ZONA DE RISCO

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ZONA DE RISCO
Acidentes, Desastres, Riscos, Ciência e Tecnologia
Quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Disponível em: http://zonaderisco.blogspot.com.br/2010/08/gas-amonia-vaza-em-empresa-de-pescados.html
Gás amônia vaza em empresa de pescados em Natal
Um vazamento de gás amônia ocorrido numa empresa de beneficiamento de pescados
em Natal (RN) provocou, na sexta-feira pela manhã, 11 de julho de 2003, a intoxicação
de dezenas de pessoas, segundo estimativa do Corpo de Bombeiros.
CAUSA
O vazamento ocorreu aproximadamente às 10h, quando funcionários transferiam o gás,
usado para o resfriamento do pescado, para as tubulações da câmara frigorífica da
empresa. A troca de gás acontecia no último andar do prédio. O elemento químico, por
ser congelado, desceu para os demais andares e espalhou uma névoa branca em todo o
prédio, deixando funcionários em pânico, apesar da existência de duas saídas de
emergência no local.
O compressor que houve vazamento era um dos sete que se encontravam na casa de
máquinas. De acordo com o relato de funcionários, um integrante da equipe de
manutenção que estava na sala conseguiu fechar a válvula, impedindo a liberação de
uma quantidade ainda maior de gás.
LIBERAÇÃO DE GÁS NO MEIO AMBIENTE
Com o vazamento do gás do compressor, uma nuvem branca de gás tomou conta da rua
atingindo empresas próximas e o Rio Potengi.
INTERDIÇÃO DA RUA
A Rua Chile foi interditada. Não foi permitido que ninguém entrasse no prédio onde
aconteceu o acidente.
RELATO DE TESTEMUNHAS
Segundo uma testemunha, que trabalha na empresa e que preferiu não se identificar,
muitos se desesperaram ao ver o gás se espalhando. A empresa possui 200 funcionários
e seis estavam no setor onde aconteceu o acidente. “Ninguém conseguia enxergar e
respirar direito”, declarou ele, que não sofreu ferimentos.
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GÁS TÓXICO SUFOCA E APAVORA TRABALHADORES
"Eu vi a morte". Essa foi a impressão do fiscal do Ministério da Agricultura Ondenei
Batista Barreto, que, no momento do vazamento, trabalhava no local controlando a
qualidade dos produtos comercializados. "A nuvem de gás veio por cima de todos. Algo
assim eu nunca vi, só sei que consegui sair."
O funcionário Francisco Ribeiro Canuto disse que nunca havia presenciado sufoco igual.
"Eram mais de 100 pessoas procurando uma saída e correndo para todos os lados. Foi
desesperador", garantiu. Paulo Batista dos Santos, auxiliar de serviços gerais da
Potiguar, foi um dos que ajudaram a arrombar portas para deixar o local. "As pessoas
procuraram chaves, mas numa hora dessas ninguém sabe onde estão. Então, foram
arrombando tudo pela frente."
Outro funcionário, Alexsandro Bezerra Cavalcante, estava do outro lado da Rua Chile,
mas viveu de perto o problema. "Sentimos o impacto, logo que ocorreu, passamos por
baixo do caminhão que estava entre nós e o prédio para ajudar o pessoal. A nuvem de
gás tomou conta da rua". Já Thiago Almeida de Oliveira disse que faltou energia e muitos
não achavam o caminho a seguir. "As portas, algumas automáticas, não abriam e o jeito
foi o pessoal arrancar o que tinha na frente."
Vilma de Souza e Maria das Dores Galvão tiveram de ser atendidas no local com irritação
nos olhos e na garganta. Elas afirmaram que saíram do prédio às cegas. "Ficamos sem
respirar e sem enxergar, foi um tumulto sem fim, era gente correndo para todo o lado",
relatou Vilma.
De acordo com pescadores que estavam no cais da Tavares de Lira, alguns funcionários
chegaram a pular de cabeça pelas janelas localizadas no andar térreo do prédio e o
proprietário Fernando Burle, também saiu em meio ao desespero dos empregados.
ROTA DE FUGA: FALTA DE SINALIZAÇÃO E SAÍDAS
Na fuga, os funcionários, cerca de 200, arrombaram portas e quebraram janelas. Muitos
ficaram feridos na ação. A primeira sensação das vítimas foi uma cegueira temporária e
incapacidade
total
de
respirar,
agravada
pela
falta
de
energia.
Muitos funcionários escolheram o caminho errado, e quando chegaram à saída para a
Rua Chile, deram de frente com uma concentração ainda maior de gás. Pelos corredores
ficaram restos de fardamento, botas e manchas de sangue, além de caixas espalhadas e
estilhaços de vidros, compondo o cenário do desespero.
DIFICULDADES PARA SAIR DO PRÉDIO
Na parte do prédio voltada para o Rio Potengi fica mais clara a dificuldade que os
funcionários tiveram para sair do local. Até mesmo, os pescadores que estavam em um
barco no cais da Tavares de Lira, aproximadamente a 50 metros do local, sentiram os
efeitos do gás e viram o desespero dos funcionários saltando do primeiro andar em cima
de um telhado e pelas portas e janelas do térreo. Muitas pessoas se jogaram no Potengi.
"Ajudei a socorrer um homem que saltou na água, o coloquei em minha canoa e fui para
o meio do rio porque a nuvem de gás veio com tudo", afirmou o pescador Alexandre
Magno.
CORPO DE BOMBEIROS E PRIMEIROS SOCORROS
Populares ajudaram a socorrer os feridos mais graves. Pick-ups e caminhões saíram em
alta velocidade com vítimas sangrando e algumas desacordadas nas carrocerias.
Funcionários de uma empresa de pesca vizinha ajudaram a retirar 20 pessoas do local.
Com a chegada dos bombeiros, uma vidraça foi quebrada e uma escada colocada sobre
um caminhão para retirar algumas pessoas do primeiro andar do prédio. As vítimas
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menos graves, que tiveram apenas irritação nos olhos e na garganta fizeram nebulização
no local e lavaram o rosto com soro fisiológico.
O Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) mandou suas ambulâncias para o
local e foi responsável pela transferência de mais 20 vítimas. Depois da retirada dos
feridos, os bombeiros só voltaram ao ponto central do vazamento com ajuda de cilindros
de oxigênio, que só chegaram ao local mais de uma hora depois da ocorrência.
O major Paulo Rogério de Andrade, do Corpo de Bombeiros, entrou na sala de máquinas
e afirmou que são visíveis alguns desrespeitos às normas do Código de Prevenção
contra Incêndios e Pânico. "O que pudemos ver, a princípio, é que falta sinalização, uma
brigada que ajude a controlar essas situações de pânico e o dimensionamento das
saídas de emergência é irregular, são menores do que deveriam".
HOSPITAIS E PRONTOS-SOCORROS
A rotina do hospital Walfredo Gurgel foi alterada com a chegada das primeiras vitimas
com dificuldades de respirar, lesões nas córneas e escoriações no corpo, que não
paravam de chegar. Os Hospitais da Polícia Militar, Santa Catarina e Onofre Lopes,
também foram requisitados para o internamento dos pacientes que não podiam ser
liberados, uma vez que o Walfredo Gurgel não possui leitos suficientes para atender a
grande demanda.
O HOSPITAL NÃO ESTAVA PREPARADO PARA ESSE TIPO DE EMERGÊNCIA
O cenário era desolador. Um aglomerado de pessoas se formou na entrada do prontosocorro e nos corredores. A cada instante, chegavam ambulâncias com mais pacientes e
alguns inconscientes em função da inalação do gás amônia. Um esquema especial de
atendimento foi montado. Todos os profissionais que estavam no hospital no momento
tiveram que ser deslocados para o pronto-socorro, ficando apenas um em cada setor.
Além dos 22 médicos de plantão, especialistas de outras unidades hospitalares da cidade
tiveram que ser convocados, formando uma equipe com mais de 50 profissionais,
incluindo enfermeiros e auxiliares.
A maior parte dos funcionários atingidos pelo gás sofreu ferimentos e foi encaminhada ao
setor de politrauma que ficou lotado. Essas pessoas, ao tentar escapar da nuvem de gás,
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cortaram-se em vidraças. Várias salas do pronto-socorro ficaram cheias de pessoas com
estado emocional alterado.
Alguns pacientes estavam em estado grave. Oito tiveram que ser transferidos para o
hospital da Polícia Militar para ficarem internados e seis estão em observação no centro
cirúrgico do Walfredo Gurgel.
De acordo com o diretor do hospital Clovis Sarinho, Domício Arruda, nenhum dos
pacientes corre risco de vida e não foi registrado nenhum óbito decorrente do acidente.
Ele explicou que a amônia provoca irritação das mucosas. "Quando inalado por muito
tempo, o gás causa congestão pulmonar e por isso os pacientes estavam com
dificuldades em respirar". Cerca de 70% das pessoas atendidas haviam sido liberadas.
Mas depois de medicadas algumas retornaram com problemas diversos.
Efeitos provocados no organismo das vítimas:
A grande maioria sofria com problemas decorrentes da intoxicação:
-com irritação nos olhos e garganta;
-cerca de 80% tinha o quadro respiratório preocupante;
-alguns pacientes chegaram com crises convulsivas, resultante do alto grau de absorção
do gás.
O tratamento das vítimas foi à base de corticóides e máscaras de oxigênio.
BALANÇO DAS VÌTIMAS E ESTADOS CLÍNICOS
De acordo com informações do serviço de assistência social, do pronto-socorro Clóvis
Sarinho, foram atendidas 81 pessoas em caráter de emergência. A maioria foi liberada.
Vinte e oito pessoas que inalaram a amônia durante o incidente, ainda continuam
internadas em quatro hospitais da cidade: Clóvis Sarinho, da Polícia Militar, São Lucas e
Antônio Prudente. Apesar do fato de que a grande maioria foi liberada, está retornando
aos hospitais para troca de curativos, 16 ainda continuam nas Unidades de Terapia
Intensiva (UTI) e sete em estado grave, com possibilidade de sequelas respiratórias.
No hospital Clóvis Sarinho, apenas Genésio Santos Silva continua internado, na UTI.
Segundo o cirurgião João Alves Martins, o quadro do paciente é potencialmente grave e
Genésio está com pneumonite química resultante da broncoaspiração de amônia. O
médico acredita que na segunda-feira, 14 de julho, o paciente será liberado da unidade
intensiva, mas ainda deverá permanecer internado e poderá ter sérias sequelas. Já,
quanto aos olhos, Genésio teve uma lesão na conjuntiva, que deve ser resolvida em
poucos dias, caso não haja inflamações secundárias.
O paciente também foi vítima de gastro-esofagite química, o que está levando-o a ficar
sem alimentação, por causa da constante regurgitação. Genésio Silva está recebendo
hidratação intravenosa e tomando medicamentos à base de corticóide, além de
antinflamatórios. O médico observa que a absorção de amônia poderia até ter causado
edema de glote (fechamento da garganta), causando parada respiratória.
No hospital da Polícia Militar, doze pacientes estão internados, sendo um na UTI, em
estado regular.
Na Casa de Saúde São Lucas, três pacientes estão internados: Márcia Selma Brito (UTI),
Walter Raul Ogrady (UTI) e o proprietário da empresa de pesca, Fernando Ferreira Burle
(em apartamento). O coordenador médico, Miguel Sicolo, informou que um deles estava
em estado grave.
Sicolo disse que dois pacientes deverão ter alta e o que está em estado mais grave, foi
visto por um oftalmologista e “aparentemente não tem risco de cegueira”. O médico disse
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que é rara a apresentação de sequelas respiratórias, mas isso depende do histórico do
paciente: se fumava, por exemplo.
Segundo o cirurgião do hospital Antônio Prudente, Honório Ribeiro Dantas, 12 pacientes
estão internados em UTIs, sendo que nove deles deverão ser levados para enfermarias e
apartamentos. Três estão em estado grave, com necessidade de respiração por
máquinas. Honório Dantas disse que os pacientes estão apresentando bronco-espasmos
e apresentam lesões nas vias aéreas. Quanto aos olhos, eles disse que os quatro que
inspiravam mais cuidados já tiveram os tampões retirados e foi verificado que não haviam
lesões graves. Quanto aos três mais graves, o coordenador médico disse que podem ter
sequelas
respiratórias,
mas
nenhum
quadro
definitivo.
TROCA DE CURATIVOS E EFEITOS ADVERSOS
Gracionere Severo do Nascimento, outra vítima, disse que passou a noite vomitando e
tomando água de coco. Foi ao hospital para colocar mais colírio e fazer a limpeza dos
dois olhos, que estavam com tampões. Vários pacientes que aguardavam para serem
atendidos no hospital Clóvis Sarinho estavam com desejo de vomitar. Erivaldo Mendonça
disse que conseguiu dormir bem e está sentindo dores apenas em um dos olhos.
MORTES
A auxiliar de tratamento Josélia Araújo da Silva, foi a primeira vítima fatal do vazamento.
Ela faleceu no domingo, por volta das 10 horas da manhã, 13 de julho, com edema
pulmonar
causado
pela
intoxicação
com
o
gás
amônia.
A auxiliar de serviços gerais Francisca da Cruz Ferreira, morreu por volta das 12 horas de
sexta-feira, 1 de agosto, no hospital São Lucas, devido a uma inflamação pulmonar
causada pela intoxicação do gás amônia, usado para refrigeração.
EFEITOS DA AMÔNIA NO ORGANISMO É DEVASTADOR
A amônia (NH3), segundo a bioquímica, doutora em toxicologia, Maria das Graças
Almeida age nas vias aéreas superiores e causa inflamações, sem lesar as células. Não
é capaz de provocar câncer, mas, os efeitos do gás no organismo, de acordo com Graça
Almeida, podem levar à morte. "A intoxicação pode evoluir para um edema agudo
pulmonar e matar alguém", disse.
Segundo a especialista, não é possível precisar em quanto tempo a inalação do gás pode
provocar um edema pulmonar. "Mas, como o atendimento das vítimas foi feito com
rapidez, as pessoas que respiraram o ar contaminado não correm risco".
Graça Almeida afirmou que as consequências da inalação do gás pelo ser humano vão,
desde uma simples irritação na garganta, à rinite, faringite e conjuntivite. O tipo de
inflamação depende da concentração do gás no ambiente e do tempo de exposição.
Embora seja um dos gases mais solúveis, a amônia está incluída no grupo dos gases de
vapor irritante. Segundo a especialista é um gás que afeta as vias aéreas superiores e
provoca inflamações. "A amônia é um gás mais leve que o ar e possui um odor bem
característico. Não é um dos mais prejudiciais ao homem, mas causa danos que podem
se tornar graves".
VISTORIA REALIZADA PELA DRT E CORPO DE BOMBEIROS
Irregularidades encontradas:
-portas trancadas, estreitas e foi constatado que a porta de saída do frigorífico só pode
ser aberta pelo lado de dentro e não para fora, como deve ser para facilitar a fuga em
caso de acidentes;
-má localização das tubulações de gás;
-falta de preparo dos funcionários para situações de risco;
-no prédio também não há hidrantes nem uma brigada de incêndio;
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-as tubulações estão pintadas da cor errada. O vermelho só deve ser utilizado para os
equipamentos de combate ao fogo;
-havia apenas duas máscaras, utilizadas pelos dois funcionários que operam os
compressores, mas não havia máscaras suficientes para as outras pessoas, que sempre
trabalham na área de risco.
Uma das primeiras irregularidades foi constatada nas portas de emergência da empresa,
que têm cerca de 80 cm. "O ideal seria que elas tivessem pelo menos 1,5m para que a
evacuação pudesse ser feita mais rapidamente", explicou o major Laurêncio, chefe do
setor de engenharia do Corpo de Bombeiros.
Outra irregularidade encontrada pelo Corpo de Bombeiros foi com relação à localização
da casa de máquinas, onde ficam as tubulações de gás. Por ficar no primeiro andar, no
caso de um vazamento, o gás, que é mais pesado que o ar, vai direto para o salão, no
térreo, onde fica a maior parte dos funcionários.
Os representantes da DRT constataram as irregularidades e até agora já iniciaram dois
autos (processos contra a empresa). Um porque as portas de saída estavam trancadas
na hora que aconteceu o vazamento e o outro por não ter havido um treinamento
específico para a saída rápida e organizada dos trabalhadores em caso de acidente.
"Um auto é o primeiro passo para a cobrança das multas, que variam de R$ 600 a R$ 6
mil, por infração", explicou Maria de Fátima D'Assunção, chefe do setor de saúde e
segurança do trabalho da DRT.
COMISSÃO DECIDE FISCALIZAR OS DEMAIS FRIGORÍFICOS
A Fiscalização Preventiva Integrada (FPI), comissão formada pelo Corpo de Bombeiros,
Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e Delegacia Regional do Trabalho,
começará a fiscalizar todos os frigoríficos de Natal/RN. O chefe de Engenharia do Corpo
de Bombeiros, major Laurêncio Aquino, revelou que a grande preocupação é prevenir
acidentes, como o que aconteceu na empresa Potiguar Alimentos do Mar.
Não há estatísticas, mas estima-se que em Natal há 50 frigoríficos. "Aqueles que não
estiverem adequados às normas de segurança serão notificados", avisou o major. O
grande risco de acidente em frigorífico está no uso do gás; já que as câmaras de
refrigeração trabalham com gás amônia ou freon, ambos tóxicos.
A empresa Potiguar Alimentos do Mar continuará interditada, até que apresente um laudo
comprovando que há segurança para voltar a operar. A chefe do Núcleo de Segurança e
Saúde do Trabalhador da Delegacia Regional do Trabalho, Fátima D'Assunção, ressaltou
que o acidente na empresa não foi isolado. "É necessária uma ação preventiva para
antecipar, reconhecer, avaliar e controlar os riscos da empresa".
A EMPRESA É LIBERADA PELA DRT
Cinco dias após o vazamento de amônia, a Potiguar Alimentos do Mar voltou a funcionar.
A Delegacia Regional do Trabalho (DRT) liberou o funcionamento da empresa depois de
receber um laudo técnico assinado por três engenheiros atestando que a concentração
do gás no local é inferior à quantidade máxima permitida de 20 partes por milhão (ppm).
O parecer afasta riscos de novo acidente e garante que há segurança para a empresa
voltar à atividade. Mesmo com o laudo, fiscais da DRT foram ao local verificar as
condições de funcionamento da empresa. Segundo o auditor fiscal Calixto Torres Neto, o
forte cheiro de amônia não era mais sentido.
DRT COBRA ADEQUAÇÃO DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM GASES DE AMÔNIA E
FREON NO SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO
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As empresas da Grande Natal que utilizam os gases amônia e freon no sistema de
refrigeração industrial terão 30 dias para se adequarem às normas de segurança e
saúde. A Delegacia Regional do Trabalho do Estado (DRT/RN) a partir desse prazo fará
uma intensa fiscalização para o cumprimento das determinações do Ministério do
Trabalho. Setenta e três empresas foram notificadas coletivamente. No próximo mês
(agosto), será a vez das companhias de Mossoró.
EXIGÊNCIAS DE SEGURANÇA DO DRT
Os empresários estão obrigados a cumprir uma série de exigências para não ter o
estabelecimento interditado, tais como:
-as empresas terão de ter um plano de alerta e evacuação em caso de vazamento dos
gases ou incêndio, com funcionários bem treinados;
-o local deve estar bem sinalizado, indicando as saídas de emergência, cujas portas têm
de ter 1,2 metros de largura com dispositivo de abertura imediata em caso de sinistro;
-as empresas têm de disponibilizar máscaras autônomas na casa de máquina do sistema
de refrigeração para serem utilizadas em caso de vazamento de gases;
-os compressores de amônia deverão estar equipados para fechamento de emergência e
instalados em salas com ventilação exaustora, que garanta a troca de ar no ambiente em
caso de um vazamento;
-instalação de sensores ambientais nas empresas que usam a amônia em câmaras
frigoríficas - ou em refrigeração em geral - para detectar e monitorar de forma contínua a
presença desse gás no ambiente de trabalho. A medida visa proteger os funcionários de
entrarem em contato com altos índices do produto. Acima de 20 partes por milhão (ppm),
a amônia já é nociva à saúde humana.
De acordo com a chefe do Núcleo de Segurança e Saúde do Trabalhador da DRT, Maria
de Fátima D'Assunção, todas essas normas têm o objetivo de evitar que voltem a ocorrer
tais acidentes."É obrigação da empresa antecipar o risco e manter o serviço de
prevenção de acidentes".
Os fiscais da Delegacia farão as inspeções para saber se as empresas, em geral,
frigoríficos, fábricas de sorvete, companhia de pescado e indústria têxtil cumpriram as
exigências. As empresas que não atenderam às exigências serão interditadas e
receberão multas, que variam de R$ 600 a R$ 6 mil. Caso voltem a ser notificadas, a
multa será cumulativa.
Fontes: Folha de São Paulo, Jornal de Hoje-Natal/RN, Tribuna do Norte-Natal/RN, no
período de 12 de Julho a 29 de agosto de 2003.
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Cuidados necessários em instalações de amônia
As empresas que utilizam instalações frigoríficas com amônia (NH3) como refrigerante
devem possuir equipamentos básicos de segurança pessoal para cada trabalhador
envolvido diretamente com a planta.
CONDIÇÕES BÁSICAS DAS INSTALAÇÕES
-os equipamentos de emergência devem estar dispostos em locais de fácil acesso e fora
da sala de máquinas;
-as salas de máquinas precisam ser bem projetadas e construídas, obedecendo aos
padrões de segurança estabelecidos;
-é importante observar que a sala de compressores necessita de aberturas para
ventilação e, nos casos de ambientes fechados, que tenha uma altura mínima de 4
metros de pé direito, com no mínimo duas saídas de emergência.
EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA NECESSÁRIOS NAS INSTALAÇÕES:
-uma máscara contra gases para o rosto inteiro com recipientes "refil" de amônia anidra;
-equipamento autônomo do tipo usado pelo Corpo de Bombeiros;
-óculos de proteção;
-um par de luvas protetoras de borracha (PVC);
-um par de botas protetoras de borracha (PVC);
-uma capa impermeável de borracha e/ou calças e jaqueta de borracha;
-um par de óculos protetores, justo e arejado;
-um chuveirinho, bem acessível, instalado nas áreas críticas para lavagem de olhos;
-extintores de incêndio de CO2 e pó químico seco;
-hidrantes com equipamentos hidráulicos de combate a incêndio e vazamento;
-exaustores portáteis.
Com estes equipamentos, o pessoal estará pronto para fazer as intervenções
necessárias em caso de vazamentos. Mas é importante lembrar, que os trabalhadores
envolvidos na operação da instalação, recebam treinamentos periódicos para utilização
dos equipamentos de segurança.
Fonte: York Refrigeration
Comentário Risk News
Dados compilados do Departamento Estadual de Saúde de Nova York, no período de
1993-1998, em relação a 107 vazamentos de amônia investigados pela equipe de
fiscalização de emergência de substâncias perigosas.
AS PRINCIPAIS INSTALAÇÕES REGISTRADAS FORAM:
■ Tubulações - 44%,
■ Armazenagem – nível do solo - 21%,
■ Processo sob pressão - 10% e
■ Manipulação de material – 8%
OS FERIMENTOS PREDOMINANTES ASSOCIADOS COM LIBERAÇÕES DE AMÔNIA
FORAM:
■ Problemas respiratórios (54%)
■ Irritação de olho (26%) e
■ Tontura/ efeitos no sistema de nervo central - (24%).
CAUSAS DE LIBERAÇÃO DE AMÔNIA, POR TIPO DE INDÚSTRIA:
■ Alimentícia e Bebida – 31%
■ Indústria Química /Manufatura – 29%
■ Depósito/Atacadista – 12%
■ Diversos – 28%
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CAUSAS DE LIBERAÇÃO DE AMÔNIA, POR TIPO DE INDÚSTRIA E VÍTIMAS:
■ Alimentícia e Bebida – 31%
■ Deposito/Atacadista – 10%
FALHA DE EQUIPAMENTO POR TIPO DE INDÚSTRIA:
■ Alimentícia e Bebida – 26%
■ Indústria Química /Manufatura – 20%
TIPO DE FALHA DE EQUIPAMENTO – TUBULAÇÃO
■ Alimentícia e Bebida – 17%
■ Indústria Química /Manufatura – 12%
AS MEDIDAS PARA REDUZIR AS VÍTIMAS INCLUEM;
■ Melhoria no treinamento dos empregados,
■ Melhoria no uso adequado de equipamento de proteção pessoal – EPI
■ Melhoria na manutenção de equipamento ou estudo para mudança de processo.
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