Biologia Celular 2006/2007 Ana Catarina Carreira Santos Membranas Biológicas Estruturas termodinamicamente estáveis cuja manutenção não requer hidrólise de ATP que tem uma bicamada fosfolipídica anfipática. Funções Separação do conteúdo celular do espaço extracelular (exoplasmático), uma vez que a parte hidrofóbica do interior da membrana impede a passagem de água. Função de invólucro, do núcleo e dos restantes organelos intracelulares. Organização da topografia interna, separando a célula em dois compartimentos: Nuclear Citoplasmático Subdivisão do citoplasma em: Matriz citoplasmática (citosol) – espaço contínuo, compreendido entre a membrana plasmática e as membranas do núcleo e organelos. Espaço descontínuo – constituído pelo somatório dos espaços contidos nos organelos ou vesículas limitadas por membrana. Definição do limite da célula (única funcionalidade em células procarióticas). Estrutura Geral (apesar de variarem muito conasoante a sua função obedecem a linhas gerais) Bicamada de fosfolípidos de natureza anfipática (impermeáveis à água) A maioria das funções biológicas são mediadas por proteínas da membrana: Na membrana exterior da célula (membrana exoplasmática) as proteínas são receptores moleculares que transmitem informação, formam junções intercelulares, catalisam reacções químicas e ligam-se a componentes do citoesqueleto. Características: Plasticidade: movimento bidimensional quando há alteração do equilíbrio Movimentos flip-flop: Colesterol e fosfolípidos (requer ATP e enzimas) Fluidez: movimento lateral dos fosfolípidos e proteínas ao longo dos dois folhetos da embrana; Assimetria: Diferente composição molecular nas duas metaes da membrana. Abordagem histórica Franklin: experiências com óleo. Impermeabilidade dos lípidos. Charles Overton: a capacidade de atravessar membranas dependia da sua natureza química. As substâncias apolares passam rapidamente a membrana. Semelhanças entre membranas e lípidos; há lípidos que se dissolvem nos lípidos da membrana, atravessando-a. Irving Langmuir: Interacção lípidoságua. Descobriu a forma de calcular áreas de superfícies cobertas por óleo. Estudou monocamadas de ácidos Membranas Biológicas -1- Biologia Celular 2006/2007 Ana Catarina Carreira Santos gordos. Gorter e Grendel: extraíram os lípidos de eritrócitos e concluiu que ocupam o dobro da área da superfície de onde foram extraídos. Concluíram a existência de uma bicamada. Danielli e Davson: As proteínas podiam ser adsorvidas pelo óleo. Propuseram um modelo em que ambas as camadas estavam cobertas por proteínas. (Recorreram ao raio-X e MET). Robertson: Com base na ME propôs o modelo da unidade de membrana, em que a membrana tem três camadas: duas externas (proteicas) e uma interna (lipídica). Singer e Nicholson: Modelo do Mosaico Fluido – bicamada lipídica com proteínas globulares que flutuam nela. A porção da porteína em contacto com a membrana é hidrofóbica e tem uma estrutura tridimensional de alfa-hélice. Os lípidos da membrana Fosfolípidos Extremidade polar ou hidrofílica (cabeça; mais electrodensa) e extremidade apolar ou hidrofóbica (com duas caudas de ácidos gordos; mais electrolucente). Organizam-se espontaneamente em micelas, mesossomas ou bicamadas. Há quatro tipos de fosfolípidos mais relevantes em termos quantitativos: Fosfatidilcolina Fosfaditiletenoamina neutros a pH fisiológico Esfingomiela Fosfatidilserina carregada negativamente O inositol é um fosfolípido que existe em baixas concentrações mas é muito importante na transmissão de sinais para o interior da célula. Constituição bioquímica: ácidos gordos, glicerol, grupo fosfato e colina ou serina. O arranjo da cauda dos fosfolípidos deriva do grau de saturação dos ácidos gordos o Condiciona o movimento de lateralidade e a fluidez o Altera a temperatura da transição da fase líquida para a fase cristalina da membrana. o Ex.: fosfolípidos saturados têm difusão lateral menos rápida e atingem a transição de fase a temperaturas menos baixas. Na ME há um perfil trilaminar (“unidade de membrana” de Robertson) que são duas camadas electrodensas separadas por uma camada electrolucente. Há movimentos laterais, de rotação e de flip-flop. Nota: Podemos classificar os lípidos em duas categorias: Saturados – contêm apenas ligações simples, apresentam difusão lateral mais lenta, atingindo transição de fase (gelificação por diminuição da temperatura) a temperaturas mais baixas que os insaturados. Membranas Biológicas -2- Biologia Celular 2006/2007 Ana Catarina Carreira Santos Insaturados – apresentam geometria menos linear na cauda e, por isso mesmo, têm menos interacções com as caudas dos fosfolípidos adjacentes, logo, atingem a transição de fase a temperaturas mais altas. Colesterol Não existe em procariontes; 2ª molécula lipídica mais abundante depois dos fosfolípidos; É essencial para que não haja ruptura da bicamada; Maior facilidade de movimentos de flip-flop (saltar entre os dois folhetos da membrana) que os fosfolípidos; Reforçam a impermeabilidade da membrana, diminuem a sua fluidez e aumentam a temperatura da transição de fases Glicolípidos Só existem no folheto exoplasmático da membrana exterior das células eucarióticas devido ao facto dos resíduos sacarídeos serem adicionados ás moléculas lipídicas no lúmen do Complexo de golgi (complexo exoplasmático). Não têm movimento de flip-flop. Nas células epiteliais estão na membrana apical (limitados pelas zonas de oclusão) Podem actuar como receptores específicos de moléculas exteriores; Podem ligar-se a componentes da matriz extracelular. Proteínas de membrana A massa de uma proteína de membrana de tamanho médio é 40 a 60 vezes superior à massa de um fosfolípido. Contribuem para cerca de metade da massa total na maioria das membranas. Boa parte dela são glicoproteínas. Estão sujeitas a movimentos laterais mas não a movimentos de flip-flop. Funções: Troca metabólica de células solúveis em água entre a célula e o espaço extracelular, através da formação de canais transmembranares resultantes da associação dinâmica de proteínas; Receptores moleculares; Formação de junções intercelulares; Catalisadores de reacções químicas; Ancoragem da membrana a elementos do citoesqueleto. Existem dois tipos de proteínas membranares: Proteínas integrais (intrínsecas) – atravessam o plano hidrofóbico da membrana e são observadas nas faces de criofractura, ou seja, contêm segmentos hidrofóbicos. Quando atravessam toda a extensão da membrana são chamadas transmembranares. Para se isolar estas proteínas, é necessário tratar preparações de membrana com detergente – SDS. Proteínas periféricas (extrínsecas) – não atravessam o plano hidrofóbico da membrana e são observadas nas superfícies das membranas, intactas. Membranas Biológicas -3- Biologia Celular 2006/2007 Ana Catarina Carreira Santos Para se isolar estas proteínas, basta tratar as preparações de membrana com soluções de salinidade elevada. A membrana celular pode apresentar domínios (áreas restritas) onde se concentram proteínas específicas, não detectáveis noutras zonas da membrana. Nestas células, a membrana é constituída por uma sucessão contínua de mosaicos fluidos diferentes, cada um com um coeficiente particular de difusão lateral das suas moléculas. As moléculas, movendo-se lateralmente nessa área, não podem, contudo, percorrer outras zonas da superfície celular. Ex: espermatozóide, em que regiões da membrana celular e acrossomal acumulam proteínas em determinadas áreas da membrana. Membranas Biológicas -4- Biologia Celular Ana Catarina Carreira Santos Turma 2 Especializações da membrana celular Especializações da Membrana Químicas (proteínas membranares) Morfologicamente evidentes Da membrana apical Da membrana Basal Da membrana Lateral Microvilosidades, cílios, Flagelos, estereocílios Hemidesmossomas, invaginações Junções impermeáveis, junções comunicantes, interdigitações, desmossomas. Aumentam a superfície celular: Microvilosidades Cílios Flagelos Estereocílios Interdigitações Promovem a junção intercelular: Junções impermeáveis Junções de aderência Junções comunicantes Nota: - As especializações diferem na estrutura das proteínas integradas na membrana. - Exemplo: Enterócitos (células do epitélio intestinal) - Têm porções da membrana muito especializadas: a porção que reveste as microvilosidades tem proteínas transportadoras (permitem a passagem de glicose e aminoácidos…); a membrana da parte basolateral tem proteínas que deixam passar para fora das células os nutrientes absorvidos na parte apical. Estruturas que aumentam a superfície celular Microvilosidades Extensões citoplasmáticas digitiformes abundantes em células epiteliais Revestidas por membrana plasmática especializada que contém exteriormente enzimas digestivas e glucídeos que formam uma rede glicomucoproteica fina ligada à membrana das microvilosidades – glicocálice. O interior das microvilosidades tem microfilamentos de actina paralelos, com a extremidade positiva para cima. O feixe de microfilamentos é mantido por pontes de proteínas de baixo peso molecular (fimbrina, fascina e vilina). Os microfilamentos ligam-se aos fosfolípidos através da miosina I, que confere contractilidade às microvilosidades. Especializações da Membrana Celular -5- Biologia Celular Ana Catarina Carreira Santos Turma 2 O feixe de microfilamentos adere ao topo através de uma placa densa rica em actinina, ancorando no citoesqueleto, mantendo-se a forma das microvilosidades. Células epiteliais: Os microfilamentos ancoram-se na rede terminal (microfilamentos oriundos do desmossoma circular) através das proteínas espectrina e miosina II (o que lhes confere mobilidade e contractilidade). Células sem desmossomas circulares: Os microfilamentos penetram mais profundamente, nos filamentos intermédios e na rede tridimensional de microfilamentos do citoesqueleto geral. Nascimento dos microfilamentos: polimerizações de monómeros de actina G a partir do pólo positivo, crescendo para o interior da região cortical citoplasmática até ancorarem na região terminal. A subsequente polimerização leva à evaginação da membrana, formando-se projecções digitiformes. Nota: - Células com locomoção têm outras projecções celulares. O seu citoesqueleto tem microfilamentos. Embrionariamente todas as células têm mobilidade; no animal adulto quase só os leucócitos têm_ diapedese. - Em patologia: A metastização neoplásica maligna depende deste tipo de locomoção, pois a célula forma feixes contrácteis de microfilamentos associados à α-actinina e miosina II (fibras de stress). Estes feixes ancoram em placas de actinina submembranares densas que os ligam a proteínas transmembranares (integrinas). (Estas são receptoras de moléculas de outras células (epiteliais) e da matriz celular do tecido conjuntivo.) As fibras de stress estabelecem com estas adesões focais transitórias, fixando as células. O pólo celular anterior das células forma lamelas (lamelipodia) após o avanço de expansões tubulares (filipodia) que podem apresentar expansões mais pequenas (microspikes). Os filipodia têm feixes paralelos de microfilamentos unidos pela proteína fimbrina. - Os microfilamentos submembranares estão unidos entre si e às proteínas integrais da membrana pela espectrina. - Os lamelipodia são típicos de células epiteliais, dos fibroblastos e de alguns neurónios. Podem apresentar pregas (ruffles). - Os leucócitos têm pseudópodes, que são semelhantes aos lameliploidia, mas têm forma tubular larga e citoesqueleto menos complexo. Cílios e flagelos Cílios Projecções citoplasmáticas móveis Movimento em chicote No seu interior têm citoesqueleto embebido por uma matriz proteica e rodeado por uma diferenciação da membrana. Facilitam a locomoção, deslocam fluidos (ex.: traqueia) ou células nas superfícies epiteliais (ex.: trompas de Falópio). Flagelos Especializações da Membrana Celular -6- Biologia Celular Ana Catarina Carreira Santos Turma 2 Semelhantes aos cílios (na estrutura) São mais longos e em menor número Movimento sinusoidal Nota: Nota - Nas bactérias os movimentos são diferentes em relação a eucariontes. O flagelo tem anéis e um eixo aderentes à membrana, fazendo rodar um filamento de flegelina (proteína). - O batimento ciliar nos protozoários é diferente do movimento dos epitélios citados porque a presença de microvilosidades impede o dobrar da base ciliar. - Quanto à organização dos cílios e flagelos podemos distinguir algumas estruturas: - Axonema Organização ultraestrutural do citoesqueleto do cílio ou flagelo São microtúbulos (filamentos proteicos ocos) e proteínas. Microtúbulos: Microtúbulos Dispõem-se num círculo de 9 dupletos que rodeiam 2 microtúbulos centrais simples (padrão 9d + 2s). Os centrais são independentes um do outro. Nos microtúbulos periféricos, o mais externo (B) compartilha parte da parede do ais interno (A). Os dupletos são numerados no sentido horário, a partir daquele que é perpendicular ao eixo do par central (n.º 1). Proteínas associadas aos microtúbulos • Braços de dineína: Projectam-se interna e externamente, ligando o microtúbulo A ao dupleto seguinte. São constituídos por cadeias proteicas . Nas cadeias pesadas existe actividade ATPásica_ quando a ATP se liga, o braço desliga-se do microtúbulo seguinte, voltando a ligar-se quando há hidrólise do ATP. Assim há um movimento descendente que é assíncrono (ora numa metade dos microtúbulos, ora noutra). Dos braços de dineína depende a motilidade ciliar, pois permitem o deslizamento dos microtúbulos uns sobre os outros. • Pontes de nexina: Ligam o microtúbulo A de um par ao B do par seguinte, sendo formadas por proteínas elásticas. Têm a função de manter intacta a circunferência dos dupletos (pois restrigem os movimentos dos microtúbulos). Ajudam a converter o movimento de deslizamento em movimento de dobra. • Projecções radiais: Projectam-se do microtúbulo A para o par de microtúbulos centrais. (As suas extremidades centrais são globulares, tendo o nome de cabeças de projecção radial). • Bainha interna: Rodeia os microtúbulos centrais. (São 2 braços de direcção oposta que se projectam a partir de cada microtúbulo central). A bainha interna em conjunto com as projecções radiais coordena o deslizamento dos microtúbulos e colaboram na transformação desse movimento em dobras ciliares. • Ponte central: Interliga os microtúbulos centrais. • Filamentos radiais periféricos: Unem os dupletos à membrana ciliar. • Outras: ♦ Tectinas (A, B e C): Regulam a polimerização dos protofilamentos Especializações da Membrana Celular -7- Biologia Celular Ana Catarina Carreira Santos Turma 2 ♦ Calmadulina: Proteína livre fixadora de ião cálcio. Quando o cálcio se liga ela liga-se às cabeças das projecções radiais e à bainha interna, regulando a motilidade ciliar; ♦ Miosina: Está em torno do pé basal. Tem actividade ATPásica e provoca a contracção dos microfilamentos com que interage; ♦ Espectrina. Também interage com microfilamentos, particularmente na sua junção com a membrana. Está em torno dos corpúsculos basais e da membrana lateral, excepto na região das junções intercelulares. ♦ Tubulinas livres: Matriz que rodeia o axonema e na membrana ciliar, conferindo-lhe rigidez. São uma reserva (de tubulinas) útil na polimerização de microtúbulos do axonema. ♦ Actina G livre: Está na face externa dos microtúbulos periféricos da região proximal do axonema. Aparelho de ancoragem do axonema Os microtúbulos inserem-se a nível citoplasmático no corpo basal ou cinetossoma (cilindro oco cuja parede é constituída por tripletos de microtúbulos (A, B e C). Aos tripletos associam-se outras proteínas que constituem a matriz do corpo basal e que asseguram a sua fixação ao citoesqueleto e a sua motilidade. O corpo basal tem actividade enzimática (fosforilase de nucleósidos purínicos e ATPase Ca++-Mg++) que se envolvem com a transdução de sinais que regulam a motilidade ciliar. • Origem dos corpos basais ♦ Metazoários: Na mitose, os centríolos originam complexos fibrogranulares que levam à formação de cinetossomas que, por sua vez, interagem com o citoesqueleto e migram para a membrana apical, ligando-se a ela. Esta ligação induz a síntese do axonema e a formação do cílio por evaginação da membrana citoplasmática. Os corpos basais sofrem uma rotação para ficarem orientados na mesma direcção. Nas células ciliadas maduras os centríolos desaparecem depois da mitose. ♦ Protozoários: A divisão celular não implica perda de cílios. Os corpos basais mantêm a posição e originam outros corpos basais e outros cílios, cujo posicionamento depende da posição do cinetossoma original. A divisão e ancoragem dos cinetossomas são antes da divisão. Nos espermatozóides os centríolos, ancorados à membrana celular, transformam-se em cinetossomas. Formação dos microtúbulos do axonema Especializações da Membrana Celular -8- Biologia Celular Ana Catarina Carreira Santos Turma 2 Os microtúbulos A e B do corpo basal originam os A e B do axonema Os microtúbulos centrais do axonema têm origem no axossoma ou placa basal, estrutura densa do eixo ciliar, no colo do cílio. O colo do cílio (padrão 9d + 0s) não tem braços de dineína e tem filamentos radiais periféricos. Os seus microtúbulos são menos estáveis e sofrem facilmente fractura (desciliação) devido a agressões mecânicas, infecções, agentes tóxicos ou flutuações hormonais. O corpo basal fixa o axonema ao citoesqueleto e à membrana celular através de apêndices: • Fibras de ancoragem: são 9 e unem o cinetossoma à membrana citoplasmática. Têm actividade ATPásica Ca++. Recebem conexões dos microfilamentos corticais. • Pé basal: estrutura cónica de onde emergem radialmente microtúbulos que se afundam no citoplasma ou paralelamente à superfície celular, interligando as junções intercelulares apicais. Nele também se inserem microfilamentos citoplasmáticos ou de microvilosidades. • Raiz estriada: Estrutura cónica alongada que emerge da base do corpo basal e se posiciona na direcção oposta à do pé basal. Tem muitas proteínas (ex.: fosfoproteína, que fixa o ião cálcio e enzima ATPase que mantém o cílio estirado e fixo ao citoesqueleto). As raízes estriadas ancoram o corpo basal ao citoesqueleto interagindo com microfilamentos de microvilosidades (porção superior) e filamentos intermediários do córtex celular (extremidade proximal). Em relação ao citoesqueleto Está ligado aos cílios intimamente: • Ajuda a determinar a posição dos cinetossomas • Ancora os cílios • Aumenta a resistência da célula face ao desgaste mecânico • Coordena o batimento ciliar (entre cílios da mesma célula e de células contíguas) • Colabora na regulação do batimento ciliar face a vários estímulos • • Nota: Nota - A ancoragem do axonema nos espermatozóides é diferente da dos cílios. - O axonema, além de proteínas reguladoras da motilidade, tem proteínas alvo para sinais citoplasáticos, que se geram em resposta a estímulos que actuam sobre as células ciliadas. - A motilidade das células ciliadas também é regulada por factores neurohumorais, humidade, temperatura, osmolaridade, pH e hormonas. Especializações da Membrana Celular -9- Biologia Celular Ana Catarina Carreira Santos Turma 2 Patologias relacionados com cílios e/ou flagelos: flagelos (devido a variações no axonema que causam imotilidade) Bronquite crónica e infecções respiratórias: as secreções brônquicas não são removidas devido à ausência de batimento ciliar Esterilidade masculina: ausência de braços de dineína nos espermatozóides que causa imotilidade do flagelo. Estereocílios Microvilosidades modificadas na dimensão e forma com um citoesqueleto constituído por feixes de microfilamentos Expansões citoplasmáticas de grandes dimensões (semelhante à dos cílios) Ramificados e/ou anastomosados Estereocílios dos canais excretores genitais masculinos (epidídimo ou canal deferente) São mais longos e mais largos do que as microvilosidades, sendo o seu feixo de microfilamentos maior do que nas microvilosidades São ramificados e anastomosados A proteína que une os microfilamentos é a fimbrina; a vinculina fixa-os lateralmente à membrana; Crescimento dos microfilamentos: dá-se no centro polimerizador dos microfilamentos (+) que adere à face interna da membrana. A adição dos monómeros de actina G origina actina F. Devido ao grande comprimento, ramificações e anastomoses os estereocílios formam uma rede tridimensional porosa acima do ápice celular epitelial que durante a ejaculação impede a oclusão do lúmen e contribui para que o sémen progrida para o exterior, ajudando também a remover espermatozóides degenerados, retendo-os na superfície epitelial. Estereocílios do ouvido interno Estão nas células sensoriais externas e internas do órgão de Corti (células com pêlos ou células cabeludas) que apresentam tufos de estereocílios (mais compridos e mais largos que os anteriores). Não são ramificados nem anastomosados. Existe estrangulamento do colo; Os microfilamentos terminam na porção basolateral da membrana celular. Interdigitações Reentrâncias de prolongamentos citoplasmáticos de células adjacentes Mobilidade em função da plasticidade das células, modificando a forma e a profundidade da penetração. Aumenta a superfície de contacto das células que as possuem; Especializações da Membrana Celular - 10 - Biologia Celular Ana Catarina Carreira Santos Turma 2 Existem geralmente em células de epitélios de revestimento. Estruturas que promovem a junção intercelular (Quando a células se agregam e funcionam integradamente) Os Complexos de junção: - ocorrem na porção superior da célula - função: estabelecer maior coesão entre as células, para que não haja espaços vazios que formem canais, nos quais haja trocas que só se querem nos locais próprios das glândulas salivares por exemplo); aumentar as áreas de troca entre a célula e o tecido conjuntivo - perto destas há sempre muitas mitocôndrias (ATP para o transporte activo). Junções impermeáveis Junções ocludentes Porção apical lateral das células epiteliais de revestimento (ex.: enterócitos, células dos tubos renais e epitélios dos canais genitais excretores) Bandas finas que rodeiam completamente as células e contactam com estruturas idênticas de células adjacentes Rede de pregas de partículas intermembranares (proteínas integrais). (ocludina, cingulina, claudina) O espaço intercelular é nulo e impermeável Nota: Nota - Nos invertebrados chamam-se junções septadas (são similares mas são atravessadas por proteínas transmembranares). Junções de aderência Desmossomas circulares ou junções intermediárias: Estão abaixo das junções ocludentes nos tecidos epiteliais; Rodeiam completamente as células (espécie de cinto) As glicoproteínas transmembranares que intervêm na adesão são da família das caderinas (dependentes do Ca++) Especializações da Membrana Celular - 11 - Biologia Celular Ana Catarina Carreira Santos Turma 2 A membrana celular é mais espessa a este nível Feixes de microfilamentos de actina, introcitoplasmáticos, estão paralelos à membrana à qual se ligam por proteínas (ex.: vinculina) As caderinas interpenetram-se nas membranas, ligando-se a células adjacentes a proteínas da família das cateninas (as cateninas α ligam-se a filamentos de actina e as β ligam-se às extremidades das acterinas). Desmossomas focais (ou só desmossomas): Em células epiteliais vizinhas Constituído por 2 placas densas constituídas por desmoplaquinas I, II e III, placoglobina e placofilina. Algumas destas proteínas associam-se a uma rede de filamentos intermediários intracitoplasmáticos de queratina. Na placa desmossómica pode haver ligação de glicoproteínas transmembranares (caderinas). Patologia: No pênfigo (doença da pele e mucosas) há disrupção dos desmossomas das células epiteliais devido a anticorpos contra glicoproteínas da ligação, originando bolhas. Hemidesmossomas: Morfologicamente semelhantes a desmossomas mas química e funcionalmente diferentes Ligam a superfície basal das células epiteliais à lâmina basal subjacente Os filamentos intermédios de queratina terminam na placa densa do hemidesmossoma (no citoplasma) Contém polipéptidos: plectina, desmoplaquinas e integrinas (estas últimas ligam-se às plectinas e placa hemidesmossómica, atravessando a membrana celular e projectando-se para a lâmina basal). Junções comunicantes Junções de hiato (gap junstions ou nexus) Zonas onde as membranas estão separadas por um interstício que permite a passagem de marcadores que se distribuem à volta de estruturas semelhantes a hexágonos As junções de cada membrana são constituídas pró moléculas proteicas transmembranares que formam conexões (cada um com 6 proteínas idênticas entre si conexinas) Os conexinas de duas células vizinhas formam um canal que as conecta. Aglomerado de partículas intramembranares associadas com a face citoplasmática de fractura da membrana celular; Permitem a comunicação e passagem de pequenas moléculas e iões; Abrem ou fecham consoante modificações celulares (ex.: concentração de Ca++ ou pH) São importantes para: contracção cardíaca, movimentos peristálticos do intestino, embriogénese, diferenciação das células germinais. Especializações da Membrana Celular - 12 - Biologia Celular Ana Catarina Carreira Santos Turma 2 Pontes intercelulares Na espermatogénese existe uma expansão clonal em que as células derivadas de uma espermatogónia se mantêm unidas por pontes intercelulares (PIC) até á libertação dos espermatozóides (que resultam de uma citocinese incompleta – a membrana das PIC está reforçada por um anel denso e contráctil); São parcialmente fechadas por cisternas do retículo endoplasmático liso (REL) denominado Complexo de participação ads pontes intercelulares ou fusoma. O fusoma: oclui as PIC durante as divisões celulares e orienta o fuso acromático; Permite a passagem de organelos; É rico em actina-F e α-espectrina. As PIC permitem: Sincronizar o ciclo celular (todas as células do memso clone estão na mesma fase) Partilhar produtos dos genes. Invaginações: auentam as áreas de troca entre a célula e o tecido conjuntivo. Há sempre mitocôndrias por perto (ATP para transporte activo). Existem nos rins e nos canais estriados das glândulas salivares. Especializações da Membrana Celular - 13 - Biologia Celular Ana Catarina Carreira Santos Turma 2 Organização funcional do núcleo celular É um organelo onde se situa a maior parte do genoma, limitado pelo invólucro nuclear, uma membrana dupla. Invólucro nuclear: isola componentes citoplasmaticos de componenets nucleares, conferindo individualidade ao núcleo. Tem as seguintes funções: Isolar espacial e temporalmente fenómenos de expressão genética (ex.: transcrição e tradução) Criar e manter um ambiente molecular propício a activiodades nucleares (meio ácido) Confere impermeabilidade ao núcleo Está envolvido no transporte núcleo-citoplasmático através dos poros nucleares Organização espacial da cromatina Replicação do DNA O invólucro nuclear sofre trasnformações- aumenta durante a interfase (fase S) para se adaptar ao voilume crescente de DNA e desorganiza-se na fase M (mitose), reorganizando-se depois. Compreende três elementos estuturais: Membranas nucleares: uma membrana extrena (em continuidade com o retículo endoplasmático e semelhante a este) e outra interna (voltada para o nucleoplasma, com proteínas integrais específicas; associa-se à lâmina nuclear) delimitam a cisterna nuclear. Estão em continuidade onde existem poros nucleares. Lâmina nuclear: Camada contínua e densa aos electrões apenas interrompidas onde há poros nucleares. É umaintreface estrutural e funcional entre a membrana nuclear intrena e a cromatina Promove, com a membrana do poror, a ancoragem do poro nuclear ao invólucro Em conjunto com a membrana nuclear interna e o poro nuclear promove a associação da cromatina ao invólucro. Devido à grande homologia com filamnetos do citoesqueleto (organização reticular), pode ser considerada uma subclasse destes filamentos. Poro nuclear: Permite a passagem de matabolitos diverosos, proteínas e complexos ribonucleoproteicos (ex.: subunidades ribossomais) Estrutura: • 2 anéis co-axiais, um voltado para o citoplasma e outro para o nucleoplasma, ligados um ao outro e `s membrana do poro (ou terceira membrana nuclear) por subestruturas que cnferem uma simetria octogonal. • Porção central: grânulo central (denso aos electrões) • Filamnetos quês e projectam do anel citopalsmático para o citoplasma e do anel nucleoplasmático para um anel intranuclear de menor diâmentro, formando uma forma de cesto. Especializações da Membrana Celular - 14 - Biologia Celular Ana Catarina Carreira Santos Turma 2 Funcionamento: • A demasiadamente elevada concentração de proteínas a nível nuclear explica-se de duas formas: trasnpsorte activo mediado por receptores específicos para sinais presentes em proteínas catriofílicas ou difusão livre e retenção das proteínas cariofílicas pró ligação a receptores específicos insolúveis. O transporte activo de proteínas para o núcleo é efectuado pelo grânulo central em duas etapas: ♦ Associação ao poror nuclear (fibrilas ciroplasmáticas) ♦ Translocação através do poro com gasto de energia. • Conhecem-se NLS (sinais de localização nuclear) que enviam proteínas cariofílicas para receptores de NLS (importinas) . A exportação de RNA depende de sinais de exportação de proteínas associadas (exportinas). Organização intranuclear da expressão genética O DNA tem graus de compactação variáveis e há regiões do núcleos ricas em RNP mas sem (ou com pouco) DNA (estruturas intrecromatínicas). A cromatina pode ser: Heterocromatina: na periferia do núcleo njunto ao invólucro nuclear; na periferia do nucléolo; massas dispersas no citoplasma (raramente) Eucromatina: ocupa a restante porção do nucleoplasma, em conjunto com estrutiuras intercromatínicas sem DNA detectável e com elevada concentração de RNP. As estruturas intrecromatínicas (ricas em RNP) podem ser: Agregados de grânulos intrecromatínicos (AGI) • Domínios de forma irregular interligados numa malha desde a periferia do núcleo à periferia do nucléolo • Contêm muitas partículas densas aos electrões (grânulos intrecromatínicos) • Associam-se à cromatina formando as fibrilas pericromatínicas (FP) • Faz concentração em certos domínios nucleares de componentes da maquinaria de splicing • É um reservatório de spliceossomas maduros • Nos AGI e na heterocromatina a actividade trasncricional é escassa. Esta actividade está a cargo de 3 polimerases_ RNA polimerase I, II e III_ que dão orgem a pré-mRNA que será processado em mRNA pronto a ser traduzido no citoplasma. ♦ Adição de um cap de 7-metil-guanosiana à extremidade 5’ ♦ Splicing: remoção dos intrões (zonas não codificáveis) e religação dos exões feita pelo spliceossoma, com a participação de factores de splicing ribinucleoproteicos (UsnRNP) e proteicos (factores SR que actuam precocemente no splicing promovendo o reconhecimento dos locais de splicing e a organização do spliceossoma; têm papel regulador porque participam no splicing alternativo_ remoção de diferentes intrõesb no emsmo mRNA, formando-se proteínas diferenets a partir de um segmneto igual). ♦ Poliadenilação da extremidade 3’. Especializações da Membrana Celular - 15 - Biologia Celular A actividade trasncricional recruta componentes da maquinaria de splicing. A RNA polimerase II desempenha um papel importante nesse aspecto. Certos genes estão próximos de AGI. Corpos espiralados • Próximos do nucléolo • Novelo de fibras entrelaçadas, arredondados, compostos por fibrilas e grânulos • Acumulam componentes da maquinaria de processamento de RNA • Estão envolvidos no ciclo do spliceossoma. Depois do splicing a desorganização de comkplexos pós-splicing e reformação de snRNP protnos para um novo ciclo de processamento podem estra relacionados com este organelo. • Ana Catarina Carreira Santos Turma 2 Especializações da Membrana Celular - 16 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Transporte transmembranar As moléculas lipossolúveis atravessam as membranas biológicas dissolvendo-se em lípidos (partilha-difusão). As moléculas insolúveis em lípidos atravessam as membranas ligadas a moléculas que as envolvem numa atmosfera lipossolúvel (translocadores/transportadores ou carriers), através de canais proteicos transmembranares hidrofílicos (canais) ou por intermédio de complexos moleculares que ligam a sua translocação transmembranar a uma fonte de energia livre (bombas). É o chamado transporte mediado ou facilitado e é específico, sensível a temperatura, apresenta saturação, competição, inibição, activação, inactivação e acoplamento de fluxos (movimento de dois iões no mesmo sentido ou em sentido contrário através da membrana e recorrendo ao mesmo translocador). Grande parte dos complexos que medeiam o transporte são controlados por agentes físicos, químicos externos (sobre uma proteína transmembranar, a transducina). A via Lipídica A passagem de moléculas hidrofóbicas para o interior da camada bilipídica dáse de acordo com o Modelo Partilha-Difusão: Passagem (partilha) do meio para o núcleo lipídico da membrana Difusão no interior da membrana Passagem (partilha) para o meio do lado oposto. As moléculas que atravessam por difusão a membrana são pequenas moléculas não polares (oxigénio, azoto), solventes orgânicos (álcool), substâncias lipossolúveis (esteróides) e pequenas moléculas polares não carregadas (água). A via lipídica é praticamente impermeável a iões fundamentais (Na+, K+, Cl-, Ca++, bases conjugadas de aminoácidos e bases orgânicas), pelo que não assegura as vias metabólicas. Os iões pequenos atravessam lentamente as membranas (membranas praticamente impermeáveis a iões e permeáveis a água), não sendo possível manter as diferenças de concentração dos dois lados da membrana, assumindo-se que ambos os meios são isotónicos. Canais, transportadores e bombas Caracterização de proteínas membranares O transporte facilitado faz-se através de estruturas especializadas da membrana (translocadores) que podem ser transportadores ou canais hidrofílicos. Estes translocadores são proteínas (têm capacidade de difusão lateral na membrana menor que os lípidos, sendo ainda reduzida nalguns casos devido à ancoragem a elementos celulares) com capacidade de formar canais membranares e que estão classificadas de duas formas. Especializações da Membrana Celular - 17 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Existem fármacos inibidores de transporte que são marcadores de translocadores que permitem separar as proteínas em dois grupos: Intrínsecas: a associação às membranas é forte. São removidas com detergentes, havendo destruição da membrana. Podem ou não ser transmembranares. Extrínsecas: A sua associação à membrana não resiste à aplicação de uma solução salina. Podemos classificar proteínas de acordo com a associação proteína-membrana: Tipo I: Ligadas à membrana por interacções electroestáticas (extrínsecas, periféricas) Tipo II: Inseridas na membrana através de polipéptidos hidrofóbicos (proteínas G) Tipo III: Cadeia transmembranar lipofílica (hélice α) ligada a cadeias de aminoácidos polares de ambos os lados da membrana (glicoforina) Tipo IV: Atravessam a membrana várias vezes, tendo segmentos hidrofóbicos de ambos os lados da membrana ligados aos segmentos hidrofóbicos transmembranares (canais) Tipo V: Ligadas por ligações covalentes susceptíveis a fosfolipases (alguns receptores). Caracterização de canais É feita recorrendo-se ao bloqueio farmacológico (fornece o valor do fluxo do canal) e ao retalho controlado (permite a medição de correntes nos canais, mostrando que estes podem estar abertos ou fechados, sendo o seu comportamento modificado por agentes físicos ou drogas – canais controlados). A característica comum a muitos dos canais é gerarem correntes iónicas transmembranares que alteram o potencial de membrana, sendo a actividade celular regulada pela existência de produtos metabólicos ou humorais intra ou extracelulares. Excitabilidade é a alteração de uma célula por meio de agentes (estímulos) fisiológicos. Canais cujo funcionamento é praticamente não controlado Canais que abrem e fecham devido à alteração de parte do canal (por acção do potencial de membrana em células excitáveis, deformação mecânica da membrana em células ciliares do ouvido interno,…) Canais que se deformam, abrindo, quando um receptor se combina com o transmissor T (pode existir uma proteína transmembranar que actua directamente nas subunidades do canal ou por intermédio de um complexo molecular_ proteína G_ que actua directamente no canal, fosforilando-o ou desencadeando uma reacção bioquímica que leva à fosforilação do canal). Canais cujo desempenho depende de actividades desempenhadas anteriormente (têm memória). Outros translocadores Especializações da Membrana Celular - 18 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Faz acoplamento entre fluxos de duas ou mais espécies iónicas ou moleculares, permitindo que a energia armazenada na diferença de concentrações de uma espécie iónica através de uma membrana seja utilizada para transportar outra espécie molecular ou iónica contra o gradiente de concentração através de uma membrana (transporte activo secundário). Exemplo: nas hemácias existe mais K+ em relação ao meio externo, ao contrário do que se passa com o Na+. Há saída de K+ e entrada de Na+ (fluxos espontâneos). Como a concentração celular de iões é constante, têm de existir movimentos contra o gradiente de concentração de idêntica amplitude (transporte activo) cujos fluxos estão ligados entre si e à síntese-hidrólise de ATP intracelular. Há translocação de 3Na+ e 2K+ por cada ATP hidrolisada. Bombas Medeiam o transporte activo primário. Quase todas as bombas utilizam ATP, diferindo o mecanismo hidrólise-síntese de ATP e o transportador iónico. ATPases-E1-E2: a mesma bomba fosforila-se e passa para dois estádios de conformação (E1, E2). Insere-se a bomba de cálcio (estimulada por Ca++/calmodulina), sódio, H+/K+ e bomba aniónica de algumas bactérias. São iniidas por vanadato. ATPases-F0-F1: Bombas de protões das mitocôndrias, de cloroplastos, de membranas baterianas e de vesículas ácidas de células eucarióticas. Funcionam inversamente às anteriores, usando o gradiente de protões gerado pelo transporte de electrões para sintetizarem ATP (sintetases-ATP), não sendo as subunidades fosforiladas. (Teoria quimiosmotica). Cristalografia e formação de canais transmembranares Canais de Potássio O canal são 4 monómeros (cada um com 6 hélices) em volta de um poro central que atravessa a membrana e cujas entradas estão carregadas negativamente. A selectividade do canal é determinada por 5 aminoácidos em cada subunidade, que forram a parte mais externa. Fornecem os grupos –C=O que estabilizam K+ e determinam o diâmetro do canal (pontes de H e van der Waals), constituindo uma parte mais estreita que é o filtro de selectividade. Dentro do filtro podem estar 2K+ separados por 2 moléculas de água. A região mais larga (cavidade hidrofóbica) comporta várias moléculas de água e um K+ hidratado, mantendo a concentração elevada. A entrada do filtro em contacto com a parte mais larga existe excesso de cargas (-) que atraem o K+ que está na cavidade aquosa. A rápida condução deve-se à repulsão electrostática que existe quando K+ entra. O k+ passa da cavidade larga para o filtro devido à hidrofobicidade das paredes do canal que não interagem com o ião. As extremidades das hélices entrecruzam-se, fechando o canal. Quando estimulado por voltagem, o canal abre-se. Especializações da Membrana Celular - 19 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Aquaporinas Proteína tretramérica em que cada subunidade é como um canal com aberturas largas para o meio citoplasmático e extracelular, com uma constrição a meio que possui duas sequências idênticas de 3 aminoácidos que identificam a aquaporina. Cada subunidade tem 6 hélices α transmembranares (organizadas em 2 grupos que formam um poro interior) e duas meias hélices com sequências terminais NPA (projectadas para o interior, muito próximos entre si). Cada tretâmero AQ1 tem 4 canais específicos para água (o transporte muito rápido exclui solutos maiores e protões). Dentro do canal podem estar 11 moléculas de água que interagem com os grupos carbonilo que precedem as NPA. O primeiro filtro de selectividade é na entrada extracelular, quando o canal estreita, sendo as moléculas de diâmetro superior a 3ª ou de carga positiva excluídas. A água ao passar por um resíduo hidrofóbico desvia-se e aproximase de um resíduo carregado positivamente. (A reorientação da molécula é também um filtro). O segundo filtro à passagem de protões é a nova reorientação da molécula de água quando se aproxima do centro do canal onde estão os grupos amido das meias hélices. Como estas são (+), há reorientação da molécula, formando-se pontes H entre esta e o NPA. A condução rápida da água tem características saltatórias porque há duas zonas hidrofóbicas onde não se estabelecem ligações, aumentando a velocidade. As moléculas saltam de interacção em interacção, passando por zonas onde a interacção não é possível. Integração Funcional a nível celular As membranas são impermeáveis a substancias hidrosolúveis, tendo macromoléculas (péptidos ou proteínas) que aceleram o movimento transmembranar, podendo ser acoplados processos de fornecimento de energia livre ou de difusão facilitada. Funcionalmente a integração dá-se em 3 passos: Captação de energia (radiante, obtida por oxidação, glicólise ou hidrólise de ATP) Produção de gradientes através de bombas Utilização de gradientes para transportar substâncias. Exemplo: fosforilação oxidativa mitocondrial O gradiente de Na+ é utilizado para fazer extrusão de protões por antiporte (nos 2 sentidos) H+/Na+ e para acelerar o transporte para o interior da célula de oses, bases orgânicas e aminoácidos. O semiporte (1 sentido) de K+/Na+/2Cl- regula o volume celular e o transporte transcelular. Se a membrana for impermeável a aniões, o transporte de catiões terá de ser neutro (troca catião/catião) senão haveria acumulação de cargas e alteração do potencial da membrana. Integração funcional a nível de tecidos Especializações da Membrana Celular - 20 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Os epitélios são paliçadas de células polarizadas com distribuição assimétrica de translocadores, situados entre o espaço intercelular (para onde há excreção) e o exterior (onde há absorção). Existem junções selantes ou limitantes (impedem passagem de água e solutos), junções comunicantes ou em ponte e desmossomas (ligam mecanicamente células contíguas). A membrana das células epiteliais tem regiões diferentes que diferem, entre outras coisas, nos translocadores. Estes não têm difusão lateral por estarem ancorados a elementos do citoesqueleto ou por junções selantes. Na barreira apical do epitélio existem canais de sódio, enquanto que na barreira basolateral há bombas de sódio e canais de potássio. A bomba de sódio potencia uma elevada concentração de potássio e baixa concentração de sódio intracelular, conferindo propriedades funcionais ao epitélio. O funcionamento deste mecanismo depende do transporte de sódio e cloro, que existe na parte ascendente da ansa de Henle dos mamíferos e no intestino do peixe. Ver imagens das páginas 93-105 do C.A. Especializações da Membrana Celular - 21 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Peroxissomas, glicossomas e hidrogenossomas Primeiramente apelidados de microcorpos, os peroxissomas têm enzimas envolvidas na síntese e degradação de peróxido de hidrogénio úteis ao metabolismo. São semelhantes a glicossomas e hidrogenossomas. Microperoxissomas são peroxissomas pequenos com cerca de 0,2 micrómetros. Podem ser confundidos com cortes transversais de túbulos de ligação entre peroxissomas maiores, que interligam os peroxissomas em multiplicação mais activa, formando o retículo peroxissomal, antes de se separarem, nos hepatócitos. Aspectos morfológicos e enzimáticos Têm membrana simples (mais fina que a dos lisossomas e idêntica à do RE com alguma proteínas transportadoras; muito permeável a pequenas moléculas; em peroxissomas tem muito mais permeabilidade talvez devido a alterações da membrana causadas pelo processo de isolamento), matriz moderadamente densa e finamente regular (contém catalase; nucleóides de estrutura cristalina, que são finos túbulos associados em padrões regulares que contêm uricase, a oxidase do ácido úrico; placas marginais, que estão junto à membrana, tornando-a plana neste local e estruturas tubulares complexas alongadas relacionadas com o RE). Existem em maior número nos hepatócitos, próximo de gotículas lipídicas, mitocôndrias, cisternas do RE e cloroplastos. Contém enzimas que se agrupam em: catalase, oxidase, acil transferase, desidrogenase, amino-transferase, enzimas do ciclo do ácido gliocílico, enzimas envolvidas na síntese dos plasmalogénios, enzimas intrevenientes na síntese dos ácidos biliares. Funções Respiração: formação de H2O2 e sua decomposição em H2O e O2. Oxidação em beta dos ácidos gordos: metaboliza ácidos gordos de cadeia longa (enzima activadora de ácidos gordos, 4 enzimas de oxidação em beta, isomerase e acetil trasnferase) Biossíntese dos plasmalogénios: 2 enzimas para introdução da ligação éster na mesma biossíntese Biossíntese dos ácidos biliares: conversão metabólica a partir do colesterol, originando ácidos Metabolismo do ácido pipecólico: este ácido forma-se durante a degradação da 1-lisina e é metabolizado neste organelo Metabolismo do ácido fitânico: uma oxidase converte o ácido em alfaceto ácido Gluconeogénese: têm transferases específicas na conversão dos ácidos aminados em glicose (nas células vegetais os peroxissomas- glicossomasintrevem na glucogénse do ácido glicocílico) Catabolismo das purinas: transformam a alantoina em ácido alantóico ou ácido glioxílico Especializações da Membrana Celular - 22 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Biossíntese do colesterol: a reductase 3-hidroxi-3-metilglutaril CoA é a enzima chave na mesma biossíntese Oxidação do etanol: pode ser metabolizado pela catalase (quando em grandes quantidades) Funções de regulação: as oxidases podem originar oxail-tiolesteres que têm efeitos semelhantes à insulina. Biogénese A síntese das proteínas da membrana e das proteínas enzimáticas da matriz do peroxissoma dá-se em ribossomas livres, sendo transportadas para o citoplasma através da membrana peroxissómica devido à existência de sinais peptídicos nas proteínas peroxissómicas (PTS 1, PTS2). Os lípidos da membrana são sintetizados no REL. Nos hepatócitos de rato, antes da divisão ocorre a formação de uma ansa na membrana para importar proteínas da matriz. Depois de preenchidas de proteínas, estas ansas originam dilatações que quando se separam formam um novo peroxissoma. Doenças peroxissómicas Grupo I: ausência quase total de peroxissomas hepáticos; deficiência de síntese de membrana peroxissomal; Grupo II: ausência de peroxissomas nalguns hepatócitos; aspecto anormal dos mesmos; Grupo III: os hepatócitos podem apresentar peroxissomas normais ou não e cada entidade clínica tem um défice enzimático. Glicossomas e hidrogenossomas Também desempenham algumas funções desempenhadas por peroxissomas. Os glicossomas têm enzimas catalisadoras da glicólise e os hidrogenossomas contêm a sintetase do piruvato e a hidrogenase para a degradação do piruvato, formando-se electrões e hidrogénio molecular. Consultar páginas 315-324 do C.A. Especializações da Membrana Celular - 23 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Matriz extracelular Conjunto de moléculas nos espaços intercelulares com a capacidade de formar agregados tridimensionais complexos, ligando-se a receptores celulares específicos, sendo a sua função diferente de tecido para tecido e de região para região. A matriz extracelular influencia o comportamento das células. Conferem resistência Protegem contra agressores Está mais desenvolvida em tecidos com funções mecânicas ou de suporte (tecidos conjuntivos), embora todos os tipos celulares tenham capacidade de síntese e excreção destes componentes. Territórios da matriz extracelular Compartimento intersticial Tem funções estruturais e é mais abundante nos tecidos conjuntivos: Tecido conjuntivo denso (tendões, cápsulas fibrosas, adventícias de vasos): são sistemas fibrosos que dão resistência e elasticidade: sistemas colagénio e elástico. Tecido conjuntivo laxo (córion de mucosas, cordão umbilical): Agregados macromoleculares (proteoglicanos) que mantêm um ambiente hidratado que permite a difusão de nutrientes e catabolitos, assegurando as propriedades mecânicas (ex.: cartilagem). Compartimento pericelular Envolve-se em processos de modelação do comportamento celular (migração, adesão, proliferação/apoptose, diferenciação), existindo em todos os tecidos e influenciado a expressão genética. Inclui matrizes de fibrinectina, proteínas multifuncionais e proteoglicanos. As células interagem com estes compartimentos através de receptores de membrana_ integrinas. Exemplos de matrizes perinucleares: Laminas basais: placa que une o tecido conjuntivo ao tecido parenquimatoso (epitélios ou endotélios) ou a células isoladas (musculares e adiposas). Glicocálice: Rica em carboidratos, existente à periferia de muitas células, mais desenvolvida na porção apical de células epiteliais. Zona pelúcida: rodeia os ovócitos, contribuindo para a fretilização. Componentes da matriz extracelular Colagénios Proteínas extracelulares fibrosas com funções de estrutura. Têm uma tripla hélice que lhes confere rigidez, estrutura derivada de mecanismos de póstradução e da estrutura primária de cada molécula de colágénio_3 cadeias α. As cadeias são formadas por 3 resíduos de aminoácidos: glicina-x-y, que se repete Especializações da Membrana Celular - 24 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 dando origem a domínios colagénicos, sendo os aminoácidos das posições x e y a prolina e a hidroxiprolina. A estrutura primária dos colagénios contribui para a estabilização da tripla hélice, tendo informação para o estabelecimento de ligações típicas dos colagénios. Os colagénios são secretados sob a forma de percussores (procolagénios) que são clicados extracelularmente para dar origem aos colagénios propriamente ditos (tropocolagénios). As moléculas podem polimerizar espontaneamente em fibrilas, fibras e consequentemente feixes de colagénio. Síntese de colagénio: Síntese de cadeias α Hidroxilação e glicolisação de alguns aminoácidos Formação da tripla hélice Condensação do procolagénio em vacúolos e secreção; Clivagem extracelular dos polipéptidos_ colagénio Polimerização, dando origem a fibrilas e estabilização através de ligações covalentes inter e intramoleculares. Degradação do colagénio: Extracelularmente: disrupção facial das fibrilas de colagénio por colagenases da família das metaloproteinases da matriz (MMP) Fagocitose dos resíduos. A polimerização dos colagénios (fibrilogénese) é espontânea no meio fisiológico mas é controlado por células: a deposição das fibrilas ocorre em compartimentos pericelulares especializados tubulares, havendo incorporação das fibrilas em feixes guiada por prolongamentos fibroblásticos. A velocidade, ordem de clivagem e crescimento em espessura versus longitudinal também são contolados. Tipos de colagénios Tipo I, II, III, V e IX constituem fibras naivas (cilíndricas) que conferem resistência aos tecidos. O tipo I é o mais abundante. Tipo VI: Fibras em rosário que formam uma rede flexível que envolve células, feixes de colagénio, nervos e vasos de modo laxo. Tipo IX, XII e XIV: Não polimerizam, associando-se à superfície das fibras nativas (colagénios FACIT) Tipo IV: a sua polimerização não resultam fibrilas mas uma malha molecular que interage com as redes da laminina e perlicano, constituintes das lâminas basais. Sistema elástico Fibras distintas dasd de colagénio com contorno e espessura irregulares e sem periodicidade transversal com dois compartimentos: Componente amorfo: Especializações da Membrana Celular - 25 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 sem nenhuma subestrutura visível; constituído por elastina, que é uma proteína pouco solúvel de lenta renovação com muitos resíduos de aminoácidos hidrofóbicos; está presente na forma insolúvel resultante da polimerização de moléculas solúveis de tropoelastina, secretadas pelas células, e posterior estabilização por ligações covalentes promovidas pela lisil-oxidase que também é responsável pela mesma função em fibrilas de colagénio Componete microfibrilar: fibrilas tubulares, microfibrilas, resultantes da repetição de estruturas globulares unidas por filamentos; não se encontram sempre associadas ao componente amorfo nem se organizam sempre em feixes; nesta organização tem o nome de microfibrilas conjuntivas; Têm uma constituição mais complexa que o componente amorfo São constituídas essencialmente por fibrilina (têm pelo menos 5 proteínas). Proteínas Multifuncionais População muito heterogénea da matriz extracelular cujas mole´culas têm domínios que possibilitam muitas interacções e funções. Interacções: Entre si Com outras moléculas Com receptores celulares. A interacção com células é mediada por receptores da superfície celular (integrinas que são proteínas integrais da membrana), que são heterodímeros com duas subunidades (alfa e beta) muito diversificados devido aos vários tipos de subunidades alfa e beta e às conbinações que podem existir entre elas. As integrinas reconhecem determinadas sequências de aminoácidos nos ligandos extracelulares. As integrinas, por intermédio dos seus domínios intracelulares interagem com o citosqueleto (microfilamentos de actina ou, mais raramente, filamentos intermédios), podendo ser pontes entre a matriz celular e os componentes da matriz extracelular (transmissão de informação entre os 2 meios). A integrina pode ainda associar-se a muitas proteínas dos sistemas de sinalização intracelular, regulando alterações da expressão genética e influenciando a proliferação e diferenciação das células. A sequência Arginina-Glicina-Ácido aspártico (RGD) é importante para a adesão. Funções: Papel estrutural (interacções com outros componentes da matriz extracelular como as lâminas basais) Funções adesivas (a fibronectina e a laminina promovem a intrecação das células com os substratos) Moléculas antiadesivas (a tenascina e a trombospondina) Especializações da Membrana Celular - 26 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 alterações da expressão genética e in fluenciando a proliferação e diferenciação das células Papel muito importante em funções biológicas normais (migração de células no desenvolvimento embrionário, …) ou patológicas (adesividade de células tumorais ou de microrganismos, …) Glicosaminoglicanos e Proteoglicanos Glicosaminoglicanos são polissacarídeos complexos de elevado peso molecular e cadeia linear que existem à superfície da célula, essencialmente em lâminas basais e glicocálice. Podem ocorrer intracelularmente em situações patológicas. Resultam da repetição de um dissacarídeo formado por um N-acetil-hexosamina e um ácido urónico, segundo padrões que nos possibilita formar diferentes grupos: Sulfatos de condroitina Sulfatos de dermatano Sulfatos de heparano Heparina Sulfatos de queratano Ácido hialurónico: único glicosaminoglicano que não está associado a proteínas por ligações covalentes. Todos os outros associam-se a componentes proteicos originando proteoglicanos. Ao componente proteico associam-se oligossacarídeos. Os proteoglicanos diferem nas características da parte proteica no tipo/número de glicosaminoglicanos e oligossacarídeos. Os proteoglicanos a part-time podem ou não ter glicosaminoglicanos. Como têm muitos grupos sulfato e/ou carboxilo os glicosaminoglicanos e o ácido hialurónico têm muitas cargas negativas_ moléculas polianiónicas_ com conformação expandida nos tecidos por repulsão electrostática e retenção de uma grande quantidade de moléculas de água. Classificação de proteoglicanos Os proteoglicanos são classificados de acordo com o tipo de glicosaminoglicano, o que é eficaz se considerarmos a matriz intersticial ou as populações maioritárias de proteoglicanos na matriz perinuclear. Como os proteoglicanos de maiores dimensões estão nos compartimentos interfibrilares de tecidos conjuntivos laxos, têm fundamentalmente sulfatos de condroitina e os pequenos proteoglicanos associados a fibrilas de colagénio têm um sulfato de dermatano. Nas matrizes pericelulares existem proteoglicanos de sulfato de heparano. Como a porção proteica de muitos proteoglicanos está clonada, esta classificação torna-se inútil. Cada proteoglicano tem uma desiganção relacionada com o tipo de porção proteica e função. Agrecano e versicano: nos territórios interfibrilares da matriz extracelular; têm porções proteicas de grande peso molecular; formam agregados com Especializações da Membrana Celular - 27 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 moléculas de ácido hialurónico (no caso do agrecano a ligação é estabilizada por uma proteína de ligação). Decorina, biglicano e fibromodulina: pequenos proteoglicanos homólogos. A decorina e fibromodulina interagem com as fibrilas nativas de colagénio influenciando a fibrilogénese; o biglicano interage com factores de crescimento. Perlicano: com muitas cadeias de sulfato de heparano. É o mais abundante nas membranas basais; Serglicina: Proteoglicano intracelular dos grânulos de secreção das células hematopoiéticas. Os proteoglicanos podem estar nas membranas celulares sob a forma de proteínas integrais ou, depois da inserção de fosfatidil-inositol na bicamada lipídica, por interacção com receptores da membrana. Neste local podem mediar as interacções célula-célula ou célula-matriz. Os proteoglicanos na superfície celular ou na matriz pericelular podem interagir com factores de crescimento, sequestrando-os e protegendo-os de fenómenos de degradação, activando-os ou inactivando-os. Alguns proteoglicanos da membrana são receptores celulares (para ácido hialurínico, factores de crescimento, …). Aspectos funcionais da matriz extracelular A constituição da matriz extracelular está relacionada com a função do tecido. As células sintetizam, depositam e degradam os componentes da matriz extracelular, sendo esta também que influencia o comportamento das células. Existe uma relação biunívoca célula-matriz, o que explica que a função da matriz vai para além do papel estrutural, sendo também importante para: adesão, migração e proliferação celulares; modificação da expressão genética, diferenciação, sendo um vector de transmissão de informação entre as células. Ver imagens das páginas 75-89 do C.A. Especializações da Membrana Celular - 28 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Citoesqueleto É uma armação fibrilar de suporte de natureza proteica que constitui uma rede dinâmica e complexa. Foi explicado inicialmente por duas teorias: Teoria fibrilar: protoplasma formado por fibrilas entrecruzadas numa substância homogénea Teoria reticular: os filamentos eram anastomosados numa rede de uma substância fluida não contráctil. Bioquímica, morfológica e funcionalmente podemos distinguir três sistemas de estruturas filamentosas. Microtúbulos Rectilíneos ou curvos, aparência rígida. Inicialmente observados como componentes de 4estruturas celulares complexas (centríolo, corpúsculos basais, fibras de fuso, axonema de cílios e flagelos) Constituídos por polimerização de tubulina α e tubulina β (proteínas globulares), originando 13 protofilamentos alinhados longitudinalmente. Os microtúbulos e protofilamentos são polarizados. À extremidade + associamse preferencialmente novas subunidades, sendo de crescimento mais rápido que a extremidade -. Podem ser de estrutura lábil ou estável • Lábeis: por polimerização e despolimerização podem formar-se e desmontar-se ao longo do ciclo celular imprevisivelmente, sendo muito dinâmicos. • Estáveis: encontram-se noutras estruturas celulares Polimerização: Na Interfase as extremidades + apontam para a periferia celular e as – partem duma região estabilizadora (MTOC – centro organizador de microtúbulos que é habitualmente o centrossoma). Os microtúbulos crescem a partir de focos de material denso perto dos centríolos. A tubulina γ coordena os centros de polimerização. No início da fase M os microtúbulos formam ásteres que originarão os pólos do fuso. A polimerização depende da concentração de tubulina, temperatura, iões cálcio e magnésio. Existe um mecanismo de renovação de subunidades tubulares onde se adicionam dímeros na extremidade + e separam-se na extremidade -. Há drogas que também influenciam. Colchicina: inibe a polimerização da tubulina e provoca a dissociação dos microtúbulos citoplasmáticos. Não se liga à tubulina polimerizada. Vinblastina e vincristina: impedem a polimerização da tubulina pró se ligarem a ela. Taxol: estabiliza os microtúbulos por se ligar a polímeros de tubulina As proteínas associadas aos microtúbulos interferem com a ligação dos microtúbulos a outras estruturas celulares por polimerização e despolimerização. Sãos as MAP e as tau. As proteínas associadas aos microtúbulos também podem ser motores moleculares (enzimas que associam a energia libertada pró hidrólise de nucleótidos à produção de movimento vectorial ao longo da rede de microtúbulos, conferindo movimento a vesículas e organelos. Destacam-se: dineínas (movimento da extremidade -) e cinesinas (movimento da extremidade +) Funções • Tráfego intracitoplasmático de vesículas e organelos durante a interfase • Construção do fuso mitótico • Organização do citoplasma (criação e manutenção de domínios citoplasmáticos • Motilidade celular Especializações da Membrana Celular - 29 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 • Transdução sensorial Microfilamentos (filamentos de actina) • • • • • • • • Estruturas filamentosas paralelas ou de redes de filamentos anastomosados Formados por polimerização de actina G (globular) originando actina F. A organização espacial é variável e muito complexa em células não musculares. Nas regiões submembranares são redes de malhas com pequenos feixes, as fibras de stress (ex.: fibroblastos). Nas diferenciações da membrana são muito compactos e de orientação regular. Os filamentos de actina F também são polarizados, crescendo por adição de monómeros a uma das extremidades (onde a actina G está ligada a ATP – pólo de crescimento). Pode haver treadmill (associação de monómeros de um lado e separação do outro). Os microfilamentos podem interagir com outras estruturas através de proteínas de ligação à actina que interferem com a polimerização e despolimerização. Estas proteínas também podem actuar como motores, pertencendo à família das miosinas, o que promove a movimentação intracitoplasmática de organelos e vesículas. A associação com a miosina tem importância na fagocitose, citocinese e na locomoção celular. As proteínas associadas podem agir por Sequestração de actina G, limitando a polimerização (profilina) Ligação a uma extremidade de actina F, impedindo crescimento ou dissociação (gelsolina, vilina e actina α) Associação lateral a segmentos de filamentos, impedindo a sua fragmentação (tropomiosinas) Organização espacial: tem forma helicoidal de cadeia simples. Depende das interacções entre os filamentos formando-se feixes ou redes que, por terem proteínas de dimensões diferentes, podem ser mais ou menos compactos. Também se podem ligar a integrinas (através de talina, vinculina e actinina α) e caderinas clássicas (através de cateninas) em adesões focais ao substrato e em contactos celulares sem junções. Estas associações tornam possível a transdução de sinais nas células aderentes. Filamentos intermédios Rede perinuclear que se estende até à membrana; pequenos feixes (células epiteliais: muito compactos) Proteínas fibrosas (ao contrário das tubulinas e actinas). O domínio central é responsável pela estrutura dos diferentes filamentos intermédios e os terminais (muito variáveis) conferem especificidade. São dímeros agregados em complexos de quatro cadeias. Os tetrâmeros constituem protofilamentos e quatro destes protofilamentos formam protofibrilas. Estas associam-se aos grupos de quatro e formam o filamento de 10 nm. Tipos de proteínas constituintes de filamentos intermédios: ° Citoqueratinas acídicas (tipo I) ° Citoqueratinas básico-neutras (tipo II) ° Vimentina, desmina, proteína acídica fibrilar glial e periferina (tipo III) ° 3 Proteínas dos neurofilamentos, nestina e α–internexina 8tipo IV) ° Lâminas nucleares (tipo V) (envolvidas na estabilidade do núcleo e na replicação do DNA) ° (nexina e proteínas dos filamentos intermédios do cristalino) • Os filamentos intermédios são quase insolúveis em certas condições iónicas e muito estáveis em relação a muitas técnicas morfológicas Especializações da Membrana Celular - 30 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 • • • Ao longo do ciclo celular e diferenciação há alterações na distribuição e alterações pós-traducionais nos filamentos intermédios. Há uma troca constante de moléculas entre a fracção solúvel e a polimerizada, embora não haja polaridade. Os filamentos intermédios mantêm a estabilidade mecânica e organização multicelular tridimensional. Podem associar-se à superfície celular com desmossomas (ancoram em caderinas) e hemidesmossomas (ancoram de modo semelhante, mas a diferentes compostos). Contribuem para a resistência a tracções e estabilidade da ligação entre o epitélio e o mesênquima subjacente. Os filamentos intermédios associam-se a proteínas e complexos nucleoproteicos, controlando a expressão genética. Podem ligar-se ao núcleo (vimentina) e às mitocôndrias, sendo importantes na transmissão de sinais da superfície celular ao núcleo. A plectina pode ligar os filamentos intermédios ao invólucro nuclear, contribuindo para a organização global do citoesqueleto. Especializações da Membrana Celular - 31 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Especializações da Membrana Celular - 32 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Nucléolo e transcrição dos rRNA Estão no nucleoplasma e têm aspecto denso entre a cromatina. São de tamanho, número e posições variáveis. São basofílicos e tê RNA associado a proteínas. É responsável pela síntese de rRNA Morfologia ultraestrutural Número (1-5 em células somáticas) e de diâmetro variáveis (maiores em ovócitos). São muito densos e rodeados de cromatina perinuclear. Componentes: Componente fibrilar denso: partículas de rRNA e filamentos de RNP Componente granular: partículas de rRNA (percursores ribossómicos) Centro fibrilar: zona mais clara e finamente regular onde se localiza o DNA que contém os genes (que no conjunto formam o NOR) que transcrevem os rRNA’s. É aqui e na zona circunvizinha do componente fibrilar denso que se sintetiza rRNA. Podem ligar-se a certos cromossomas porque os nucléolos estão em contacto com a cromatina perinuclear. Cromatina intranucleolar: formada por massas densamente compactadas, fibras com espessura 10-30 mm e aglomerados laxos de filamentos de DNA (3nm). São organizações cromossómicas nucleossómicas que só se desorganizam na zona do cromossoma durante a síntese de rRNA . Os nucléolos podem ser: Compactos: predomina o componente fibrilar denso (acumulação deste componente numa fase inicial de transcrição (rDNA-rRNA) Reticulares: Componente fibrilar denso sob a forma de fita enrolada sobre si mesma (nucleolonema) rodeada de componente granular Vacuolares: zona central com componente fibrilar denso com vacúolos ou interstícios nucleolares. Na posição periférica existe componente granular. Anelares: esféricos, de grande dimensão. Zona central: volumoso vacúolo com matriz semelhante ao nucleoplasma perinucleolar. Na periferia: componentes fibrilar denso e granular. Citoquímica e Bioquímica O nucléolo tem DNA (cromatina intranucleolar) em continuidade com DNA perinuclear, rRNA e proteínas nucleolares, tais como: Proteínas de revestimento dos rRNA Partículas proteicas nucleares (small nuclear RNP): snoRNA. São proteínas associadas a pequenos rRNA nucleolares. Nucleolinas: importante proteína que se liga ao rRNA transcrito Fibrilarina: Encontrada principalmente no centro fibrilar e no componente fibrilar denso, tem um papel importante nas actividades póstrasncricionais da biogénese da maturação de rRNA’s. Associa-se a snoRNP’s, associação esta que participa no processamento dos préRNA’s. Esta proteína está intimamente associada à transcrição de rRNA's. Actividade funcional O nucléolo tem um dinamismo próprio devido á actividade de síntese de rRNA e exportação das moléculas para o citoplasma. Estas etapas ocorrem nas fases G1, S e G2 da interfase, observando-se: Movimento de ciclose dentro do núcleo Aumentos e diminuição de volume Especializações da Membrana Celular - 33 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Aparecimento e desaparecimento cíclicos nas células em divisão: Após a telofase e no início da interfase (G1) o nucléolo forma-se e desaparece na profase. Nas células em divisão ele aparece e desaparece ciclicamente, enquanto que nas células diferenciadas (não sujeitas à divisão cíclica) ele está sempre presente. Existem cromossomas específicos (cromossomas nucleolares com DNA nucleolar) que contêm genes dos rRNA (genes ribossomais). São nucleótidos (Nt) que transcrevem para os rRNA. Os nucléolos formam-se por aglutinação de rRNA transcritos. Esta transcrição ocorre em zonas do DNA (molde) por actividade da RNA polimerase I e de factores de transcrição. Estes complexos ligam-se ao DNA a montante (antes) ou a jusante (depois) do local de início da transcrição. (Nt +1 é o nucleótido onde se inicia a transcrição. Os Nt negativos estão a montante). Os eucariotas têm estimuladores ou activadores (enhancers) longe do Nt + 1 que influenciam a expressão dos genes, podendo estar em vários locais do rDNA, actuando para aumentar a actividade do promotor durante a transcrição. O rDNA, A NOR e a síntese de rRNA Os cromossomas nucleolares (cromossomas acrocêntricos 13, 14, 15, 21, 22) têm uma região organizadora nucleolar (NOR) com genes ribossomais. A partir das NOR formam-se os nucléolos que se acumulam na sua periferia, originado o centro fibrilar. Uma das cadeias do rDNA contém Nt repetidas (unidades transcricionais) intercaladas de sequências Nt não transcricionais. A primeira molécula transcrita chama-se pré-rRNA (prRNA) e é rRNA 45S. Quando isoladas, as unidades de transcrição têm a forma de árvore de Natal ou de Miller. Para ocorrer transcrição é necessário um complexo de iniciação (RNA polimerase I + factores de transcrição). A RNA polimerase I liga-se ao promotor de rDNA (a montante do local de início) interactuando com os factores de iniciação. Iniciação: as duas cadeias de rDNA são afastadas na zona de iniciação pela DNA topoisomerase I, que corta uma das cadeias do rDNA que serve de molde, à medida que a síntese vai ocorrendo. AS RNA polimerase I necessita de factores de transcrição (TF) que se associem ao promotor (onde se liga a RNA polimerase para iniciar a transcrição) e de TBP (TATA – Binding protein) que adere ao promotor. Os promotores de genes rRNA são reconhecidos por 2 factores de transcrição: UBF (factor de ligação a montante do Nt+´1) e factor de selectividade (SL1) com 4 subunidades proteicas (uma delas o TBP). O UBF e o SL1 associam-se à polimerase I formando o complexo de iniciação. A este complexo (no Nc+1) ligam-se factores de elongação. Após a dissociação do complexo de iniciação há a deslocação do complexo (polimerase I e factores de elongação) ao longo da cadeia de rDNA, que é copiada no sentido 3’-5’, sendo a molécula de rRNA transcrita no sentido 5’3’. A transcrição ocorre por reconhecimento da complementaridade nucleotídica entre a cadeia do DNA molde e o RNA neossintetizado. Os nucleótidos são covalentemente adicionados às extremidades 3’ da cadeia de rRNA neossintetizada, o que requer energia por hidrólise de ATP. A elongação da transcrição requer o movimento do “olho” de transcrição da polimerase I e da topoisomerase. A etapa da finalização ocorre quando um terminator (factor de terminação) reconhece uma sequência com 18 bases no fim de cada unidade de transcrição, libertando-se a RNA polimerase I e o factor de elongação. O pré-rRNA (prRNA) é libertado, acumulando-se no nucléolo até se iniciar a clivagem e maturação. Especializações da Membrana Celular - 34 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Maturação dos rRNA A molécula de prRNA é formada por rRNA de 45S que se acumula no nucléolo até á maturação. Comporta sequências de rRNA de 18S, 5S, 8S e 28s, formando uma RNP 80S. A molécula rRNA 45S é processada através da catálise por parte de endonucleases, perdendo uma pequena sequência nucleotídica na extremidade 5’, originando um rRNA 41S. As endonucleases clivam o rRNA em rRNA 20S e 32S, que são processados por clivagem em rRNA 18 S (e 28S + 5.8 S, associadas sob a forma de RNP 60S que tb inclui um rRNA 5S atravessam os poros e formam a grande unidade ribossomal). A molécula 18S associada a proteínas (RNP 40S) constituirá a pequena unidade ribossomal. Regulação e clivagem de rRNA Na maturação ocorrem clivagens em sequências Nt específicas do prRNA catalisadas por rRNA nucleolares de pequenas dimensões (snoRNA) ricos em uridina (snoRNA U). Estes snoRNA associam-se a proteínas, formando complexos ribonucleoproteicos, snoRNP. Nas diferentes etapas de clivagem está envolvida a metilação dos rRNA's. Os snoRNA podem ainda actuar como chaperones. Relações núcleo-citoplasmáticas As moléculas de rRNA de 45S sofrem exportação sob a forma de RNP que migra do nucleoplasma até ao citoplasma, passando pelos poros nucleares. Pela utilização da uridina tritiada denota-se a acumulação de RNP na porção citoplasmática vizinha dos poros nucleares. É nos ovócitos, principalmente aqueles que precisam de grande quantidade de vitelo (reservas nutritivas), que esta exportação é mais evidente Especializações da Membrana Celular - 35 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Células fagocíticas Identificaram-se fagócitos profissionais, células com capacidade de ingerir partículas (nomeadamente infecciosas) que podiam ser micrófagos ou macrófagos. Posteriormente identificaram-se fagócitos livres (no sangue e linfa e com capacidade de migração para locais infectados) e fixos (próprios de um órgão). Criou-se a noção de sistema reticuloendotelial que inclui macrófagos fixos e células endoteliais com capacidade de endocitar partículas. Há outras células com capacidade de internalizar material extracelular por endocitose e há células não fagocíticas que podem ser estimuladas a fagocitar bactérias por produtos microbianos. No entanto, só os fagócitos profissionais são funcionalmente dotados de capacidades fagocíticas importantes. Ontogenia do sistema fagocítico-mononuclear e da linhagem granulocítica Em contraposição ao sistema reticuloendotelial, existe o conceito de sistema fagocitico-mononuclear que contém células maturadas na medula óssea e libertadas no sangue, migrando para os tecidos. Existem células progenitoras pluripotenciais que originam linhagens de leucócitos que se diferenciam em monoblastos. A sua divisão e diferenciação origina promonócitos e consequentemente monócitos. Os mieloblastos e promielócitos darão origem aos granulócitos, polimorfonucleares neutrófilos e eosinófilos. Os monócitos circulares repõem a população de macrófagos fixos nos tecidos ou, em inflamações, acumulam-se nos locais onde elas acontecem. Vários tipos de macrófagos: Tecido conjuntivo e pele: histiócitos Fígado: células de kupffer Medula óssea, Cavidades serosas (pleural e peritoneal), Pulmão (no alvéolo e no septo conjuntivo), Órgãos linfóides (gânglios linfáticos e baço), sistema nervoso (algumas células da glia) Osso: osteoclastos Sinóvia: células tipo A. Os neutrófilos têm vida curta, sofrendo apoptose e sendo fagocitados por macrófagos, versificando-se a união de duas linhagens celulares de diferenciação divergente a partir da mielopoiese. Esta ingestão fornece aos macrófagos moléculas com actividade antimicrobiana (cooperação neutrófilo-macrófago). Durante a inflamação há extravasamento de componentes plasmáticos para os tecidos (exsudação) e migração de monócitos (monócitos exsudativos ou inflamatórios) e neutrófilos sanguíneos. Na medula óssea a produção de monócitos e eosinófilos é controlada quer por moléculas aqui produzidas, quer por moléculas de outros tipos celulares que comunicam através de percursores mielóides através de secreção de factores solúveis no sangue (factores estimuladores de colónias). Caracterização das células Macrófagos Espalhados no suporte onde estão mantidos Forma variável: fusiforme, estrelada, arredondada Tal como os monócitos, têm contorno irregular (extensões citopalsmáticas com formação de vesículas de pinocitose ou fagocitose), núcleo pouco denso Especializações da Membrana Celular - 36 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 reniforme ou ovóide, citoplasma abundante e com variados graus de vacuolização. Citoplasma: mitocôndrias, RE modesto, complexo de Golgi desenvolvido e várias vesículas. Lisossomas primários numerosos que, após fusão com fagossomas, originam lisossomas secundários. Capacidade de movimentação sobre estruturas fixas: movimento ao acaso ou dirigido por moléculas (factores quimiocinéticos ou quimitácticos). Neutrófilos Um núcleo multilobado (polimorfonucleares) e muito condensado Citoplasma rico em grânulos que coram com corantes neutros (distinção de neutrófilos de eosinófilos) Diferentes grânulos: • Primários: primeiros a serem formados. Coram com azures (grânulos azurófilos). São semelhantes aos lisossomas de outras células porque são ricos em hidrolases ácidas, contendo produtos como a mieloperoxidase (cor esverdeada que identifica exsudados purulentos, vulgo pus rico em neutrófilos) • Secundários ou específicos: conteúdo distinto (lactoferrina) • Grânulos ricos em gelatinase e outros derivados de vesículas de pinocitose. A fagocitose Ligação da partícula à membrana do fagócito (não dependente de energia) com transmissão (ou não) de um sinal, o que provoca ingestão; Interacção sequencial da membrana (e receptores) com a superfície da partícula (processo semelhante a um fecho de correr); pseudópodes emitidos que se fundem ; a fusão das membranas origina o fagossoma ou vacúolo fagocítico. Podem fundir-se outros organelos (como os lisossomas). Pode haver macropinocitose ou fagocitose por enrolamento, que são processos induzidos por agentes patogénicos, permitindo colonizar as células fagocíticas. A ingestão implica: Acção de microfilamentos: actina que se concentra em torno da membrana, constituindo os pseudópodes; miosinas; proteínas reguladoras (cinase C e talina). Acção de microtúbulos para migração do fagossoma. Relação com vesículas como os endossomas e lisossomas: amadurecimento da membrana do fagossoma que adquire e perde moléculas; processo mediado por GTPases de baixo peso molecular (Rab). Receptores de superfície Receptores de fracção Fc das imunoglobulinas (FcR) e receptores do complemento (CR). As moléculas (imunoglobulinas e complemento) que facilitam a fagocitose são opsoninas. Há outras moléculas membranares com mais receptores: Para factores de coagulação Para componentes da matriz extracelular Para proteínas de transporte, factores de crescimento, citocinas, factores quimiotácticos Adesinas: moléculas que se ligam a outras moléculas de superfície de outras células Antigénio do complexo maior de histocompatibilidade (MHC) da classe I e II Especializações da Membrana Celular - 37 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Moléculas de adesão (selectinas, integrinas, moléculas da subfamília das imunoglobulinas) permitem a migração transendotelial durante processos inflamatórios. Receptores de manose, r. tipo Toll (TLR) e receptores de limpeza, que servem para detecção precoce de infecções. Produtos lisossomais e de secreção O macrófago não tem tantos grânulos lisossomais como o eosinófilo e neutrófilo, mas tem alguns lisossomas com várias enzimas, como a lisozima, que actua sobre peptidoglicanos de bactérias endocitadas ou é secretada para actuar extracelularmente. Alguns têm mieloperoxidase que potencia a toxicidade dos radicais de oxigénio por eles produzidos. Todas estas enzimas estão nos grânulos primários dos neutrófilos. O macrófago, ao contrário do eosinófilo, secreta mais produtos: Hormonas polipetídicas (actividade essencialmente imunorregulatória, como as citocinas) Componentes dos sistemas complemento e da coagulação Enzimas proteolíticas e seus inibidores Proteínas da matriz extracelular (fibronectina, proteoglicanos, trombospondina) Proteínas com afinidade para ligandos (transportam cofactores) Lípidos bioactivos (como as prostaglandinas) Os neutrófilos e os macrófagos sintetizam moléculas de baixo peso molecular com importância antimicrobiana e antitumoral: Produtos reactivos de azoto Radicais de oxigénio: a sua toxicidade é aumentada pela mieloperoxidase e por iões metálicos Interacção macrófago - linfócito T. Activação macrofágica Após a endocitose de moléculas proteicas há a sua degradação e ligação de pequenos fragmentos a moléculas codificadas pelo MHC. Estes são reconhecidos pelos receptores dos linfócitos T como antigénios. Após contacto com um corpo infeccioso, receptores de compartimentos intracelulares de macrófagos reconhecem moléculas do microrganismo, ligando-se a polissacáridos (ex:: manoses que decoram glicoproteínas de membrana), compostos típico de procariontes (peptidoglicano, lipopolissacarídeo, ,,,). Os receptores tipo Toll (TLR) informam o macrófago e induzem a resposta inflamatória pelo recrutamento e activação de células linfóides, apresentando-lhes antigénios. Existe uma célula de ontogenia diferente, a célula dendrítica, que é mais eficiente a nível de apresentação de antigénios. A célula T produz citocinas que alteram a capacidade do macrófago, activando-o (maior capacidade antimicrobiana, antitumoral e de secreção). Exemplos de citocinas: interferão gama (activa fagócitos), interleucina-10 (inibe interferão gama e inactiva fagócitos). Fagócitos e infecção Na inflamação, há alterações vasculares que permitem a acumulação de leucócitos nos tecidos lesados (factores quimiotácticos por activação de moléculas endógenas secretados por células estimuladas – quimiocinas- ou derivados de constituintes microbianos). Os primeiros a migrar são os neutrófilos e só depois os monócitos que, in loco, transformar-se-ão em macrófagos exsudativos. Há microrganismos Especializações da Membrana Celular - 38 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 que escapam por terem cápsula antifagocítica e há microrganismos que permitem a sua lenta fagocitose proliferando dentro do macrófago. A capacidade antimicrobiana pode ser estimulada por citocinas libertadas pelo linfócito T que reconhece os antigénios da superfície dos macrófagos (activação macrofágica). Os macrófagos ficam com maior capacidade de secreção, fagocitose e apresentação de antigénios. Alguns microrganismos são eliminados por acção de radicais livres, derivados do oxigénio e/ou óxido nítrico, proteases, defensinas, lactoferrinas ou então o controle microbiano é exercido por macrófagos em vias de apoptose, talvez por privação de nutrientes. Patologias e macrófagos O macrófago activado tem actividade tumoricida para algumas linhas tumorais, pelo que se infiltram na massa tumoral, sendo importantes à resistência da proliferação da célula neoplásica. Têm um papel importante na génese da placa de ateroma, havendo receptores para lipoproteínas da superfície do macrófago e citocinas favoráveis à aterogénese. A linhagem fagocítica-mononuclear origina células neoplásicas (leucemias monocíticas e mielomonocíticas agudas e linfomas histiocíticos). O macrófago também é importante em casos de sarcoidose, artrite reumatóide, hemocromatose e doenças de armazenamento (lipidoses). Especializações da Membrana Celular - 39 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Ciclo celular Tempo compreendido entre a mitose de uma célula e as mitoses das células filhas. Somente as células indiferenciadas têm capacidade de proliferação e diferenciação regulada. Existem em todos os tipos de tecido excepto músculos e neurónios. Fases do ciclo celular Interfase: Cromossomas não visíveis; crescimento celular à custa de síntese de proteínas, ribossomais e retículo granular. É 90% de duração do ciclo. G1) Intervalo entre o fim da mitose e o início de uma nova mitose. Crescimento celular. Existe o ponto R ou restriction point (ponto de não retorno) onde se decide se a célula entra ou não em mitose. S) Síntese de DNA. (6-8 horas no Homem). G2) Intervalo entre o fim da fase S e o início da fase M. (6 horas no Homem). Fase M (uma hora no homem) A seguir à mitose a célula pode seguir vários caminhos: Diferenciação e maturação (tornam-se células não proliferarias) Nova fase de síntese Fase pós mitótica prolongada (G0) que é uma G1 prolongada observada em várias células de longos períodos de vida e que raramente se dividem, a menos que sejam estimuladas (ex.:hepatócitos). A fase G0 pode ser rpovocada por falta de nutrientes e de factores de crescimento que inibem síntese proteica, aumentando a resistência a agressões. Métodos de estudar o ciclo celular Métodos autorradiográficos Pode-se marcar o núcleo com percursores radioactivos de DNA na fase S, concluindo-se acerca da taxa de proliferação e percentagem de mitoses marcadas. Fosfato P32: captado pelo DNA na fase S. Não é específico (pode ser incorporado por outras substâncias) e emite raios β nocivos. Adenina C14: são necessárias elevadas quantidades, o que lesa as células. A detecção de DNA requer extracção de outras substâncias que captaram o marcador, como o RNA. Especializações da Membrana Celular - 40 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Timidina tritiada: incorporada no DNA especificamente, emite menos radiação e permite boas imagens. A sua incorporação depende da fosforilação. O trifosfato de timidina é uma forma activa que, depois da perda de dois ácidos fosfóricos, é polimerizado no DNA, ficando este radioactivo. Reconhecem-se células com capacidade de proliferação numa dada população celular (stem cells). Os isótopos radioactivos são de uso limitado no Homem porque emitem radiações que alteram o material genético provocando aberrações cromossómicas, inibição mitótica, redução de crescimento e morte celular. Há métodos com substâncias fluorescentes do DNA mais adequados. Tempo de geração O ciclo celular tem tempo variável para cada população. Nas áreas proliferativas do corpo humano é em média 24 horas. Com injecção de timidina tritiada, as células em G1, G2 e M não aparecem marcadas (conclusão: não há síntese de DNA na mitose). As primeiras moléculas marcadas estavam na fase S no momento da injecção. O aparecimento das primeiras mitoses marcadas é o tempo de duração de G2. Assim pode-se calcular o tempo de duração de todas as fases. O índice radioactivo é a percentagem de células marcadas depois da administração do produto radioactivo, antes de qualquer núcleo marcado tenha tempo para se dividir. As células embrionárias dividem-se rapidamente, tendo um ciclo celular síncrono apenas com M e S. Em estados mais avançados da embriogénese surge o alongamento de G1 e G2. No esófago, uma quantidade apreciável de células fica em G2, entrando em mitose depois de uma alimentação normal. Estas células devem conter mais DNA que as células normais (poliplóides), o que acontece frequentemente nos hepatócitos e outras células de roedores e no miocárdio do homem. Novos métodos de estudo do Ciclo celular Conhecendo os mecanismos do ciclo é possível combater a proliferação tumoral. As células de um organismo pluricelular devem cumprir 4 etapas: crescimento, replicação de DNA, segregação dos cromossomas homólogos, divisão celular. Os cromossomas devem duplicar na fase S à custa de enzimas, separarem-se para as células filhas (segregação na fase M) à custa do citoesqueleto (que também contribui para a citocinese). Devem codificar proteínas que regulam o ciclo e proteínas constituintes das futuras células filhas. Especializações da Membrana Celular - 41 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Experiências com fusão de células Com fusão de células de mamíferos concluiu-se que: As células em fase M têm factores que induzem outras células em mitose As células em fase S têm factores que induzem replicação Após a duplicação do DNA este modifica-se, sendo incapaz de replicar de novo. Após a fase M as células em G1 adquirem novamente essa propriedade. Estas experiências não permitiram detectar que factores são responsáveis pela regulação do ciclo. Ciclo celular de células embrionárias Experiências em oócitos de rã comprovam a existência um factor de promoção de maturação (MPF) útil em ciclos mitóticos e meióticos. Os motores do ciclo celular são componentes moleculares que activam e desactivam reacções químicas do ciclo, tais como o MPF. Motor do ciclo celular: MPF activo (G2 →M) Ciclina B (Interfase em células somáticas; mitose em c. embrionárias) Condensação dos cromossomas; destruição do invólucro nuclear; formação do fuso mitótico. Ciclina B MPF inactivo (final M) Segregação cromossomas; recosntituição invólucro citocinese. dos do nuclear; Com MPF activo, a p34cdc2 fosforila proteínas na fase M: Lâminas: degradação da membrana nuclear Filamentos intermédios: reorganização do citoesqueleto (fuso mitótico) Proteínas para a condensação mitótica Proteínas do RE e do Golgi Factores de transcrição (ficam inactivos) No final da fase M, entre a anafase e a telofase, as proteínas são desfosforiladas, revertendo as modificações (desactivação do MPF). Especializações da Membrana Celular - 42 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Células embrionárias → provocada pela desactivação de MPF Nova mitose e duplicação do MTOC Células somáticas (G1) Seres unicelulares: START (divide a interfase: células que não estão em replicação passam à fase S e depois a G2) Seres multicelulares: Ponto R Análise genética do ciclo celular Estudos com leveduras (mutações induzidas por UV a diferentes temperaturas – cell division cicle- cdc) levaram à descoberta de genes que codificam proteínas reguladoras do ciclo. Identificação do MPF: Complexos CDK-Ciclinas MPF P34cdc2: actividade cinásica. Fosforila outras proteíans quando associada à ciclina. Níveis constantes ao longo do ciclo. Pico em G2/M. Na intrefase está desfosforilada. Ciclina B: acumulação em G2. Desaparece no final de M. CDK’s (proteínas cinases ou cycling dependent kinases). Sempre presentes. Só varia o estado de associação a ciclinas. (Formam-se complexos ciclina-cinase) Fosforilam por acção de CAK (cinase activadora das CDK) Ciclinas (de cocentração variável ao longo do ciclo) B: + p34cdc2→MPF Sintetizada em G1, S e G2. Destruída em M. G1) Activam as CDK → START S) + CDK →síntese DNA por fosforilação de proteínas na replicação Cada ciclina tem uma região (box) que a diferencia das outras e uma região de degradação para fixação de ubiquitina, que é reconhecida pelas proteínas, para degradação das ciclinas. Complexos CDK-Ciclina ao longo do ciclo: CDK4 – Ciclina D (G1-S) Indispensáveis para G1/S (SPF). Precisa de pRb (prts retibblastoma) CDK 2- Ciclina E (s-G2) CDK 2 – Ciclina A (G2-M) CDK 1 – Ciclina B (MPF → M) (Mnemónica: 4 Diamantes, 2 Espumantes, 2 Amantes; 1 Beijo) Especializações da Membrana Celular - 43 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Factores inibidores de Ciclo celular Proteínas inibidoras (CKI – actuam sobre as CDK). Quando há anomalias graves conduzem a G0, há proliferação celular excessiva ou apoptose P53: regula ao nível da transcrição. Quando há lesão do DNA provoca paragem em G1 ou apoptose. Induz a p21. Família P21: Actua sobre CDK-Ciclinas, inibindo a replicação do DNA. Se não for induzida por p53 pode haver cancro. Importante para a diferenciação, em conjunto com a p27. Família p16: Inibidora de CDK4-Ciclina D. (Complexo P16-CDK4-CiclinaDpRB é essencial para G1/S). MPF inactivo (porque p34cdc2 desfosforilada) p34cdc2 desfosforilada Ciclina B (G2) Fosforilação em resíduos: • • Y15 (treonina 14 + treonina 15) fosforilada por prts cinase WEE1 T161 (trionina 161) fosforilada pelo complexo CAK MPF ACTIVO Desfosforilação no resíduo y15 pela fosfatase codificada pelo gene cdc25 Especializações da Membrana Celular - 44 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Mitose Divisão nuclear e citoplasmática em que uma célula origina duas células filhas geneticamente iguais, mantendo-se inalterável o número de cromossomas. Existem factores reguladores deste processo. Profase Aumento do volume nuclear Cromatina são longos e finos filamentos (cromossomas dicromatídicos irregularmente dispersos) Início da dissipação de nucléolos Os 2 pares de centríolos na região perinuclear começam a deslocar-se do citoplasma perinuclear para os pólos opostos da célula Os cromossomas começam a encurtar (mais visíveis) Prometafase Início da dissipação do invólucro nuclear (aparecimento de fragmentos do invólucro e de cisternas do RE, que estão visíveis até à formação do fuso acromático) Encurtamento dos cromossomas e espessamento, estando desorganizados no nucleoplasma • Os 2 cromatídeos distinguem-se mais facilmente • Os cinetocoros são visíveis de cada lado do centrómero e aparecem microtúbulos ligados a estes e orientados para os pólos do fuso mitótico (ou acromático) • Com o desaparecimento do invólucro, cada cromossoma começa a dirigir-se para o plano equatorial por meio de vários Mt Centrossomas nos pólos da célula, de onde crescem Mt que se ligam aos cinetocoros Metáfase Cromossomas ligados ao plano equatorial pelos centrómeros: Fase estática da mitose Cromatídeos evidentes por afastamento dos seus braços Cinetocoros e microtúbulos cinetocorianos (MTc) bem visíveis e orientados desde o pólo do fuso acromático aos cinetocoros Anafase Há uma ascensão polar cromossomas metafásicos. de cada cromossoma filho por segregação dos Anafase A Dissociação da coesão centromérica, cromatídeos (que são agora cromossomas) puxados por MtC, deslocando-se para os pólos Anafase B Cinetocoro ligado aos MtC Afastamento dos dois pólos do fuso por alongamento da célula devido à deslocação dos Mt polares Há maior distância entre centrossomas Especializações da Membrana Celular - 45 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Telofase Reorganização do invólucro nuclear, rodeando os cromossomas que se descondensam Nucleocinese: formação de núcleos filhos Centrossoma na região perinuclear Despolimerização da maior parte dos Mt Citoesqueleto das células filhas (filamentos intermédios) alterado Redistribuição equitativa de organelos (RE e Golgi fragmentam-se e migram para os pólos por acção de Mt) Citocinese: citoplasma dividido por clivagem, iniciando-se na anafase B e terminando antes da célula entrar em interfase. • Anel de contracção determinado pelo fuso mitótico: filamentos de actina e miosina II; está a meio da distância entre os 2 centrossomas. • Os filamentos de actina estão paralelos em relação ao plano de divisão, associados à membrana citoplasmática do invólucro nuclear • Quando a membrana está praticamente dividia, desaparece o anel e formase o corpo médio (tem a parte central de Mt polares e material denso) Reorganização do citoesqueleto Elementos do fuso acromático ou mitótico É uma estrutura formada na mitose por Mt e centrossomas cuja formação se inicia na prometafase, completa-se na metáfase e dissipa-se na anafase B. Tem dois pólos opostos, cada um ocupado por um centrossoma (2 centríolos a curta distância em posição ortogonal) Os pólos estão interligados por microtúbulos, alguns deles ligados aos cinetocoros. Entre os dois pólos, perpendicularmente à direcção dos Mt, existe o plano ou placa equatorial ou mitótica. Centrossoma (e centríolos) e o ciclo centriolar São 9 tripletos de Mt curtos distribuídos numa superfície cilindróide. Estão na região polar da célula e em conjunto com proteína da região pericentrossomal (centrina, centrofilinas, tubulinas, cinesinas, calmodulinas, tequetina, ATPases, RNA polimerases, …) formam o centrossoma. Os 2 centríolos de cada centrossoma estão orientados numa posição ortogonal. Por serem polimerizadores de Mt, os centrossomas também tomam o nome de centros organizadores de Mt (MTOC). Microtúbulos e proteínas motoras Estas proteínas pertencem à família das cinesinas e dineinas e têm vários domínios para formação de dímeros para ligação aos Mt e um dímero para associação a outros componentes celulares. Elas ligam os Mt e usam energia da hidrólise de ATP para mover estruturas celulares em direcção (-) (dineínas) ou (+) (cinesinas). No início da fase S forma-se o procentríolo (esboço microtubular) que se organiza e cresce, passando depois a existir 2 centrossomas (4 centríolos). Os centros organizadores de microtúbulos Na célula em G1 ou S há um MTOC associada ao centrossoma. O material pericentriolar tem tubulina γ, pericentrina, centrina, DMAP60 e CP190. A tubulina γ está no interior do centríolo e, em conjunto com outras proteínas, Especializações da Membrana Celular - 46 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 organiza uma estrutura em forma de anel que serve de base para a polimerização de Mt a partir de material pericentriolar e está na extremidade (-) dos mesmos. A capacidade e tipos de Mt variam de acordo com a fase do ciclo, o que sugere que a composição do MTOC é mudada, para que na interfase hajam Mt escassos e estáveis e na mitose muitos microtúbulos que são instáveis. Estas alterações parecem dever-se não à fosforilação de tubulinas mas à fosforilação de MAP (proteínas associadas aos Mt). Tipos de microtúbulos e sua associação aos cromossomas Polares: nucleados a partir de centrossomas, estendem-se em direcção ao pólo oposto, sobreponde-se na parte central. Responsáveis pelo fuso na parte inicial e por interacções entre proteínas que estabelecem pontes entre os microtúbulos dos dois pólos (cinesinas). Cinetocorianos: ligam os centrossomas aos cinetocoros; organizam a placa equatorial; segregação de cromatídeos. Astrais: Nucelados a partir do centrossoma para o córtex celular, principalmente na direcção oposta à do fuso. Têm função de separar os pólos na anafase B. A associação lateral de Mt aos cinetocoros na fase de formação da placa equatorial permite uma rápida ascensão destes aos pólos _ cromossoams monorientados_ devido às dineínas. Perto do centrossoma, onde há maior densidade de Mt, a associação lateral transforma-se numa associação onde a extremidade (+) do Mt está inserida no cinetocoro, permanecendo ligados até ao final de M. Depois os cromossomas monorienatdos descem para o centro. Os Mt associados ao pólo oposto crescem e estabelecem uma ligação com o cinetocoro livre. Existe uma força que repele os cromossomas quando estão perto dos centrossomas (polar wind ou força de exclusão polar devido à associação das extremidades (+) dos Mt às cromocinesinas), aproximando os cromossomas dos Mt que crescem do lado oposto, formando-se cromossomas biorientados. Dinâmica dos microtúbulos durante metáfase Existe um treadmilling flux, pois a ligação das extremidades dos Mt e outras estruturas permite a incorporação de mais tubulinas na extremidade (+). A anafase inicia-se quando os cromossomas ascendem para os pólos. A presença de um cromossoma monorientado induz um atraso na anafase até que ele esteja biorientado. A separação dos cromatídeos na Anafase A deve-se a uma alteração dos MtC (perda de tubulinas em +, redução de comprimento; ascensão rápida de cromatídeos). Na anafase B o aumento da distância dos centrossomas deve-se à ligação de MtP a cinesinas em (+), separando-se as duas metades do fuso. As dineínas associadas ao córtex celular também se pode ligar a (+) dos MtA. A sua deslocação para (-) puxa os cromossomas para a membrana celular. Cromossomas mitóticos Os dois cromatídeos dos cromossomas mantém-se unidos devido à acção de coesinas que se associam ao DNA depois da replicação, inicialmente ao longo de todo o comprimento da molécula de DNA e, mais tarde, quando os cromossomas estão condensados, são removidas dos braços, mantendo-se no centrómero. O centrómero e o cinetocoro são duas estruturas inter-relacionadas bem visíveis em metáfase, no local onde os dois cromatídeos se unem. Cada cromossoma prometafasico e metafasico tem 2 cinetocoros em posições opostas, cada um ligado a um cromatídeo na zona do centrómero. Especializações da Membrana Celular - 47 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 O cinetocoro tem uma estrutura trilamelar estratificada com base cinetocoriana (liga à lamela basal do centrómero), lamela apical ou coroa (aderem os Mt). As proteínas da estrutura trilamelar foram denominadas A, B e C. Os centrómeros são a zona por onde se ligam os cromatídeos com heterocromatina dos mesmos e proteínas centroméricas internas na posição central. Checkpoint mitótico Monitorização da ligação entre cromatídeos e Mt do fuso. Há um processo que impede que a célula entre em anafase sem cromossomas biorientados (alguns deles podem estar monorientados) por transdução de sinal que detecta a não biorientação ou a fraca tensão do fuso sobre os cromossomas através da inibição de uma ubiquitina ligase (APC – anaphase promoting complex). Se os cromossomas estiverem biorientados esta induz a degradação de coesinas que mantém os cromatídeos ligados. Há proteínas que fornecem esta informação: Bub 1, 3 e R1 e Mad 1 e 2. Mitoses atípicas Quando as nucleocineses são acompanhadas de não divisões citoplasmáticas, originando uma célula mononucleada (plasmódio) uma célula multinucleada com centenas de núcleos. No final das nucleocineses, cada núcleo, com uma porção de citoplasma, rodeia-se de uma membrana, originando esporoblastos. Cada esporoblasto diferencia-se em esporo. (Consultar imagens das páginas 372-395 do C.A.) Especializações da Membrana Celular - 48 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Célula neoplásica Expressão génica e estrutura celular As formas multicelulares diferenciadas têm possibilidade de aquisição informação, modificação genica, sobrevivência, morte e passagem características suas às células germinativas. de de Diferenciação celular e factores de crescimento, capacidade adaptativa e genes reguladores A potencialidade de uma célula é dirigida para uma diferenciação por factores próprios e factores ambientais. Os genes estruturais e reguladores determinam a diferenciação celular e a expressão/repressão determina o fenótipo. Factores reguladores de proliferação celular Na diferenciação do ovo até à expressão morfológica orgânica há factores, químicos geneticamente determinados, que modulam a proliferação celular e diferenciação através de sinais intracelulares: factores de crescimento, citocinas, hormonas e matriz extracelular que interactuam com receptores da membrana. Os factores de crescimento obrigam a célula a passar de G0 à divisão. Os factores de competência levam a G1, os factores de progressão levam à fase S. Toda a fase G1 necessita da acção de factores de crescimento e se houver interrupção há regressão para G0. Há factores que modulam a acção de factores de crescimento, como os factores β (transformadores do crescimento – TGF β), o interferão e o factor necrose tumoral (TNF) que podem antagonizar os efeitos dos factores de crescimento. Por sua vez os factores de crescimento podem promover a diferenciação da célula juntamente com o estímulo proliferativo (factores β transformadores do crescimento). O controle da proliferação relaciona-se com produtos de genes supressores governados por checkpoints reparadores. Capacidade adaptativa da célula A capacidade adaptativa multidireccional da célula expressa-se de várias formas, algumas delas malignas. Leucoplasia: Queratinização e disposição arquitecturada de um epitélio pavimentoso estratificado devido a traumatismos Metaplasia: Transformação pavimentosa do epitélio cilíndrico brônquico perante agressão química ambiental Anaplasia e Neoplasia: Modificação do programa genético da célula. Tranformação neoplásica: Na divisão celular e sob determinados factores os cromossomas fragilizam-se em certos locais, podendo haver rearranjos génicos que alteram o programa genético da célula. Quanto mais forrem os locais de ruptura, maior será a probabilidade de neoplasia. Uma insuficiência de ácido fólico despoleta uma baixa na síntese de timidina e consequentemente de timina, aumentando a fragilidade cromossómica, o que pode ainda ser agravado com administração de cafeína. Há substâncias ricas em ácido fólico que impedem esta fragilização. Formam-se, activam-se e alteram-se sequências em genes de cancro ou oncogenes, delectam-se ou inibem-se genes supressores da divisão celular, genes supressores de cancro ou antioncogenes, alteram-se genes responsáveis por apoptose ou perdem-se ou alteram-se as proteínas para reparação de erros no DNA. Especializações da Membrana Celular - 49 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Proto-oncogenes e oncogenes Proto-oncogenes codificam produtos para o crescimento, diferenciação, formação de receptores e reparação de lesões. São percursores de oncogenes. A passagem de uma célula normal a neoplásica exige numerosos passos (hits) que são aquisições biológicas que ultrapassam barreiras que zelam a personalidade da célula. Da iniciação neoplásica na mutação de proto-oncogene a oncogene até uma massa neoplásica há uma série de eventos que permitem fixar como autónomo o novo comportamento celular. Conhecem-se 60 oncogenes. Genes supressores tumorais Suprimem a acção de genes que acarretam a divisão celular normal e anormal. A fosfoproteína nuclear p53, codificada por um destes genes, tem função a nível da transcrição, no controlo do ciclo celular e no metabolismo.50% dos tumores humanos devem-se a p53 mutada. A p16, codificada por um gene inibidor de ciclo celular, é delectada ou mutada em muitos tumores, não lhe sendo possível associar a ciclina D com ciclinas dependentes de cinases, impedindo a fosforilação do gene do retinoblastoma (mantendo-o activo a suprimir a divisão). O gene da polipose cólica adenomatosa (APC) é similar ao do retinoblastoma, desenvolvendo neurofibromas que podem evoluir para neurossarcomas. Este gene codifica proteínas com actividade GTPásica (GAP) que inactivam a função do gene rãs. O gene delectado no carcinoma cólico (DCC) relaciona-se com o carcinoma colo-rectal e com o carcinoma gástrico. Codifica moléculas de adesão que impedem a divisão. O gene WT-1 quando delectado é responsável pelo tumor de Willms do rim. O gene DPC4 (carcinoma do pâncreas) codifica proteínas supressoras idênticas aos TGL. O gene tumor supressor PTEN quando perdido ou inactivado é um factor de progressão de gliomas e de carcionomas na mama e na próstata. Codifica uma enzima fosfatase que actua sobre uma molécula lipídica ou lípido a membrana, sendo uma pouco comum fosfatase lipídica. O lípido é o fosfatidilinositol-3,4,5trifosfato ou PIP3, responsável pela via de controlo do crescimento celular, estimulando-o e bloqueando apoptose. O gene PTEN normal actua inibindo o crescimento e facilitando a apoptose. Genes reguladores de apoptose O gene bcl2 quando alterado impede ou retarda a morte celular pornintervenmção nos mecanismos oxidativos, acumulando-se as células (ex:linfoma nodular). O gene p53 e proto-oncogene c-MYC também regulam a apoptose, assim como as proteínas reguladoras do DNA. Genes codificadores de proteínas reparadoras de DNA São responsáveis pela organização genica codificando proteínas que reparam erros de replicação pela metilação de sequências GATC, anulando o segmento alterado e reconstituindo um novo segmento. Há mecanismos de verificação das fases celulares que constituem os factores de invariabilidade celular. São os checkpoints que impedem a entrada da célula na fase seguinte. O gene BRCA1 quando alterado induz susceptibilidades de cancro de mama e de ovário por funções oxidativas no DNA. Especializações da Membrana Celular - 50 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Mecanismos de alteração da função celular Há factores extracelulares que interagem com receptores da superfície celular, activando vias intracelulares de informação, orientando o crescimento e diferenciação e proporcionando funções úteis como a reparação de lesões, processos adaptativos benignos ou expressão neoplásica. A transformação neoplásica resulta de um desvio de uma via de sinalização orientadora de funções dos factores de crescimento. Um certo número de receptores destes factores com actividade tirosina-cinase são codificados por protooncogenes ou por similares oncogenes víricos (oncogenes sis e oncogenes erb-B de vírus de eritoblastose aviaria). Os produtos dos onco-genes activos influenciam a proliferação e diferenciação da célula transformada. Mecanismos moleculares de carcinogénese: Mutação de um gene de factor de crescimento (PDGF) levando a célula a uma constante divisão (proto-oncogene sis, por exemplo) Mutação de um gene de um receptor de um factor de crescimento (EGFreceptor) obrigando à presença constante desse factor de crescimento (protooncogene erbB por exemplo) Mutação que exagera a expressão de um gene (proto-oncogene myc por exemplo) cujos produtos acarretam alterações nucleares e determinam proliferação indefinida. Um proto-oncogene pode transformam-se em oncogene por delecção ou mutação pontual na sequência genica, por amplificação genica, por rearranjos cromossómicos ou recombinações entre DNA retrovírico e proto-oncogene. A célula neoplásica Alterações morfológicas e de comportamento Morfologia: Aumento de volume e cromaticidade do núcleo Inversão da relação núleo-citoplasma Alteração do número e forma dos organelos Perda de caractarísticas da célula adulta, diferenciada, substituídas pró aspectos morfológicos embrionários, definidores de anaplasia ou indiferenciação. Comportamento: Comportamento anti-social • Perde-se a inibição de contacto recusando-se a impossibilidade de se dividir fora do contacto global da célula • Capacidade infinita de sobreviver e replicar • Falta de respeito pelas superfícies de fronteira, invadindo por infiltração de estruturas vizinhas e disseminação à distância, onde as células dispersas se fixam, acarretando crescimentos autónomos e metastização neoplásica. (características de células malignas epiteliais – carcinomas- e das células de neoplasias malignas parenquimatosas – sarcomas) Pode ser transplantada, mantendo em cultura todas as características e originado neoplasias noutros seres quando implantada Perda de moléculas de adesão (caderinas e integrinas) Circulação da célula no sangue (devido á actividade plaquetária de bloquear a célula estranha activa-se a coagulação com formação de fibrina, onde, retida, a Especializações da Membrana Celular - 51 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 célula neoplásica adquire integrinas que a fixam à matriz extracelular e caderinas que determinam adesão intracelular, constituindo-se a metástase). Alterações da membrana É aqui que existem receptores que iniciam sinais de transmissão de informação para o citoplasma e núcleo. Há invasão e sobrevivência em meios de cultura, perda de adesividade a outras células, perda de inibição de contacto e de divisão. Há perda de moléculas de adesão como as caderinas, a β-catenina e a sua via de ligação a caderinas e controlo da divisão nuclear. Há modificação de factores, mobilidade destes e perda da sua ligação ao citoesqueleto , perda de intercomunicabilidade celular e modificações na capacidade de transporte com facilitação de transporte de aminoácidos e açúcares, aumento de GMP cíclico, variações enzimáticas, alterações de glicoproteínas (síntese incompleta de algumas, perda da síntese daquelas que têm elevado peso molecular como a fibronectina, aumento em ácido siálico, alterações nos antigénios. Alterações antigénicas Antegenicidade distinta dos antigénios normais de histocompatibilidade celular que determina uma resposa que pode inviabilizar o crescimento neoplásico. Existem antigénios da célula normal e antigénio diversos (antigénios tumorais e antigénios associados). Os antigénios específicos dependem do factor de transformação celular (vírus ou químicos) e os associados são antigénios fetais como a α-fetoproteína e o antigénio carcino-embrionário e os antigénios solúveis. Alterações químicas Não são muito evidentes. Há uma capacidade anaeróbia de produzir lactato. Os desvios bioquímicos resultam da normal diferenciação da célula normal, sendo mínimos na célula neoplásica mais diferenciada e mais marcados na célula indiferenciada com tendência a um perfil semelhante ao da célula fetal ou imatura. Podem ser fabricados isoenzimas semelhantes aos de células fetais; fosfatase alcalina de tipo placentário, proteases e glicosidades facilitadoras da sua disseminação, enzimas e hormonas ectópicas; marcadores enzimáticos, mucinas neutras, sialomucinas, sulfomucinas. Alterações cromossómicas A célula neoplásica inicia, progride e dissemina. Iniciação e promoção são fases génicas sem evidência de alteração cariotípica. São a expressão fisiológica da dinâmica adaptativa. A progressão e disseminação acompanham alterações cromossómicas. A variabilidade cariotípica de uma neoplasia reside na labilidade genica com aumento de divisão celular. A neoplasia maligna promove novas expressões e a variabilidade morfológica na mesma neoplasia é por vezes uma constante. Há alterações cromossómicas numéricas (perdas ou duplicações em todos os cromossomas) e estruturais (translocações, delecções_ que podem ser de genes supressores_ inversões, inserções, amplificações). Avanços interpretativos das alterações Células neoplásicas não têm progressão logarítmica, pois esta originaria uma neoplasia sempre de grande volume e rápida. Existem células stem Especializações da Membrana Celular - 52 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 neoplásicas em número reduzido que sobrevivem ás terapias. A maior parte das células neoplásicas deixa de se dividir ou diferenciam-se, voltando a ser normais e muitas delas morrem. É de extrema importância a terapia de sobrevivência ou morte das células stem. Mutações nos microsatélites (curtas sequências repetitivas nos centrómeros ou telómeros) alteram a regulação genica e reparação do DNA. Idade e cancro: As células idosas acumulam proteínas alteradas, diminuindo a capacidade de reparação de DNA; há um aumento de mutações, não havendo genes para a reparação do DNA por estarem mutados. A capacidade de divisão celular relaciona-se com telómeros, quês e encurtam em cada divisão, protegendo o DNA de agressões, de fusão termino-terminal, de rearranjos e de pêra cromossómica. Sem estes mecanismos há paragem do cerscimento celular por instabilidade cromossómica. A activação da telomerase pode induzir um estado imortal, por estabilização do comprimento dos telómeros. Quimioterapia antineoplásica: encurta e degrada os telómeros antes da apoptose, o que sugere que os telómeros são alvos de drogas antineoplásicas. (No prolongamento de S há aumento da actividade neoplásica, reduzindo-se depois em G2-M. a sua inibição provoca encurtamento de telómeros, inibição de crescimento e apoptose). Terapêutica anti-angiogénica: tentativa de controlo do factor de crescimento endotelial (VEGF) das células neoplásicas através de inibidores de colagenases (endostatina, fumagilina) e inibidores específicos dos receptores de VEGF. Especializações da Membrana Celular - 53 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 Oncogénese Iniciação • • • • Ocorre alteração do material genético da célula. Formação de um oncogene. Poderá ou não vir a originar uma célula oncológica. Não há expressão fenotípica. CAUSAS FACTORES CANCERIGÈNICOS • Proto-Oncogenes (Codificam proteínas implicadas na regulação do ciclo celular são indispensáveis para a sobrevivência de uma célula normal: Factores de crescimento, Receptores factores crescimento, Elementos de transdução de sinal, Factores de transcrição nuclear • Oncogenes FACTORES DE CRESCIMENTO: Aumento da síntese de factores de crescimento ONCOPROTEINAS DE MEMBRANA (RECEPTORES) Proteína EGFR- proteína receptora do fact. crescimento epitelial - Receptor sempre activado - Receptor expresso em número exagerado ONCOPROTEINAS DE TRANSDUÇÃO DE SINAL -Proteínas da família Ras (H, K, N-Ras), proteina G -Activação permanente desta família sem estimulo externo. ONCOPROTEINAS NUCLEARES Actuam como factores de transcrição estimulando a expressão de genes de proteínas essenciais para a progressão do ciclo celular. -Activação permanente independente da transdução de sinal. GENES SUPRESSORES TUMORAIS Proteínas que impedem a continuação do ciclo celular após serem detectadas irregularidades no genoma das células permitem a reparação do DNA ou a destruição da célula por apoptose. FACTORES INTRINSECOS • Genéticos FACTORES EXTRINSECOS • Químicos: Amianto, Alcatrão, Benzeno, Aflatoxinas • Biológicos: Vírus hepatite , Vírus HPV, Vírus EBV, Parasitas • Físicos: RX, UV Promoção • Células já apresentam alterações fenotipicas. Existe alteração morfológica Especializações da Membrana Celular - 54 - Resumo teórico de BioCel Ana Catarina Santos; 2oo6/2oo7 • • Alteração fenotípica celular Progride ou não dependendo de vários factores. CÉLULA NEOPLASICANucleo/citoplasma; nucleos forma e volume irregular; ribossomas; pouco reticulo, mitocondrias, lisossomas. Citoesqueleto organizado para benificiar a migração celular; Poucas especializações de membrana; proteinas membrana transporte glicose. Progressão • Multiplicação das célulasfenotipicamente alteradas Com acomulação de mutações. Invasão: com metástases vasculares P53 – the gatekeeper Tem muita importância no controlo do ciclo celular transição G1-S. Promove a paragem do ciclo celular para reparações do DNA Ou para activação da apoptose. A p53 interage com diversas proteínas para executar a sua função ATM p73 Bax Bcl2. Mas a mais importante é a p21 por inibição Das CDKs (proteinas ciclino dependentes) fase G1 e fase S. Rb1 Relaciona-se com os retinoblastomas daí a sua denominação. Inibe proteínas pertencentes à família E2F que activam a expressão de genes de proteínas necessárias para a fase S como a ciclina E e a Timidilato sintetase. Se a Rb1 não se expressar vai haver um descontrolo na transcrição destas proteínas com activação descontrolada da mitogenese. Apoptose Morte celular programada. Sem inflamação, sem necrose. Evento normal num adulto, morrem por apoptose. 50 biliões de células dia. Necessário para complementar a actividade e o equilíbrio proliferativo normal. FASE DE EXECUÇÃO CASPASES - Cisteinas (C) + aspartato (asp) + enzimas(ases) (clivagem) São proteases (10 tipos que destroem elementos fundamentais da célula como citoesqueleto, membrana nuclear e DNA. Provocam “morte limpa” FASE DE CONTROLE Bcl-2 Encontram-se na membrana externa da mitocôndria evitam libertação para o citosol de citocromo c que activa as caspases Proteinas Transmembranares Bcl-2 -antiapoptotica Bax – pro-apoptotica. (activação se não é possível Corrigir o defeito DNA) Proteínas anti-apoptoticas- IAP (Exp. Survivina-fetal) Fazem parte do mecanismo mesmo em células normais. Especializações da Membrana Celular - 55 -