UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DEPARTAMENTO DE FÍSICA Programa de Pós-Graduação Profissional em Ensino de Física A EXPERIMENTAÇÃO EM ELETRICIDADE: UMA ESTRATÉGIA FACILITADORA DA APRENDIZAGEM DE TÓPICOS DE FÍSICA ABORDADOS NO ENSINO MÉDIO Luciano Sedraz Silva São Cristovão - SE 2015 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DEPARTAMENTO DE FÍSICA Programa de Pós-Graduação Profissional em Ensino de Física A EXPERIMENTAÇÃO EM ELETRICIDADE: UMA ESTRATÉGIA FACILITADORA DA APRENDIZAGEM DE TÓPICOS DE FÍSICA ABORDADOS NO ENSINO MÉDIO Luciano Sedraz Silva Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Profissional em Ensino de Física, da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Física, sob orientação Profa. Dra. Divanízia do Nascimento Souza. São Cristovão - SE 2015 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DEPARTAMENTO DE FÍSICA Programa de Pós-Graduação Profissional em Ensino de Física DISSERTAÇÃO DE MESTRADO A EXPERIMENTAÇÃO EM ELETRICIDADE: UMA ESTRATÉGIA FACILITADORA DA APRENDIZAGEM DE TÓPICOS DE FÍSICA ABORDADOS NO ENSINO MÉDIO Luciano Sedraz Silva Aprovada em: 13/07/2015 BANCA EXAMINADORA _______________________________________________ Profa. Dra. Divanízia do Nascimento Souza - Orientadora Universidade Federal de Sergipe _______________________________________________ Prof. Dr. José Osman dos Santos – Examinador interno Instituto Federal de Sergipe _______________________________________________ Profa. Dra. Indianara Lima Silva- Examinadora externo Universidade Estadual de Feira de Santana Universidade Federal da Bahia 4 DEDICATÓRIAS A Deus, meu Pai eterno. À Luciana Leal, minha esposa, com muito amor. A Luciano Filho e Amanda Leal, meus filhos, razão da vida. A João Souza e Terezinha Sedraz, meus pais, com muito carinho e respeito. Aos meus irmãos que estão sempre presentes em minha vida. 5 AGRADECIMENTOS A Deus por ter me dado a oportunidade de concluir mais uma etapa profissional. À minha esposa Luciana Leal pelo apoio, sabedoria e muito carinho nessa fase das nossas vidas. À minha orientadora Professora Doutora Divanízia do Nascimento Sousa, pela dedicação profissional e orientação precisa. Aos Professores Osman Santos e Indianara Lima por aceitarem participar da banca examinadora e pelas contribuições para melhoria desse trabalho. Ao Professor André Oliveira Silva Jarske que ajudou a viabilizar esse estudo, juntamente com os alunos da terceira série do ensino médio do CODAP, em especial, Lucas de Almeida que nos auxiliou na edição e diagramação do DVD dos experimentos. Aos amigos da turma Hélio Vicente e Ronilson Pinheiro pelo companheirismo e cuidado durante esse período. Aos colegas de curso pelo excelente convívio que tivemos nessa jornada. A todos os professores do Polo 11 do MNPEF que contribuíram para essa qualificação profissional. 6 RESUMO SILVA, Luciano Sedraz. A Experimentação em Eletricidade: uma estratégia facilitadora da aprendizagem de tópicos de Física abordados no Ensino Médio. 2015. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Física) – Universidade Federal de Sergipe. O uso da experimentação como estratégia de ensino em Física tem sido apontado por professores e alunos como uma das ações didáticas mais significativa no processo de ensino e aprendizagem. Corroborando esta afirmação, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) recomendam o uso da experimentação, enfatizando a relação teoria-experimento e incorporando a interdisciplinaridade e a contextualização. Apoiados nessa ideia, elaboramos este trabalho com a finalidade de colaborar para o aprimoramento do ensino da disciplina em questão. Para isto, elaboramos um projeto denominado de Oficina de Eletricidade, que foi desenvolvido no segundo semestre de 2014, com a participação de 12 alunos da 3ª série do ensino médio do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe, na cidade de São Cristóvão, SE. O projeto consistiu em atividades experimentais sobre fenômenos elétricos, por meio do qual os participantes tiveram a oportunidade de compreender e contextualizar temas de eletricidade a partir de experimentos simples e de baixo custo. A partir da Oficina, produzimos um material de apoio, chamado Kit Didático (Produto educacional), que consiste em um Manual de Montagem dos Experimentos e um DVD com um vídeo das montagens. Com as instruções presentes no Kit, professores e alunos do ensino médio poderão repetir os experimentos e até aprimorá-los. O referencial teórico deste trabalho foi fundamentado na teoria de aprendizagem significativa de David Ausubel e na Pedagogia de Paulo Freire, nas quais o aprendiz é o foco principal no processo de ensino e aprendizagem. Os resultados encontrados nesse trabalho nos mostram que a experimentação no ensino de Física é uma ferramenta que auxilia no ensino e na produção de uma aprendizagem significativa. Palavras-Chave: Aprendizagem Significativa. Ensino de Física. Experimentação. 7 ABSTRACT SILVA, Luciano Sedraz. The Experimentation in Electricity: an enabling strategy of learning topics addressed Physics in high school. 2015. Dissertation (Professional Master in Physics Teaching) - Federal University of Sergipe. The use of experimentation as a learning strategy in Physics has been pointed out by teachers and students as one of the most significant actions in the educational process of teaching and learning. Corroborating this statement, the National Curricular Parameters (PCN) recommend the use of the trial, emphasizing the theory-experiment relationship and incorporating interdisciplinarity and the contextualization. Supported this idea, we make this work in order to contribute to the improvement of teaching the discipline in question. For this, we developed a project called Electricity Workshop, which was developed in the second half of 2014, with the participation of 12 students of the 3rd year of high school of the Application School of the Federal University of Sergipe, in São Cristóvão, SE. The project consisted of experimental activities on electrical phenomena, through which participants had the opportunity to understand and contextualize electricity themes from simple experiments and low cost. From the workshop, we produce a support material, called Didactic Kit (educational product), which consists of an Assembly Manual of Experiments and a DVD with a video of assemblies. With these instructions with the kit, high school teachers and students can repeat the experiments and even improve them. The theoretical framework of this work was based on the significant learning theory of David Ausubel and pedagogy of Paulo Freire, in which the learner is the focus on teaching and learning. The results found in this work show us that experimentation in teaching physics is a tool that helps in teaching and production of a meaningful learning. Keywords: Meaningful Learning. Physics Teaching. Experimentation. 8 SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO...................................................................................... ........... 9 2. OS COLÉGIOS DE APLICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR (IFES)........................................................... .................. 12 2.1 HISTÓRICO DOS COLÉGIOS DE APLICAÇÃO.................................... 12 2.2 O COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (CODAP)............................................................................................. .......... 14 3. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................... ....... 18 3.1 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA SEGUNDO D. P. AUSUBEL.......... 19 3.2 A PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE.................................................. ... 24 3.3 A QUESTÃO DO ENSINO DE FÍSICA NA ATUALIDADE......................27 4. PROCEDIMENTOS E IMPLEMENTAÇÃO DA OFICINA DE ELETRICIDADE ..................................................................................... ......... 29 4.1 METODOLOGIA DE ENSINO............................................................. .... 30 5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............. ................................................. 50 5.1 ANÁLISE DA AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA......................................... 50 5.2 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO BALIZADOR DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA ................................................................................... ........ 54 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 60 REFERÊNCIAS......................................................................................... ....... 62 ANEXO A: O EFEITO JOULE.................................................................. ........ 66 ANEXO B: DIFERENTES TIPOS DE CONDUÇÃO................................. ........ 69 ANEXO C: ESTUDO DAS LEIS DE OHM........................................................ 71 ANEXO D: CIRCUITOS ELÉTRICOS....................................................... ....... 76 APÊNDICE A: AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA......................................... ....... 79 APÊNDICE B: QUESTIONÁNIO BALIZADOR DA APRENDIZAGEM ........ . 81 APÊNDICE C: PRODUTO EDUCACIONAL................. ................................... 86 9 1. INTRODUÇÃO Atuando como professor de Física na Rede Estadual de Ensino da Bahia desde o ano de 2000, percebo claramente nas escolas de educação básica a falta de motivação dos alunos e professores para produção de uma educação eficiente. Vários fatores contribuem com essa situação, entre eles podemos citar: unidades escolares sucateadas; falta de incentivo à qualificação profissional; baixa remuneração dos professores; jornada excessiva de trabalho; ensino predominantemente tradicional1, descontextualizado e com avaliações desestimulantes. Nesta pesquisa, vamos analisar apenas o último fator, uma vez que, ele reflete diretamente na aprendizagem dos alunos. Para mudar um pouco a situação descrita no paragrafo anterior, geralmente nas aulas procuro criar estratégias de ensino para aproximar os conteúdos de Física da realidade dos alunos. Para isso, utilizo alguns simuladores computacionais (Phet; A Física e o cotidiano), jogos (RPG) e experimentos simples e de baixo custo, sempre buscando contextualizar os assuntos abordados. De acordo com Saad (2005), pesquisas indicam que a realização de atividades experimentais se torna mais motivadora/emocionante quando os próprios estudantes participam da construção dos seus equipamentos para poderem explorar fenômenos estudados. A atividade experimental geralmente desperta nos alunos um maior interesse pelo estudo de Ciências. Segundo Araújo e Abib (2003, p. 176), a utilização de atividades experimentais em Física é de fundamental importância, pois, contribui significativamente para o aprendizado dos estudantes. Para os autores: [...] o uso de atividades experimentais como estratégia de ensino de Física tem sido apontado por professores e alunos como uma das maneiras mais frutíferas de se minimizar as dificuldades de se aprender e de se ensinar Física de modo significativo e consistente. Nesse sentido, no campo das investigações nessa área, ______________________________________________________________ 1- Nessa pesquisa ensino tradicional refere-se à educação bancária, que, conforme Paulo Freire, é aquela em que o professor é o transmissor do conhecimento e o aprendiz o receptor. 10 pesquisadores têm apontado em literatura nacional recente a importância das atividades experimentais. Acreditamos que atividades experimentais contribuem para aprendizagem significativa, visto que instiga a participação ativa dos alunos no processo de ensino e aprendizagem, despertando sua curiosidade e interesse. Corroborando com essa ideia, Araújo e Abib (2003, p. 190) afirmam que a experimentação possui: Capacidade de estimular a participação ativa dos estudantes, despertando sua curiosidade e interesse, favorecendo um efetivo envolvimento com sua aprendizagem. Também apoiando essa ideia, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) expõem a importância da experimentação no contexto escolar. Os PCN recomendam o uso da experimentação, enfatizando a relação teoriaexperimento, incorporando a interdisciplinaridade e a contextualização (BRASIL). Dentro desse novo contexto, podem-se considerar atividades experimentais: atividades demonstrativo-investigativas, experiências investigativas e simulações em computadores. A primeira ocorre quando o professor realiza o experimento. Cabe ao aluno observar, anotar e classificar. A segunda é aquela realizada pelo aluno, que discute ideias, elabora hipóteses e utiliza a experimentação para compreender os fenômenos que ocorrem. Nesta atividade experimental o professor e o mediador do conhecimento. A terceira é feita pelo aluno que utiliza o computador como ferramenta tecnológica para auxiliar o processo de aprendizagem. Serve para verificar leis e fenômenos físicos. A partir dessas constatações nasceu a ideia de organizar uma Oficina de eletricidade com a finalidade de verificar que a experimentação realmente favorece a aprendizagem significativa dos alunos. Para isso, utilizamos como estratégia de ensino a parceria entre teoria e prática com o objetivo de proporcionar aos estudantes uma melhor compreensão dos conceitos científicos. O público escolhido para a realização dessas atividades foram 11 estudantes da terceira série do ensino médio do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Entendendo que a experimentação é uma ferramenta de ensino que coloca o estudante como protagonista do processo, com a realização desse trabalho, buscou-se comprovar a importância das atividades experimentais na disciplina de Física. Este texto é o registro das etapas realizadas para validar o uso da experimentação com estratégia de ensino que garante a aprendizagem significativa. A presente dissertação foi estruturada da seguinte forma: No Capítulo 2, que trata dos colégios de Aplicação das instituições federais de ensino superior, abordamos o histórico, o objetivo da criação dessas instituições, e a finalidade na sociedade; além disso, apresentamos detalhes sobre o Colégio de Aplicação da UFS, universo da pesquisa aqui apresentada. No Capítulo 3, denominado de Referencial teórico justificamos porque adotamos como fundamentação teórica a teoria cognitivista da aprendizagem significativa de David Paul Ausubel e a Pedagogia de Paulo Freire, porque, assim como esses dois pesquisadores, acreditamos que a participação do aluno é essencial no processo de construção do conhecimento. No Capítulo 4 que traz os procedimentos e implementação do projeto de pesquisa, apresentamos as estratégias metodológicas que foram utilizadas durante a execução deste trabalho com a finalidade de promover a aprendizagem significativa nos temas de eletricidade. A análise de dados é feita no Capítulo 5, a partir da análise das respostas dos alunos, empregando para isso dois instrumentos avaliativos. Nele, tabulamos e analisamos os resultados obtidos, a fim de comprovar a eficácia do processo. Considerações finais: neste último capítulo comentamos os resultados obtidos, tomando como base os princípios das teorias de Ausubel e Paulo Freire. Além disso, explicamos a pertinência da prática desta proposta nas escolas de ensino médio. 12 2. OS COLÉGIOS DE APLICAÇÃO DAS FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR (IFES) INSTITUIÇÕES 2.1 HISTÓRICO DOS COLÉGIOS DE APLICAÇÃO De acordo com Marques (2011), o primeiro Colégio de Aplicação criado no Brasil tem sua origem na esfera estadual, no ano de 1934 na Universidade de São Paulo (USP). Ele era conhecido como “escola anexa”, e seu objetivo era a experimentação pedagógica. A primeira composição de unidades de Educação Básica dentro das Instituições Federais de Ensino Superior data de 1946, ocorrendo na cidade do Rio de Janeiro. A sua origem foi na antiga Universidade do Brasil, atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na oportunidade, foi criado o primeiro Ginásio de Aplicação, vinculado à Faculdade de Filosofia, com base no Decreto Lei 9.053 de 12 de março de 1946 (DOU 12/03/1946), onde em seu artigo primeiro estabelece a obrigatoriedade das Faculdades de Filosofia federais a manter um ginásio de aplicação destinado à prática docente dos alunos matriculados nos cursos de Didática. Com esse mesmo Decreto Lei surgiram em várias Universidades, mantidas pelo Governo Federal, os Ginásios de Aplicação que a partir da década de 1970 receberam outros nomes como: Colégios de Aplicação ou Escolas de Aplicação. O objetivo da criação dos Colégios de Aplicação na ocasião de sua fundação era a de formar jovens professores. As Instituições de Ensino Superior que tinham os cursos de licenciatura utilizavam esses espaços para que os alunos da graduação pudessem experimentar metodologias de ensino nas salas de aula sob a supervisão de seus docentes. A ideia de experimentação praticada nas escolas dos Estados Unidos expandiu-se na década de 1970 também para o Brasil, e as Escolas de Aplicação assemelhavam-se a locais convenientes de experiências para novos modelos didáticos. Essa característica contribuiu para a sua distinção no que se refere ao ensino em relação às escolas denominadas comuns. De acordo com o Caderno Educação Básica Série Institucional Volume V (1993) do Ministério de Educação (MEC), as Escolas de Aplicação caracterizam-se como escolas laboratório, e se estabelecem como campo de 13 experimentação e pesquisa na área do ensino e aprendizagem, implicando na fertilização pedagógica interna e externa. Em 15 de setembro de 1995, foi criado na cidade de Recife, o Conselho de Dirigentes das Escolas Básicas das Instituições Federais de Ensino Superior (CONDICAp), com o objetivo de inserir os Colégios de Aplicação nas políticas de ensino, pesquisa e extensão das IFES. Atualmente, o CONDICAp é composto por dezessete Colégios de Aplicação. A tabela 2.1 a seguir mostra os CAP e seus respectivos anos de fundação. TABELA 2.1: RELAÇÃO DOS CAPS - FONTE: CONDICAP – 2014. UNIDADES FUNDAÇÃO 1º Colégio de Aplicação da UFRJ 20/05/1948 2º Colégio de Aplicação da UFRGS 14/04/1954 3º Centro Pedagógico (CP) da UFMG 24/04/1954 4º Colégio de Aplicação da UFPE 10/03/1958 5º Colégio de Aplicação (Codap) da UFS 30/06/1959 6º Colégio de Aplicação da UFSC 17/07/1961 7º Escola de Aplicação da UFPA 07/03/1963 8º Colégio de Aplicação João XXIII da UFJF 23/08/1964 9º Colégio Universitário (Coluni) da UFV 26/03/1965 10º Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) da UFG 12/03/1966 11º Colégio Universitário (Colun) da UFMA 20/05/1968 12º Escola de Educação Básica (Eseba) da UFU 01/03/1977 13º Núcleo de Educação da Infância (NEI) da UFRN 17/05/1979 14º Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) da UFSC 08/05/1980 15º Colégio de Aplicação da UFAC 11/12/1981 11/12/1981 16º Colégio de Aplicação da UFRR 09/01/1995 17º Colégio Universitário da UFF 29/03/2006 14 2.2 O COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - CODAP Iniciamos esta seção justificando a escolha do CODAP como universo de nossa pesquisa. O critério utilizado foi que esta instituição de ensino (escola-laboratório) tem como finalidade desenvolver práticas pedagógicas e produzir conhecimento em função de uma melhor qualidade de ensino. O Colégio de Aplicação da UFS foi o 5º a ser fundado no Brasil. Tendo origem no antigo Ginásio de Aplicação (G. A.) e sendo criado no dia 30 de junho de 1959 e pertencia à Faculdade de Filosofia de Sergipe. Seu objetivo inicial era servir como campo de estágio daquela Faculdade. Até meados da década de 1960 ofertava apenas o ensino fundamental, antigo 1º grau. Em 30 de dezembro de 1965, foi autorizado o funcionamento do 2º Grau (Ensino Médio) com duas opções de ensino: o Clássico e o Científico. A partir daí o Ginásio de Aplicação passa a ser denominado Colégio de Aplicação da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe. No ano de 1981, o Colégio de Aplicação foi transferido para o Campus Universitário José Aloísio de Campos. Agora sendo considerado um órgão Suplementar, que está ligado diretamente à Reitoria. Dessa forma, assumindo as funções do Ensino e campo de Estágio, além, das atividades de Pesquisa e Extensão. De acordo com o portal do CODAP (2014), a Instituição mantem desde a década de 1980 uma relação direta com o Centro de Ciências Humanas, propondo-se a ser campo de pesquisa, experimentação e prática pedagógica, além de servir como meio de difusão de tecnologias educacionais para a Comunidade dos ensinos fundamental e médio, antigos 1ºe 2º Graus. A partir de 1993 através da Resolução nº 11/92/CONEPE/UFS, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe passou a ser ligado pedagogicamente à Pró–Reitoria de Graduação da UFS – PROGRAD/UFS com o objetivo de alcançar um maior envolvimento com os diferentes Departamentos da UFS. Após 35 anos de sua fundação, o CODAP, passou a funcionar em sua sede própria (Figura 2.1). Atualmente, a estrutura física desse colégio é composta por 14 salas de climatizadas; 02 laboratórios de informática; 02 15 laboratórios de ciências naturais; 02 salas de audiovisual; 02 auditórios; 03 salas de coordenações de áreas; 01 sala da coordenação pedagógica; 01 biblioteca climatizada; 06 banheiros para alunos; 04 banheiros para professores; 01 cantina; 01 quadra poliesportiva coberta; 01 secretaria escolar; 01 estacionamento para 22 automóveis de passeio; 01 copa; 01 almoxarifado; 01 sala da vice direção; 01 sala da direção; 01 sala de artes; 01 sala de orientação educacional; 01 sala para iniciação científica e uma área verde ao redor de toda sua extensão. Além disso, a escola possui conexão a internet através de cabos e sem fio (WIFI) para proporcionar uma comodidade aos usuários da comunidade escolar. A partir de 2006, o Colégio de Aplicação passou a ter representantes em três Conselhos da Universidade: Universitário; de Ensino, Pesquisa e Extensão e, por fim, o Conselho de Centro. No dia 30 de junho de 2014 o Codap comemorou 55 anos de serviços educacionais prestados à sociedade Sergipana. Ao longo do referido ano, o Colégio promoveu diversos eventos comemorativos. Figura 2.1 – Sede do CODAP – Fonte: www.infonet.com.br Em 2014, o CODAP tinha 450 alunos matriculados, sendo 210 no Ensino Fundamental II (6° ao 9° ano) e 240 no Ensino Médio. Além de Educação 16 Básica, oferece vagas em dois projetos: um de Extensão em Educação em Jovens e Adultos com aproximadamente 160 alunos matriculados e o outro de Pesquisa em Iniciação Científica. Em seu quadro docente, hoje o Colégio possui 37 professores. Sendo que 30 são Professores Efetivos e 07 Professores Substitutos. Além de possuir um quadro administrativo com 18 Técnicos-Administrativos. A seguir, na figura 2.2 é apresentado um gráfico que expõe o quantitativo e a qualificação profissional dos docentes do Colégio de Aplicação da UFS. Qualificação profissional dos docentes do CODAP 20 Quntidade de professor 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Graduado Especialista Mestre Doutor Figura 2.2. Quantitativos de decentes e os respectivos graus de formação. Fonte: CODAP - 2014 Desde 2009, para estudar no Colégio de Aplicação da UFS é necessário que o aluno participe de sorteio público que é realizado anualmente para preenchimento de vagas do 6º ano do ensino fundamental. O sorteio público para admissão nas demais séries dependerá da existência de vagas, a partir de três, observando-se o número de repetentes e o número máximo de alunos permitidos por turma. Em relação aos estudantes da Oficina de Eletricidade, eles não participaram desse sorteio, pois, na época a seleção para ingresso no CODAP os alunos fizeram uma prova de conhecimentos. 17 Vale ressaltar que no ano 2014 os alunos da terceira série do ensino médio dessa Instituição tiveram um bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Muitos obtiveram pontuação suficiente para aprovação nos principais cursos da Universidade Federal de Sergipe, entre eles: Medicina; Engenharias Civil, Elétrica e Computação; Direito; Psicologia e Administração de Empresas. Além disso, o aluno Lucas de Almeida, participante da Oficina, obteve nota máxima na prova de redação do ENEM e foi o primeiro colocado no curso de Engenharia da Computação da UFS. Atualmente a direção do CODAP é composta pela Profª. M.S. Marília Menezes Nascimento Souza Carvalho (Diretora) e pela Profª M.S. Jane dos Santos (Vice-diretora). Elas foram escolhidas de forma democrática através de eleição direta, com participação de toda comunidade escolar. A duração da gestão é de 4 anos (2013-2016). De acordo com o CONDICAP (2014), nas avaliações do Ministério da Educação – MEC , no período de 2005 a 2009 o CODAP apresentou um bom desempenho no ENEM ficando entre os cinco primeiros Colégios de Aplicação do Brasil. Da mesma forma, no critério relação interpessoal professor-aluno a escola se destacou. Assim, percebemos a importância do Colégio Aplicação para a comunidade sergipana, pois, durante mais de 55 anos essa Instituição vem contribuindo com o crescimento intelectual e social de jovens. 18 3. REFERENCIAL TEÓRICO Nos últimos 50 anos o ensino de ciências tem sofrido modificações importantes. Uma delas é a inserção da experimentação no ensino de Física. Segundo Gioppo (1998), a experimentação no ensino de física é uma ferramenta que auxilia no processo de ensino e aprendizagem e, até mesmo, no processo de construção do conhecimento científico, mas apenas a existência de um laboratório bem equipado para atender as formalidades curriculares não garante que as atividades práticas sejam realmente significativas no ensino; para torná-las significativas é preciso que o professor as situe adequadamente no processo ensino e aprendizagem. É importante lembrar que quando a atividade experimental não está associada à outra estratégia de ensino, ela provavelmente não proporcionará uma aprendizagem significativa. Em algumas situações o aluno apenas manipula objetos, sem levar em consideração a relação existente entre a experimentação e os conteúdos abordados na sala de aula e até mesmo com o seu cotidiano. De acordo com Alves e Stachak (2005), é importante que o professor insista na ideia de que a ciência é muito mais que mera descrição dos fenômenos observados. É uma tentativa de descobrir a ordem e a relação entre os diversos fenômenos. O papel da experimentação no ensino de Física possui algumas vertentes. Segundo Araújo e Abib (2003), essas atividades podem ser concebidas desde situações que focalizam a mera verificação de leis e teorias, até situações que privilegiam as condições para os alunos refletirem e reverem suas ideias a respeito dos fenômenos e conceitos abordados, podendo assim atingir um nível de aprendizado que lhes permita efetuar uma reestruturação de seus modelos explicativos dos fenômenos. Nessa pesquisa, adotamos a segunda possibilidade por contemplar a ideia de uma aprendizagem onde o aluno participa do processo de construção do conhecimento. Para isso, vamos adotar como referencial teórico a teoria cognitivista da aprendizagem significativa de David Paul Ausubel e a Pedagogia de Paulo Freire. 19 3.1. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA SEGUNDO DAVID PAUL AUSUBEL David Paul Ausubel nasceu no dia 25 de outubro de 1918 na cidade de Nova York. Filho de uma família de classe baixa e de origem judia, ele sempre questionou a educação que recebeu na infância. Segundo Da Silva e Schirlo (2014), Ausubel era revoltado contra os castigos e humilhações pelos quais passara na escola, por isso afirmava que a educação é violenta e reacionária. Sua formação inicial foi em psicologia pela Universidade da Pennsylvania nos Estados Unidos no ano de 1939. No ano de 1943 graduou-se em medicina pela Universidade Middlesex na Inglaterra. Em 1950, tornou-se Phd em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade de Columbia. Ainda de acordo com Da Silva e Schirlo (2014), Ausubel resolveu dedicar-se à educação no intuito de buscar as melhorias necessárias ao adequado aprendizado. Ele era completamente averso a aprendizagem puramente mecânica, por esse motivo torna-se um representante do cognitivismo, e propõe uma aprendizagem que tenha uma estrutura cognitivista. Ausubel escreveu livros e artigos sobre psicologia da educação, psicologia do desenvolvimento e de ensino, dentre eles: Psicologia Educacional: Uma Visão Cognitiva (1968); Teoria da Aprendizagem e Sala de Aula Prática (1967); Aquisição e Retenção de Conhecimentos: Uma Perspectiva Cognitiva (2003). A teoria proposta por Ausubel recomenda que os conhecimentos prévios dos estudantes sejam levados em consideração. Pois, a partir deles os estudantes podem descobrir e redescobrir outros conhecimentos, o que possibilita uma aprendizagem mais significativa e dinâmica. De acordo com Moreira (2011, p. 161), aprendizagem significativa é: ... um processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se com um aspecto especificamente relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo, ou seja, este processo envolve a interação da nova informação com uma estrutura de conhecimento específica, a qual Ausubel define como conceito subsunçor, ou simplesmente subsunçor, indivíduo. existente na estrutura cognitiva do 20 Dessa forma, a aprendizagem significativa ocorre toda vez que uma informação nova aporta-se a conceitos preexistentes na estrutura cognitiva do estudante. Caso isso não ocorra, a aprendizagem torna-se monótona, mecânica e repetitiva visto que os assuntos abordados não têm relação direta com os conhecimentos prévios dos alunos. Ainda segundo Moreira (2011, p. 162), aprendizagem mecânica é: ... a aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma interação com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva. Nesse caso, a nova informação é armazenada de maneira arbitrária. Não há interação entre a nova informação e aquela já armazenada. O conhecimento assim adquirido fica arbitrariamente distribuído na estrutura cognitiva, sem ligar-se a conceitos subsunçores específicos. Corroborando com as ideias de Moreira, Mess (2004, p. 06) afirma em relação a Ausubel: A sua teoria se baseia no conhecimento prévio, aquilo que o aluno já sabe ou traz na bagagem de conhecimentos adquiridos, anteriormente à data em que o ensino aprendizagem está acontecendo. Sua teoria é construtivista e o papel da interação professor aluno, sem dúvida é importante, para que, a partir dos subsunçores que o aluno possui, construir novos subsunçores ou modificar os velhos. A aprendizagem é dinâmica, pois ela é uma interação entre aluno e professor, a partir do conhecimento prévio que o aluno tem. Em algumas situações de aprendizagem os estudantes ainda não apresentam os conhecimentos prévios. Para resolver esse impasse Ausubel sugere a utilização dos organizadores prévios como estratégia de ensino e aprendizagem. Para Ausubel (2003) um organizador prévio pode facilitar a aprendizagem e retenção de um material não familiar, porém significativo, aumentando a aproximação entre o novo material a ser aprendido e os conceitos já estabelecidos na estrutura cognitiva do indivíduo. Segundo ele, existem dois tipos de organizadores prévios: os expositórios e os comparativos. 21 O primeiro é indicado quando o material apresenta pouca familiaridade para o aprendiz. O segundo quando o material de aprendizagem é muito próximo da realidade do aprendiz. Este tipo de organizador pode ser usado para integrar as ideias novas com conceitos existentes na estrutura cognitiva. De acordo com Souza e Moreira (1981, p. 304), organizadores prévios são: ... materiais introdutórios, apresentados a um nível mais alto de abstração, generalidade e inclusividade que o conteúdo do material instrucional a ser aprendido. Eles se destinam a servir como pontes cognitivas entre aquilo que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber para que possa aprender significativamente o novo conteúdo. (...) não devem ser confundidos com sumários e introduções que são escritos no mesmo nível de abstração, generalidade e inclusividade do material que se segue, simplesmente enfatizando os pontos principais desse material. Na concepção ausubeliana, os organizadores prévios destinam-se a facilitar a aprendizagem de um tópico específico. Segundo Moreira e Masini (2006), o conteúdo previamente apropriado pelo educando representa um fator que influencia o processo de aprendizagem, pois novas informações serão alcançadas e armazenadas na proporção qualitativa da estrutura cognitiva prévia do estudante, construindo uma aprendizagem significativa. Para que ocorra uma aprendizagem significativa, Moreira (2011) sugere as seguintes condições: o material precisa ser relacionável à estrutura cognitiva do aluno, ou seja, potencialmente significativo; o estudante precisa ter disposição em aprender. De acordo com Ausubel (2003), a aprendizagem pode ocorrer por descoberta quando o conteúdo a ser aprendido é descoberto pelo aprendiz, e ocorre por recepção quando o conteúdo é apresentado ao estudante de forma expositiva. Na aprendizagem por recepção, o conteúdo total do que está por aprender apresenta-se ao aprendiz na forma acabada. A tarefa de aprendizagem não envolve qualquer descoberta independente por parte do mesmo. Em contra partida, na aprendizagem pela descoberta o conteúdo principal do que está por aprender não é dado, mas deve ser descoberto de modo independente pelo aprendiz. 22 Vale ressaltar que a aprendizagem por descoberta nem sempre será significativa, visto que o assunto descoberto deverá estar relacionado aos conceitos prévios existentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Dessa forma, as duas modalidades de aprendizagem (descoberta e recepção) podem ser significativas, necessitando apenas de uma relação com os subsunçores dos estudantes, caso contrário, a aprendizagem é considerada mecânica. Outras classificações para aprendizagem significativa foram propostas por Ausubel, levando em consideração “o que se aprende” e “como se aprende". É bom destacar que elas não são excludentes. Segundo Moreira (2011), existe três tipos aprendizagem que levam em consideração “o que se aprende”: representacional, de conceitos e proposicional. A primeira é considerada a forma mais simples de aprendizagem significativa. Ela é identificada quando um indivíduo consegue atribuir significado a símbolos específicos e aos fatos aos quais eles se referem. A segunda é mais genérica, abstrata e representa regularidades, podendo ser considerada uma forma de aprendizagem representacional. Já a terceira o conceito é definido através de uma proposição, portanto, através de várias palavras. De certa forma, opondo-se a aprendizagem representacional. Já no critério “como se aprende”, Moreira (2011), classifica a aprendizagem em: subordinada, superordenada e combinatória. A primeira ocorre quando a nova informação ganha significado por meio da interação com os conhecimentos prévios (subsunçores). Ou seja, o novo conhecimento adquire significado por se relacionar de forma inclusiva a conhecimentos existentes na estrutura cognitiva do aluno. A segunda é quando o sujeito aprende um novo conceito ou proposição potencialmente significativos, que possa a subordinar conceitos ou proposições já existentes na sua estrutura cognitiva. A terceira é quando o novo conhecimento não guarda relações de superordenação e subordinação com conceitos específicos. Ou seja, quando o significado vem a partir da interação com o conhecimento mais amplo encontrado na estrutura cognitiva do aprendiz. É importante salientar que apesar de existir diversas formas de aprendizagem significativa, uma não exclui outra, na maioria das situações complementam-se. Vale destacar ainda, que nesse processo de aprendizagem o professor tem a função de facilitador. Conforme Moreira (2011), para cumprir 23 de forma satisfatória a sua função, o professor, terá que realizar pelo menos quatro tarefas: identificar a estrutura conceitual e proposicional da matéria de ensino; identificar quais os subsunçores relevantes a aprendizagem do conteúdo a ser ensinado; diagnosticar aquilo que o aluno já sabe e ensinar utilizando recursos e princípios que facilitem a aquisição da estrutura conceitual da matéria de ensino. De acordo com Moreira (2009, p. 32), Ausubel atribui o status de princípio à afirmação de que conceituações ou proposições mais gerais devem ser apresentadas no início de um processo de instrução. Este princípio é baseado em duas hipóteses: 1) as dificuldades de aprendizagem são menores quando, a partir do todo, se olha as partes, do que quando, a partir das partes, tentase entender o todo; 2) na estrutura mental de um indivíduo existe certa hierarquia, na qual ideias mais gerais encontram-se no topo, incluindo mais abaixo proposições e conceitos específicos. Percebemos que a teoria de aprendizagem significativa proposta por Ausubel, apresenta vantagens em relação à teoria de aprendizagem memorística (mecânica). Segundo Pelizzari (2001, p. 39), existem três vantagens: Em primeiro lugar, o conhecimento que se adquire de maneira significativa é retido e lembrado por mais tempo. Em segundo, aumenta a capacidade de aprender outros conteúdos de uma maneira mais fácil, mesmo se a informação original for esquecida. E, em terceiro, uma vez esquecida, facilita a aprendizagem seguinte – a “reaprendizagem”, para dizer de outra maneira. Concordando com Silva (2010), acreditamos que o fator determinante para a aprendizagem ser ou não significativa está diretamente ligada às relações estabelecidas nos processos de ancoragem que ocorrem na estrutura cognitiva de um indivíduo. Assim, quanto mais bem elaborado for o processo de ancoragem dos novos conceitos aos subsunçores existentes na estrutura cognitiva do aprendiz, mais significativa será a aprendizagem. Dessa forma, fica evidenciado que na aprendizagem significativa proposta por Ausubel (1980), o fator isolado mais importante que influencia no 24 processo de aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe (subsunçores). Para o professor mediador fica a missão de descobrir e ensinar os conteúdos de acordo com os conhecimentos prévios do aluno. 3.2 A PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE De acordo com o site Pensador (2015) Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, na cidade de Recife. Filho de uma família de classe média, desde muito cedo questionou a forma de ensino que era empregada naquela época. A sua prática de ensino baseava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo a partir de uma relação feita com o seu cotidiano. Segundo a revista Nova Escola – Edição Especial Grandes pensadores (2008), Freire era totalmente contra a educação bancária proposta pela sociedade daquela época (década 1960), pois, acreditava que a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. As ideias de Paulo Freire eram contrárias às propostas pela sociedade elitista daquela época (década de 1960). Freire questionava o método tradicional de ensino, pois, acreditava que as estratégias utilizadas nesse processo eram excludentes e não favoreciam o aprendizado dos alunos. Em decorrência desse fato, ele propôs uma pedagogia humanista e libertadora com a finalidade de libertar os oprimidos a partir de um método revolucionário de ensino. No inicio da década de 1960, Freire ganhou destaque no cenário da Educação brasileira. Nessa época propôs um método de ensino revolucionário, cujo objetivo inicial foi a alfabetização de 300 cortadores de cana em um intervalo de 45 dias. Ele não adotou a cartilha usada no ensino tradicional, pois, acreditava que a repetição de palavras soltas não era suficiente para um bom aprendizado. A seguir, apresentamos de acordo com o site “Projeto Memoria” (2014), as três etapas desse método que até hoje é muito utilizado pelos professores da educação básica: 25 1. Etapa de investigação: nesta etapa o professor em parceria com os alunos procuram inicialmente palavras (palavras geradoras) e temas (temas geradores) que estão inseridos no cotidiano dos alunos. 2. Etapa de tematização: Análise dos significados sociais das palavras e dos temas geradores. 3. Etapa de problematização: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura conscientizada. Vale ressaltar que o método de alfabetização de Paulo Freire estava fundamentado nas palavras e nos temas geradores, as quais aproximavam os conteúdos escolares da realidade dos alunos. Para Freire (1987, p. 34), a “educação bancária” estimula a contradição. A seguir, apresentamos algumas dessas contradições: a) o educador é o que educa; os educandos, os que são educados; b) o educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem; c) o educador é o que pensa; os educandos, os pensados; d) o educador é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam docilmente; e) o educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados; f) o educador é o que opta e prescreve sua opção; os educandos os que seguem a prescrição; g) o educador é o que atua; os educandos, os que têm a ilusão de que atuam, na atuação do educador; h) o educador escolhe o conteúdo programático; os educandos, jamais ouvidos nesta escolha, se acomodam a ele; i) o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem adaptar-se às determinações daquele; j) o educador, finalmente, é o sujeito do processo; os educandos, meros objetos. Contrariando a educação bancária, Freire (1987, p. 39-40) propõe a educação problematizadora, libertadora, fundamentada no diálogo que é imprescindível para a prática da libertação. O antagonismo entre as duas concepções, uma, a “bancária”, que serve à dominação; outra, a problematizadora, que serve à libertação, toma corpo exatamente aí. Enquanto a primeira, necessariamente, mantém a contradição educador-educandos, a segunda realiza a superação. (...) A educação como prática da 26 liberdade, ao contrário naquela que é prática da dominação, implica na negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim também na negação do mundo como uma realidade ausente dos homens. Diferente da educação bancária, onde estudar é apenas a memorização de conteúdos de forma mecânica, na educação dialógica o ato de estudar requer apropriação da significação dos conteúdos. O estudante na educação dialógica assume o papel de sujeito crítico e sistemático. Freire (1987, p. 58) diferencia a educação dialógica da bancária da seguinte forma: Enquanto na prática “bancária” da educação, anti-dialógica por essência, por isto, não comunicativa, o educador deposita no educando o conteúdo programático da educação, que ele mesmo elabora ou elaboram para ele, na prática problematizadora, dialógica por excelência, este conteúdo, que jamais é “depositado”, se organiza e se constitui na visão do mundo dos educandos, em que se encontram seus “temas geradores”. Para que esse diálogo comece, é necessário que o educador busque um conteúdo programático que contemple a realidade do educando. Freire (1987, p. 47) afirma que: Para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da educação não é uma doação ou uma imposição – um conjunto de informes a ser depositado nos educandos, mas a revolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo, daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada. Dessa forma, percebemos alguns pontos de convergência na Teoria da aprendizagem proposta por Ausubel e a Pedagogia de Paulo Freire, porque: os dois teóricos consideram os conhecimentos prévios do aluno como um fator essencial no processo da aprendizagem significativa; eles questionam a eficácia da aprendizagem mecânica (memorística) apesar de em algumas situações seja necessário à memorização para a compreensão de novos conceitos e, além disso, ambos concordam que o contexto social e o os 27 conhecimentos prévios dos educandos devem ser levados em consideração no processo de aprendizagem. Vale ressaltar que embora existam muitas semelhanças entre os pensamentos desses dois teóricos, segundo Santana (2013), Ausubel não tinha conhecimento do discurso político de Freire. 3.3 A QUESTÃO DO ENSINO DE FÍSICA NA ATUALIDADE A realidade atual do ensino de Física (educação básica) no Brasil não está tão distante da vivida no século passado. Encontramos com frequência professores da referida disciplina enfrentando grandes dificuldades em construir o conhecimento junto com seus alunos de forma contextualizada e significativa. Para mudar essa situação, vários autores recomendam a inserção das atividades experimentais nas aulas de Física como estratégia facilitadora da aprendizagem, pois, através da experimentação os fenômenos e leis tornam-se mais reais. Corroborando com essa ideia, Araújo e Abib (2003, p. 191) afirmam que a experimentação tem: Tendência em propiciar a construção de um ambiente motivador, agradável, estimulante e rico em situações novas e desafiadoras que, quando bem empregadas, aumentam a probabilidade de que sejam elaborados conhecimentos e sejam desenvolvidas habilidades, atitudes e competências relacionadas ao fazer e entender a Ciência. A atividade experimental também colabora com a aprendizagem significativa uma vez que há interação de uma informação a um aspecto relevante da estrutura cognitiva do aluno. Pensando assim, Feynman (1999, p. 36-37) afirma: O teste de conhecimento é a experiência. A própria experiência ajuda a produzir leis, no sentido em que fornece pistas. Mas também é preciso imaginação para criar, a partir dessas pistas, as grandes generalizações para descobrir os padrões maravilhosos, simples, mas muito estranho por baixo delas e depois, experimentar para verificar de novo se fizemos a descoberta certa. 28 Contudo, alguns fatores podem prejudicar a eficácia da experimentação no ensino de Física, dentre eles podemos citar: currículo que não atende a demanda da comunidade escolar; número reduzido de aulas; uso excessivo da aprendizagem mecânica; escolas sucateadas, a falta de laboratório e em algumas situações a falta de profissional qualificado para utilizar esse espaço (laboratório). Nesse contexto Borges (2002, p. 294) afirma que: Os professores de ciências, tanto no ensino fundamental como no ensino médio, em geral acreditam que a melhoria do ensino passa pela introdução de aulas práticas no currículo. Curiosamente, várias das escolas dispõem de alguns equipamentos e laboratórios que, no entanto, por várias razões, nunca são utilizados, dentre as quais cabe mencionar o fato de não existirem atividades já preparadas para o uso do professor; falta de recursos para compra de componentes e materiais de reposição; falta de tempo do professor para planejar a realização de atividades como parte do seu programa de ensino; laboratório fechado e sem manutenção. Apesar de todas essas dificuldades e problemas encontrados no sistema de ensino, acreditamos que as aulas com as atividades experimentais transpõem os limites do ensino tradicional, reprodutor de conhecimentos (aprendizagem mecânica), em direção a uma aprendizagem rica em estímulos e aberto a participação e interação dos alunos (protagonista do processo). Assim, colocar a experimentação em evidência no ensino de Física é favorecer a motivação para aprendizagem do estudante, uma vez que proporciona criatividade e reelaboração do conhecimento. Dessa forma, concordamos a Hodson (1994), quando o autor afirma o trabalho experimental deve estimular o desenvolvimento conceitual, fazendo com que os estudantes explorem, elaborem e supervisionem suas ideias, comparando-as com a ideia científica, pois só assim elas terão papel importante no desenvolvimento cognitivo. Portanto, esperamos que realmente a experimentação seja inserida nas aulas de Física uma vez que favorece a aprendizagem significativa. 29 4. PROCEDIMENTOS E IMPLEMENTAÇÃO DA OFICINA DE ELETRIDIDADE Este capítulo tem a finalidade de apresentar as estratégias metodológicas que foram usadas para a execução deste trabalho. A pesquisa foi desenvolvida em um projeto intitulado “Oficina de Eletricidade”. Os alunos participantes eram da terceira série do ensino médio, do Colégio de Aplicação (CODAP), da Universidade Federal de Sergipe que está localizada na cidade de São Cristovão – SE. As atividades propostas foram realizadas no Laboratório de Física do CODAP, em parceria com as aulas teóricas de física ministradas pelo professor responsável pela disciplina na escola, professor André Oliveira. Ocorreram às quintas-feiras, pela manhã, durante o período de junho a novembro de 2014. Apesar de usar as instalações do laboratório, os materiais e os equipamentos utilizados na oficina foram custeados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A pesquisa foi de natureza qualitativa. Como procedimento metodológico foi realizado um levantamento bibliográfico inicial de obras que tratam sobre as temáticas de Física no ensino médio e experimentação. Tal procedimento justifica-se em função de que o levantamento bibliográfico ser um passo essencial de qualquer pesquisa. De acordo com Gil (2002, p. 44): A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos, possibilitando, assim, ao pesquisador o acesso a diversas obras que possam fundamentar a sua pesquisa. Segundo Bogdan e Biklen (1982) existem vários aspectos que caracterizam a pesquisa qualitativa. A fonte direta é o ambiente natural onde ocorrem os fatos e o pesquisador é seu protagonista. Os dados coletados são predominantemente descritivos, pois detalham características de sujeitos e situações, o processo é priorizado em detrimento do produto. O foco de atenção do pesquisador está no sentido que as pessoas atribuem às coisas e à vida. 30 De acordo com Minayo (2010, p.32), a abordagem qualitativa pode ser conceituada como: É o que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. Ainda segundo Manayo (2010, p. 34): A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Na pesquisa qualitativa a veracidade dos fatos ou fenômenos não é comprovada através dos números. Utiliza-se da experiência para argumentar a coerência das ideias. Em função disso, ela é a mais usada nas ciências sociais. 4.1 METODOLOGIA DE ENSINO No início do mês de maio de 2014, entramos em contato com o Professor de Física do CODAP, André Oliveira Silva Jarske, com a finalidade de apresentar o projeto de pesquisa. Conseguimos agendar uma reunião para o dia 15 do referido mês. Na oportunidade, explicamos a finalidade, os procedimentos e a importância do projeto para os alunos do Colégio de Aplicação. Após a explanação, o docente André mostrou-se interessado em colaborar com o projeto. Para isso, foi necessário apresentar para o Colegiado Escolar do CODAP a proposta de trabalho. Com a autorização da escola, marcamos um encontro com os alunos para apresentar a “Oficina de Eletricidade”. Durante a exposição, percebemos o entusiasmo dos alunos com 31 a temática e as estratégias metodológicas apresentadas. Ao término da apresentação foi confirmada a aceitação e a parceria com o projeto. As atividades foram iniciadas na segunda unidade didática do mesmo ano letivo. A seguir, relataremos as atividades desenvolvidas durante segundo semestre. PRIMEIRO ENCONTRO No final do mês de julho de 2014 ocorreu o inicio da Oficina de Eletricidade. Neste primeiro momento com os alunos, fizemos a socialização do planejamento das atividades. A ideia inicial foi apresentar a proposta metodológica da oficina. Naquele mesmo momento, discutimos e planejamos as tarefas que foram realizadas durante o segundo e terceiro bimestres do referido ano. Corroborando com as ideias de Ausubel e Paulo Freire, aplicamos uma avaliação prognóstica (APÊNDICE A), com a finalidade de verificar o que os alunos já sabiam sobre Eletricidade. Ou seja, com essa atividade foram avaliados os conhecimentos prévios a cerca dessa temática. SEGUNDO ENCONTRO Iniciamos a segunda aula da oficina apresentando os dados da avaliação feita pelos alunos no encontro anterior. A partir daí, fizemos a exposição dos conceitos básicos da eletricidade. Durante a explanação, percebemos que os alunos tinham dificuldades em diferenciar corrente elétrica de tensão elétrica e resistência elétrica de resistor elétrico, por exemplo. Além disso, não sabiam o que era um material dielétrico. Como estratégia facilitadora do processo de ensino e aprendizagem, usamos um objeto educacional intitulado “Experimento Prático: Condutores e Isolantes” que tem a finalidade de explicar conceitos de eletricidade. Para acessar esta ferramenta utilizamos o seguinte endereço eletrônico: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/fisicaecotidiano/conteudos/view/Exp_02Condutores_e_Isolantes/Exp_02-Condutores_e_Isolantes_view.html. A figura 4.1 abaixo mostra duas telas a interface do simulador usado na aula pelos alunos. 32 Figura 4.1: Simulador de condutores e isolantes elétricos – Fonte: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/fisicaecotidiano A utilização do simulador, serviu para os alunos conseguissem compreender melhor as caracteristicas fundamentais dos materiais dielétricos e dos condutores de eletricidade. Vale ressaltar que, de acordo com Ausubel, uma das condições para proporcionar uma aprendizagem significativa é que o material utilizado seja potencialmente significativo, por isso usamos essa ferramenta como estrategia facilitadora da aprendizagem. TERCEIRO ENCONTRO Na terceira aula, como os alunos já sabiam diferenciar condutores de dielétricos, ou seja, possuíam pré-requisitos para a realização do primeiro experimento, apresentamos a atividade a ser realizada e em seguida dividimos a turma em quatro equipes com três componentes cada. O objetivo dessa primeira atividade era classificar alguns materiais como condutores ou isolantes elétricos a partir da sua resposta à passagem da corrente elétrica. A partir daí, eles puderam discutir e montar em equipe o primeiro experimento seguindo o roteiro abaixo: 1º Passo: Separação dos materiais do experimento 33 15 cm de condutor elétrico (1,0 mm²); 01 porta-pilhas; 04 pilhas de 1,5V; 01 lâmpada de lanterna de 1,5V; 01 fita adesiva; Pregos, arame, clips e alfinete (metais); Réguas e canudos (plásticos); 01 borracha escolar; 01 placa de vidro; 01 Pedaço de papelão; 01 Pedaço de arame de solda; 01 bocal de caneta; 01 pedaço de fita de tecido. 2º Passo: Nesse passo os estudantes seguiram os procedimentos de montagem e verificação do experimento. A figura 4.2 mostra um detalhe de dois estudantes seguindo as instruções desse passo. Instruções: Corte dois pedaços de aproximadamente 7,5 cm de condutor (1,5 mm²); Usando o porta-pilhas e a fita adesiva, prenda uma ponta do condutor no polo positivo e a outra extremidade a rosca da lâmpada; Prenda a ponta do outro pedaço do condutor no polo negativo e a outra extremidade no ponto metálico existente na parte inferior da lâmpada. Dessa forma, ela deverá acender; Acrescente ao circuito do procedimento anterior um objeto da lista de materiais. Repita essa operação com todos os objetos e observe se a lâmpada irá acender; Após a verificação dos materiais, construa uma tabela separando condutores de isolantes. 34 Figura 4.2: Experimento 01 – Condutores e Isolantes elétricos Após a realização de todos os passos propostos, as equipes de alunos analisaram o experimento e chegaram as seguintes conclusões: o Arame de Solda: conduz eletricidade (condutor) o Madeira: não conduz eletricidade (isolante) o Borracha: não conduz eletricidade (isolante) o Papelão: não conduz eletricidade (isolante) o Canudo plástico: não conduz eletricidade (isolante) o Bocal de caneta: não conduz eletricidade (isolante) o Fio de barbante: não conduz eletricidade (isolante) o Fita de tecido: não conduz eletricidade (isolante) o Fio de cobre: conduz eletricidade (condutor) o Faca: conduz eletricidade (condutor) o Alfinete: conduz eletricidade (condutor). QUARTO ENCONTRO Iniciamos a quarta aula com o seguinte questionamento: quando uma pessoa está tomando banho, utilizando um chuveiro elétrico na posição inverno e água fica “fria”, o que provocou a mudança brusca da temperatura da agua? Várias foram às respostas, a seguir listamos as mais significativas. 35 1. O chuveiro “queimou”; 2. Faltou energia elétrica na casa; 3. A resistência elétrica do chuveiro “queimou”. Após a tempestade de ideias, apresentamos e discutimos o texto “O Efeito Joule” (ANEXO 01), com a finalidade esclarecer as dúvidas sobre o questionamento inicial. Em seguida aplicamos a questão descrita abaixo, com o objetivo de aferir o grau de compreensão desse tema pelos alunos. (Unipac-MG) Leia as duas informações a seguir: I. Na construção de linhas de transmissão elétrica, os engenheiros procuram evitar o máximo possível a perda de energia por efeito Joule. II. Apesar dos brasileiros viverem numa zona tropical, muitos gostam de tomar banho quente. Assim, para cumprir com as exigências técnicas das linhas de transmissão, os engenheiros estabelecem nestas mesmas linhas uma ________ corrente elétrica e uma _________ voltagem (tensão). Já para agradar aos brasileiros que gostam de banhos mais quentes, deveríamos ________ a resistência elétrica do chuveiro. A opção que completa corretamente as lacunas do texto, na ordem em que aparecem, é: a) baixa, alta, aumentar b) baixa, baixa, diminuir c) alta, alta, aumentar d) alta, baixa, aumentar e) baixa, alta, diminuir Percebemos que a estratégia adotada no inicio da aula foi válida, pois, pelo menos 80% dos alunos conseguiu interpretar e resolver a questão proposta, o que corrobora com as ideias de Freire, porque as palavras e os temas geradores (energia elétrica; usinas hidrelétricas) favoreceram a aprendizagem significativa. 36 QUINTO ENCONTRO Começamos a quinta aula explanado a definição do Efeito Joule proposta pelo professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Paraná Professor Doutor Ricardo Luiz Viana. Segundo ele, esse fenômeno ocorre quando um condutor é percorrido por uma corrente elétrica, havendo a transformação da energia potencial elétrica em energia térmica (calor). Isso ocorre devido às colisões entre os elétrons livres (portadores de carga) e os elétrons dos íons do metal condutor de eletricidade. Com essas colisões a energia é transferida dos elétrons para os íons, que aumentam sua agitação térmica e, consequentemente, a temperatura do condutor. A partir da definição apresentada no parágrafo anterior, expusemos o segundo experimento para a turma com o objetivo de mostrar a transformação da energia elétrica em energia térmica, demonstrando assim o Efeito Joule. Para isso, usamos os seguintes materiais: 15 cm de condutor elétrico (1,0 mm²); 01 porta-pilhas; 04 pilhas de 1,5V; Um pedaço lã de aço. Após a explicação da atividade os alunos seguiram as etapas descritas a seguir: 1ª etapa: Separação dos materiais e montagem do experimento: Coloque as pilhas no porta-pilhas obedecendo a polaridade indicada; Divida o pedaço da lã de aço em cinco partes. Em seguida, dê formas (esferas, cilindros e retângulos) e altere as dimensões dos objetos encontrados. 37 2ª etapa: A figura 4.3 mostra verificação do efeito Joule pelos alunos após seguirem os seguintes procedimentos: Pegue um pedaço pequeno de palha de aço e coloque-o sobre a bancada; Encoste as extremidades livres dos fios na palha de aço, próximos um do outro; Faça pequenos movimentos com os fios, mantendo sempre uma distância pequena entre eles. Figura 4.3: Produção de calor a partir da passagem da corrente elétrica Com essa atividade os alunos puderam perceber que ao encostar os fios na lã de aço, o circuito elétrico é fechado. Dessa forma, devendo os elétrons passar pela lã, devido à força eletromotriz que os empurra do polo negativo ao positivo. Contudo, a resistência da lã de aço é bastante alta, fazendo com que os elétrons se choquem com os íons negativos (elétrons) da lã assim, aquecendo-a. No caso da lã de aço, esse aumento de temperatura é brusco, fazendo com que faísque e possa queimar. SEXTO ENCONTRO Iniciamos a sexta aula discutindo o conceito de Condução iônica. Para isso, os alunos fizeram a leitura prévia do texto “Diferentes tipos de 38 condução”, (ANEXO 02). Em seguida, apresentamos o terceiro experimento. Nessa atividade, mostramos a passagem da corrente elétrica através da salsicha que é um condutor iônico. Os objetivos do experimento 03 foram: demonstrar a condução elétrica nos condutores iônicos e comprovar o Efeito Joule através do aquecimento da salsicha. Para a construção e execução desse experimento os alunos utilizaram os seguintes materiais: 2 m de condutor elétrico (diâmetro igual a 1,5 mm²); Uma placa de forro PVC (10 cm x 50 cm); 3 Leds; Uma salsicha de cachorro quente; Fita isolante; 1 bocal de lâmpada incandescente; 2 pregos para telha de Eternit; Lâmpadas incandescentes de 40 W e 60 W. Para realização dessa atividade os alunos seguiram os passos: 1º passo: Montagem do experimento conforme a figura 4.4. Fixar os dois pregos na placa de PVC, separados por uma distância de 10 cm; Fixar o bocal na placa de PVC, deixando uma distância de 20 cm dos pregos; Ligar a extremidade de um pedaço (25 cm) de fio a um dos pregos e a outra a um dos polos do bocal da lâmpada; Fixar no outro prego um pedaço (50 cm) de fio; Fixar no outro polo do bocal da lâmpada um pedaço (50 cm) de fio. 39 Figura 4.4: Construção do Fritador de Salsichas 2º passo: Para verificação do experimento, adotamos os seguintes procedimentos: Prenda a salsicha nos pregos; Enrosque a lâmpada de 40 W no bocal para fechar o circuito; Substitua a lâmpada de 40 W por outra de 60W e verifique o que acontece; Coloque Leds na salsicha. A figura 4.5 apresenta um detalhe da realização do experimento. Figura 4.5: Fotografia do experimento do Fritador de Salsichas 40 Durante a realização desse experimento os alunos verificaram que a salsicha foi conectada em série com uma lâmpada incandescente. Além desse fato, perceberam que a potência da lâmpada determinava o tempo necessário para o aquecimento daquele alimento. Para diminuir o tempo de cozimento bastou trocar a lâmpada de 40 W por outra de 60 W. Assim, os participantes puderam concluir que quanto maior a potência da lâmpada, menor a resistência de seu filamento e consequentemente maior será a intensidade de corrente. SÉTIMO ENCONTRO Começamos a sétima aula apresentando para os estudantes um texto sobre as Leis de Ohm (ANEXO 03), por ser adequado para auxiliar na compreensão do quarto experimento. Os alunos fizeram a leitura em grupo e em seguida expuseram suas dúvidas sobre o assunto abordado. A dificuldade encontrada por eles foi amenizada quando foram apresentados aos simuladores do Phet Colorado sobre as Leis de Ohm. As figuras 4.6 e 4.7 apresentam duas imagens de um simulador disponível neste site. Esses simuladores disponibilizados pelo Phet Colorado são ferramentas educacionais de código aberto e podem ser usados por professores e alunos livremente O funcionamento desse simulador é bastante simples. Para encontrar um novo valor para a tensão elétrica (Figura 4.6), é necessário alterar a intensidade da corrente ou da resistência. Com essa ferramenta as relações entre as grandezas físicas ficaram bem evidenciadas e as dúvidas sobre corrente, tensão e resistência elétrica foram elucidadas. Figura 4.6 - Simulador da https://phet.colorado.edu/pt_BR/ Primeira Lei de Ohm – Fonte: 41 Semelhante ao primeiro simulador, para obter a resistência elétrica na tela apresentada na figura 4.7 é necessário mudar os valores da resistividade elétrica, comprimento do resistor ou ainda a área da secção transversal. Os alunos poderiam perceber com essa simulação que o comprimento do condutor é uma grandeza física inversamente proporcional a corrente elétrica e consequentemente diretamente proporcional a resistência elétrica. Figura 4.7: Simulador da Segunda Lei de Ohm – Fonte: https://phet.colorado.edu/pt_BR/ OITAVO ENCONTRO Após o uso dos simuladores, iniciamos a oitava aula explicando a montagem e o funcionamento do quarto experimento. O objetivo dessa atividade foi demonstrar as características da segunda lei de Ohm. Para execução dessa atividade foram necessários os seguintes materiais: Uma fonte de alimentação de 12 V; 2 conectores do tipo jacaré; Pontas de grafite de espessuras 0,3 mm², 0,5 mm², 0,7 mm² e 0,9 mm². Para a realização dessa atividade os participantes seguiram os seguintes passos: 1º passo: Para a montagem do experimento os alunos utilizaram os procedimentos abaixo: 42 Escolha uma das pontas de grafite relacionadas na lista de materiais; Fixar os conectores na fonte de alimentação; Prender a ponta de grafite nos conectores. 2º passo: Verificação do experimento, conforme figura 4.8. Conectar a fonte de alimentação a uma tomada e observe o que acontece; Retire a fonte da tomada. Em seguida, por medida de segurança espere dois minutos e substitua a ponta por outra de espessura diferente; Substitua as pontas (inteiras) por outras que tenham metade do comprimento inicial; Repita os passos anteriores alterando o comprimento e a espessura das pontas de grafite. A figura 4.8 apresenta uma imagem da demonstração do experimento. Figura 4.8: Demonstração da lâmpada de grafite. Com essa atividade, os alunos perceberam com maior clareza a finalidade da segunda Lei de Ohm. A ideia era auxiliar os alunos a concluir que as grandezas físicas comprimento e área da secção transversal de um 43 condutor influenciam significativamente no brilho emitido pelo grafite. Assim, quando maior o comprimento da ponta de grafite, menor era a luminosidade produzida. Isso ocorre devido à resistência elétrica do material. NONO ENCONTRO Começamos a nona aula falando sobre circuitos elétricos. Para isso, usamos como material de apoio um texto (anexo 04) sobre essa temática. Os alunos fizeram a leitura e discutiram as características elétricas de alguns circuitos. Concluída a discussão apresentamos uma ferramenta tecnológica (simulador) denominada de Circuitos elétricos, que tem por finalidade de simular a construção de vários circuitos elétricos. Esse simulador faz parte do Ambiente Educação (http://ambiente.educacao.ba.gov.br/fisicaecotidiano). A seguir, a figura 4.9 mostra a interface do simulador usado pelos alunos. Figura 4.9: Exemplos de telas do Simulador de Circuítos elétricos. Com o simulador os alunos conseguiram observar as principais caracteristicas das associações de resistores, pré-requisito necessário para a compreensão do nosso último experimento. Mais uma vez, o material escolhido mostrou-se com caracteristicas adequadas para ser considerado 44 pontencialmente significativo podendo colaborar com o processo de aprendizagem. DÉCIMO ENCONTRO A décima aula foi iniciada com a explicação do quinto experimento. Discutimos a montagem e os tipos de circuítos que foram contruídos pelos alunos. Em seguida, apresentamos as principais características dos três tipos de associação de resistores: série, paralelo e mista. Para a construção dessa atividade foram necessários os seguintes materiais: 2,5 m de condutor elétrico (1,5 mm²); 01 placa de madeira (10 cm X 80 cm); 06 lâmpadas incandescentes de 60 W; 06 bocais de porcelana para lâmpadas; 01 fita isolante; 01 interruptor simples + tomada; 08 parafusos para madeira; 01 chave de fenda. Os participantes adotaram os seguintes passos para a realização dessa atividade. 1º passo: Montagem do experimento: Prenda os 6 bocais na placa de madeira utilizando os parafusos para fixação; Fixar o interruptor na placa de madeira com auxilio de 2 parafusos; Instale o condutor entre os bocais e o interruptor, conforme a figura 4.10; Enrosque as 6 lâmpadas nos bocais; Instale o interruptor em série a tomada; Utilize a fita isolante nas emendas para evitar descargas elétricas. 45 Figura 4.10: Montagem do Experimento 05 2º passo: Verificação do experimento, conforme figura 4.11. Posicione adequadamente as três primeiras lâmpadas nos soquetes e ligue o interruptor; Retire uma das três lâmpadas da etapa anterior e observe o que acontece; Volte a colocar as seis lâmpadas nos soquetes e ligue o interruptor, note se o brilho foi o mesmo; Retire a penúltima lâmpada e verifique se ocorreu alguma mudança em relação às etapas anteriores. Figura 4.11: Demonstração da associação de resistores 46 A partir do experimento os alunos poderiam visualizar apenas uma trajetoria da corrente elétrica para o trecho da associação em série e vários trajetos para a corrente no circuíto em paralelo. Além disso, perceberam o brilho diferente nos trechos. Com a décima aula encerramos a parte experimental do projeto.Dessa forma, a partir do décimo segundo encontro os alunos participaram da filmagem do DVD educacional, produto final do Mestrado. DÉCIMO PRIMEIRO ENCONTRO A décima primeira aula foi destinada à aplicação do questionário balizador da apredizagem significativa (APÊNDICE B). Orientamos os alunos a responder esta atividade em 100 minutos, individualmente e sem consulta de material. Aparentemente os alunos gostaram da atividade, demontraram tranquilidade durante o período destinado à aplicação. Com a resposta ao questionário os alunos elogiaram esse intrumento, afirmando que o mesmo era contextualizado e contemplava todos os temas abordados na oficina . DÉCIMO SEGUNDO AO DÉCIMO QUARTO ENCONTRO Iniciamos a décima segunda aula comentando sobre as respostas dos alunos ao questionario aplicado no décimo primeiro encontro. Esse retorno foi importante pois, mostramos como evoluiram as ideias deles em relação aos conceitos de eletricidade. Em seguida, para melhor organização dos trabalhos, dividimos a turma em dois grupos, os quais ficaram responsaveis pela construção dos roteiros utilizados no periodo destinado a gravação do DVD educacional. Esta etapa foi realizada em três momentos: o primeiro os alunos explicaram os experimentos “Condutores e isolantes” e “ Efeito Joule” ; o segundo explicaram “O fritador de salshicas” e “Lâmpadas de grafite”; o terceiro e último momento explicaram sobre “associação de resistores”. Ao longo da filmagem percebemos claramente a dedicação, entusiasmo e comprometimento dos participantes com a atividade. 47 DÉCIMO QUINTO ENCONTRO Iniciamos o nosso último encontro solicitando dos alunos uma avaliação pessoal das atividades propostas e realizadas na Oficina de Eletricidade. Pedimos, ainda, que eles relatassem os pontos positivos e negativos do projeto. A seguir, apresentamos um relato das avaliações mais significativas feitas por oito participantes da Oficina. Vale ressaltar que as transcrições são exatas, não fizemos correção ortográfica nem tão pouco reestruturamos as respostas dos alunos. 1. M.B.A.S.: Segundo este aluno “ a Oficina teve seus prós e contras, mas no geral as vantagens foram maiores do que as desvantagens. Os pontos negativos foram apenas dois: a falta de um local fixo para o encontro e adificuldade de haver um encontro com todos os integrantes do grupo. A parte positiva foi a obtenção de conhecimento e acima de tudo o acesso à parte prática que nós levaremos e ajudará o nosso cotidiano”. 2. L.A.F.: “ A fatia da Ciência nos ajuda a visualizar conceitos de maneira mais próxima do meio que nos envolve. O projeto de eletricidade, como um pedaço de experimentação científica extracurricular, ajudou-me a aprimorar conteúdos de física assimilando materiais aparentemente ordinarios em experiências divertidas que atuam como força motriz para o despertar da curiosidade, a observação, análise de dados e o levantamento de hipoteses. Ele trouxe ao Colégio de Aplicação uma possibilidade inovadora de aprendermos física no laboratório, algo que muitos alunos só têm a oportunidade de experimentar algumas vezes, ou em visitas a centros de tecnologia.(...) No mais, foi divertido participar da oficina, como bolo recém assado no forno com café. Valeu muito a pena, e repitiria a experiência na graduação, caso possa”. 3. H.B.S.: “Nas aulas de físca experimental foram abordados temas de eletricidade.(...). Acredito que as aulas ampliaram meu leque cultural, ciêntifico e crítico.(...).Concluo afirmando que o projeto foi válido, e sim, 48 deverá permanecer para que assim como eu, os próximos alunos tenham essa experiência maravilhosa”. 4. J.M.A.M.: “Durante a oficina hove alguns pontos negativos, como a indisponibilidade de espaço próprio para a realização dos encontros semanais,(...). Entretanto, essa mesma oficina nos deu a oportunidade de adquirir novos conhecimentos, que foram úteis durante a prova do ENEM, o período letivo e em nosso cotidiano particular, (..). Por esses e outros motivos, não explanados aqui, creio ser válida a continuação e o aperfeiçoamento desse projeto nessa Instituição de ensino”. 5. J.S.C.: “O projeto que foi realizado teve vários pontos positivos, principalmente uma melhor compreensão dos temas abordados, pois quando os trabalhos são realizados na prática e com o proffesor demonstrando domínio dos assuntos, isso facilita para o aluno.(...). Conclui-se, portanto, que o projeto tem que continuar a ser realizado nos próximos anos,(...)”. 6. H.S.: “Na oficina foi apresentados conhecimentos acerca da Eletricidade no nosso cotidiano. Como pontos positivos podemos citar o método experimental que foi satisfatório para todos os alunos, houve também uma abordagem esclarecedora e resolução de dúvidas.(...). Sugiro a permanência da oficina na conjutara escolar pois, com ela pude adqurir habilidades que serão utilizadas não só no âmbito acadêmico mas também, como cidadão”. 7. J.F.T.L.S.: “ Essa oficina contribuiu muito para o nosso aprendizado, pois revemos fórmulas vistas na aula de física. Aprendemos mais com uso dos experimentos, sem dúvidas. Por exemplo, antes eu não trocava lâmpada em casa por não saber a potência, e hoje troco ensinando a minha mãe, sem medo de errar.(...). A oficina quando divulgada parecia ser qualquer aula de física. Quando passei a presencia-lá vi que ajudaria muito no meu apredizado na universidade”. 49 8. J.M.: “A oficina de eletricidade foi uma atividade extraclasse que contribuiu muito no meu aprendizado. Professor, muito obrigado por tudo e desejo muito sucesso em sua trajetória. Agradeço por todas maravilhosas aulas que o senhor nos deu, por toda sua paciência com os meus atrasos e pela força por toda semana sair de Salvador para lecionar para gente... Valeu! Muito obrigado mesmo!”. Após todos esses relatos podemos acreditar que as estratégias de ensino adotadas na Oficina de Eletricidade foram válidas. Visto que, de forma unânime os alunos aprovaram e recomendaram manutenção desse projeto nessa unidade de ensino. 50 5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Para avaliar o grau de aprendizagem dos alunos aplicamos, em momentos distintos, duas atividades compostas por questões de múltipla escolha e dissertativas. A seguir, discutiremos os resultados obtidos após a análise e correção de cada um dos instrumentos avaliativos. 5.1 ANÁLISE DA AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA Como nossa pesquisa está fundamentada nos pressupostos de Ausubel e Paulo Freire, aplicamos esta avaliação com o objetivo de verificar quais eram os conhecimentos prévios que os alunos possuíam relacionados a fenômenos de eletricidade. De acordo com Ausubel (1980), a ideia de subsunçor (conhecimento prévio) está ligada a um conceito, um entendimento, uma proposição já existente na estrutura cognitiva de um indivíduo, servindo de ancoradouro e dar significado a uma nova informação. Aqui trataremos da análise de cada uma das questões respondidas pelos 12 participantes da Oficina de eletricidade. Em seguida, resumiremos nossas análises por meio de um gráfico, apresentado na figura 5.1 mostraremos o gráfico 5.1. QUESTÃO 1 - Explique e exemplifique condutores e isolantes elétricos. Nessa primeira questão, oito alunos (67%), informaram de forma correta a definição de condutores e isolantes elétricos, três (25%) acertaram parcialmente a questão e apenas um (8%) errou completamente. Percebemos que para responder à questão eles usaram exemplos simples, associaram materiais como a borracha, o vidro e uma barra de ferro às características do fenômeno condutividade elétrica (capacidade dos materiais de conduzirem corrente elétrica). Porém, alguns alunos erraram parcialmente por desconhecer que o corpo humano apresenta elevada porcentagem de água e sais minerais, característica que favorece a condutividade elétrica. QUESTÃO 2 - Defina choque elétrico. Apesar de aparentemente simples, apenas dois alunos (16%) responderam corretamente a segunda questão, que tratava sobre a definição 51 de descarga elétrica. A maioria (84%) acreditava que a intensidade do choque elétrico dependia da tensão elétrica, ou seja, para eles, quanto maior a tensão maior a descarga elétrica. QUESTÃO 3 - Numa residência, frequentemente, ocorre a queima de fusíveis de 15 A. Para prolongar seu uso, o proprietário troca esse por um outro de 30 A. O proprietário procedeu corretamente? Justifique. Dez alunos acertaram a terceira questão, pois, levaram em consideração a finalidade do fusível que é estabelecer segurança para o circuito. Em contra partida dois alunos (17%) erraram completamente porque consideraram apenas a vida útil deste dispositivo. Ou seja, para esses alunos a intenção de proteção desse dispositivo não é prioridade para a sua escolha. QUESTÃO 4 - Pode acontecer, em uma mesma rua, residências com energia elétrica e outras sem energia. Explique esse fenômeno. Na quarta questão sete alunos (58%) responderam incorretamente e justificaram que devido ao excesso da corrente elétrica algumas residências ficavam sem energia. Já os outros cinco (42%) explicaram que o motivo para falta da energia elétrica era que geralmente em uma rua as residências não são alimentas por uma mesma fase (A, B e C), sendo assim, acertando a questão. QUESTÃO 5 - Quando você vai comprar um eletrodoméstico, geralmente o vendedor faz a seguinte pergunta: Qual é a corrente elétrica da sua casa? Ele agiu corretamente? Justifique. A maioria dos alunos (67%) respondeu de forma correta a questão cinco, eles conseguiram identificar o erro conceitual de eletricidade (corrente elétrica sinônimo de tensão elétrica) que está presente em seu cotidiano. Os demais (33%) não conseguiram distinguir corrente elétrica de tensão elétrica. QUESTÃO 6 - A razão entre a carga que flui por uma secção reta de um condutor e o tempo gasto para essa carga fluir define uma grandeza elétrica chamada: 52 a) Intensidade da corrente. b) Resistência. c) Condutância. d) Diferença de potencial. e) Força eletromotriz. Apenas um aluno (8%) errou a questão seis. A maioria (92%) respondeu com facilidade justificando que o conceito de corrente elétrica era de fácil compreensão e que o grau de dificuldade desta questão era pequeno. QUESTÃO 7 - Uma corrente elétrica que flui num condutor tem um valor igual a 5A. Pode-se, então, afirmar que a carga que passa numa secção reta do condutor é de: a) 1C em cada 5 s. b) 5C em cada 5s. c) 1/5 C em cada 1s. d) 1C a cada 1s. e) 1C a cada 1/5s. A questão sete era a única que necessitava de cálculo para ser respondida. Como podemos observar no gráfico 5.1, a maioria (84%) dos alunos acertou esse quesito porque utilizou como estratégia para resolução correta a relação entre cargas e corrente elétrica. A minoria (16%) não conseguiu responder a questão por desconhecer a relação entre essas grandezas físicas QUESTÃO 8 - A resistência de um condutor metálico: a) É diretamente proporcional à área da secção transversal. b) É inversamente proporcional à área da secção transversal. c) Independe da área da secção transversal. d) É inversamente proporcional a seu comprimento. e) Independe de seu comprimento. Para responder corretamente a questão oito, sete alunos (58%) utilizaram a definição da 2ª Lei de Ohm. Eles fizeram uma analogia da corrente elétrica com a secção transversal de condutor. Apesar de apresentar uma justificativa coerente, cinco alunos (42%) assinalaram a alternativa falsa e consequentemente erraram a questão. QUESTÃO 9 - A tensão elétrica entre os terminais de um resistor R é U e a corrente elétrica que nele flui é i. A resistência elétrica de R é dada por: a) U i b) i U c) U2 i d )Ui e)Ui 2 53 A nona questão foi respondida corretamente pela maioria (83%) dos alunos porque eles utilizaram a 1º Lei de Ohm como referência. Os outros dois (17%) erraram uma vez que considerou a corrente elétrica inversamente proporcional a tensão elétrica. QUESTÃO 10 - A potência elétrica dissipada num resistor, com resistência elétrica constante, é diretamente proporcional: a) A raiz quadrada da tensão aplicada ao resistor. b) A tensão aplicada ao resistor. c) Ao quadrado da tensão aplicada ao resistor. d) Ao inverso do quadrado da intensidade da corrente elétrica pelo resistor. e) Ao inverso da intensidade da corrente elétrica pelo resistor. A última questão da Avaliação Prognóstica foi respondida corretamente por sete alunos (58%), um número relativamente baixo. Os indivíduos que não conseguiram acertar argumentaram que as alternativas das questões eram bem parecidas, dessa forma, foram induzidos ao erro. Após a análise das questões, percebemos nitidamente que os alunos de modo geral apresentaram um bom desempenho na resolução desse instrumento avaliativo. É importante salientar que a falta de atenção e pressa para responder a atividade foram fatores que contribuíram para a diminuição do rendimento de alguns alunos. 12 Quantidade de aluno 10 8 6 Correta 4 2 0 Gráfico 5.1 - Análise da Avaliação Prognóstica Errada 54 5.2 QUESTIONÁRIO BALIZADOR DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA Este instrumento de avaliação foi aplicado após a última atividade da Oficina. O objetivo deste questionário era de mensurar o grau de aprendizagem dos alunos. A abordagem das questões foi um pouco diferente em relação à primeira avaliação, utilizamos mais questões que necessitavam de cálculo para sua resolução. Vale ressaltar que por motivo de saúde, um estudante não respondeu este questionário. Assim, a análise refere-se às respostas de 11 alunos. A seguir faremos a análise de cada uma das dez questões respondidas pelos alunos e o resultado será expresso através do gráfico 5.2 abaixo. QUESTÃO 1 - Por que quando retiramos uma lâmpada de um “pisca-pisca”, geralmente as outras apagão? Isso acontece também com os equipamentos de uma residência? Explique. Na primeira questão a maioria (91%) dos alunos conseguiu acertar pelo menos uma parte significativa da resposta. Eles tiveram dúvidas em relação a construção dos “pisca-pisca” e acreditaram que todos estes objetos tinham a mesma configuração. Apenas um aluno (9%) não lembrou as características das associações de resistores. QUESTÃO 2 - Em uma instalação elétrica de uma residência são utilizados condutores de área de secção transversal diferentes. Por que nos chuveiros elétricos a “bitola do fio” é maior em relação às lâmpadas? A segunda questão foi respondida corretamente por todos os alunos (100%). Eles fizeram dois experimentos relacionados a 2ª de Ohm. Por esse motivo, não tiveram dúvidas . QUESTÃO 3 - Uma lâmpada usada em Salvador, onde a tensão elétrica é de 220V pode ser usada em Aracaju, onde a tensão elétrica é 127 V. No entanto na situação inversa queima. Este fenômeno pode ser explicado pelo Efeito Joule? 55 Todos os alunos responderam corretamente a questão três. Segundo eles, a atividade experimental 5 (circuitos elétricos) contribuiu para a aprendizagem significativa desse conteúdo. QUESTÃO 4 - Quando em uma residência vários equipamentos estão em funcionamento é possível desligar um deles e os demais continuarem em operação normal. Com base nessa informação, é correto afirmar: a) A ligação dos equipamentos na rede elétrica dessa residência foi feita através de uma associação em série; b) A ligação desses equipamentos na rede elétrica não foi em série pois, a interrupção da corrente elétrica em um deles acarretaria o desligamento de todos os outros; c) Os equipamentos estão submetidos a tensões elétricas diferentes; d) Quanto maior o número de equipamentos ligados maior será a resistência elétrica e, consequentemente, maior será a corrente elétrica; e) A corrente elétrica que percorrem os equipamentos é continua. Na questão quatro, dois alunos (18%) respondeu de forma equivocada esta questão devido à inversão das características de uma associação de resistores. Em contra partida a maioria (82%) não encontrou dificuldades, pois essas definições foram bem debatidas na oficina. QUESTÃO 5 - A resistência elétrica de um condutor é diretamente proporcional e inversamente proporcional a: a) A área da secção transversal e ao comprimento do condutor. b) A corrente e a força elétrica. c) A resistividade e ao comprimento do condutor. d) Ao comprimento e à resistividade do condutor. e) Ao comprimento e à área da secção transversal do condutor. Os alunos resolveram a questão cinco com facilidade porque já tinham respondido corretamente a primeira questão que tratava praticamente do mesmo tema. Desta forma, todos identificaram as caractiristicas de um resistor. QUESTÃO 6 - Numa aula de laboratório, um estudante montou o circuito da figura com quatro lâmpadas L1, L2, L3 e L4, alimentadas por uma bateria. Durante suas experiências transcreveremos a seguir: ele anotou algumas observações que 56 I - Se a lâmpada L1 se queima, todas as outras irão brilhar mais; II - Se L4 se queima, só L1 e L2 permanecem acesas; III - Se L2 se queima, só L1 permanece acesa. IV - Se queimam L2 e L3, as lâmpadas L1 e L4 continuam acesas. Identifique a alternativa verdadeira: a) I b) II c) II e III d) II e IV e) III Na questão seis a maioria dos alunos (82%) assinalou a alternativa correta e observaram que a questão era semelhante ao último experimento realizado na Oficina. Em relação aos dois alunos (18%) que marcou errado, justificaram que não observaram o tipo do circuíto. QUESTÃO 7 - No circuito da figura abaixo o fusível F suporta até 1,5 A. Entre os pontos A e B é aplicada uma diferença de potencial U que cresce a partir de zero podendo atingir até 200 V. Durante o aumento da ddp, o fusível se rompe quando U atinge: a) 60 V b) 75 V c) 90 V d) 120 V e) 150 V Para a resolução da questão sete era necessário a análise de um circuito elétrico. Por esse motivo, os alunos demoram mais para responder a essa questão. Apesar disso, oito alunos (73%) conseguiu analisar corretamente e apenas três (27%) responderam incorretamente devido ao esquecimento das características de um circuito elétrico. QUESTÃO 8 - Um forno elétrico doméstico consiste de uma resistência constante, para aquecimento, ligada à rede de energia através de uma resistência variável para controle. A resistência variável é uma barra homogênea de material resistivo, com contatos fixos nas extremidades e um contato deslizante na parte central. Para fazer o forno aquecer mais é preciso: 57 a) Reduzir o valor da resistência variável. b) Mover o contato deslizante para a esquerda para aumentar a resistência equivalente do forno. c) Mover o contato deslizante para a direita para aumentar a resistência equivalente do forno. d) Mover o contato deslizante para a esquerda para diminuir a resistência equivalente do forno. e) Mover o contato deslizante para a direita para diminuir a resistência equivalente do forno. Na oitava questão cinco alunos (45%) encontraram dificuldade porque não lembraram das características de um reostato. Já os outros seis (55%), responderam corretamente justificando a resolução. QUESTÃO 9 - Os fusíveis são dispositivos que têm a finalidade de proteger um equipamento. Eles são constituídos de materiais de baixo ponto de fusão, como o estanho, por exemplo, e se fundem quando percorrido por uma corrente elétrica igual ou maior do que aquele consegue suportar. A tabela a seguir mostra uma série de fusíveis e os valores de correntes por eles suportados. FUSÍVEL CORRENTE ELÉTRICA (A) 1 1,5 2 2,5 3 5,0 4 7,5 5 10 Considerando que um equipamento cuja resistência elétrica vale 60 Ω, seja ligado a uma rede de 127 V, o melhor fusível para protege-lo de sobrecarga é o de número: a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5. Como o conceito de dispositivo de segurança e a 1ª Lei de Ohm já tinha sido trabalhado no primeiro instrumento avaliativo, todos os alunos responderam de forma correta à questão nove mesmo envolvendo um pequeno cálculo para sua resolução. QUESTÃO 10 - O multímetro é um equipamento que tem a finalidade de medir corrente elétrica, tensão elétrica e resistência elétrica de um circuito. Desta forma, ele substitui na prática o amperímetro e o voltímetro. Com base no funcionamento do amperímetro e o voltímetro, podemos afirmar: 58 a) Resistência elétrica interna do amperímetro deve ser muito pequena para que, quando ligado em paralelo às resistências elétricas de um circuito, não altere a intensidade da corrente que se deseja aferir. b) Resistência elétrica interna do amperímetro deve ser muito pequena para que, quando ligado em série às resistências elétricas de um circuito, não altere a intensidade da corrente que se deseja aferir. c) Resistência elétrica interna do voltímetro deve ser muito pequena para que, quando ligado em paralelo às resistências elétricas de um circuito, não altere a tensão elétrica que se deseja aferir. d) Resistência elétrica interna do voltímetro deve ser muito pequena para que, quando ligado em série às resistências elétricas de um circuito, não altere a tensão elétrica que se deseja aferir. e) Resistência elétrica interna do voltímetro deve ser muito grande para que, quando ligado em paralelo às resistências elétricas de um circuito, não altere a corrente elétrica que se deseja aferir. A última questão do segundo instrumento avaliativo era aparentemente simples. Porém, devido a falta de atenção de quatro alunos (36%) somente sete (64%), responderam corretamente esta questão. Com a análise das questões, percebemos a evolução dos alunos em relação aos conceitos de eletricidade abordados na oficina. O gráfico a seguir mostra essa evolução. 12 Quantidade de aluno 10 8 6 Correta 4 Errada 2 0 Gráfico 5.2 - Análise do questionário balizador Percebemos, após a análise dos dois instrumentos avaliativos, que houve uma evolução significativa da aprendizagem dos alunos. No gráfico da 59 figura 5.3 mostramos que no primeiro instrumento 83 respostas (69%) foram corretas e 37 respostas (31%) incorretas. Em contra partida, no segundo instrumento 94 respostas (85%) foram corretas e apenas 16 das respostas (15%) foram incorretas. Assim, ficando evidenciado a evolução da compreensão desses alunos em relação aos fenômenos de eletricidade. 100 Quantidade de resposta 90 80 70 60 50 Correta 40 Incorreta 30 20 10 0 Avaliação prognótica Questionário balizador Gráfico 5.3 – Comparação de resultados dos instrumentos avaliativos Dessa forma, percebemos que as estratégias de ensino adotadas no projeto contribuíram para aguçar a curiosidade dos participantes desta Oficina. Vale ainda ressaltar que os experimentos realizados nesse período foram potencialmente significativos, pois, colaboraram para expandir a compreensão de vários conceitos, leis e fenômenos da eletricidade. Assim, acreditamos que as metodologias aplicadas nessa pesquisa foram válidas. 60 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A teoria da aprendizagem significativa como vimos no capítulo 03 desta pesquisa, tem como característica principal levar em conta, o conhecimento prévio do aprendiz. Nela, o aluno é o foco principal do processo. Sobre isso, Ausubel (1980, p. 137) afirma: Se eu tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um único princípio, diria isto: o fator singular que mais influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra isso e ensine-o de acordo. O objetivo inicial do nosso projeto de pesquisa foi verificar se a implementação das atividades experimentais em uma escola influenciaria de forma positiva na aprendizagem dos alunos. No primeiro momento acreditávamos que seria uma tarefa simples, pois, o universo de pesquisa escolhido foi uma Unidade Escolar de referência no Estado de Sergipe. Porém, para nossa surpresa, o CODAP, assim como a maioria das escolas públicas, também apresenta limitações (falta de equipamentos / instrumentos de medidas / materiais no laboratório) em sua estrutura física. Devido essas limitações tivemos que mudar um pouco as estratégias de ensino para garantir um bom desenvolvimento do processo. Percebemos a cada encontro o crescimento do entusiasmo dos alunos. Para eles, as atividades experimentais representavam algo novo, encantador, que despertava a curiosidade e era uma forma prazerosa de compreender fenômenos de eletricidade. É impressionante como essas atividades, mesmo sendo simples, impactavam na postura desses alunos. No inicio, eles não questionavam, não participavam, e até mesmo tinham receio de manipular os materiais dos experimentos. Após o terceiro encontro conseguimos conquistar a confiança dos alunos, eles perceberam a importância daquelas atividades para a formação deles como cidadãos. Com isso, a postura inicial deles, apática, caiu por terra. A partir de então, notamos claramente a evolução dos alunos, que passaram a manipular com facilidade materiais e ferramentas, dando sugestões para 61 incrementar as atividades, pois traziam dúvidas dos assuntos abordados nas aulas teóricas de Física e demonstravam maior interesse em compreender e discutir fenômenos elétricos. Os resultados apresentados no capítulo anterior nos leva a acreditar que os alunos aprenderam os temas de eletricidade de forma significativa e contextualizada. Além disso, percebemos também que durante o período destinado as gravações dos vídeos eles explicaram, de forma clara, os experimentos. Vale a pena ressaltar que os próprios alunos construíram seus roteiros e expuseram espontaneamente. Isso só foi possível devido à parceria entre as aulas teóricas ministradas pelo professor de Física e as atividades experimentais que nós realizamos na Oficina de Eletricidade. Dessa forma, concordamos com Alves (2006), porque a autora afirma que para ocorrer a aprendizagem significativa, as aulas devem ser dinâmicas, com discussão dirigida e mediada pelo professor. Essas estratégias de ensino foram utilizadas durante todo o período destinado a experimentação desta pesquisa. Concluindo, as atividades experimentais em Física proporcionam novas possibilidades de ampliação do conhecimento tanto para aos estudantes como para os professores, na medida em que os projetam a um universo singular onde é possível ampliar as percepções e compreensões que permeiam o processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma, acreditamos que esse projeto poderá ser implementado nas escolas de ensino médio, principalmente, nas unidades escolares públicas. 62 REFERÊNCIAS ALVES, V. C.; STACHAK, M. A importância de aulas experimentais no processo ensino aprendizagem em física: “eletricidade”. In: Simpósio Nacional de Ensino de Física 16. Rio de Janeiro, 2005. ALVES, V. F. A inserção de atividades experimentais no ensino de Física em nível médio: em busca de melhores resultados de aprendizagem. 2006. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em Ensino de Ciências) – Universidade de Brasília. ARAÚJO, M. S. T.; ABIB, M. L. V. S.. Atividades experimentais no ensino de física: diferentes enfoques, diferentes finalidades. Revista Brasileira de Ensino de Física. Rev. Bras. Ens. Fis. vol.25 no.2 São Paulo Junho 2003. AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Plátano, v. 1, 2003. AUSUBEL, D.P. Psicologia educacional: uma visão cognitiva. Nova Iorque, 1968. AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D. e HANESIAN, H. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Editora Interamericana, 1980. BOGDAN, R.; BIKLEN, S. A investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto, 1982. BORGES, A. T. Novos Rumos para o Laboratório Escolar de Ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Minas Gerais, v. 19, n. 3, p. 291-313, dez, 2002. BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Decreto-Lei nº 9.053/46, de 12/03/1946. Cria um ginásio de aplicação nas Faculdades de Filosofia do País. Disponível em:< http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-9053-12marco -1946-417016-normaatualizada-pe.pdf.>. Acesso em: 15/02/2015. BRASIL. Lei 9394/96 de 20.12.96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília (DF): Diário Oficial da União, nº 248 de 23.12.96. BRASIL, Plano Decenal de Educação Para Todos: 1993 a 2003. Cadernos Educação Básica. SERIE Institucional. Volume V. Repensando as Escolas de Aplicação. MEC, 1993. CODAP. Resolução nº 11/92/CONEPE/UFS. Disponível em: < http://codap.ufs.br/sites/default/files/13/resconsu_031.2008_regimento_codap. pdf.> Acesso em: 15/02/2015. CONDICAP. Histórico do Condicap. Disponível em: http://www.condicap.org.br/p/4825-historico-do-condicap.> Acesso 15/02/2015. < em: CONDICAP. Apresentações de resultados. Disponível em: < http://www.condicap.org.br/p/4944-apresentacoes .> Acesso em: 15/02/2015. 63 DA SILVA, S. de C. R.; SCHIRLO, A. C. Teoria da aprendizagem significativa de Ausubel: Reflexões para o ensino de Física ante a nova realidade social. Imagens da Educação, v. 4, n. 1, p. 36-42, 2014. FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 30. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisas. São Paulo: Atlas, 2002. GIOPPO, C.; SCHEFFER, E. W.; NEVES, M. C. D. O ensino experimental na escola fundamental: uma reflexão de caso no Paraná. Educar, Curitiba, n. 14, p. 39-57, 1998. HODSON, D. Hacia un enfoque más crítico del trabajo de laboratório. Enseñanza de las Ciencias, v.12 , n.3: p. 299-313, 1994. MARQUES, A. E.; et. al. Valor Contributivo dos Colégios de Aplicação em Universidades Federais: o Caso do Núcleo de Educação da Infância (nei) na Ufrn. In: VIII Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. Rio de Janeiro, 2011. MEES, A. A. Implicações das Teorias de Aprendizagem para o Ensino de Física. Disponível em: < http://www.if.ufrgs.br/~amees/teorias.htm.> Acesso em: 10/03/2015. MEMÓRIA, P. Biografia de Paulo Freire. Disponível em:< http://www.projetomemoria.art.br/PauloFreire/pensamento/01_pensamento_o% 20metodo_paulo_freire.html.> Acesso: 10/03/2015. MINAYO, M.C. S. (2010). O desafio do conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. (12ª edição). São Paulo: Hucitec-Abrasco. MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. (Coleção temas sociais). MOREIRA, Marco Antônio. Aprendizagem significativa. Brasília: Ed. da UnB, 1999. MOREIRA, Marco Antônio. Aprendizagem significativa. 2ª edição. São Paulo: EPU, 2011. MOREIRA, M. A. A teoria de aprendizagem significativa implementação em sala de aula. Brasília: Editora da UnB, 2006. e sua MOREIRA, Marco Antônio; ROSA, Paulo. Mapas conceituais. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 3, n. 1, p. 17-25, 2008. MOREIRA, M.A.; MASINI, E.A.F.S. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo, Centauro, 2006. 2ª ed. PELIZZARI, A.; et. al. Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Rev. PEC, Curitiba, v. 2, n.1, p. 37 – 42, 2011. 64 PENSADOR. Biografia de Paulo Freire. Disponível em:< http://pensador.uol.com.br/autor/paulo_freire/biografia/.> Acesso: 10/03/2015. PONTES NETO, J. A. S. Sobre a aprendizagem significativa na escola. In: MARTINS, E. J. S. et. al. Diferentes faces da educação. São Paulo: Arte & Ciência, 2001, p. 13-37. SAAD, F. D. (Coord.). Demonstrações em Ciências: explorando fenômenos da pressão do ar e dos líquidos através de experimentos simples. São Paulo: Livraria da Física, 2005. SANTANA, M. F. Aprendizagem significativa em David Ausubel e Paulo Freire: regularidades e dispersões. João Pessoa, 2013. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal da Paraíba SILVA, T. F. O uso de organizadores prévios elaborados com trechos de textos históricos originais como recurso de ensino. 2010. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade de Brasília. SOUZA, C. M. S. G.; MOREIRA, M. A. Pseudo-organizadores prévios como elementos facilitadores da aprendizagem em Física. Revista Brasileira de Física, v. 11, n. 1, 1981. Acesso em 12 de fevereiro de 2015. 65 ANEXOS 66 ANEXO 01 O Efeito Joule (Texto adaptado do site Efeito Joule1) Definição do Efeito Joule Quando um condutor é aquecido ao ser percorrido por uma corrente elétrica, ocorre a transformação de energia elétrica em energia térmica. Este fenômeno é conhecido como Efeito Joule, em homenagem ao Físico Britânico James Prescott Joule (1818-1889). Esse fenômeno ocorre devido o encontro dos elétrons da corrente elétrica com as partículas do condutor. Os elétrons sofrem colisões com átomos do condutor, parte da energia cinética (energia de movimento) do elétron é transferida para o átomo aumentando seu estado de agitação, consequentemente temperatura do condutor. Assim, a energia elétrica é transformada em energia térmica (calor). Exemplos de onde acontece o Efeito Joule A descoberta da relação entre eletricidade e calor trouxe ao homem vários benefícios. Muitos aparelhos que utilizamos no nosso dia-a-dia têm seus funcionamentos baseados no Efeito Joule, por exemplo: 1- Lâmpada: um filamento de tungstênio no interior da lâmpada é aquecido com a passagem da corrente elétrica tornando-se incandescente, emitindo luz. 2- Chuveiro: um resistor aquece por Efeito Joule a água que o envolve. São vários os aparelhos que possuem resistores e trabalham por Efeito Joule, como, por exemplo, secadores de cabelo, ferros elétricos de passar e torradeiras de pão. 1 Fonte: http://www.efeitojoule.com/ 67 Outra aplicação que utiliza esta teoria é a proteção de circuitos elétricos por fusíveis. Os fusíveis são dispositivos que têm como objetivo proteger circuitos elétricos de possíveis sobrecargas elétricas que podem causar incêndios, explosões e outros acidentes. O fusível é percorrido pela corrente elétrica do circuito e, caso esta corrente tenha uma intensidade muito alta, a ponto de danificar o circuito, o calor gerado por ela derrete o filamento do fusível interrompendo o fornecimento de energia, protegendo o circuito. Enunciado da Lei de Joule A energia elétrica dissipada por um resistor, num dado intervalo de tempo ∆t, é diretamente proporcional ao quadrado da intensidade de corrente elétrica que o percorre. Para entender a equação matemática da lei de Joule é necessário saber outros conceitos físicos que não apresentaremos, por isso não abordaremos esta equação neste momento. O resistor é um dispositivo cujas principais funções são: transformar energia elétrica em energia térmica por Efeito Joule a partir da dificuldade que ocasiona à passagem da corrente elétrica. . Entendemos a dificuldade que o resistor apresenta à passagem da corrente elétrica como sendo resistência elétrica. O material mais comum na fabricação do resistor é o carbono. Na grande maioria dos casos observamos a seguinte representação gráfica do resistor: Calculo da resistência elétrica Para o resistor é válida a expressão para cálculo da resistência elétrica: R = U/i, que relaciona a resistência oferecida à passagem da corrente elétrica com tensão e corrente elétrica. Devemos lembrar que a unidade da resistência elétrica é o ohm (Ω), que derivada de volt/ampère. Lei de Joule 68 Agora, entendendo os conceitos apresentados, podemos falar da lei de Joule. Como vimos, o resistor transforma a energia elétrica em energia térmica, ou seja, a potência elétrica consumida por um resistor é dissipada. Essa potência é dada por P = U. i Pela lei de Ohm (U=R.i), tem-se P = (R.i) . i, logo : P = R.i² . Aplicações da lei de Joule: chuveiro elétrico Dentro do chuveiro elétrico existe um resistor que está conectado à rede de energia elétrica. Quando abrimos a torneira, a água vai se acumulando dentro do chuveiro e, quando esta chega a certo nível, ela empurra um diafragma que serve como “chave” do chuveiro. O diafragma fecha a conexão entre o resistor e a rede de energia elétrica fazendo com que a corrente elétrica atravesse o resistor e o aqueça por efeito Joule. Vimos que o chuveiro é um exemplo de aplicação deste fenômeno da eletricidade e agora veremos que o funcionamento desse aparelho é bem simples. O calor liberado pelo resistor vai aquecendo a água que está ao redor do resistor, assim, a água que entra fria sai com uma temperatura bem mais agradável para o banho. Na maioria dos chuveiros elétricos temos duas ou mais opções de temperatura, que normalmente podem ser identificadas como verão e inverno. Estas opções regulam a potência do chuveiro selecionando o pedaço de resistor que é percorrido pela corrente elétrica. Na posição inverno só uma parte do resistor é percorrida pela corrente, assim, com um resistor menor, os elétrons sofrem um número maior de colisões aumentando a temperatura do resistor e consequentemente da água. Já na posição verão, todo o resistor é conectado, assim, com mais espaço para os elétrons se moverem, menor é número de colisões. Logo, a temperatura do resistor é menor e a da água também. Simples, não é mesmo? Não esqueça que o chuveiro é o grande vilão do gasto de energia elétrica em nossas residências. Posicione corretamente a chave de seleção de potência de seu chuveiro, e não esqueça de adequar a posição a cada estação do ano. 69 ANEXO 02 Diferentes tipos de condução (Texto adaptado do site Efísica) Toda corrente elétrica é constituída pelo movimento de elétrons. Mas, por uma questão didática, costuma-se considerar três casos de condução. 1. Condução eletrônica ou condução metálica Nos metais a corrente elétrica é constituída pelo movimento de elétrons que vão passando de um átomo a outro com grande facilidade. Quando se produz o campo , os elétrons ficam sujeitos a forças que têm sentido opostos ao desse campo, e se deslocam no sentido dessas forças. Os íons positivos, que resultam dos átomos que perdem elétrons, também ficam sujeitos a forças que tem o mesmo sentido do campo (fig.116). Mas, nos metais o deslocamento desses íons é desprezível em relação ao dos elétrons. Foram realizadas experiências para se verificar se esses íons positivos se deslocam ou não, nos metais. Não se constatou nenhum deslocamento que pudesse ser medido. Podemos então dizer que nos metais a corrente elétrica é constituída pelo movimento de elétrons (que se deslocam em sentido oposto ao do campo). Figura 116 70 Os metais são chamados condutores de primeira classe. 2. Condução eletrolítica É aquela que se verifica nas soluções de ácidos, bases ou sais em água, e nos sais fundidos. Nestes condutores, a corrente é constituída pelo deslocamento de íons que resultam da dissociação de moléculas. Os íons positivos, chamados cátions se deslocam no sentido do campo ; e os negativos, chamados ânions se deslocam em sentido oposto. A corrente elétrica é constituída pelo movimento de íons nos dois sentidos. Estes condutores são chamados eletrólitos, ou condutores de segunda classe. 3. Condução gasosa Nos gases, a corrente elétrica é constituída pelo movimento de cátions num sentido e de ânions em sentido oposto. Esses cátions e ânions provêm da ionização das moléculas do gás. Essas moléculas, porém, não se ionizam sozinhas, como no caso dos eletrólitos. A corrente começa, em geral, com o movimento de elétrons livres. Esses elétrons, chocando-se com as moléculas do gás, arrancam elétrons dessas moléculas, e as ionizam. Os íons formados por sua vez encontram novas moléculas, que são ionizadas por choque. Estes novos íons participam da corrente, e assim por diante. Os gases também são chamados condutores de terceira classe. FONTE: http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/corrente/dif_tipos_conducao/ 71 ANEXO 03 ESTUDO DAS LEIS DE OHM (Texto adaptado da Unip) 1ª Lei de Ohm Embora os conhecimentos sobre eletricidade tenham sido ampliados na atualidade, a Lei de Ohm continua sendo uma lei básica da eletricidade e eletrônica, por isso conhecê-la é fundamental para o estudo e compreensão dos circuitos eletroeletrônicos. Esta aula vai tratar da Lei de Ohm e da forma como a corrente elétrica é medida. Desse modo, você será capaz de determinar matematicamente a corrente elétrica e medir os valores das grandezas elétricas em um circuito. A Lei de Ohm estabelece uma relação entre as grandezas elétricas: tensão ( V ),corrente ( I ) e resistência ( R ) em um circuito. Verifica-se a Lei de Ohm a partir de medições de tensão, corrente e resistência realizadas em circuitos elétricos simples, compostos por uma fonte geradora e um resistor. Montando-se um circuito elétrico com uma fonte geradora de 9 V e um resistor de 100 Ω, por exemplo, notamos que no multímetro, ajustado na escala para correntes em miliampere, a corrente circulante é de 90 mA. Formulando a questão, temos: V=9V 72 R = 100 Ω I = 90 mA Vamos substituir o resistor de 100 Ω por outro de 200 Ω. Nesse caso, a resistência do circuito torna-se maior. O circuito impõe uma oposição mais intensa à passagem da corrente e faz com que a corrente circulante seja menor. Formulando a questão, temos: V=9V R = 200 Ω I = 45 mA À medida que aumenta o valor do resistor, aumenta também a oposição à passagem da corrente que decresce na mesma proporção. Analisando-se os valores, verifica-se: A tensão aplicada ao circuito é sempre a mesma; portanto, as variações da corrente são provocadas pela mudança de resistência do circuito. Ou seja, quando a resistência do circuito aumenta, a corrente no circuito diminui; Dividindo-se o valor de tensão aplicada pela resistência do circuito, obtém-se o valor da intensidade de corrente. A partir dessas observações, conclui-se que o valor de corrente que circula em um circuito pode ser encontrado dividindo-se o valor de tensão aplicada pela sua resistência. Transformando esta afirmação em equação matemática, tem-se a Lei de Ohm: 73 U=R.I Com base nessa equação, enuncia-se a Lei de Ohm: “A intensidade da corrente elétrica em um circuito é diretamente proporcional à tensão aplicada e inversamente proporcional à sua resistência.” Para que as equações decorrentes da Lei de Ohm sejam utilizadas, os valores das grandezas elétricas devem ser expressos nas unidades fundamentais: Volt ( V ) → tensão Ampère ( A ) → corrente Ohm (Ω ) → resistência Segunda Lei de Ohm George Simon Ohm foi um cientista que estudou a resistência elétrica considerando que certos elementos do condutor têm influência sobre ela. Por esse estudo, ele concluiu que a resistência elétrica de um condutor depende fundamentalmente de quatro fatores, a saber: 1. material do qual o condutor é feito; 2. comprimento (L) do condutor; 3. área de sua seção transversal (S); 4. temperatura no condutor. Para que se pudesse analisar a influência de cada um desses fatores sobre a resistência elétrica, podem ser realizadas várias experiências variandose apenas um dos fatores e mantendo constantes os três restantes. Assim, por exemplo, para analisar a influência do comprimento do condutor, mantem-se constante o tipo de material do condutor, a temperatura máxima de aquecimento e a área da seção transversal, e variando-se o comprimento do condutor. Com isso, verifica-se que a resistência elétrica aumenta ou diminui na mesma proporção em que aumentava ou diminui o comprimento do condutor. Isso significa que: “A resistência elétrica é diretamente proporcional ao comprimento do condutor”. 74 Para verificar a influência da seção transversal, são mantidos constantes o comprimento do condutor, o tipo de material que o compõe e a temperatura, variando-se apenas sua seção transversal. É possível verificar que a resistência elétrica diminui à medida que se aumenta a seção transversal do condutor. Inversamente, a resistência elétrica aumenta, quando se diminui a seção transversal do condutor. Com isso conclui-se que: “A resistência elétrica de um condutor é inversamente proporcional à área de sua seção transversal”. Utilizando-se materiais diferentes, verifica-se que não existe relação de proporcionalidade entre eles. Com o mesmo material, todavia, a resistência elétrica mantém sempre o mesmo valor, seja qual for o comprimento ou seção transversal. A partir dessas experiências, os estudantes podem estabelecer uma constante de proporcionalidade, que é denominada de resistividade elétrica. Resistividade elétrica é a resistência elétrica específica de certo condutor com 1 metro de comprimento, 1 mm² de área de seção transversal, medida em temperatura ambiente constante de 20ºC. A unidade de medida de resistividade é o Ω.mm²/m, representada pela letra grega ῤ (lê-se “rô”). Por meio desses experimentos, George Simon Ohm estabeleceu a sua segunda lei, que diz que: “A resistência elétrica de um condutor é diretamente proporcional ao produto da resistividade específica pelo seu comprimento, e inversamente proporcional à sua área de seção transversal.” Matematicamente, essa lei é representada pela seguinte equação: R= ῤ . L / A FONTE: http://adm.online.unip.br/img_ead_dp/20409.PDF 75 ANEXO 04 CIRCUITOS ELÉTRICOS (Texto adaptado do site A Física e o cotidiano) INTRODUÇÃO Olhe ao seu redor e certamente verá algum telefone celular, televisão, ventilador, ou quem sabe um poste de iluminação publica. Dentro desses e de milhares de outros aparelhos que utilizamos no nosso dia-dia, estão lá, escondidinhos, os circuitos elétricos. O que seria da gente, de nosso conforto sem o ventilador ou o ar-condicionado em pleno verão?... Sem a TV, sem o computador no novo modo de vida? Ate o telefone... Imagine se cada vez que precisasse falar com alguém você tivesse que andar até onde essa pessoa estivesse! Já pensou o que seriam das nossas noites sem as lâmpadas? Só de pensar que antigamente não existiam lâmpadas... Enfim, o que seria da gente sem os circuitos elétricos? O que é um circuito elétrico? Circuito elétrico é o conjunto de caminhos pelos quais a corrente elétrica pode passar, no qual aparece uma ou mais fontes de energia elétrica (pilhas, baterias etc.) e outros dispositivos elétricos (lâmpadas, resistores, capacitores, motores elétricos etc.). Alguns elementos de um circuito elétrico: Resistor: O resistor é um aparelho que tem apenas uma função: transformar energia elétrica em energia térmica. Quando a corrente elétrica passa por um resistor, este oferece uma oposição à passagem da corrente (resistência elétrica). Durante esse processo, parte da energia elétrica do circuito é transformada em calor (efeito Joule). Resistores elétricos estão 76 dentro de chuveiro elétrico, ferro de passar e em outros aparelhos com a função de aquecimento. Lâmpada: Há vários tipos de lâmpadas, incluindo as incandescentes e fluorescentes. Aqui trabalharemos apenas com as lâmpadas incandescentes. Essas lâmpadas possuem um filamento de tungstênio por onde passa a corrente elétrica. Por efeito Joule, o filamento aquece tanto (3000 ˚C aproximadamente) que passa a emitir luz. Na prática, apenas 5% da energia elétrica gasta nesse processo é convertida em energia luminosa, o restante e dissipado em forma de calor. Por esta razão, trataremos as lâmpadas como resistores, sendo que o brilho das lâmpadas será função da corrente que as atravessam. Gerador: elemento responsável pela “alimentação” do circuito (geram “voltagem” ou tensão). Transformam outras modalidades de energia em energia elétrica. Ex: a pilha (transforma energia química em energia elétrica). Os geradores dão energia para o funcionamento dos aparelhos elétricos e para a manutenção da corrente elétrica nos circuitos. Os geradores utilizados nessa prática serão as pilhas. Todo gerador possui uma “forca eletromotriz”, ou f.e.m., (E), medida em volts, e uma resistência interna (r). Lei de Ohm: Todo corpo oferece uma oposição a passagem de corrente elétrica chamada de resistência elétrica. Quanto menor for o valor da resistência elétrica de um corpo, maior será a intensidade da corrente elétrica que o atravessara para uma mesma tensão (voltagem). Mas o que aconteceria se dobrássemos a voltagem? A corrente iria dobrar! Se triplicássemos a voltagem, observaríamos que a corrente triplicaria também! A lei de Ohm diz que a tensão é proporcional à corrente elétrica que atravessa o resistor, ou seja, a tensão entre as “pontas” de um resistor é igual ao produto entre a sua resistência e a corrente que o atravessa. Lei de Ohm: V = Ri Onde V = tensão (voltagem); i = corrente elétrica e R = resistência. 77 OBS: a unidade de medida padrão da resistência elétrica e o Ohm (Ω). Mas, e se o circuito tiver mais de um resistor? Em circuitos elétricos, é comum a presença de associações tanto de resistores quanto de geradores. Essas associações podem ser: Em série: aparelhos ligados em sequencia compartilhando a mesma corrente elétrica. Em paralelo: aparelhos ligados a pontos em comum do circuito mesma Voltagem elétrica. Mista: Como o próprio nome sugere, é uma “mistura” de associações em série e em paralelo. Nesses casos, reduzimos o circuito encontrando um dispositivo equivalente à toda associação e trabalhamos apenas com ele. FONTE: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/fisicaecotidiano 78 APÊNDICES 79 APÊNDICE A: AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA QUESTÃO 01 Explique e exemplifique condutores e isolantes elétricos. QUESTÃO 02 Defina choque elétrico. QUESTÃO 03 (GREF – ADAPTADA) Em certa residência frequentemente ocorre a queima de fusíveis de 15 A. Para prolongar seu uso, o proprietário troca esse tipo por um de 30 A. O proprietário procedeu corretamente? Justifique. QUESTÃO 04 Pode acontecer, em uma mesma rua, residências com energia elétrica e outras sem energia. Explique esse fenômeno. QUESTÃO 05 Quando você vai comprar um eletrodoméstico, geralmente o vendedor faz a seguinte pergunta: Qual é a corrente elétrica da sua casa? Ele agiu corretamente? Justifique. QUESTÃO 06 (PUC-RS) A razão entre a carga que flui por uma secção reta de um condutor e o tempo gasto para essa carga fluir define uma grandeza elétrica chamada: a) Intensidade da corrente. b) Resistência. c) Condutância. d) Diferença de potencial. e) Força eletromotriz. 80 QUESTÃO 07 (PUC-RS) Uma corrente elétrica que flui num condutor tem um valor igual a 5A. Pode-se, então, afirmar que a carga que passa numa secção reta do condutor é de: a) 1C em cada 5 s. b) 5C em cada 5s. c) 1/5 C em cada 1s. d) 1C a cada 1s. e) 1C a cada 1/5s. QUESTÃO 08 (UFMA) A resistência de um condutor metálico: a) É diretamente proporcional à área da secção transversal. b) É inversamente proporcional à área da secção transversal. c) Independe da área da secção transversal. d) É inversamente proporcional a seu comprimento. e) Independe de seu comprimento. QUESTÃO 09 A tensão elétrica entre os terminais de um resistor R é U e a corrente elétrica que nele flui é i. A resistência elétrica de R é dada por: a) U i b) i U c) U2 i d )Ui e)Ui 2 QUESTÃO 10 (UFMS) A potência elétrica dissipada num resistor, com resistência elétrica constante, é diretamente proporcional: a) A raiz quadrada da tensão aplicada ao resistor. b) A tensão aplicada ao resistor. c) Ao quadrado da tensão aplicada ao resistor. d) Ao inverso do quadrado da intensidade da corrente elétrica pelo resistor. e) Ao inverso da intensidade da corrente elétrica pelo resistor. 81 APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO BALIZADOR DA APRENDIZAGEM QUESTIONÁRIO QUESTÃO 01 Por que quando retiramos uma lâmpada de um “pisca-pisca” geralmente as outras apagam? Isso acontece também com os equipamentos de uma residência? Explique. QUESTÃO 02 Em uma instalação elétrica de uma residência são utilizados condutores de área de secção transversal diferentes. Por que nos chuveiros elétricos a “bitola do fio” é maior do que a dos fios empregados para as lâmpadas? QUESTÃO 03 Uma lâmpada usada em Salvador, onde a tensão elétrica é de 220V pode ser usada em Aracaju, onde a tensão elétrica é 127V. No entanto na situação inversa queima. Este fenômeno pode ser explicado pelo Efeito Joule? QUESTÃO 04 (CGA-ADAPTADA) Quando em uma residência vários equipamentos estão em funcionamento é possível desligar um deles e os demais continuarem em operação normal. Com base nessa informação, é correto afirmar: a) A ligação dos equipamentos na rede elétrica dessa residência foi feita através de uma associação em série; b) A ligação desses equipamentos na rede elétrica não foi em série pois, a interrupção da corrente elétrica em um deles acarretaria o desligamento de todos os outros; c) Os equipamentos estão submetidos a tensões elétricas diferentes; d) Quanto maior o número de equipamentos ligados maior será a resistência elétrica e, consequentemente, maior será a corrente elétrica; e) A corrente elétrica que percorrem os equipamentos é continua. 82 QUESTÃO 05 A grandeza física resistência elétrica é diretamente proporcional e inversamente proporcional: a) à área da secção transversal e ao comprimento do condutor. b) à resistividade e ao comprimento do condutor. c) ao comprimento e à resistividade do condutor. d) ao comprimento e à área da secção transversal do condutor. e) à corrente e a força elétrica. QUESTÃO 06 Numa aula de laboratório, um estudante montou o circuito da figura com quatro lâmpadas L1, L2, L3 e L4, alimentadas por uma bateria. Durante suas experiências ele anotou algumas observações que transcreveremos a seguir: I - Se a lâmpada L1 se queima, todas as outras irão brilhar mais; II - Se L4 se queima, só L1 e L2 permanecem acesas; III - Se L2 se queima, só L1 permanece acesa. IV - Se queimam L2 e L3, as lâmpadas L1 e L4 continuam acesas. Identifique a alternativa verdadeira: a) I b) II c) II e III d) II e IV e) III 83 QUESTÃO 07 (ADAPTADA) No circuito da figura abaixo o fusível F suporta até 1,5 A. Entre os pontos A e B é aplicada uma diferença de potencial U que cresce a partir de zero podendo atingir até 200 V. Durante o aumento da diferença de potencial, o fusível se rompe quando U atinge: a) 60 V b) 75 V c) 90 V d) 120 V e) 150 V QUESTÃO 08 (SESP-ADAPTADA) Um forno elétrico doméstico consiste de uma resistência constante, para aquecimento, ligada à rede de energia através de uma resistência variável para controle. A resistência variável é uma barra homogênea de material resistivo, com contatos fixos nas extremidades e um contato deslizante na parte central. Para fazer o forno aquecer mais é preciso: a) Reduzir o valor da resistência variável. b) Mover o contato deslizante para a esquerda para aumentar a resistência equivalente do forno. c) Mover o contato deslizante para a direita para aumentar a resistência equivalente do forno. 84 d) Mover o contato deslizante para a esquerda para diminuir a resistência equivalente do forno. e) Mover o contato deslizante para a direita para diminuir a resistência equivalente do forno. QUESTÃO 09 Os fusíveis são dispositivos que têm a finalidade de proteger um equipamento de variações bruscas de corrente elétrica. Eles são constituídos de materiais de baixo ponto de fusão, como o estanho, por exemplo, e se fundem quando percorrido por uma corrente elétrica igual ou maior do que conseguem suportar. A tabela a seguir apresenta os valores de correntes que cinco diferentes fusíveis podem suportar. FUSÍVEL CORRENTE ELÉTRICA (A) 1 1,5 2 2,5 3 5,0 4 7,5 5 10 Considerando que um equipamento com resistência elétrica de 60 Ω seja ligado a uma rede de 127V, o melhor fusível para protegê-lo de sobrecarga é o de número: a) b) c) d) e) 1 2 3 4 5 QUESTÃO 10 O multímetro é um equipamento que tem a finalidade de medir correntes, tensões e resistências elétricas de um circuito. Desta forma, ele substitui na prática o amperímetro e o voltímetro. Com base no funcionamento de um amperímetro e de um voltímetro, podemos afirmar: a) A resistência elétrica interna de um amperímetro deve ser muito pequena para que, quando ligado em paralelo às resistências elétricas de um circuito, não altere a intensidade da corrente que se deseja aferir. b) A resistência elétrica interna do amperímetro deve ser muito pequena para que, quando ligado em série às resistências elétricas de um circuito, não altere a intensidade da corrente que se deseja aferir. 85 c) A resistência elétrica interna do voltímetro deve ser muito pequena para que, quando ligado em paralelo às resistências elétricas de um circuito, não altere a tensão elétrica que se deseja aferir. d) A resistência elétrica interna do voltímetro deve ser muito pequena para que, quando ligado em série às resistências elétricas de um circuito, não altere a tensão elétrica que se deseja aferir. e) A resistência elétrica interna do voltímetro deve ser muito grande para que, quando ligado em paralelo às resistências elétricas de um circuito, não altere a corrente elétrica que se deseja aferir. 86 APÊNDICE C: PRODUTO EDUCACIONAL O produto educacional originado com essa pesquisa consiste em um Kit Didático composto de um manual de montagem e um DVD com os vídeos dos experimentos. Este material foi confeccionado a partir das atividades desenvolvidas na Oficina de Eletricidade com 12 alunos da terceira série do Ensino Médio do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe, em São Cristovão. A proposta desse kit é mostrar aos professores e alunos que é possível ensinar e aprender Física de maneira contextualizada, motivadora e significativa, utilizando para isto a experimentação, ferramenta fundamental no processo de ensino e aprendizagem da referida disciplina. A ideia inicial do produto educacional era a confecção de um manual de montagem contendo experimentos simples de fenômenos elétricos. Porém, durante as aulas, um aluno sugeriu que fizéssemos a filmagem de um experimento. Segundo ele, com as imagens capturadas durante a execução das atividades, os colegas conseguiriam compreender melhor tais fenômenos. Desta forma, unimos as duas ideias e criamos um Kit Didático. Vale ressaltar que com as instruções presentes no Kit, professores e alunos do ensino médio poderão repetir os experimentos e até aprimorá-los. Para visualização dos vídeos do DVD basta acessar o endereço eletrônico: https://www.youtube.com/ e em seguida digitar na “barra de procura” Experimentação em eletricidade – Prof. Luciano Sedraz. Quanto ao manual de montagem ficará disponível na biblioteca do Colégio de Aplicação da UFS a partir da segunda quinzena do mês de julho de 2015. A seguir as figuras C.1 e C.2 mostram as interfaces do DVD. 87 Figura C.1 – Tela do menu inicial do DVD Figura C.2 – Tela do menu Experimentos Como podemos observar nas figuras C.1 e C.2, os menus são interativos, ou seja, você poderá escolher a opção: iniciar o filme (com essa ação será exibido completamente o vídeo); experimentos (será exibido apenas o experimento selecionado) e créditos (aparece a relação dos alunos participantes da Oficina, os nomes dos idealizadores do projeto, agência financiadora, trilha sonora tipografia). 88 No inicio de cada experimento é apresentado a lista de materiais (figura C.3) utilizados nos experimentos. De acordo com a realidade da escola, os materiais poderão ser substituídos por outros que apresentam propriedades semelhantes e até mesmo pode-se complementar o kit. Figura C.3 – Tela do Experimento 01 MANUAL DE MONTAGEM O manual de montagem do Kit didático contém cinco roteiros para experimentação em eletricidade. Vale a pena ressaltar que durante a realização das atividades é necessário que os alunos adotem algumas medidas de segurança para evitar acidentes. Recomendamos os seguintes cuidados: usar sempre um calçado fechado; usar luvas de borracha ou couro; não tocar nos condutores (fios), principalmente nas emendas; durante a montagem do experimento desligue-o da fonte de alimentação (tomada); não utilizar objetos metálicos para manipular os materiais do experimento; aguardar as orientações do professor para cada um dos experimentos; não realizar as atividades com as mãos ou corpo molhados; não usar adornos (pulseiras, anéis, correntes e relógios) durante a experimentação. A seguir, iremos apresentar cada um dos cinco roteiros dos experimentos realizados pelos alunos na Oficina de Eletricidade. 89 EXPERIMENTO 01: CONDUTORES E ISOLANTES ÁREA DO CONHECIMENTO Física CONTEÚDO Eletricidade; condutores e isolantes; corrente elétrica. OBJETIVO(S) Definir condutores e isolantes elétricos; Classificar alguns materiais como condutores ou isolantes elétricos. DESCRIÇÃO A presença de condutores e isolantes de eletricidade é muito comum no nosso cotidiano. Os primeiros são todos os corpos ou substâncias que conduzem facilmente a corrente elétrica. Já os isolantes elétricos, pelo fato de possuírem enormes quantidades de elétrons livres impedem a passagem da corrente elétrica. Este experimento tem a finalidade de classificar objetos em condutores ou isolantes, a partir da observação da passagem da corrente elétrica conforme a figura C.5. MATERIAL UTILIZADO: 15 cm de condutor elétrico (1,5mm²); 01 porta-pilhas; 01 pilha de 1,5V; 01 lâmpada de lanterna de 1,5V; 01 fita adesiva; Objetos auxiliares Pregos, arame, clips e alfinete (metais); Réguas e canudos (plásticos); 01 borracha escolar; 90 01 placa de vidro; 01 pedaço de papelão; 01 pedaço de arame de solda; 01 bocal de caneta; 01 pedaço de fita de tecido. MONTAGEM DA EXPERIÊNCIA Corte dois pedaços de aproximadamente 7,5cm de condutor (1,5mm²); Usando o porta-pilhas e a fita adesiva, prenda uma ponta do condutor no polo positivo e a outra extremidade a rosca da lâmpada; Prenda a ponta do outro pedaço do condutor no polo negativo e a outra extremidade no ponto metálico existente na parte inferior da lâmpada. Dessa forma, ela deverá acender; Acrescente ao circuito do procedimento anterior um objeto auxiliar da lista de materiais. Repita essa operação com todos os objetos e observe se a lâmpada irá acender. Figura C.5 – Experimento 01 – Condutores e isolantes MATERIAL DE APOIO: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/fisicaecotidiano http://www.if.usp.br/gref/ 91 SUGESTÕES Utilizar o simulador condutores e isolantes como ferramenta facilitadora da aprendizagem. Disponível no endereço eletrônico abaixo: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/fisicaecotidiano/eletromagnetismo/index 92 EXPERIMENTO 02: EFEITO JOULE ÁREA DO CONHECIMENTO Física CONTEÚDO Eletricidade; condutores; corrente elétrica e efeito Joule. OBJETIVO(S): Observar o efeito Joule; Identificar as consequências do efeito Joule. DESCRIÇÃO Ao encostar os fios na palha de aço, fecha-se um circuito elétrico, devendo então os elétrons passar pela esponja de aço, devido à força eletromotriz que os empurra do polo negativo ao positivo. Porém a resistência da palha de aço é bastante alta, fazendo com que os elétrons se choquem com os átomos da palha, esquentando-a. No caso da palha de aço, esse aumento de temperatura é brusco, fazendo com que faísque e possa queimar. MATERIAL UTILIZADO: Porta pilhas; 02 pilhas AA; 02 pedaços de condutores de espessura 1mm²; 01 pedaço de palha de aço. MONTAGEM DA EXPERIÊNCIA Coloque as pilhas no porta-pilhas obedecendo as polaridades, pegue a palha de aço, faça um pequeno arco com pequena densidade de fios e fique esfregando as extremidades a uma distância de aproximadamente um centímetro (1 cm), até que a palha de aço comece a faiscar conforme a figura C.6. Por medida de segurança, realize esse experimento num lugar afastado da rede elétrica e de materiais inflamáveis. 93 Figura C.6 – Experimento 02 – Efeito Joule MATERIAL DE APOIO: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/fisicaecotidiano http://www.if.usp.br/gref/ http://www.efeitojoule.com/ SUGESTÕES Discutir com os alunos a relação existente entre o experimento e o funcionamento do chuveiro elétrico. 94 EXPERIMENTO 03: FRITADOR DE SALSICHAS ÁREA DO CONHECIMENTO Física CONTEÚDO Eletricidade; condutores; corrente elétrica, efeito Joule e resistência elétrica. OBJETIVO(S): Observar o efeito Joule; Identificar as consequências do efeito Joule. Montar um circuito elétrico simples; Verificar a queda de potencial elétrico ao longo da salsicha utilizando lâmpadas de LED. LED é a sigla para diodos emissores de luz. DESCRIÇÃO Neste experimento vamos verificar a passagem da corrente elétrica através de um condutor iônico. Para isso, vamos utilizar uma salsicha associada em série com uma lâmpada incandescente. Durante esse processo observaremos a manifestação do efeito Joule na salsicha, provocando assim o aquecimento desse alimento. Observe a figura C.7. MATERIAL UTILIZADO: 2m de condutor elétrico (diâmetro igual a 1,5 mm²); Uma placa de forro PVC (10 cm x 50 cm); 3 lâmpadas de LED; Uma salsicha de cachorro quente; Fita isolante; 1 bocal de lâmpada incandescente; 2 pregos para telha de Eternit; Lâmpadas incandescentes de 40 W e 60 W. 95 MONTAGEM DA EXPERIÊNCIA Fixar os dois pregos na placa de PVC, separados por uma distância de 10cm; Fixar o bocal na placa de PVC, deixando uma distância de 20cm dos pregos; Ligar a extremidade de um pedaço (25 cm) de fio a um dos pregos e a outra a um dos polos do bocal da lâmpada; Fixar no outro prego um pedaço (50 cm) de fio; Fixar no outro polo do bocal da lâmpada um pedaço (50 cm) de fio; Prenda a salsicha nos pregos; Enrosque a lâmpada de 40 W no bocal para fechar o circuito; Substitua a lâmpada de 40 W por outra de 60 W e verifique o que acontece; Coloque as lâmpadas de LED na salsicha. Figura C.7 – Experimento 03 – Fritador de salsichas MATERIAL DE APOIO: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/fisicaecotidiano http://www.if.usp.br/gref/ http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/corrente/dif_tipos_conducao/ 96 SUGESTÕES Utilizar outros alimentos como, por exemplo, vegetais para verificar o que com o brilho da Lâmpada. 97 EXPERIMENTO 04: LÂMPADA DE GRAFITE ÁREA DO CONHECIMENTO Física CONTEÚDO Eletricidade; condutores; corrente elétrica, efeito Joule, resistência elétrica e 2ª Lei de Ohm. OBJETIVO(S): Observar o efeito Joule; Identificar as consequências do efeito Joule. Construir uma lâmpada utilizando grafite; Verificar as características da Lei de Ohm. DESCRIÇÃO Neste experimento vamos construir uma lâmpada usando grafite. Este material suporta altas temperaturas, normalmente é usada como matéria prima para produzir um recipiente em forma de pote chamado de cadinho. Com essa atividade vamos comprovar a baixa resistência elétrica, ou alta condutividade da grafite de um lápis. Para isso, vamos fazer passar uma corrente elétrica pelo pedaço de grafite provocando assim o seu aquecimento devido o efeito joule. Observe a figura C.8. MATERIAL UTILIZADO: Uma fonte de alimentação de 12V ou 08 pilhas D; 2 conectores do tipo jacaré; Pontas de grafite com espessuras 0,3 mm², 0,5 mm², 0,7 mm² e 0,9 mm². MONTAGEM DA EXPERIÊNCIA Fixe os conectores na fonte de alimentação; Prenda a ponta de grafite nos conectores; 98 Conecte a fonte de alimentação a uma tomada e observe o que acontece; Retire a fonte da tomada. Em seguida, por medida de segurança espere dois minutos e substitua a ponta por outra de espessura diferente; Substitua as pontas (inteiras) por outras que tenham metade do comprimento inicial; Repita os passos anteriores alterando o comprimento e a espessura das pontas de grafite. Figura C.8 – Experimento 04 – Lâmpada de grafite MATERIAL DE APOIO: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/fisicaecotidiano http://www.if.usp.br/gref/ http://adm.online.unip.br/img_ead_dp/20409.PDF SUGESTÕES Utilizar os simuladores da 1ª e 2ª Leis de Ohm como ferramenta facilitadora da aprendizagem. Disponível no endereço eletrônico abaixo: https://phet.colorado.edu/pt_BR/ Montar um debate sobre eficiência energética com a finalidade de discutir a importância do consumo racional de energia elétrica na escola e nas residências dos alunos. 99 EXPERIMENTO 05: ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES ÁREA DO CONHECIMENTO Física CONTEÚDO Eletricidade; condutores; corrente elétrica, efeito Joule, resistência elétrica e associação de resistores. OBJETIVO(S): Montar circuitos elétricos; Classificar os circuitos elétricos em série, paralelo e misto; Identificar as características de cada circuito. DESCRIÇÃO Para a construção deste experimento é necessário definir previamente circuitos elétricos. Um circuito elétrico é um conjunto de aparelhos interligados eletricamente de forma apropriada. É constituído, pelo menos, por um gerador elétrico, que fornece a energia, por uma carga (ou receptor), que recebe energia e por condutores elétricos que interligam os aparelhos. Nessa atividade o que vai determinar o tipo do circuito (série, paralelo e misto), será a quantidade de caminhos que a corrente elétrica terá para percorrer. a figura C.8. MATERIAL UTILIZADO: 2,5 m de condutor elétrico (1,5 mm²); 01 placa de madeira (10 cm X 80 cm); 06 lâmpadas incandescentes de 60 W; 06 bocais de porcelana para lâmpadas; 01 fita isolante; 01 interruptor simples + tomada; 08 parafusos para madeira; Observe 100 01 chave de fenda. MONTAGEM DA EXPERIÊNCIA Prenda os 6 bocais na placa de madeira utilizando os parafusos para fixação; Fixe o interruptor na placa de madeira com auxilio de 2 parafusos; Instale o condutor entre os bocais (soquetes) e o interruptor, conforme a figura C.9; Enrosque as 6 lâmpadas nos bocais; Instale o interruptor em série a tomada; Utilize a fita isolante nas emendas para evitar descargas elétricas; Alimente o circuito conectando-o a uma tomada previamente escolhida. Figura C.9 – Experimento 05 – Associação de resistores MATERIAL DE APOIO: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/fisicaecotidiano http://www.if.usp.br/gref/ 101 SUGESTÕES Utilizar o simulador circuitos elétricos como ferramenta facilitadora da aprendizagem. Disponível no endereço eletrônico abaixo: http://ambiente.educacao.ba.gov.br/fisicaecotidiano/eletromagnetismo/index