INFORME PUBLICITÁRIO Resgate da democracia U ma reflexão sobre direitos e uma tentativa de aproximar Justiça e sociedade. Esses dois pontos levaram cientistas políticos, magistrados e movimentos sociais a criar, nesta semana, o Centro de Estudos de Direito e Sociedade (Cedes), ligado ao Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj). Em entrevista, o integrante do Conselho Consultivo do Cedes e diretor da Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional (Fase) Pedro Cláudio Cunca Bocayuva avaliou o novo cenário para a democracia no país e destacou o bloqueio do processo de reforma social: “o programa democrático da Constituição de 1988 não foi posto em prática até hoje; o apartheid social, étnico e territorial brasileiro é visível”. Ampliar a democracia “O Cedes está ligado à questão do acesso à Justiça e à construção de uma cultura de direitos por parte da sociedade civil. É fundamental que o conjunto de reivindicações se traduza no reconhecimento dos sujeitos sociais como portadores de direitos para que a democracia se mantenha viva e a reforma social seja assegurada. Uma das vias de garantia para isso é o acesso à Justiça, que está mais próxima do cidadão. Nesta busca, são importantes uma relação mais estreita e a troca de idéias entre os que trabalham com movimentos sociais, os especialistas em pensar a sociedade e os operadores do Direito. E o Cedes reúne tudo isso: a possibilidade de investigação e de ampliação da democracia a partir do reconhecimento do significado fundamental do Judiciário para a mudança do quadro de conflitos, injustiças e desigualdade. O programa democrático da Constituição de 1988 não foi posto em prática até hoje; o apartheid social, étnico e territorial brasileiro é visível, e a tendência tem sido resolver os conflitos com violência.” PEDRO CLÁUDIO CUNCA: “mudança do quadro de conflitos, injustiças e desigualdade” do pelos interesses do atraso do latifúndio, da política clientelista e dos grandes monopólios e cartéis, além da lógica da globalização pelo alto, que impede um outro tipo de inserção internacional. Quer dizer, o país é obrigado a fazer um conjunto de políticas de ajuste, que o mantém na mesma posição internacional, já que não se mudam as prioridades. Não bastam projetos. É preciso ter políticas, e estas não se efetivaram. O país cresceu aumentando a desigualdade. O desbloqueio não se faz só pelas eleições nem por ações individuais, mas a partir da cidadania mobilizada. A privatização dos interesses anula a dinâmica pública, um problema para a vida democrática. Os interesses individuais também são massacrados quando não é permitida a articulação dos interesses da esfera pública.” Uma linguagem comum “O processo de reforma social no Brasil está bloquea- “É preciso criar uma nova forma de pensar o sentido das relações de governo, que, em grande parte, podem ser baseadas na ressignificação do Direito. Os interesses podem ser passíveis de universalização, principalmente no que se refere a políticas públicas. Ampliar, dar consistência, universalizar o direito à saúde, educação, segurança, trabalho, renda, previdência social e moradia – garantidos hoje, em grande medida, pelo Judiciário. O Direito se insere como a linguagem comum que unifica os movimentos sociais e permite a construção de uma sociedade de bem-estar social.” AGENDA Saúde Justiça de plantão “Direito e Avesso” (TV Record) discute amanhã, às 9h, leis criadas para garantir uma melhor qualidade de vida. Hoje, às 10h45, “Novo Tempo na Justiça” (Rádio MEC – 800 AM) mostra como a Justiça funciona 24 horas. O bloqueio Departamento de Comunicação Social Jornalista responsável: Isabela Palmeira As colunas anteriores estão disponíveis no site www.amaerj.org.br