EsqueletoMonografia- TCC Herpes Zoster final1 2

Propaganda
CENTRO ALPHA DE ENSINO
ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE HOMEOPATIA
LYDIA MARI KANASHIRO SONOHARA
Herpes zoster: tratamento homeopático
São Paulo
2012
LYDIA MARI KANASHIRO SONOHARA
Herpes zoster: tratamento homeopático
Monografia apresentada a ALPHA/APH
como Exigência para obtenção do título
de especialista em Homeopatia.
Orientação: Dra Barbara Susanne
Metzner.
São Paulo
2012
Sonohara, Lydia Mari Kanashiro
Herpes zoster: tratamento homeopático / Lydia
Mari Kanashiro Sonohara . -- São Paulo, 2012.
50f. ; 30 cm ; il.
Monografia – ALPHA/APH, Curso de Pós
Graduação em Homeopatia
Orientador: Dra. Barbara Susanne Metzner
1. Herpes zoster 2. Homeopatia I. Título
Agradecimento
À Dra.Barbara Susanne Metzner pela
sua orientação, paciência e dedicação
para a realização deste trabalho.
À minha Família que me apoiou e
incentivou para conclusão deste trabalho
e do curso de Homeopatia.
Aos meus pais pela orientação,
educação e carinho que foram
primordiais à minha formação.
ii
RESUMO
O Herpes Zoster resulta da reativação do vírus da varicela zoster. A pesquisa
realizada indica uma variedade de medicamentos que podem ser utilizados para o
tratamento Homeopático do mesmo. A importância da Totalidade Sintomática e o
estudo comparado da Matéria Médica ajuda a encontrar o medicamento similimum.
A autora apresenta caso clínico tratado com Rhus toxicodendron para exemplificar.
Palavras chaves: Herpes Zoster; Homeopatia
iii
ABSTRACT
Herpes Zoster results from reativation of Varicella Zoster Virus. The research
indicates a variety of drugs that can be used for the homeopathic treatment. The
importance of Symptomatic Totality and the comparative study of Materia Medica
helps to finding
the “similimum”. We present a clinical case treated with Rhus
toxicodendron.
Keywords: Herpes Zoster; Homeopathy
iv
LISTA DE FIGURAS
Ilustração 1 – Lesão na pele +/- 10dias ........................................................................ 20
Ilustração 2 – Lesão 2 dias após o tratamento ............................................................. 22
Ilustração 3 – Lesão após 14 dias de tratamento .......................................................... 24
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Repertorização ........................................................................................... 13
Tabela 2 – Matéria Medica comparada 1 .................................................................... 18
Tabela 3 – Matéria Médica comparada 2 .................................................................... 19
Tabela 4 – Repertorização dos sintomas ...................................................................... 21
vi
Sumário
1.
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................8
2.
CONCEITUAÇÃO.................................................................................................................................9
3.
MANIFESTAÇÃO CLÍNICA..............................................................................................................10
3.1 SÍNDROME DE RAMSAY HUNT ................................................................................................................. 10
3.2 ENCEFALOPATIA ...................................................................................................................................... 10
3.3 HERPES ZOSTER OFTÁLMICO .................................................................................................................... 11
3.4 COMPLICAÇÕES ....................................................................................................................................... 11
3.4.1
Neuralgia pós- herpética ............................................................................................................... 11
3.4.2
Infecção secundária ....................................................................................................................... 12
3.4.3
Complicações ópticas e oculares................................................................................................... 12
3.4.4
Complicações neurológicas ........................................................................................................... 12
3.4.5
Disseminação sistêmica ................................................................................................................. 12
3.5 TRATAMENTO ALOPÁTICO ....................................................................................................................... 12
4.
HERPES ZOSTER EM HOMEOPATIA ............................................................................................13
4.1 REPERTORIZAÇÃO DA ENTIDADE NOSOLÓGICA “HERPES ZOSTER” ........................................................... 13
4.2 RESULTADO DA REPERTORIZAÇÃO ........................................................................................................... 14
4.2.1
Da entidade nosológica “Herpes Zoster” ..................................................................................... 14
4.2.2
Da rubrica Zoster .......................................................................................................................... 14
4.3 MATÉRIA MÉDICA .................................................................................................................................... 14
4.3.1
Arsenicum album ........................................................................................................................... 14
4.3.2
Hepar sulphur ................................................................................................................................ 15
4.3.3
Lachesis muta ................................................................................................................................ 15
4.3.4
Mercurius solubilis ........................................................................................................................ 15
4.3.5
Mezerium ....................................................................................................................................... 16
4.3.6
Ranunculus bulbosus ..................................................................................................................... 16
4.3.7
Rhus toxicodendron ....................................................................................................................... 17
4.3.8
Sepia succus................................................................................................................................... 17
4.3.9
Silicea terra ................................................................................................................................... 17
4.3.10 Sulphur .......................................................................................................................................... 18
4.4 MATÉRIA MÉDICA COMPARADA ............................................................................................................... 18
5.
CASO CLÍNICO E EVOLUÇÃO ........................................................................................................20
6.
RESULTADO DA PESQUISA ............................................................................................................25
7.
CONCLUSÃO ......................................................................................................................................26
8.
REFERENCIAS ...................................................................................................................................27
vii
8
1. INTRODUÇÃO
O interesse pelo tema “Tratamento Homeopático do Herpes Zoster” ocorreu
após atendimento em clínica privada de casos de Herpes Zoster e observar a
pequena quantidade de trabalhos existentes dentro da especialidade.
Na revisão da maioria dos trabalhos leigos e científicos faz-se referencia aos
medicamentos sem a justificativa de sua escolha.
Foram estudados os dez medicamentos mais cotados na rubrica Zoster após
comparação à rubrica da entidade nosológica do Herpes Zoster.
Cada medicamento, baseado na Matéria Médica, foi descrito com as suas
principais características para escolha do “Similimum”.
O estudo é ilustrado com um caso clínico atendido em clínica privada.
9
2. CONCEITUAÇÃO
Sinonímia: Zoster, Zona
O Herpes zoster (HZ) consiste da reativação do vírus varicela-zoster vírus
que permanece latente na raiz posterior dos gânglios sensitivos após a infecção
primária (varicela) que geralmente ocorre na infância(10,12,15).
Varicela e Zoster são causados pelo mesmo vírus, “herpesvirus varicellae”, o vírus
varicela-zoster
(VZV)(10).
O
ácido
nucleico
fundamental
é
o
DNA
e
é
morfologicamente idêntico ao vírus de herpes simples. É um vírus icosaédrico que
contém 162 capsômeros cercados por um invólucro(1).
É uma doença autolimitada. Com ciclo evolutivo de aproximadamente 15
dias, atingindo homens e mulheres, sendo mais frequente em adultos e idosos(17).
Esta doença é de distribuição mundial, com incidência variando de 2.2 a 3.4 casos
por 1000 habitantes/ano(7). A reativação do vírus está relacionada à idade do
indivíduo quando, neste período, ocorre a queda da cell-mediated immunity para o
VZV. A incidência aumenta para 5–6,5 /1000 habitantes aos 60 anos e, 8-11/ 1000
aos 70 anos(3). São consideradas populações de risco para reativação do VZV os
indivíduos com doenças crônicas, condições de imunossupressão (uso de
medicamentos anti-neoplásicos, imunossupressores, corticoide sistêmico; pacientes
com infecção pelo HIV, neoplasias ativas, transplantados, etc.) e o envelhecimento.
O Zoster em indivíduos jovens pode ser a primeira manifestação da infecção pelo
HIV(3,12).
A reativação do VZV pode levar a várias complicações neurológicas
(meningoencefalites, mielopatias, cerebelites), várias desordens oculares e lesões
e/ou paralisia de nervos cranianos e periféricos (ex. paralisia facial). A complicação
mais comum é a neuralgia pós-herpética (PHN). Todas essas complicações podem
ocorrer sem um rash(3,12).
As regiões mais comprometidas são a torácica (53%), cervical (20%),
trigêmeo (15%) e lombossacral (11%)(17).
10
3. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA
Antes do aparecimento das lesões cutâneas, a grande maioria dos doentes
apresenta dores nevrálgicas, parestesias, ardor e prurido local, acompanhado de
febre, cefaleia e mal estar de início rápido, após um período de incubação de 7 a 12
dias. Em doentes com menos de 30 anos a dor pode ser minima(1,17).
O Herpes zoster é caracterizado por vários grupos de vesículas numa base
eritematosa e edematosa situada unilateralmente, dentro da distribuição de um
nervo espinhal ou canal que vem de um gânglio posterior frequentemente com
alguma transgressão nos neurótomos acima e abaixo, aparecem em placas de
vários tamanhos, as mais largas com até 8 cm de diâmetro(1). As lesões surgem
gradualmente dentro de 2 a 4 dias(17).
As primeiras vesículas contem um soro claro, que depois de alguns dias
pode se tornar soropurulento e após a ruptura, formar crostas. Algumas secam sem
ruptura, outras se tornam hemorrágicas, necróticas, ulceram e escaram tornando-se
gangrenosas(1).
Lesões bolhosas foram observadas em doentes com neoplasias malignas e
lesões verrucosas, em doentes com AIDS(1).
Geralmente o quadro evolui para a cura em 2 a 4 semanas(17).
3.1 SÍNDROME DE RAMSAY HUNT
Caracterizado pelo comprometimento dos nervos faciais e auditivos ( VII e
VIII nervos cranianos) pelo VZV(1).
Apresenta paralisia facial periférica, erupções vesiculares no trajeto dos
nervos comprometidos e sinais e sintomas característicos como vertigens, zumbido,
hipoacusia, náuseas, vômitos e nistagmo. Pode apresentar ainda úlcera de córnea e
até surdez(1,11,12).
3.2 ENCEFALOPATIA
Caracterizada por inflamação do tecido cerebral pelo VZV. Essa condição
está associada a doentes com imunidade comprometida (10) .
O vírus produz vasculopatia e infecta oligodendrócitos e
células do
epêndima, (membrana delgada que reveste os ventrículos cerebrais e o canal
11
central da medula espinhal), levando ao infarto cerebral, desmielinização multifocal e
necrose periventricular(17).
As manifestações da encefalite pelo VZV normalmente ocorrem de 5 a 7
dias após o início do Herpes zoster e incluem cefaleia, vômitos, letargia, déficit
neurológico focal, febre e coma(17).
3.3 HERPES ZOSTER OFTÁLMICO
Este tipo de Herpes zoster acontece quando há comprometimento do ramo
oftálmico do nervo trigêmeo(1). As lesões acometem a área da bochecha ou testa e
se estendem até as pálpebras superiores e inferiores(1).
Os doentes apresentam vermelhidão da conjuntiva, pequenos arranhões na
córnea que podem se infectar, sensibilidade à luz, dor, tumefação e visão
manchada. Em casos graves, pode estar associado a alterações como glaucoma,
formação de catarata e cicatrizes dentro do olho(10,17).
3.4 COMPLICAÇÕES
3.4.1
Neuralgia pós- herpética
A neuralgia pós- herpética é a complicação mais frequente. Observa-se em
10 a 25% dos doentes mais idosos com Herpes zoster e raro em jovens e
crianças(7,10).
A dor é constante, severa, insuportável, em queimação, em facada nos
nervos sensitivos onde estavam as lesões, persistindo por pelo menos 3 meses, por
vezes anos após o término do rash(3).
Ocorre em 30% dos paciente acima dos 40 anos e mais frequente quando o
nervo trigemio está envolvido (10).
A causa da neuralgia pós-herpética é desconhecida(3); estudos mostram que
alguns fatores predispõem ao desenvolvimento deste, como idade avançada, dor
aguda
severa,
doenças
imunossuprimidos(7).
graves,
como
a
neoplasia,
quimioterapia
e
em
12
3.4.2
Infecção secundária
3.4.3
Complicações ópticas e oculares
As complicações podem ser: Paralisia facial e úlcera de córnea(10).
3.4.4
Complicações neurológicas
Seriam aquelas não nevragicas, pós-herpéticas e viscerais.
3.4.5
Disseminação sistêmica
Ocorre principalmente em pessoas idosas ou debilitadas, especialmente
aquelas que sofrem de linfoma maligno, AIDS ou mieloma"(1).
3.5 TRATAMENTO ALOPÁTICO
O tratamento alopático tem como objetivo reduzir a dor aguda, prevenir o
aparecimento de complicações, principalmente a neuralgia pós-herpética e encurtar
a fase aguda. A conduta alopática nos casos de Herpes zoster é a administração de
analgésicos, anti-inflamatórios não hormonais, corticoterapia sistêmica e antivirais
tópicos
e
sistêmicos.
endovenosos(3,6,7).
Em
casos
graves
são
administrados
antivirais
13
4. HERPES ZOSTER EM HOMEOPATIA
4.1 REPERTORIZAÇÃO DA ENTIDADE NOSOLÓGICA “HERPES
ZOSTER”
Medicamento
Arsenicum
Hepar sulphur
Lachesis
Mercurius
Natrium - c
Ranunculus-bulbosus
Rhus toxicodendrun
Sepia
Silicea
Sulphur
S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 cob/pto
3
2 2 2
1
1 1
1
8/13
1
2
1
1
1
5/6
1
2 2 1
1
2
6/9
3
3 1 3 3 1
1
2
8/17
1
1 1
2 1
1
6/7
1
3 1 1
2
5/8
3
3 1 3
1
2
2
7/15
1
2 2 2 3 1
6/11
2
2 3 2 1 1
6/11
2
2 3 3 3 1 1 2
8/17
Tabela 1 - Repertorização
S1= Pele; erupção; tipo herpética, ardentes (1568;II)
S2= Pele; erupção; tipo herpética, neurite pós-herpética (1569; I)
S3= Pele; erupção; tipo herpética, zoster (1569;II)
S4= Pele; erupção; tipo dolorosas (1566; I)
S5= Pele; erupção; tipo herpética crostosas (1568; II)
S6= Pele; erupção; tipo herpética, placas (1569; II)
S7= Pele; erupção vesiculosas, ardentes (1576; I)
S8= Pele; erupção; tipo vesiculosas agrupadas (1576; I)
S9= Pele; erupção; tipo vesiculosas aquosas (1576; I)
S10= Mental; irritabilidade, dor, durante (123; II)
S11= Mental; irritabilidade, sozinho, deseja estar (124; II)
S12= Mental; impaciência, dor, por (101; II)
S13= Sono; insônia, dores, por (1465; II)
14
4.2 RESULTADO DA REPERTORIZAÇÃO
4.2.1
Da entidade nosológica “Herpes Zoster”
Os 10 medicamentos mais cotados após a repertorização dos sintomas da
entidade nosológica Herpes zoster foram:
Sulphur
Mercurius
Arsenicum
Rhus toxicodendron
Sepia
4.2.2
Silicea
Lachesis
Hepar sulphur
Natrium carbonicum
Ranunculus-bulbosus
Da rubrica Zoster
Levando em consideração somente os medicamentos de pontuação 2 e 3 no
“Repertório de Homeopatia”, os medicamentos encontrados na rubrica Zoster
foram:
Arsenicum
Kali bichromicum
Natrium muriaticum
Silicea
Clematis
Kali chloricum
Petroleum
Sulphur
Graphitis
Lachesis
Ranunculus-bulbosus
Hepar sulphur
Mercurius
Rhus-toxicodendron
Iris versicolor
Mezereum
Sepia
Thuya
Variolinum
4.3 MATÉRIA MÉDICA
Levando em conta a relação dos medicamentos encontrados nos dois itens
anteriores, selecionamos aqueles que se repetem para o estudo da Matéria
Médica(4,5,9,13,14).
4.3.1
Arsenicum album
Herpes zoster com vesículas confluentes, dores ardentes como “fogo”
alternando com prurido intenso, que pioram à noite e pelo frio e melhoram pelo calor
local. Acompanhado de ansiedade e inquietude que o faz dar voltas continuamente
na cama ou sair dela e caminhar de um lado para o outro.
15
Sintomas mentais marcantes são: grande prostração; medo de morrer;
desejo de companhia; mentalmente inquieto, mas fisicamente fraco para se mover.
Sintomas gerais: agravação depois da meia-noite (1 às 2 h), com a transpiração, aos
esforços, bebidas e alimentos frios; melhora generalizada pelo calor local (exceto a
dor de cabeça); transpiração noturna, à meia-noite.
4.3.2
Hepar sulphur
As afecções da pele são extremamente sensíveis ao toque e a dor muitas
vezes causa desfalecimento.
Sintomas mentais: hipersensibilidade física e mental, sendo que qualquer
coisa o irrita; age com pressa e fala rápido; piromania.
Sintomas gerais: muito friorento (um dos mais friorentos da matéria médica);
agrava pelo ar frio, deitado sobre o lado dolorido; melhora em tempo úmido,
chuvoso; transpiração ácida, irritante e abundante.
4.3.3
Lachesis muta
As lesões de pele tendem a coloração azulada, com petéquias, prurido
intenso e ardor após coçar e ocorre grande sensibilidade ao toque.
Sintomas mentais: transtorno por pesares duradouros, tristeza, grande loquacidade,
inteligência viva.
Sintomas gerais: tendência a hemorragia; agravação depois do sono, de
manhã ao despertar; melhora com eliminações ou transpiração fria; transpiração
noturna, sanguinolenta, fria, de odor intenso.
4.3.4
Mercurius solubilis
Herpes zoster com lesões vesico-pústulosas que tendem a se ulcerar,
dores dilacerantes agravadas à noite pelo calor da cama, mas também pelo contato
com o ar frio. Apresenta transpiração viscosa noturna que não melhora. Localização
principalmente na face interna e superior das coxas e no ventre.
Sintomas mentais característicos são a pressa (sempre está apressado),
agitação e ansiedade; mau humor, rabugento, desconfiado, briguento; memória
deficiente; sem coragem, sem vontade, abatido.
16
Nos sintomas gerais observa-se a hipersensibilidade à temperaturas
extremas por calor e frio (principalmente ao frio); aversão ao álcool, café, manteiga,
carne, comida quente; transpiração com suor pegajoso, com odor forte e que
mancha de amarelo a roupa. Sede por água gelada.
4.3.5
Mezerium
Herpes zoster muito pruriginoso e ardente como fogo. As vesículas podem
evoluir para úlceras que são recobertas por grossas crostas esbranquiçadas e com
pus ou somente vesículas que secam e ficam recobertas por crostas. Presença de
nevralgia violenta, intolerável que se agrava pelo calor da cama, pelo contato e pela
pressão, com dormência no local. Localização mais frequente é a região torácica. Os
fatores desencadeantes podem ser: aborrecimento; consumo de álcool; vacinas.
Sintoma mental marcante é a melancolia (durante suas atividades habituais),
indiferença a tudo e a todos; também pode apresentar hipocondria; raciocínio
deficiente; desejo de companhia; preocupado com a salvação eterna; zangado por
ninharias.
Sintomas gerais: aversão à carne; desejo de vinho, café, bebidas frias;
agravação pelo frio, de madrugada, por toque ou movimento; transpiração com suor
frio e que arde em partes isoladas.
4.3.6
Ranunculus bulbosus
Herpes zoster com vesículas pruriginosas e ardentes, transparentes e de
coloração
azulada.
Frequentemente
localizado
em
um
espaço
intercostal
acompanhado ou seguido por nevralgia intercostal violenta, em golpes que
aparecem em paroxismos e que pioram com a mudança de tempo. O tórax está
sensível à pressão e pode apresentar dificuldade para respirar. As dores pioram pelo
movimento e respiração profunda. Local mais frequente é o abdome e área
oftálmica.
Sintomas mentais: briguento, medo de fantasmas, olhar fixo em um ponto.
Sintomas gerais: aversão a ficar só; agravação pelo frio, tempo úmido, contato
Melhora sentado dobrando para frente, inclinando um pouco para a esquerda.
17
4.3.7
Rhus toxicodendron
Herpes zoster muito pruriginoso e ardente
sobre placa vermelha e um
pouco edematosa, com secreção que não melhora ao coçar. Piora pelo contato ao
frio e melhora com compressas muito quentes.
Rosto, pálpebras ( zona oftálmica) e tórax são os locais mais frequentes.
Os fatores desencadeantes podem ser a aborrecimento, o frio, estafa, molhar a
cabeça, tomar chuva quando aquecido ou transpiração.
Dentro dos sintomas mentais encontramos uma agitação, ansiedade,
necessidade para mudar de posição várias vezes afim de aliviar a dor, ditatorial,
timido, cansado da vida; prostração; medo da morte.
Sintomas gerais: Agravação antes de tempestade, tempo frio, úmido e
chuvoso; lateralidade direita; melhora expirando, por movimento contínuo, mudança
de posição, enquanto descansa, movimento da parte afetada, tempo quente, seco;
transpiração profusa pela manhã.
4.3.8
Sepia succus
Pode apresentar erupções herpéticas e vesiculosas ao redor da boca e do
queixo.
Sintomas mentais: indiferença (à própria família, em relação a si mesma, à
sua ocupação), ansiedade com medo, irritabilidade, apatia, grande tristeza e choro.
Sintomas gerais: Agravação antes de tempestade, por frio, à tarde ou à
noite; melhora pelo exercício violento, aplicações quentes, sono.
4.3.9
Silicea terra
Sem descrição especifica do Herpes zoster, este medicamento tem grande
poder de controlar processos supurativos (tecidos moles, periósteo ou osso)
amadurecendo abscessos ou reduzindo supuração excessiva.
Sintomas mentais: debilidade nervosa, ditatorial, falta de confiança em si
mesmo, medo de agulhas, ansioso, complacente.
Sintomas gerais: extremamente friorento; agravação pelo frio, durante
menstruação, descobrindo-se (principalmente a cabeça),deitado; melhora pelo calor,
exceto os sintomas gástricos.
18
4.3.10
Sulphur
As erupções na pele apresentam como característica o ardor, prurido e
agravação pelo calor da cama, porém sem descrição especifica do Herpes zoster
Sintomas mentais: impressionável, filósofo, religioso, de temperamento
nervoso, movimentos rápidos, preguiçoso demais para se reerguer e infeliz demais
para viver.
Sintomas gerais: Calorento; agravação quando está em pé, calor da cama;
melhora com tempo seco e quente, deitar-se sobre o lado direito, doces; aversão a
ser lavado ( sempre piora por banho).
4.4 MATÉRIA MÉDICA COMPARADA
Abaixo encontra-se Matéria Médica Comparada de sintomas específicos
para Herpes zoster, porém foram excluídos Silicea e Sulphur por não apresentarem
especificidade.
ARSENICO
HEPAR
LACHESIS
LOCAL MAIS
FREQUENTE
VESÍCULA
MERCURIUS
MEERIUM
RANNUNCULUS
RHUS-T
SEPIA
ABDOMEN; COXA
(INTERNA E
SUPERIOR)
TÓRAX
TÓRAX; ÁREA
OFTÁLMICA
TÓRAX; ÁREA
OFTÁLMICA
PERIORAL; QUEIXO
PRURIGINOSAS;
TRANSPARENTE
CONFLUENTE
CROSTAS
TENDENCIA À
ULCERAÇÃO
ERUPÇÃO
ÚLCERAS
AZULADA COM
PETÉQUIAS
COLORAÇÃO
PRURIDO
ALTERNA/DOR
AZULADA
INTENSO
SENSIBILIDADE À
TOQUE
SENSIBILIDADE À
TOQUE
COMO FOGO
APÓS COÇAR
MELHORA(>)
CALOR LOCAL
TEMPO ÚMIDO
ELIMINAÇÕES;
TRANSPIRAÇÃO
FRIA
PIORA(<)
NOITE; FRIO
AR FRIO
DEPOIS DO SONO;
DE MANHÃ
DOR
ARDOR
GROSSAS E
ESBRANQUIÇADAS
TENDENCIA À
ULCERAÇÃO
Tabela 2 – Matéria Medica comparada 1
INTENSO
SENSIBILIDADE À
TOQUE
SENSIBILIDADE À
TOQUE
INTENSO
SENSIBILIDADE À
TOQUE
COMO FOGO
INTENSO
CALOR LOCAL;
MUDANÇA POSIÇÃO;
EXPIRAÇÃO
NOITE; AR FRIO
CALOR NA CAMA
MOVIMENTO;
RESPIRAÇÃO
PROFUNDA
FRIO; TEMPO
ÚMIDO
CALOR LOCAL;
EXERCÍCIO
VIOLENTO
19
ARSENICUM
HEPAR
LACHESIS
ANSIEDADE
MERC-S
MEZERIUM
RANUNCULUS
ANSIEDADE
INQUIETUDE
INQUIETUDE
SEPIA
ANSIEDADE
INQUIETUDE
PROSTRAÇÃO
PROSTRAÇÃO
MEDO DE MORRER
SINTOMAS CONCOMITANTES
RHUS-T
ANSIEDDE
MEDO DE FANTASMA MEDO DA MORTE
MEDO
DESFALECIMENTO
PIROMANIA
FRIORENTO
LOQUACIDADE
BRIGUENTO
BRIGUENTO
NEVRALGIA VIOLENTA NEVRALGIA VIOLENTA
MELANCOLIA
MELANCOLIA
DITATORIAL
TIMIDEZ
INDIFERENÇA
MAU HUMOR
MAU HUMOR
FATOR
DESENCADEANTE =
ABORRECIMENTO
Tabela 3 – Matéria Médica comparada 2
FATOR
DESENCADEANTE =
ABORRECIMENTO
20
5. CASO CLÍNICO E EVOLUÇÃO
A.I., 53 anos, casado, engenheiro, natural e procedente de São Paulo
# 1ª CONSULTA: 16/01/2012 #
Ilustração 1 – Lesão na pele +/- 10dias
QD: “Com lesão na pele há +/- 10 dias”.
HMA:” Há 2 semanas comecei a sentir uma dor forte no peito do lado direito.
A dor era tão intensa que cheguei a fazer Ressonância Magnética, mas não
deu nada. A 1ª mudança na pele apareceu depois de 4 dias na parte da frente do
peito. Esse local era dormente e cheguei a beliscar, mas ainda não tinha lesão no
local. Está até machucado e com essa casca porque fiquei beliscando. Fui ao
ortopedista por causa da dor e diminuição da sensibilidade neste local.
Depois de 3 dias, de manhã, apareceu a 1ª lesão na pele e aumentou muito
à noite. Quando as bolinhas apareceram, a dor diminuiu.
Agora o local arde muito e melhora quando levanto o braço direito”.
AP: Hipertensão Arterial, Gastrite, Esofagite,
Medicamentos em uso: Esoprazol, Diovan, Higroton, Atenolol
EXAME DERMATOLÓGICO:
21
Lesões localizadas na porção superior do hemitórax direito e cavo axilar
direito caracterizada por placas eritemato- edematosas de 1 à 3 cm, encimadas por
vesículas de 2-3mm, de conteúdo claro, isoladas ou agrupadas em “buquê”. Essas
lesões seguem distribuição linear de um nervo torácico e porção proximal do ulnar.
Exame físico geral: nada digno de nota.
Diagnóstico Clínico: Herpes Zoster
Diagnóstico Miasmático: Psora
Prognóstico Clínico Dinâmico: Funcional
REPERTORIZAÇÃO DOS SINTOMAS
Medicamento
S1 S2 S3 S4 S5 cob/pto
Arsenicum
2 1
1 2
3/4
Graphites
2 1
1
3/4
Mercurius
3 1 1 1 1
5/6
Mezerium
3 2 1 1
4/6
Rhus toxicodendrun 3 1
1
4/7
Sulphur
2 1
1 1
4/5
Tabela 4 – Repertorização dos sintomas
S1) Pele; Erupção, tipo Herpética, zoster (1569-II)
S2) Pele; Erupção, tipo vesículas, ardente (1576- I)
S3) Generalidades; dor, sensação, ardente, como por queimadura (1654-I)
S4) Pele; erupção; tipo vesiculosas aquosas (1576; I)
S5) Pele; erupção; tipo vesiculosas agrupadas (1576; I)
RESULTADO DA REPERTORIZAÇÃO
Os medicamentos encontrados após a repertorização foram:
Arsenicum, Graphites, Mercurius, Mezerium, Rhus toxicodendron, Sulphur.
EXAMES LABORATORIAIS
1) Hemograma: ndn
2) Sorologia para Varicella zoster
22
- IgG: reagente
- IgM: não reagente
PRESCRICÃO:
Rhus toxicodendron 6CH (glóbulos)
- 2 glóbulos de 10/10 minuto por 1 hora. Depois de 30/30 minutos por 2 horas e de
2/2 horas até o retorno.
Os dois medicamentos mais cotatos após a repertorização foram o Mecurius
e o Rhus toxicodendron, porém optou-se pelo Rhus-t.
A escolha deste medicamento foi baseado na Matéria Médica, onde este tem
como sintoma geral de melhoria: movimento, mudança de posição e movendo as
partes afetadas. Seguindo a “Lei da Semelhança”, uma das Leis da Homeopatia,
Rhus-t seria a melhor medicação que cobriria os sintomas locais, gerais e mentais
na qual o paciente citou durante a consulta. Como por exemplo: “melhora quando
levanto o braço direito” ( característico de Rhus-t).
# 2ª CONSULTA: 18/01/12 #
Ilustração 2 – Lesão 2 dias após o tratamento
“Como está se sentindo?”
23
“Passei muito mal, com dor na axila. Parece que está furando. A dor vai para
o peito, parece que estou engasgado.
Estou mais irritado, nervoso, de mau humor, sem paciência. Tenho vontade
de ficar quieto no meu canto, sem conversar com ninguém. A pressão local e água
fria melhoram o ardor.
De manhã acordo com dor, melhora durante o dia e depois piora à noite (+/18-19hs) até dormir. Incomoda mais com o vento. Alivia se tirar a camisa.
Não tenho muito apetite”.
EXAME DERMATOLÓGICO:
Placas com diminuição do eritema e edema;
As vesículas, de conteúdo claro, menos tensas e algumas com total regressão.
PRESCRIÇÃO:
Rhus toxicodendron 6 CH
- 2 glóbulos 4x/dia e diminuir conforme melhora.
# 3ª CONSULTA: 20/01/12 #
Contato por telefone.
“As lesões estão secando e a dor continua, porem menos intensa. Estou tomando
os glóbulos 4x/dia. Continuo irritado.”
Conduta
Suspender Rhus toxicodendron.
# 4ª CONSULTA: 30/01/12 #
24
Ilustração 3 – Lesão após 14 dias de tratamento
“Ficou dolorido até dia 26/01, mas não precisei tomar nenhum analgésico. Agora não
sinto mais nenhuma dor no local.”
EXAME DERMATOLÓGICO:
Lesão peitoral caracterizada por uma placa de +/- 1,5cm com crosta hemática, sem
secreção. Região axilar direita e dorso posterior médio direito com máculas
levemente eritematosas, sem crostas e sem vesículas.
Conduta
Retornar em 30 dias para verificar aparecimento de neurite pós-herpética
(complicação mais frequente de Herpes zoster).
Hidratação no local do Herpes zoster, se necessário.
# 5ª CONSULTA: 23/03/12 #
Contato por telefone.
“Estou bem. Não tenho nenhuma dor no local da Herpes. Ficaram só
algumas manchas”.
Conduta
Alta e retorno se necessário.
25
6. RESULTADO DA PESQUISA
Após repertorização da entidade nosológica Herpes zoster e da rubrica
Zoster (Pele; erupção; tipo herpética, zoster) foram selecionados os dez
medicamentos mais cotados, os mesmos apresentados na rubrica Zoster: Arsenicum
album, Hepar sulphur, Lachesis muta, Mercurius solubilis, Mezerium, Rannunculus
bulbosus, Rhus toxicodendron, Sepia succus, Silicea terra, Sulphur.
Os medicamentos Silicea terra e Sulphur, apesar de terem sidos citados,
não apresentam descrição específica para Herpes zoster.
A escolha do medicamento, para o caso clínico apresentado, baseou-se na
Matéria Médica levando em consideração uma característica importante do
medicamento Rhus-toxicodendron : “melhora da dor ao movimento”.
Na evolução do caso clínico configurou-se a “Lei de Hering” melhorando
primeiro a pele e depois a dor neural ( do sintoma mais recente para o mais antigo).
26
7. CONCLUSÃO
O tratamento homeopático para Herpes zoster apresenta várias opções
de medicamentos, havendo a preocupação de tratar não só a patologia, mas o
indivíduo como um todo.
A descrição, neste trabalho, dos dez medicamentos mais cotados ajuda na
escolha rápida do remédio quando não houver possibilidade imediata de busca do
“Simillimum”.
Através do estudo comparativo em tabela apresentada nota-se o quanto
elaborações desta espécie podem contribuir para rápidas decisões terapêuticas,
tantas vezes necessárias na clínica do profissional homeopata.
Para estudos complementares sugerimos uma avaliação mais detalhada de
cada medicamento com relação a sua manifestação especifica no Herpes zoster,
bem como acompanhamentos clínicos que poderão nos auxiliar tanto na atividade
específica destes como de outros medicamentos.
27
8. REFERENCIAS
1. ARNOLD, H. L.; ODOM, R.B.; LAMES,W. D. Doenças da Pele de Andrews
Dermatologia Clínica, Editora Malone Ltda, 8a edição.
2. BERGERET, C. Homeopatia e Dermatologia, Organização Andrei Editora,
1988.
3. GILDEN,D. Review-Efficacy of zoster vaccine in preventing zoster and
postherpetic neuralgia, Journal of Internal Medicine; 269 (5): 496-506, May
2011.
4. LATHOUD, J. A. Estudos de Matéria Médica Homeopática, Editora Organon,
2010, 3ª edição.
5. METZNER, B. S. Sintomas Característicos da Matéria Médica Homeopática,
Editora Organon, 2006.
6. MIR, M. S. M. Tratamiento del herpes zoster y manejo em Urgencias.
Emergencia 2000; 12: S35-S41.
7. OPSTELTEN, W.; EEKHOT. J.; NEVEN, A. K.; VERHEIJ, T. Clinical ReviewTreatment of herpes zoster. Canadian Family Physician, 54 (3): 373-7, 2008
March.
8. PUSTIGLIONE, M. Guia Terapeutico Homeopático, Editora Organon, 2011.
9. RIBEIRO, A. F. Repertório de Homeopatia, Editora Organon, 2010, 2ª edição.
10. ROOK.; WILKINSON.; EBLING. Textbook of Dermatology, Blackwell,
Blackwell ScienceLtd Editorial Office, Volume II, 6a edição.
11. SAMPAIO, S. A. P.; CASTRO,R. M.; RIVITTI, E. A. Dermatologia Básica,
Editora Artes Médicas, 1987, 3ª edição.
12. SILVA, M. C. A.; ZALTRON, V.F.; WEIS, L.; GUIMARÃES, M. R. Sindrome de
Ramsay Hunt. Med Cutan Iber Lat Am,2010,38(3),121-123.
13. TYLER, M.L. Retratos de Medicamentos Homeopáticos, Volume I e II, Editora
Santos, 1992, 1ª edição em Português.
14. VIJNOVSKY, B. Tratamento Homeopático das Enfermidades Agudas, Editora
Organon, 2005.
28
15. VUJACICH, C.; POGGI, E.; CECCHINI, D.; LUCHETTI, P.; STAMBOULIAN,D.
Articulo Original - Herpes Zoster- Epidemiologia y Clinica. Medicina (Buenos
Aires) 2008; 68: 125-128.
16. WEINBERG, J. M. Herpes zoster: epidemiology, natural history, and common
complications, J Am Acad of Dermatology; 57(6 Suppl): p130-5, 2007 Dec.
17. www.medicinanet.com.br; Aspectos Clínicos e Epidemiológicos.
29
ANEXO
Fotos complementares do caso clínico
1ª Consulta - 16/01/2012
30
2ª Consulta - 18/01/2012
31
4ª Consulta - 30/01/2012
Download