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INVESTIGAÇÃO,
14(3):1-52,
2015
I SIMPÓSIO
DE ONCOLOGIA
COMPARADA
Clínica e Cirurgia Veterinária
ANAIS
I SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA
COMPARADA
ISSN 21774780
1
I SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADA
PROMOÇÃO
COMISSÃO ORGANIZADORA
Curso de Mestrado em Medicina Veterinária de Pequenos Animais
Juliana Santilli (coordenadora)
Priscila Pavini Cintra
Maria Amélia Martins de Almeida
Mariana Santos Martins
Larissa Fernandes Magalhães
Elaine Cristina Stupak
Aline Fernandes Vital
Marina Laudares Costa
Francielli Rosa Dias
Caio Ribeiro
Paula Cava Rodrigues
COORDENADORAS
Profa. Dra. Sabryna Gouveia Calazans
Profa. Dra. Geórgia Modé Magalhães
COMISSÃO CIENTÍFICA
Coordenadora
Priscila Pavini Cintra
Revisores
Carlos Augusto de Mattos Donadelli
Carlos Eduardo Fonseca Alves
Felipe Augusto Ruiz Sueiro
Flávia Amoroso Matos e Silva
Geórgia Modé Magalhães
Geovanni Dantas Cassali
Juliana Santilli
Marcelo Ballaben Carloni
Priscila Pavini Cintra
Raquel Alves dos Santos
Sabryna Gouveia Calazans
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Núcleo de Projetos e Pesquisas de Design
Coordenação
Ana Márcia Zago
Supoervisão
Rodrigo Aparecido de Souza
Execução
Amanda de Oliveira Zardini
ISSN 21774780
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I SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADA
Patrocínio:
Apoio:
ISSN 21774780
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I SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADA
PROGRAMAÇÃO
PROGRAMAÇÃO
15:30 às 16:00h Coffee-break
PALESTRA DE ABERTURA: ONCOLOGIA COMPARADA
09:10 às 10:00h Doutorando Carlos Eduardo Fonseca Alves
(FMVZ, Unesp-Botucatu)
MESA REDONDA: LINFOMAS
Mediadora: Profa Dra Sabryna Gouveia Calazans
(Mestrado Medicina Veterinária, UNIFRAN)
“Diagnóstico comparado em linfomas”
Prof. Dr. Felipe Augusto Ruiz Sueiro
(Laboratório VetPat, Campinas/SP)
16:00 às 17:30h
“Papel dos linfócitos T na patofisiologia das neoplasias hematológicas”
Profa Dra Flávia Amoroso Matos e Silva
(Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) USP/São Paulo)
“Linfoma não Hodgkin: aspectos clínicos e terapêuticos”
Prof. Dr. Reynaldo José Sant’Anna
(Faculdade de Medicina, UNIFRAN)
10:00 às 10:30h Coffee-break
MESA REDONDA: NEOPLASIAS DE PRÓSTATA
Mediadora: Profa Dra Marcela Marcondes Pinto Rodrigues
(FMB, Unesp-Botucatu)
“Tumor prostático em cães: relevância do modelo canino para estudo da
doença humana”
Doutorando Carlos Eduardo Fonseca Alves
10:30 às 12:00h (FMVZ, Unesp-Botucatu)
“Utilização de ensaios in vitro no estudo do câncer de próstata”
Profa Dra Flávia Karina Delella
(Instituto de Biociências, Unesp-Botucatu)
“Câncer de próstata: aspectos diagnósticos em humanos”
Prof. Dr. Carlos Augusto de Mattos Donadelli
(Faculdade de Medicina, UNIFRAN)
12:00 às 14:00h Intervalo
MESA REDONDA: TUMOR DE MAMA
Mediadora: Profa Dra Geórgia Modé Magalhães
(Mestrado Medicina Veterinária, UNIFRAN)
“O modelo canino para estudo do câncer de mama humano”
Prof. Dr. Geovanni Dantas Cassali
(Instituto de Ciências Biológicas, UFMG)
14:00 às 15:30h “Câncer de mama: biomarcadores de efeito, suscetibilidade e busca de
novas estratégias terapêuticas”
Profa Dra Raquel Alves dos Santos
(Núcleo de Ciências, UNIFRAN)
“Avanços em tratamento para neoplasia de mama”
Prof. Dr. Marcelo Ballaben Carloni
(Faculdade de Medicina, UNIFRAN)
17:45h
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APRESENTAÇÃO DE PÔSTER
I SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADA
ÍNDICE DE RESUMOS
TRABALHOS CIENTÍFICOS
08
ESTUDO RETROSPECTIVO DE 33 CASOS DE LINFOMA CUTÂNEO CANINO
Francielli Rosa DIAS , Letícia Abrahão ANAI, Paulo JARK , Giovanny VARGAS HERNANDEZ, Oscar Rodrigo SIERRA MATIZ, Sabryna Gouveia CALAZANS
09
INVESTIGAÇÃO DA PROTEÍNA URINÁRIA NO CARCINOMA MAMÁRIO
Leandro Z. CRIVELLENTI, Gian F. D. RIBEIRO, Paloma Coutinho SILVA, Gabriela C. SOUZA, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Aline Milena TEDESCO, Sofia Borin-CRIVELLENTI, Matheus Y. ANDRADE, Douglas LUDUVÉRIO, Aureo E.
SANTANA
PREVALÊNCIA DA POSITIVIDADE DE IMUNOGLOBULINAS EM BIÓPSIAS RENAIS DE CADELAS COM CARCINOMA MAMÁRIO
10
Leandro Z. CRIVELLENTI, Gyl E. B. SILVA, Paloma Coutinho SILVA; Gian F. D. RIBEIRO, Gabriela C. SOUZA, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Sofia Borin-CRIVELLENTI, Flávio H. LEITE, Guilherme P.
LEMOS, Aureo E. SANTANA
11
ANÁLISE DA IMUNOMARCAÇÃO DA ANGIOGÊNESE EM NEOPLASIAS MAMÁRIAS CANINAS
Caio Livonesi Dias de MORAES, Flávia C. OLIVEIRA, Priscila Pavini CINTRA, Sabryna Gouveia CALAZANS, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Gabriela Piovan LIMA; Geórgia Modé MAGALHÃES
13
CONTAGEM DE PLAQUETAS EM CADELAS COM CARCINOMA MAMÁRIO
Aline Fernandes VITAL, Juliana SANTILLI, Márcia Ferreira da Rosa SOBREIRA, Kelly Jacqueline Barbosa ANDRADE, Sabryna Gouveia CALAZANS
AVALIAÇÃO DO OCT-4, P63 E CD44 COMO MARCADORES PARA CÉLULAS TRONCO TUMORAIS NO CARCINOMA PROSTÁTICO CANINO
15
Carlos Eduardo FONSECA-ALVES, Priscilla Emiko KOBAYASHI, Renée LAUFER-AMORIM
17
IMUNOMARCAÇÃO DE OCT-4 EM CARCINOMAS SÓLIDOS MAMÁRIOS EM CADELAS
Juliana Pistore RAGAZZI, Priscila Pavini CINTRA, Flávia C. OLIVEIRA, Gabriela Piovan LIMA, Caio Livonesi Dias de MORAES, Geórgia Modé MAGALHÃES
COMPARAÇÃO DA IMUNOMARCAÇÃO DE CASPASES NOS DIFERENTES GRAUS DE MALIGNIADE DE NEOPLASIAS MAMÁRIAS CANINAS
18
Geórgia Modé MAGALHÃES, Italo C. OLIVEIRA, Flávia C. OLIVEIRA, Priscila Pavini CINTRA, Sabryna Gouveia CALAZANS, Caio Livonesi de MORAES, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Gabriela Piovan
LIMA, Ewaldo de MATTOS JUNIOR; Daniel PAULINO JUNIOR
20
TIPOS HISTOPATOLÓGICOS QUE CAUSARAM METÁSTASES EM NEOPLASIAS MAMÁRIAS CANINAS
Gabriela Piovan LIMA, Priscila Pavini CINTRA, Sabryna Gouveia CALAZANS, Flávia C. OLIVEIRA, Italo C. OLIVEIRA, Caio Livonesi de MORAES, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Juliana Pistori RAGAZZI;
Geórgia Modé MAGALHÃES
PERFIL DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES E GATOS QUE FREQUENTAM O HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIFRAN E SEU CONHECIMENTO SOBRE A ONCOLOGIA VETERINÁRIA
Marina Laudares COSTA, Francielli Rosa DIAS, Aline Fernandes VITAL, Leonardo Lamarca de CARVALHO, Sabryna Gouveia CALAZANS
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22
I SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADA
23
INCIDÊNCIA DE CARCINOSSARCOMA MAMÁRIO EM CADELAS DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIFRAN
Juliana B. PALAZETTI, Gian F. D. RIBEIRO, Priscila P.CINTRA, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Geórgia M. MAGALHÃES
CARACTERÍSTICAS DA DEGLUTIÇÃO EM INDIVIDUOS COM CÂNCER DE LÍNGUA POR MEIO DE ENTREVISTA COM DOIS PROFISSIONAIS DA ÁREA
24
Jaqueline dos Santos NUNES , Solimar Colombini GRANADO, Roseli Aparecida Leite de FREITAS
RELATOS DE CASOS
26
LINFOMA CUTÂNEO TARSAL EM GATO: RELATO DE CASO
Oscar R SIERRA, Rafaela B VIÉRA, Reinaldo MARTINS, Marília FERREIRA, Nazilton REIS, Luciana SFRIZO, Andrigo B DE NARDI, Sabryna G CALAZANS
28
LINFOMA MEDULAR EM GATO – RELATO DE UM CASO
Cynthia M BUENO Oscar R SIERRA, Rafaela B VIÉRA, Levi O DOS SANTOS, Reinaldo MARTINS, Mariana T KIHARA, Andrigo B DE NARDI, Sabryna G CALAZANS
CRIOTERAPIA COMO OPÇÃO TERAPÊUTICA ADJUVANTE PARA CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS OCULAR: RELATO DE CASO EM EQUINO
30
Lucas de Freitas PEREIRA, Rafael de Melo ALVES, Vítor Foroni CASAS, Henrique Alves RODRIGUES, Sabryna Gouveia CALAZANS, Cristiane dos Santos HONSHO, Fabiana Ferreira de SOUZA, Luis Gustavo Gosuen Gonçalves DIAS,
Adriana Torrecilhas Jorge BRUNELLI, Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS
32
ABORDAGEM TERAPÊUTICA DE UM CÃO COM HEMANGIOSSARCOMA MUSCULAR METASTÁTICO: RELATO DE CASO
Maria Amélia Martins de ALMEIDA, Elaine Cristina STUPAK, Orlando Marcelo MARIANI, Thiago Guerreiro TEIXEIRA, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Juliana SANTILLI, Geórgia Modé MAGALHÃES, Sabryna Gouveia CALAZANS
LEVANTAMENTO DOS CASOS DE QUIMIOTERAPIA NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIFRAN NO PERÍODO DE UM ANO
33
Cintia Maria Figliolli BAGLIOTTI, Maria Cecília Gaudio GOMES, Matheus Bernades OLIVIO, Juliana SANTILLI, Sabryna Gouveia CALAZANS
ELETROQUIMIOTERAPIA ASSOCIADA À NODULECTOMIA PARA O TRATAMENTO DE UM SARCOMA EM CAVIDADE ORAL DE UM CÃO - RELATO DE CASO
34
Mariana Santos MARTINS, Marina Laudares COSTA, Carlos Henrique Maciel BRUNNER, Sabryna Gouveia CALAZANS
35
RELATO DE CASO: ADENOCARCINOMA GÁSTRICO EM ANEL DE SINETE
Larissa Fernandes MAGALHÃES, Thiago Guerreiro TEIXEIRA, Luana Castro Pimentel SILVA, Thaís Melo de PAULA, Orlando Marcelo MARIANI, Thais Nakane RIBEIRO, Beatriz Helena Bauman VIEIRA, Geórgia Modé MAGALHÃES
37
LINFOMA CUTÂNEO E INTRA-ABDOMINAL EM GATO: RELATO DE CASO
Juliana SANTILLI, Cassia Regina de ABREU, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Geórgia Modé MAGALHÃES, Sabryna Gouveia CALAZANS
38
HEMANGIOSSARCOMA PRIMÁRIO CONJUNTIVO-ESCLERO-CORNEANO EM UM FELINO: RELATO DE CASO
Luciana de Simone SFRIZO, Ana Lúcia PASCOLI, Marília Gabriele Prado Albuquerque FERREIRA, Nazilton de Paula Reis FILHO, Josiane Morais PAZZINI, Rafaela Bortolotti Viéra, Oscar Rodrigo Sierra Matiz7 Andrigo Barboza DE
NARDI
39
CISTECTOMIA RADICAL PARA TRATAMENTO DE NEOPLASIA VESICAL INVASIVA
Leandro Z. CRIVELLENTI, Rafael R. HUPPES, Gabriela C. SOUZA, Gian F. D. RIBEIRO, Paloma Coutinho SILVA, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Sofia BORIN-CRIVELLENTI
ISSN 21774780
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I SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA COMPARADA
QUIMIOTERAPIA METRONÔMICA COMO UMA OPÇÃO DE TRATAMENTO PARA UMA CADELA DE 17 ANOS COM LINFOMA MULTICÊNTRICO – RELATO DE CASO
41
Caio RIBEIRO, Marina Laudares COSTA, Juliana SANTILLI, Georgia Modé MAGALHÃES, Sabryna Gouveia CALAZANS
42
CARCINOMA ENDOMETRIAL EM COELHO-RELATO DE CASO
Priscila Pavini CINTRA, Ariane PONCE, Geórgia Modé MAGALHÃES
44
MASTOCITOMA CUTâNEO DISSEMINADO EM CãO – RELATO DE CASO
Paula Cava RODRIGUES, Sabryna Gouveia CALAZANS
45
HEMANGIOSSARCOMA FARÍNGEO EM UM PINSCHER- RELATO DE CASO
Denner Santos dos ANJOS, Rayanne Chitolina PUPIN, Paulo Henrique de Affonseca JARDIM, Andréia Regis de ASSIS, Carlos Eduardo FONSECA-ALVES, Veronica Jorge BABO-TERRA
47
CARCINOMA DE DUCTO BILIAR EM UM CÃO- RELATO DE CASO
Denner Santos dos ANJOS, Nathália Barbosa MESSAS, Rayane Chitolina PUPIN, Nilton Marques CARVALHO, Veronica Jorge BABO-TERRA
49
METÁSTASE DE CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM REGIÃO RETROBULBAR: RELATO DE CASO EM CÃO
Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS, Adriana Torrecilhas Jorge BRUNELLI, Lucas de Freitas PEREIRA, Juliana SANTILLI, Luis Gustavo Gosuen Gonçalves DIAS, Luara Rodrigues REZENDE, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Karla Menezes
CARDOSO, Cristiane dos Santos HONSHO
51
DERMATOFIBROSE NODULAR SECUNDÁRIA À CISTOADENOMA RENAL – RELATO DE CASO
Luciana de Simone SFRIZO1, Marília Gabriele Prado Albuquerque FERREIRA2, Nazilton de Paula Reis FILHO, Ana Lúcia PASCOLI, Josiane Morais PAZZINI, Rafaela Bortolotti VIÉRA , Oscar Rodrigo Sierra MATIZ , Daniele Santos
ROLEMBERG , Andrigo Barboza DE NARDI , Mirela TINUCCI COSTA
52
CARCINOMA DE PARATIREÓIDE EM CÃO - RELATO DE CASO
Flávia C. OLIVEIRA, Ítalo C. OLIVEIRA, Juliana SANTILLI, Priscila Pavini CINTRA, Larissa Fernandes MAGALHÃES, Geórgia Modé MAGALHÃES
ISSN 21774780
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INVESTIGAÇÃO,
Investigação, 14(3):1-52,
14(1):1-7, 2015
2015
ESTUDO RETROSPECTIVO
DE 33 CASOS DE LINFOMA
CUTÂNEO CANINO
1. Aluno de graduação, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
Francielli Rosa DIAS1, Letícia Abrahão ANAI2, Paulo JARK2, Giovanny VARGAS HERNANDEZ2,
Oscar Rodrigo SIERRA MATIZ2, Sabryna Gouveia CALAZANS3
2. Aluno de pós graduação, UNESP/Jaboticabal.
3. Docente UNIFRAN
O linfoma cutâneo é considerado uma apresentação rara desta neoplasia, representando de 3 a 8%
dentre suas localizações. Este tumor é caracterizado inicialmente por alopecia, eritema e ressecamento
da pele. Contudo, com o passar do tempo, as lesões evoluem para placas e nódulos, muitas vezes
edemaciados, ulcerados e hemorrágicos. Histologicamente, linfomas cutâneos podem ser classificados
em epiteliotrópicos ou não-epiteliotrópicos. Esta última apresentação, quando originária de linfócitos
T, é conhecida por “micose fungoide”, uma forma rara e agressiva da doença. Nestes casos, as células
neoplásicas ficam confinadas à epiderme. Linfomas cutâneos são pouco responsivos a quimioterapia
antineoplásica, particularmente quando originária de linfócitos T. Nesses casos, os protocolos
de quimioterapia convencionais para o linfoma não são efetivos e promovem curtos tempos em
remissão. Assim, linfomas cutâneos (principalmente os epiteliotrópicos de imunofenótipo T) são
considerados neoplasias de prognóstico desfavorável. O objetivo desse trabalho foi estudar 33 casos
de linfoma cutâneo nas cidades de Franca, Jaboticabal e Ribeirão Preto, avaliando raça, idade, sexo
e o epiteliotropismo. Com esta finalidade, foram consultados prontuários e laudos histopatológicos
dos pacientes. Com relação ao sexo, 16 (48,48%) eram machos e 17 (51,52%) eram fêmeas. Os animais
acometidos apresentaram quatro a quinze anos de idade (média de 7-8,5 anos). Dentre os cães
avaliados, 11 (33,3%) eram sem raça definida, seguidos por quatro (12,2%) cães da raça Poodle, três
(9,09%) da raça Cocker Spaniel, dois (6,06%) da raça Pinscher, dois (6,06%) da raça Boxer, um (3,03%)
American Pitbull, um (3,03%) Yorkshire, um (3,03%) Bull terrier, um (3,03%) Chow Chow, um (3,03%)
Fox Paulistinha, um (3,03%) Teckel. Para cinco (15,11%) cães, a raça não foi informada. Os laudos dos
exames histopatológicos revelaram 20 (60,5%) casos de linfoma cutâneo não epiteliotrópico e 9 (27,5%)
de linfoma cutâneo epiteliotrópico. Em 3 (9%) casos, não foi possível determinar o epiteliotropismo e
em um caso (3%), não havia informação sobre o epiteliotropismo no exame consultado. Conclui-se que,
nas regiões estudadas, o linfoma cutâneo não epiteliotrópico é mais comum e acomete principalmente
cães sem raça definida com média de 7-8,5 anos de idade.
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investigação,
Investigação,14(3):
14(1):1-7,
1-52,2015
2015
INVESTIGAÇÃO DA PROTEÍNA
URINÁRIA NO CARCINOMA
MAMÁRIO
Aprovado pelo CEUA, processo no. 011862/11, Pesquisa Financiada pela FAPESP
1. Docente da UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
2. Aluno da UNIFRAN
Leandro Z. CRIVELLENTI1, Gian F. D. RIBEIRO2, Paloma Coutinho SILVA2, Gabriela C. SOUZA2,
Larissa Fernandes MAGALHÃES3, Aline Milena TEDESCO4, Sofia Borin-CRIVELLENTI5,
Matheus Y. ANDRADE6, Douglas LUDUVÉRIO6, Aureo E. SANTANA7
3. Residente da UNIFRAN
4. Aluna da UNESP, Jaboticabal
5. Pós-graduanda da UNESP, Jaboticabal.
6. Técnico UNESP, Jaboticabal
7. Docente UNESP, Jaboticabal
Estudos demonstraram a ocorrência de lesões renais e proteinúria em pacientes humanos com diversas
neoplasias, inclusive no tumor de mama. Dentre os mecanismos que conduzem ao seu desenvolvimento,
destacam-se os de natureza imunológica, cuja proteinúria é o marco tanto da doença, quanto de sua
perpetuação. Ademais nessas ultimas décadas a proteinúria tem sido alvo de discussões quanto sua
utilização como fator prognóstico negativo. A fita colorimétrica é o método mais utilizado para a
detecção da proteinúria, principalmente por seu baixo custo, facilidade de uso e correlação positiva
significativa com a razão proteína creatinina urinária (UPC). Diante de tais considerações, objetivouse avaliar, a proteinúria de cadelas com carcinoma mamário através de fita reagente urinária e o UPC.
Foram realizadas urinálise, UPC e eletroforese das proteínas urinárias de 32 cadelas portadoras de
carcinoma mamário e de 11 animais controle com idade pareada. Foram descartados casos de hematúria,
infecção de trato urinário, e comorbidades. Na urinálise foi observado, embora subjetivamente, maior
positividade da proteína durante a reação química da tira reagente no grupo CM quando comparado
com o GC (P=0,0167). Outros parâmetros químicos como pH, glicose, corpos cetônicos, bilirrubina e
sangue oculto, assim como as variáveis encontradas no sedimento urinário se mantiveram dentro do
esperado para a espécie canina e nenhuma diferença foi observada entre os grupos estudados. A razão
proteína creatinina urinária (UP/C) foi significativamente superior no grupo CM quando comparada
ao GC (0,40±0,52 e 0,11±0,08, respectivamente; P<0.0001). Com relação às proteínas urinárias, houve
maior número de frações proteicas sendo excretada na urina das cadelas com carcinoma mamário
em comparação ao grupo controle (P=0,0009). Pode-se observar que animais com CM apresentaram
maior frequência de aparecimento tanto de proteínas de baixo (10 a 50 kDa) quanto de médio (60 a 80
kDa) e alto pesos moleculares (> 81 kDa). Sendo assim, o aumento na proteinúria poderá servir como
marcador para cadelas com carcinoma mamário quando avaliado pela fita reagente, UPC e eletroforese.
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investigação,
Investigação,14(3):
14(1):1-7,
1-52,2015
2015
PREVALÊNCIA DA POSITIVIDADE
DE IMUNOGLOBULINAS EM
BIÓPSIAS RENAIS DE CADELAS
COM CARCINOMA MAMÁRIO
Aprovado pelo CEUA, processo no. 011862/11 - Pesquisa Financiada pela FAPESP
1. Docente da UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
2. Docente USP, Ribeirão Preto
Leandro Z. CRIVELLENTI1, Gyl E. B. SILVA2, Paloma Coutinho SILVA3; Gian F. D. RIBEIRO3,
Gabriela C. SOUZA3, Larissa Fernandes MAGALHÃES4, Sofia Borin-CRIVELLENTI5, Flávio H.
LEITE6, Guilherme P. LEMOS6, Aureo E. SANTANA7
3. Aluno da UNIFRAN
4. Residente da UNIFRAN
5. Pós-graduanda da UNESP, Jaboticabal.
6. Técnico USP, Ribeirão Preto
7. Docente UNESP, Jaboticabal
Embora a glomerulopatia paraneoplásica seja reportada em humanos, a entidade clínica e os tipos
de depósitos de imunoglobulinas são variáveis, principalmente no que se refere à neoplasia primária.
Assim sendo, o objetivo desse estudo foi o determinar a prevalência dos depósitos glomerulares das
imunoglobulinas IgA, IgG e IgM em 32 cadelas inteiras portadoras de carcinoma mamário (grupo
CM) e em 11 cadelas inteiras hígidas (grupo controle - GC).Carcinoma mamário foi diagnosticado por
histopatologia e outras comorbidades foram descartadas (exame físico e laboratorial de rotina, PCR
e sorologia para as principais doenças encontradas na região). As cadelas de ambos os grupos foram
submetidas à biópsia renal na mesma intervenção cirúrgica da ovário-histerectomia. Para avalição
por imunofluorescência o fragmento renal foi embebido em tissue teck seguido de congelamento em
nitrogênio líquido. O bloco foi seccionado em cortes finos (3µm) e estes posteriormente incubados com
anticorpos anti-cão IgA, IgM, IgG. A graduação foi realizada por método semi-quantitativo em escala de
0, traços, 1+, 2+ e 3+. Todas as avaliações foram realizadas em estudo cego por nefropatologista seguindo
a classificação de doenças glomerulares da Organização Mundial da Saúde. Dos 43 rins biopsiados, três
animais do grupo CM não apresentavam glomérulos adequados para avaliação à imunofluorescência.
Das 29 amostras analisadas do grupo CM, 97% (n=28) apresentaram positividade para IgM. Desses
animais, 18 apresentaram positividade apenas para IgM (62,1%), seis para IgM/IgA (31,6%), três para
IgM/IgG (10,7%) e um para IgM/IgG/IgA (3,6%). Três cadelas controles (27,3%) foram graduadas em
traços a 1+ para IgM. As imunoglobulinas estavam distribuídas predominantemente em mesangio
em 20 animais (71,4%), além de sete casos em alça glomerular (25,0%) e um em polo vascular (3.6%).
Positividade moderada a forte foi observada em cinco cadelas com carcinoma mamário nos depósitos
de IgG e IgA em mesangio e em alça glomerular. IgM demonstrou forte, moderada e fraca positividade
no grupo CM em 64,3%, 28,6% e 7,1% dos casos, respectivamente. Assim sendo, este estudo verificou
importante positividade de imunoglobulinas em rins de cadelas com carcinoma mamário. Sabendo-se
que o depósito de imunoglobulinas pode causar dano glomerular, e, portanto, o carcinoma mamário
pode ser considerado como um potencial causador de lesão renal em cães.
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investigação, 14(3): 1-52, 2015
ANÁLISE DA IMUNOMARCAÇÃO
DA ANGIOGÊNESE EM
NEOPLASIAS MAMÁRIAS
CANINAS
Aprovado pela CEUA, processo n0.018/13 - Pesquisa financiada pela FAPESP
1. Aluno de iniciação científica, UNIFRAN
Caio Livonesi Dias de MORAES¹, Flávia C. OLIVEIRA1, Priscila Pavini CINTRA2, Sabryna
Gouveia CALAZANS3, Larissa Fernandes MAGALHÃES4, Gabriela Piovan LIMA1; Geórgia
Modé MAGALHÃES3
2. Aluno de mestrado, UNIFRAN
3. Docente, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
4. Residente Hospital Veterinário, UNIFRAN
Tumores de mama são os mais frequentes em cadelas e estima-se que 50% sejam malignos (1). Além de
ser um excelente modelo experimental para estudo de neoplasias mamárias humanas (2), a neoplasia
mamária canina é uma doença clinicamente muito importante na medicina veterinária. Como em
tecidos normais tumores requerem oxigênio para manutenção que provem de neovascularização.
Durante a progressão tumoral uma mudança na angiogênese é ativada transformando a vasculatura
que apresentava-se em repouso em brotamentos de vasos que ajudam a sustentar a expansão de
crescimentos neoplásicos. Não somente em neoplasias malignas, a angiogênese contribui para a
fase pré-maligna microscópica de progressão neoplásica caracterizando um papel importante e
marcante no câncer (3). O objetivo do trabalho foi avaliar a intensidade de imunomarcação de VEGF
nos diferentes graus de malignidade de neoplasias mamárias caninas. Foram analisadas 103 amostras
de neoplasias mamárias caninas do setor de Patologia Veterinária da Universidade de Franca. A técnica
imuno-histoquímica empregada foi o sistema de detecção livre de biotina (REVEAL). Os cortes de
tecido com 4 µ foram desparafinizados, reidratados e, então, foi realizada a recuperação antigênica
com solução tampão TRIS/EDTA pH 9, em Panela de pressão elétrica (ELITE PLATIUM). A imunomarcação
para o anticorpo VEGF foi citoplasmática e foram analisadas 103 amostras de neoplasias mamárias
divididas em 28 amostras grau I, 37 grau II e 38 grau III. Na análise estatística em relação à intensidade
de imunomarcaçãoo grau I foi significativamente maior em relação ao grau II e grau III (p˂ 0,01) e não
houve diferença estatística entre grau II e III. No anticorpo VEGF foi realizada uma análise de intensidade
de imunomarcação sendo os tumores grau I com mais intensidade que as neoplasias grau II e grau III.
Esses resultados corroboram com autores que encontraram menor quantidade de grânulos de VEGF
nos maiores graus de malignidade (4). Outro estudo relacionou a quantidade de VEGF com tamanho
tumoral, e características microscópicas como crescimento, necrose, infiltração linfóide, metástase em
linfonodo, grau histológico, e índice de proliferação celular sendo o VEGF expresso tanto em tumores
benignos quanto nos malignos sem relação com esses fatores (5). A quantidade de VEGF também não
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11
investigação, 14(3): 1-52, 2015
se relacionou com o tempo de sobrevida e tempo livre da doença em pacientes caninas com neoplasias
mamárias (6). Nas amostras estudadas imunomarcação para VEGF foi maior nas neoplasias mamárias
caninas de baixo grau de malignidade.
Referências: (1) Misdorp H., Else R, Hellman E. Histologic classification of mammary tumors of the dog
and cat. In: World Health Organization Internacional Histological Classification of Tumors of Domestic
Animals, Series 2 7;(2) Armed Forces Institute of Pathology Washington DC, 1999. (2) Munson L, Moresco
A. Comparative pathology of mammary gland cancers in domestic and wild animals. Breast Dis.
2007;28:7-21. (3) Hanahan D Folkman J. Patterns and emerging mechanisms ofthe angiogenic switch
during tumorigenesis. Cell. 1996;86:353–64, (4) Restucci B, Papparella S, Maiolino P et al. Expression
of vascular endothelial growth factor in canine mammary tumors. Vet Path. 2002;39:488-93 (5) Santos
AA, Oliveira JT, Lopes CC et al. Immunohistochemical expression of vascular endothelial growth factor
in canine mammary tumours. J. Comp. Path 2010;143(4):268-75. (6) Santos AA, Oliveira JT, Lopes CC et
al. Identification of prognostic factors in canine mammary malignant tumours: a multivariable survival
study. BMC Vet. Res. 2013;9:1-1.
ISSN 21774780
12
investigação, 14(3): 1-52, 2015
CONTAGEM DE
PLAQUETAS EM CADELAS
COM CARCINOMA
MAMÁRIO
Pesquisa Financiada pela FAPESP
1. Aluna da UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
Aline Fernandes VITAL , Juliana SANTILLI , Márcia Ferreira da Rosa SOBREIRA ,
Kelly Jacqueline Barbosa ANDRADE4, Sabryna Gouveia CALAZANS5
1
2
3
2. Aluna de mestrado, UNIFRAN
3. Docente UNESP, Jaboticabal
4. Aluna de doutorado, UNIFRAN
5. Docente da UNIFRAN
A presença de distúrbios hemostáticos é comumente observada em cães com neoplasia. Madewall
(1980) avaliou a coagulação em cem cães com neoplasia e detectou trombocitopenia em 36% dos
animais, encontrando alterações nos testes de coagulação em 83% dos pacientes (1). Trombocitose
é ocasionalmente observada em pacientes com carcinomas e foi assumida como sendo atribuível à
ação de interleucina-6, fator estimulador de colônias de granulocítica/macrofágica produzidos por
células do próprio tumor (2). O objetivo deste estudo foi avaliar a contagem de plaquetas e a presença
e trombocitose/trombocitopenia em cadelas com carcinomas mamários. Com esta finalidade, foram
avaliados os valores de plaquetas de quinze cadelas acometidas por carcinoma mamário atendidas no
Hospital Veterinário da Universidade de Franca durante o período de agosto de 2013 a agosto de 2014.
A coleta de sangue foi realizada antes de o paciente receber tratamento medicamentoso ou cirúrgico.
As amostras de sangue foram obtidas da veia jugular de cada paciente, utilizando-se seringa de 10mL e
agulha calibre 25x7. Em seguida, as amostras foram transferidas para um tubo contendo anticoagulante
EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) e destinada à contagem de plaquetas mediante um contador
automático de células (Sysmex KX-21N, Roche). Após a confirmação histológica do tipo tumoral como
carcinoma mamário, as pacientes foram inclusas neste estudo. Animais com suspeitas de doenças que
causem alterações hematológicas, ou aqueles sob tratamento com corticosteroides foram excluídos do
estudo. Entre os animais selecionados, os sem raça definida foram os mais acometidos (n=6), seguido
por outras raças (n=9). A média de idade foi de 10±2,89 anos. A média da contagem de plaquetas
foi de 292±107,76x103. Cinco pacientes apresentaram trombocitose, enquanto uma apresentou
trombocitopenia. Nos casos com trombocitose, a média de plaquetas foi de 425±44,99x103 mm³ de
plaquetas no sangue. A paciente com trombocitopenia apresentou o valor de 164x103. Adicionalmente,
uma cadela apresentou, além de trombocitose, tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa)
prolongado (17,6s) e dosagem de fibrinogênio diminuída (85 mg/dL), o que pode sugerir um estado
de coagulação intravascular disseminada (CID) subclínica. Contudo, nenhuma complicação trans ou
pós-operatória foi observada. Stockhaus et al. (1999), observaram que 33% de 60 cães com neoplasias
mamárias apresentaram alterações em pelo menos um dos testes de coagulação (3). Já Grindem et al.
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investigação, 14(3): 1-52, 2015
(1994), avaliaram cães com neoplasias, e diagnosticaram trombocitopenia em apenas 10% dos animais,
observando maior frequência nos casos com carcinomas (4), o que afirma assim como este estudo, que
cadelas com carcinoma mamário tendem a apresentar trombocitose prevalentemente como distúrbio
hemostático. É possível concluir que cadelas com carcinoma mamário podem apresentar alterações
na contagem de plaquetas, devido a distúrbios tromboembólicos. Portanto, são necessárias novas
investigações com maior número de animais.
Referências: (1) Madewell BR, Feldman BF. Coagulation abnormalities in dogs with neoplastic disease.
Thrombosis and Haemostasis. 1980;44:35-8. (2) Sasaki Y, Takahashi T, Miyazaki H et al. Production of
thrombopoietin by human carcinomas and its novel isoforms. Blood. 1999;94:1952-60. (3) Stockhaus
C, Kohn B, Rudolph R. Correlation of haemostatic abnormalities with tumor stage and characteristics
in dogs with mammary carcinoma. J Small Anim Pract. 1999;40:326. (4) Grindem CB, Breitschwerdt EB,
Corbett WT. Thrombocytopenia associated with neoplasia in dogs. J Vet Inter Med. 1994.8:400–5.
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investigação, 14(3): 1-52, 2015
AVALIAÇÃO DO OCT-4, P63 E
CD44 COMO MARCADORES
PARA CÉLULAS TRONCO
TUMORAIS NO CARCINOMA
PROSTÁTICO CANINO
Pesquisa financiada pela Fapesp
Carlos Eduardo FONSECA-ALVES1, Priscilla Emiko KOBAYASHI1,
Renée LAUFER-AMORIM2
1. Aluno (a) de pós-graduação, UNESP, Botucatu. Autor para correspondência, [email protected]
2. Docente UNESP, Botucatu
O câncer é o segundo maior problema de saúde pública dos países ocidentais, e no homem o mais
incidente é o carcinoma prostático (CaP). O estudo de neoplasias esporádicas em modelos animais tem
auxiliado a compreensão do desenvolvimento do câncer2. Modelos animais para o estudo do câncer
demonstram ser úteis no estudo da oncogênese, mecanismos moleculares de iniciação e promoção,
angiogênese e desenvolvimento de metástase1. No homem e no cão o CaP é agressivo e pouco
responsivo à quimioterapia, e um dos motivos é a presença de células tronco tumorais (CTT) associadas
ao tumor2. Em humanos os marcadores para CTT são bem estabelecidos, no entanto, em cães não há
trabalhos avaliando esses marcadores no CaP. Devido à importância das CTT no desenvolvimento e
manutenção o tumor, o presente trabalho tem por objetivo avaliar o potencial do P63, OCT-4 e CD44
como marcadores de células tronco tumorais em amostras prostáticas caninas. Para a presente pesquisa
foram selecionadas 47 amostras prostáticas caninas (21 amostras normais, 16 com atrofia inflamatória
proliferativa – PIA e 10 com CaP) e realizamos a técnica de Imuno-histoquímica para os anticorpos P63,
OCT-4 e CD44. A marcação foi avaliada por escore, de acordo com a distribuição de células positivas
(pontuação 1: <25% de células positivas, 2: 26% a 50%, 3: 51% a 75%, e 4:> 75%). O teste de Quiquadrado ou teste exato de Fisher foram utilizados para determinar a associação entre as variáveis
categóricas. Foi possível verificar forte marcação nuclear da proteína OCT-4 no epitélio prostático
normal e na PIA enquanto o CaP apresentou perda da marcação desta proteína. Não houve diferença
de expressão da proteína OCT-4 entre as amostras normais e a PIA. No entanto, houve diminuição da
expressão no CaP quando comparado à próstata normal (p=0.002) e a PIA (p=0.002). Para proteína
CD44 o epitélio normal foi negativo e apenas algumas células no compartimento basal foram positivas.
Todas as amostras com PIA e CaP apresentaram moderada a intensa marcação de CD44 nas células
epiteliais. Nessas amostras também foram encontradas células basais e estromais com marcação
positiva. A marcação da proteína P63 foi restrita ao núcleo das células basais e as células estromais
foram negativas para P63. Na PIA e no CaP houve marcação nuclear das células basais, e assim, foi
possível verificar um maior número de células basais associadas à PIA e ao CaP quando comparado
as amostras tumorais. E foi possível verificar marcação citoplasmática e nuclear atípicas em células
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investigação, 14(3): 1-52, 2015
epiteliais na PIA e no CaP. As células basais apresentam um importante papel no desenvolvimento dos
tecidos epiteliais, e podem apresentar características de células tronco, por serem responsáveis pela
renovação do tecido epitelial1. Devido a marcação positiva no epitélio normal para a proteína OCT-4,
consideramos que o mesmo não é um bom marcador para CTT, considerando que o tecido epitelial
normal não possui capacidade de diferenciação. O CD44 e o P63 não marcam o epitélio prostático
normal, e nessas amostras, a marcação é restrita ao compartimento basal. No epitélio de pacientes
adultos as células tronco devem permanecer nestas localizações, assim acreditamos que a marcação
do CD44 indica a identificação de possíveis células tronco no tecido. As células basais com fenótipo
CD44+/P63+ podem apresentar características de CTT.
Referências: (1) Fonseca-Alves CE et al. Alterations of C-MYC, NKX3.1, and E-cadherin expression
in canine prostate carcinogenesis. Mic. Res. Tech. 2013;76:1250-56. (2) Collins AT et al. Prospective
Identification of Tumorigenic Prostate Cancer Stem Cells. Canc. Res. 2005;65:10946-51.
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investigação,
Investigação,14(3):
14(1):1-7,
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2015
IMUNOMARCAÇÃO DE
OCT-4 EM CARCINOMAS
SÓLIDOS MAMÁRIOS EM
CADELAS
Aprovado pela CEUA, processo n0.018/13 - Pesquisa financiada pela FAPESP
1. Aluno de iniciação científica, UNIFRAN
Juliana Pistore RAGAZZI¹, Priscila Pavini CINTRA2, Flávia C. OLIVEIRA1, Gabriela
Piovan LIMA1, Caio Livonesi Dias de MORAES1, Geórgia Modé MAGALHÃES3
2. Aluno de mestrado, UNIFRAN
3. Docente, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
Em neoplasias mamárias humanas, o Oct-4 foi altamente expressado em células tumorais com o
a imunomarcação CD44+/CD24-, e pode ser um potente biomarcador para inicio, progressão e
diferenciação nos tumores de mama humanos (1). Os fatores de transcrição foram relacionados com
neoplasias mamárias de alto grau, ou seja, as indiferenciadas (2). Estudos também associaram que em
situações de estresses o Oct-4 desempenha função anti-apoptótica, provavelmente mediado pela via
STAT-3 (3). As neoplasias mamárias caninas são muito comuns nessa espécie e pouco se sabe sobre
a presença de imunomarcadores de células tumorigênicas nessa neoplasia. O objetivo do trabalho
foi avaliar a imunomarcação de Oct-4 em carcinomas mamários padrão sólido em cadelas. Foram
utilizadas 11 amostras de carcinoma mamário padrão sólido grau II e dez amostras de carcinoma
mamário padrão sólido grau III classificados de acordo com Cassali et al., (2014) (4). A técnica imunohistoquímica empregada foi o sistema de detecção livre de biotina (REVEAL), usando como recuperação
antigênica o steamer, com solução Citrato pH 6, anticorpo primário Oct-4, na diluição, 1:100. As lâminas
foram avaliadas com a contagem da média de 5 campos de células marcadas. Notou-se positividade
em núcleos e observou-se imunomarcação significativamente maior em grau III do que em grau II de
carcinomas sólidos mamários. A média percentual de células imunomarcadas no carcinoma sólido grau
II foi 4,8% e a média para o carcinoma sólido grau III foi 11%. Estudos mostram que Oct4 foi expresso
tanto em células embrionárias como células-tronco adultas, e que essas células possam estar presentes
em neoplasias malignas. (5). Os resultados identificam a presença desse fator de transcrição nesses
carcinomas. A presença de Oct-4 está relacionada com altos graus de malignidade e condiz com pior
prognóstico (1-2). Foi encontrado mais imunomarcação de Oct-4 em carcinoma sólido grau III do que
grau II sendo então relacionado com a agressividade tumoral.
Referências: (1) Liu CG, Lu Y, Wang B B et al. Clinical implications of stem cell gene Oct-4 expression
in breast cancer. Ann. Surg. 2011;253(6):1165-71. (2) Ben-Porath I, Thomson, MW, Carey, VJ et al. An
embryonic stem cell-like gene expression signature in poorly differentiated aggressive human tumors.
Nat Genet. 2008;40(5):499-507. (3) Guo Y, Mantel C, Hromas RA et al. Oct-4 is critical for survival/
antiapoptosis of murine embryonic stem cells subjected to stress: effects associated with Stat3/
surviving. Stem cells. 2008;26(1):30-4. (4) Cassali GD, Lavalle GE, Ferreira E et al. Consensus for the
diagnosis, prognosis and treatment of canine mammary tumors – 2013. Braz. J. Vet. Path. 2014;7(2):3869. (5) Nichols J, Zevnik B, Anastassiadis K et al. Formation of pluripotent stem cells in the mammalian
embryo depends on the POU transcription factor Oct4. Cell, 1998;95(3):379–91.
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investigação, 14(3): 1-52, 2015
COMPARAÇÃO DA
IMUNOMARCAÇÃO DE CASPASES
NOS DIFERENTES GRAUS DE
MALIGNIADE DE NEOPLASIAS
MAMÁRIAS CANINAS
Aprovado pela CEUA, processo n0.018/13 - Pesquisa financiada pela FAPESP
1. Docente, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
2. Aluno de iniciação científica, UNIFRAN
3. Aluno de iniciação científica, UNIFRAN
4. Aluno de mestrado, UNIFRAN
Geórgia Modé MAGALHÃES¹, Italo C. OLIVEIRA², Flávia C. OLIVEIRA³, Priscila Pavini CINTRA4, Sabryna
Gouveia CALAZANS5, Caio Livonesi de MORAES6, Larissa Fernandes MAGALHÃES7, Gabriela Piovan
LIMA8, Ewaldo de MATTOS JUNIOR9; Daniel PAULINO JUNIOR10
5. Docente, UNIFRAN
6. Aluno de iniciação científica, UNIFRAN
7. Residente hospital veterinário, UNIFRAN
8. Aluno de iniciação científica, UNIFRAN
9. Docente, UNIFRAN
10. Docente, UNIFRAN
Algumas células da neoplasia mamária canina maligna evitam induzir a apoptose. Tem sido
hipotetizado um defeito no sistema celular como, por exemplo, dano no DNA que produz moléculas
pró-apoptóticas, ou esse defeito seria uma desregulação no mecanismo apoptótico (1). Sabe-se que
quanto menor a quantidade de apoptose maior a agressividade tumoral. Pretende-se nesse estudo
avaliar a agressividade entre os tipos histológicos tumorais mamários caninos. Os tumores de mama
representam aproximadamente 52% de todas as neoplasias na fêmea canina, sendo que em média
73,4% (2), e 68,4% (3), delas são malignas. Objetiva-se nesse estudo comparar a imunomarcação de
células em apoptose nos diferentes graus de malignidade de neoplasias mamárias caninas. Foram
selecionados um total de 48 casos de neoplasias mamárias caninas do Setor de Patologia Veterinária
do Hospital Veterinário da Unifran, sendo sete amostras grau I, 18 amostras grau II e 23 amostras grau
III. Os tipos histológicos e o grau de malignidade foram reclassificados de acordo com CASSALI et al.,
2014. A técnica imuno-histoquímica empregada foi o sistema de detecção livre de biotina (REVEAL),
usando como recuperação antigênica o steamer, com solução Citrato pH 6, anticorpo primário anticaspase, na diluição, 1:100. As lâminas foram avaliadas em positivas ou negativas de acordo com a
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investigação, 14(3): 1-52, 2015
presença ou não de imunomarcação. As imunomarcações foram citoplasmáticas e observou-se células
epiteliais e mioepiteliais positivas. Nos carcinomas mamários grau I foram avaliadas sete amostras,
sendo cinco delas positivas para caspase e duas negativas, total de 71% de caspase. Nos carcinomas
mamários grau II foram avaliadas 18 amostras, sendo oito positivas e dez negativas, totalizando 44% de
positividade para a caspase. E nos carcinomas mamários grau III foram analisadas 23 amostras sendo
seis positivas e 17 negativas, totalizando 26% de imunomarcação para a caspase. Observou-se nesse
estudo que a imunomarcação de caspase diminui de acordo com o aumento do grau de malignidade.
Autores reconheceram que em culturas de células neoplásicas humanas a caspase-3 estava inibida em
neoplasias malignas, porém em outro estudo imuno-histoquímico a caspase estava alta nos tumores
malignos, sendo assim deve-se avaliar se a caspase 3 está na forma ativa ou se é a sua forma inativada
(pró-forma) que está aumentada e não está induzindo a apoptose propriamente dita. Conclui-se que a
caspase 3 em sua forma ativada está diminuída nos carcinomas mamários grau III em relação ao grau
I e II.
Referências: (1) Klopfleisch R, Von Euler H, Sarli G et al. Molecular Carcinogenesis of Canine Mammary
Tumors: News From an Old Disease. Vet. Path. 2011;48:98. (2) Oliveira Filho JC, Kommers GD, Masuda EK
et al. Estudo retrospectivo de 1.647 tumores mamários em cães. Pesq. Vet. Bras. v.30, n. 2, p. 177-185,
2010. (3) De Nardi AB, Rodaski S, Sousa RS et al. Prevalence of neoplasias and kind of treatments in dogs
seen in Veterinary Hospital at University Federal of Paraná. Arch. Vet. Sci. 2002;7(2):15-26.
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TIPOS HISTOPATOLÓGICOS QUE
CAUSARAM METÁSTASES EM
NEOPLASIAS MAMÁRIAS CANINAS
Aprovado pela CEUA, processo n0.018/13 - Pesquisa financiada pela FAPESP
1. Aluno de iniciação científica, UNIFRAN
Gabriela Piovan LIMA , Priscila Pavini CINTRA , Sabryna Gouveia CALAZANS , Flávia C. OLIVEIRA ,
Italo C. OLIVEIRA1, Caio Livonesi de MORAES1, Larissa Fernandes MAGALHÃES4, Juliana Pistori
RAGAZZI5; Geórgia Modé MAGALHÃES3
1
2
3
1
2. Aluno de mestrado, UNIFRAN
3. Docente, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
4. Residente hospital veterinário, UNIFRAN
5. Docente, UNIFRAN
A metástase é maior causa de morte de pacientes com câncer. É um processo complexo de várias etapas
que se inicia com a ruptura da membrana basal pela célula tumoral invadindo o tecido adjacente. Essas
células caem na circulação sanguínea, evadem o sistema imune, resistem a apoptose e se instalam em
um órgão distante do tumor primário. Nesse novo local, as células precisam se adaptar ao microambiente
hostil, estimularem a angiogênese e se proliferarem(1). Os tumores mamários são os mais frequentes
em cadelas e estima-se que no Brasil a incidência de malignidade varia entre 68,4%(2) e 73,4%(3).
A neoplasia mamária canina é uma doença clinicamente muito importante na medicina veterinária,
uma vez que sua incidência nesta espécie é 2 a 3 vezes superior à observada nas mulheres(4). Apesar
da malignidade ser alta na espécie canina, pouco se sabe sobre o mecanismo de metástase e sua
incidência na medicina veterinária nas neoplasias mamárias. O objetivo desse trabalho é quantificar a
metástase e especificar o tipo histopatológico da neoplasia. Foram selecionados os casos de metástases
de neoplasias mamárias caninas do Setor de Patologia Veterinária do Hospital Veterinário da Unifran
no período de janeiro de 2000 a junho de 2014. O arquivo contém 3600 amostras, dentre essas foram
selecionadas as neoplasias mamárias e quais dessas neoplasias apresentavam metástases. As lâminas
estavam coradas em coloração rotineira de Hematoxilina e Eosina e os tipos histológicos foram
reclassificados de acordo com(5). Foram encontrados seis casos de metástases de neoplasias mamárias.
Seguem os tipos histopatológicos e a localização da metástase: Carcinoma mamário padrão sólido grau
II e áreas de carcinoma micropapilar com metástase em linfonodo; Carcinoma mamário padrão papilar
invasor grau II com metástase em pulmão; Carcinoma micropapilar com invasão em vasos linfáticos
superficiais da derme e metástase em linfonodo e pulmão; Carcinoma mamário padrão sólido grau
II com metástase em linfonodo; Carcinoma lobular pleomórfico com invasão em vasos linfáticos da
derme; e Carcinoma mamário papilar invasor grau III com metástase em linfonodo. A incidência de
metástase foi baixa nesse estudo, corroborando com outros trabalhos que relatam média de 19% de
casos de metástase(6). Os tipos histológicos que mais causaram metástase foram o carcinoma papilar
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invasor e o tipo sólido. Não há muitas informações na literatura comparando os tipos histopatológicos
comuns em metástase, mas sabe-se que esses tipos histopatológicos são comuns e agressivos nas
cadelas(5). Os graus de malignidade encontrados fora II e III concordando com autores que afirmam que
o grau é um fator prognóstico nas neoplasias mamárias caninas(5). Dois tipos especiais de carcinoma
foram encontrados o micropapilar e o lobular invasor, que apesar de incidência rara, são extremamente
agressivos(5). Conclui-se que as metástases de neoplasias mamárias não são muito frequentes e os
tipos histopatológicos mais encontrados foram os carcinomas sólidos e papilar invasor.
Referências: (1) Steeg PS, Theodorescu D. Metastasis: a therapeutic target for cancer. Nat Clin Pract
Oncol. 2008;5206-19.(2) De Nardi AB, Rodaski S, Sousa RS et al. Prevalence of neoplasias and kind of
treatments in dogs seen in Veterinary Hospital at University Federal of Paraná. Arch.Vet. Sci. 2002;7(2)1526. (3)Oliveira Filho JC, Kommers GD, Masuda EK et al. Estudo retrospectivo de 1.647 tumores mamários
em cães. Pes. Vet Bras 2010;30(2):177-85. (4) Brodey RS, Goldschimidt MH, Roszel JR. Canine mammary
gland neoplasms. J Am Ani Hosp Ass. 1983;19:61-9. (5) Cavalcanti MF, Cassali GD. Fatores prognósticos
no diagnóstico clínico e histopatológico dos tumores de mama em cadelas - revisão. Rev. Clin. Vet.
2006;11:56-64. (6) Liberati MN, Passos MA, Galve FV et al. Incidência de metastáse pulmonar em cadelas
diagnosticadas com tumores de glândula mamária. Enc. Inter. Prod. Cien. Cesumar, 2007:1-4.
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14(1):1-7,
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2015
PERFIL DOS PROPRIETÁRIOS
DE CÃES E GATOS QUE
FREQUENTAM O HOSPITAL
VETERINÁRIO DA UNIFRAN E
SEU CONHECIMENTO SOBRE A
ONCOLOGIA VETERINÁRIA
1. Aluno (a) de graduação UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
Marina Laudares COSTA1, Francielli Rosa DIAS1, Aline Fernandes VITAL1,
Leonardo Lamarca de CARVALHO1, Sabryna Gouveia CALAZANS2
2. Docente UNIFRAN
O câncer é uma doença que acomete principalmente animais idosos. Devido ao aumento da qualidade
de vida de cães e gatos, estes estão vivendo por mais tempo e, consequentemente, a incidência do câncer
é crescente nessas espécies. Contudo, a doença causa grande impacto psicológico nos proprietários dos
animais, uma vez que é comum associarem o câncer com casos vivenciados na família ou relacionarem
a doença à dor, sofrimento e morte. De maneira semelhante, não é raro que proprietários de animais se
recusem a aceitar o tratamento com quimioterapia ou cirurgias mutiladoras. A falta de conhecimento
sobre o câncer e suas modalidades terapêuticas pode ser uma das causas para a falta de adesão ao
tratamento. O objetivo deste estudo foi analisar o perfil, avaliar o conhecimento dos proprietários de
cães gatos sobre o câncer e quimioterapia em pequenos animais. Para esta finalidade, foram aplicados
218 questionários aos proprietários de cães e gatos que frequentaram o Hospital Veterinário da
Universidade de Franca (UNIFRAN) e o Centro Avançado de Veterinária (CAVET), em Ribeirão Preto/SP,
durante o período de 01 de abril de 2013 a 01 de agosto de 2014. Os questionários eram contidos por
17 questões objetivas e de múltipla escolha. Dentre os proprietários 135 (62%) eram do sexo feminino
e 83 (38%) do sexo masculino. Destes, 26 (12%) eram pós-graduados, 31 (14%) tinham ensino superior
completo, 77 (35%) médio e 33 (15%) fundamental. Maior parte das pessoas (66%) informaram seguir a
religião católica. As profissões mais comuns entre os entrevistados foram: comerciante (30%), estudante
(21%), “do lar” (16%), calçadistas (15%), professor (9%) e balconista (9%). Foi solicitado ao entrevistado
que associasse uma palavra ao “câncer” e as palavras mais citadas foram: morte (22%), sofrimento (20%),
doença (16%), tumor (10%), tristeza (5%), quimioterapia (3%) e neoplasia (3%). Quando perguntado
“o que é câncer?”, as respostas mais frequentes foram: tumor (51%), doença maligna (22%) e neoplasia
(21%). Porém, quando perguntado se as pessoas já tiveram algum animal com câncer, 136 (62%)
responderam que não e 82 (38%) responderam que sim. Destas pessoas 196 (89%) nunca submeteram
um animal à quimioterapia, enquanto 22 (11%) tiveram animais que receberam ou estão passando pelo
tratamento. Apenas 56 (26%) acreditam na cura do câncer e 5 (8%) não acreditam, enquanto 143 (66%)
acreditam que a cura depende de outros fatores. Apesar de existirem medidas de prevenção contra
efeitos colaterais, apenas 88 (40%) pessoas entrevistadas estão cientes disso, todavia, 120 (60%) não
sabem que os efeitos colaterais da quimioterapia podem ser evitados. É possível concluir que o Hospital
Veterinário da UNIFRAN é frequentado principalmente por proprietários do sexo feminino com ensino
médio completo, principalmente comerciantes, seguidores da religião católica. De maneira geral, o
câncer nos animais de estimação está associado a sentimentos desagradáveis; a falta de conhecimento
sobre a quimioterapia em cães e gatos pode prejudicar a adesão ao tratamento.
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INCIDÊNCIA DE
CARCINOSSARCOMA MAMÁRIO
EM CADELAS DO HOSPITAL
VETERINÁRIO DA UNIFRAN
1. Aluno da UNIFRAN
2. Docente UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
Juliana B. PALAZETTI1, Gian F. D. RIBEIRO1, Priscila P.CINTRA3, Larissa
Fernandes MAGALHÃES4, Geórgia M. MAGALHÃES2
3. Aluno de mestrado, UNIFRAN
4. Residente, UNIFRAN
As neoplasias mamárias caninas são os tumores mais freqüentes nesses animais e a maior incidência
ocorre na faixa etária entre 10 a 11 anos. As raças puras são afetadas, mas há relatos que a maior
incidência ocorre em cães sem raça definida. Sabe-se que a castração precoce reduz significativamente
o risco da cadela desenvolver neoplasia mamária. Há uma discordância entre os autores na literatura
em relação à classificação desses tumores. No Brasil, desde 2010 tem se utilizado a classificação de
acordo com CASSALI et al., 2011 (1). O carcinossarcoma mamário é um tipo histológico agressivo
tanto na cadela quanto na mulher, e é caracterizado pela proliferação maligna da porção epitelial e
mesenquimal. Este trabalho tem como objetivo realizar um levantamento das incidências de casos
de carcinossarcoma mamário em cadelas no Hospital Veterinário da Unifran no período de um ano e
meio (janeiro de 2013 á julho de 2014). Foram analisadas as fichas do Setor de Patologia Veterinária
da UNIFRAN e neste período, foram realizadas biopsias de 133 nódulos mamários, sendo que oito
apresentaram características benignas, correspondendo a 6% do total. Um total de 125 nódulos
apresentaram características de malignidade, representando 93% dos casos. Dentre os malignos, cinco
foram diagnosticados como carcinossarcoma, representando 4% do total das neoplasias malignas.
Foi observado que a maior incidência de casos de carcinossarcoma ocorreu em animais acima dos 10
anos de idade, sendo a idade média de 13,4 anos. Dos 5 carcinossarcomas diagnosticados, 2 animais
eram de raça não definida, representando 40% do total, com maior prevalência. Outra raça observada
foi a boxer, que possui maior predisposição às neoplasias. A incidência do carcinossarcoma mamário
na literatura é considerada extremamente rara. Em um artigo (2) os autores encontraram apenas um
caso em 1.639 nódulos mamários caninos. Devido à dificuldade de padronização de classificações, os
resultados não podem ser comparados com a literatura. Conclui-se que o carcinossarcoma apresenta
baixa incidência (4%), sendo os cães sem raça definidas os mais acometidos e com idade média de 13
anos.
Referências: (1) Cassali GD, Lavalle GE, De Nardi AB et al. Consensus for the diagnosis, prognosis and
treatment of canine mammary tumors. Braz. J. Vet. Path. 2011;4(2):153-80. (1) Benjamin SA, Lee AC,
Saunders WJ. Classification and behavior of canine mammary epithelial neoplasms based on life-span
observations in beagles. Vet. Path. 1999;36(5):423-36.
ISSN 21774780
23
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CARACTERÍSTICAS DA
DEGLUTIÇÃO EM INDIVIDUOS
COM CÂNCER DE LÍNGUA POR
MEIO DE ENTREVISTA COM DOIS
PROFISSIONAIS DA ÁREA
Aprovado pelo CEPE, processo nº 15782013.0.0000.5495
Jaqueline dos Santos NUNES¹, Solimar Colombini GRANADO²,
Roseli Aparecida Leite de FREITAS3
1. Aluna de graduação, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
2. Aluna de graduação, UNIFRAN. Solimar Colombini Granado.
3. Docente, Unifran
Estudos mostram que tais pacientes com neoplasias bucais são particularmente mais propensos a
desnutrição, decorrente ao processo neoplásico de dor e mal estar durante mastigação e deglutição,
além de efeitos colaterais provocados pelos tratamentos administrados. O número de casos novos de
câncer no Brasil cresce a cada ano, e considera-se de acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS) que cerca de 40% dos cânceres podem ser evitados pelos fatores de risco. O tabaco é a principal
causa do câncer de cavidade oral, seguida pelo uso excessivo de bebidas alcoólicas aumentando muito
quando associam os dois fatores. A presente pesquisa propõe caracterizar a deglutição em indivíduos
com câncer de língua mediante entrevista com profissionais da área, a fim de auxiliar principalmente
no diagnóstico precoce e no atendimento, além de subsidiar informações para o conhecimento da
doença em âmbito populacional, com relação aos fatores causais, principalmente externos. O estudo
foi realizado na Clínica de Fonoaudiologia da Universidade de Franca, através de pesquisa empírica
(entrevista) com questões relacionadas a neoplasia bucal baseada na prática e vivência clínica, com um
voluntário do sexo masculino, cirurgião dentista especialista em semiologia responsável por diagnostico
e terapêutica de diversos pacientes com câncer de língua onde relatou procedimentos e vivências
das dificuldades de mastigação e outra do sexo feminino, fonoaudióloga hospitalar, responsável pelo
Hospital de Câncer de Barretos, com uma vivência grande na área oncologia, razão de nosso estudo. Os
participantes assinaram um Termo de consentimento de Concordância a respeito do estudo. A partir
do estudo verificamos temas relevantes às sequelas do tratamento, seja quimioterápico, radioterápico
e ou cirúrgico,como a área do assoalho da boca, que é de maior sensibilidade e consequentemente
é a mais adequada para a confecção da próteses dentárias, que auxiliará diretamente na deglutição.
Pacientes que apresentam ressecção completa da língua apresentam inteligibilidade da fala, redução
significativa de movimentos orais, dificultando a mastigação e deglutição no momento de se alimentar,
necessitando de manobras para deglutir de forma mais facilitada e funcional. Pacientes com neoplasias
bucais induzidos a glossectomia são indicados a alimentação alternativa, ou quando capazes pela via
oral é necessário alterar a consistência alimentar para pastosa, porém durante a pesquisa foi verificado a
incidência de pacientes glossectomizados com capacidade de se alimentarem por líquido a até branda
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caldada após o tratamento específico da patologia pelo Hospital de Câncer de Barretos. O tratamento
pode apresentar consequências graves, como ausência de paladar, disfagia, xerostomia, porém é
fundamental o tratamento para a sobrevivência do paciente. A presente pesquisa revela a importância
de maiores esclarecimentos sobre uma doença tão acometida no Brasil nos últimos anos, talvez por
uma mudança de rotina, que os produtos práticos tomaram maior espaço e que o nível de estresse e
substâncias tóxicas se tornaram um aliado para o alívio de muitas pessoas no seu dia a dia. São a partir
dessas informações que tentamos caracterizar a mastigação em pacientes que sofrem ou sofreram com
uma doença que afeta uma das funções mais importantes para a vivência e socialização, a mastigação.
As alterações são várias, principalmente no modo efetivo de se alimentar e de se comunicar com as
outras pessoas, deixando a maior parte dos pacientes excluídos do meio em que viviam, mas é graças á
profissionais da área oncológica que se torna esse mesmo paciente capaz de retomar o que ficou para
traz.
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LINFOMA CUTÂNEO
TARSAL EM GATO:
RELATO DE CASO
1. Aluno de mestrado Medicina Veterinária, UNESP Jaboticabal SP. Autor para correspondência: [email protected].
2. Aluno de graduação Medicina Veteriária, UDESC Lages SC.
Oscar R SIERRA1, Rafaela B VIÉRA1, Reinaldo MARTINS2, Marília
FERREIRA3, Nazilton REIS1, Luciana SFRIZO4, Andrigo B DE
NARDI5, Sabryna G CALAZANS5
3. Aluna de doutorado Medicina Veterinária, UNESP Jaboticabal SP.
4. Aluna de graduação Medicina Veterinária, UNESP Jaboticabal SP.
5. Docente UNESP Jaboticabal SP.
O linfoma é uma neoplasia comum em gatos, porém o linfoma cutâneo (LC) é uma rara forma anatômica
encontrada nesta espécie. Histologicamente o LC é classificado em duas formas: epiteliotrópica
e não epiteliotrópica, sendo também classificado pela caracterização imunofenotípica em B ou T.
Clinicamente as lesões podem ser focais, múltiplas ou difusas. Porém, uma forma de apresentação de
massa subcutânea tem sido descrita afetando a região tarsal, sendo denominado como linfoma tarsal
em gatos (2). O objetivo deste relato é descrever o caso de um gato que apresentou esta rara patologia.
Foi atendido no HV da FCAV-UNESP-Jaboticabal, no Setor de Oncologia Veterinária, gato, sem raça
definida, 13 anos, que apresentava massa em região tarsal do membro posterior direito, com aumento
de linfonodo poplíteo ipsilateral, além de perda de peso e êmese. No dia da consulta, foram realizados
hemograma e análise de perfil bioquímico, além do estadiamento completo, utilizando exames de
imagem (raio-x e ultrassom), que revelaram somente aumento de linfonodos isquiáticos. Foi realizado
biópsia incisional e citologia da massa, encontrando na citologia população de células redondas, que
apresentavam características de malignidade, sugestivo de processo neoplásico de células redondas.
Por sua vez, a biópsia foi conclusiva para Linfoma de Grandes Células, com imunomarcação positiva
para CD79A e MUM1 e negativa para PAX5, CD3 e Lisozima, concluindo o diagnóstico de Linfoma
Imunoblástico de imunofenótipo B. Foi iniciado tratamento anti-neoplásico com Lomustina (50 mg/
m² VO) a cada 3 semanas, junto com Prednisolona (dose inicial de 2 mg/kg). Após o primeiro ciclo de
administração de Lomustina, o paciente apresentou doença estável, mas clinicamente o gato ainda
apresentava vomito e perda de peso. No atual momento vem sendo realizado tratamento paliativo
e será iniciado o segundo ciclo de quimioterapia. O gato deste reporte apresenta uma apresentação
diferente de LC, em forma de massa subcutânea, proximal a região tarsal, acometimento de linfonodos
adjacentes e avaliação histológica sugestiva de linfoma de alto grau. Adicionalmente foi relatado que
esta patologia é semelhante com a apresentação clínica do LC de grandes células B, que acomete porções
baixas de pernas nos seres humanos (2). O imunofenotipo T é mais comumente descrito tanto para LC
epiteliotropico e não epiteliotropico em gatos (1, 3), porem o imunofenotipo B foi o mais frequente em
LC tarsal em gatos (2). Por outra parte, pouca informação foi publicada sobre o tratamento de LC em
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investigação, 14(3): 1-52, 2015
gatos (1). A lomustina tem sido reportada obtendo respostas variáveis, embora um relato de remissão
completa existe em LC de células T (4). O acometimento sistêmico da doença fez com que o tratamento
sugerido neste caso fosse somente a quimioterapia. Entretanto, o maior tempo de sobrevida é esperado
em pacientes que tenham como base de tratamento a cirurgia aliado à quimioterapia. O tempo de
sobrevida médio (TSM), utilizando somente a quimioterapia, foi de 136 dias (2). Neste contexto, TSM
de 10,25 meses tem sido relatados para LC de células T em gatos (5). De maneira conclusiva, o LC tarsal
em gatos constitui uma nova forma extremamente rara de LC, composta principalmente de linfócitos
B, com escassos relatos na literatura e que ao formar parte dos linfomas extra nodais, deve passar por
estadiamento completo para posterior escolha da melhor terapêutica.
Referências: (1) Vail DM. Feline lymphoma and leukemia. In: Withrow, SJ; Vail, DM. Withrow & MacEwen´s
Small Animal Clinical Oncology. 5 ed. Saunders Elsevier, 2013. p.638-53. (2) Burr HD, Keating JH,
Clifford CA, Burguess KE. Cutaneous lymphoma of the tarsus in cats: 23 cases (2000-2012); JAVMA.
2014;244(12):1430-1436. (3) Day MJ. Immunophenotypic characterization of cutaneous lymphoid
neoplasia in the dog and cat. J Comp Pathol 1995;112:79–96. (4) Komori S, Nakamura S, Takahashi K,
et al. Use of lomustine to treat cutaneous nonepitheliotropic lymphoma in a cat. J Am Vet Med Assoc.
2005;226:237–39. (5) Fontaine J, Heimann M, Day MJ. Cutaneous epitheliotropic Tcell lymphoma in the
cat: a review of the literature and five new cases. Vet Dermatol 2011;22:454–61.
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LINFOMA MEDULAR EM
GATO – RELATO DE UM
CASO
1. Residente da Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais, UNESP Jaboticabal SP.
2. Aluno de mestrado Medicina Veterinária, UNESP Jaboticabal SP. Autor para correspondência, [email protected]
Cynthia M BUENO¹ Oscar R SIERRA², Rafaela B VIÉRA2, Levi O DOS
SANTOS1, Reinaldo MARTINS3, Mariana T KIHARA4, Andrigo B
DE NARDI5, Sabryna G CALAZANS5
3. Aluno de graduação Medicina Veterinária, UDESC Lages SC.
4. Residente da Radiologia, UNESP Jaboticabal SP.
5. Docente, UNESP Jaboticabal SP.
O linfoma é a neoplasia mais frequente nos gatos, entretanto, o acometimento do Sistema Nervoso
Central (SNC) é considerado atípico, por isso, a confirmação de comprometimento cerebral ou da medula
espinhal requer uma avaliação detalhada, com diagnóstico baseado em análise do fluido cérebroespinhal e biópsia (1). A incidência de linfoma em gatos pode estar relacionada indiretamente ao Vírus
da Imunodeficiência Felina (FIV), devido ao seu efeito imunossupressor (2). Um estudo demonstrou que
a infecção por FIV está associada a um risco de cinco vezes mais chances para o desenvolvimento de
linfoma (3). O objetivo deste resumo é relatar a abordagem para o diagnóstico e tratamento de linfoma
medular em gato. Um felino, macho, siamês, 9 anos de idade, positivo para FIV, foi atendido no Hospital
Veterinário da UNESP – Jaboticabal, apresentando paraparesia ambulatória, ataxia proprioceptiva,
reflexo patelar diminuído nos membros pélvicos, reflexo flexor de retirada medial e lateral normal nos
membros pélvicos e torácicos, nocicepção superficial e profunda preservadas nos membros torácicos e
pélvicos, reflexo cutâneo do tronco ausente à partir de L-6, à palpação epaxial sensibilidade dolorosa de
L-5 a L-7. O proprietário referiu no momento da consulta que o paciente apresentava-se com dificuldade
em movimentar-se há três semanas, com piora progressiva. Mediante a todas as alterações optou-se
pela realização de radiografia da coluna lombar, entretanto, nenhuma alteração foi visibilizada, optouse em seguida pela mielografia, constatando alteração da coluna entre L6-L7. Procedeu-se cirurgia de
laminectomia dorsal de L5 a L7, para promover descompressão medular e coleta de material para biópsia.
O material encontrado entre L6-L7 possuía aspecto friável e coloração enegrecida. Foi encaminhado
para avaliação histopatológica, com laudo de Linfoma Linfoplasmocítico (pequenas células) na medula
espinal. Sete dias após intervenção cirúrgica, o animal apresentou retorno de dor profunda em ambos
os membros e foi encaminhado ao Serviço de Oncologia Veterinária (SOV), para iniciar tratamento
quimioterápico com o protocolo CHOP, baseado na combinação de ciclofosfamida, doxorrubicina,
vincristina e prednisolona (2). O linfoma no SNC pode ser intracraniano, espinhal ou ambos (2). Em um
relato com 110 casos de linfomas extranodais, 14% possuíam localização no SNC, onde de 15 a 31%
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eram intracranianos e 39% localizavam-se na medula espinhal, tornando-se um dos tumores malignos
mais encontrados no SNC de gatos (1). Existem poucos relatos de tratamento para os casos de linfoma
em SNC, embora um caso tenha obtido resposta duradoura com quimioterapia sistêmica, no geral,
menos de 50% dos pacientes respondem ao tratamento e a sobrevida média é de 1 a 2 meses (1, 4,
5). O paciente encontra-se na terceira semana do tratamento quimioterápico e observa-se melhora
progressiva na mobilidade dos membros. Concluímos que a técnica de laminectomia associada ao
protocolo CHOP, demonstrou resultados positivos nos sinais clínicos do animal, promovendo uma
melhora gradativa no quadro de paraplegia e também da qualidade de vida do paciente.
Referências: (1) Taylor SS, Goodfelow MR, Browne WJ et al. Feline extranodal lymphoma: response
to chemotherapy and survival in 110 cats. JSPA. 2009;50:584–92. (2) Vail DM. Feline lymphoma and
leukemia. In: Withrow SJ, Vail DM. Withrow & MacEwen´s Small Animal Clinical Oncology. 5 ed. Saunders
Elsevier, 2013. p.638-53. (3) Shelton GH, Grant CK, Cotter SM, et al: Feline immunodeficiency virus (FIV)
and feline leukemia virus (FeLV) infections and their relationship to lymphoid malignancies in cats: a
retrospective study (1968-1988). J Acquir Immune Def Synd. 1990;3:623–30. (4) Troxel MT, Vite CH, Van
Winkle TJ et al: Feline intracranial neoplasia: retrospective review of 160 cases (1985-2001). J Vet Intern
Med. 2003;17:850–59. (5) Marioni-Henry K, Van Winckle TJ, Smith SH et al. Tumors affecting the spinal
cord of cats: 85 cases (1980-2005). J Am Vet Med Assoc. 2008;232:237–43.
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CRIOTERAPIA COMO OPÇÃO
TERAPÊUTICA ADJUVANTE
PARA CARCINOMA DE CÉLULAS
ESCAMOSAS OCULAR: RELATO
DE CASO EM EQUINO
1. Docente, Universidade de Franca. Autor para correspondência, [email protected]
Lucas de Freitas PEREIRA , Rafael de Melo ALVES , Vítor Foroni CASAS , Henrique
Alves RODRIGUES2, Sabryna Gouveia CALAZANS1, Cristiane dos Santos HONSHO1,
Fabiana Ferreira de SOUZA3, Luis Gustavo Gosuen Gonçalves DIAS4, Adriana
Torrecilhas Jorge BRUNELLI5, Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS1
1
2
1
2. Discente do Programa de Aprimoramento, Universidade de Franca
3. Docente, UNESP - Botucatu
4. Docente, UNESP - Jaboticabal
5. Discente do Pós-Doutorado, Universidade de Franca
O carcinoma de células escamosas é uma neoplasia relatada em todas as espécies de animais
domésticos, sendo o tumor ocular e periocular mais comum em equinos. Na maioria das vezes, está
associado à exposição prolongada dos pacientes aos raios solares, escassez de pelos e traumatismos
crônicos na região afetada, deficiência de pigmento na epiderme e presença de papilomavírus equino.
O tratamento de eleição é a exérese cirúrgica do tumor ocular, seguida ou não de técnicas adjuvantes.
Neste contexto, a crioterapia causa destruição celular por meio de congelamento e descongelamento
tecidual, sendo um método terapêutico pouco cruento, com baixo risco de infecções secundárias e
capaz de limitar o potencial mitótico neoplásico; além disso, os efeitos colaterais são menos evidentes
quando comparados com outras modalidades de tratamento. Por ser o carcinoma de células escamosas
um tumor de ocorrência frequente em equinos e devido às afecções neoplásicas ser importante causa
de morbidade e mortalidade nessa espécie, o objetivo do presente trabalho foi relatar o caso de uma
égua de 19 anos de idade, da raça Mangalarga, atendida no Hospital Veterinário da Universidade de
Franca, com presença de massa ocular direita. A mesma tinha sido observada pelo proprietário há
quatro meses e devido ao crescimento progressivo, toda a região ocular direita estava comprometida,
impossibilitando a diferenciação das estruturas oculares, assim como a realização de exames oftálmicos.
A massa média aproximadamente sete centímetros de diâmetro, possuía coloração avermelhada, áreas
de ulcerações, sangramento e aderência, consistência friável, superfície rugosa e leve sensibilidade à
palpação. Pela palpação dos linfonodos regionais, não foi observado alterações quanto ao tamanho,
consistência, mobilidade, temperatura e sensibilidade. O sinal clínico demonstrado pelo paciente era
perda da acuidade visual. Os exames hematológicos estavam dentro dos parâmetros de normalidade
para a espécie e, diante da suspeita de neoplasia, realizou-se punção biópsia aspirativa da massa ocular,
cujo resultado foi inconclusivo. Posteriormente foi feito exame histopatológico e o laudo sugeriu
carcinoma de células escamosas. Ato contínuo realizou-se enucleação do bulbo ocular comprometido,
porém após oito meses deste tratamento cirúrgico isolado observou-se recidiva na órbita direita
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investigação, 14(3): 1-52, 2015
(comprometimento de toda a região, com as mesmas características da neoplasia primária). A massa
recidivante foi removida cirurgicamente e perante a impossibilidade de exérese com ampla margem de
segurança, optou-se por associar a crioterapia na tentativa de limitar novas recidivas, além de diminuir
a inflamação e controlar o sangramento local. A área afetada foi dividida em diferentes quadrantes
para congelamento rápido, utilizando nitrogênio líquido a -196º C e ponteira aberta, a uma distância
de 1,5 cm da lesão. Cada aplicação durou cerca de um minuto e foi repetida duas vezes. Realizaram-se
quatro sessões de crioterapia, com intervalos de 21 dias entre elas. O animal permaneceu com protetor
ocular durante todo o tratamento, não teve acesso ao sol e as áreas crionecrosadas foram higienizadas
diariamente com solução fisiológica. Com base no caso descrito, concluiu-se que o carcinoma de células
escamosas possui alto poder de recidiva na região ocular de equinos e nesse sentido, a crioterapia foi
eficaz como adjuvante do tratamento cirúrgico, proporcionando o controle do crescimento neoplásico,
o que limitou a ocorrência de recidivas até o presente momento (três meses após o início das sessões),
com mínimos danos aos tecidos normais adjacentes, aumentando assim a qualidade de vida e sobrevida
do referido paciente.
Referências: (1) Taylor SS, Goodfelow MR, Browne WJ et al. Feline extranodal lymphoma: response
to chemotherapy and survival in 110 cats. JSPA. 2009;50:584–92. (2) Vail DM. Feline lymphoma and
leukemia. In: Withrow SJ, Vail DM. Withrow & MacEwen´s Small Animal Clinical Oncology. 5 ed. Saunders
Elsevier, 2013. p.638-53. (3) Shelton GH, Grant CK, Cotter SM, et al: Feline immunodeficiency virus (FIV)
and feline leukemia virus (FeLV) infections and their relationship to lymphoid malignancies in cats: a
retrospective study (1968-1988). J Acquir Immune Def Synd. 1990;3:623–30. (4) Troxel MT, Vite CH, Van
Winkle TJ et al: Feline intracranial neoplasia: retrospective review of 160 cases (1985-2001). J Vet Intern
Med. 2003;17:850–59. (5) Marioni-Henry K, Van Winckle TJ, Smith SH et al. Tumors affecting the spinal
cord of cats: 85 cases (1980-2005). J Am Vet Med Assoc. 2008;232:237–43.
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investigação,
Investigação,14(3):
14(1):1-7,
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2015
ABORDAGEM TERAPÊUTICA
DE UM CÃO COM
HEMANGIOSSARCOMA
MUSCULAR METASTÁTICO:
RELATO DE CASO
Maria Amélia Martins de ALMEIDA1, Elaine Cristina STUPAK2, Orlando Marcelo
MARIANI2, Thiago Guerreiro TEIXEIRA2, Larissa Fernandes MAGALHÃES2, Juliana
SANTILLI1, Geórgia Modé MAGALHÃES3, Sabryna Gouveia CALAZANS3
1. Aluna de mestrado UNIFRAN. Autor para correspondência: [email protected]
2. Residente UNIFRAN
3. Docente UNIFRAN
O hemangiossarcoma ou angiossarcoma é uma neoplasia maligna originária do endotélio vascular, que
acomete principalmente baço, fígado, átrio direito e pele. Os cães mais acometidos têm acima de 10 anos
de idade e as raças Pastor Alemão, Golden Retriever, Boxer, Setter Inglês são consideradas predispostas.
O objetivo deste trabalho foi descrever o caso de um cão com hemangiossarcoma muscular com
metástase pulmonar que apresentou boa resposta à quimioterapia antineoplásica. O presente estudo
apresenta o caso de um cão macho, não castrado, da raça Boxer, de oito anos de idade, apresentando
massa de vinte centímetros envolvendo face medial de membro pélvico esquerdo e região inguinal, de
consistência firme, aderido a musculatura, não ulcerado. No hemograma, foram observadas anemia e
trombocitopenia intensas. No exame radiográfico de tórax, realizado em três projeções, observaramse imagens compatíveis com metástase pulmonar e efusão torácica. Realizou-se citologia aspirativa
por agulha fina da massa, cujo material coletado apresentou aspecto serosanguinolento. O exame
citológico revelou a presença de grande quantidade de eritrócitos e algumas células mesenquimais
pleomórficas com citoplasma em forma de raquete e algumas delas fagocitando eritrócitos,
sugerindo o diagnóstico de hemagiossarcoma. Exame ecocardiográfico foi realizado para investigar
a possibilidade de foco neoplásico em coração, porém nenhuma lesão foi encontrada. O paciente foi
então submetido à transfusão de sangue e a quimioterapia foi iniciada no mesmo dia. Optou-se pela
associação de doxorrubicina (30mg/m2, por via intravenosa), com ciclosfosfamida (200mg/m2, por
via oral), em intervalos de 21 dias. Na semana seguinte, o tumor fistulou e drenou grande parte de seu
conteúdo, com aspecto serosanguinolento, o que resultou em redução de cerca de 40% de seu volume
total. Após a quarta sessão de quimioterapia, o paciente apresentava apenas doença residual: a região
inguinal encontrava-se fistulada, onde era possível notar a presença de pequenos nódulos de um a
dois centímetros de diâmetro, de coloração avermelhada a roxa, aderidos à musculatura. Procedeu-se
a ressecção cirúrgica dos nódulos dez dias após a quarta sessão de quimioterapia. Todo o material foi
encaminhado para o exame histopatológico, que diagnosticou hemangiossarcoma de origem muscular.
Atualmente o paciente foi submetido a um total de sete sessões de quimioterapia e encontra-se em
remissão completa do tumor, uma vez que não há evidência de lesões na região do tumor primário e
o paciente não apresenta imagens sugestivas de metástase pulmonar nos exames radiográficos de
tórax, realizados mensalmente. Considerando-se o dia do diagnóstico, o paciente apresenta 216 dias de
sobrevida. Conclui-se que, para o cão deste relato, a quimioterapia com doxorrubicina e ciclofosfamida
foi eficaz em proporcionar a remissão completa de hemangiossarcoma muscular primário e suas
metástases.
Referências: (1) Thamm DH. Miscellaneous tumors – Hemangiosarcomas. In: Withrow SJ, Vail DM, Page
RL. Withrow & MacEwen’s Small Animal Clinical Oncology. 5a ed. Saunders Elsevier, 2013. p. 608-27.
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investigação,
Investigação,14(3):
14(1):1-7,
1-52,2015
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LEVANTAMENTO DOS CASOS DE
QUIMIOTERAPIA NO HOSPITAL
VETERINÁRIO DA UNIFRAN NO
PERÍODO DE UM ANO
1. Aluno (a) de graduação UNIFRAN. Autor para correspondência: [email protected]
Cintia Maria Figliolli BAGLIOTTI1, Maria Cecília Gaudio GOMES1, Matheus Bernades
OLIVIO1, Juliana SANTILLI2, Sabryna Gouveia CALAZANS3
2. Aluna de mestrado UNIFRAN
3. Docente UNIFRAN
Atualmente, a Oncologia tem ganhado grande destaque dentro da medicina veterinária, já que os
proprietários têm maior preocupação com o bem estar de seus animais. Existem inúmeros casos
relacionados à oncologia, desde os mais comuns até os mais raros, que exigem um tratamento específico,
como a quimioterapia antineoplásica. O objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento dos casos
de pacientes submetidos à quimioterapia no Hospital Veterinário da Universidade de Franca (UNIFRAN),
para conhecer a casuística do setor em questão. Com esta finalidade, foi consultado o caderno de
registros do Setor de Quimioterapia do Hospital Veterinário desta instituição, para obtenção dos dados
de pacientes atendidos no período de abril de 2013 a abril de 2014. Utilizou-se estatística descritiva para
expor os resultados. No período estudado, foram realizadas 132 aplicações de quimioterapia, sendo em
média 11 sessões por mês. Destes animais, 32 eram casos novos, sendo uma média de 2,7 casos novos ao
mês. Os resultados obtidos mostram que foram tratados 44 pacientes, com 17 tipos diferentes de tumor,
sendo que um animal apresentou dois tipos histológicos diferentes. Entre os tumores mais comuns,
17,8% (8/45) foram mastocitomas (tumores cutâneos de mastócitos, geralmente localizados na pele
ou espaço subcutâneo), seguidos por 15,55% (7/45) casos de tumor venéreo transmissível (neoplasia
da genitália externa de cães, transmitida durante o coito) e 15,55% (7/45) hemangiossarcomas (tumor
de vasos sanguíneos de qualquer localização, como pele, baço e fígado). Outros tumores apresentados
pelos pacientes que receberam quimioterapia foram: 13,33% de carcinomas (6/45) e 8,88% (4/45) de
carcinomas de células escamosas (a localização acometida não foi informada). Algumas neoplasias
como rabdomiossarcoma, melanoma, osteosarcoma e linfoma apresentaram ocorrência inexpressiva,
abaixo de 4%. Os medicamentos mais utilizados na quimioterapia foram doxorrubicina, para 39,7%
(54) dos casos, seguida por carboplatina para 31,6% (43) dos animais. A associação de doxorrubicina
e ciclofosfamida foi constatada em 3 casos. Com a realização deste trabalho, foi possível conhecer
melhor a realidade do Setor de Quimioterapia do Hospital Veterinário da UNIFRAN e saber quais são as
neoplasias que são tratadas com quimioterapia, bem como os fármacos mais empregados na cidade
de Franca e região.
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investigação,
Investigação,14(3):
14(1):1-7,
1-52,2015
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ELETROQUIMIOTERAPIA
ASSOCIADA À NODULECTOMIA
PARA O TRATAMENTO DE UM
SARCOMA EM CAVIDADE ORAL
DE UM CÃO - RELATO DE CASO
1. Aluna de Mestrado, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
2. Aluna de graduação, UNIFRAN.
Mariana Santos MARTINS1, Marina Laudares COSTA2, Carlos Henrique Maciel
BRUNNER3, Sabryna Gouveia CALAZANS3
3. Docente, UNICSUL São Paulo
3. Docente, UNIFRAN
A eletroquimioterapia é definida como um tratamento local, que consiste na aplicação de pulsos
elétricos intensos e de curta duração, em associação a fármacos antineoplásicos, com o objetivo
de gerar maior concentração intracelular destes fármacos, promovendo maior ação citotóxica. As
medicações mais utilizadas são o sulfato de bleomicina e a cisplatina1,2. O presente estudo baseiase na descrição do caso de um cão, fêmea, sem raça definida, com 13 anos de idade e pesando 16kg,
que apresentava nódulo em mandíbula esquerda, medindo cerca de 2cm, ulcerado, com evolução de
aproximadamente 2 meses. A citologia aspirativa por agulha fina não permitiu conclusão diagnóstica
e procedeu-se a biópsia incisional na semana seguinte à consulta, cujo diagnóstico de sarcoma foi
estabelecido. Exames radiográficos de mandíbula e tórax foram efetuados em diferentes projeções e
nenhum sinal de comprometimento ósseo oral ou de metástase pulmonar foram identificados. Com o
intuito de evitar um procedimento traumático como a mandibulectomia, optou-se por realizar excisão
cirúrgica associada à eletroquimioterapia, uma vez que a paciente também era acometida por doença
renal (DRC33). A ressecção do nódulo foi realizada de maneira convencional com pinça, bisturi e tesoura.
Imediatamente após a remoção cirúrgica do tumor, aplicou-se sulfato de bleomicina, na dose de 15U/
m2, por via intravenosa. A seguir, pulsos elétricos foram aplicados com o auxílio de um eletroporador
destinado a esta terapia, que permite a geração de corrente elétrica de alta voltagem (cerca de 1000
volts), com duração de 100 µs, por 8 pulsos. Toda a área que era ocupada pelo tumor foi submetida à
eletroquimioterapia. Não foram necessárias suturas, pois o sangramento foi controlado por compressão
local. Todo o procedimento, desde a remoção do nódulo ao final da eletroquimioterapia, durou 32
minutos. O pós-operatório imediato transcorreu sem complicações, porém, nos dias seguintes ao
procedimento, a paciente apresentava edema no local, dificuldade de apreensão de alimentos e dor,
que foi controlada com a administração de dipirona na dose de 25 mg/kg, por via oral, durante três
dias. Após 15 dias da intervenção, a paciente estava totalmente recuperada, sem alterações patológicas
locais, e se alimentando sem dificuldade. Atualmente a paciente apresenta bom estado geral, sem sinais
de recidiva, totalizando 25 semanas de sobrevida. A eletroquimioterapia neste caso, permitiu realizar
um procedimento consideravelmente mais rápido e menos traumático para o animal. Para a paciente
deste relato, é possível concluir que a associação da eletroquimioterapia e remoção cirúrgica foi segura
e eficaz para o tratamento de um sarcoma oral em cão, permitindo evitar uma cirurgia traumática e
mutiladora como a mandibulectomia.
Referências: (1) Mir LM, Glass LF, Sersa G et al. Effective treatment of cutaneous and subcutaneous
malignant tumours by electrochemotherapy. Brit. J. Cancer. 1998;12:2336-42. (2) Pippi NL. Neoplasias
da cavidade oral. In: Daleck CR, De Nardi AB, Rodaski S. Oncologia em cães e gatos. 1ª.ed. São Paulo: Roca,
2010. p.313-16. (3) IRIS Staging of CKD, 2009. Disponível em: http://www.iris-kidney.com/guidelines/
en/staging_ckd.shtml. Acesso em: 07 abr. 2010.
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investigação, 14(3): 1-52, 2015
RELATO DE CASO:
ADENOCARCINOMA GÁSTRICO
EM ANEL DE SINETE
Larissa Fernandes MAGALHÃES1, Thiago Guerreiro TEIXEIRA1, Luana Castro
Pimentel SILVA1, Thaís Melo de PAULA1, Orlando Marcelo MARIANI1, Thais Nakane
RIBEIRO1, Beatriz Helena Bauman VIEIRA1, Geórgia Modé MAGALHÃES2
1. Residente, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected].
2. Docente, UNIFRAN.
Tumores gástricos em cães não são frequentes, sendo a incidência menor que 1% de todos os tumores
malignos. A idade média de acometimento da lesão é de 9,5 anos (1,2). Mais de 50% dos casos de
neoplasias gástricas são constituídas pelo adenocarcinoma, seguido por leiomiomas e leiomissarcomas.
Dentre os subtipos histopatológicos de adenocarcinoma existe o de células em anel de sinete, chamado
assim pelo núcleo se apresentar de forma excêntrica e um citoplasma distendido preenchido com
mucina. Aproximadamente 95% dos cães com neoplasia gástrica apresentam vômitos crônicos como
principal sinal clínico. A melhor abordagem terapêutica é a cirurgia, sendo a remoção de pequenas
lesões, sem comprometimento metastático, os resultados mais satisfatórios. Quando se observa
metástase o prognóstico se torna reservado e está ligado há um curto período de sobrevida. O objetivo
do estudo foi relatar a ocorrência de um caso de adenocarcinoma gástrico em anel de sinete em um
cão. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade de Franca (UNIFRAN-SP), um cão da raça
ShihTzu, fêmea, não castrada, nove anos de idade, pesando 4,6 quilos. Proprietário relatou como queixa
principal, episódios eméticos diários nos últimos seis meses de um conteúdo de coloração amarelada
e odor fétido que culminaram em um quadro de caquexia. Inicialmente, foram coletadas amostras
de sangue para realização de hemograma, exames bioquímicos e glicemia. Os resultados estavam
dentro dos parâmetros de normalidade para a espécie exceto pela trombocitose 980.000 /μL sendo
o valor de referência de (180.000 a 400.000), achado este comum em cães que possuem carcinoma. A
trombocitose reativa é impulsionada por níveis endógenos elevados de trombopoietina, interleucina-6,
outras citocinas ou catecolaminas que podem ser produzidos em processos inflamatórios, infecciosos,
neoplásicos ou em situações de estresse. Em seguida, foi feito exame de ultrassom abdominal por
meio do qual foi possível detectar o estômago com conteúdo gasoso e paredes espessas, com perda de
definição da parede em algumas áreas, sugerindo neoplasia, gastrite crônica ou úlcera. Logo após foi
realizado exame radiográfico contrastado de transito intestinal, no qual foi evidenciado impregnação
do contraste no estômago com a mesma sugestão de diagnóstico. Com base no resultado dos exames
complementares o animal foi encaminhado para laparotomia exploratória. O órgão em questão foi
isolado e foi identificado uma neoformação de aproximadamente quatro centímetros de diâmetro,
em região dorsal do antro-pilórico, de coloração esbranquiçada, aspecto firme, extra luminal e aderida
na camada da serosa e muscular, não comprometendo a mucosa estomacal. Nessa região foi realizada
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investigação, 14(3): 1-52, 2015
uma biopsia incisional e colhido uma amostra do fragmento para o exame histopatológico juntamente
com um linfonodo mesentérico. No histopatológico a mucosa gástrica apresentou massa neoplásica
formada por células epiteliais pleomórficas, em formações tubulares. Observa-se núcleo excêntrico com
nucléolo evidente e citoplasma distendido contendo mucina. Há infiltração de células neoplásicas na
camada muscular, intenso infiltrado inflamatório mononuclear, hemorragia e congestão. Além disso, no
linfonodo mesentérico havia alguns túbulos formado por células epiteliais neoplásicas caracterizando
metástase nesse órgão. O diagnóstico foi de adenocarcinoma gástrico em anel de sinete com metástase
em linfonodo. Foi sugerido o tratamento quimioterápico (carboplatina 300 mg/m² IV a cada 21 dias) e
o proprietário optou por realiza-lo em outro veterinário. O proprietário relatou que houve uma melhora
nos primeiros 60 dias de tratamento, seguida por uma piora do quadro levando o animal ao óbito.
Conclui-se que o carcinoma gástrico em cães é extremamente agressivo e mesmo com quimioterapia o
animal veio a óbito em poucos meses.
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investigação,
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LINFOMA CUTÂNEO E
INTRA-ABDOMINAL EM
GATO: RELATO DE CASO
1. Aluna de mestrado, UNIFRAN. Autor para correspondência: [email protected]
2. Médica veterinária autônoma
Juliana SANTILLI1, Cassia Regina de ABREU2, Larissa Fernandes MAGALHÃES3,
Geórgia Modé MAGALHÃES4, Sabryna Gouveia CALAZANS4
3. Aluna do programa de Aprimoramento da UNIFRAN
4. Docente, UNIFRAN
Linfomas são neoplasias comuns em felinos, sendo a forma intestinal, a mais comum. Outras
apresentações incluem a mediastinal, nasal, renal multicêntrica e, raramente, a cutânea (1). O objetivo
do presente trabalho foi relatar o caso de um gato com linfoma, apresentando inicialmente a forma
cutânea com rápida evolução, devido à presença de focos neoplásicos intra-abdominais, diagnosticados
após óbito do paciente. Foi atendido em uma clínica veterinária, um gato, macho, da raça Siamês,
castrado, de 12 anos e 9 meses de idade, com histórico de nódulo em região mamária com crescimento
rápido há um mês. Foram realizados exames laboratoriais rotineiros como hemograma completo,
dosagens de alanina-amino-transferase (ALT), fosfatase alcalina (FA), uréia e creatinina séricas, ultrassom
abdominal e exame radiográfico de tórax em três projeções. As alterações observadas consistiam em
elevação moderada dos níveis de creatinina e ALT. Não foram observadas alterações sugestivas de
metástases nos exames de imagem. O paciente foi encaminhado para cirurgia para biópsia excisional
do nódulo. O laudo histológico evidenciou a presença de neoplasia de células redondas, não sendo
possível a diferenciação celular da mesma. O material foi então encaminhado para avaliação imunohistoquímica, que através da imunomarcação com CD20 e CD3 possibilitou diagnosticar linfoma
cutâneo não epiteliotrópico de células T. Diante do diagnóstico de linfoma cutâneo, foi sugerido
tratamento quimioterápico, porém o proprietário não autorizou a terapia. Após um mês do diagnóstico,
o paciente retornou à clínica apresentando apatia, hiporexia e perda de peso acima de 10% do seu
peso corpóreo. Realizaram-se exames laboratoriais, onde constatou-se piora considerável da função
renal e, diante do fato dos proprietários não autorizarem execução de exames específicos e tratamento
suporte, procedeu-se à eutanásia do paciente. À necropsia, observou-se ausência de formação em
cicatriz cirúrgica, porém ao acessar abdome, constataram-se alterações macroscópicas granulares em
omento, presença de massa medindo cerca de 20 cm em toda região média de abdome, desde os
rins até pelve, porém não foi observada invasão em órgãos pela massa. Ao exame histopatológico,
coloração de hematoxilina e eosina, foi possível identificar linfócitos neoplásicos na massa tumoral,
no omento, além de micrometástases nos rins. Neste caso, não foi possível determinar a origem do
tumor primário. Inicialmente, o exame ultrassonográfico não identificou nenhum tumor abdominal,
o que levou a um diagnóstico de linfoma cutâneo. É possível concluir que, no caso relatado, apesar da
ressecção ampla do tumor cutâneo, o linfoma apresentou rápida evolução devido ao desenvolvimento
do tumor intra-abdomial, que não foi previamente diagnosticado pelo exame ultrassonográfico.
Referências: (1) VAIL, D.M.; PINKERTON, M.E.; YOUNG, K.M. Hematopoietic tumors: Canine lymphoma
and lymphoid leukemias. In.: WITHROW, S.J.; VAIL, D.M.; PAGE, R.L. Small Animal Clinical Oncology. 5 ed.
St. Louis: Saunders. 2013. p. 608-631.
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investigação, 14(3): 1-53, 2015
HEMANGIOSSARCOMA
PRIMÁRIO CONJUNTIVOESCLERO-CORNEANO EM UM
FELINO: RELATO DE CASO
1. Aluna de graduação, UNESP-FCAV. Autor para correspondência, [email protected]
2. Aluna de doutorado, UNESP-FCAV.
Luciana de Simone SFRIZO1, Ana Lúcia PASCOLI2, Marília Gabriele Prado
Albuquerque FERREIRA3, Nazilton de Paula Reis FILHO4, Josiane Morais PAZZINI5,
Rafaela Bortolotti Viéra6, Oscar Rodrigo Sierra Matiz7, Andrigo Barboza DE NARDI8
3. Aluna de doutorado, UNESP-FCAV.
4. Aluno de mestrado, UNESP-FCAV.
5. Aluna de doutorado, UNESP-FCAV.
6. Docente UNESP-FCAV.
O hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia maligna bastante agressiva que se origina do endotélio
vascular. Ocorre com maior freqüência em cães de meia idade a idosos, sendo pouco freqüente em
gatos (1,2). A exposição solar pode ser um fator predisponente tanto para o hemangioma como para
o HSA (3,5). Estes podem se desenvolver em diversas regiões do corpo inclusive no globo ocular e em
seus anexos, sendo a terceira pálpebra ou conjuntiva bulbar as áreas mais acometidas em cães e gatos
(3,4). O tratamento de eleição é a excisão cirúrgica do nódulo, mas recidivas podem ocorrer (5,6,7).
Desta forma, o objetivo do presente estudo foi relatar um caso de HSA conjuntivo-esclero-corneano
primário em um gato, o qual foi submetido à exérese da massa e não se observou recidiva após 18
meses de pós-operatório. Um felino, macho, da raça siamesa, de oito anos de idade, apresentando
uma lesão em conjuntiva bulbar, no canto lateral do olho esquerdo (OE) foi atendido em uma clínica
particular de Garopaba – Santa Catarina. Testes oftálmicos como Schirmer e fluoresceína foram
realizados, porém nenhuma alteração foi verificada. Diante disso, foi instituído um tratamento com
colírio à base de dexametasona e neomicina por trinta dias. No retorno à clínica, observou-se rápida
evolução da lesão, a qual atingia a esclera e a córnea, assim sendo foi realizada biópsia da formação e
o material foi encaminhado para análise histopatológica. Este foi compatível com hemangiossarcoma
bem diferenciado. Não houve presença de metástase tanto no exame radiográfico de tórax como na
ultrassonografia abdominal. O animal foi submetido à exenteração, e após 18 meses do procedimento
cirúrgico foi reavaliado, não apresentando sinais de recidiva ou metástase. De acordo com os resultados
apresentados pode-se concluir que a ressecção cirúrgica é o método mais eficaz no tratamento de
hemangiossarcoma localizado na superfície ocular de felinos.
Referências: (1) Miller PE, Dubielzig RR. Ocular tumors. In: Withrow SJ, Vall DM. small Animal Clinical
Oncology. Missouri: Elsevier; 2007. p.686-698. (2) Fernandes SC, De Nardi AB. Hemangiossarcoma.
In: Daleck CR, De Nardi AB, Rodaski, S. Oncologia em cães e gatos. São Paulo: Roca; 2009. p.525-537.
(3) Montiani-Ferreira F, Wouk AFPF de; Lima, AS. et al. neoplasias oculares. In: Daleck CR, De Nardi
AB, Rodaski S. Oncologia em cães e gatos. São Paulo: Roca; 2009. p.293-310. (4) Pirie CG, Dubielzig
RR. Feline conjunctival hemangioma and hemangiosarcoma: a retrospective evaluation of eight
cases (1993-2004). Vet Ophthalmology. 2006;9:227-31. (5) Chandler HL, Newkirk KM, Kusewitt DF,
et al. Immunohistochemical analysis of ocular hemangiomas and hemangiosarcomas in dogs. Vet
Ophthalmology. 2009;12:83-90. (6) Multari D, Vascellari M, Mutinelli F. hemangiosarcoma of the
third eyelid in cat. Vet Ophthalmology. 2002;5:273-76. (7) Mughannam AJ, Hacker DV, Spangler WL.
Conjuctival vascular tumors in six dogs. Vet Comp Ophthalmology. 1997;7:56-9.
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investigação, 14(3): 1-53, 2015
CISTECTOMIA RADICAL PARA
TRATAMENTO DE NEOPLASIA
VESICAL INVASIVA
1. Docente da UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
2. Docente da Universidade de Marília.
Leandro Z. CRIVELLENTI1, Rafael R. HUPPES2, Gabriela C. SOUZA3, Gian F. D.
RIBEIRO3, Paloma Coutinho SILVA3, Larissa Fernandes MAGALHÃES4, Sofia BORINCRIVELLENTI5
3. Aluno da UNIFRAN
4. Residente da UNIFRAN
5. Pós-graduanda da UNESP, Jaboticabal.
Diversas técnicas estão sendo desenvolvidas recentemente para o tratamento e manejo do carcinoma da
vesicula urinária em pacientes humanos. A cistectomia radical com a ressecção bilateral dos linfonodos
pélvicos tem sido, até o momento, a melhor forma de tratamento de pacientes com carcinoma que
causaram invasão muscular em região de trígono vesical, proporcionando melhor qualidade e tempo
de sobrevida e reduzindo as chances de metástase à distância. Relata-se um caso de uma cadela, da
raça Maltês 10 anos, pesando 4 kg, castrada apresentando carcinoma invasivo de células transicionais
em região de trígono vesical confirmada por histopatologia sem metástase evidente aos exames de
raio-x e ultrassonografia. Em decorrência da hidronefrose progressiva com rápida perda da função
renal e da resposta insatisfatória à quimioterapia instituída, procedeu-se com a cistectomia radical e
reimplantação dos ureteres na parede abdominal. Foi realizada laparotomia exploratória seguida de
secção dos ureteres, os mesmos foram elevados e posicionados na parede abdominal lateralmente
à linha média criando um túnel cutâneo para sua anastomose. Após a reimplantação dos ureteres, a
bexiga foi elevada e externalizada, seguido de sua ressecção total. Durante a avaliação da peça cirurgica
foi evidenciado invasão muscular em região de trígono sem metastase para linfonodo. Após o período
operatório, foram realizados adequadas analgesia (Morfina 0,5 mg/kg, intramuscular – TID) e terapias
anti-inflamatória (Meloxican 0,1 mg/kg, subcutaneo, SID) e antimicrobiana (Amoxicilina 25 mg/kg, via
oral, BID). O paciente foi reavaliado a cada 3-5 meses, evidenciando uma sobrevida de 1,4 anos, sendo
a causa de morte atropelamento. Durante todo o período pós-operatório o animal apresentou boa
qualidade de vida sem nenhuma evidência de metástase ou alterações orgânicas aos exames de rotina
e imagem.
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investigação,
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QUIMIOTERAPIA
METRONÔMICA COMO UMA
OPÇÃO DE TRATAMENTO PARA
UMA CADELA DE 17 ANOS COM
LINFOMA MULTICÊNTRICO –
RELATO DE CASO
1. Aluno de gradução, UNIFRAN. Caio Ribeiro de Paula, [email protected]
Caio RIBEIRO¹, Marina Laudares COSTA², Juliana SANTILLI³, Georgia Modé
MAGALHÃES, Sabryna Gouveia CALAZANS
2. Aluna de mestrado, UNIFRAN
3. Docente UNIFRAN
Pretende-se com este relato de caso discorrer sobre um paciente que demonstra a relevância da
oncogeriatria, que tem como função a abordagem multidisciplinar e multidimensional de pacientes
geriátricos com algum tipo de neoplasia. É comum que o paciente geriátrico portador de determinada
neoplasia apresente outras doenças concomitantes que podem tornar seu manejo complexo, como
doença renal, doença periodontal, cardiopatia, disfunção cognitiva, osteoratrites, etc. Desta forma, o
reconhecimento destas comorbidades é importante, uma vez que influencia decisões terapêuticas
afetando o resultado final do tratamento e o tempo de sobrevida. Um cão de 17 anos, fêmea, da raça
Poodle, castrada e pesando 2.9kg foi consultada pelo médico veterinário apresentando histórico de
aumento de linfonodos submandibulares há cerca de dois meses. O proprietário relatou que o animal
era cardiopata, nefropata e apresentava doença periodontal, além de um episódio de convulsão há
dois anos. O paciente fazia uso contínuo de fenobarbital, furosemida, espironolactona, enalapril e havia
tomado duas doses de cefovecina sódica, sendo a última há cerca de 15 dias. Também foi informado que,
ocasionalmente, a paciente recebia aplicações de solução fisiológica (NaCl 0,9%), por via subcutânea,
devido à doença renal, porém, devido à doença cardíaca (endocardiose), a mesma desenvolvia edema
pulmonar após determinadas aplicações. Adicionalmente, foi relatado que a paciente apresentava dores
no corpo, polidipsia, além de já haver removido tumores na mama e vagina, porém sem diagnóstico
histopatológico. Durante o exame clínico foi observada linfoadenomegalia submandibular bilateral, cujo
exame citológico revelou tratar-se de um linfoma multicêntrico. Foram realizados exames radiográficos
de tórax e ultrassom de abdômen que não demonstraram evidências de metástases. Devido ao frágil
estado geral da paciente, optou-se pela quimioterapia metronômica com ciclofosfamida na dose de
10mg/m2, por via oral, consecutivamente. Após 20 dias de tratamento, a paciente encontrava-se em
remissão parcial (redução e, 50% no tamanho dos linfonodos). A paciente também estava recebendo
fluidoterapia a cada três dias. Após mais quatorze dias (34 dias após o início do tratamento), a remissão
completa foi alcançada. Durante o tratamento, ocorreram episódios de edema pulmonar. A paciente
apresentou recidiva após sessenta dias do início do tratamento, caracterizado pelo aumento dos
linfonodos submandibulares. Concomitantemente, a doença renal progrediu e foi indicada fluidoterapia
diariamente. A quimioterapia foi suspensa na semana seguinte devido à progressão da doença renal e
o linfoma encontrava-se em progressão. Após sete dias, a paciente retornou com angústia respiratória
decorrente de edema pulmonar, além dos linfonodos submandibulares e axilares aumentados. Porém,
o proprietário não considerava possibilidade de eutanásia. No dia seguinte o paciente veio a óbito,
totalizando 77 dias de sobrevida. Conclui-se com este relato que a quimioterapia metronômica pode
ser considerada como uma opção menos agressiva e melhor tolerada que a quimioterapia convencional
em pacientes com idade avançada e portadores de comorbidades.
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CARCINOMA
ENDOMETRIAL EM
COELHO-RELATO DE CASO
1. Aluna de mestrado, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
Priscila Pavini CINTRA1, Ariane PONCE2, Geórgia Modé MAGALHÃES3
2. Médica Veterinária Autônoma
3. Docente, UNIFRAN
O carcinoma do endométrio uterino é a neoplasia mais comum em coelhos. É rara em animais
domésticos, em contraste marcante à prevalência deste tumor em mulheres (1). Lesões tumorais em
útero podem ser frequentemente mais observadas em coelhos que em cães e gatos (2) A incidência
deste tumor aumenta com a idade e tem sido relatada em 50% a 80% nos animais com mais de quatro
anos de idade (3-4). O carcinoma uterino em coelho tem sido muito estudado como modelo de doença
humana, e muitos casos de desordens uterinas em coelhos têm sido descrito (2). O objetivo deste
estudo foi relatar um caso de carcinoma endometrial em um coelho de oito anos. No ano de 2013, foi
encaminhado a uma clínica veterinária particular na cidade de São Carlos- SP um coelho, da espécie
Oryctolaguns cuniculus, fêmea, oito anos, 5,2 kg, sob a queixa principal de perda de peso há três meses.
No exame clínico foi observado aumento em região abdominal, e à palpação foi detectado uma massa
em abdômen caudal. O animal apresentava mucosas normocoradas e nenhuma alteração à auscultação.
Exames hematológicos e bioquímicos foram solicitados, e os resultados encontravam-se na faixa
de normalidade da espécie. A pesquisa de hematozoários foi negativa. Radiografias de tórax foram
realizadas para descarte de metástases. Realizou-se exame de ultrassonografia, onde foi visualizada,
em região inguinal direita, uma imagem hiperecogênica com vascularização bem delimitada, regular,
medindo aproximadamente 2,6 cm x 3,9 cm de diâmetro, sendo sugestivo de linfoadenomegalia.
Alterações em outros órgãos, como fígado, baço e pâncreas não foram observados. Para a confirmação
do diagnóstico, o animal foi encaminhado a cirurgia de laparotomia exploratória, onde uma massa
irregular, com aproximadamente quatro centímetros de diâmetro, aderido, foi encontrada em útero.
Decorrente dessa alteração o animal foi submetido a ovário-histerectomia. Não foi detectado metástases
em órgãos subjacentes. O material foi coletado para exame de histopatológico. No fragmento uterino
observou-se proliferação de células neoplásicas originadas de células epiteliais localizadas em glândulas
endometriais. Houve moderado pleomorfismo celular, moderada quantidade de formações tubulares
e poucas figuras de mitose. As células eram de formato arredondado a poliédrico com nucléolos visíveis
e numerosos, confirmando assim o diagnóstico de carcinoma endometrial. Após um ano da cirurgia, o
animal encontra-se em bom estado geral e exames periódicos são feitos para o controle de metástase
pulmonar e abdominal. De acordo com Harcourt-Brown (3) carcinoma endometrial é a neoplasia mais
comum em coelhos idosos, fato condizente ao apresentado no relato. Com a idade, o endométrio sofre
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investigação, 14(3): 1-52, 2015
alterações progressivas, com uma diminuição da celularidade e um aumento no teor de colágeno. Essas
alterações estão associadas ao desenvolvimento do tumor que ocorre lentamente com invasão local
no início do miométrio e da cavidade peritoneal. O sinal clínico apresentado pelo paciente condiz com
a literatura apenas pelo aumento de volume abdominal, entretanto hematúria e sangramento vaginal,
não foram observados (4). Metástases pulmonar e abdominal são muito frequentes na fase final do
carcinoma uterino, contudo este sinal não foi observado no paciente, provavelmente decorrente da
descoberta precoce da doença. As características histopatológicas condizem como descrito na literatura
para o diagnóstico de carcinoma endometrial, entretanto estudos imuno-histoquímicos são necessários
para identificar se a neoplasia, expressa ou não receptores hormonais, pois a sua não expressão pode
indicar um pior prognóstico e menor expectativa de vida (5). O carcinoma endometrial em coelho é
comum, acometendo animais mais velhos e que o diagnóstico precoce pode aumentar a expectativa
do paciente.
Referências: (1) Baba N, Von Haam E. Animal model: spontaneous adenocarcinoma in aged rabbits.
Am. J. Pathol. 1972; 68(3):653-56. (2) Saito K, Nakanishi M, Hasegawa A. Uterine disorders diagnosed by
ventrotomy in 47 rabbits. J. Vet. Med. Sci. 2002;64(6):495-97. (3) Harcourt-Brown F. Textbook of rabbit
medicine. 1.ed. Oxford:Elsevier; 2002. (4) Klaphake E, Murphy JP. Disorders of the reproductive and
urinary systems. In: Quesenberry KE, Carpenter JW. Ferrets, Rabbits, and Rodents: Clinical Medicine
and Surgery. 3ed. Missouri:Elsevier. 2012. p. 217-31. (5) Vinci A, Bacci B, Benazzi C, Caldin M, Sarli G.
Progesterone receptor expression and proliferative activity in uterine tumours of pet rabbits. J. Comp.
Path. 2010;142:323-27.
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investigação,
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1-7, 2015
1-52, 2015
MASTOCITOMA CUTÂNEO
DISSEMINADO EM CÃO –
RELATO DE CASO
1. Aluna de mestrado, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
Paula Cava RODRIGUES1, Sabryna Gouveia CALAZANS2
2. Docente UNIFRAN
O mastocitoma é o segundo tumor mais comum no cão, sendo a neoplasia cutânea mais frequente na
espécie. Quando ocorre envolvimento de órgãos viscerais e/ou medula óssea denomina-se mastocitose.
A apresentação clínica do mastocitoma cutâneo é bastante variável, sendo encontradas desde lesões
pequenas, solitárias, de crescimento lento até formações ulceradas, de crescimento e disseminação
rápida. O comportamento biológico também é variável, dificultando um prognóstico acurado e escolha
da terapia ideal, pois pode se apresentar desde uma lesão de baixa malignidade até uma de alto
potencial metastático. O tratamento de eleição é a cirurgia radical com no mínimo três centímetros de
margem de segurança nas laterais e profundidade e, na maioria das vezes, é recomendada quimioterapia
adjuvante. O presente trabalho visa relatar um caso de um cão com mastocitoma cutâneo com lesões
múltiplas disseminadas, uma apresentação clínica pouco comum desta afecção. Um cão, fêmea, da
raça labrador, com 12 anos de idade foi atendido em um hospital veterinário com histórico de lesões
cutâneas com crescimento progressivo há dois meses. O animal apresentava apenas hiporexia como
sinal sistêmico. Há seis meses, o paciente já havia apresentado histórico de mastocitoma único e
localizado do qual foi realizado tratamento cirúrgico e quimioterápico adjuvante com prednisona e
vimblastina. Naquela ocasião, o exame histopatológico havia diagnosticado mastocitoma de alto grau
(1) e grau II (2) com presença de 10 figuras de mitose em 10 campos (400x) e margens cirúrgicas livres. Ao
exame físico, foram constatados múltiplos nódulos arredondados, elevados, eritematosos e alopécicos,
variando de dois a seis centímetros de diâmetro, dispersos por todo o corpo, desde a cabeça até a
cauda. Foi realizada citologia aspirativa por agulha fina, confirmando o diagnóstico de mastocitoma.
Uma vez que o paciente não apresentava alterações em exames laboratoriais e de imagem, descartouse a possibilidade de mastocitose e concluiu-se o diagnóstico de mastocitoma cutâneo disseminado.
Devido à impossibilidade cirúrgica, instituiu-se a quimioterapia como tratamento para controle das
lesões. Foi empregado o protocolo com clorambucil (4mg/m2) e prednisona (2mg/kg), ambos por
via oral, em dias alternados. Houve melhora clínica e remissão parcial dos nódulos nas primeiras
semanas, porém após um mês de tratamento, as formações voltaram a se desenvolver e linfonodos
submandibulares e pré-escapulares aumentaram de tamanho revelando a progressão do tumor. Foi
realizada substituição do protocolo por vimblastina (2,4mg/m2, por via intravenosa, a cada 7 dias)
e prednisona (1mg/kg, por via oral, diariamente), pelo qual o paciente é submetido até o momento,
totalizando 10 semanas de sobrevida. Conclui-se neste caso, que a presença de um nódulo único de
mastocitoma grau II/alto grau, mesmo após ressecção com margens de segurança e quimioterapia
adjuvante, pode recidivar e disseminar. Contudo, no paciente relatado, as múltiplas lesões puderam ser
controladas com quimioterapia paliativa.
Referências: (1) Kiupel M, Webster JD, Bailey KL et al. Proposal of a two-tier histologic grading system
for canine cutaneous mast cell tumors to more accurately predict biological behavior. Vet Pathol.
2011;48:147-55. (2) Patnaik AK, Ehler WJ, Macewen EG. Canine cutaneous mast cell tumors: morphologic
grading and survival time in 83 dogs. Vet Pathol. 1984;21:469-74.
ISSN 21774780
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HEMANGIOSSARCOMA
FARÍNGEO EM UM PINSCHERRELATO DE CASO
1. Aluno de residência em clínica médica de pequenos animais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Autor
para correspondência, [email protected]
2. Aluna de residência em anatomia patológica da UFMS.
Denner Santos dos ANJOS1, Rayanne Chitolina PUPIN2, Paulo
Henrique de Affonseca JARDIM3, Andréia Regis de ASSIS4, Carlos
Eduardo FONSECA-ALVES5, Veronica Jorge BABO-TERRA6
3. Médico Veterinário do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
4. Médica Veterinária autônoma na área de diagnóstico por imagem pela VetDx.
5. Doutorando pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP-Botucatu.
6. Profa. Dra. da disciplina de clínica médica e terapêutica de Pequenos Animais da UFMS
O hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia maligna originada do endotélio vascular, caracterizada por
apresentar prognóstico desfavorável e alta taxa de mortalidade (1,2). Os tecidos com alta vascularização
apresentam uma predisposição para desenvolvimento desta neoplasia, com o baço, fígado, pele e átrio
direito as localizações mais conhecidas (2). Devido à importância do HSA na espécie canina, o presente
relato descreve os achados clínicos, patológicos e conduta terapêutica de um caso de HSA em localização
faríngea. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
um animal da espécie canina, Pinscher, seis anos de idade, com histórico de engasgo. Ao exame físico,
notou-se dificuldade respiratória e tosse seca sem alterações nos parâmetros fisiológicos. Devido a
alteração respiratória o animal foi encaminhado para exame radiográfico cervical na posição láterolateral, que identificou a presença de massa de 1,2cm de diâmetro próxima à faringe. Para avaliação
da cavidade oral do animal, foi realizada sedação de indução com propofol a 1% e manutenção no
isofluorano e foi possível visualizar um nódulo macio, róseo, circunscrito e vascularizado em região
faríngea. Devida a suspeita de formação neoplásica, foi realizada biópsia excisional, sem possibilidade
de margem cirúrgica. A amostra foi encaminhada para exame histopatológico que revelou proliferação
de células endoteliais com acentuado pleomorfismo variando de poligonais a ovoides, citoplasma
escasso, núcleo redondo a oval com nucléolo visível, discretas figuras de mitoses, sendo algumas
aberrantes, confirmando assim diagnóstico de HSA. Após a excisão cirúrgica, houve remissão dos sinais
respiratórios. Por ser uma localização incomum, foi solicitado exame imuno-histoquímico (IHQ) para
identificação da origem da neoplasia. Na IHQ foi possível identificar positividade para as proteínas
vimentina, fator VIII, VEG e baixa positividade para a proteína Ki67, confirmando assim o diagnóstico
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histopatológico. Devido ao prognóstico desfavorável do HSA foi indicado a realização de quimioterapia
neoadjuvante, no entanto, proprietário optou por não realizar. Três meses após a cirurgia, foi realizada
a avaliação clínica e radiografica do paciente, e não foram encontradas alterações que indiquem
recidiva tumoral. Em cães, a localização faríngea é incomum e buscando em banco de dados foi
encontrado poucos relatos (3,4) No presente trabalho, foi observado tumor solitário em faringe sem
comprometimento evidente dos outros órgãos através do exame radiográfico, ecografia abdominal e
ecocardiograma. Apesar da literatura descrever que o HSA canino apresenta comportamento biológico
agressivo, e que frequentemente ocorrem metástases (5), não foi observada recidiva no local da retirada
do tumor ou a presença de estruturas metastáticas em outros órgãos. Esse fato pode se relacionar a um
comportamento biológico isolado deste tumor. Na avaliação histopatológica foi verificado um baixo
número de mitoses, além da baixa marcação de Ki67 na IHQ, caracterizando assim um tumor de baixo
grau que apresenta uma menor capacidade de metástase.
Referências: (1) Priester W, McKay F. The occurrence of tumors in domestic animals, Washington,
DC, 1980, National Cancer Institute Monograph. (2) Spangler WL, Culbertson MR. Prevalence, type,
and importance of splenic diseases in dogs: 1,480 cases (1985-1989), J Am Vet Med Assoc. 1992;
200:829–34. (3) Flores MM, Panziera W, Kommers GD, Irigoyen LF, Barros CSL, Fighera RA. Aspectos
epidemiológicos e anatomopatológicos do hemangiossarcoma em cães: 40 casos (1965-2012). Pesq.
Vet. Bras. 2012;32(12):1319-28. (4) Papadimitriou AS, Anatolitou A, Brellou G, Kouki MI, Viemmas I.
Gingival hemangiosarcoma of the left mandible in a dog. J Vet. Sci Med. 2014;2(1):4. (5) Ward H, Fox LE,
Calderwood-Mays MB, Hammer AS, Couto CG. Cutaneous hemangiosarcoma in 25 dogs: a retrospective
study, J Vet Intern Med. 1994;8:345–8.
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CARCINOMA DE DUCTO BILIAR
EM UM CÃO- RELATO DE CASO
1. Aluno de residência em clínica médica de pequenos animais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Autor
para correspondência, [email protected]
Denner Santos dos ANJOS1, Nathália Barbosa MESSAS1, Rayane
Chitolina PUPIN2, Nilton Marques CARVALHO3, Veronica Jorge
BABO-TERRA4
2. Aluna de residência em anatomia patológica da UFMS.
3. Médico Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFMS.
4. Profa. Dra. da disciplina de Clínica Médica e Terapêutica de Pequenos Animais da UFMS
O carcinoma biliar (CB) representa de 22-41% de todos os tumores hepáticos malignos em cães (1).
Apresenta três formas morfológicas classificadas em maciça, nodular e difusa, sendo que esta última
pode representar um estádio avançado do desenvolvimento tumoral. A ocorrência de metástase relatada
para o CB situa-se entre 56-88% (1), apresentando comportamento biológico agressivo com potencial
de metastatizar-se para linfonodos regionais, pulmões, coração, baço, adrenais, pâncreas, rins e medula
espinhal (2,3,4,5). O presente relato descreve os achados clínicos, patológicos e anatomopatológicos
de um caso de CB intra-hepático. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul (UFMS) um animal da espécie canina, fêmea, Sem Raça Definida, 12 anos
de idade com histórico de anorexia e vômitos amarelados após as refeições. Ao exame físico foram
observados taquipneia, arritmia, sopro sistólico grau III com foco em mitral na ausculta cardíaca sem
alterações nos parâmetros fisiológicos. Foram realizados exames complementares como hemograma e
ultrassonografia abdominal que revelaram hiperproteinemia 9g/dL, leucocitose 54.000/µL, neutrofilia
42.660/µL, monocitose 10.800/µL, trombocitopenia 114.000/µL e presença de inclusões em plaquetas
sugestivas de Anaplasma platys. Não houve alterações evidentes na ultrassonografia. Preconizou-se o
tratamento com Doxiciclina na dose de 10mg/Kg uma vez ao dia, aminoácidos e complexo vitamínico.
Após 15 dias de tratamento optou-se pela eutanásia do animal devido à piora do quadro clínico. Ao
exame necroscópico foram observados fígado acentuadamente aumentado, com áreas amareladas
espalhadas pela superfície do órgão e do parênquima, mucosa estomacal edemaciada, pulmões com
múltiplos focos avermelhados discretamente elevados e firmes, nódulo esbranquiçado na região
medular da adrenal e sem alterações macroscópicas no córtex cerebral. O exame histopatológico
revelou parênquima hepático com proliferação de células neoplásicas, com acentuado pleomorfismo,
anisocitose e anisocariose, núcleo grande por vezes múltiplos, redondo a oval, hipocromático, com
nucléolos visíveis, 3 – 5 figuras de mitose/campo. Essas células dispunham-se formando estruturas
tubulares rudimentares, delimitadas por uma a duas camadas de células neoplásicas e na luz desses
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túbulos havia material amorfo de coloração fracamente basofílica (mucina). Entremeado pelas células
neoplásicas havia acentuada proliferação de tecido conjuntivo fibroso (estroma) confirmando o
diagnóstico de CB intra-hepático com padrão tubular sob a forma difusa. A distribuição morfológica
da forma difusa do CB varia de 17-54% (2,3,4,5) sendo o carcinoma intra-hepático mais comum em
cães (3,4,5) corroborando os achados do presente trabalho. Um estudo observou que de 42 neoplasias
primárias hepáticas encontradas na necropsia, 50% corresponderam ao CB (6). Conforme descrição
da literatura sobre o alto potencial metastático do tumor, que pode chegar até 88% (3,7), o presente
trabalho confirma os dados da literatura, uma vez que o animal apresentou metástases em adrenais,
estômago, intestino delgado, linfonodo regional, pulmões e córtex frontal. Como os sinais clínicos em
cães com tumores hepáticos são inespecíficos, o diagnóstico ante mortem se torna difícil na rotina,
tornando comum a observação desses tumores em achados de necropsia.
Referências: (1) Thamm DH. Neoplasias hepáticas. In: Daleck CR, Nardi AB, Rodaski S. Oncologia em cães
e gatos. 1ªEd. Editora Roca, 2010. p.330-332. (2) Cullen JM, Popp JA. Tumors of the liver and gall bladder.
In: Meuten DJ. Tumors in domestic animals, 4th ed., Ames, Iowa. 2002, p.495-498. (3) Patnaik AK, Hurvitz
AI, Lieberman PH. Canine hepatic neoplasms: a clinicopathological study, Vet Pathol. 1980;17:553. (4)
Patnaik AK, Hurvitz AI, Lieberman PH, Johnson GF. Canine bile duct carcinoma, Vet Pathol. 1981;18:439.
(5) Hayes HM, Morin MM, Rubenstein DA. Canine biliary carcinoma: epidemiological comparisons with
man, J Comp Pathol. 1983;93:99. (6) Silva MC. Estudo retrospectivo de lesões hepáticas crônicas em cães.
Tese de Mestrado, Santa Maria, p. 86, 2005. (7) Trigo FJ, Thompson H, Breeze RG, et al. The pathology of
liver tumors in the dog. J. Comp. Pathol. 1982;92:21-9.
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METÁSTASE DE CARCINOMA
DE CÉLULAS ESCAMOSAS
EM REGIÃO RETROBULBAR:
RELATO DE CASO EM CÃO
1. Docente UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected].
Fernanda Gosuen Gonçalves DIAS1, Adriana Torrecilhas Jorge BRUNELLI2, Lucas
de Freitas PEREIRA1, Juliana SANTILLI3, Luis Gustavo Gosuen Gonçalves DIAS4,
Luara Rodrigues REZENDE5, Larissa Fernandes MAGALHÃES5, Karla Menezes
CARDOSO3, Cristiane dos Santos HONSHO1
2. Aluno de pós-doutorado UNIFRAN
3. Aluno de mestrado UNIFRAN
4. Docente UNESP, Jaboticabal
5. Residente UNIFRAN
Neoplasias orais são comuns em pequenos animais e entre elas, o carcinoma de células escamosas
é considerado maligno e invasivo, originando-se com frequência no epitélio oral de cães. Por outro
lado, este tipo neoplásico é incomum na região ocular de cães, podendo causar destruição do tecido
orbitário e bulbo ocular. Neste contexto, as neoplasias retrobulbares são raras em pequenos animais
e, na maioria das vezes, secundárias de metástases de osteossarcomas, linfoma, fibrossarcomas e
carcinomas, demonstrando o estágio avançado da doença. Os sinais clínicos observados são exoftalmia
lentamente progressiva, hiperemia conjuntival, epífora, protusão da terceira pálpebra, fechamento
incompleto da fissura palpebral com consequente ceratite de exposição, estrabismo, perda da acuidade
visual, anormalidades no reflexo pupilar à luz, limitação da motilidade ocular, descolamento de retina,
alteração na pressão intraocular e deformidade facial. Diante da ocorrência incomum do carcinoma de
células escamosas na região retrobulbar, o objetivo do presente trabalho foi relatar a ocorrência deste
na região maxilar, com metástase retrobulbar ipsilateral. Um cão macho, sem raça definida, com 17 anos
de idade foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade de Franca com queixa de aumento de
volume não progressivo na região ocular esquerda e cegueira. Durante o exame ocular observou-se no
olho esquerdo exoftalmia com protusão da terceira pálpebra, midríase paralítica e congestão episcleral.
O teste de produção lacrimal neste olho estava dentro dos parâmetros normais estabelecidos para a
espécie e apesar da exposição corneana secundária à exoftalmia, o teste de fluoresceína não foi positivo.
A pressão intraocular estava acima dos padrões preconizados (35mmHg) e os linfonodos regionais
estavam ligeiramente aumentados bilateralmente. Diante da suspeita de neoplasia foi realizado
ultrassonografia ocular, observando-se estrutura hipoecóica de aproximadamente dois centímetros de
diâmetro no espaço retrobulbar e ato contínuo o animal foi sedado para citologia aspirativa da região,
guiada pelo ultrassom. Notou-se também a presença de nódulo na região maxilar ipsilateral à massa
ocular, próxima aos molares, demonstrando aspecto friável, ulcerado e aderido, a qual foi submetida
à biópsia aspirativa concomitantemente. Os resultados dos exames foram inconclusivos e os raios-x
de tórax descartaram indícios de metástase pulmonar. Os exames hematológicos não demonstraram
alterações significativas e o animal foi submetido ao procedimento cirúrgico de enucleação do bulbo
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ocular esquerdo, à obtenção de amostras para histopatológico e raios-x intraoral. Neste último, notouse área de radioluscência maxilar, sugerindo comprometimento ósseo. O laudo histopatológico revelou
carcinoma de células escamosas, sendo o foco primário na cavidade oral, visto que esse tipo neoplásico
é maligno de queratinócitos, que são células presentes no epitélio de revestimento oral e não na região
ocular. Perante as características desfavoráveis da neoplasia em questão, como severidade e caráter
recidivante, além do comprometimento em regiões distintas, o proprietário optou pela eutanásia do
animal. Com base no caso descrito, conclui-se que pelo grau de malignidade local do carcinoma de
células escamosas, inclusive na cavidade oral e consequente metástase regional, o mesmo deve ser
incluído no diagnóstico diferencial das afecções orbitárias e espaço retrobulbar em cães. Além disso,
deve-se considerar que a letalidade e o prognóstico desfavorável das neoplasias malignas estão
diretamente relacionados com a detecção tardia dos sinais clínicos, principalmente em locais não
inspecionados regularmente pelos tutores.
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DERMATOFIBROSE
NODULAR SECUNDÁRIA À
CISTOADENOMA RENAL –
RELATO DE CASO
1. Aluna de graduação, UNESP-FCAV. Autor para correspondência, [email protected]
Luciana de Simone SFRIZO1, Marília Gabriele Prado Albuquerque FERREIRA2,
Nazilton de Paula Reis FILHO3, Ana Lúcia PASCOLI2, Josiane Morais PAZZINI2,
Rafaela Bortolotti VIÉRA3, Oscar Rodrigo Sierra MATIZ3, Daniele Santos
ROLEMBERG4 , Andrigo Barboza DE NARDI5, Mirela TINUCCI COSTA5
2. Aluna de doutorado, UNESP-FCAV.
3. Aluno de mestrado, UNESP-FCAV.
4. Aluna do programa de aprimoramento profissional, UNESP-FCAV.
5. Docente UNESP-FCAV.
A dermatofibrose nodular é uma síndrome paraneoplásica (SPN) caracterizada pelo desenvolvimento
de múltiplos nódulos cutâneos, oriundos do colágeno, associados a tumores do epitélio renal, como
o cistoadenocarcinoma e cistoadenoma, ou a tumores uterinos como o leiomioma (1,2). Os nódulos
em sua maioria são múltiplos, firmes, bem circunscritos, móveis, não pruriginosos, sendo cobertos
por uma epiderme intacta, localizados na derme ou tecido subcutâneo de membros, cabeça, pescoço
e região abdominal ventral (1,3). Sinais sistêmicos associados ao comprometimento renal podem se
observados (1,4). Esta alteração paraneoplásica pode anteceder meses ou até anos os sinais de injúria
renal ocasionados pelo tumor ou por suas metástases (1). O objetivo do presente relato é descrever
um caso de dermatofibrose nodular associada a um cistoadenoma renal bilateral em uma cadela. Foi
atendida no Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel” da Unesp, Câmpus de Jaboticabal, uma
cadela sem raça definida, de sete anos de idade, apresentando múltiplos nódulos em regiões de
cabeça, orelhas, membros, tronco, mamas e flanco. No exame físico constatou-se aumento de volume
em região mesogástrica para-lombar. O animal foi submetido à ultrassonografia abdominal, onde
observou-se a presença de um cisto na cortical renal esquerda de 7,3 cm x 5,0 cm e na cortical direita
com aproximadamente 1,0 cm. Foi realizada punção biópsia aspirativa dos nódulos cutâneos, contudo
a análise do material obtido foi inconclusiva. Posteriormente, foi realizada a biópsia de alguns nódulos
cutâneos e das lesões renais com resultado histopatológico compatível com dermatofibrose nodular e
adenoma renal, respectivamente. Devido ao tamanho do cisto renal esquerdo, foi sugerida a realização
de nefrectomia parcial, porém o proprietário optou por realizar somente o acompanhamento clínico
do animal. A sobrevida do animal foi de cinco meses, vindo a óbito em decorrência complicações
associadas à nefropatia. Com base nos resultados obtidos, é importante atentar para o diagnóstico
de dermatofibrose nodular, por ser uma síndrome relevante e que pode anteceder alterações clínicas
compatíveis com uma injúria renal terminal.
Referências: (1) Turek MM, Cutaneous paraneoplastic syndromes in dogs and cats: a review of the
literature. Vet. Dermatol. 2003;14:279-96. (2) Gross TL, Ihrke PJ. Walder EJ, Affolter VK. Skin diseases
of the dog and cat: Clinical and histopathology diagnosis. 2.ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2005.
(3) Langohr IM, Irigoyen LF, Salles MWS, Kommers GD, Barros CSL. Cistadenocarcinoma renal e
dermatofibrose nodular em cães Pastor Alemão: 4 casos. Cienc Rur. 2002;32(4):621-6.
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CARCINOMA DE PARATIREÓIDE
EM CÃO - RELATO DE CASO
1. Aluno de iniciação científica, UNIFRAN. Autor para correspondência, [email protected]
2. Aluno de iniciação científica, UNIFRAN
Flávia C. OLIVEIRA1, Ítalo C. OLIVEIRA2, Juliana SANTILLI3, Priscila Pavini
CINTRA4, Larissa Fernandes MAGALHÃES5, Geórgia Modé MAGALHÃES6
3. Aluno de mestrado, UNIFRAN
4. Aluno de mestrado, UNIFRAN
5. Residente Patologia, UNIFRAN
6. Docente, UNIFRAN
As neoplasias de paratireóide são de ocorrência rara em cães e mais raras ainda em gatos. A incidência
é maior em animais idosos(1). Em humanos, essa neoplasia também é considerada rara, havendo
cerca de 535 casos descritos na literatura (2). O prognóstico do carcinoma de paratireóide é reservado
necessitando de mais estudos na área para maior conhecimento sobre esse tipo de neoplasia. O objetivo
do presente trabalho é relatar um caso de carcinoma de paratireóide encontrado em um exame de
necropsia em um cão com poucos sinais clínicos característicos. Foi atendido no Hospital Veterinário da
Universidade de Franca (UNIFRAN-SP), um animal da espécie canina, raça Rottweiler, macho, castrado,
doze anos de idade, pesando 47kg, que já havia realizado, há um ano atrás, um procedimento cirúrgico
de amputação do quinto dígito cárpico direito nesta Instituição, cujo resultado do histopatológico foi
sugestivo de sarcoma de alto grau e não foi realizado procedimento de quimioterapia neste hospital.
Após um ano do procedimento, o animal voltou apresentando histórico de êmese, hipodipisia,
anorexia e melena com evolução de dois dias e com três dias o animal parou de andar. O proprietário
não soube informar sobre alterações na coloração, odor, aspecto e frequência da urina. O animal foi
mantido na fluidoterapia, antibioticoterapia e medicação para dor, porém devido à agressividade do
animal, a anamnese e o exame físico foram comprometidos, dificultando o diagnóstico clínico. Devido
à falta de melhora clínica do animal, o proprietário optou pela eutanásia, dentro dos métodos éticos
indicados. Foi realizado necropsia do animal, mediante autorização do proprietário. Na necropsia
observou presença de aumento de volume na região da paratireóide, não havendo nenhuma alteração
nos demais órgãos, no histopatológico foi observado células neoplásicas epiteliais, com acentuado
pleomorfismo celular e não formação de colóide sugerindo carcinoma de paratireóide. Neoplasias
de paratireóide geralmente são diagnosticadas tardiamente, de difícil diagnóstico, pois nem sempre
os sinais clínicos são específicos, sendo necessário um exame físico minucioso de todo animal para
possíveis aumentos de volumes na região cervical. Alterações laboratoriais também podem sugerir
suspeita clínica, juntamente com exame radiográfico. Dessa forma, há necessidade de mais estudos na
área para maior conhecimento da neoplasia e obtenção de informações dessa enfermidade.
Referências: (1) Ettinger S, Feldman EC. Hipertireoidismo. In: Peterson EM. Tratado de medicina interna
veterinária. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. p 1476-493.(2) Morimitsu LK, Uyeno MNO,
Goulart ML et al. Carcinoma de paratireóide: características clínicas e anátomo-patológicas de cinco
casos. Arq Bras Endocrinol Metab. 2001;45(2):148-56.
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