OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ “Batismo – Crisma

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA
TAPIRATIBA – SP
DIOCESE DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA
33º CURSO DE LITURGIA
Novembro de 2016
OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ
“Batismo – Crisma – Eucaristia”
Introdução
Objetivos:
1. Mostrar o uso e evolução do termo sacramento na história bem como a noção teológica e práxis
da celebração na pastoral sacramentária, decorrente da forma de compreendê-lo.
2. Demonstrar a inseparável unidade teológica entre os três sacramentos da iniciação cristã, mesmo
que estes sejam administrados separadamente.
3. Buscar compreender a disciplina eclesiástica e os desafios para a pastoral litúrgica-sacramentária e a
vivência cristã destes sacramentos.
1) OS SACRAMENTOS: ORIGENS, HISTÓRIA E TEOLOGIA A PARTIR DO USO DOS TERMOS
MYSTERION E SACRAMENTUM
Origens e compreensão do termo Mistério
Originária do grego, a palavra “
” ad., v. “
”, (mysterikos, on - mystes) indica
cerimônia religiosa secreta.
Na antiguidade, conforme a linguagem helênica, o termo frequentemente e foi empregado para
indicar celebrações bem determinadas das chamadas “religiões dos mistérios”. Indicava os rituais de vários
cultos que prometiam salvação através da iniciação ao destino de seus deuses (místicos). Em Atenas, por
exemplo, servia para indicar os mistérios de Elêusis (Cf. ritos de iniciação das deusas Deméter e sua filha
Perséfone – que celebram o regresso das plantas e da vida à terra, depois do inverno... noutro campo
interpretado como uma re-ascenção ou ressurreição da alma).
Fundando-se em base míticas através dos ritos os antigos expressavam os diversos momentos do
processo agrário-vegetativo, personificados em heróis do tempo primitivo, eram reproduzidos numa cenografia
religiosa com a finalidade de assegurar o curso favorável do processo cósmico do nascimento e desenvolvimento
das cearas, elemento base da vida para os antigos. O “Mito de Coré”, segundo o qual a vida nasce continuamente
da morte seguindo uma lei constante da natureza, ilustra muito bem esta mentalidade. Partindo desta concepção
mitológica originária existente na religião dos mistérios a referência mágica-agrária paulatinamente passou a
indicar também o desejo do homem de possuir uma vida que se renova sempre vencendo a morte; este desejo
sempre foi expresso ritualmente.
À base de uma experiência mitológica-agrária nasce o mistério soteriológico humano que será
expresso através de um rito com o qual se comunica ao homem a salvação
conquistada pelo
herói protagonista do mistério. O homem que alcançou esta salvação é chamado de iniciado – termo que
vem do latim, initia que, por sua vez, traduz o grego
, e indica precisamente “o homem que
entrou para o mistério da salvação”.
Neste ambiente cultural os cristãos dos primeiros séculos igualmente empregam o termo mistério
em sentido soteriológico. No texto grego da Sagrada Escritura, na linguagem apocalíptica, bem como no
judaísmo da época, mystérion era empregado para designar o arcano escatológico, a pregação velada dos
eventos futuros estabelecidos por Deus. No NT seu uso serviu para significar “o desígnio (ou plano) oculto
de Deus, só manifestado mediante a revelação e destinado a ser realizado no fim (...) o mysterion de Deus
é, pois, definitivamente o próprio Jesus como Messias”, mais ainda, “uma história preparada na esfera de
Deus e levada à seu cumprimento”. Em outras palavras, é o plano divino da salvação preparado ao longo
do AT, realizado na pessoa de Jesus Cristo e continuado na ação prolongada da obra de Cristo na Igreja.
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O sentido cultual e a aplicação escatológica do termo na Sagrada Escritura faz nos compreender
que além de seu primitivo caráter de ocultamento no sentido de mistério doutrinal abstrato o termo
mistério indica, acima de tudo, uma ação salvífica de Deus.
O apóstolo Paulo aplica o termo “mistério” em duplo sentido. Ora indica o próprio Cristo e a
salvação realizada em sua pessoa, como podemos notar em 1Cor 2,1.7, ora indica o anúncio, ou seja, o
conteúdo deste evento salvífico não apenas com palavras, mas também sua expressão cúltica por meio de
ações sagradas. Neste sentido podemos conferir diversos textos na carta aos Efésios e na carta aos
Colossenses, como, por exemplo, Cl 1,27.
Contudo, o uso do termo ainda é restrito no NT e nos Padres Apostólicos. Somente a partir dos
Padres Apologétas, notamos um uso mais frequente do termo que se torna fundamental para a
compreensão da própria teologia litúrgica. Neles mystérion indica as ações salvíficas, especialmente
figuradas (typoi , através de eventos e pessoas veterotestamentárias que aludem à futura
realização ou cumprimento em Jesus Cristo. Entre os alexandrinos o termo é usado para indicar as
verdades da religião cristã que se referem à realização da salvação em Jesus Cristo.
Portanto, mystérion indica o próprio Cristo e sua a ação salvífica, sobretudo a sua morte,
ressurreição e ascensão, já prenunciadas no AT, bem como a representação cultual desta mesma obra
salvífica de Cristo continuada na Igreja por meio de celebrações rituais capazes de tornar presente não só
a lembrança de um evento passado, mas sobretudo a eficácia soteriológica desta ação no momento
anamnético de sua realização. Nesta linha encontramos a teologia Paulina, retomada pela patrística grega
representada, entre outros, por Clemente de Alexandria, Origines e Gregório de Nissa.
Influências latinas e a substituição do termo mysterion pelo uso de sacramentum
No entanto, a pregação cristã foi fortemente influenciada pela cultura e linguística latinas e o
termo mysterium, conhecido desde os tempos de Cícero no sentido cultual, portanto refletindo-se ao uso
pagão, foi sendo paulatinamente substituído pelo termo sacramentum.
Inicialmente indicou, de modo particular, o batismo e suas obrigações de fidelidade, o que não
deixou de ser também uma influência da cultura romana que usava o termo sacramento para indicar o
juramento e dever de fidelidade a que estavam obrigados os seus soldados mediante um ato de
consagração às suas divindades.
Um dos grandes protagonistas desta significativa mudança foi Agostinho, bispo de Hipona, a partir
de quem foi-se orientando toda a teologia latina posterior que com o termo sacramentum expressou “um
rito sagrado, um sinal santo, um sinal visível (signum) de coisas divinas, em que nos são mostradas
realidades invisíveis”.
Para Agostinho, assim como a salvação realizada em Cristo através de sua paixão, morte e
ressurreição, é preanunciada (signa paenuntiativa) no AT através dos typoi
, as celebrações rituais
do NT, realizadas no tempo da Igreja, do mesmo modo são sacramenta que não apenas aludem a Cristo,
mas também são “promissivas da salvação escatológica” enquanto expressa e comunica uma realidade a
ser plenamente realizada no tempo futuro (Escatón .
Em Leão Magno ocorre uma mistura confusa e característica dos termos mysterium e sacramentum,
para indicar as “ações salvíficas históricas” e “as celebrações litúrgicas das mesmas”. Contudo, Leão é capaz
de sintetizar a unidade do evento salvífico que no decorrer do tempo se foi explicitando de muitos
modos.
O uso exclusivo do termo sacramentum para expressar o aspecto celebrativo ritual é fruto da
reflexão teologia medieval. Progressivamente ficou reservado aos ritos que hoje conhecemos como
septenário sacramental. Para legitimar este uso foi fundamental e decisivo o Concílio de Trento. Com isto
o termo mysterium passou a indicar cada vez mais as ações salvíficas históricas de Jesus e não mais os
arcanos da fé que superam toda capacidade de compreensão, passando a ser entendido, portanto, ao
longo de toda Idade Moderna, em sentido doutrinal e abstrato.
Recuperação da equivalência de significado entre os dois termos
Foi somente no contexto do movimento litúrgico moderno, com o precioso trabalho de Odo
Casel, incompreendido nos primórdios, que o termo mistério recuperou progressivamente seu significado
originário.
Casel chamou a atenção para o fato de que os antigos não entendiam o mistério simplesmente
como “doutrinas teológicas, verdades reveladas e noções teológicas delas deduzidas”. Para ele, “mistérios”
eram “as próprias celebrações litúrgicas das realidades salvíficas de Cristo, a sagrada ação mistérica na qual
3
os próprios ‘espectadores’ tomam parte ativa”. Ele fez notar, com base em seus estudos, que a “eficácia”
de tais verdades só é possível enquanto estas se tornam não apenas objeto de reflexão, mas realidade
concreta, visível, tangível através de uma celebração litúrgica.
Sua colaboração foi importantíssima na medida em que demonstrou a equivalência dos termos
sacramentum e mysterium, originariamente usados para expressar uma única e mesma realidade, ou seja,
não apenas indicação dos sete meios da graças que agem ex opere operato (sacramentum) ou a reflexão
doutrinal e abstrata destes sinais (mysterión), vistas de modo separado, mas a celebração memorial da
obra salvífica do próprio Cristo. Sinteticamente, chegou à seguinte definição do mistério:
O mistério é ação sagrada de caráter cultual, em que um ato salvífico se torna presente sob a
forma de rito; pelo fato de a comunidade cultual cumprir este rito, ela participa do ato salvífico e obtém,
desta maneira, a salvação.
Três elementos se destacam nesta concepção caseliana de mistério:
a existência de um evento primordial de salvação;
a presença deste evento na ação ritual;
a realização universal da história da salvação para os homens de todos os tempos através do
rito.
Desta forma, o “culto cristão” é “um momento” da intervenção salvífica de Deus sobre a
humanidade.
O trabalho de pesquisa realizado por Casel, além de provocar divergências, não só abriu as portas
de um novo processo de volta o sentido originário dos termos mysterion/sacramentum, mas também teve
o mérito de devolver à liturgia o seu lugar central na teologia geral.
Nos anos posteriores foi fundamental a manifestação de Pio XII com a encíclica Mediator Dei.
Muito embora haja clara tendência à rejeição das teorias de Casel, a encíclica papal contribuiu para que
através dos estudos posteriores se chegasse a uma maior clareza quanto à teologia dos mistérios,
sobretudo no que toca à relação entre mistério e páscoa/celebração pascal, já aludida por Casel, mas que
também pode ser encontrada já em Leão Magno para referir-se à festa pascal nos termos de mysterium
paschale ou sacramentum paschale, conforme formulação latina.
O ponto alto da retomada do termo em seu sentido originário deu-se solenemente na constituição
conciliar Sacrosanctum Concilium, que utiliza o termo Mysterium Paschale para fundamentar a natureza
da própria Liturgia. Retomando a visão patrística de que a obra salvífica preanunciada e preparada nos
typoi do AT é concretizada na pessoa de Jesus Cristo e continuada através da ação da Igreja,
particularmente através do memorial de Cristo na liturgia, a constituição conciliar afirma que “Esta obra
da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus (...) completou-a Cristo Senhor, principalmente
pelo ‘Mistério Pascal’ de sua sagrada paixão, ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão” (SC 05); afirma,
ainda, que “mediante o Batismo, os homens são inseridos no ‘Mistério Pascal de Cristo: com ele mortos,
com ele sepultados, com ele ressuscitados...”, e que após o dia de Pentecostes “a Igreja nunca deixou de
se reunir para celebrar o Mistério Pascal” (SC 05).
Mediante estas afirmações do documento conciliar, podemos perceber o quanto foi importante os
estudos de Casel e como o conceito por ele preparado assume toda sua relevância teológica para
transmitir “uma sacratíssima tradição doutrinal patrístico-litúrgica: a liturgia, no mistério, torna presente
para todos os crentes, de qualquer época, a realidade plena da opus salutis” (obra da salvação).
Com esta tomada de consciência dos Padres conciliares o termo Mysterium Paschale recupera o
seu lugar teológico e volta a ser utilizado para indicar o conjunto todo da obra da salvífica – preparada
no AT, realizada em Jesus Cristo – no tempo presente comunicada aos fiéis através das ações litúrgicas de
toda a Igreja.
Ao celebrar os “mistérios”, o fiel, por sua vez, é mergulhado na dinâmica redentora da obra de
Cristo e dela participa na esperança de sua plena realização na parusia do Senhor, quando, uma vez por
todas, participará em definitivo da vida eterna por ele prometida. Como afirma o Concílio: “Na liturgia
terrena, antegozando, participamos da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a
qual, peregrinos, nos encaminhamos” (SC 08).
Um estudo detalhado exigirá o aprofundamento a respeito da colaboração teológica hodierna à
respeito do “Mistério Pascal”, fundamental à compreensão da pastoral sacramentária.
Consideremos a reflexão e a práxis em torno do “Mistério Pascal” desenvolvidas no pós-Concílio
no contexto latino americano. Tomemos como ponto de referência os documentos de Medellín e Puebla,
bem como, mais especificamente em nível de Brasil, o documento 43 da CNBB, “Animação da vida
litúrgica no Brasil”.
4
Medellín afirma que “a presença do mistério da salvação, enquanto a humanidade peregrina até a
sua realização plena na parusia do Senhor, culmina na celebração da liturgia eclesial” (Medellin, 9.2; SC
08 e 10). Sendo que a celebração litúrgica do mistério está inserida no peregrinar histórico do povo de
Deus ela “comporta e coroa um compromisso com a realidade humana, com o desenvolvimento e a
promoção, precisamente porque toda a criação está envolvida pelo desígnio salvador que abrange a
totalidade do homem” (Medellin, 9.4).
Aqui fica claro que no tempo presente a obra da salvação continua envolvendo a humanidade
peregrina, cuja meta é a “parusia do Senhor”, em sua concretude histórica. A salvação é uma realidade já
presente, contudo ainda por atingir sua plenitude. Enquanto caminheira a humanidade não só é
envolvida, mas envolve-se no mistério e é chamada a edificar o Reino antecipando, pela transformação
libertadora da realidade histórica, a plenitude cósmica quando em Cristo o tempo será levado à sua
plenitude.
A Conferência de Puebla, não só constata o agravamento de uma situação emergente do povo
latino americano marcado por uma situação de miséria e opressão institucionalizadas por estruturas bem
concretas, mas afirma que caminhamos para a “transformação final do universo” à luz da ressurreição de
Cristo, como pessoas de esperança (Puebla, 197). Esta caminhada implica necessariamente participação no
Mistério Pascal de Jesus, na medida em que ele próprio se faz presente na história de seu povo e
identifica-se com os marginalizados e sofredores de modo particular. Nesta dinâmica da caminhada em
busca da “plenitude que seria utópico procurar no tempo” (Puebla, 210), a Igreja enquanto comunidade
de irmãos sustenta sua esperança na celebração do mistério proclamando a morte redentora, anunciando
a vitória alcançada pela ressurreição e suplicando confiante que Deus apresse a vinda gloriosa de seu Filho
ao dizer “vem Senhor!”.
O documento 43 da CNBB afirma: Sendo memorial de Cristo, a Eucaristia não consiste apenas em
renovar os gestos de Jesus na Ceia, mas também em renovar os gestos de Cristo na páscoa de sua vida,
morte e ressurreição: louvor ao Pai a partir das circunstâncias de nossa Igreja caminhante, oferecer o
sacramento memorial do sacrifício de Cristo, mas ao mesmo tempo oferecer-nos a nós mesmos na nossa
páscoa, páscoa de Cristo na páscoa da gente, páscoa da gente na páscoa de Cristo (Cf. nº 300).
Lugar privilegiado para expressar a participação da humanidade no mistério salvífico de Cristo é a
celebração Eucarística, sobretudo porque esta é vivenciada a partir de circunstância específica e históricas
da Igreja constituída precisamente pela assembleia celebrante. Não só a eucaristia, mas também os demais
sacramentos e até mesmo os sacramentais evocam o Mistério Pascal de Cristo que celebrado no contexto
da fé da Igreja produz como fruto a glorificação de Deus e a santificação da humanidade (SC 07).
Concluímos retomando a afirmação conciliar que aponta para a vivência sacramental como lugar
privilegiado de uma progressiva santificação do fiel ao longo de sua vida à medida que este também vai
assumindo o compromisso transformador da realidade humana aderindo à obra de Deus, ao seu projeto
salvífico, no seguimento de Jesus Cristo, Mistério/Sacramento do Pai, continuado presente na ação de sua
Igreja.
Desta forma o Concílio nos mostra qual a mais profunda realidade dos sacramentos e sacramentais
ao afirmar e de onde emana a sua essência teológica: “A liturgia dos Sacramentos e Sacramentais consegue
para os fiéis bem dispostos que quase todos os acontecimentos da vida sejam santificados pela graça
divina que flui do Mistério Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, do qual todos os
Sacramentos e Sacramentais adquirem sua eficácia. E quase não há uso honesto das coisas materiais que
não possa ser dirigido à finalidade de santificar o homem e louvar a Deus” (SC 61).
Algumas definições de Sacramentos
Constituição Sacrosanctum Concilium - Vaticano II
“Os sacramentos destinam-se à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e ainda
ao culto a ser prestado a Deus. Sendo sinais, destinam-se também à instrução. Não só supõem a fé, mas
por palavras e coisas também a alimentam, a fortalecem e a exprimem. Por esta razão são chamados
sacramentos da fé. Conferem certamente a graça, mas sua celebração também prepara os fiéis do melhor
modo possível para receberem frutuosamente a graça, cultuarem devidamente a Deus e praticarem a
caridade” (SC 59).
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Carlo Rocchetta
“Os sacramentos são atos do Cristo glorioso na Igreja, que tornam presente, de forma simbólica
eficaz, o mistério da salvação, estendendo-o a cada lugar, a cada tempo e a cada homem, construindo o
corpo de Cristo que é a Igreja e preparando o mundo escatológico futuro”.1
Alexandre Canoczy
“(...) precisamos entender os sacramentos como sistemas de comunicação verbal e não-verbal,
pelos quais os homens chamados à fé em Xisto entram a participar do movimento de intercâmbio de uma
comunidade concreta e, desta maneira, levados pela autocomunicação de Deus no Cristo e no seu
Espírito, avançam no caminho de se tornarem eles mesmos (...) os sacramentos são (...) eventos
interativos de encontro entre a graça e a fé de membros de uma comunidade concreta, existencialmente
bem determinados, que seguem esta ou aquela determinação”.2
Edward Schillebeeckx
“Sacramento significa, com efeito, Dom divino de salvação, em e por uma forma exteriormente
apreensível, constatável, que concretiza esse Dom: Dom de salvação em visibilidade histórica3 (...). Um
sacramento, isto é, um ato do sacramento primordial que é a Igreja, é um ato visível, seja do caráter do
sacerdócio, seja do caráter do batismo e da confirmação. (...) Todo sacramento da Igreja é um ato pessoal
do próprio Cristo (...). Sacramento é um ato de salvação pessoal do próprio Cristo Celeste, sob a forma
de manifestação visível de um ato funcional da Igreja”.4
2) OS SACRAMENTOS NO MAGISTÉRIO
O Septenário Sacramental como gestos salvífico de Cristo na Igreja e através dela
Há de se percorrer um longo caminho na evolução teológica dos sacramentos até se chegar ao que
hoje chamamos de septenário sacramental.
Nos primeiros séculos da Igreja o livro comum aos bispos e presbíteros era chamado
sacramentário. Nele eram encontradas não apenas a celebração dos sacramentos como tal, mas também
as orações presidenciais da eucaristia, as diferentes bênçãos e neles era incluída a conclusão da própria
liturgia das horas.
Com o passar dos anos houve clara distinção ao que se chamou na Igreja de Pontifical Romano e
Rituale Romanum. O primeiro continha o próprio dos bispos e o segundo continha às celebrações
próprias dos presbíteros. Esta distinção não aparece com tanta clareza quando se compara as Igrejas do
Oriente e do Ocidente. Porém, é através destes livros que se pode chegar à compreensão de como os
sacramentos foram vivenciados na prática eclesial e processando mutações diversas com o passar dos
séculos.
Somente a partir do século VII é que encontramos livros que descrevem de modo mais ou menos
detalhado os ritos da liturgia e foram designados com o título de Ordines Romani. Convém lembrar que
muitas vezes os Ordines foram influenciados pela assimilação da cultura própria das liturgias locais,
sofrendo, portando, várias adaptações no decorrer dos anos.
No final do século XIII e inícios do século XIV houve uma clara distinção entre o Missal, contendo
o próprio da missa e o Pontifical, contendo todos os sacramentos, bênçãos e ritos diversos.
Hoje em dia a distinção entre Pontifical e Ritual dificilmente pode ser sustentada uma, vez que
existem celebrações comuns aos bispos e presbíteros e até mesmo aos diáconos e leigos.
A renovação litúrgica do Vaticano II trouxe grande contributo para a compreensão do septenário
sacramental. Através de uma teologia dos sacramentos mais elaborada, proporcionou a superação da
concepção que considerava os sacramentos como “meros ritos” administrados a quem os pedisse. Os
rituais pós-conciliares não apenas trazem os textos eucológicos e as rubricas dos sacramentos, mas vêm
precedidos de preciosas introduções, contendo a teologia específica de cada sacramento e sua conexão
com o mistério celebrado.
1
ROCCHETTA, Carlo. Os sacramentos da fé, p. 146.
CANOCZY, Alexandre. Os sacramentos, p. 129-130.
3
SCHELLEBEECKX, E. Cristo, sacramento de encontro com Deus, p. 20.
4
Ibid., p. 59-60.
2
6
Se expressões como: “repetir o rito” e “administrar os sacramentos” ainda perdura nos tempos
atuais é bem verdade que no pós-Vaticano II, nota-se um avanço significativo à medida que vão entrando
na linguagem e na reflexão teológica expressões como “participar de um sacramento” ou “celebrar um
sacramento”. Isto nos faz entender que muito mais do que “sete ritos” os sacramentos são celebrações da
fé, realizadas na comunidade eclesial. Têm a finalidade de comunicar a graça de Cristo aos que dela
participam, através de gestos e sinais simbólicos sacramentais.
Contudo, a celebração dos sacramentos não visa apenas a recepção da graça. Destina-se também
ao culto divino e à pratica da caridade. No caso da caridade o sacramento remete ao necessário
compromisso com a comunidade na qual foi celebrado e também se estende, para além da comunidade
local. Afinal, os fiéis, inseridos no mundo, são chamados a ser a expressão viva da caridade de Cristo aos
que não creem, a fim de que também possam conhecer o desígnio de salvação do Pai realizado em Cristo
e continuado na Igreja, de modo particular pela celebração dos sacramentos.
Pouco a pouco foi sendo superada a dicotomia que durante séculos marcou a liturgia e os
sacramentos e surgiu uma nova mentalidade eclesial. Durante muito tempo entendeu-se que a liturgia era
os atos de culto e devoção. Os sacramentos, por sua vez, eram considerados os ritos de necessidade e de
salvação. Esta mentalidade obscureceu a reta compreensão de alguns elementos importantes como, por
exemplo, o caráter festivo e a celebração comunitária dos sacramentos, bem como a dimensão da
gratuidade que cada sacramento supõe. O retorno à união de liturgia e sacramentos na elaboração
teológica recuperou definitivamente a dimensão celebrativa dos sacramentos e os colocou como centro e
coração da própria liturgia.
É verdade que nem toda celebração litúrgica se reduz aos sete sacramentos. Mas os sete
sacramentos constituem as celebrações litúrgicas fundamentais da Igreja, sendo que a Eucaristia ocupa
lugar central e é a sua referência principal. A união da teologia sacramental e a liturgia dos sacramentos
torna-se indispensável se não se quer correr o risco de reduzir a liturgia a ritualismo e cerimônia e o
sacramento à ideologia e abstração. A graça de Deus pode ser concedida independentemente da liturgia
em seu contexto celebrativo. Porém, até mesmo antropologicamente falando, a humanidade necessita
celebrar o mistério para ter a certeza de que Deus lhe concede os seus dons. Celebra através de sinais e
ações simbólico-sacramentais que são comunicadores do mistério em ação litúrgica.
Em sua particularidade cada sacramento se diferencia um do outro, porque em cada sacramento
há uma situação vital própria. Possui um significado ou expressividade litúrgica peculiar, uma configuração
histórica diversa. É a manifestação do encontro da graça e liberdade correspondente. Tem uma
repercussão e consequências eclesiais distintas.
Em cada sacramento, mesmo aplicando a ele os aspectos fundamentais da “sacramentalidade
geral”, é preciso explicar, entre outras coisas, de forma própria a instituição e a causalidade da graça, a
intervenção da Igreja e da comunidade, a participação do sujeito.
Tudo isto leva-nos a afirmar que o tema dos sacramentos é na vida eclesial um dos mais
importantes e de primeira ordem.
A seguir veremos, ainda que de forma breve a formulação do septenário conforme o
pronunciamento do magistério eclesiástico.
2.1. O II Concílio de Lion
Uma primeira referência explícita aos sete sacramentos em documentos do magistério encontra-se
no II Concílio de Lion, realizado em 1274, quando se formula a “profissão de fé de Miguel Paleólogo”.5
Confira o texto Conciliar:
(...) Sustenta também e ensina a mesma Santa Igreja Romana que há sete sacramentos eclesiásticos,
a saber: um é o batismo do qual acima se falou6; outro é o sacramento da confirmação que os
bispos conferem por meio da imposição das mãos, crismando aos renascidos, outro é a penitência,
outro é a eucaristia, outro é o sacramento da ordem, outro o matrimônio, outro a extrema unção,
que se administra aos enfermos segundo a doutrina do bem-aventurado São Tiago.7
5
Sua primeira formulação remonta ao ano de 1267. Foi proposta por Clemente IV a Miguel Paleólogo, que
posteriormente apresentou-a ao Papa Gregório X no II Concílio de Lion. Cf. DS, nota n. 1, p. 167.
6
Cf. DS, 464, p. 168.
7
DS, 465, p. 168-169.
7
Será importante notar que a penitência aparece como sendo o terceiro sacramento na ordem de
citação e que é colocada entre a confirmação e a eucaristia, havendo, portanto uma interrupção na
unidade dos chamados sacramentos da iniciação cristã que normalmente são citados seguindo a ordem
batismo/confirmação/eucaristia. Além disso, notamos que a extrema unção é colocada em último lugar;
dela se diz que é administrada a enfermos, sem referência ao perigo de morte, e que o seu fundamento é
a “doutrina do apóstolo Tiago.8
Por fim, o Concílio de Lion põe em evidencia alguns aspectos a respeito dos sacramentos da
eucaristia e do matrimônio. Apresenta o pão ázimo como matéria para a consagração e faz referência à
doutrina da transubstanciação do pão e do vinho. Afirma o matrimônio monogâmico e a liberdade para
contrair novas núpcias a partir da viuvez de um dos cônjuges.9
2.2. O Concílio de Florença
Na bula Exultate Deo, datada de 22 de novembro de 1439, encontramos o Decreto para os
Armênios, no qual se expõe a doutrina sobre os sacramentos. Eis o texto do Concílio de Florença:
Sete são os sacramentos da Nova Lei, a saber, batismo, confirmação, eucaristia, penitência,
extrema unção, ordem e matrimônio. Que muito diferem dos sacramentos da Antiga Lei. Estes,
com efeito, não produziam a graça, mas apenas figuravam a que havia de dar-se por meio da
Paixão de Cristo; porém os nossos não só contém a graça, mas a conferem aos que dignamente os
recebem. Destes, os cinco primeiros estão ordenados à perfeição espiritual de cada homem em si
mesmo, e os dois últimos ao regime e multiplicação de toda a Igreja. (...) Todos estes sacramentos
se realizam por três elementos: das coisas como matéria; das palavras, como forma e da pessoa do
ministro que confere o sacramento com intenção de fazer o que faz a Igreja. Se faltar um deles,
não se realiza o sacramento. Entre estes sacramentos há três: batismo, confirmação e ordem, que
imprimem caráter na alma, isto é, certo sinal indelével que a distingue das demais. Daí que não se
repetem na mesma pessoa. Mas os quatro restantes não imprimem caráter e admitem a
repetição.10
Comparando a formulação deste artigo do Concílio de Florença com a do Concílio de Lion
notamos, em primeiro lugar, uma mudança na ordem de citação dos sacramentos. Os sacramentos da
iniciação cristã são apresentados em primeiro lugar, seguindo a ordem clássica, ou seja,
batismo/confirmação/eucaristia. Em seguida, são citados os sacramentos da penitência e extrema unção.
Por fim, são colocados os sacramentos da ordem e do matrimônio. Esta mesma ordem será repetida no
Concílio de Trento. Tudo indica que a mudança na ordem se deu por motivos teológicos, uma vez que o
mesmo decreto afirma que os cinco primeiros sacramentos estão ordenados à perfeição espiritual dos
homens em si mesmos e os dois últimos à edificação e multiplicação de toda a Igreja.
Entre outros aspectos, neste Concílio trata-se da distinção entre os sacramentos da Antiga Lei e os
da Nova Lei, dos elementos necessários para a realização dos sacramentos, que na teologia clássica são
chamados de “matéria, forma e intenção”. Fala-se, ainda, dos efeitos que os sacramentos produzem e do
“caráter” conferido pelos sacramentos do batismo, da confirmação e da ordem.
Nos artigos do Concílio são apresentados preciosos detalhes de como os sacramentos eram
praticados. Com relação ao sacramento da extrema unção, notamos a inclusão explicita de sua
administração ao enfermo que esteja em perigo de morte seja iminente.11
Quanto ao sacramento da ordem, será importante notar que se considerava como matéria
sacramental os objetos entregues aos ordenandos, a saber, do cálice com vinho e da patena com o pão
para os presbíteros, do cálice vazio com a patena sobreposta para o diácono, e de forma semelhante às
outras ordens “pelas coisas pertencentes ao seu ministério”.12 Significativa mudança, com implicações
teológicas, ocorrereu com a promulgação da Constituição Apostólica de Pio XII, Sacramentum Ordinis,13
de 30 de novembro de 1948, com a qual se determinou e definiu que a matéria e a forma do sacramento
8
Cf. 1Tg 5,14-15.
DS, 466.
10
DS, 695-702, p. 201-206.
11
Cf. DS, 700, p. 205.
12
Cf. DS, 701, p. 205.
13
AAS 40, 1948, p. 5-7.
9
8
da ordem é a imposição das mãos e as palavras do chamado Prefácio, e não a entrega dos objetos, como
se creditava até então.14
2.3. O Concilio de Trento
Por ocasião do Concílio de Trento se respirava os ares impuros e contaminados da Reforma
Protestante do séc. XVI, com acentuados conflitos de ordem teológica e eclesiológica, que refletem até
nossos dias em gravíssimas consequências para a pastoral litúrgico-sacramentária.
Por esta razão, a formulação tridentina deve ser lida à luz da preocupação básica dos padres
conciliares com a Contra Reforma. Uma das preocupações que os padre conciliares tinham em mente era
eliminar os erros e banir as heresias, sobretudo no concernente à reforma protestante empreendida por
Lutero.
A reflexão sobre os sacramentos teve lugar em diversas Sessões Conciliares realizadas no decorrer
de vários anos. A primeira reflexão foi realizada durante a VII Sessão, em 1547. Após o proêmio dedica-se
os 13 primeiros cânones aos sacramentos em geral. Em seguida, dedica-se 14 cânones ao sacramento do
batismo e outros três cânones ao sacramento da confirmação. Em 1551, na XIII Sessão retomou-se à
reflexão sacramentária e nela foram refletidos os sacramentos da eucaristia, da penitência e da extrema
unção. Na XXI Sessão, realizada em 1562, retomou-se alguns aspectos sobre o sacramento da eucaristia, o
que nos faz ver a grande importância e a centralidade dada à este sacramento. Os sacramentos da ordem
e do matrimônio foram tratados na XXIII Sessão, datada de 1563. Nesta mesma sessão tratou-se, da
“clandestinidade que invalida o matrimônio”.
Vejamos a seguir os cânones referentes aos sacramentos em geral, pois estes nos interessam de
forma mais direta:
Can. 1. Se alguém considera que os sacramentos da Nova Lei não foram instituídos todos por Jesus Cristo
Nosso Senhor, ou que são mais ou menos do que sete, a saber, batismo, confirmação, Eucaristia,
penitência, extrema unção, ordem e matrimônio, ou também que algum destes não é verdadeira e
propriamente sacramento, seja anátema.
Can. 2. Se alguém considera que estes sete sacramentos da Nova Lei não se distinguem dos sacramentos
da Lei Antiga, senão que apenas as cerimônias e os ritos externos são outros, seja anátema.
Can. 3. Se alguém considera que estes sete sacramentos de tal modo são entre sí iguais que por nenhuma
razão é um mais digno do que o outro, seja anátema.
Can. 4. Se alguém considera que os sacramentos da Nova Lei não são necessários para a salvação, mas
supérfluos, e que sem eles ou o desejo deles, os homem podem chegar até Deus, somente pela fé, a graça
da justificação – ainda quando nem todos os sacramentos sejam necessários a cada pessoa, seja anátema.
Can. 5. Se alguém considera que estes sacramentos foram instituídos só pelo motivo de alimentar a fé, seja
anátema.
Can. 6. Se alguém considera que os sacramentos da Nova Lei não contém a graça que significam ou que
não conferem a graça mesma aos que não colocam obstáculos, como se só fossem sinais externos da graça
ou justiça recebida pela fé e certos sinais da profissão cristã, pelos quais se distinguem entre os homens de
fé e os infiéis, seja anátema.
Can. 7. Se alguém considera que nem sempre e a todos se dá a graça por estes sacramentos, enquanto
depende da parte de Deus, ainda quando devidamente os recebem, mas apenas alguma vez e à alguns,
seja anátema.
Can. 8. Se alguém considera que por meio dos mesmos sacramentos da Nova Lei não se confere a graça
ex opere operato, mas que apenas a fé na promessa divina basta para conseguir a graça, seja anátema.
Can. 9. Se alguém considera que en três sacramentos, a saber, batismo, confirmação e ordem, não se
imprime carater na alma, isto é, certo sinal espiritual e indelével, pelo que não podem repetir-se, seja
anátema.
Can. 10. Se alguém considera que todos os cristãos têm poder na palavra e na administração de todos os
sacramentos, seja anátema.
Can. 11. Se alguém considera que os ministros, ao realizar e conferir os sacramentos, não se requer
intenção pelo menos de fazer o que faz a Igreja, seja anátema.
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“A matéria única das sagradas ordens do diaconato, do presbiterato e episcopado é a imposição das mãos e a
forma, igualmente única, são as palavras que determinam a aplicação desta matéria pelas quais univocamente se
significam os efeitos sacramentais”: Cf. SO 4-5.
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Can. 12. Se alguém considera que o ministro que está em pecado mortal, somente observando todo o
essencial que se exige para a realização ou colocação do sacramento, não realiza ou confere o
sacramento, seja anátema.
Can. 13. Se alguém considera que os ritos que devem ser usados na solene administração dos sacramentos,
recebidos e aprovados pela Igreja Católica, podem ser despreciados ou ser omitidos pelo ministro à seu
livre arbítrio sem pecado, ou mudados por outros pela iniciativa de qualquer pastor das Igrejas, seja
anátema.
Em primeiro lugar as proposições dos cânones Tridentinos visaram expor a doutrina da Igreja com
relação aos sacramentos. Por isso, retomaram o que já afirmara o Concílio de Florença. Contudo, o texto
foi marcado pela tônica negativa da sentença “seja anátema”, que determinou excluir da comunhão
eclesial todos quantos não concordassem ou se opusessem a tais preposições doutrinais.
Frente à Reforma foi necessário uma tomada de posição por parte da hierarquia. E o Concílio
Tridentino foi o momento pedagógico, no qual foram recordadas a doutrina dos sacramentos e os
elementos que os constituem, conforme os ensinamentos da Tradição eclesial.
A forma como foi exposta a doutrina no Concílio de Trento levou a sérias consequências com
relação à pastoral litúrgico-sacramentária pós-conciliar. Entre outros aspectos, acentuou-se fortemente a
dimensão jurídica e se acentuou sobremaneira o rubríssimo, e, empobrecendo as dimensões teológicas
importantes a respeito dos sacramentos, favoreceu-se ao individualismo sacramental que desconsiderou,
com notável prejuízo, a dimensão comunitária da celebração.
No pós-tridentino uma concepção mágica da recepção sacramental desfavoreceu o
desenvolvimento e elaboração de uma teologia litúrgico-sacramental substanciosa. Foi preciso esperar o
advento do movimento litúrgico do final do século XIX e inícios do século XX para ver despontar um
novo interesse pela teologia litúrgico-sacramentária, que favoreceu o processo de reforma litúrgica e teve
seu ponto alto no Concílio Vaticano II, com a promulgação da importantíssima Constituição Magna sobre
a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum Concilium.
Somente a partir da SC e da concretização aplicativa da reforma litúrgica nas comunidades é que
veremos desencadear na Igreja um verdadeiro redescobrimento da importância da reflexão litúrgicosacramentária e sua práxis na pastoral.
4. O Concílio Vaticano II
Por sua vez o Concílio Vaticano II tratou sobre os sacramentos primeiramente na Constituição SC,
dedicando o cap. II particularmente ao sacramento da Eucaristia e o cap. III aos demais sacramentos e
também aos sacramentais. Porém, não somente a SC, mas também à medida que se desenvolveu o
Concílio, outros documentos foram enriquecidos com amadurecidas reflexões sobre os sacramentos, como
podemos ver na constituição dogmática Lumen Gentium ou, por exemplo, mais particularmente nos
decretos Christus Dominus e Presbyterorum Ordinis, que pelo tema ai tratado retoma necessariamente a
proposição sobre aspectos específicos sobre o sacramento da ordem.
Diferentemente do Tridentino, cujo pano de fundo é a preocupação apologética suscitada pela
Contra Reforma, os textos do Vaticano II introduzem cada um dos sacramentos com uma breve nota
sobre a teologia do sacramento em questão, para depois tratar das necessárias reformas concernentes aos
ritos. A reforma tem por objetivo favorecer e incrementar com intensidade a participação ativa, plena e
frutuosa dos fiéis na celebração litúrgica dos sacramentos e, sobretudo, que os sacramentos possam mais
claramente evidenciar a participação dos fiéis no Mistério Pascal de Cristo.
Para além do “seja anátema”, enfatizado pelo Tridentino, o Concílio Vaticano II, avança e afirma
que “os sacramentos destinam-se à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e ao culto a
ser prestado a Deus”. Lembra que a frutuosa participação comporta o compromisso com a vivência da
caridade, fazendo entender que o momento celebrativo prolonga-se no percurso da vida e missão do fiel
no mundo (SC 59).
A repercussão benéfica deste momento eclesial torna as celebrações litúrgicas dos sacramentos mais
vivas e dinâmicas aparecendo mais claramente a índole pascal da celebração sacramental. Recupera a
dimensão comunitária da celebração sacramental e põe em relevo a íntima ligação e unidade entre liturgia
da palavra e liturgia sacramental propriamente, agora vista em seu conjunto.
Ao chamar a própria Igreja de “admirável sacramento de Cristo”, nascido de seu lado adormecido
na Cruz (SC 05), o Vaticano II nos permite avançar na reflexão teológico-sacramental, ao longo do
processo reformador levando-nos a melhor entender e celebrar os sacramentos.
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Posteriormente, a Constituição Dogmática Lumen Gentium interpretou os sacramentos como
elementos constituintes da estrutura da comunidade sacerdotal. Ao apresentá-los enumerou-os seguindo a
mesma ordem apresentada nos precedentes Concílios de Florença e de Trento.
No texto do Vaticano II podemos perceber a consistência teológica apresentada de forma mais
densa e melhor elaborada. Certamente que a presença e colaboração de vários teólogos do movimento
litúrgico, durante as aulas conciliares, em muito contribuiu para os avanços e conquistas neste campo
litúrgico sacramental.
É digna de nota a significativa mudança do nome dado ao quinto sacramento, que de “extrema
unção” passou a ser chamado de “unção dos enfermos”. Muito embora não se tenha de todo superada a
linguagem perpetuada pelo uso comum ao longo dos séculos para referir-se a este sacramento, o novo
enfoque linguístico-teológico provocou considerável mudança não só na reflexão teológica deste
sacramento, mas também na prática da celebração do mesmo, mais conforme às fontes bíblica e patrísticas
que o recomendam aos enfermos e não apenas aos moribundos em perigo de morte iminente.
Hoje, é mais clara a relação entre sacramentos e vida, por isso mesmo se procura oferecer os meios
de fazer com que os fiéis se acheguem aos sacramentos com a consciência esclarecida, deles possam
participar ativamente e os seus frutos sejam concretamente sentidos como prolongamento da graça
atuando na vida.
Sobretudo no campo formativo, seja dos futuros presbíteros enquanto nos seminários e casas de
formação se preparam para exercer o futuro ministério, seja da formação permanente e atualização dos
que já são os presidentes das assembleias litúrgicas nas quais os sacramentos são celebrados, ainda não se
atingiu de todo a desejada união reflexiva e prática quanto aos sacramentos e a liturgia. Basta perceber
que nos cursos teológicos, em geral, o estudo da sacramentária e da teologia litúrgica ainda são
consideradas disciplinas distintas e a celebração litúrgica dos sacramentos não é considerada o ponto de
partida para uma reflexão sistemática da teologia litúrgico-sacramentária. No entanto, se comparados aos
séculos precedentes já se faz notar os grandes avanços, fruto do processo da renovação pós conciliar.
Além da formação do clero e dos ministros leigos que presidem os sacramentos, devemos
considerar a importância da preparação dos fiéis a fim de que possam chegar à frutuosa celebração dos
mistérios, o que deve ser considerado em seu todo.
Não basta a precedente formação para conscientizar sobre o valor do sacramento, nem tão pouco
querer transformar a celebração litúrgica numa catequese dos sacramentos. Certamente que esta tem sua
dimensão catequética, e isto o reconhece o Vaticano II ao dizer que os sacramentos destinam-se à
instrução dos fiéis pelo próprio fato de serem sinais (SC 59). Contudo, a instrução proporcionada pela
celebração foge dos parâmetros da lógica racional, porque se caracteriza pela dimensão mistagógica,
através da qual se adentra no mistério celebrado a fim de perscrutar o seu sentido mais profundo. A
mistagogia proporciona um deguste do mistério celebrado e propicia a frutuosa vivência da graça
recebida.
3) OS SACRAMENTOS NO CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO: “O múnus de santificar”
O Código de direito Canônico abre o Livro IV com o título “Do múnus de santificar da Igreja” e
afirma: “A Igreja desempenha seu múnus de santificar, de modo especial por meio da sagrada Liturgia,
que é tida como o exercício do sacerdócio de Jesus Cristo, no qual, por meio de sinais sensíveis, é
significada e, segundo o modo próprio de cada um, é realizada e santificação dos homens, e é exercido
plenamente pelo Corpo místico de Jesus Cristo, isto é, pela Cabeça e pelos membros, o culto público de
Deus” (cf. CIC c. 834 § 1).
Notemos como o Código retoma o Concílio Vaticano II, recordando textualmente a Constituição
sobre a Sagrada Liturgia (SC 7).
O cân. seguinte fala das pessoas que exercem legitimamente o múnus de santificar e a parte que é
própria de cada membro do povo de Deus na participação litúrgica e destaca a importância da
“participação ativa” principalmente na Eucaristia.
O cân. 836 trata sobre o culto cristão como “exercício do sacerdócio comum dos fiéis” e diz que é
“uma ação que procede da fé e nela se apoia”. Disto decorre que “os ministros sagrados devem procurar
diligentemente avivar e esclarecer a fé pelo ministério da palavra, com a qual a fé nasce e se alimenta”.
Ora, aqui podemos entrever a necessidade de formação e o que já se diz com veemência na SC 09,
quando ali se afirma que “a liturgia não esgota toda a ação da Igreja”, mostrando a clara necessidade de
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pregação querigmática aos não crentes e de constante instrução para levar ao estímulo e à perfeição da
caridade aqueles que já professam a fé.
A insistência do cân. 837 é que as “ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da
própria Igreja, a qual é “sacramento de unidade”, isto é, povo santo, reunido e ordenado sob a
dependência dos Bispos; por isso, essas ações pertencem a todo o corpo da Igreja, o manifestam e
influenciam; mas atingem a cada um de seus membros de modo diverso, conforme a diversidade de
ordens, encargos e participação atual”.
No parágrafo segundo insiste: “as ações litúrgicas, uma vez que por sua própria natureza implicam
a celebração comum, sejam celebradas, onde for possível, com a presença e a participação ativa dos fiéis”.
A nota de rodapé explica que este parágrafo “não é uma verdadeira proibição das erroneamente
chamadas celebrações privadas, mas sim uma recomendação bastante forte para que se procure a
participação do povo”.
Para além dos sacramentos o CIC fala em “outros meios de santificação” e destaca: orações, obras
de penitência e caridade. Recomenda que haja por parte dos “Ordinários” um cuidado especial a fim de
que “as orações e os piedosos e sagrados exercícios do povo cristão sejam plenamente conformes as
normas da Igreja” (Cf. cân. 839 § 2).
A preocupação fundamental do CIC reside, portanto na “santificação do povo de Deus”. Este é o
primeiro e mais importante múnus, ou seja, serviço, da Igreja, o que nos faz entender que todas as leis
enquanto normatizam os sacramentos devem ser um instrumento eficaz na buscar da santificação da
Igreja. Esta deverá ser sempre a lei suprema e indispensável!
Idade para a Crisma
Dentro das disposições canônicas que afetam a celebração do sacramento da confirmação,
sobressai a que se refere à idade. O CIC c. 891, resume assim as disposições do RC: “O sacramento da
confirmação seja conferido aos fiéis, mais ou menos na idade da discrição, a não ser que a Conferência
dos Bispos tenha determinado outra idade, ou haja perigo de morte, ou, a juízo do ministro, uma causa
grave aconselhe outra coisa”. A nota de rodapé deste cânon explica que a “Idade da discrição significa
sete anos completos”. E acrescenta que “No Documento Pastoral da Confirmação a CNBB não chegou a
fixar uma idade para todo o país. Igualmente, na legislação complementar não há uma norma rígida, mas
apenas algumas diretrizes bastante flexíveis, que permitem a adaptação à realidade das diversas dioceses”.
Quanto à idade para a Crisma, na elaboração das Diretrizes Pastorais da Província Eclesiástica de
Ribeirão Preto, aos 26 de junho de 1985, os Bispos decidiram o seguinte: “A nossa Província estabelece
como idade mínima a de 14 anos aproximadamente para a recepção do sacramento da Crisma (cf. cân.
891)” (Cf. Diretrizes Pastorais da Província Eclesiástica de ribeirão Preto, 1987, p. 16). Desta data até o
presente momento nada se disse em contrário.
Notem que a palavra “aproximadamente” deixa uma margem de flexibilidade para o
discernimento pastoral de quem mais de perto acompanha os confirmando. De fato, convenhamos que a
idade da maturidade na fé não necessariamente coincide com aquele que se conta cronologicamente, pois
aquela depende muito da seriedade com que se experimentou o progressivo de crescimento na fé no
percurso do itinerário da iniciação à vida cristã!
Entendemos que muitos aspectos poderiam ser tratados quando relacionamos os Sacramentos e o
Código de Direito Canônico. Contudo, aqui nos limitamos a enfocar a relevância do “múnus de santificar
da Igreja” que se exerce principalmente por meio dos Sacramentos. Atingir este objetivo deverá ser a
principal meta pastoral na reta interpretação e aplicação das normas e leis canônicas.
4) OS SACRAMENTOS NO CATECÍSMO DA IGREJA CATÓLICA
Estando o Catecismo da Igreja Católica organizado em quatro partes, a saber: a profissão de fé, a
celebração dos mistérios cristãos, a vida em Cristo e a oração cristã, chama-nos a atenção que na segunda
parte seja dedicada especificamente à “economia sacramental” (Secção I) e, a seguir, desenvolva uma
reflexão aprofundada sobre “os sete sacramentos da Igreja” (Secção II), e dedique o último capítulo desta
secção às “outras celebrações litúrgicas”, especificamente os sacramentais com destaque para a celebração
dos funerais cristãos. (Cf. Cat. da Igreja Católica, 1066-1690, p. 259-396).
Os sacramentos da iniciação cristã são especificamente tratados no cap. 1, nº 1212-1419. Porém,
não se pode perder de vistas que a transmissão da fé, sobretudo por meio da catequese, a celebração dos
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sacramentos acontece no seio de uma comunidade cristã, que capacita o fiel para o testemunho da fé
recebida da Igreja em atitude apostólica e missionária pelo mundo afora.
Afirma-se no Catecismo que “a catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos
adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira
orgânica e sistemética, com o fim de os iniciar na plenitude da vida cristã” e prossegue dizendo que “sem
confundir-se com eles, a catequese se articula em torno de um determinado número de elementos da
missão pastoral da Igreja, que têm um aspecto catequético e que preparam a catequese e dela derivam:
primeiro anúncio do Evangelho ou pregação missionária para suscitar a fé; busca das razões de crer;
experiência de vida cristã; celebração dos sacramentos; integração na comunidade eclesial; testemunho
apostólico e missionário” (Cat. da Igreja Católica, 05-06, p. 14).
Ora, estes elementos são concretizados de modo ordenadíssimo e bem estruturado no RICA,
enquanto personifica cada uma destas dimensões no que ai se chama “itinerário catecumenal”, que é
aplicado não apenas racionalmente, mas sobretudo com um método que se desenvolve por meio de uma
espiritualidade litúrgico-mistagógica.
Isto significa que a própria celebração litúrgica é o lugar privilegiado para a iniciação cristã e a
formação do discípulo missionário. Nem por isso se pode descuidar ou dispensar a realização de outros
momentos de formação sistemática e intelectualizada, que vise o aprofundamento e estudos das Sagradas
Escrituras e da doutrina cristã, de forma distinta daquela que se realiza por meio da metodologia própria
da sacralidade mistagógica que ocorre dentro de uma celebração.
5) A SACRAMENTALIDADE DA LITURGIA
Cf. Texto: “alguém me tocou – Ione Buyst” – sobre a sacralidade da liturgia na SC.
6) OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ EM GERAL
Por desejo e ordem do Concílio Vaticano II, a reforma litúrgica dos rituais foi uma oportunidade
de intensa revisão teológica e também do modo de administrar os sacramentos, uma verdadeira busca do
essencial e volta às límpidas fontes que fundamentam a origem dos sacramentos em Jesus Cristo, o
Sacramento do Pai, que se manifesta na Igreja, que é o Sacramento da Salvação Nele realizada por meio
do seu Mistério Pascal.
A riqueza deste trabalho pós-conciliar se encontra não só nos textos litúrgicos em si, mas também
nas observações preliminares de cada ritual, que são um verdadeiro compêndio de teologia e história dos
sacramentos da iniciação cristã. Bastaria um estudo sério da Introdução Geral dos Rituais de Batismo (de
Crianças e de Adultos), do Ritual da Crisma e do Missal Romano, para nos deleitarmos com um grande
aprendizado sobre estes Sacramentos da Iniciação Cristã.
Ao promulgar a constituição apostólica sobre o Sacramento da Confirmação o Papa Paulo VI
afirma que “A participação na natureza divina, que dada aos homens pela graça de Cristo, apresenta certa
analogia com a origem, o desenvolvimento e o sustento da vida sobrenatural. Com efeito, os fiéis
renascidos no Batismo, são fortalecidos pelo Sacramento da Confirmação e nutridos depois na Eucaristia
com o alimento da vida eterna. Assim, por estes sacramentos da iniciação cristã, recebem cada vez mais os
tesouros da vida divina e caminham para a perfeição da caridade” (RC, p. 9).
O Papa recorda que o Conc. Vaticano II, “consciente de suas finalidades pastorais, dispensou
particular atenção aos sacramentos da iniciação cristã, determinando que os respectivos ritos fossem
revistos a fim de se adaptarem melhor à mentalidade dos fiéis”. Afirma que a publicação do Rito da
Confirmação visa que “a unidade da iniciação cristã seja colocada na devida luz”, pois é inegável a
“íntima conexão desse sacramento com toda a iniciação cristã”.
“Os fiéis, como membros do Cristo vivo, são incorporados e configurados não só pelo Batismo,
mas também pela Confirmação e pela Eucaristia. No Batismo, os neófitos recebem o perdão dos pecados,
a adoção de filhos de Deus e o “caráter” de Cristo, pelo qual são agregados à Igreja e começam a
participar do sacerdócio de seu Salvador. Pelo sacramento da Confirmação, aqueles que nasceram no
Batismo recebem o Dom inefável, o próprio Espírito Santo. São enriquecidos por ele com uma força
especial e, marcados pelo caráter deste sacramento, “ficam mais perfeitamente unidos à Igreja” e “mais
estreitamente obrigados a difundir a fé por palavras e atos, como verdadeiras testemunhas de Cristo” (AG
11) Finalmente, a Confirmação está de tal modo ligada à sagrada Eucaristia, que os fiéis, já marcados com
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o sinal do Batismo e o da Confirmação, são inseridos plenamente no Corpo de Cristo pela participação na
Eucaristia” (RC: Constituição apostólica, p. 11).
Em geral, destacamos os Ritos reformados e seus principais elementos:
Sacramento do Batismo
A Iniciação Cristã: Observações preliminares gerais. Comum ao RICA e ao Ritual do Batismo de
Crianças (Cf. Ambos Rituais, nº 01 a 35).
Batismo de Crianças: Observações Preliminares (Cf. RBC, nº 01 a 31, p. 21-30).
Introdução ao Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (Cf. RICA, nº 01 a 67, p. 17-34).
Cap. I: Rito do Catecumenato em torno de suas etapas (Cf. RICA, nº 68 a 239, p. 35-104).
Cap. II: Rito simplificado para Iniciação de Adultos (Cf. RICA, nº 240 a 277, p. 104-120).
Cap. III: Rito abreviado de Iniciação de Adultos em perigo ou artigo de morte (Cf. RICA, nº 278 a 294, p.
121-130).
Cap. IV: Preparação para a Confirmação e a Eucaristia de Adultos que, Batizados na infância, não
receberam a devida catequese (Cf. RICA, nº 295 a 305, p. 131-132).
Cap. V: Rito de Iniciação de Crianças em idade de Catequese (Cf. RICA, nº 306 a 369.4, p. 133-174).
Cap. VI: Textos diversos na celebração da Iniciação de Adultos (Cf. RICA, p. 175-278).
Cap. VII: Textos diversos no ordenamento prático geral dos ritos de iniciação cristã de adultos (Cf. RICA,
p. 179-282).
Apêndice: Rito de Admissão na plena comunhão da Igreja Católica das pessoas já Batizadas Validamente
(Cf. RICA, nº 01 a 13, p. 283-285).
Ritual da Confirmação
Introdução
Missal Romano – Outros Missais Próprios
Instrução Geral sobre o Missal Romano
A estrutura da Missa: Um só ato de culto e o equilíbrio necessário entre as partes.
Evangeliário
Lecionários – Outros Lecionários Próprios
Ritual da Sagrada Comunhão e o Culto do Mistério eucarístico fora da Missa
Introdução Geral (Cf. nº 01 a 12, p. 09-12).
Cap. I: A Sagrada Comunhão fora da missa.
Cap. II. A Comunhão e o Viático administrados aos doentes por ministro extraordinário.
Cap. III. As diversas formas de culto à Santíssima Eucaristia.
A exposição da Santíssima Eucaristia.
Procissões Eucarísticas.
Congressos Eucarísticos.
Cap. IV. Textos diversos a serem usados na distribuição da Comunhão fora da Missa, na adoração e na
procissão do Santíssimo Sacramento.
7) O SACRAMENTO DO BATISMO
O RITO DE INICIAÇÃO DE CRIANÇAS E O RITO DA INICIAÇÃO DE ADULTOS E CRIANÇAS EM
IDADE DE CATEQUESE (RICA)
Quem pode receber o Batismo?
“É capaz de receber o Batismo toda pessoa ainda não batizada, e somente ela” (CIC c. 864; Cat.
da Igr. Católica 1246).
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Os adultos, como no início da Igreja, precisam ser preparados através de uma adequada catequese.
“O catecumenato (preparação para o Batismo) ocupa então um lugar importante. Sendo iniciação à fé e à
vida cristã, deve dispor para o acolhimento do dom de Deus no batismo, na confirmação e na eucaristia”
(Cat. da Igr. Católica 1247).
As crianças podem ser batizadas mesmo sem ter condições de pedir o Batismo (At 16,15.33;
18,8;1Cor1,16). Embora não tendo nenhum pecado pessoal, elas nascem da raiz da humanidade pecadora
e precisam ser libertadas do pecado original para que possam viver na liberdade dos filhos de Deus. “A
gratuidade pura da graça da salvação é particularmente manifesta no batismo das crianças. A Igreja e os
pais privariam então a criança da inestimável graça de tornar-se filho de Deus se não conferissem o
batismo pouco depois do nascimento” (Cat. da Igr. Católica 1250). Os pais cristãos têm o dever de educar
na fé a nova vida que Deus confiou a eles.
FUNDAMENTAÇÃO
“O santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito e a porta
que abre o acesso aos demais sacramentos. Pelo Batismo somos libertados do pecado e regenerados como
filhos de Deus, tornando-nos membros de Cristo, somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua
missão. O Batismo é o sacramento da regeneração pela água e pela palavra” (Catecismo da Igreja Católica
1213).
O Batismo é por excelência o sacramento da fé. Muitos textos do Novo Testamento mostram a
relação íntima entre fé e batismo (At 2,37-38; 8,37-38). A fé que nasce da pregação da Palavra de Deus é
condição para o Batismo. Não é ainda uma fé perfeita e madura, mas um começo, que deve desenvolverse. Tanto para crianças como para adultos, a fé deve crescer depois do Batismo.
Na celebração de entrada no Catecumenato quem preside interroga o candidato e lhe pergunta:
“O que pedes à Igreja de Deus?” Este lhe responde: “A fé”. Novamente interrogando-, lhe pergunta: “E
esta fé, o que lhe dará?” Ao que o candidato responde: “A vida eterna”.
Nos casos do Batismo de crianças, quem recebe o sacramento não pode acolher a Palavra de Deus,
nem fazer um ato de fé. Em lugar delas, são os pais e os padrinhos que professam a fé. Por isso, é
imprescindível a ajuda dos pais e padrinhos para que a graça do Batismo possa desabrochar e produzir
frutos. Devem estar comprometidos com Cristo e prontos a ajudar o novo batizado, criança ou adulto,
em sua caminhada na vida cristã. A comunidade também tem uma parcela de responsabilidade no
desenvolvimento e na conservação da graça recebida no Batismo. Quando os pais não têm fé para
comunicar aos filhos pequenos, batizá-los por quê? Deve-se deixar o Batismo para o momento da
catequese.
O Batismo nos torna membros da Igreja. É o sacramento de entrada na Igreja, que nos faz Igreja.
Essa é a dimensão essencial do batismo; o ingresso na família de Deus que é a comunidade de Jesus Cristo,
a Igreja. Pelo Batismo passamos a fazer parte da família dos filhos de Deus. “O Batismo faz-nos membros
do Corpo de Cristo. Somos membros uns dos outros (Ef 4,25). O Batismo incorpora à Igreja. Das fontes
batismais nasce o único Povo de Deus da Nova Aliança, que supera todos os limites naturais ou humanos
das nações, das culturas, das raças e dos sexos” (Cat. da Igreja Católica 1267).
Muitos textos do NT nos falam desta inserção do batismo na família de Deus, no Corpo de Cristo
(ICor 12,13; IPd 2,5; Ef 4,4-6; At 2,41-47). Recebemos o dom da fé e a graça do Batismo na Igreja, para
sermos Igreja.
Pelo Batismo somos consagrados a Cristo dentro da Igreja, inseridos no mistério pascal de sua
morte e ressurreição. Portanto, o Batismo não é um ato isolado, mas evento de toda comunidade eclesial.
Pelo Batismo pertencemos a Jesus Cristo e à sua Igreja.
O Batismo nos lava do pecado. O próprio uso da água já nos diz que o Batismo nos lava, nos
purifica, nos liberta dos pecados e da escravidão do mal (ICor 6,9-11; Ef 5,26-27; Hb 10,22; Rm 6,3-7).
O sacramento do Batismo tira o pecado. Quando um adulto é batizado, todos os pecados que
cometeu até aquele momento são perdoados, desde que esteja arrependido. No caso de uma criança
pequena, é tirado o pecado original, a raiz do pecado. Na oração sobre a água, a Igreja suplica ao Pai
dizendo: “Que o Espírito Santo dê por esta água a graça de Cristo, a fim de que homem e mulher, criados
à vossa imagem [do Pai], sejam lavados da antiga culpa pelo batismo e renasçam pela água e pelo Espírito
Santo para uma vida nova” (RBC 66, p. 44).
O NT dá testemunho desta fé no batismo “para a remissão dos pecados” (At 2,38; 22,16; Ef 5,26).
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O Batismo nos dá vida nova. O batismo transforma nosso ser e nos faz renascer para uma vida
nova, para a vida dos filhos de Deus. Jesus nos fala deste novo nascimento na conversa com Nicodemos:
“Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5).
O Batismo nos faz pessoas novas (2Cor 5,17), filhos adotivos de Deus (Gl 3,26-27; 4,5-7; Jo 1,1227), participantes da natureza divina (2Pd 1,4), membros de Cristo (1Cor 6,15; 12,27). Herdeiros de Deus
(Rm 8,14-17), templos do Espírito Santo (1Cor 6,19;3,16). A vida nova dos batizados é a participação na
vida de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
No Batismo celebramos o Mistério Pascal. No final da bênção da água batismal se diz: “Nós vos
pedimos, ó Pai, que por vosso Filho desça sobre esta água a força do Espírito Santo. E todos os que, pelo
batismo, forem sepultados na morte com Cristo, ressuscitem com Ele para a vida”.
Pelo Batismo, fomos sepultados na morte com Cristo e ressuscitamos com Ele para a vida eterna.
Morremos para o pecado e ressurgimos para uma vida nova em Cristo (Rm 6,1-11; Cl 12,12).
A nova vida de batizados é uma vida pascal. Mortos e ressuscitados com Cristo, devemos evitar
todo pecado e estar a serviço de Deus e dos irmãos e irmãs, vivendo uma vida nova.
Pelo Batismo participamos da missão profética, sacerdotal e régia de Cristo. Pelo Batismo,
tornamo-nos participantes da missão profética, sacerdotal e régia (pastoral) de Cristo (Mt 13,57; Mc 6,4;
Lc 13,33; Rm 12,1; 1Pd 2,4-10; 1Jo 3,6; Ap 1,5-6).
Pela missão profética, professamos e testemunhamos a fé, anunciamos o Evangelho, denunciamos
a injustiça, a violência e tudo aquilo que destrói a vida.
Pela missão sacerdotal, louvamos e servimos a Deus; servimos também aos irmãos e irmãs;
participamos das celebrações da Eucaristia ou da Palavra, dos Sacramentos, dos grupos de família, dos
movimentos; vivemos os mandamentos e as bem-aventuranças; rezamos em família e em comunidade.
Pela missão régia (pastoral), somos fermento na comunidade e no mundo pela vivência dos
valores do Reino; tomamos parte dos grupos, organizações, associações e pastorais que lutam pela vida e
pelo bem comum; fazemos de nossa vida um dom de serviço, das pessoas e da comunidade; colaboramos
na construção de uma sociedade mais justa, fraterna, solidária e feliz.
O Batismo é a porta da vida no Espírito. A bênção da água batismal mostra que no início do ser
cristão está o Espírito Santo, que já na origem do mundo pairava sobre as águas e que se manifestou sobre
Jesus quando foi batizado no Jordão, que nos faz renascer para uma vida nova no batismo e que nos faz
participar na morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Muitos textos do NT falam desta fé no batismo como porta da vida no Espírito (Jo 3,5-8; Rm
8,15; 1Cor 6,11; 2Cor 1,22; Gl 4,6; Tt 3,5). Com a luz, a força e a presença do Espírito Santo começamos a
viver a espiritualidade cristã. Abertos à ação do Espírito Santo, crescemos em conversão e santidade.
O dom do Espírito Santo, em plenitude, recebemos no dia da Crisma ou Confirmação, quando
acontece o nosso Pentecostes.
A NECESSIDADE DO BATISMO
“O Senhor mesmo afirma que o batismo é necessário para a salvação (Jo 3,5). Também ordenou a
seus discípulos que anunciassem o Evangelho e batizassem todas as nações (Mt 28,19-20). O batismo é
necessário, para a salvação, para aqueles aos quais o Evangelho foi anunciado e que tiveram a
possibilidade de pedir este sacramento” (Mc 16,16) (Cat. da Igr. Católica 1257).
“Desde sempre, a Igreja mantém a firme convicção de que as pessoas que morrem em razão da fé,
sem terem recebido o batismo, são batizadas por sua morte por e com Cristo. Este batismo de sangue,
como o desejo do batismo, acarreta os frutos do batismo, sem ser sacramento” (Cat. da Igr. Católica
1258). O teólogo Karl Rahner fala que o martírio é um supra-sacramento, uma vez que é a morte que
poderia ser evitada, mas, no entanto, é verdadeiramente assumida como testemunho da fé em Cristo.
“Quanto às crianças mortas sem o batismo, a Igreja só pode confiá-las à misericórdia de Deus.
Com efeito, a grande misericórdia de Deus, ‘que quer que todos os homens se salvem’ (1Tm 2,4), e a
ternura de Jesus para com as crianças, que o levou a dizer: “Deixai as crianças virem a mim, não as
impeçais” (Mc 10,14), nos permitem esperar que haja um caminho de salvação para as crianças mortas
sem o batismo. Eis por que é tão premente o apelo da Igreja de não impedir as crianças de virem a Cristo
pelo dom do santo batismo" (Cat. da Igr. Católica 1261).
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OS RITOS DA CELEBRAÇÃO DO BATISMO DE CRIANÇA
A originalidade do RBC reformado pelo Vaticano II consiste em ser pensado a partir da situação
concreta das crianças destinatárias do batismo, e não como uma adaptação da iniciação cristã dos adultos.
Como consequência, em primeiro lugar os pais e, depois os padrinhos desempenham na
celebração um papel importante, que o RB não duvida em chamar ministério: “Pela própria ordem da
criação, o ministério e o ofício dos pais no batismo das crianças têm prioridade sobre o dos padrinhos”
(Cf. RBC 05). Assim, conjuga-se a celebração sacramental do batismo com a preparação pastoral dos pais
e com a posterior educação cristã dos batizados.
O dia mais apropriado para o Batismo é sempre a Vigília Pascal ou o Domingo, por seu caráter de
páscoa semanal. O lugar é, preferencialmente, a igreja paroquial, que deve ter sempre a fonte batismal.
A celebração distingue-se em quatro partes: o rito de entrada, a liturgia da palavra, a liturgia do
batismo e os ritos conclusivos. O significado e a graça do sacramento do batismo aparecem com clareza
em cada uma destas partes da celebração. É acompanhando, com uma participação atenta, os gestos e as
palavras desta celebração, que os fiéis são iniciados nas riquezas que este sacramento significa e realiza em
cada novo batizado (Cat. da Igr. Católica 1234).
O RITO DE ENTRADA
O rito de entrada gira em torno do diálogo entre o ministro e os pais e padrinhos. Inclui a petição
do Batismo, a determinação do nome cristão e o compromisso explícito, por parte dos pais e padrinhos –
e no rito do Brasil, também da comunidade – de zelar pela educação cristã da criança. O rito mais
importante desta primeira parte é a assinalação, feita pelo ministro, depois pelos pais, padrinhos e alguns
membros da comunidade, que significa a acolhida, por parte da Igreja, daquela criança que os pais
apresentam. A assinalação apresenta-se como um sinal de pertença à Igreja – “sinal da Cruz”, o “sinal do
Cristão”.
LITURGIA DA PALAVRA
A segunda parte da celebração é a liturgia da Palavra. Tem a finalidade de avivar a fé dos pais,
padrinhos e de todos os presentes, e implorar a Deus o fruto do sacramento mediante a oração comum. É
estruturada por uma ou várias leituras bíblicas, com o salmo responsorial e a homilia adequada, e uma
ração litânica de intercessão por aqueles que vão ser batizados e por aqueles que os apresentam. Segue-se
imediatamente uma oração litânica da Virgem e dos Santos, especialmente dos Santos patronos dos que
vão ser batizados. Encerra-se com a oração de exorcismo, de caráter prospectivo, já que se pede a
proteção de Deus para a criança com vistas às dificuldades da vida cristã que um dia ela experimentará.
Esta oração introduz a unção com o óleo dos catecúmenos, que tem um sentido de proteção, já que
invoca a “força de Cristo salvador”.
Esta liturgia da palavra não é uma abreviação do processo do catecumenato dos adultos, mas está
na linha da liturgia habitual nos sacramentos, ou como uma mini celebração da vigília pascal. Não tem
como destinatários os batizados, visto que “ainda não possuem o uso da razão”, mas sim a assembleia
reunida.
A LITURGIA BATISMAL
Começa com a solene oração do ministro, que invoca a bênção de Deus sobre a água e recorda o
desígnio de salvação, ao mesmo tempo em que pede a força do Espírito para o novo nascimento do
homem na família divina, pela comunhão como mistério da morte e ressurreição de Cristo. A fórmula de
bênção da água é uma verdadeira memória da história da salvação no esquema de sua preparação no AT,
sua realização em Cristo e sua continuação na Igreja, significada de modo particularíssimo na ação que se
realiza por meio do Batismo que está prestes a acontecer.
Depois desta oração, os pais e os padrinhos são convidados a renovar a fé batismal com as
fórmulas do “renuncio” e “creio”. Trata-se estritamente de uma profissão de fé dos pais e padrinhos, e
não de toda a assembleia reunida. Também não se trata de assumir a representação das crianças, num
gesto prospectivo. Este sentido do rito fica muito claro especialmente na vigília pascal, já que a renovação
prevista para toda a assembleia se diferencia claramente desta renovação própria dos pais e padrinhos das
crianças que vão ser batizadas. Por motivos de consciência, por exemplo, por não ser cristão, um dos pais
pode permanecer em silêncio e não fazer a profissão de fé; porém, deve consentir explicitamente e cuidar
para que a criança seja instruída na fé cristã.
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A profissão de fé dos pais e padrinhos tem por finalidade também exprimir a fé da Igreja na qual
são batizadas as crianças. Esta dimensão é sublinhada pelo ministro imediatamente depois das respostas
dos pais: “Esta é a nossa fé, que da Igreja recebemos e sinceramente professamos, razão da nossa alegria
em Cristo, nosso Senhor” (RBC 71). A assembleia aprova e ratifica tudo isso com a aclamação “demos
graças a Deus”, que pode ser cantada. Aqui se evidencia o Batismo como “sacramento da fé”,
transparecendo que esta fé pertence a Igreja, que a transmite e deve ser necessariamente acolhida por
quem deseja ser iniciado na vida cristã ou iniciar os seus filhos e afilhados.
Segue o rito de ablução com a água – por imersão ou por infusão, que se dá de três modos: “1)
mergulhando a criança parcial ou totalmente na água; 2) derramando água sobre a cabeça da criança e
deixando escorrer sobre todo o corpo; 3) derramando a água sobre a cabeça” e a invocação da Santíssima
Trindade (Cf. RBC 72, p. 47).
O banho batismal “Significa e realiza a morte ao pecado e a entrada na vida da Santíssima
Trindade por meio da configuração ao mistério pascal de Cristo. O Batismo é realizado da maneira mais
significativa pela tríplice imersão na água batismal. Mas desde a antiguidade, ele pode também ser
conferido derramando-se, por três vezes, a água sobre a cabeça do candidato” (Cat. da Igr. Católica
1239). “Na Igreja latina, esta tríplice infusão é acompanhada das palavras do ministro: N., eu te batizo em
nome do Pai, e do Filho e do espírito Santo” (CIC 1240).
O rito se completa com a imediata unção do santo crisma, de caráter cristológico messiânico;
significa a comunhão com a missão messiânica de Cristo, sacerdote, rei e profeta, e a incorporação do
neófito ao povo de Deus. O batizado é ungido na cabeça (cucuruto: “porte de cima da cabeça”).
“Significa o dom do Espírito Santo ao novo batizado. Este se tornou um cristão, isto é “ungido” do
Espírito Santo, incorporado a Cristo, que é ungido sacerdote, profeta e rei” (Cat. da Igr. Católica 1241). O
batizado torna-se participante da missão de Cristo. Esta unção recorda que o Espírito Santo está “sobre” o
neófito, assim como esteve “sobre” Jesus no exercício de sua missão (Cf. Lc 4).
Como elementos complementares é preciso mencionar o revestimento com a veste branca, que
simboliza que o batizado “vestiu-se de Cristo” (Gl 3,27); ressuscitou com Cristo (Cat. da Igr. Católica
1243). É sinal da vida nova em Cristo. Segue-se a entrega ao pai da vela acesa como símbolo de uma fé
que é preciso manter acesa. E, finalmente, se parecer oportuno, reaparece no novo ritual a entrega do sal,
que é colocado pela mãe na boca da criança (Cf. RBC 85) e se incluirá o rito do éfeta, de caráter
Catecumenal, como um anúncio da futura catequese que a criança receberá.
RITOS CONCLUSIVOS
São realizados, quando possível, em torno do altar. Com isso se quer significar o itinerário da
iniciação cristã que deve prosseguir com a confirmação e culminar na participação na eucarística. Alude-se
a esta participação com a recitação do Pai-nosso, que é a oração dos filhos de Deus.
Finalmente, com a bênção das mães, dos pais, dos padrinhos e de todos os presentes à celebração
encerra-se o rito. Embora de forma muito simplificada, pode-se dizer que conserva o substancial do
primeiro momento da iniciação cristã.
ATO DE DEVOÇÃO A MARIA
É próprio do Rito do Batismo adaptado à índole do povo brasileiro, ainda que como “rito
opcional”, a possibilidade de se fazer um “ato de devoção a Maria”, confiando à sua proteção a vida e a
fé das crianças. Este rito é bem simples. Consiste numa breve exortação, seguida de uma oração dirigida à
Virgem Maria, concluída com uma oração ou canto a Maria. Não necessariamente deve ser feito no
mesmo dia do Batismo, podendo se fazer em outra ocasião, numa festa mariana ou deixando para fazê-lo
noutro local, como um santuário ou igreja dedicada a Maria.
É fundamental notarmos aqui que o RBC fala não utiliza o termo “Consagração”, mas serve-se da
expressão “Ato de Devoção a Maria” para designar este momento devocional após a celebração do
Batismo.
Isto se explica pelo simples fato de que a “consagração” é uma atitude de entrega reservada
unicamente à divindade, de forma que somente a Deus podemos nos consagrar e a ninguém mais. A
consagração é um culto de “latria” (adoração) e à Virgem Maria se presta um culto de “hiper-dulia”
(veneração especial). Recordemos que a própria Virgem Maria considerou a si mesma como “humilde
serva” (douleia – escrava), inteiramente consagrada ao seu Deus e Senhor. Seguindo o exemplo de total
entrega da Virgem Maria, também nós nos consagramos a Deus, e esta nossa consagração não é outra
senão que o próprio Batismo e a Crisma, que faz de nós os UNGIDOS por excelência.
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Quem pode batizar?
Os ministros do batismo são o Bispo, o Presbítero (Padre) e o Diácono. Extraordinariamente, este
ministério pode ser conferido aos leigos com a devida provisão do Bispo, pois o ministério do batismo
confiado a leigos tem-se revelado pastoralmente valioso (Documento 62 da CNBB: Missão e ministério
dos cristãos leigos e leigas, nº 164). “Em caso de necessidade, qualquer pessoa, mesmo não batizada, que
tenha a intenção exigida, pode batizar, utilizando a fórmula batismal trinitária. A intenção requerida é
querer fazer o que a Igreja faz quando batiza. A Igreja vê a razão desta possibilidade na vontade salvífica
universal de Deus e na necessidade do Batismo para a salvação” (Cat. da Igr. Católica 1256).
RICA – O ITINERÁRIO DA INICIAÇÃO CRISTÃ DOS ADULTOS
Os adultos e as crianças que já completaram sete anos de idade celebram o Batismo conforme o
Ritual próprio. Por isso, fazem um caminho diferente e os que se encontram com a idade estabelecida
também recebem a primeira comunhão Eucarística e são Confirmados no mesmo dia de seu batismo.
Batizá-los é um direito do Bispo Diocesano, razão pela qual o pároco deverá sempre comunicar o
Bispo e dele receber a autorização para presidir a Iniciação Cristã dos Adultos que tiverem percorrido as
diversas etapas da preparação através do catecumenato batismal.
Chamamos de CATECUMENATO o tempo em que um catequizando percorre para se preparar aos
Sacramentos da Iniciação à vida Cristã, ou seja, o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia (1ª Comunhão).
O RICA contempla a iniciação cristã (IC) como uma grande ação eclesial, na qual os catecúmenos,
que em princípio aparecem como grupo, nunca ficam isolados, mas “relacionados com a comunidade dos
fiéis, que juntamente com eles contemplam a força do mistério pascal e renovam a própria conversão”
(RICA 04). É importante notar que a tradição reconhece o Catecúmeno como membro da Igreja (CIC C.
206, 1).
Esta ação eclesial se faz segundo um itinerário de graus ou etapas, mediante os quais o catecúmeno
progredirá atravessando portas, por assim dizer, ou subindo degraus (RICA 06). Os graus introduzem nas
etapas ou tempos de instrução ou amadurecimento, ou por eles são preparados. Tudo isso, todavia,
adaptado ao caminho espiritual dos adultos, que é muito variado segundo a multiforme graça de Deus, a
livre cooperação dos catecúmenos, a unção da Igreja e as circunstâncias de tempo e lugar (RICA 05).
Podemos resumir o Itinerário Catecumenal (“caminho”), com as seguintes etapas:
Os graus indicados pelo RICA são três, marcados com três ritos litúrgicos, e situam o adulto num
âmbito eclesial particular.
O primeiro é a entrada no catecumenato. O adulto passa da situação de simpatizante à situação
eclesial de catecúmeno.
O segundo grau, marcado pelo rito da eleição ou inscrição do nome, faz do catecúmeno um eleito
ou competente e dá lugar ao tempo da purificação e iluminação, que coincide, em princípio, com a
quaresma preparatória do batismo.
O terceiro grau consiste na própria celebração dos sacramentos, pelos quais o eleito é constituído
“fiel” em sentido próprio da palavra.
1ª Etapa: EVANGELIZAÇÃO E PRÉ-CATECUMENATO (rica 09-13)
SIMPATIZANTES. É o memento em que a pessoa, desejosa de conhecer melhor a igreja e receber
instruções acerca da Sagrada Escritura e da Doutrina da Igreja, é inicialmente acolhida e tem os seus
primeiros contatos com a comunidade cristã, particularmente com a Paróquia. Ela deve receber um
INTRODUTOR ou INTRODUTORA, que o acompanhe nesta “apresentação” de primeiros passos.
2ª Etapa: O CATECUMENATO
Ritos de entrada (68-97) e o Tempo do catecumenato e seus ritos (98-132)
ADMISSÃO AO CATECUMENATO. É o INGRESSO FORMAL no processo de evangelização
sistemática, por meio de encontros Catequéticos e de participação em Celebrações Litúrgicas.
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Neste período, a pessoa será instruída na fé e participará da vida comunitária de um modo afetivo
e efetivo. É o momento de fazer a experiência do encontro com Jesus Cristo no seio de sua comunidade,
a Igreja.
Além do INTRODUTOR, que continua a acompanha-la de modo personalizado, aparece aqui a
figura do CATEQUISTA e da COMUNIDADE, como importantes em sua formação e maturação da fé e de
sua identidade cristã.
Ao longo deste itinerário, que deve durar pelo menos um ano, o Catecúmeno participa de
celebrações da Palavra, encontros de oração, tais como a liturgia das horas e o ofício divino das
comunidades, retiros, celebrações de bênçãos e exorcismos, grupos de reflexão e partilha da Palavra de
Deus, novena e atos de piedade devocional, dentre outros momentos da vida da comunidade, onde
poderá fazer a experiência da fé vivida em comunidade, e da comunidade como lugar do encontro com
Jesus Cristo. Também deverá aprender e acostumar-se a ter uma vida de oração pessoal no âmbito
particular e privado do seu dia-a-dia.
3ª Etapa: A ELEIÇÃO
O rito da eleição ou inscrição do nome (RICA 133-151).
CELEBRAÇÃO DE INSCRIÇÃO DOS NOMES. Introduz a etapa preparatória aos sacramentos
pascais. Trata-se de uma celebração com toda a assembleia cristã. O sentido é claro: a Igreja local começa
o Itinerário quaresmal, no primeiro domingo da quaresma, sob a presidência do bispo, que a reúne no
Espírito Santo, e assume neste itinerário a responsabilidade dos catecúmenos já suficientemente dispostos
para serem “eleitos”, para serem iniciados nos mistérios na próxima vigília pascal (RICA 147).
A comunidade conduz os eleitos que, por sua vez, devem fixar-se no exemplo de renovação da
comunidade (RICA 148).
O tempo da purificação e iluminação e seus ritos (RICA 152-207).
TEMPO DA PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO. Coincide com o Tempo da Quaresma e da Semana
Santa. É um estágio avançado no caminho, quando a pessoa, já decidida a se tornar cristã, tendo inscrito
o seu nome, participa dos ESCRUTÍNIOS e ENTREGAS, e RITOS PREPARATÓRIOS que são celebrados de
modo imediato e antecedente à Vigília Pascal.
a) Os escrutínios: Samaritana, Cego de Nascença e Ressurreição de Lázaro.
b) As entregas (Traditiones): primeiro o Símbolo Apostólico (Creio) e depois a Oração Dominical
(Pai-nosso)
c) Ritos preparatórios: “manhã do sábado santo”. Prevê um tempo dedicado à oração e que
guardem o jejum segundo suas forças (RICA 26). Os sritos previstos são: a “redditio,
devolução, recitação pública do símbolo e da oração do Senhor; o “effeta”, a eleição ou
explicação do nome cristão e, finalmente, a unção com o óleo dos catecúmenos, que se prevê
não fazê-la durante a vigília pascal.
4ª Etapa: A ENTRADA NOS MISTÉRIOS
A celebração dos sacramentos da iniciação (RICA 208-234)
INICIAÇÃO AOS SACRAMENTOS DO BATISMO, CRISMA E EUCARISTIA. É propriamente a
Celebração na qual a pessoa celebra os três sacramentos da plena iniciação à vida cristã.
Preferencialmente, deve acontecer na vigília pascal, a não ser que fortes razões pastorais e o bem da
salvação exija que se faça em outra época.
O tempo da mistagogia (RICA 235-239)
É um tempo que se prolonga após a celebração dos Sacramentos da Iniciação cristã e visa um
aprofundamento mais intenso de compreensão sobre os mistérios celebrados e vivência concreta da fé
posta em ação.
No caso dos Sacramentos terem sido celebrados na Vigília Pascal, este tempo é mais fortemente
vivido na semana “In albis” (dos que se veste de branco), também chamada “oitava pascal” e transcorre
ao longo do tempo pascal até a solenidade de Pentecostes. A partir de então, se motiva o neófito à
militância e testemunho ardoroso de sua fé. Este é, por excelência, o tempo da experiência de vida eclesial
plena, com a missa dominical como centro e ritmo da comunidade eclesial.
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Deve sobressair a atitude de acolhimento afetivo por parte de toda a comunidade para com os
neófitos, que devem sentir-se verdadeiramente “mergulhados” na vida da comunidade e “amados” por
todos os irmãos. Cabe aqui lembrar que os neófitos já podem tomar parte ativa na celebração litúrgica,
inclusive assumindo alguns ofícios e ministérios, o que não podiam como catecúmenos.
8) O SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO
O Concílio Vaticano II mandou que o ritual da confirmação estivesse mais explicitamente
vinculado ao sacramento do Batismo: “Seja revisto também o rito da confirmação, para fazer ressaltar a
íntima união deste sacramento com toda a iniciação cristã: por este motivo, é muito conveniente, antes de
o receber, fazer a renovação das promessas do batismo” (SC 71).
O Ritual de Paulo VI é uma realização desta vontade do Concílio, embora a confirmação separada
continue se ressentindo do caráter referencial. O ritual prevê uma celebração dentro e outra fora da missa,
embora faça notar que “a confirmação se realiza normalmente dentro da missa, para que se manifeste
mais claramente a conexão deste sacramento com toda a iniciação cristã, que alcança o seu ápice na
comunhão do corpo e do sangue de Cristo” (RC 13).
O ministro originário da confirmação é o bispo. Este é o princípio que a Igreja manteve no
Ocidente, sublinhando a sucessão apostólica com o acontecimento de pentecostes, e a dimensão eclesial
do dom do Espírito Santo. Contudo, a disciplina atual amplia enormemente a intervenção dos presbíteros
neste sacramento. Não só no caso de perigo de morte, como já fez Pio XII, mas também nos casos da
iniciação cristã de adultos, quando o batismo e a confirmação se celebram conjuntamente (CIC c. 883 e
884). O RC prevê também, por causas graves, a associação de presbíteros concelebrantes com o ministro
principal, tanto na crisma como na imposição das mãos. O RC indica a conveniência de que estes
presbíteros tenham, em primcípio, alguma peculiar responsabilidade pastoral com relação aos
confirmandos. Embora o CIC não tenha recolhido esta indicação, pode-se considerar uma forma simples,
mas suficiente, de exprimir a colaboração presbiteral com o ministério principal do bispo, sobretudo
quando se trata de concelebrar o sacramento como próprio bispo (RC 07).
A celebração do sacramento da confirmação é muito simples. Depois da liturgia da palavra,
normalmente a da missa, ou própria se for fora dela, faz-se a renovação da profissão de fé batismal. Assim
se relaciona explicitamente a confirmação com o batismo, e sublinha-se sua condição de segundo
momento no itinerário do sacramento da fé. Também aqui se repete a fórmula “Esta é a nossa fé, que da
Igreja recebemos e sinceramente professamos, razão da nossa alegria em Cristo nosso Senhor” (RC 23, p.
27).
O primeiro rito específico é a imposição geral das mãos sobre os candidatos, por parte do bispo e
dos presbíteros concelebrantes, se houver. Esta imposição das mãos é precedida de um convite à oração.
O texto do convite e o da oração que acompanha a imposição das mãos, apontam especialmente o dom
do Espírito como confirmação da vida iniciada no batismo ea configuração a Cristo, o ungido.
Exortação: “Roguemos, irmãos e irmãs, a Deus todo poderoso, que derrame o Espírito Santo sobre estes
seus filhos e filhas adotivos, já renascidos no Batismo para a vida eterna, a fim de confirma-los pela
riqueza de seus dons e configurá-los pela sua unção ao Cristo, Filho de Deus” (RC 24, p. 28).
Silêncio e Oração: “Deus todo poderoso, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que pela água e pelo Espírito
Santo fizestes renascer estes vossos servos e servas, libertando-os do pecado, enviai-lhes o Espírito Santo
Paráclito: dai-lhes, Senhor, o espírito de sabedoria e inteligência, o espírito de conselho e fortaleza, o
espírito de ciência e piedade e enchei-os do espírito do vosso temor. Por Cristo, nosso Senhor. Amém”
(RC 25, p. 28).
A seguir, depois de entregar solenemente o crisma aos presbíteros concelebrantes, se houver, o
bispo e os demais presbíteros dedignados para isto, fazem o sinal-da-cruz na fronte daquele que é
confirmado com o crisma, dizendo: “N., recebe, por este sinal, o espírito Santo, o dom de Deus”. (Cf. RC
22-28, p. 28-29). E logo em seguida o ministro saúda o confirmando dizendo: “A paz esteja contigo”. O
confirmando responde: “E contigo também”. Com este diálogo, voltou-se à simplicidade significativa da
saudação eclesial, eliminando o rito medieval da bofetada. O valor eclesial desta saudação de paz por
parte do bispo ao neoconfirmando é evidente: aquele que é a cabeça e o centro de unidade da Igreja
particular (Diocese) saúda e acolhe paternalmente o cristão que acaba de ser integrado plenamente à
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comunidade eclesial pelo dom de pentecostes. O Concílio diz que “os fiéis, pelo sacramento da
confirmação, se vinculam com mais perfeição à Igreja” (Lumen gentium, 11).
O rito final é a oração universal, da qual participam plenamente e com pleno direito os
confirmandos. Um deles pode propor as intenções. Quando a confirmação é celebrada dentro da missa, a
oração universal ocupa o lugar que é habitual e constitui o rito de transição para a eucaristia.
A bênção solene do bispo encerra toda a celebração. O ritual de Paulo VI não concede
importância sacramental a esta bênção. Tem importância, pelo contrário, a recitação do pai-nosso, que se
faz ou no momento próprio da oração dominical da missa ou antes da bênção final, se não se celebra a
eucaristia. A recitação da oração dominical neste momento, como no batismo das crianças, é um anúncio
da celebração eucarística, ao mesmo tempo, que uma expressão magnifica da filiação divina, em que são
confirmados os que recebem o dom do Espírito Santo.
O RC esclarece que o sacramento da confirmação deve ser administrado em perigo de morte, a
todo batizado que não estiver confirmado, mesmo que seja uma criança (RC 11). E o CIC c. 890 insiste na
obrigação, por parte dos fiéis, de recebe-lo no tempo oportuno e encarrega os pais e os pastores de
almas, sobretudo os párocos, de procurar fazer com que os fiéis sejam bem preparados para recebe-lo e
que o recebam no tempo oportuno.
9) O SACRAMENTO DA EUCARISTIA
“A santa Eucaristia conclui a iniciação cristã. Os que foram elevados à dignidade do sacerdócio
régio pelo Batismo e configurados mais profundamente a Cristo pela Confirmação, estes, por meio da
Eucaristia, participam com toda a comunidade do próprio sacrifício do Senhor” (Cat. da Igr. Católica
1322).
“Na Última Ceia, na noite em que foi entregue, nosso Salvador instituiu o Sacrifício Eucarístico de
seu Corpo e Sangue. Por ele, perpetua pelos séculos, até que volte, o Sacrifício da Cruz, confiando
destarte à Igreja, sua dileta Esposa, o memorial de sua Morte e Ressurreição: sacramento de piedade (no
Cat. da Igr. Católica se diz “sacramento do amor”), sinal de unidade, vinculo de caridade, banquete
pascal, em que Cristo nos é comunicado (“recebido”) como alimento, o espírito é repleto (“cumulado”)
de graças e nos é dado o penhor da futura glória” (SC 47).
A eucaristia é “fonte e ápice de toda a vida cristã” (LG 11). O magistério afirma categoricamente
que “A santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa
Páscoa” (Cat. da Igr. Católica 1324). Ela realiza a dupla finalidade da liturgia, que é “a santificação do
mundo em Cristo” e o “culto que no Espírito a humanidade presta a Cristo e por ele, ao Pai” (Cat. da Igr.
Católica 1325). Finalmente, é expressão antecipada da liturgia celeste e da vida eterna.
Os nomes do Sacramento da Eucaristia
Ao longo dos séculos recebeu vários nomes, que evocam aspectos de seu significado:
Eucaristia, porque é ação de graças a Deus. Lembram as bênçãos judaicas que proclamam as obras
de Deus: a criação, a redenção e a santificação.
Ceia do Senhor, pois se trata da ceia que o Senhor fez com seus discípulos na véspera da sua
paixão, e da antecipação da ceia das bodas do cordeiro, na Jerusalém celeste.
Fração do Pão, porque este rito, próprio da refeição judaica, foi utilizado por Jesus quando
abençoava e distribuía o pão como presidente da mesa, sobretudo por ocasião da última Ceia. É por este
gesto que os discípulos o reconheceram após a ressurreição, e, é com esta expressão que os primeiros
cristãos designarão as suas assembleias eucarísticas.
Assembleia eucarística – synaxis, porque é expressão visível da Igreja (Qahal).
Memorial da Paixão e da Ressurreição do Senhor.
Santo Sacrifício, porque atualiza o único sacrifício de Cristo Salvador e inclui a oferenda da Igreja,
ou também santo sacrifício da Missa, sacrifício de louvor (Hb 13,15), sacrifício espiritual, sacrifício puro e
santo, pois realiza e supera todos os sacrifícios da Antiga Aliança.
Santa e divina liturgia, porque toda a liturgia da Igreja encontra o seu centro e sua expressão mais
densa na celebração deste sacramento – celebração dos Santos Mistérios. Fala-se também de Santíssimo
Sacramento, para designar as espécies eucarísticas guardadas no tabernáculo.
Comunhão, porque é por este sacramento que nos unimos aa Cristo que nos torna participantes
de seu Corpo e do seu Sangue para formarmos um só corpo; demonima-se, ainda, as coisas santas, sendo
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este o sentido primeiro da “comunhão dos santos” de que fala o Símbolo Apostólico – pão dos anjos, pão
do céu, remédio de imortalidade, viático.
Santa missa, porque a liturgia na qual se realizou o mistério da salvação dos fiéis termina com o
envio dos fiéis (“missio”), para que cumpram a vontade de Deus na sua vida cotidiana.
Sabemos que a última Ceia de Jesus com seus Apóstolos foi um fato de suma importância na
História da Salvação. No entanto, muitos são os que ainda desconhecem o sentido profundo dos gestos
de Jesus nesta refeição sagrada e suas implicações para a vida dos que hoje comungam de seu Corpo e
Sangue. Aqui o nosso objetivo será olhar o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus a partir do
mistério da ceia, com vistas a discernirmos as implicações ético-pastorais na vida dos que hoje se reúnem
como “povo sacerdotal” ao redor da mesa eucarística.
A última ceia de Jesus com seus amigos foi narrada pelos autores da Sagrada Escritura de dois
modos: em primeiro lugar, os textos sinóticos (Mt 26,26-29; Mc 14,22-25 e Lc 22,15-20) e também a
epístola de São Paulo (1Cor 11,23-26) que acentuam os gestos de Jesus com o pão e o vinho; em segundo
lugar, o testemunho do evangelho de São João (Jo 13,1-17), que relata a atitude de Jesus que lava os pés
dos seus amigos e lhes dá o novo mandamento do amor. Ambos os modos nos situam no contexto de
uma refeição em comum, ou seja, a páscoa anual na qual os judeus celebram o memorial da libertação da
escravidão que os seus antepassados sofreram no Egito e agradecem o fato de o Senhor os ter conduzido
sãos e salvos à terra prometida, agindo com mão forte e braço poderoso ao derrotar o inimigo opressor
por ocasião da passagem pelas águas do Mar Vermelho.
Em todos estes textos sagrados fica claro que os momentos antecedentes à paixão, morte e
ressurreição de Jesus foram precedidos por uma última ceia de despedida com os seus amigos mais
íntimos. Nela, Jesus antecipou através de gestos rituais a realidade de sua própria vida como uma entrega
livre e generosa, reveladora de que a sua missão consistia em cumprir fielmente a vontade do Pai até as
últimas consequências, mesmo que isto lhe custasse o preço da morte violenta numa Cruz.
O pão e o vinho oferecidos em comida ou o gesto do lava-pés tornaram-se sinais de uma
realidade maior, ou seja, da própria autodoação de Cristo em favor da salvação do mundo e do
compromisso de continuidade da sua missão por parte dos amigos que fazem a refeição com ele em todos
os tempos.
Na ceia pascal judaica é costume bendizer ao Senhor tomando o alimento sagrado e lembrando a
sua fidelidade e seu amor incondicional. Outro elemento presente na refeição de louvor judaica é a
esperança sempre renovada de um povo que aguarda confiante a manifestação definitiva de sua
libertação. Por isso, durante a ceia sempre se proclama a certeza de que o Messias Senhor virá em breve.
Foi exatamente ao tomar o pão e o vinho e bendizer ao Pai que Jesus interpretou de uma forma nova o
antigo ritual de seu povo e revelou-se como sendo o próprio Messias esperado. Na partilha dos alimentos
sagrados (pão e vinho) Jesus significou a sua entrega antecipando simbolicamente a realidade a ser
experimentada e concretizada no mistério de sua paixão e morte de Cruz.
O gesto do lava-pés teve o mesmo sentido de entrega serviçal de sua vida em favor de todos. Por
meio deste serviço Ele realiza de uma vez por todas a libertação (salvação) não só de seu povo, mas de
toda a humanidade. No desfecho de ambas atitudes – entrega dos alimentos e do lava-pé – Jesus deu aos
seus a seguinte ordem: Fazei isto em memória de mim! Ora, é preciso que compreendamos o que Jesus
fez, a fim de que possamos dar-lhe uma resposta amorosa e comprometida.
Fica evidente que a ordem de Jesus durante a ceia da despedida se refere não apenas em
reproduzir um rito, mas em reproduzir a sua atitude de entrega, a autodoação livre e generosa em favor
do Reino, em cumprimento perfeito da vontade do Pai. O novo mandamento do amor é o grande
mistério que se revela na Ceia. Deus mesmo, na pessoa de seu Filho amado, abaixou-se (kenosis) para
servir o mundo e dar-lhe a plena liberdade. Cristo revelou este amor do Pai a ponto de assumir a Cruz
tornando-se Corpo dado e Sangue derramado em favor de todos. Eis a razão pela qual não ficou
humilhado no suplício da Cruz, mas foi exaltado e recebeu do Pai o nome que está acima de todo nome
(Fl 2,7-11).
Cada vez que nós, cristãos, nos reunimos para celebrar a eucaristia, memorial da paixão, morte e
ressureição do Senhor, nos colocamos na mesma dinâmica de vida assumida por Cristo e nos
comprometemos a continuar o seu “serviço” em favor do mundo. Fazer o que Ele fez significa estar
disposto a dar a própria vida pela humanização plena do homem e da mulher, ou seja, pela sua
santificação. Todos os comungantes do Corpo e do Sangue de Cristo unem-se a Ele na força dinamizadora
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do Espírito Santificador e como um único Corpo Eclesial se tornam sacramento da presença de Jesus no
mundo e se fazem os adoradores que o Pai procura (Jo 4,23).
O Mistério da Ceia nos faz contemplar o Messias que o povo de Israel tanto esperou. Faz-nos
contemplar Aquele que nos amou até o fim e se ofereceu no altar da Cruz como Vítima Inocente
(Cordeiro) capaz de tirar o pecado do mundo, o nosso pecado. Nele e por Ele temos a vida em plenitude
já neste mundo, enquanto aguardamos pressurosos sua vinda gloriosa (Oração Eucarística sobre
Reconciliação I).
Comer e beber com Ele é assumir o Plano que o Pai nos confia. Se hoje comungamos o Corpo e
Sangue do Senhor, este gesto significa a nossa própria adesão e compromisso com a transformação do
mundo presente, tão marcado pela cultura de morte. A mesma força que motivou Jesus a enfrentar a
Cruz é a que hoje nos impulsiona a tomar a nossa Cruz de cada dia, e a dar os passos que nos levam pelo
calvário da vida à certeza de que se o mundo nos crucifica é o Pai quem nos glorifica, tal e qual glorificou
a seu Filho humilhado na Cruz.
Celebremos, pois, a paixão, morte e ressurreição de Cristo, no Mistério da Ceia, fazendo-nos
comensais do sagrado alimento que nos torna o Corpo Eclesial do Senhor. Nossa missão é fazer de nossa
vida uma total oblação que seja agradável aos olhos do Pai. Conscientes de que o Mistério da Ceia
consiste na autodoação amorosa do Cristo pela salvação da humanidade, com Ele sejamos uma “oferta
viva” na mesa da eucaristia, bem como no meio do mundo. Dando graças ao Pai e guiados pelo Espírito
Santo, como Jesus, tenhamos a coragem ousada de entregar a nossa vida nas mãos do Pai por causa do
Reino!
Note bem: havendo tempo, trabalhar os aspectos desenvolvidos pelo Seminário Nacional da CNBB sobre
a Eucaristia.
10) DESAFIOS E PESPECTIVAS PASTORAIS PARA UMA CATEQUESE LITÚRGICO SACRAMENTAL
VIVENCIAL
Alguns desafios...
1. O desafio de celebrações de Batismos que não despertam o neófito para a plena consciência de
sua pertença à Igreja e o seu compromisso profético missionário decorrente de sua configuração
ao sacerdócio real de Jesus Cristo.
2. Eucaristia: compromisso x devocionísmo. A eucaristia foi instituída como sacramento de
comunhão, portanto para nos configurar a atitude de Jesus Cristo em sua entrega ao Pai pelo
Reino e pela Salvação do Mundo. Ora, o que se entende na Bíblia por “Adorar em espírito e
verdade” e “oferecer um sacrifício que agrade ao Pai”, nem sempre coincide com as formas de
“Adoração Eucarística” e de “Missas intimistas”, como, por exemplo, as chamadas de “Cura e
Libertação”...
3. O problema das Missas celebradas “para”, nas mais diversas situações... (para comemorar o
aniversário da cidade, para a “cerimônia de formatura”, para “comemorar” o defunto, etc).
Conclusão
Depois de olhar os sacramentos da Iniciação Cristã em sua unidade global e com o olhar posto
numa objetiva Pastoral da Iniciação à Vida Cristã, vale perguntar:
1) Quais os sinais de maturidade e acertos que nossa comunidade paroquial demonstra na
Pastoral de Iniciação à Vida Cristã que merecem ser valorizados e incrementados?
2) Quais os pontos nevrálgicos que precisam de um diagnóstico e atenção mais atenta para
melhor corresponder ao desejo do Concílio Vaticano II não só de ver reformados os
Rituais, mas de vê-los aplicados e celebrados como verdadeiros instrumentos de
santificação e crescimento espiritual para os catecúmenos e os fiéis?
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PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA
33º CURSO DE LITURGIA
OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ
A INICIAÇÃO CRISTÃ NA TRADIÇÃO DE HIPÓLITO DE ROMA
OS CATECÚMENOS
Os catecúmenos devem escutar a Palavra por três anos. Se algum deles for dedicado e
atencioso, não lhe será considerado o tempo: somente o seu caráter, e nada mais, será julgado.
Cessando o catequista a instrução, rezarão os catecúmenos em particular, separados dos fiéis. As
mulheres, sejam elas catecúmenas ou fiéis, permanecerão rezando em particular em qualquer parte da
igreja. Ao concluírem as orações, ainda não darão a paz porque o seu ósculo ainda não será santo.
Os fiéis, porém, saudar-se-ão, reciprocamente: os homens aos homens e as mulheres às mulheres; os
homens não deverão saudar as mulheres. Estas devem cobrir a cabeça com um manto que não seja
feito de linho, pois este tipo não serve para cobrir [a cabeça]. Após a prece, o catequista imporá as
mãos sobre os catecúmenos, rezará e os dispensará; não importa se é clérigo ou leigo: aquele que
prega a doutrina deve assim agir. Se um catecúmeno for preso por causa do nome do Senhor, não
deve se desesperar: se sofrer violência e morrer antes de ter recebido o perdão de seus pecados, será
justificado por ter experimentado o batismo em seu sangue.
OS BATIZANDOS
Escolhidos aqueles que receberão o batismo, examinar-se-á suas vidas: se viveram com
dignidade durante o catecumenato, se honraram as viúvas, se visitaram os doentes, se praticaram
apenas boas obras. Ouvirão o Evangelho se aqueles que os apresentaram testemunharem a seu favor,
dizendo que assim agiram. Sejam impostas as mãos diariamente sobre eles a partir do momento em
que foram separados e sejam, ao mesmo tempo, exorcizados. Aproximando-se o dia do batismo, o
bispo exorcizará cada um deles, para saber se é puro. Se algum deles não for bom ou puro, será
colocado à parte, pois não ouviu a Palavra com fé, já que não é possível que o estranho se oculte
para sempre. Sejam os batizandos instruídos para que se lavem e banhem no quinto dia da semana;
se uma mulher estiver menstruada, será posta à parte e receberá o batismo num outro dia. Os que
receberão o batismo jejuarão na véspera do sábado e, no sábado, serão todos reunidos num mesmo
local designado pelo bispo. Serão ordenados todos aqueles que rezarem e se ajoelharem; impondo as
mãos sobre eles, o bispo exorcizará todos os espíritos impuros, para que fujam e não retornem mais.
Terminando o exorcismo, soprar-lhe-á em suas faces. Após marcá-los na fronte, nos ouvidos e narinas
com o sinal da cruz, ele ordenará que se levantem. Então permanecerão vigilantes durante toda a
noite: ler-se-á para eles e também serão instruídos. Os batizandos não devem ter nada em seu poder,
exceto o que trouxeram para a eucaristia. O que se tornou digno deve participar do sacrifício na
mesma hora.
O BATISMO
Ao cantar do galo, rezar-se-á, primeiramente, sobre a água. Deve ser água corrente, na fonte
ou caindo do alto, exceto em caso de necessidade; se a dificuldade persistir ou se tratar de caso de
urgência, deve-se usar a água que encontrar. Os batizandos se despirão e serão batizadas, primeiro, as
crianças. Todos os que puderem falar por si próprios, falem; contudo, os pais ou alguém da família
falem por aqueles que não puderem falar por si mesmos. Depois batizem-se os homens e, por último,
as mulheres (que deverão estar de cabelos soltos e sem os enfeites de ouro e prata que levaram).
Ninguém deve descer às águas portando objetos estranhos. No instante previsto para o batismo, o
bispo renderá graças sobre o óleo que será posto em um vaso e será chamado de óleo de ação de
graças. Tomará também um outro óleo que exorcizará e será denominado de óleo de exorcismo.
Então o diácono trará o óleo de exorcismo e ficará à esquerda do presbítero; outro diácono pegará o
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óleo de ação de graças e ficará à direita do presbítero. Acolhendo cada um dos que recebem o
batismo, manda renunciar, dizendo: "Renuncia a ti, Satanás, a todo teu serviço e a todas as tuas
obras". Terminada a renúncia de cada um, ungirá com o óleo de exorcismo, dizendo-lhe: "Afaste-se
de ti todo espírito impuro". E irá entregá-lo nú ao bispo ou ao presbítero que está junto da água,
batizando. O diácono também descerá com ele e, ao chegar à água aquele que será batizado, aquele
que batiza lhe dirá, impondo-lhe as mãos sobre ele: "Crês em Deus Pai todo-poderoso?". E aquele que
é batizado responda: "Creio". Imediatamente, com a mão pousada sobre a sua cabeça, batize-o uma
vez, dizendo a seguir: "Crês em Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido do Espírito Santo e da Virgem
Maria, que foi crucificado sob Pôncio Pilatos, morrendo e sendo sepultado e, vivo, ressurgiu dos
mortos no terceiro dia, subindo aos céus e sentando-se à direita do Pai, donde julgará os vivos e os
mortos?". Quando responder: "Creio", será batizado pela segunda vez. E dirá mais uma vez: "Crês no
Espírito Santo, na Santa Igreja e na ressurreição da carne?". Responderá o que está sendo batizado:
"Creio", e será batizado pela terceira vez. Depois de subir da água, será ungido com o óleo
santificado pelo presbítero, que dirá: "Unjo-te com o óleo santo em nome de Jesus Cristo". Após isto,
cada um se enxugará e se vestirá, entrando, a seguir, na igreja.
A CONFIRMAÇÃO
Impondo as mãos sobre eles, o bispo fará a invocação, dizendo: "Senhor Deus, que os tornaste
dignos de merecer a remissão dos pecados pelo banho da regeneração, torna-os dignos de ser
repletos do Espírito Santo; lança sobre eles a tua graça para que te sirvam conforme a tua vontade,
pois a ti são a glória, ao Pai, ao Filho e com o Espírito Santo na Santa Igreja, pelos séculos dos
séculos. Amém". Após isto, derramará o óleo santo nas mãos e dirá, colocando as mãos sobre a sua
cabeça: "Eu te unjo com o óleo santo, no Senhor Pai todo-poderoso e em Jesus Cristo e no Espírito
Santo". Marcando-o na fronte com o sinal da cruz, oferecer-lhe-á o ósculo, dizendo: "O Senhor esteja
contigo". O que foi marcado responderá: "E com o teu Espírito". Assim deve proceder com cada um.
Em seguida, rezarão com todo o povo, não podendo rezar com os fiéis enquanto não atingirem tudo
isso. Após a oração, oferecerão o ósculo da paz.
A PRIMEIRA EUCARISTIA
Os diáconos oferecerão o sacrifício ao bispo e este dará graças sobre o pão, como exemplo do
Corpo de Cristo, e sobre o cálice do vinho preparado, para imagem do Sangue que foi derramado
por amor de todos que crêem nele. Fará o mesmo sobre o leite e o mel misturados, recordando a
plenitude da promessa feita aos antepassados; nessa promessa, Deus anunciou a "terra onde correm
leite e mel". Por ela, Cristo ofereceu a sua Carne e, assim como crianças, se alimentam os que crêem,
tornando suave a amargura do coração pela docialidade da Palavra. Da mesma maneira, o bispo
renderá graças sobre a água do sacrifício, como representação do batismo, para que o homem
interior, isto é, a alma, obtenha os mesmos dons que o corpo. Todos esses fatos devem ser explicados
pelo bispo a todos que recebem. Partindo o pão e distribuindo-o em pedaços, dirá: "O Pão Celestial
em Jesus Cristo". E o que está recebendo responderá: "Amém". Se não forem suficientes os
presbíteros, peguem os cálices também os diáconos e, com dignidade, coloquem-se em ordem:
primeiro o que segura a água; em segundo, o que segura o leite; em terceiro, o que segura o vinho.
Os que recebem provem de cada cálice e, aquele que dá, diga três vezes: "Em Deus Pai todopoderoso". Responda o que recebe: "Amém". [O que dá:] "E em Nosso Senhor Jesus Cristo". [O que
recebe:] "Amém". [O que dá:] "E no Espírito Santo e na Santa Igreja". E responda "Amém". Assim se
procederá com cada um. Após a cerimônia, rapidamente pratiquem o bem, agradem a Deus, vivam
corretamente, coloquem-se à disposição da Igreja, praticando o que aprenderam e progredindo na
piedade. Isto, de maneira resumida, vos transmito sobre o santo batismo e o santo sacrifício, pois já
fostes instruídos sobre a ressurreição da carne e tudo o demais, conforme está escrito. Se algo deve
ser recordado, diga o bispo secretamente aos que tiverem recebido o batismo, para que os não fiéis
não venham a conhecer antes de também receberem. Esta é a ficha branca aludida por João ao dizer:
"Um novo nome foi escrito nela e ninguém o conhece a não ser aquele que a receberá".
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