificando o alto
índice de pacientes de deixaram de praticar relação sexual.
Essa disfunção sexual e incontinência urinaria presentes após a prostatectomia pode
ser descrita por Hatzimouratidis; Hatzichistou (2004) como dois fatores mais presentes
após o ato cirúrgico, no entanto a incontinência urinária é mais freqüente que a potência
sexual, sendo que mais de 90% dos pacientes ainda podem estar continentes após o sexto
mês da cirurgia. A recuperação da ereção é mais lenta, podendo ocorrer até o terceiro ano da
cirurgia. A taxa de potência varia na literatura de 11% até 86% entre os pacientes submetidos
à prostatectomia radical.
O estudo de Rodrigues; Zago (1991) é semelhante ao nosso no tocante ao fato de que
o homem ao passar pela cirurgia de prostatectomia ficará sujeito a uma possível situação
depressiva devido ao preconceito presente em nossa sociedade, bem como o risco de
comprometimento físico, pelo difícil controle da micção e pelos motivos da redução do ato
sexual afetando consideravelmente sua qualidade de vida.
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4. CONCLUSÃO
Diante dos nossos estudos os resultados confirmam que a incontinência urinaria e disfunções
sexuais continuam prejudicadas diante a cirurgia da próstata.
Sendo assim esta pesquisa demonstra que a constância da incontinência urinária em
pacientes submetidos a prostatectomia é elevada e há índices elevados de disfunção sexual.
Esses fatores destacados, disfunção sexual e incontinência urinaria, influenciam na
qualidade de vida do paciente. A cirurgia curativa do carcinoma da próstata tem implicações
profundas na sexualidade do homem e levando os momentos depressivos ou ate isolamento
social.
Encontrou-se, também, relação entre a incontinência urinária com a faixa etária sendo
mais acometida a compreendida entre 40 à 50 anos sugerindo desta forma, possíveis fatores
de risco.
Vale ressaltar que mesmo os pacientes após a prostatectomia precisam ser avaliados
de forma cuidadosa e continua, pois o dilema entre a radicalidade e qualidade vida em
terapêutica oncológica não tem uma solução fácil, mas a evolução do conhecimento permite
que uma percentagem cada vez maior de doentes submetidos à prostatectomia reinsira na
sociedade de forma mais rápida e satisfatória.
Sugerimos que sejam realizados mais estudos científicos para que sejam mais explorados
os fatores que implicam nessas principais conseqüências, pois assim estará proporcionando
melhora na situação clinica e psicológica do paciente após a prostatectomia, promovendo
maior aceitação do processo cirúrgico.
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