15-10-2014 Revista de Imprensa 15-10-2014 1. (PT) - Público, 15/10/2014, Optimização de cuidados com incontinência deve ser uma prioridade do SNS 1 2. (PT) - Correio da Manhã, 15/10/2014, Pediatras defendem vacina da meningite 2 3. (PT) - Destak - Destak Porto, 15/10/2014, Rastreios grátis ao cancro na Baixa do Porto 3 4. (PT) - Correio do Minho, 15/10/2014, Chef Hélio dá conselhos para uma alimentação saudável 4 5. (PT) - Correio do Minho, 15/10/2014, UMinho apoia Liga Portuguesa Contra o Cancro 5 6. (PT) - Diário de Notícias, 15/10/2014, Ordem dos médicos que Portugal tem maior risco de importar ébola 6 7. (PT) - Jornal de Notícias, 15/10/2014, Ordem dos Médicos arrasa estratégia sobre o ébola 9 8. (PT) - Público, 15/10/2014, Especialista em saúde pública alerta que Portugal não está preparado para lidar com ébola 11 9. (PT) - Público, 15/10/2014, Dentro de mês e meio haverá entre 5000 e 10.000 novos casos de ébola por semana 12 10. (PT) - Correio do Minho, 15/10/2014, Porque é que o ébola é tão mortífero? 14 11. (PT) - i, 15/10/2014, Ébola. OMS alarmada com despiste rápido de casos suspeitos 15 12. (PT) - Diário Económico, 15/10/2014, “Mais ensaios clínicos podem trazer um retorno económico substancial” - Entrevista a Nuno Arantes-Oliveira 17 13. (PT) - Diário Económico, 15/10/2014, Orçamento do Estado para 2015 - Passos revê défice em alta para 2,7% apesar de não ter reduzido sobretaxa 18 A1 ID: 56169654 15-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 46 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 31,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Optimização de cuidados com incontinência deve ser uma prioridade do SNS D Debate Cuidados de saúde João Paulo Nunes ados do relatório Índice Global de Envelhecimento, 2013 indicam que Portugal apresenta uma elevada percentagem (26,6%) de pessoas idosas, sendo expectável que esse valor aumente para 40,4% até 2050, passando de oitavo para segundo lugar relativamente à população idosa, entre 195 países. Num conjunto de dados publicados recentemente pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), sobre a saúde da população portuguesa com 65 ou mais anos de idade, esta entidade alerta para o facto de a diminuição da população activa representar uma consequente diminuição do crescimento económico potencial. Aliada a esta diminuição, surge também um aumento da despesa relativa aos sistemas de pensões, saúde e cuidados a longo prazo, constituindo uma pressão substancial a nível económico para os países. Tendo em conta o crescente envelhecimento da população e dados que mostram que, em alguns países da OCDE, entre 40% e 50% dos gastos com saúde são atribuídos aos idosos e o custo per capita daqueles que possuem mais de 65 anos é três a cinco vezes maior que o dos outros grupos etários, urge a implementação de medidas que ajudem os Estados a garantir os cuidados à população idosa mas também a sustentabilidade dos sistemas de saúde. Atento a esta tendência, o Fórum Global da Incontinência juntou especialistas de todo o mundo para analisar e debater o impacto da doença nos doentes, nos prestadores de cuidados de saúde e na sociedade. Trata-se de uma plataforma de formação e de discussão sobre a incontinência que junta decisores políticos, prestadores de cuidados de saúde e dos serviços de assistência social, organizações não governamentais e especialistas da área médica a nível mundial. Neste encontro, foi apresentado um documento que definiu um modelo de cuidados para esta condição em que foram tecidas recomendações que visam melhorar os cuidados de saúde e ao mesmo tempo reduzir o encargo do sistema de saúde com esta patologia. O documento Especificação do Serviço de Incontinência Ideal, que envolveu um conjunto multidisciplinar de especialistas de todo o mundo, delineia, assim, uma série de princípios baseados em evidência, sobre a melhor forma de organizar os cuidados de proximidade para pessoas com incontinência e reduzir custos para os sistemas de saúde e assistência social. O documento define um modelo com medidas gerais que devem ser adaptadas e aplicadas por cada Governo, orientando as políticas a nível local. Esta apresentação surpreendeu, porque revelou que os profissionais de saúde podem melhorar a dignidade dos doentes e economizar milhões se adoptarem a uma abordagem correcta nos cuidados com a incontinência. Para além de apresentarem este conjunto de medidas, mostraram também a eficácia deste modelo, com um estudo acerca da sua implementação na Holanda. Este estudo económico, elaborado pela Universidade Erasmus, na Holanda, mostra que um melhor caminho de cuidados, que tenha por base os princípios recomendados, se for aplicado a doentes com mais de 65 anos de idade com quatro patologias, poderia poupar ao sistema de saúde holandês 14 milhões de euros num período de três anos, e poupar 106 milhões de euros, no mesmo período de tempo, numa perspectiva social. Sabemos que a incontinência urinária afecta cerca de 20% da população portuguesa com mais de 40 anos e que a sua incidência aumenta com o envelhecimento. Sabemos também que a incontinência tem um grande impacto na qualidade de vida das pessoas, com realce no nível económico, com elevados custos directos, indirectos e intangíveis. Neste sentido, e tendo em conta, também, a condição económica que Portugal tem enfrentado e todas as questões levantadas relativamente à sustentabilidade do nosso Serviço Nacional de Saúde, não será já tempo de Portugal analisar a viabilidade da implementação de algumas destas medidas que permitem melhorar os cuidados, ao mesmo tempo que os tornamos mais custo-eficientes? Os princípios básicos do modelo apresentado no documento Especificação do Serviço de Incontinência Ideal, assentam numa optimização dos recursos utilizados, Temos de encarar a incontinência urinária como o real problema que representa, seja, prioritariamente, a nível individual pelo impacto na vida das pessoas que sofrem da condição e respectivos familiares, seja pelo impacto nos sistemas de saúde na equidade de acesso e tratamento, nos cuidados centrados no doente, na defesa das normas profissionais e da gestão clínica. Recomenda uma abordagem integrada dos cuidados de incontinência e define um sistema modular específico destinado a orientar o paciente através de todas as fases necessárias, desde a detecção dos sintomas até à avaliação adequada e tratamento. Os especialistas envolvidos na elaboração das recomendações chegaram à conclusão de que a incontinência não tem sido uma prioridade para os sistemas de saúde e que a tendência tem sido de redução dos recursos disponíveis para estes cuidados. Alertase, ainda, para a falta de profissionais com formação específica nesta área. O estudo sugere que deveriam existir especialistas com formação em incontinência, como, por exemplo, enfermeiros que funcionem como cocoordenadores da gestão da doença e que acompanhem todo o processo, desde o diagnóstico e tratamento do doente. Propõe, igualmente que o enfermeiro faça a coordenação, também, junto dos vários especialistas, num modelo que seja, assumidamente, centrado no doente. O relatório sugere, também, o estabelecimento de programas credenciados de formação para enfermeiros e outros profissionais de saúde ou de assistência social, e o estabelecimento de processos de avaliação abrangentes e padronizados para responder às necessidades dos doentes e dos cuidadores em relação a produtos para a incontinência. Outra medida bastante destacada no relatório é a promoção da autogestão da doença, através da utilização da telemedicina. No documento, os especialistas destacam ainda a importância de medir e avaliar constantemente os resultados obtidos e reconhecer os bons exemplos. Estima-se que 600 mil portugueses sofram com a doença e especialistas alertam que estes dados são apenas “a ponta do icebergue”, porque a tendência é que venham a aumentar exponencialmente com o envelhecimento progressivo da população. Trata-se, pois, de um problema sub-relatado e subtratado que impõe uma carga considerável na qualidade de vida dos doentes e dos seus cuidadores, bem como ao Estado e prestadores de saúde. Temos, pois, de encarar a incontinência urinária como o real problema que representa, seja, prioritariamente, a nível individual pelo impacto na vida das pessoas que sofrem da condição e respectivos familiares, seja pelo impacto nos sistemas de saúde. Não será tempo de o Estado, de forma global, e o Serviço Nacional de Saúde, em particular, darem prioridade e analisarem a melhor forma de adaptar localmente estas recomendações, que podem trazer melhorias substanciais para as pessoas, para os cuidadores e para os custos associados a esta doença? Director da Escola Superior de Enfermagem São Francisco das Misericórdias PAULO PIMENTA Página 1 A2 ID: 56169293 15-10-2014 Tiragem: 150542 Pág: 20 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 16,16 x 8,30 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Página 2 Destak Porto A3 ID: 56170822 15-10-2014 Tiragem: 135000 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,68 x 6,11 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 SAÚDE Rastreios grátis ao cancro na Baixa do Porto Um rastreio gratuito ao cancro de cabeça e do pescoço vai decorrer hoje, entre as 10h e as 14h, na praça Gomes Teixeira, no Porto, realizado pormédicos especialistas. O consumo excessivo querde tabaco querde álcool está entre os fatores de risco desta doença. Página 3 A4 ID: 56171663 15-10-2014 Tiragem: 8000 Pág: 8 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,24 x 4,69 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 Hospital de Braga ‘Chef’ Hélio dá conselhos para uma alimentação saudável O ‘chef’ de cozinha Hélio Loureiro, conhecido por ser o responsável pela alimentação dos jogadores da selecção nacional de futebol, realiza hoje, na entrada principal do Hospital de Braga, uma demonstração de receitas simplese saudáveis. O encontro está marcado para as 10.30 horas e assinala o Dia Mundial da Alimentação, que se comemora amanhã. Página 4 A5 ID: 56171581 15-10-2014 Tiragem: 8000 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 7,53 x 9,39 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 Com o apoio do Lions Clube de Braga UMinho apoia Liga Portuguesa Contra o Cancro A Universidade do Minho (UMinho), através dos Serviços de Acção Social e da associação académica, juntamente com o Lions Clube de Braga (LCB), vai realizar um peditório, junto da comunidade estudantil, um peditório a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro. A inciativa decorre de entre os dias 27 e 31 de Outubro nos ‘campi’ de Gualtar e Azurém (Guimarães). Depois dessa data, e até ao dia 2 de Novembro, o peditório transfere-se para as zonas comerciais, igrejas e freguesias de Braga e Guimarães. Refira-se que no ano lectivo anterior o LCB entregou 50 bolsas de estudo a estudantes carenciados da UMinho, num total de cerca de 50 mil euros. A acção volta a repetir-se este ano lectivo. Página 5 A6 ID: 56168878 15-10-2014 Tiragem: 31420 Pág: 4 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,30 x 31,87 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3 Página 6 ID: 56168878 15-10-2014 Tiragem: 31420 Pág: 5 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,30 x 30,78 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 3 Página 7 ID: 56168878 15-10-2014 Tiragem: 31420 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 11,62 x 9,98 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3 Página 8 A9 ID: 56169085 15-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,30 x 22,48 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Página 9 ID: 56169085 15-10-2014 Tiragem: 82492 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,41 x 3,57 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Página 10 A11 ID: 56169562 15-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 13 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 15,95 x 30,41 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 ENRIC VIVES RUBIO Pôr a tónica numa intervenção centrada apenas nos serviços hospitalares é estratégia errada, diz Ordem Especialista em saúde pública alerta que Portugal não está preparado para lidar com ébola Saúde Alexandra Campos Ordem dos Médicos divulga parecer que critica “mensagens de enganadora tranquilidade” das autoridades nacionais A direcção do Colégio da Especialidade de Saúde Pública da Ordem dos Médicos (OM) está preocupada com a forma como as autoridades de Saúde portuguesas têm lidado com o problema da infecção pelo vírus de ébola e considera que têm passado “mensagens de enganosa tranquilidade” à população. Hoje, o directorgeral da Saúde, Francisco George, vai ao Parlamento clarificar as medidas que têm sido tomadas para enfrentar o problema. Num parecer muito crítico relativamente ao que tem sido feito até à data em Portugal para enfrentar a eventual entrada de doentes com ébola, Pedro Serrano, que preside a este grupo de especialistas e assina o documento divulgado no site da Ordem, defende que o país não está preparado para lidar com a possibilidade de importação de casos, um “risco teórico” que é “alto”, no seu entender, dadas as relações de proximidade com os países africanos de língua oficial portuguesa. Pôr a tónica numa intervenção centrada apenas nos serviços hospitalares (em Portugal há três hospitais, dois em Lisboa e um no Porto, preparados para isolar casos suspeitos) é uma estratégia “errada”, acentua o médico, enquanto defende que se deve montar ou reforçar “uma apertada vigilância dos aeroportos e portos”. Pedro Serrano pergunta, a propósito, onde está e como pode ser consultado o plano de contingência nacional, como se articulam os vários níveis de cuidados de saúde do país, e se a rede nacional de serviços de saúde pública já está activada para a vigilância epidemiológica de casos que venham a surgir. Recordando a experiência da gripe pandémica, altura em que foi montada uma estrutura, criados circuitos e oleada uma máquina para “enfrentar uma epidemia à escala global”, o especialista em saúde pública propõe que tudo isto seja aproveitado e reactivado. Ao mesmo tempo, lamenta que até agora não tenha chegado ao conhecimento do público ou da generalidade dos profissionais de saúde “nenhuma orientação, integrada e global, que inclua desde uma estratégia nacional para lidar com o problema até à emissão de informação que responda às perguntas e ansiedades”. Um eventual caso de ébola “não vai chegar com uma bandeirinha a assinalá-lo ao aeroporto da Portela, onde logo chegará uma ambulância do INEM, que o levará sem demora ao Curry Cabral [hospital de referência para casos suspeitos em Lisboa], onde espera por ele um quarto isolado e apetrechado”, caricaturiza Pedro Serrano, lembrando que o que a realidade tem vindo a demonstrar nos últimos tempos é bem diferente. “Como nos foi dado ver, primeiro nos Estados Unidos e logo em seguida em Espanha, nem os países com meios técnicos mais sofisticados conseguiram lidar eficazmente com apenas um caso de ébola”, faz notar (ver notícia na página 29). O médico propõe ainda que se crie uma base de dados com os portugueses que residem nos países considerados de risco para monitorizar as suas deslocações e para lhes fazer chegar informações sobre medidas a adoptar. Depois de na semana passada ter considerado que Portugal está razoavelmente preparado para lidar com este fenómeno, o bastonário da OM, José Manuel Silva, mostra-se agora mais cauteloso. O caso da doente que suspeitava estar infectada e que no domingo se dirigiu pelo seu pé para o Hospital de S. João, no Porto, depois de ter passado por uma unidade de saúde privada, veio provar, frisa, que são necessárias “medidas para além da publicação de brochuras e protocolos”. Página 11 A12 ID: 56169546 15-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 29 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 15,95 x 30,68 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Dentro de mês e meio haverá entre 5000 e 10.000 novos casos de ébola por semana AFOLABI SOTUNDE/REUTERS Epidemia Ana Gomes Ferreira A OMS divulgou números novos e devastadores. Travar a propagação geográfica é o objectivo ambicioso, mas urgente Os números são brutais, mostram a gravidade da doença e a rapidez com que se propaga. Segundo a Organização Mundial de Saúde, no início de Dezembro — ou seja, dentro de escasso mês e meio — deverá haver entre cinco mil e dez mil novos casos de ébola por semana. A taxa de mortalidade, essa, estimase que continue a ser muito elevada — 70% nos países mais afectados, a Libéria, a Serra Leoa e a GuinéConacri. Os novos números foram divulgados ontem, horas antes de o Conselho de Segurança das Nações Unidas se reunir de emergência para debater a doença e formas concertadas de combater a sua propagação (ver pág. 13). “No início de Dezembro, podemos ter entre cinco mil e dez mil novos casos por semana”, disse em Nova Iorque o director adjunto da OMS, Bruce Aylward. Será um aumento substancial no número de pessoas infectadas, uma vez que, neste momento, estão a ser referenciados mil novos casos por semana. A epidemia do ébola, doença que está a infectar e a matar sobretudo na África ocidental — mas já chegou aos Estados Unidos e à Europa —, matou até ontem 4447 pessoas em 8914 infectadas. Aylward explicou, porém, que estes números falham por defeito, uma vez que há uma grande quantidade de casos não registados. O número real de infectados nas capitais dos três países mais afectados deverá ser bastante maior — 1,5 maior na Guiné, duas vezes mais na Serra Leoa e 2,5 vezes mais na Libéria. “Para este grupo de pessoas [da África Ocidental] que sabemos estarem doentes e cuja sorte conhecemos, a taxa de mortalidade é de 70%, sendo este número idêntico para os três países”, disse o director adjunto da OMS, que é o responsável pela acção no terreno desta agência da ONU. A avalanche de números terríveis foi usada por Bruce Aylward para explicar que o mundo tem de se Senegal e Nigéria poderão ser declarados livres da epidemia concertar para combater, em bloco e de forma eficaz, esta epidemia. A comunidade internacional, disse em tom crítico, tem de “dar provas de maior determinação para responder de forma decisiva”. Além da reunião no Conselho de Segurança, está prevista outra reunião de alto nível para debater formas de controlo e combate à doença — hoje, em Bruxelas, juntam-se os ministros da Saúde dos países da União Europeia e entre os temas em debate estarão o reforço dos controlos alfandegários (aeroportos, portos e rede ferroviária) e um maior esforço de coordenação na prevenção. As Nações Unidas traçaram já um A doença que está a infectar e a matar sobretudo na África ocidental já matou 4447 pessoas em 8914 infectadas. Mas estes números falham por defeito e na realidade são superiores — 1,5 mais na Guiné, duas vezes mais na Serra Leoa e 2,5 vezes mais na Libéria objectivo, ambicioso, e que exige acções concertadas entre os países: travar a expansão da doença até 1 de Dezembro, a data em que o número de casos vai aumentar exponencialmente. Para isso, quer criar mecanismos de segurança para o enterro dos mortos e garantir o isolamento de pelo menos 70% dos casos suspeitos. “É um projecto muito ambicioso”, disse Aylward, considerando que a “propagação geográfica é um dos maiores desafios”. O número de doentes continua a aumentar nos países da África Ocidental, apesar de ontem um comunicado da OMS referir que no Senegal e na Nigéria não surgiram novos casos e que os países poderão ser considerados livres da epidemia. O último caso registado nestes países data de há 42 dias. “Se a vigilância continuar e se não for detectado outro caso, a OMS poderá declarar o fim da epidemia na Nigéria a 17 de Outubro e no Senegal a 22”, diz o comunicado. A Europa e os Estados Unidos já têm mortos — pessoas que contactaram com a doença em África ou que lidaram com doentes transferidos para hospitais europeus. Sabe-se que o doente que morreu nos EUA e a auxiliar de enfermagem infectada em Espanha — e cuja situação é “preocupante”, mas que denotou melhoras — contraíram o vírus devido a falhas no protocolo de segurança. A mais recente vítima do ébola a morrer na Europa foi um sudanês, funcionário da ONU, que chegou a Leipzig (Alemanha) na semana passada, proveniente da Libéria. Página 12 ID: 56169546 15-10-2014 Tiragem: 36230 Pág: 1 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 5,27 x 4,74 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 OMS prevê até dez mil novos casos de ébola por semana Organização Mundial de Saúde projecta cenário para daqui a seis semanas em África. E Portugal estará preparado? p13 e 29 Página 13 A14 ID: 56172416 15-10-2014 Tiragem: 8000 Pág: 29 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 22,09 x 35,24 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 Opinião PORQUE É QUE O ÉBOLA É TÃO MORTÍFERO? CIÊNCIA VIVA | ANTÓNIO PIEDADE* O s surtos de doença causados pelo vírus do Ébola podem atingir taxas de mortalidade entre 50 a 90%. Ou seja, em cada dez pessoas infectadas nove podem morrer! Decorre na Costa Ocidental de África, desde fevereiro de 2014, um surto de doença por Vírus Ébola que já vitimou mais de três mil pessoas. E alguns especialistas temem pelo disseminar do vírus à escala planetária. Pode ser uma questão de tempo se não forem tomadas medidas de saúde adequadas. O risco para os países europeus é considerado baixo. No entanto, a DireçãoGeral da Saúde disponibiliza, no seu portal (http://www.dgs.pt/paginas-de-sistema/saude-de-a-a-z/ebola.aspx), documentação com medidas de prevenção. O que é o Ébola? Trata-se de uma doença grave, frequentemente mortal. Os sintomas, que têm início entre dois a 21 dias após a infecção pelo vírus Ébola, englobam uma febre súbita superior a 38,6 °C, debilidade, dores musculares e de garganta. E estes são só os sintomas iniciais. A fase seguinte da doença carateriza-se por vómitos, náuseas, diarreia e em alguns casos, hemorragias tanto internas como externas, acompanhada por insuficiência de vários órgãos, entre eles o fígado e os rins. Foram estes sintomas extremos que deram primeiramente o nome à doença como febre hemorrágica Ébola (FHE). O vírus Ébola Ébola é uma doença causada por um vírus, do género Ebolavirus. O vírus foi detectado pela primeira vez em 1976 em dois surtos simultâneos ocorridos em Nzara (Sudão) e Yambuku (República Democrática do Congo). Como a aldeia em que se registou um dos surtos está situada perto do rio Ébola, o vírus ficou com este nome. A febre hemorrágica ébola é provocada por quatro das cinco espécies de vírus classificadas no género Ebolavirus, família Filoviridae, ordem Mononegavirales. As quatro espécies patogénicas são o Ebolavirus zaire, Ebolavirus sudan, Ebolavirus bundibugyo e o Ebolavirus taïforest. O quinto vírus, a espécie Ebolavirus reston, não aparenta provocar a doença em seres humanos. Transmissão Considera-se que o reservatório natural do vírus em África são algumas espécies de morcegos frugívoros (que se alimentam de frutas), em particular Hypsignathus monstrosus, Epomops franqueti e Myonycteris Torquata. Por isso, a distribuição geográfica dos Ebolavirus pode ser coincidente com a dos morcegos referidos. Em África estão documentados ainda casos de infecção associados à manipulação de outros animais como sejam chimpanzés, gorilas, macacos, antílopes e porcos-espinhos infectados, que tinham sido encontrados mortos ou doentes na selva. Destes hospedeiros naturais o vírus é transmitido para a população humana através do contacto com órgãos, sangue, secreções e outros líquidos corporais dos animais infectados. Como é que o vírus passa dos morcegos para os outros animais? Os morcegos mordem a fruta e contaminam-na com saliva, fruta essa que é depois recolhida e comida por mamíferos terrestres como os gorilas. Esta cadeia de eventos constitui um possível meio de transmissão indireta entre o hospedeiro natural e as populações animais, pelo que a investigação tem-se focado na saliva dos morcegos. Posteriormente o vírus propaga-se dentro da comunidade humana pela transmissão pessoa a pessoa, através do contacto com sangue, secreções, tecidos, órgãos ou líquidos orgânicos de pessoas doentes e mortas. Também pode haver transmissão da infecção através do contacto de mucosas ou lesões da pele com superfícies ou objectos contaminados com fluídos orgânicos de um doente, como seja a sua urina ou o seu suor. O vírus é extremamente infeccioso mas o mecanismo da infecção ainda é mal compreendido. Mecanismo da infecção Os principais alvos da infecção do vírus Ébola são as células endoteliais que recobrem os órgãos e o interior dos vasos sanguíneos, um tipo de glóbulos brancos (os fagócitos mononucleares), e os hepatócitos (células do fígado). As células infectadas são “forçadas” pelo vírus a sintetizar uma proteína (em rigor uma glicoproteína) denominada glicoproteína do vírus do ébola (GP). A GP forma um complexo que liga o vírus às células endoteliais que revestem a superfície interior dos vasos sanguíneos. A GP interfere ainda com a sinalização entre certos tipos de glóbulos brancos, o que permite ao vírus esquivar-se do sistema imunitário, o que reduz a capacidade deste em lutar contra o vírus. Os glóbulos brancos infectados potenciam o transporte do vírus pelo corpo do hospedeiro, depositando-o nos gânglios linfáticos, fígado, pulmões e baço. A infecção das células endoteliais provoca a perda de integridade da parede dos vasos sanguíneos, o que potencia as hemorragias internas e externas. A infecção de tantos ti- pos de células diferentes em vários órgãos é uma das razões para a alta mortalidade causada pelo vírus Ébola. Prevenção e tratamento Não há vacina contra o vírus Ébola. Estão a ser experimentadas algumas possibilidades em animais modelos, mas ainda nenhuma está disponível para uso clínico. A existência de uma vacina permitiria ajudar o sistema imunitário a identificar e eliminar o vírus Ébola logo depois da infecção e reduzir o contágio. Também não há nenhum tratamento farmacológico específico, apesar de algumas drogas experimentais estarem a ser testadas em casos extremos. Os casos graves requerem cuidados intensivos. Os doentes são afectados por uma desidratação intensa pelo que um dos tratamentos é a sua reidratação por via intravenosa ou oral com soluções que contenham electrólitos. Risco de infeção pelo vírus Ébola e como o evitar É preciso dizer que o risco de infeção pelo vírus Ébola é muito baixo mesmo para quem vive em zonas afetadas ou tiver viajado para essas zonas, exceto se houver exposição direta a fluidos corporais de pessoas ou animais infetados, mortos ou vivos. O contacto com fluidos corporais inclui o contacto sexual não protegido com doentes, até três meses depois de estes terem recuperado da doença. A Direcção Geral de Saúde (DGS) afirma que “o contacto ocasional em locais públicos com pessoas que não pareçam estar doentes não transmite o vírus. Os mosquitos também não transmitem o vírus Ébola. Não há evidência de transmissão por aerossol deste vírus, como acontece com o vírus da gripe.” Apesar da sua virulência, o vírus Ébola é facilmente destruído pela utilização de sabão, lixívia, pela ação da luz solar e por temperatura elevada ou secagem. Por exemplo, e segundo a DGS, a lavagem na máquina de vestuário que tenha sido contaminado com fluidos destrói o vírus. O vírus Ébola sobrevive apenas por pouco tempo em superfícies que estejam expostas ao sol ou que tenham secado. Contudo, pode sobreviver por mais tempo em roupas ou tecidos que foram manchados com sangue ou outros fluidos corporais. A Direcção Geral de Saúde aconselha que em caso de suspeita de ébola, ligue primeiro para a Linha de Saúde 24. Siga os procedimentos que lhe serão indicados. Não se dirija a um hospital ou centro de saúde usando transportes públicos. Página 14 * Bioquímico e Comunicador de Ciências A15 ID: 56168983 15-10-2014 Tiragem: 16000 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 14,57 x 29,34 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Página 15 ID: 56168983 15-10-2014 Tiragem: 16000 Pág: 7 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,39 x 29,17 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Página 16 A17 ID: 56169522 15-10-2014 Tiragem: 13613 Pág: 16 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 23,00 x 26,50 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 ENTREVISTA NUNO ARANTES-OLIVEIRA Presidente da P-BIO, Associação Portuguesa de Biotecnologia “Mais ensaios clínicos podem trazer um retorno económico substancial” Biotecnologia Investigação, desenvolvimento e produção de medicamentos para doenças raras dinamizam a economia. [email protected] O presidente da P-Bio explica como é possível fomentar a criação de novas empresas nesta área e a importância dos medicamentos órfãos para o desenvolvimento da ciência e da economia em Portugal. O que são medicamentos órfãos e que importância têm? Medicamentos órfãos são produtos destinados a diagnosticar, prevenir ou tratar doenças que representam perigo de vida, ou que são graves e crónicas, mas que só afectam uma pequena percentagem da população – por exemplo na Europa até cinco pessoas em cada dez mil. Ou seja, salvam vidas mas têm um mercado muito pequeno. São portanto produtos cujas receitas dificilmente conseguem justificar o investimento necessário sem que haja enquadramentos ou incentivos especiais. Temos condições para atrair investimento de empresas que os produzam? Sim e não. Já há empresas produtoras de medicamentos órfãos a investir em Portugal, incluindo membros da P-BIO. Se falarmos em investimento em I&D, que é uma grande parte do orçamento de empresas de biotecnologia nesta área (e noutras), existem algumas condições favoráveis. Existe uma população de cientistas jovem bem treinada e uma comunidade médica bem preparada. Existem centros com algumas boas condições de base para investigação clínica e, em alguns casos específicos, registos e bases de dados competitivos. No entanto, é difícil competir com algumas condições oferecidas por outros países, por exemplo ao nível fiscal, para atrair investimento em I&D, e existem dificuldades organizacionais que dificultam a implementação e execução eficiente de ensaios clínicos. É o que nos falta para atrair investimento nesta área? O que falta a Portugal é ser mais atractivo que os outros países onde uma empresa deste sector possa investir. O que isso significa, falando da área da biotecnologia como um todo, é que, não podendo hoje competir com outras regiões ao nível, por exemplo, dos benefícios fiscais ao investimento em I&D ou da tradição acumulada nesta área, Portugal tem de se diferenciar por outros meios. “ É necessário apostar em ‘projectos-bandeira’ que poderão vir a fortalecer-se a longo prazo, traduzindo-se em investimento em pessoas, grupos e instituições concretas. CONFERÊNCIA Doenças Raras A conferência internacional sobre medicamentos órfãos e doenças raras realiza-se sexta-feira, dia 17, no Hotel Sana, em Lisboa, numa organização da P-Bio. Em debate vão estar temas como “Atrair Investimento e Financiamento”, “Criar Valor Económico através da Investigação Clínica” e “O Valor Acrescentado da Biotecnologia e dos Medicamentos Órfãos. Como? É importante ultrapassar obstáculos organizacionais e burocráticos para permitir a empresas estrangeiras “entrarem” facilmente nos nossos hospitais e para fazer com que estes tenham capacidade de resposta às solicitações daquelas. É necessário criar um ecossistema, ao nível da investigação, favorável à interacção com as empresas, o que passa por saber preparar e orientar os investigadores e os seus projectos para a defesa do valor comercial ou económico que estes porventura tenham (sem prejuízo do valor científico). A meu ver também é necessário apostar num número limitado de “projectos-bandeira”, mobilizadores dos melhores recursos nacionais que poderão vir a fortalecer-se a longo prazo, traduzindo-se em investimento em pessoas, grupos e instituições concretas. É possível ter ‘start-ups’ a produzir medicamentos órfãos no nosso país? Sim, é possível. Algumas das condições estão criadas e já existem ‘start-ups’ nesta área entre os membros da P-BIO. Existe em Portugal uma camada de doutorados e investigadores abaixo dos 40-45 anos com boas ideias e treinados, muitos deles em universidades estrangeiras, onde é comum os cientistas aproveitarem os resultados dos seus trabalhos para lançarem projectos empresariais. Vários centros de investigação portugueses hoje promovem esse tipo de “saída” e existem alguns, como o Biocant, em que as ideias de negócio podem ser incubadas e aceleradas. Existem também alguns pequenos investidores privados de capital de risco, e um ou dois investidores maiores ligados ao Estado, com interesse em apostar nas fases iniciais das empresas de biotecnologia. O que falta, então? O que não há ainda é um historial de sucesso que dê real credibilidade ao sector, e faltam algumas competências de interface entre as ciências “da Nuno Arantes-Oliveira diz que existem centros de investigação onde as ideias de negócio podem ser incubadas e aceleradas. vida” (biologia, biomedicina, farmácia) e a actividade empresarial. Também não existem ainda, em Portugal, investidores especializados com escala suficiente para levarem estas empresas – cujos ciclos de desenvolvimento são longos e de capital intensivo – até ao mercado. Isto significa que as empresas têm sempre de competir por capital estrangeiro a partir de uma determinada fase de desenvolvimento. Portugal pode realizar mais ensaios clínicos deste tipo de medicamentos? A oportunidade existe, sem dúvida, se pensarmos que o número de empresas a desenvolver medicamentos órfãos é cada vez maior, tal como é o número destes medicamentos a entrarem na fase de desenvolvimento clínico pelo Mundo fora. Por outro lado, é hoje claro que a actividade de ensaios clínicos, se bem estruturada, pode trazer um retorno económico substancial – dois euros por cada euro investido, segundo alguns estudos. Parece-me que o desafio passa por enraizar este tipo de actividade nos hábitos dos profissionais e das instituições. Mas também é de enorme importância não permitir o surgimento de situações que façam com que as multinacionais que investem no país percam o interesse e queiram sair de Portugal. Será extremamente difícil atrair investimento em I&D de empresas cujo interesse comercial no país tenha diminuído. ■ Página 17 Foto cedida por P-BIO Francisco Ferreira da Silva A18 ID: 56169482 OE 2015 15-10-2014 Tiragem: 13613 Pág: 4 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 23,00 x 27,35 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 7 DESTAQUE ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2015 Passos revê défice em alta para 2,7% apesar de não ter reduzido sobretaxa Orçamento Um dia antes da entrega do Orçamento, o primeiro-ministro anunciou uma revisão em alta da meta do défice. O Governo ainda não tem o aval de Bruxelas, mas está confiante. Marta Moitinho Oliveira [email protected] O Governo reviu em alta a meta do défice para o próximo ano, apesar de não ter avançado com uma redução na sobretaxa do IRS. Além disso, não conseguiu evitar a adopção de mais medidas de contenção, que a ministra das Finanças apresenta hoje. A nova meta, que aponta para um défice igual a 2,7% do PIB em vez dos 2,5% combinados com a ‘troika’, ainda não teve o aval de Bruxelas, mas o Governo acredita que a Comissão não levantará problemas, sabe o Diário Económico. O anúncio da nova meta do défice para o próximo ano foi feito ontem pelo primeiro-ministro, na véspera da entrega do documento no Parlamento. Passos Coelho sublinhou o progresso feito na redução do défice em relação à herança que recebeu do Executivo anterior (em 2010 andava pelos 10%) e destacou que 2015 será o primeiro (em 15 anos) em que Portugal terá um défice abaixo do limite dos 3% imposto pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento. No entanto, o novo objectivo de défice para 2015 implica uma revisão em alta de 0,2 pontos percentuais do PIB. A meta acordada com a ‘troika’ determinava uma diminuição do défice dos 4% previstos para 2014 para 2,5%. Além disso, o Governo piora os objectivos orçamentais, apesar de não se ter comprometido com uma redução da sobretaxa de IRS, o que significa que o Executivo não está a rever a meta em alta para baixar impostos, até porque as outras mexidas no IRS (coeficiente conjugal e outras) terão de ser compensadas com as receitas adicionais obtidas com a reforma da fiscalidade verde. E ontem, o primeiro-ministro deixou a indicação de que a ministra das Finanças apresentará hoje medidas adicionais de contenção. “A opção [de rever a meta em alta] não apresenta medidas adicionais além das que serão apresentadas amanhã pela ministra das Finanças”. No Parlamento, a ministra das Finanças reuniu-se com os partidos e aproveitou o primeiro encontro com o PCP para justificar a opção de fixar uma meta mais alta para o défice. Segundo o líder parlamentar, João Oliveira, os “elementos de ponderação” adiantados pela governante no encontro (que decorreu à porta fechada) foram a “avaliação da credibilidade externa” e “o que podia significar um aumento de impostos”. Leia-se: o Governo prejudicou a meta orçamental para evitar um aumento de impostos. É que “fazer finca pé exactamente nos 2,5% significaria fanatismo orçamental”, resumiu Passos Coelho horas depois. A explicar este revisão em alta (mesmo sem alívio na sobretaxa) está, segundo o Executivo, a reavaliação do impacto dos chumbos do Tribunal de Constitucional. O “ Fazer finca pé exactamente nos 2,5% [de défice para 2015] significaria fanatismo orçamental. Pedro Passos Coelho Primeiro-ministro Executivo estimava um impacto negativo de 1.100 milhões de euros, mas uma actualização das contas apontou para 1.400 milhões de euros. O Governo está confiante de que a nova meta terá o aval de Bruxelas, tendo em conta que Portugal foi um “bom aluno” disse a ministra das Finanças numa das reuniões com os partidos, segundo o relato feito por um deputado ao Económico - e que se comprometeu com as reformas estruturais, acrescenta fonte governamental. Alívio no défice não convence oposição No entanto, o alívio nos objectivos de consolidação orçamental não convenceu a oposição. A revisão em alta do défice acontece “meramente” porque o Executivo “não teve outro remédio”, disse o líder parlamentar do PS, depois do encontro da delegação do PS. Eduardo Ferro Rodrigues adiantou que “mesmo assim [a redução de 4% para 2,7%] representa um esforço extremamente duro” e lembrou que ainda falta ver o que vai acontecer do lado da despesa. Para o PS, este será um Orçamento “de esgotamento do país”. Bloco de Esquerda e PCP salientaram que o Orçamento para 2015 alinha pela mesma política que os de anos anteriores, apesar de a ‘troika’ já ter saído. O comunista João Oliveira que considerou que a meta défice será mais alta por motivos “eleitorais” - e que este será um orçamento de ‘troika’ “sem a ‘troika’ estar no país”. Pedro Filipe Soares, o líder do Bloco de Esquerda, adiantou que o Governo tenta “dizer que este é um novo Orçamento, mas ele é feito de medidas velhas”. Os Verdes destacaram o mesmo: “Já não está cá a ‘troika’. É um Orçamento da autoria do PSD/CDS genuinamente”, disse Heloísa Apolónia. ■ com B.F.L. EXECUÇÃO Orçamento deste ano ainda em risco O ano já está no fim, e foram apresentados dois orçamentos rectificativos, mas os riscos à execução orçamental de 2014 continuam elevados. Aliás: até há medidas que podem ser chumbadas pelo Eurostat, dizem os peritos internacionais. A Comissão Europeia destaca quatro riscos no relatório: o cenário macroeconómico, do qual podem resultar erros nas previsões de receita e despesa apresentadas no segundo Rectificativo; novos desvios na execução orçamental; frisa que falta conhecer a decisão do Tribunal Constitucional sobre o aumento dos descontos para a ADSE, SAD e ADM (que vale 0,2% do PIB) e diversos “riscos de implementação”. Neste capítulo, Bruxelas sublinha os atrasos no recurso ao programa de requalificação, os cortes nas despesas sectoriais – que nunca foram detalhados e que dependem apenas do cumprimento de tectos de despesa – e até riscos na venda das concessões. M.P. Desemprego Previsão do Governo para o crescimento económico em 2015 é igual à do FMI. A economia vai crescer 1,5%, no próximo ano, e a taxa de desemprego vai baixar para 13,4%. Este é o cenário macroeconómico previsto no Orçamento do Estado para 2015 que o Governo entrega hoje no Parlamento e que a ministra das Finanças revelou ontem aos deputados. Um dia antes da entrega do documento na Assembleia, Maria Luís Albuquerque, foi ao Parlamento apresentar as linhas gerais do documento aos partidos com assento parlamentar. Os encontros são individuais e decorrem à porta fechada. Segundo relatos feitos por vários deputados ao Diário Económico, a ministra apresentou os números globais do cenário macroeconómico. O PIB deverá crescer Página 18 ID: 56169482 15-10-2014 PONTOS CHAVE ● O Governo reviu em alta a meta do défice para o próximo ano para 2,7% em vez dos 2,5%. ● A economia vai crescer 1,5% e o desemprego baixa para 13,4%. Tiragem: 13613 Pág: 5 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 23,00 x 27,35 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 7 ● Comissão Europeia critica Governo por falhar compromissos. ● Reformas antecipadas continuam congeladas. ● Governo promete enviar 12 mil funcionários para a mobilidade. ● Farmacêuticas acusam Governo de violar acordo com a sobretaxa. ● Deduções fixas podem não avançar no próximo ano. ´Paula Nunes Ferro Rodrigues, Vieira da Silva e Eduardo Cabrita foram os deputados que António Costa escolheu para reunir com a Governo sobre o Orçamento do Estado para 2015. Bruxelas ajusta as contas que estavam por saldar desde a 12ª avaliação Em vésperas de OE/15, Comissão critica Governo por falhar compromissos. Luís Reis Pires [email protected] baixa para 13,4% 1,5%, terá dito a ministra, o que significa que a previsão de crescimento assumida pelo Executivo será a mesma que foi apresentada pelo Fundo Monetário Internacional há cerca de duas semanas. Apesar da economia acelerar, o Governo não prevê um crescimento da receita fiscal tão grande como o que deverá acontecer este ano, adiantou ao Económico fonte do Executivo. Além disso, o desemprego vai baixar. Os números revelados pela ministra aos deputados mostram que a taxa de desemprego vai cair de 14,2%, este ano, para 13,4%, em 2015. Apesar da descida, o desemprego vai continuar ainda acima dos níveis pré-crise, o que significa que as contas da Segurança Social continuarão pressionadas tanto pela via dos subsídios de desemprego como pelas contribuições. Além disso, a ministra das Fi- nanças explicou como espera que a economia cresça. Apesar de não ter divulgado os números finais, deu indicações ao nível das tendências. O investimento vai crescer, as exportações vão acelerar (principalmente, em resultado da turismo), mas as importações também vão recuperar devido ao aumento do consumo privado. Apesar de não descer a sobretaxa de IRS, o Governo apenas vai cortar as pensões mais altas (acima de 4.611 euros) e os cortes sobre os salários da Função Pública começam apenas nos 1.500 euros, recuperando 20% da redução remuneratória a que estão sujeitos. Estes dois factores podem ajudar a acelerar o consumo das famílias. As contas externas vão manter um excedente, em resultado da aceleração das exportações e apesar do aumento das importações, apurou o Económico junto de fonte governamental. ■ M.M.O. e M.S. A ‘troika’ já foi embora há alguns meses, mas a Comissão Europeia faz questão de lembrar que continua presente. Em vésperas de o Governo entregar o Orçamento do Estado no Parlamento, Bruxelas fez ontem uma análise ao programa de ajustamento, criticando a estratégia orçamental do Executivo este ano e o Tribunal Constitucional e alertando para os vários riscos que pairam sobre o país. Num tom especialmente duro, a Comissão disparou em todas as direcções, num ajuste de contas que estava por fazer desde a 12ª avaliação da ‘troika’. “Tendo em conta os últimos desenvolvimentos, o pacote das medidas de consolidação [para 2015] é agora estimado em 1,8% do PIB”, avança o documento. Isto porque, antes de o Tribunal Constitucional chumbar os cortes salariais, em Maio, o esforço que estava previsto era de 2,3% do PIB. Ou seja, desde então, o Governo desistiu de 870 milhões de euros em medidas de austeridade. A nova estratégia, além de ser de “menor qualidade”, “implica que as receitas extra obtidas com a recuperação económica e as reservas orçamentais estão agora a ser usadas para suportar mais despesa pública, enquanto um dos objectivos do programa em termos orçamentais, em particular para 2014, era obter uma consolidação orçamental baseada na despesa, que deveria tornar o ajustamento mais durável e promotor do crescimento no médio prazo”, critica a Comissão Europeia. Os planos do Executivo “afastam-se do compromisso, que as autoridades assumiram durante o programa, de implementar medidas compensatórias de dimensão equivalente e qualidade, caso os riscos de execução e legais se materializarem após decisões do Tribunal Constitucional”, avança ainda o documento. Ao longo de pouco mais de 90 páginas, Bruxelas continua a lançar críticas e avisos, não só no plano orçamental, mas também no económico, onde apela a um “consenso político alargado” para uma estratégia de “crescimento sustentado” a prazo. O tom é duro e surge em vésperas de Orçamento e no mesmo dia em que o primeiro-ministro assumiu publicamente que o Governo aponta a um défice de 2,7% do PIB no próximo ano, ao invés dos 2,5% que foram acordados ao abrigo dos Procedimentos por Défices Excessivos (ver texto ao lado). Mas Críticas às “incertezas” geradas pelo TC A Comissão é dura nas críticas à actuação do Constitucional. Depois de enumerar todas as decisões do Tribunal, Bruxelas diz que uma consolidação sustentável e duradoura terá de passar por uma legislação “eficiente e compreensiva”, apoiada em medidas estruturais. Mas as decisões do TC “não dão um guião claro” sobre como poderá ser desenhada essa legislação, acusa a Comissão. Sublinha que o Tribunal retira as suas conclusões “a partir de princípios constitucionais muito gerais”, cujas margens “não estão claramente definidas”, são “muito amplas e susceptíveis a diferentes interpretações”. Lembra que o TC tem sido criticado por “escolher a alternativa de interpretação mais estreita” e avisa que quer este Governo, quer os futuros, “continuarão a ser confrontados com as incertezas de como o Tribunal Constitucional vai interpretar estas margens e os princípios constitucionais subjacentes”. não são os números do Orçamento para 2015, que a Comissão já disse ainda não ter visto, que justificam as críticas. O tom ácido de Bruxelas vem ajustar contas que estavam por saldar desde a 12ª avaliação. Na altura, o Governo rejeitou compensar o chumbo aos cortes salariais, argumentando que ainda havia outros diplomas em análise e queria dar uma resposta conjunta mais tarde. As autoridades internacionais não gostaram, receando que o Executivo acabasse por não compensar os chumbos na totalidade. As posições extremaram-se sobretudo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas a Comissão também não gostou da ideia. Até porque já havia nessa altura uma batalha em torno das reformas estruturais, com a ‘troika’ a pedir mais, sobretudo no mercado de trabalho, e o Executivo a rejeitar ir mais além. Como consequência, pela primeira vez em três anos, Portugal terminou uma avaliação do programa, a última, com um chumbo. Os riscos e críticas que Bruxelas deixou ontem são os que ficaram por fazer publicamente na última avaliação - que, por terminar com um chumbo, nem sequer teve direito aos habituais documentos de avaliação. E são exacerbados quer pelos acontecimentos dos últimos meses, como a implosão do BES e a travagem da economia europeia - que agravam as perspectivas para a economia portuguesa -, quer por, na óptica de Bruxelas, haver sinais de que o Governo ter vindo a perder o ímpeto de ajustamento que teve ao longo do programa. É que a ‘troika’ não só viu o Governo desistir de compensar alguns chumbos do Constitucional e não avançar mais reformas laborais, como até já assistiu a um aumento do salário mínimo - medida perante a qual o departamento de Assuntos Económico da Comissão não escondeu o desconforto. ■ com M.P. Página 19 ID: 56169482 OE 2015 15-10-2014 Tiragem: 13613 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 23,00 x 27,79 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 7 DESTAQUE ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2015 Paulo Figueiredo Reformas antecipadas continuam congeladas Sector Privado Suspensão das reformas antecipadas mantém-se em 2015. António Costa e Cristina Oliveira da Silva [email protected] O Governo vai manter em 2015 a suspensão das reformas antecipadas na Segurança Social. Porém, se houver margem orçamental para mexer nesta medida, o descongelamento começará por abranger os trabalhadores com carreiras contributivas mais longas, apurou o Diário Económico. A versão preliminar do Orçamento do Estado, noticiada na semana passada pelo Económico, já dava a entender que o Governo manteria congelado, por mais um ano, o acesso às pensões antecipadas no sector privado, uma vez que o documento prolonga até final de 2015 as medidas dependentes da vigência do programa de ajustamento. Ontem, a ministra das Finanças também deu indicação a alguns deputados de que o acesso às reformas antecipadas continuará suspenso. Já o relatório da Comissão Europeia que faz o balanço do programa de ajustamento português aponta noutro sentido: “As autoridades confirmaram que a suspensão das reformas antecipadas será levantada a partir de 2015, aumentando as pressões orçamentais nas despesas com pensões no próximo ano”, lê-se no documento divulgado ontem. Esta indicação também tinha sido avançada por alguns meios de comunicação social, citando fonte governamental. No entanto, ao que o Económico apurou, a intenção do Governo é mesmo manter congelado o Se houver margem orçamental, descongelamento começará pelas carreiras longas. acesso às pensões antes da idade legal de reforma (65 anos em 2013, 66 anos em 2014 e 2015, aumentando gradualmente no futuro). Esta medida vigora desde Abril de 2012 e, inicialmente, o Governo esperava poupar 450 milhões de euros em 2012 e 2013. Actualmente, já há excepções a esta regra: desempregados de longa duração, regimes específicos e funcionários públicos (que descontam para a Caixa Geral de Aposentações) podem abandonar mais cedo o mercado de trabalho. Bruxelas critica alterações recentes no mercado laboral No seu relatório, a Comissão Europeia reconhece que muitas reformas foram feitas no mercado de trabalho mas diz que é preciso ir mais longe. As instituições internacionais focaram sempre a importância de ajustamentos salariais ao nível da empresa e Bruxelas vem agora criticar algumas opções recentes do Executivo. Desde logo, é feita referência à medida que permite que os contratos colectivos de trabalho possam ser suspensos, mas apenas se existir acordo entre as partes subscritoras. Depois, a Comissão definiu como um “grande revés na reforma da contratação colectiva” a recente alteração do Executivo que suavizou as restrições à publicação de portarias de extensão (que permitem estender a todo um sector as condições negociadas entre associações sindicais e patronais, incluindo o aumento dos salários mínimos). Bruxelas acrescenta ainda que “continuam por avaliar” as implicações da subida do salário mínimo e alerta para a necessidade de mais reformas: “As autoridades têm de estar preparadas para tomar medidas adicionais caso a reforma não tenha resultados suficientes no combate à elevada segmentação do mercado de trabalho”. ■ com M.M.O. Os médicos que forem para zonas carenciadas vão poder receber suplementos remuneratórios ou incentivos de carácter não pecuniário. A versão mais recente da proposta de OE para 2015, a que o Diário Económico teve acesso, prevê “incentivos à mobilidade geográfica em zonas carenciadas” para médicos com contrato de trabalho com vínculo público ou privado integrados em serviços do SNS. Os termos e condições de atribuição dos incentivos serão fixados por decreto-lei. Governo promete enviar 12 mil funcionários para a mobilidade Executivo comprometeu-se com a Comissão Europeia e definiu metas para 2014 e 2015. Denise Fernandes [email protected] O Governo assumiu perante Bruxelas o compromisso de colocar no sistema de requalificação (mobilidade especial) 12 mil funcionários públicos entre 2014 e 2015. “O novo sistema de requalificação, que substituiu o anterior regime de mobilidade especial [...] tem como alvo 12 mil funcionários públicos em 2014 e 2015 que serão pagos com 60% do seu salário no primeiro ano e com 40% a partir daí”, lê-se no documento da Comissão Europeia sobre o programa de ajustamento divulgado ontem. Os últimos dados do Governo, referentes a Março, dão conta de menos de mil trabalhadores do Estado (978) no sistema de requalificação. O novo regime entrou em vigor em Dezembro de 2013 e afecta tanto os actuais excedentários como os trabalhadores que forem lá colocados entretanto. Os sindicatos têm vindo a público contar que em vários serviços e organismos públicos, nomeadamente na Segurança Social, tem havido reuniões informais com os trabalhadores onde dirigentes anunciaram metas de redução de pessoal através da requalificação da ordem dos 10 a 12,5%. A informação foi depois desmentida por fonte oficial do Ministério das Finanças, que recusou haver objectivos definidos. Por sua vez, o ministro da Presidência, Marques Guedes, questionado na altura pelos jornalistas sobre o assunto após uma reunião do Conselho de Ministros, disse apenas que o regime de requalificação é uma lei e que cada ministério poderia aplicá-la como entender. O documento de Bruxelas refere que em 2015 haverá “reduções adicionais no emprego público” que serão conseguidas POUPANÇA 49 milhões O Governo conta com uma poupança de 49 milhões de euros com a requalificação, em 2015, segundo o documento de Bruxelas. sobretudo por aposentação, rescisões, não renovação dos contratos a termo e pelo regime de requalificação. No próximo ano, o Governo conta com poupanças de 49 milhões de euros com a requalificação, 48 milhões com os programas de rescisões e mais 140 milhões com as saídas por aposentação e não renovação dos contratos a termo. Por outro lado, conta com um aumento da despesa de 70 milhões de euros com a reversão de 20% dos cortes salariais que estão a ser aplicados aos trabalhadores com remunerações acima de 1.500 euros. No final de Agosto, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, sinalizou que mais trabalhadores poderiam ir para a requalificação, após a conclusão dos processos de reorganização em curso e com o programa Aproximar. A ministra reconheceu ainda que as poupanças com a requalificação e com os programas de rescisões não estavam a produzir os resultados esperados. Ontem, questionado sobre o assunto, o Ministério das Finanças não respondeu até ao fecho da edição. ■ Página 20 ID: 56169482 OE 2015 15-10-2014 Tiragem: 13613 Pág: 8 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 23,00 x 27,40 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 4 de 7 DESTAQUE ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2015 DESPESA CES só se aplica a pensões superiores a 4.611 euros Em 2015, a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) só vai incidir sobre pensões acima de 4.611,42 euros, quando actualmente abrange reformas superiores a mil euros. Continuam abrangidas as pensões do sector público e privado, com as actuais excepções (caso dos PPR). Assim, as pensões entre 4.611,42 e 7.126,74 euros serão sujeitas a uma taxa de 15%; acumula depois um corte de 40% no valor que ultrapassa 7.126,74 euros. No próximo ano, só as pensões mínimas serão aumentadas. Progressões congeladas na Função Pública As progressões na Administração Pública deverão manter-se congeladas no próximo ano. Apesar de o Governo já ter sinalizado que haveria margem para descongelar as progressões em 2015 – que estão proibidas desde 2011 – a versão preliminar do Orçamento do Estado mantém a norma que proíbe qualquer valorização remuneratória. Também os prémios por desempenho, as promoções ou as subidas na carreira (aumento salarial) por concurso devem manter-se proibidas. ter uma meta quantitativa. Porém, mantém-se a norma de controlo de recrutamento de pessoal. Além disso, a não renovação dos contratos a termo na Administração Pública mantém-se. Entidades empregadoras sem descontos para ADSE Metas de redução de pessoal desaparecem mas controlo continua Na versão preliminar do OE para 2015 não consta a meta de redução de pessoal de 2% ao ano na Administração Central, que está em vigor desde 2011. Também para as autarquias em equilíbrio financeiro a meta de redução de pessoal desapareceu. Só as câmaras sobreendividadas terão de cortar em 3% o número de trabalhadores. As empresas públicas também deixam de As entidades empregadoras públicas devem deixar de contribuir para a ADSE, segundo a versão preliminar. Actualmente a contribuição é de 1,25%, mas o Governo já tinha sinalizado que no futuro seriam apenas os beneficiários (funcionários públicos e pensionistas do Estado) a suportar o subsistema de saúde. Estes descontam 3,5% do seu salário, mas o diploma que veio aumentar a contribuição de 2,5% para 3,5% – e que está em vigor desde Maio – ainda está a ser avaliado pelo Tribunal Constitucional. Saiba quais as principais alterações do Orçamento Alterações Este Orçamento, o primeiro depois da ‘troika’, vai reflectir as decisões do Tribunal Constitucional. Subsídio de desemprego majorado para casais ajustamento divulgado ontem. Em 2015, tal como aconteceu nos últimos anos, os casais desempregados com filhos e as famílias monoparentais continuarão a ter direito a uma majoração de 10% no subsídio de desemprego. O mesmo se aplica a trabalhadores independentes que recebam o subsídio por cessação de actividade. Reposição de 20% dos cortes salariais no Estado No próximo ano, os funcionários públicos com salários sujeitos a cortes (acima de 1.500 euros) terão uma reversão da redução remuneratória em 20%. A medida – que foi aprovada num diploma à parte e não no OE – irá custar cerca de 70 milhões de euros, segundo o relatório da Comissão Europeia sobre o programa de Paula Cravina de Sousa [email protected] O primeiro Orçamento do Estado depois da saída da ‘troika’ vai trazer algum alívio para as famílias e pensionistas, mas muitos dos esforços de consolidação orçamental e de contenção vão manter-se. Mais 50 mil famílias com isenção de IMI Complementos de pensão suspensos As empresas do sector público com prejuízos nos últimos três anos só poderão pagar complementos de pensão no caso de trabalhadores com reformas até 600 euros. Os restantes complementos continuam suspensos. O Governo alarga a isenção permanente de IMI aos contribuintes com rendimentos até 15.300 euros, contra os anteriores 14.600 euros. Em causa estarão, segundo especialistas, mais de 50 mil famílias que vêem, assim, reforçada a isenção de IMI, numa altura em que a cláusula geral de salvaguarda que travou a subida do IMI até 2015, irá desaparecer. Cerveja com mais imposto Compensações para professores em 2015 Os professores com contrato anual este ano lectivo que não consigam colocação até 31 de Dezembro de 2015, renovando o vínculo, vão receber compensação por caducidade do contrato. Ou seja, só recebem a indemnização depois das colocações que decorrem entre Setembro e Dezembro. O lado menos negativo do Orçamento do Estado para 2015 (OE/15) deve reflectir as decisões do Tribunal Constitucional para os funcionários públicos e pensionistas. Por um lado, os cortes salariais da Função Pública vão manter-se a partir dos 1.500 euros e entre os 3,5% e os 10%, mas haverá a devolução de Outra das alterações implica um aumento do imposto na cerveja no próximo ano. A subida pode chegar aos 2% e vai afectar a maior parte do mercado. Trata-se de uma alteração no chamado grau plato que corresponderá a um aumento da tributação. As empresas de cerveja reduziram o grau de alcolémia há uns anos, pagando assim menos impostos e o Governo tem vindo a fazer a correcção da tributação. 20% da redução remuneratória. Por outro lado, a maior parte dos pensionistas deixa de estar sujeito à Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES). Se agora, esta contribuição tem efeito nos reformados com pensões de mil euros, a partir do próximo ano, apenas quem tem rendimentos mais elevados - a Página 21 ID: 56169482 15-10-2014 Tiragem: 13613 Pág: 9 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 23,00 x 27,60 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 5 de 7 RECEITA Penhoras mais rápidas para dívidas até 51 mil euros O Fisco vai acelerar no próximo ano o processo de penhora dos devedores com dívidas até 51 mil euros. Isto porque vai ser alargado o número de devedores notificado através da caixa postal electrónica, o que contribui para tornar os processos de penhora mais rápidos. A alteração consta da versão preliminar do Orçamento do Estado para 2015 (OE/15). A citação através da caixa postal electrónica era válida apenas para dívidas até 25.500 euros e o valor é agora aumentado para 51 mil euros, abrangendo assim mais contribuintes. A citação considera-se feita no momento em que o devedor acede à caixa postal electrónica ou no 25º dia depois do envio, caso o contribuinte não aceda à caixa postal. Os contribuintes deverão, por isso, estar atentos às suas caixas postais electrónicas. Cigarros electrónicos passam a ser tributados Outra alteração fiscal passa por fazer tributar os cigarros electrónicos. O Imposto Sobre o Tabaco passa, segundo a versão preliminar, a incidir no 3,5% SOBRETAXA DE IRS Mantêm-se em 2015, mas poderá ser reembolsada em 2016. A devolução vai depender das receitas fiscais adicionais conseguidas pelo Estado. 165milhões líquido contendo nicotina, em recipientes utilizados para carga e recarga de cigarros electrónicos. “São equiparados aos cigarros, aos tabacos de fumar, ao tabaco para cachimbo de água, ao rapé, ao tabaco de mascar e ao tabaco aquecido, os produtos constituídos, total ou parcialmente, por substâncias que, não sendo tabaco, obedeçam aos outros critérios” como o “tabaco manufacturado especialmente preparado para emitir um vapor sem combustão da mistura de tabaco nele contida”. A versão preliminar consagra, porém, uma excepção: os produtos que tenham uma função exclusivamente medicinal. FISCALIDADE VERDE As recomendações da comissão da fiscalidade verde prevêem um acréscimo de receita no valor de 165 milhões de euros. 21% IRC O Executivo manteve o compromisso assumido na reforma do IRC e vai baixar a taxa em dois pontos percentuais, de 23% para 21% em 2015. partir de 4.611,42 euros - estará sujeito àquela contribuição. Quanto aos impostos há boas notícias, mas para as empresas. Tal como estava já previsto na reforma do IRC, a taxa vai descer de 23% para 21%, em 2015. Este ano já tinha descido dois pontos percentuais: de 25% para 23%. No lado mais negativo está o Taxa sobre a venda das farmacêuticas O Governo vai mesmo avançar com uma taxa sobre as vendas da indústria farmacêutica. A receita arrecadada com estas taxas reverterá para o Serviço Nacional de Saúde, como forma de financiamento do sistema. A possibilidade de adiamento do alívio dos impostos para as famílias. No sábado o Governo encontrou uma solução para a redução do IRS, mas esta não virá sob a forma de corte directo da sobretaxa de 3,5%, nem terá efeitos no próximo ano. O Executivo preferiu condicionar a redução da sobretaxa à evolução das receitas fiscais, medida esta avançar com uma taxa sobre as vendas dos laboratórios já esteve em cima da mesa no Orçamento do Estado para 2014, mas acabou por ficar em ‘standby’ e foi substituída este ano por um acordo com a indústria farmacêutica para baixar a despesa pública com remédios. O valor da taxa a aplicar será diferente consoante o tipo de medicamento (por exemplo remédios comparticipados pelo Estado, sujeitos a receita médica, etc.) e pode variar entre 0,5% e os 15%. IRC desce de 23% para 21% O Governo vai cumprir a descida da taxa de IRC em 2015 de 23% para 21%, prevista na reforma deste imposto sobre os lucros das empresas, prescindindo de 200 milhões de euros em receita fiscal. A perda de receita com a segunda descida do IRC em dois anos deverá ser coberta pelo dinheiro arrecadado no combate à fraude e evasão fiscal, que só este ano fará entrar nos cofres do Estado mais 700 milhões de euros. que terá efeitos apenas em 2016, e se o Governo que estiver em funções honrar esta promessa. O IRS deverá sofrer grandes alterações em 2015, mas estas mudanças serão conhecidas na próxima quinta-feira no âmbito da reforma daquele imposto e serão discutidas à margem do OE/15. ■ com C.O.S., D.F., L.S. e H.S. Farmacêuticas dizem que sobretaxa é “quebra de acordo” Governo quer farmacêuticas a financiar o SNS. Empresas contestam opção depois de terem acordado numa poupança de 160 milhões. Hermínia Saraiva [email protected] A sobretaxa sobre as vendas da indústria farmacêutica está a gerar perplexidade e preocupação nas empresas do sector, que há menos de um mês assinaram com o Ministério da Saúde um protocolo que prevê uma redução da despesa com medicamentos em 160 milhões de euros em 2014. Há quem fale “de quebra de acordo”. “Não podemos deixar de manifestar a preocupação sobre uma notícia que, se confirmada, coloca sérios riscos de sustentabilidade do sector”, diz Luís Rocha, director de relações institucionais da Novartis, sublinhando, que qualquer comentário sobre a matéria pode ser prematuro sem a aprovação do Orçamento do Estado para 2015. A versão preliminar do documento prevê, tal como o Diário Económico avançou, uma sobretaxa sobre as vendas, cuja receita será usada como fonte de financiamento do Serviço Nacional de Saúde (ver caixa). Com a maior parte das empresas a recusar comentar a matéria, fonte do sector diz que o “ministro está a quebrar o acordo que tinha com a Apifarma e com as empresas que o assinaram”. A mesma fonte frisa que o protocolo, que foi subscrito por 90% dos associados, “seria a melhor solução já que é um acordo entre parceiros e baseado numa negociação”. “Faz sentido assinar um acordo com base na boa fé e em alternativa a uma taxa fiscal e depois avançar com esta medida?”, questiona outra fonte. “Havia um objectivo, trabalhou-se intensamente para lá chegar, inventou-se a pólvora…”, diz a mesma fonte lembrando que o acordo foi assinado, mas que a verba de 160 milhões ainda não foi paga. “O sector colaborou com o Governo no programa de ajustamento imposto pela ‘troika’”, diz o director de relações institucionais da Novartis, lembrando que dos cerca 1,7 mil milhões de corte de despesa com a saúde previstos no programa, “até 2013, cerca de 50% desse ajustamento foi feito na área do medicamento”. É perante este cenário que Ismael Gomes, director-geral da Labesfal Genéricos, considera que a aplicação da sobretaxa sobre as vendas é “exagerada face a tudo o que se conseguiu até ao momento”. Defendendo o consumo de genéricos, Ismael Gomes diz que deve ser evitada “a aplicação de mecanismos externos e ‘artificialmente’ implementados que podem destabilizar o mercado e prejudicar a própria sobrevivência das empresas”. As empresas contactadas pelo Económico esperam, no entanto, que o Governo possa recuar nesta matéria, à semelhança do que aconteceu há um ano. A sobretaxa foi discutida em 2013, mas acabou por ser substituída por um acordo com a indústria farmacêutica. Contactada, a Apifarma recusa comentar o tema. ■ OE/15 Sobretaxa até 15% A versão preliminar do OE/15 prevê que o valor da taxa a aplicar seja diferente consoante o tipo de medicamento, podendo variar entre 0,5% e os 15%. Os valores a aplicar serão definidos por portaria, mas até lá, e logo a partir de 1 de Janeiro, as farmacêuticas começam a pagar (os valores variam entre 2,5% e 12,4%). Caso o pagamento não seja feito dentro do prazo respectivo, “começam a correr imediatamente juros de mora”, lê-se no documento, que diz que “cobrança da dívida é promovida pela Autoridade Tributária e Aduaneira”. Página 22 ID: 56169482 OE 2015 15-10-2014 Tiragem: 13613 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 23,00 x 27,79 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 6 de 7 DESTAQUE ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2015 Pascal Rossignol / Reuters ANÁLISE Um Orçamento fiscalmente comprometido Despesas com educação vão ser incluídas na lista de facturas que dão benefício fiscal. Governo deixa cair deduções fixas no IRS Imposto Governo poderá não substituir as deduções pessoais e deduções de despesas por uma dedução fixa, igual para todos os agregados familiares. Lígia Simões e António Costa [email protected] O Governo não deverá acolher a proposta dos peritos de introduzir um novo esquema de deduções fixas em substituição do actual modelo de deduções personalizadas e com os gastos com a casa, a saúde e a educação que variam em função do gasto efectivamente realizado (até determinado tecto de dedução). A decisão será tomada amanhã em Conselho de Ministros que aprovará a proposta de reforma do IRS. E a vontade do primeiro-ministro é a de que seja adoptado um outro modelo de deduções à colecta e que será “inovador”, sabe o Económico. O Orçamento do Estado para 2015 que é hoje apresentado no Parlamento não trará, assim, nenhuma novidade em matéria de IRS, com excepção da norma da sobretaxa que irá fixar a possibilidade do excedente de receita fiscal face ao orçamentado ser alocado à redução da sobretaxa de 3,5%, mas com efeitos apenas nos reembolsos do imposto em 2016. O Económico sabe que o Executivo liderado por Pedro Passos Coelho teme que as deduções fixas possam afectar negativamente a classe média. Alguns fiscalistas admitiram já que uma dedução per capita fixa, numa proposta em que os peritos da Comissão do IRS querem as despesas de saúde, educação e casa a valer no máximo 331 euros no IRS (nos dependentes é de 321,95 euros e nos ascendentes é de 294,25 euros), pode “ser menos justa” do que a possibilidade de dedução de determinada percentagem das despesas efectivamente realizadas. “Serão muito penalizadas as famílias de rendimentos médios e que tenham despesas relevantes muito superiores ao padrão dessas despesas”, alerta Jaime Esteves da PwC. O fiscalista frisa que estas deduções acabam por funcionar como uma “válvula de escape”, permitindo manter “alguma aceitação social da brutal carga fiscal presente”. E é para aliviar esta carga que deverá ser aumentado o tecto de 250 euros de benefícios fiscais mediante pedido de factura com o alargamento a despesas de educação e saúde. Actualmente, este benefício fiscal abrange cabeleireiros e estéticas, mecânicos e restauração. Quociente familiar avança Deverá, no entanto, manter-se a outra proposta da comissão liderada por Rui Morais de criação de um quociente familiar, QUOCIENTE FAMILIAR 0,3 Deverá avançar proposta de peritos de incluir filhos e avós mo cálculo do rendimento colectável. que para o cálculo do rendimento colectável passa a incluir os filhos e os ascendentes sem recursos que vivam na mesma casa (que soma um valor de 0,3 por cada filho e ascendente ao actual quociente conjugal que divide o rendimento por dois no caso de casais). A medida será financiada com a receita da reforma fiscalidade verde que será apresentada na quinta-feira. Foi a par desta proposta, que representa potencialmente uma desagravamento do IRS, que o grupo de trabalho propôs a introdução de um sistema de deduções fixas à colecta (um valor padrão e não em percentagem) igual para todos os agregados familiares. Na prática, os gastos com a casa, a saúde e a educação deixariam de ser declarados no IRS, como até agora e passariam a ser assumidos à partida, sem que fosse necessário apresentar factura. Uma simplificação que para a comissão de Rui Morais foi sinalizada como a pedra basilar da reforma apresentada em Julho, tendo em vista dispensar muitos contribuintes da entrega da declaração de IRS (rendimentos de trabalho dependente e de pensões). Em causa está, assim, também pré-preenchimento automático das declarações, que pretendia aliviar o trabalho burocrático a cerca de 70% dos contribuintes. Ao todo, estimam os peritos, esta alteração afectaria 1,7 milhões de agregados. ■ CARLOS LOBO National tax director da EY O Orçamento do Estado para 2015 é um orçamento fiscalmente comprometido. Em princípio, tal seria absolutamente normal, uma vez que o propósito da lei orçamental é precisamente a renovação da autorização anual para a cobrança de impostos e a realização de despesa pública, no âmbito de um Pacto Social geral, estabelecido entre o Estado e os cidadãos. Porém, em 2015, esta vertente compromissória subiu de nível. Para além dos compromissos pós-‘troikianos’, de estabilização financeira, o Governo estabeleceu, unilateralmente, cinco compromissos adicionais: i) a anunciada descida do IRC, na sequência da reforma do imposto; ii) a eliminação progressiva das normas excepcionais de tributação (incluindo sobretaxas e afins) na perspectiva constitucional do “Estado de Emergência Económica de facto”, na sequência das sucessivas decisões do Tribunal Constitucional; iii) a já decretada eliminação da derrama e do IMT que, apontando para 2016, necessitam de um período de adaptação anterior, sob pena de rotura fiscal dos municípios; iv) a anunciada redução do IRS, na sequência do recente pacto fiscal de luta contra a evasão e fraude fiscal; v) o compromisso de “esverdeamento” do sistema fiscal, na sequência do relatório do Grupo da Fiscalidade Verde, e que aponta para necessidade da “reciclagem” da receita fiscal adicional na descida do IRS (sobretaxa) e dos impostos sobre as empresas. O Orçamento do Estado para 2015 é portanto uma equação de 5.º grau (pelo menos), em que o resultado final (a meta do défice) já se encontra estabelecida. Porém, é essencial descobrir a fórmula resolutiva para a determinação das variáveis, sob pena de a confusão se instalar e de se fazer perigar a estabilidade do Pacto Social geral que fundamenta a relação entre os cidadãos e o Estado. Os contribuintes são, neste momento, meros estudantes que, olhando para um quadro de ardósia, aguardam ansiosamente que o professor (in casu, o Governo) indique os termos básicos para a resolução deste problema complexo, onde variáveis externas relevantes (por exemplo, os custos da intervenção no BES) podem influenciar a execução orçamental. Neste enquadramento, a concretização destes compromissos, de forma inelutável, decidida e clara, é essencial para cidadãos e empresas efectuem as suas opções de forma sustentada. Note-se que não foram estes que solicitaram estes compromissos; foi o Governo que os anunciou em momentos diversos da sua governação. Para que os contribuintes e as empresas nacionais passem o exame de 2015, no sentido de uma essencial recuperação económica, é essencial que todos estes compromissos sejam honrados. Só assim um mínimo de previsibilidade, de segurança e estabilidade estarão garantidos. ■ O Orçamento do Estado para 2015 é uma equação de 5.º grau (pelo menos), em que o resultado final (a meta do défice) já se encontra estabelecida. Página 23 ID: 56169482 15-10-2014 Tiragem: 13613 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 17,45 x 14,12 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 7 de 7 ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2015 Passos vai a eleições com Orçamento de austeridade Primeiro-ministro anunciou ontem uma revisão em alta da meta do défice de 2,5% para 2,7%. Governo ainda não tem autorização de Bruxelas, mas está confiante. O alívio na consolidação orçamental não convence a oposição. ESTADO EMPREGO PENSÕES OPINIÃO Executivo promete enviar 12 mil funcionários públicos para a mobilidade Previsões do Orçamento apontam para desemprego nos 13,4% em 2015 Reformas antecipadas vão continuar congeladas na Segurança Social Carlos Lobo, fiscalista da EY, considera: “Orçamento fiscalmente comprometido” Página 24