LUIZ DE ARAUJO BARBOSA FOTODERMATOSE EM CARTEIROS: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA FORTALEZA - CEARÁ 2 2006 ESCOLA DE SAÚDE PUBLICA da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará PAULO MARCELO RODRIGUES LUIZ DE ARAUJO BARBOSA FOTODERMATOSE EM CARTEIROS: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA Monografia submetida ao curso de Especialização em Dermatoses de Interesse Sanitário da Escola de Saúde Pública do Ceará, como requisito para obtenção do grau de Especialista. Orientador: Prof. Dr. Paulo César de Almeida FORTALEZA - CEARÁ 2006 3 ESCOLA DE SAÚDE PUBLICA da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará PAULO MARCELO RODRIGUES Curso de Especialização em Dermatoses de Interesse Sanitário Título do trabalho: FOTODERMATOSE EM CARTEIROS: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA Autor: LUIZ DE ARAUJO BARBOSA BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Nome e Instituição ___________________________________________ Nome e Instituição ___________________________________________ Nome e Instituição Aprovado em:_____/______/_2006 4 Ao meu pai (IN MEMORIAN) e a minha mãe, pelo carinho, pela dedicação e pelo exemplo de vida,baseado no amor e na honestidade 5 AGRADECIMENTOS À Empresa de Correios e Telégrafos –ECT/DR/CE; Ao prof. Paulo César de Almeida, meu orientador; À profª. Tânia Poti, coordenadora do curso de Dermatose de Interesse Sanitário; A Sra. Marlene Pascoal, secretária do curso; À minha esposa Beatriz Guerra e aos meus filhos Ana Mirella, Luiz Sângelo e Ana Lara, pela compreensão silenciosa de minha aparente ausência; Aos pacientes; Aos meus colegas de turma. “Creio que não existe nada de mais extraordinário que os amigos que vamos descobrindo e tendo pela vida afora. Eles nos completam e fica sendo uma parte de nós. Como é gostoso falar uma linguagem parecida, onde participação, convergência, estabeleceu a possibilidade de compreensão maior”. Roberto Burle Marx Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente. Muito obrigado. 6 SUMÁRIO Página 1. RESUMO .................................................................................................... 6 2. ABSTRACT ................................................................................................. 7 3. LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS ............................................................ 8 4. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 10 5. REVISÃO LITERATURA ............................................................................. 14 6. OBJETIVOS ............................................................................................... 22 6.1. OBJETIVO GERAL .............................................................................. 22 6.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................ 22 7. METODOLOGIA ......................................................................................... 24 7.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................... 24 7.2 LOCAL DE ESTUDO ........................................................................... 24 7.3 O SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO –SESMT ..................... 24 7.4 POPULAÇÃO ...................................................................................... 25 7.5 AMOSTRA .......................................................................................... 25 7.6 COLETA DE DADOS .......................................................................... 27 8. RESULTADO E DISCUSSÃO .................................................................... 29 8.1 ANÁLISE UNIVARIADA DAS VARIÁVEIS .......................................... 29 8.2 ANÁLISE BIVARIADA DAS VARIÁVEIS ............................................. 39 9. CONCLUSÕES ........................................................................................... 49 10. SUGESTÕES ............................................................................................ 52 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 57 12. ANEXOS ................................................................................................... 61 ANEXO I - CARTA AO DIRETOR REGIONAL DA ECT/DR/CE ............... 62 ANEXO II - QUESTIONÁRIO..................................................................... 63 ANEXO III - TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO ................ 64 ANEXO IV - FOLHA DE ROSTO PARA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS ........................................................................................ 65 7 1. RESUMO Segundo o Instituto Nacional do Câncer, estima-se que para o ano de 2006, no Ceará, sejam descobertos 15.780 casos de câncer, dos quais 7.390 em homens e 8.390 em mulheres. O câncer de pele é o mais comum de todos os cânceres. Em Fortaleza, devem ser notificados 6.320 casos, dos quais 1260 de pele, sendo 540 em homens e 720 em mulheres. Essas afecções de pele antes de se diferenciarem passam por um processo lento e gradual, sendo responsáveis por incremento dos custos médicos da empresa, aumento do absenteísmo e, ainda, afetam a qualidade de vida dos acometidos. Vários fatores estão relacionados a sua etiologia, dentre os quais, além do tipo de profissão, destacam-se a excessiva exposição ao sol, pele clara, olhos azuis ou verdes, cabelos loiros ou ruivos, imunidade reduzida por doença ou por medicamentos, propensão a queimaduras e sensibilidade solar, como também, os fatores genéticos. O Ceará, conhecido como Terra da Luz, no sentido poético, é também conhecido como Terra do Sol, porque está muito próximo à linha do Equador e, praticamente, é ensolarado o ano todo. Os carteiros são profissionais que estão à mercê dessas intempéries, portanto, foi importante realizar uma pesquisa no sentido de avaliar os riscos decorrentes dessa atividade profissional. O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de fotodermatoses e os principais riscos nesta categoria profissional, tendo os dados servido de subsídios para a implementação de um programa de prevenção. Trata-se de um trabalho transversal e foi realizado em carteiros da Empresa de Correios e Telégrafos – ECT/DR/CE, em Fortaleza/Ce. Utilizou-se um questionário de perguntas fechadas e abertas. Foram selecionados, aleatoriamente, 120 carteiros, distribuídos na cidade de Fortaleza por zona, cor e critérios estatísticos. Foram feitas análises estatísticas e determinadas as freqüências simples das variáveis. Realizou-se a análise bivariada, estudando-se as diferenças por meio do qui-quadrado e constatou-se que não houve associação (p=0,366) entre as variáveis tempo de carteiros e dermatoses. Atribuiu-se o resultado ao fato de que a maioria dos carteiros ainda é jovem e comprovadamente as fotodermatoses surgem em maior número a partir da 5ª década de vida. Conclui-se que cerca de 90% dos carteiros trabalham no horário de maior incidência de RUV, porém apenas 20% demonstram está bem informados quanto aos efeitos deletíveis dos raios ultravioleta desse horário. Portanto, chegou-se a conclusão de que esses profissionais precisam ser amparados por medidas preventivas mais eficazes. DESCRITORES: Transtornos de Fotossensibilidade/Etiologia; Luz Solar/Efeitos Adversos; Raios Ultravioleta/Efeitos Adversos. 8 2. SUMMARY According to National Institute of the Cancer in the Ceará, is esteem that for the year of 2006 15,780 cases of cancer are discovered, of which 7,390 in men and 8,390 in women. The skin cancer is the most common of all cancers. In Fortaleza, 6,320 cases of which must be notified 1260 of skin being 540 in men and 720 in women. These affections of skin before if differentiating pass for a slow and gradual process. They are responsible for the increment of the medical costs of the company, increase of the absenteeism and at last, it affects the quality life of the attacked ones. Some factors are pointed with respect to its etiology and among them beyond the profession, extreme exposition to the sun, clear skin, blue or green eyes, blond or red-haired hair are distinguished it, reduced immunity, for illness or medicines, propensity the burnings and solar sensitivity beyond the genetic factors. The Ceará, known as Land of the Light, in the poetical direction, also is known as Land of the Sun, why he is very next to the line to the equator and is practically is sunny the year all. The mailmen are professionals who are at the mercy of these facts of the nature, therefore, it was important to carry through a research in the direction to evaluate its risks. The objective of this work was to evaluate the prevalence of fotodermatoses and the main risks in this professional category, serving with the data in hands of subsidies for the implementation of a program come back toward its prevention. One is about a transversal work and was carried through in mailmen of the Company of Post offices and Telegraphs - ECT/DR/CE, in Fortaleza/Ce. A questionnaire of closed and opened questions was used. They had been selected to 120 mailmen the perhaps distributed in the city of Fortaleza for zone, color statistical criteria. Analyses statistical and determined the simple frequencies of the 0 variable had been carried through. It was become fulfilled bivaried analysis, studying the differences by means of the qui-square and was evidenced that it did not have association (p=0,366) you enter the variables time of mailmen and dermatosis. The result was attributed that to the majority of the young mailmen still is e that if knows that fotodermatoses appears in bigger number from 5° decade of life. It follows that approximately 90% of mailmen works in the sun at the time of major incidence of RVA, however only 20% show to know adequate information about malevolent effects of the sun in that time. Thus is evident that these professionals need to be supported by of more efficient writs of prevention. DESCRIBERS: Upheavals of Photosensitivity/Etiology; Light Solar/ Adverse Effects; Ultraviolet rays / Adverse Effects. 9 3. LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS PÁGINA GRÁFICO 1 - NÚMERO DE CARTEIROS POR REGIÃO, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 27 GRÁFICO 2 - DISTRIBUIÇÃO DO N° DE CARTEIROS POR FAI XA ETÁRIA, FORTALEZA,CE, JUNHO/05 GRÁFICO 3 - DISTRIBUIÇÃO POR FOTÓTIPO, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 33 37 GRÁFICO 4- DISTRIBUIÇÃO POR TRABALHO AO SOL DAS 10 ÁS 16H FORTALEZA/CE, JUNHO/05 38 GRÁFICO 5 – DISTRIBUIÇÃO POR GRAU DE CONSCIÊNCIA REFERENTE AOS RUV, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO POR REGIÃO, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 39 26 TABELA 2 - DISTRIBUIÇÃO SEGUNDO CARACTERÍSTICAS, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 30 TABELA 3 - DISTRIBUIÇÃO SEGUNDO AS VARIÁVEIS RELACIONADAS ÀS DERMATOSES, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 34 TABELA 4 - DISTRIBUIÇÃO POR FOTÓTIPO E TEMPO DE SOL DAS 10 ÀS 16H, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 40 TABELA 5 – DISTRIBUIÇÃO POR ALTERAÇÃO DE PELE E TEMPO DE SOL DAS 10 ÀS 16H, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 40 TABELA 6 – DISTRIBUIÇÃO POR ALTERAÇÃO DE PELE E TEMPO DE CARTEIRO, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 41 TABELA 7 - DISTRIBUIÇÃO POR ALTERAÇÃO DE PELE E TEMPO DE CARTEIRO, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 42 TABELA 8 - DISTRIBUIÇÃO POR ALTERAÇÃO DE PELE NOS ÚLTIMOS 6 MESES X FAIXA ETÁRIA, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 45 TABELA 9 - DISTRIBUIÇÃO POR ALTERAÇÃO DE PELE NOS ÚLTIMOS 6 MESES X FAIXA ETÁRIA, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 46 TABELA 10 – DISTRIBUIÇÃO POR ALTERAÇÃO DE PELE NOS ÚLTIMOS 6 MESES X TEMPO DE SOL DAS 10 ÀS 16H, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 47 10 INTRODUÇÃO 11 10 4. INTRODUÇÃO As fotodermatoses são afecções de pele relacionadas diretamente aos efeitos da luz solar, ou mais especificamente aos raios ultravioleta A e B. Há aproximadamente 40 tipos de doenças que são causadas ou agravadas pela exposição solar, como doenças genéticas (xeroderma pigmentoso, albinismo), desordens metabólicas (porfirias), doenças induzidas por drogas fototóxicas ou fotoalergênicas, doenças fotoimunológicas, doenças degenerativas ou neoplásicas, assim como diversos outros processos como a urticária solar e o lupus eritematoso discóide42. As estatísticas apontam o câncer de pele como o mais comum de todos os cânceres, porém, sabe-se que essas afecções antes de se diferenciarem passam por um processo lento e gradual2. Quando não corretamente prevenidas poderão ser responsáveis pelo incremento dos custos médicos da empresa, aumento do absenteísmo e ainda, afetarão, de modo substancial, a qualidade vida dos acometidos e também de seus familiares 4. Os efeitos deletérios da RUV dependem da duração e da freqüência da exposição; da intensidade da radiação solar baseada na latitude; e da reação baseada na constituição genética, cor e fototipo da pele 4,5,41. Para um indivíduo de pele normal, há cinco perigos da exposição solar: 1. os efeitos agudos (queimadura solar, fototoxicidade induzida por medicamentos); 2. os riscos em longo prazo da exposição descontrolada e repetida, resultando no desenvolvimento de modificações actínicas ou dermatohelioses (rugas, envelhecimento precoce da pele, adelgaçamento irregular da epiderme, telangiectasias, máculas hiperpigmentadas); 3. o desenvolvimento de lesões pré-malignas (ceratoses solares) e malignas (carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e melanomas); 4. a conseqüência do dano fotoquímico cumulativo aos olhos desprotegidos, resultando no escurecimento das lentes (envelhecimento da lente) e formação de catarata nuclear; 5. a alteração da resposta imune e da função e distribuição dos componentes do sistema imunológico, causando uma incompetência imune seletiva42. 12 O Brasil é um país tropical, onde os níveis de radiação são mais intensos, obrigando a população a dobrar seus cuidados, mesmo tendo, em geral, uma cor de pele mais escura, com maior resistência aos raios UVB. Esta situação tem exceções em determinadas regiões do país, onde a enorme quantidade de praias é um agravante, pois o brasileiro normalmente, no lazer, expõe-se em demasia. Estima-se que cerca de 470 mil novos casos de cânceres será registrado em 2006, no Brasil, um crescimento, em média, de 5% ao ano. No Ceará, a estimativa é a ocorrência de cerca de 15.780 novos casos, dos quais 6.270 serão de câncer de pele, só em Fortaleza a estimativa é de 1.260 casos, sendo os homens com 540 e a mulheres com 720 2. O câncer é causado por alterações no DNA das células. Esses danos são provocados pelos dois tipos mais comuns de raios solares, o ultravioleta A e o B (UVA e UVB, respectivamente). Além de provocar o câncer, o sol, em excesso, eleva o risco de uma série de outros problemas de saúde, como inflamações e infecções 9,38,42 . Vários fatores estão relacionados a sua etiologia e, dentre eles, destacam-se a excessiva exposição ao sol, pele clara, olhos azuis ou verdes, cabelos loiros ou ruivos, imunidade reduzida por doença ou por medicamentos, propensão a queimaduras e sensibilidade solar, além de fatores genéticos. Todas as pessoas serão classificadas conforme fototipos, segundo os critérios de Fitzpatrick 4,5,42. Ao surgir a idéia de realizar uma pesquisa sobre dermatose, foram considerados alguns aspectos facilitadores como ambiente de trabalho acessível, conhecimento do grupo em estudo, fácil acesso a prontuários, disponibilidade de um grupo de paramédicos de apoio. Além do cuidado de limitar o tema, alguns parâmetros importantes foram selecionados: o grupo de estudo escolhido teria que ser, de preferência, homogêneo e com as mesmas características, com mesmo nível intelectual e de escolaridade. A Empresa de Correios e Telégrafos da Diretoria Regional do Ceará – ECT/DR/CE, local de trabalho do pesquisador, foi escolhida por atender a todas as exigências supracitadas, tendo sido selecionada a categoria dos carteiros por apresentar todas essas peculiaridades, pois é uma categoria profissional de boa escolaridade, tendo todos o 2° grau e alguns até o curso superior, portanto, capazes de absorver informações gerais e de saúde. 13 No dia-a-dia estão à mercê das intempéries solares, formam um grupo de risco já bem conhecido na literatura, portanto, mais vulnerável a dermatoses a curto, médio e, principalmente, em longo prazo. Este trabalho é também fruto de nossa preocupação e do comprometimento com os programas de prevenção da ECT, que têm como metas principais a prevenção e promoção da saúde do trabalhador, com a conseqüente melhoria da diminuição dos custos médicos, controle do absenteísmo e, ainda, a melhoria da qualidade de vida de seus empregados e familiares. Na prática, o que se observa, em geral, no Brasil é a falta de dados estatísticos precisos, o que dificulta a informação para planejamento. A maioria das empresas brasileiras de médio e grande porte que cumprem a legislação trabalhista, com a implantação do Serviço Especial em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) não tem informações mais detalhadas sobre seus empregados, ou seja, dados estatísticos atualizados, que por sua vez prejudicam ou até inviabilizam os programas de saúde, pondo em risco a saúde do trabalhador 46. Questões importantes como: o custo x benefício dos programas de saúde são compensadores? Os empregados estão conscientes de que eles próprios são os principais responsáveis pela sua saúde? Têm consciência da importância do uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI para salvaguardar a saúde? Como fazer um programa de prevenção de dermatoses sem conhecer os grupos de risco? E o que fazer para prevenir essas dermatoses? Quanto ao absenteísmo, em que percentual as fotodermatoses são responsáveis? Quais as principais dificuldades encontradas? Todas essas questões e muitas outras não citadas são importantes de serem conhecidas e analisadas. Nesta pesquisa, evitou-se a análise pormenorizada de determinados detalhes por se tratar da abordagem de um tema amplo que envolve muitas variáveis, como por exemplo, não se aprofundou a análise da exposição ao sol nas horas de lazer nem foi feita qualquer pergunta com a finalidade de conhecer o passado de exposição ao sol desde tenra idade, porque tais indagações fogem aos propósitos deste estudo. 14 REVISÃO DE LITERATURA 1415 5. REVISÃO DE LITERATURA A pele é o maior órgão do corpo humano, corresponde a 16% da área corporal 3,5 . As três camadas da pele são sensíveis aos RUV, que fazem parte da luz solar. Os raios UV podem provocar reações tardias, devido ao efeito cumulativo da radiação durante a vida, causando envelhecimento cutâneo e alterações celulares que, através de mutações genéticas, predispõem ao câncer de pele quem se expõe a eles em horários de alta incidência, continuamente e ao longo de muitos anos. Os raios UV-A contribuem para o início ou piora das doenças ocasionadas pelo sol e são responsáveis pelo fotoenvelhecimento (aparecimento de manchas e rugas) e seus efeitos são cumulativos 2,4,5,42. A radiação ultravioleta natural proveniente do sol é o maior agente causador de câncer, e nas pessoas de pele branca, cabelos claros também há aumento dessa incidência. A penetração da radiação vai depender também de fatores individuais, como a raça, as regiões do corpo afetadas, a cor e outros. A espessura da camada córnea representa outro fator muito importante e explica o comportamento da pele da planta dos pés e da palma das mãos em relação à radiação solar 5,7,12,42. O trabalho sob o sol é uma rotina comum nas atividades agrícolas, pesqueiras, florestais, de construções, da pecuária, dos carteiros e muitas outras. O desconforto térmico em ambientes quentes é responsável pela perda de: produtividade, motivação, velocidade, precisão, continuidade e o conseqüente aumento da incidência de acidentes e doenças. Outros fatores de risco como pele clara, olhos azuis ou verdes, cabelos loiros ou ruivos, tempo de exposição ao sol, imunidade reduzida por doença ou por medicamentos, propensão a queimaduras e sensibilidade solar, além dos fatores genéticos são importantes e devem ser pesquisados.1,6,7,42 Observa-se na literatura mundial que as variáveis: sexo, idade, tempo de profissão, cor da pele, tempo de exposição diária, uso de protetor solar, história familiar positiva, nível de escolaridade e renda são apontadas como os principais fatores de risco de fotodermatoses. O risco para lesões cutâneas pré-malignas e 16 malignas foi comprovado que é diretamente proporcional à idade, portanto, a pessoa de idade mais avançada aumenta a probabilidade42. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, o câncer mais freqüente é o de pele, como já citado na introdução deste trabalho, correspondendo a cerca de 30% de todos os tumores diagnosticados em todas as regiões geográficas. Segundo dados do Registro Nacional de Patologia Tumoral e Diagnósticos de Câncer do Ministério da Saúde, são lesões habitualmente de fácil diagnóstico, que pode ser feito, na maioria dos casos, apenas com exame físico, dispensando a necessidade de exames sofisticados e, quando diagnosticadas e operadas precocemente, possuem índices de cura acima de 95%. 2 Estatísticas dos Estados Unidos da América mostram que surge cerca de 1 milhão de casos-novos, anualmente, de todos os tipos de câncer de pele, sendo 40.000 casos de melanoma cutâneo, tipo mais sério de câncer de pele .13,18,19,21 O Estado do Ceará tem um dos maiores índices de câncer de pele do Brasil2. Há uma relação importante entre diversas dermatoses e a exposição aos raios solares, sendo o câncer de pele a principal dermatose e, portanto, o principal objetivo para se realizar um planejamento e definir estratégias de prevenção. Apesar da baixa mortalidade, os custos devido a tratamentos e seqüelas de cirurgias são muito altos para os sistemas de saúde. Este tipo de câncer é o mais freqüente de todos os tipos de câncer que acometem o ser humano2,8. O programa Nacional de Controle do Câncer de pele, no Ceará, em 2005, revela que o sexo feminino é mais acometido, em torno de 68,7%. Chamam muita atenção os dados estatísticos quando se detecta que os maiores índices estão justamente na exposição ao sol sem proteção, que chegam a 81,9%3,26. As pessoas que se expõem ao sol de forma prolongada e freqüente constituem o grupo de maior risco de contrair câncer de pele, principalmente as pessoas de pele clara.1,6,12. No Brasil, mais especificamente no Sul, devido à colonização, há o predomínio de indivíduos de pele branca, tipos 1 e 2, por isso as taxas de carcinomas têm sido crescentes.1,2,4. Vários são os fatores que devem alertar os médicos e pacientes quanto à possibilidade de um indivíduo vir a apresentar um câncer de pele: ☼ Pessoas que possuem familiares que já tiveram câncer de pele. 17 ☼ Pessoas de pele clara, olhos azuis ou verdes, cabelos loiros ou ruivos. ☼ Pessoas com a imunidade reduzida por doença ou por medicamentos. ☼ Pessoas albinas ou portadoras de algumas doenças que predispõem ao câncer de pele. ☼ Pessoas que já se expuseram ou se expõem ao sol excessivamente. ☼ Pessoas expostas prolongadamente a raios X, raios ultravioleta, arsênico ou outros produtos químicos. ☼ Pessoas que possuem uma quantidade grande de pintas. Um trabalho, publicado pela Academia Americana de Dermatologia, demonstra que a exposição aos raios ultravioleta provoca sensações de prazer e bem-estar (Revista Veja, edição 1920, 31 de agosto de 2005). No experimento, os médicos dispunham de duas câmaras de bronzeamento artificial, mas apenas uma delas emitia raios ultravioleta de verdade. Ao longo de algumas semanas, os pacientes alternavam as câmaras, sem saber que uma delas era falsa. Em 92% dos casos, os relatos de satisfação e contentamento foram associados apenas à câmara verdadeira. "Acredita-se que os raios ultravioleta, sobretudo os do tipo B, estimulem a produção de endorfinas, os neurotransmissores responsáveis pela sensação de bemestar e prazer", disse à VEJA o médico americano Richard Wagner, um dos autores do estudo da Universidade do Texas. Tal achado é importante, pois poderíamos acrescentar mais um fator de risco: o prazer causado pelas radiações ultravioleta45. O câncer de pele é um grave problema de saúde pública devido ao aumento em sua incidência no século XX 2,13,30,31 . Por ser um câncer que compromete inicialmente a pele, o diagnóstico precoce pode ser feito, na maioria dos casos, apenas com exame físico, dispensando exames sofisticados 3,4 . O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento de qualquer tipo de câncer, e mais ainda para o câncer de pele. Existem três tipos básicos que são responsáveis por mais de 95% de todos os casos de câncer de pele. São eles: o Carcinoma Basocelular (CBC), é o tipo mais comum de câncer de pele, correspondendo a cerca de 80% de todos os casos deste tipo de câncer. Pacientes com CBC na sua evolução, freqüentemente, desenvolvem outros tumores durante o período de acompanhamento. Em um artigo publicado recentemente na revista Journal of the American Academy of Dermatology 44 , os autores elucidaram os efeitos relativos do padrão de exposição da radiação 18 ultravioleta e o sítio e tipo histológico do primeiro tumor sobre a taxa de aumento do número de lesões de CBC; o Carcinoma Espinocelular (CEC), segundo tipo mais freqüente de câncer de pele; e o Melanoma Cutâneo, que entre os três tipos de câncer de pele mais comuns é o menos freqüente, porém é aquele que apresenta as conseqüências mais devastadoras 8,19,21,26. É um fato, registrado por medidas em vários locais do mundo, que a camada de ozônio devido à excessiva poluição em conseqüência do desastroso caminho seguido pela humanidade, que optou pelo desenvolvimento a todo custo, está diminuindo numa taxa média anual de 4% por década, segundo os cientistas 41. Como a camada é o único filtro natural protetor contra a radiação UVB, caso não se opte por outro modelo de crescimento, prevê-se um aumento do buraco na camada nos próximos anos. A radiação UVB está sendo monitorada em todo o mundo, inclusive no Brasil, pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial - INPE. Ainda não há evidências concretas do aumento do UVB nos últimos anos. O índice de UVB é um número, numa escala de 0 a 16, que indica a intensidade do sol num determinado instante ou num determinado dia (valor máximo)26,32. Evidências indicam que a pele humana pode sofrer danos severos quando exposta à radiação UVB natural do sol. Os efeitos mais citados na literatura são os cânceres de pele e a supressão do sistema imunológico. A supressão da capacidade imunológica enfraquece o sistema de defesa contra o câncer de pele e debilita a defesa contra doenças infecciosas42. A radiação solar mais conhecida é a faixa visível, mas duas outras faixas importantes são a do ultravioleta e a do infravermelho. A faixa do ultravioleta é subdividida em 3: UVA (entre 400 e 320 nm), UV-B (entre 320 e 280 nm) e a UV-C (entre 280 e 100)44. As radiações UVB são determinadas, no Brasil, pelo INPE, e tem base numa rede de medidores de radiação UVB espalhados no Brasil de modo a cobrir o país de maneira adequada.2,26 Nas últimas décadas, ampliou-se o conhecimento referente à etiologia do câncer de pele e identificou-se a radiação ultravioleta como um dos principais agentes envolvidos. A maior fonte natural de radiação ultravioleta é o sol, ao qual a pele está em constante exposição, seja durante atividades recreativas ou de trabalho 13,15,17,18,44 . 19 Qualquer um pode ter um câncer de pele, mas ele é particularmente comum nos grupos citados anteriormente. Além de profissionais que, constantemente, expõemse ao sol, como aquelas ocupações anteriormente citadas, o câncer de pele parece ter um componente hereditário, e a exposição a certos produtos químicos como os arsênicos podem, também, causar câncer4,42. O buraco na camada de ozônio, que é um fenômeno da Antártica, cresceu de 2 milhões de km2, em 1980 para 23 milhões de km2, em 1999. Mas, acredita-se que, para o bem de todos, não vai aumentar muito mais do que isto, ou seja, o tamanho está saturado.13,41,44 A intensidade da radiação UVA que chega até a camada basal da epiderme é 700 vezes maior que a radiação UVB. Isso significa que em condições normais de exposição ao sol, a radiação UVA é tão mutagênica, carcinogênica e imunossupressora quanto a UVB. As células normais da pele crescem, dividem-se e são substituídas. Isto mantém a pele saudável. Os raios solares danificam estas células da pele, provocando rugas prematuras, câncer e outros problemas de pele. Ficar habitualmente sob o sol, mesmo se não se queimar, pode causar dermatoses relacionadas ao sol, culminando, em longo prazo, com o câncer de pele.4. O bronzeamento é a tentativa do corpo de se proteger dos prejudiciais raios quanto à radiação UVB. A maioria dos cânceres de pele ocorre em áreas do corpo expostas repetidamente ao sol. Essas áreas incluem a cabeça, pescoço, face, terço superior da orelha, mãos, antebraço, ombros, dorso, tórax do homem e dorso e pernas em mulheres. A prevenção do câncer de pele, no adolescente e no adulto jovem, é importante, pois se estima que nessa faixa etária os indivíduos permanecem grande parte do tempo ao ar livre.14,23,24. Os dados da literatura demonstram que 50% dos adolescentes bronzeiam-se intencionalmente 13 , poucos aplicam o filtro solar ou usam chapéu e camisa, ficando assim expostos, excessivamente, à radiação durante o verão. Esse fato é importante porque o dano da pele induzido pelo sol é cumulativo e o câncer se desenvolverá quando o limite deste dano for atingido.22,23,24. O uso de filtro solar é uma boa medida 20,32,33,34 para reduzir a quantidade de radiação ultravioleta e queimadura solar, mas também são necessários outros meios físicos de fotoproteção e o cuidado com relação ao horário de exposição ao sol para 20 diminuir a incidência de câncer de pele.26,35 A identificação do indivíduo de alto risco é importante para o desenvolvimento de esforços de prevenção eficiente. 16,18,21,22,28 . Populações de pele alva que se queimam facilmente, ao invés de se bronzearem, correm grandes riscos comparados àquelas de pigmentação escura. Há também um aumento da incidência de câncer, geograficamente, quando nos aproximamos do Equador, sugerindo que há uma grande intensidade de sol em diferentes latitudes 20. O filtro solar é uma arma disponível que pode ou não diminuir o risco de câncer de pele, dependendo da maneira como se usa. As pessoas menos esclarecidas que acabarem ficando mais tempo expostas ao sol por acharem que estão protegidas com os filtros solares podem até aumentar o risco de desenvolver um câncer de pele. Existem vários filtros solares que protegem contra os raios UVB e UVA. Deve-se escolher um filtro que proteja de ambos os raios ultravioleta. Dentre as recomendações de uso de protetor solar, citadas ao longo deste trabalho, o alerta vem dos especialistas, é importante ter em mente a maneira correta de passar o protetor solar em todas as áreas que os raios de sol podem atingir, incluindo-se orelhas, região posterior do pescoço e do couro cabeludo com pouco cabelo 29. A Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças – CID e de Problemas Relacionados à Saúde é a última de uma série que se iniciou em 1893 como a Classificação de Bertillon ou Lista Internacional de Causas de Morte. Conseqüentemente, como a observação da Décima Revisão mostrará, foi mantida a tradicional estrutura da CID, porém um esquema de código alfanumérico substituiu o anterior que era apenas numérico. As antigas classificações suplementares de causas externas e de fatores que exercem influências sobre o estado de saúde e de oportunidades de contato com serviços de saúde passaram a fazer parte do corpo da classificação 43. O novo CID enfatiza essas afecções de exposição ocupacional: radiações actínicas (X32: Z57.1); Outras Alterações Agudas da Pele devidas à Radiação Ultravioleta (L56): Dermatite por Fotocontato (Dermatite de Berloque) (L56.2); Urticária Solar (L56.3); Outras Alterações agudas Especificadas da Pele devidas à Radiação Ultravioleta (L56.8); Outras Alterações Agudas da Pele devidas a Radiação Ultravioleta, sem outra especificação (L56.9); Radiação Ultravioleta (W89; Z57.1); Alterações da Pele devidas à Exposição Crônica à Radiação Não Ionizante (L57); 21 Ceratose Actínica (L57.0); Outras Alterações; Dermatite Solar; "Pele de Fazendeiro", "Pele de Marinheiro" (L57.8); Queimadura Solar (L55). 22 OBJETIVOS 2223 6. OBJETIVOS 6.1 GERAL Analisar as fotodermatoses relatadas em carteiros, na ECT/DR/CE, em Fortaleza/Ce. 6.2 ESPECÍFICOS 1. Identificar as principais fotodermatoses em carteiros; 2. Determinar o grau de conhecimento e de conscientização da empresa e dos carteiros em relação a riscos de fotodermatoses. 3. Verificar a existência de associação entre fotodermatose e as seguintes variáveis: idade, tempo de exposição (carteiro) , fatores genéticos, ambientais e comportamentais 24 METODOLOGIA 2425 7. METODOLOGIA 7.1 Tipo de estudo O estudo aqui apresentado é transversal descritivo que visa avaliar causa x efeito em um determinado tempo de modo pontual. 7.2 Local de estudo A cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, localiza-se numa planície na zona litorânea, entre 3º30' e 4º30'S e 38º39' WGR um pouco abaixo da linha do Equador, numa posição nitidamente tropical entre 2º46'30'' e 7º52'15'' de latitude sul e 37º14'54'' e 41º24'45'' de longitude ocidental, portanto, uma região caracterizada por clima predominantemente equatorial e intertropical, favorecido por suave e constante brisa vinda do mar, que proporciona uma temperatura média de 27º. As chuvas são mais freqüentes nos meses de janeiro a julho, numa média anual de aproximadamente 1.600mm. A cidade é ensolarada praticamente o ano inteiro. Foi chamada, poeticamente, por José do Patrocínio de “Terra da Luz” por ter sido o primeiro estado brasileiro a libertar os escravos, mas poder-se-ia chamá-la de Terra da luz ou do sol no sentido estrito da palavra. 7.3 O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT Atendendo a Portaria 3237, de 1972, com base da recomendação n° 112 da Organização Internacional do Trabalho - OIT, o governo determina a obrigatoriedade de instalação dos SESMT em todas as empresas sediadas no território nacional, dependendo do seu grau de risco e do número de funcionários. A portaria 3214 de 1978, fundamentada no Art. 200 da CLT (com redação dada pela Lei 6514/77) aprova as “Normas Regulamentares – NR”; essas normas se 26 constituem um guia básico para todos profissional envolvido com a saúde do trabalhador. A NR-4 cuida especialmente do SESMT 49,50. A ECT dispõe do SESMT, instalado na sede, sendo composto pelos seguintes profissionais especializados: 1. De nível superior, 1 Engenheiro de Segurança do Trabalho, 1 Médico do Trabalho, 7 Clínicos; 1 Enfermeira do Trabalho; 8 dentistas; 2. De nível médio, 2 Técnicos de Segurança do Trabalho, 4 Auxiliares de Enfermagem do Trabalho, equipe de apoio, incluindo estagiários. Já a Portaria SSS n° 8/96, referente à Norma Regula mentadora n° 7 - NR-7, obriga a elaboração e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, por parte dos empregadores e instituições que admitam trabalhadores, com o objetivo de promoção e prevenção da saúde do conjunto dos seus trabalhadores49. Esta citação é importante tendo em vista que este trabalho está relacionado com uma categoria profissional, o carteiro. 7.4 População Em Fortaleza, a ECT dispõe de 619 carteiros, distribuídos em 14 agências, chamadas de Centrais de Distribuição Domiciliar- CDDS, em quatro regiões, ou seja, Região 1, CDDS: Centro, Francisco Sá, Praia Leste, Conjunto Ceará, Rodolfo Teófilo, Antonio Bezerra; Região 2, CDDS: Fortaleza, Aldeota, Aguanambi, Papicu; Região 3, CDDS: Parangaba, José Walter; Região 4, CDDS: Messejana, Cidade dos Funcionários. Para o estudo, usamos um o cálculo de amostragem, o estratificado, sendo calculada a amostragem por região. 7.5 Amostra Para o cálculo do tamanho da amostra escolheu-se a variável “câncer de pele”, com uma prevalência estimada no sexo feminino em torno de 68,7%. Empregou-se a fórmula a seguir, para populações finitas, considerando-se um nível de significância de 5% e um erro amostral de 11%. 27 n = t25% x P x Q x N / [e2 (N – 1 ) + T25% x P x Q] Onde: n é o tamanho da amostra (n=120); t é o valor da distribuição t de Student (t5%=1,96); P é a população de pessoas com câncer de pele(P=68,7%); Q é a população de pessoas sem CA de pele (Q=31,3%) N é o tamanho da população(N=619) e é o erro amostral relativo(e=11%) ou um erro amostral absoluto de 7,5% TABELA 1: NÚMERO DE CARTEIROS POR REGIÃO, FORTALEZA/CE, JUNHO/05 REGIÃO Nº DE Nº AMOSTRADO 1 CARTEIROS 216 46 2 180 41 3 79 20 4 144 13 total 619 120 28 Região 3 144 Região 1 216 Região 4 79 Região 2 180 GRÁFICO 1: NÚMERO DE CARTEIROS POR REGIÃO 7.6. Coleta de dados Em dias seguidos, foram realizadas visitas às CDDs escolhidas, aleatoriamente. Na CDD foi feita uma solicitação de apoio ao seu respectivo gerente que por sua vez convocou todos os carteiros no seu próprio local de trabalho. Finalizada a apresentação, seguiu-se uma explanação geral do tema abordado e foi entregue a cada carteiro o questionário (anexo II). Em poucos minutos o mesmo foi respondido e recolhido. O questionário era composto de questões gerais demográficas (cor da pele, cor dos olhos, cor dos cabelos, sensibilidade da pele ao sol e idade); hábitos de vida em geral (tempo de exposição ao sol no trabalho e questões específicas referentes ao surgimento de lesões de pele nos últimos seis meses). Ainda na ocasião foi respondido também o termo de consentimento esclarecido pelos carteiros de acordo com o cálculo de amostragem já mencionado. Após coleta dos dados foi feita uma planilha, e criado um banco de dados, incluindo todas as variáveis necessárias para a elaboração de tabelas e gráficos, objetivando realizar uma análise paralela às outras já realizadas na literatura mundial. Em seguida, realizaram-se as conclusões e, finalmente, definida uma proposta estratégica básica de prevenção, baseada nos dados apresentados. 29 RESULTADOS E DISCUSSÃO 2930 8. RESULTADOS E DISCUSSÃO A coleta de dados aqui apresentada provém de um questionário composto de 16 perguntas fechadas e abertas conforme descrito no capítulo anterior, elaborado pelo pesquisador autor deste trabalho. 8.1 ANÁLISE UNIVARIADA DAS VARIÁVEIS: Os resultados finais da coleta encontram-se nas tabelas 2 e 3 para análise univariada das variáveis e apresentam-se em tabelas e/ou gráficos. Para as variáveis relacionadas com a idade e tempo de carteiro foram calculadas as médias e desviospadrão. Para analisar as associações entre variáveis, foi feita uma análise bivariada e empregados os testes não paramétricos de Fisher, Qui-Quadrado e de FisherFreeman-Halton. Para todos os testes estatísticos fixou-se o nível de significância de 5%. A tabela número 2 representa a descrição das variáveis demográficas e comportamentais. No resultado obtido na pesquisa, verifica-se um pequeno percentual (7,6%) de carteiros com mais de 50 anos, porém cerca de 80% com menos de 13 anos de profissão. Tal achado é importante para a análise e conclusão deste trabalho. Trabalhos relacionados sobre o tema revelam que os RUV têm efeitos cumulativos, ou seja, suas células memorizam os excessos e os abusos se tornam visíveis à medida que o tempo passa, geralmente começam a aparecer as conseqüências desses abusos, com maior intensidade, a partir da 5ª década de vida 4,5,23 . Embora não seja pretensão deste trabalho fazer um estudo com crianças, mas é importante saber que até os 18 anos de idade, o tempo de exposição solar é maior do que no restante da vida em circunstâncias normais, chegando a proporção de 31 exposição ao sol entre crianças e adultos de 3:1, de tal forma que há o interesse de ter cuidados especiais desde a infância e em jovens. 9,13,14, 23, 24, 42 . Esses dados são importantes sob o ponto de vista dermatológico e de saúde ocupacional. TABELA 2: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CARTEIROS SEGUNDO CARACTERÍSTICAS, FORTALEZA, JUNHO/05 Variáveis Idade (ano) 22-28 29-35 36-42 43-49 50-57 Tempo de carteiro (ano) 1-6 7-12 13-18 19-24 Sexo Masculino Feminino Consumo de medicamentos com freqüência Sim Não Tem doença de pele não relacionada ao sol Sim Não Há casos de doença de pele na família (pais, irmãos) Sim Não n = 120 Nº % 33 22 33 22 09 27,7 18,5 27,7 18,5 7,6 56 29 09 17 47,5 24,6 7,6 14,4 116 96,7 4 3,3 10 8,3 110 91,7 05 4,2 115 95,8 20 98 16,9 83,1 Foi apurado neste trabalho que cerca de 8% dos carteiros usam medicamentos de rotina. Esses medicamentos, de uso freqüente, quase sempre são paliativos relacionados com as viroses sazonais e doenças músculo-esqueléticas em geral. Essas doenças atingem a categoria no dia-a-dia. Estudos enumeram várias medicações sistêmicas conhecidas que podem aumentar a suscetibilidade aos RUV. Isso pode ocorrer com o uso de antibióticos orais, anti-hipertensivos, agentes imunosupressores, anti-inflamatórios não-esteroidais e outros agentes, incluindo um grande número de medicações tópicas e químicos industriais. Estes incluem os 32 psoralens tópicos, tretinoína, e outros agentes despigmentantes e fotossensibilizantes. Alguns óleos essenciais (bergamota, lima, baunilha, etc) podem causar fotoalergia. Reações de fotossensibilidade parecem ser mais prevalentes em grupos de pacientes mais idosos. Uma apresentação semelhante à pseudoporfiria pode ocorrer em áreas expostas ao sol, em pacientes recebendo naproxen ou furosemide. Diuréticos tiazídicos e agentes hipoglicemiantes que têm como base as sulfonamidas podem causar fotossensibilidade. E ainda, a utilização de certos medicamentos, como o ácido acetil-salicílico, em combinação com o protetor solar e o sol podem provocar reações alérgicas 5,42. No caso do idoso sintomático, na anamnese de rotina, deve-se sempre questionar sobre a ingestão de drogas, tendo em vista o esquecimento natural dos mesmos42, a fim de prevenir problemas associados à medicação. No questionário aplicado não se perguntou especificamente a droga em uso, embora se tenha deixado um espaço livre para quem quisesse citar e alguns até citaram o nome de drogas em uso. Vale ressaltar que não foi objetivo desse estudo aprofundar esse item e sim apenas chamar atenção para esse fato e incentivar a realização de outros trabalhos relacionados com o tema. Observa-se que cerca de 4% dos carteiros pesquisados já têm uma dermatose diagnosticada que não é relacionada ao sol assim como doenças de pele na família, que chega a cerca de 20%. Trabalhos demonstram que a constituição genética está incluída no rol dos fatores de risco para as fotodermatoses devido à ação deletéria das radiações RUV. 4,5,12,15 Os carteiros pertencem a uma categoria profissional de bom nível cultural em relação à população em geral, quando se tem alguma patologia em família, por exemplo, os mesmos, de rotina, aprazam consultas médicas com o intuito de se fazer prevenção. Analisando a distribuição por faixa etária, observou-se que o número do sexo feminino é insignificante no nosso estudo. Segundo o site da Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD39, 69% da população em geral não se protege contra o sol, sendo esta maioria formada por homens já que as mulheres possuem maiores preocupações com o envelhecimento da pele. Já outras pesquisas apontam que o homem atual também está aderindo paulatinamente ao mesmo comportamento27. Não se têm dados precisos referentes a absenteísmo na ECT referente a fotodermatoses e até mesmo uma previsão que poderá se concretizar com o passar 33 do tempo, porém é consenso geral que o impacto econômico para as empresas, para a Previdência e para o país devido às doenças ocupacionais é elevado, o que implica em custos exorbitantes. O mundo globalizado exige das empresas maior eficiência, como forma também de aumentar a produtividade e os lucros que poderão se reverter em benefício para a própria categoria trabalhadora. É, portanto, mais do que necessário se investir em prevenção. O velho Henry Ford, já dizia em 1910: “O lucro de minha empresa se inicia no departamento médico” 46. A empresa necessita conhecer mais a relação de gastos custo x benefício, de maneira mais científica e menos empírica. Acredito que este trabalho possa contribuir para amenizar essas desinformações e até incentivar a realização de outros trabalhos. Temos a convicção de que somente com dados estatísticos em mãos terse-ão condições de planejar, cortar gastos supérfluos, conhecer pontos fracos, enfim aplicar de maneira correta o manual que rege os princípios básicos de uma boa administração. Recentemente, a Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei nº 1.008/03, de autoria da deputada Angela Guadagnin (PT-SP)25, que estabelece que o câncer de pele possa ser enquadrado como doença relacionada ao trabalho se for resultante da exposição permanente do trabalhador a radiação solar a céu aberto. O projeto prevê ainda que seja pago um adicional de 20% sobre a remuneração aos trabalhadores submetidos a essa condição de trabalho. Para a deputada, os trabalhadores rurais e urbanos afetados pelas doenças de pele devem ter a garantia do gozo dos benefícios previdenciários que socorrem os trabalhadores acometidos de outras doenças consideradas como profissionais ou ocupacionais. “O adicional de insalubridade seria um fator para obrigar os empregadores a fornecer instrumentos de proteção aos trabalhadores, como o filtro solar, por exemplo, afirmou Ângela, Comissão de Seguridade Social”. Informes PT. (Câmara dos Deputados). 34 7,6% >50a 46,2% 22 a 35a 46,2% 35 a 49a GRÁFICO 2: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CARTEIROS POR FAIXA ETÁRIA, FORTALEZA, JUNHO/05 TABELA 3 : DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CARTEIROS SEGUNDO AS VARIÁVEIS RELACIONADAS ÀS DERMATOSES, FORTALEZA, JUNHO/05 Variáveis FOTOTIPO 1. Pele branca-clara , olhos azuis, cabelos louros, sardento 2. Pele branca-clara, olhos verdes ou claros, cabelos louros ou ruivos Nº % 3 23 2,5 19,3 35 3. Pele morena-clara, olhos castanhos 4. Pele morena-escura, cabelos castanhos escuros, olhos escuros 5 Pele parda, mulato, morenas quase negras, cabelo preto, olhos pretos 6. Pele preta (negra) Sensibilidade da pele relacionada com a exposição ao sol Sim Não Apresenta alterações de pele relacionadas com a exposição ao sol nos últimos 6 meses 1. Ferimentos que não cicatrizem 2. Pintas (manchas brancas) e/ou Eritemas (pele fica vermelha) 3. Manchas escuras e/ou pigmentação de pele, pele bronzeia 4. Sinais ou Verrugas que crescem ou mudam de cor 5. Coceiras, secura, descamação, irritações de pele 6. Outras (bolhas, placas vermelhas,etc.) Horas totais de trabalho ao sol das 10 às 16 h Até 3 3,1 a 4 4,1 a 6 Horas que acha que o sol não é prejudicial Não sabe Tem noção Está bem informado Importância do uso do protetor solar Evita CA de pele Protege a pele de outras dermatoses Não sabe No lazer número de exposição ao sol das 10 às 16h durante o mês Nenhuma 1-3 4-6 7-8 Não respondeu 67 20 6 1 56,3 16,8 4,8 0,2 54 63 46,2 53,8 2 19 18 7 24 8 2,5 24,3 23 8,9 30,7 10,2 14 60 39 12,4 53,1 34,5 51 50 19 42,5 41,6 15,8 109 31 2 76,7 21,8 1,4 29 44 20 7 20 24,1 36,6 16,6 5,8 16,6 n=120 A tabela 3 apresenta distribuição das características dermatológicas da amostra e de exposição ao sol. A maioria da amostra era constituída por pessoas de pele do tipo 1, 2 e 3 , cerca de 80% portanto, correspondendo aos fototipos de maior risco a fotodermatoses. Sendo que os tipos 1 e 6, de maior e menor risco, respectivamente, foram insignificantes. Trabalhos comprovam que as pessoas que se expõem ao sol de forma prolongada e freqüente, constituem o grupo de maior risco de contrair câncer de pele, principalmente as pessoas de pele clara. As recomendações são consenso geral: maiores cuidados deveriam ser tomados quando a pele for clara, se tiverem sardas, se tiver erupções no malar ou estiver tomando medicação que aumente a sensibilidade ao ultravioleta como abordado anteriormente.4,5,9,15,16,42. 36 Sabe-se, também, que as exposições moderadas ao sol, ou seja, nas primeiras horas da manhã e nas últimas horas da tarde, é uma prática saudável, porque ativam a circulação sanguínea periférica e possibilitam e incrementam a síntese de vitamina D na pele42 . Os carteiros praticamente não se expõem ao sol nestes horários. Já os abusos, que sejam intencionais ou não, principalmente no período em torno do meio dia, podem causar danos a curto e em longo prazo. A variável exposição ao sol foi o destaque deste trabalho, em contrapartida o quesito relacionado à exposição ao sol em horas de lazer apenas foi citado, ficando em segundo plano, pois foge ao objetivo deste, embora segundo trabalhos haja associação entre fatores econômicos em decorrência do tipo de trabalho ou dos hábitos de lazer 4, 42,45. Quanto ao item sensibilidade da pele com a exposição ao sol, observa-se que 46,2% dos carteiros apresentam alterações de pele relacionadas com essa exposição nos últimos seis meses. Os efeitos agudos mais encontrados foram pintas brancas, eritemas, coceiras, securas, descamação e irritações da pele. No Ceará, praticamente é ensolarado o ano todo, há dois períodos, ou seja, duas estações meteorológicas, uma de chuva e outra de estiagem, de tal forma que não há limites bem definidos entre elas como acontece em outras regiões do planeta como, por exemplo, no nosso país, o sul do Brasil 3. Os habitantes desse Estado, mais especificamente na área litorânea, no caso Fortaleza, local deste estudo, o organismo humano transpira mais que em outros lugares menos quentes para equilibrar a temperatura interna e o excesso de transpiração, que quando excessiva pode causar desidratação e outras implicações associadas. Além disso, a exposição da cabeça, junto com outras partes do corpo, sem proteção pode levar a um sério quadro de insolação. O resultado é o aumento de dermatoses ou fotodermatoses mais especificamente, gerando a doença e o absenteísmo crescente nas empresas em geral, com suas conseqüências econômicas 46, 47. Voltando-se para uma análise psicológica superficial dos profissionais que fazem a maior parte de seu trabalho externo, na rua, em horários não favoráveis, supõe-se que quando acometidos com essas afecções, que podem levar a estigma, abalar a auto-estima, causar constrangimentos e culminar com importantes alterações de comportamento, que variam de agressividade até timidez excessiva, e 37 também desencadear depressão. Tais mudanças comportamentais, talvez, seja mais um fator para insatisfação no trabalho, aumento das despesas médicas e absenteísmo. Profundo é o pensamento do escritor francês Paul Valéry, “o que há de mais profundo no ser humano...é a sua pele”. Observa-se que a maioria dos carteiros (87,6%) trabalha ao sol no horário de maior incidência de RUV, ou seja, no horário das 9 às 16h. Portanto, neste horário a pele deve ser protegida dos efeitos nocivos desta radiação. Como os protetores solares não oferecem 100% de proteção, outras precauções devem ser tomadas também como uso de bonés e roupas apropriadas que contribuem para que se chegue perto do ideal 42-44. A ECT disponibiliza a todos os carteiros além do filtro solar, bonés vazados, que permitem melhor a ventilação. Segundo pesquisa da própria empresa, publicada no jornal Correios do Brasil número 62, 90% dos carteiros usam bonés. Chapéus também seria uma opção para atender as peculiaridades regionais e dar maior proteção ao rosto e ao pescoço. A camisa unissex é confeccionada de malha fina podendo ser de manga curta ou longa. O mesmo jornal, número 68, traz a novidade de que gradativamente os óculos passarão a fazer rotina dos empregados com atividades externas31. Quanto à consciência coletiva, apenas cerca de 20% dos carteiros está bem informado com relação ao horário de maior incidência de RUV, mas por outro lado quase a totalidade cerca de 100% está consciente da importância do protetor solar. O filtro solar aprovado pelos Correios tem fator de proteção n° 25, acima do mínimo recomendado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, o n° 15. Ele é fornecido em bombonas de quatro litros aos CDDS espalhados pela cidade com mais de cinco carteiros ou em frascos individuais para unidades menores. Para efeito de esclarecimento é definido Fator de Proteção Solar (FPS) como sendo a dose mínima eritematosa na pele protegida dividida pela dose mínima eritematosa na pele não protegida 35,41,48. 38 2,5% Tipo 19% Tipo 56% Tipo 17% Tipo 5% Tipo GRÁFICO 3: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE 1 2 3 4 5 CARTEIROS POR FOTOTIPO, FORTALEZA, JUNHO/05 Mas o que chamou a atenção no período desta pesquisa é que os carteiros não seguiam as orientações do Instituto Nacional Metrologia e Normas-INMETRO, o qual destaca que a eficiência de um protetor solar está relacionada diretamente a sua utilização correta 29,42. Observou-se que os carteiros usam o protetor apenas uma vez ao dia, mais precisamente pouco antes se saírem para o trabalho externo, e que não usam os ditos frascos individuais quando necessário. Transpiração excessiva como foi citado anteriormente, e natação, também já destacado em outras ocasiões, retiram os produtos de proteção solar e, portanto, faz-se necessário renovar a aplicação. Um protetor solar utilizado sob uma base, deve secar no mínimo 20 minutos antes de se colocar a base, assim é recomendado29. A classificação dos agentes protetores solares pode ser dividida em três categorias: 1. Protetores solares químicos, que funcionam pela redução da quantidade de UVRs que atingem o estrato córneo pela absorção da radiação danosa; 2. Protetores solares químicos que funcionam pela dispersão e reflexão dos UVRs e da radiação visível; 3. Combinação de protetores solares contendo dois ou mais agentes absorventes de UVR e agentes dispersores como o óxido de zinco, dióxido de titânio, etc. Os bloqueadores químicos possuem o ácido para-aminobenzóico (PABA) ou seus derivados, denominados PABA ésteres (também o Amildimetil PABA, conhecido como Padimate-A e Escalol 506 ou Octildimetil PABA, também conhecido como 39 Padimate-O ou Escalol 507), benzofenonas (oxibenzona e sulisobenzona), cinamatos (octilmetoxicinamato e cinoxato), salicilato (homometil salicilato) e antranilatos. A mais importante qualidade de um bloqueador químico é a capacidade de absorver UVR. Os bloqueadores físicos contêm ingredientes in natura que não absorvem os UVRs, seletivamente, mas quando aplicados em um filme fino, primariamente refletem e dispersam os UVR e a radiação visível devido ao tamanho das partículas e à espessura do filme. Estes incluem o óxido de zinco, o dióxido de titânio, o talco (silicato de magnésio), o óxido de magnésio, caolim, óxido ferroso ou férrico, sulfato de bário e petrolato vermelho. Os bloqueadores solares físicos são essenciais para pacientes particularmente sensíveis à UVR assim como à radiação visível, e são normalmente aplicados em áreas limitadas como nariz, lábios, ou orelhas 5,29,42. até 3 h 12% 4,1 a 6h 35% 3,1 a 4h 53% GRÁFICO 4: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CARTEIROS POR TRABALHO AO SOL DAS 10 ÀS 16h, FORTALEZA, JUNHO/05 Tem Noção 42% Bem Informado 16% Não Sabe 42% GRÁFICO 5 : DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CARTEIROS POR GRAU DE CONSCIÊNCIA REFERENTES AOS RAIOS ULTRAVIOLETA, FORTALEZA, JUNHO/05 40 8.2 ANÁLISE BIVARIADA DAS VARIÁVEIS Os resultados da análise bivariada para as variáveis demográficas e comportamentais estão demonstradas nas tabelas 4, 5, 6, 7, 8 e 9. Todos os valores de “p” para todas as tabelas foram maiores do que 0,05, portanto, não se encontrou associação entre as variáveis que se cruzaram. Verifica-se que a maioria dos carteiros, cerca de 70%, é ainda jovem com menos de 42 anos de idade e cerca de 70% tem menos de 13 anos de profissão, conforme se verifica pela média do tempo de carteiro e da média das idades. Os trabalhos com o tema demonstram que as dermatoses associadas à exposição aos raios solares começam a aparecer a partir principalmente da 4ª e 5ª década de vida 23,24. TABELA 4: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CARTEIROS POR FOTOTIPO E TEMPO DE SOL DAS 10 ÀS 16H, FORTALEZA, JUNHO/05 TEMPO DE SOL DAS 10 ÀS 16h FOTOTIPO 1 TOTAL Até 3 - 3,1 a 4 3(5,1%) 4,1 a 6 - 3(2,7%) 2 3(21,4%) 9(15,3%) 10(25,6%) 22(19,6%) 3 7(50%) 33(55,9%) 23(59%) 63(56,3%) 4 2(14,3%) 13(22%) 3(7,7%) 18(16,1%) 41 5 2(14,3%) TOTAL 14(100%) 1(1,7% 3(7,7%) 6(5,4%) 59(100%) 39(100%) 112(100%) P de Fisher-Freeman-Halton=0,172 TABELA 5: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CARTEIROS POR ALTERAÇÃO DE PELE E TEMPO DE SOL DAS 10 ÀS 16H, FORTALEZA, JUNHO/05 ALTERAÇÃO TEMPO DE SOL DAS 10 ÀS 16h DE PELE NOS ATÉ 3 3,1 a 4 4,1 a 6 TOTAL ÚLTIMOS 6 MESES SIM 7(50%) 26(44,8%) 18(47,4%) 51(46,4%) NÃ0 7(50%) 32(55,2%) 20(52,6%) 59(53,6%) TOTAL 14(100%) 58(100%) 38(100%) 110(100%) X2=0,145;p=0,930 TABELA 6: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CARTEIROS POR ALTERAÇÃO DE PELE E TEMPO DE CARTEIRO, FORTALEZA, JUNHO/05 TEMPO DE CARTEIRO EM ANOS DERMATOSE 1-6 7-12 13-18 19-24 25-32 TOTAL SIM 1(1,8%) 3(10,3%) - 1(5,9%) - 5(4,2%) NÃ0 55(98,2%) 26(89,7%) 9(100%) 16(94,1%) 7(100%) 113(95,8%) TOTAL 56(100%) 29(100%) 9(100%) 17(100%) 7(100%) 118(100%) X2=4,32;p=0,366 42 As tabelas 4 e 5 são referentes aos fototipos, alterações de pele e tempo de sol no horário das 10 às 16 horas (p=0,930). As pessoas do fototipo 1 e 2 , de pele branca, são de maior risco a lesões cutâneas pré-malignas e malignas, em relação aos não brancos 4,5. Rocha e cols demonstraram que idade, pessoas de pele clara e cabelos claros, com presença de lesões de pele resultantes da exposição crônica à luz, como elastose solar, grande números de melanoses nas mãos e outras dermatoses, tem maior risco de desenvolver lesões cutâneas pré-malignas e malignas, devendo esses marcadores cutâneos ser utilizados na detecção dos grupos de risco nas campanhas de prevenção. Por exemplo, a região das cidades do Espírito Santo tem elevada porcentagem de ocorrência de câncer de pele, pois grande parte da população é colono de pele clara, que emigram da Europa, e seus descendentes que se fixaram nessas cidades 4. Observa-se que os fototipos 1, 2 e 3 representam 85% de exposição ao sol no horário considerado de maior risco ( P=0,172 ), ou seja, maior exposição aos RUV. Dos 120 questionários respondidos cerca de 47% dos entrevistados referem alterações de pele nos últimos seis meses relacionados com a exposição aos raios solares. TABELA 7: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CARTEIROS POR ALTERAÇÃO DE PELE E TEMPO DE CARTEIRO, FORTALEZA, JUNHO/05 ALTERAÇÃO DE PELE NOS ÚLTIMOS 6 MESES 1. Ferimentos que não cicatrizem TEMPO DE CARTEIRO EM ANOS 1-6 7-12 13-18 19-24 TOTAL 1 - 1 - 2 9 4 1 5 19 7 8 2 1 18 2. Pintas (manchas brancas) e/ou Eritemas (pele fica vermelha) 3. Manchas escuras e/ou pigmentação de pele, pele bronzeia 43 4. Sinais Verrugas que crescem ou mudam de 4 2 1 - 7 10 10 5 1 24 3 4 - 1 8 34 28 10 8 78 cor 5. Coceiras, secura, descamação, irritações de pele 6. Outras (bolhas, placas vermelhas,etc.) TOTAL Nas tabelas 6 e 7 observa-se que apenas 5% dos carteiros apresentam dermatose ao longo dos anos. Riscos para lesões cutâneas pré-malignas e malignas são proporcionais à idade 4,5,13,42. Observa-se, ainda, que 82,1% dos carteiros têm menos de 13 anos de profissão, os quais apresentam cerca de 80% de todas as dermatoses mencionadas. Exposição ao sol no trabalho não mostrou associação conforme testes acima mencionados. As dermatoses mais apresentadas são: coceiras, secura, descamação, irritações de pele, pintas , eritemas, manchas escuras e/ou pigmentação de pele e bronzeamento de pele. Sabe-se que após a exposição da pele aos RUV ocorre um aparecimento de eritema, que é denominado de dose eritematosa mínima (DEM), quando se apresenta rosáceo e é anulado com uma pequena pressão sobre o mesmo e são observadas entre 16 e 24 horas após a exposição à radiação ultravioleta 35. A pigmentação da pele também influencia a sensibilidade aos RUV, sendo as peles tipo 4, 5 e 6 menos sensíveis. No organismo humano, a pele é o órgão que efetua o maior aproveitamento desta energia radiante. A resposta cutânea à radiação solar se caracteriza pela formação de eritema, melanogênese, incrementando o número de queratonócitos e da espessura da camada córnea, com formação do estrato lúcido na parte mais profunda. O eritema é o mais simples dos acidentes cutâneos provocados pelo sol. É uma resposta normal e transitória que se deve a reações 44 originadas na camada espinhosa epidérmica e na derme quando os átomos de energia (radiação de forma intermitente) atravessam a camada córnea 5,42. As queimaduras da pele são causadas pelos raios ultravioleta. As zonas de queimadura solar se apresentam com um quadro inflamatório, em que predominam o eritema, sensação de calor acompanhada de dores. Efeitos tardios podem ocorrer após períodos prolongados de exposição a fontes de RUV, naturais ou sintéticas. Estes incluem um decréscimo na elasticidade da pele, dando um aspecto de envelhecimento precoce ou o aumento de certos tipos de catarata. O bronzeamento ocorre após um período relativamente longo comparativamente ao eritema, este aumento da pigmentação ocorre por aumento da produção de grânulos de pigmento e pelo espalhamento mais uniforme de grânulos através das células epidérmicas. Outro efeito em curto prazo da exposição solar é a recorrência de herpes simples facial-oral, conhecido como herpes labial recorrente ou aftas 5,42. A literatura descreve efeitos dos RUV a curto e longo prazo. Algumas dermatoses foram citadas como demonstram as tabelas 7 e 9. Em curto prazo, o efeito é a alteração no padrão de crescimento das células epidérmicas. Após uma diminuição há um aumento que atinge níveis de hiperplasia na epiderme com desprendimento de células da superfície. Em longo prazo, o lentigo solar pode estar presente em mais de 90% dos caucasianos acima dos 70 anos de idade. As lesões são rasas, de coloração marrom uniforme, e são especialmente proeminentes no dorso da mão em pessoas idosas. As máculas são usualmente maiores que 1 cm, são múltiplas, com bordos circunscritos bem definidos. Para efeito de ilustração serão citadas algumas dermatoses mais comuns: A Cutis rhomboidalis nuchae: é o exemplo das mudanças profundas de textura e pigmento no pescoço da pessoa cronicamente exposta ao sol. Sulcos rudes aparecem em cruzamento, dividindo uma pele espessa, coriácea e rósea. Elastose nodular com cistos e comedões: ocorre na pele exposta ao sol e é caracterizada por amplos comedões abertos (cabeças pretas), principalmente na face de pessoas idosas. Os orifícios foliculares são dilatados e contêm cornos densos e impactados. As glândulas sebáceas são atróficas. Dermatoheliose é o pré-requisito para o desenvolvimento dos comedões solares. 45 A púrpura solar ocorre freqüentemente após o trauma em peles severamente danificadas pelo sol, no antebraço de pessoas idosas. O estresse sobre o vaso leva rapidamente à hemorragia, que pode requerer meses até que o pigmento seja reabsorvido. O lago venoso, uma ectasia venosa que aparece como uma pápula macia marrom-azulada, tipicamente no lábio inferior e em outras regiões expostas ao sol como a hélix da orelha, a face e o pescoço. Cicatrizes estreladas das mãos e antebraços, foram chamadas pseudocicatrizes, mas elas são cicatrizes verdadeiras causadas pelo deslizamento da pele frágil fotodanificada. A dermatite crônica actínica, caracterizada por erupção persistente de caráter eczematoso, possivelmente associado a pápulas infiltradas e placas, afetando predominantemente a pele exposta, enquanto algumas vezes pode se estender a áreas cobertas, como eritroderma. O xeroderma pigmentoso caracteriza-se pela degeneração crônica das áreas da pele expostas ao sol, incluindo um elevado risco do desenvolvimento de câncer de pele.A urticária solar é uma condição incomum na qual a radiação UV ou radiação visível ocasiona um vergão em alguma região, ou em toda a pele exposta. O lupus eritematoso discóide crônico é uma inflamação discóide localizada na pele, ocorrendo mais freqüentemente em áreas expostas aos RUV. As lesões consistem de placas, simples ou múltiplas, vermelho-escuras, bem localizadas, de 5 a 20 mm de diâmetro, ocorrendo usualmente na face (distribuição em borboleta). O ouvido externo, o couro cabeludo e as membranas da mucosa oral podem estar envolvidos. Há atrofia, telangectasias e tamponamento folicular. A lesão é geralmente coberta por escamas secas, duras e aderidas. O envelhecimento solar, devido à exposição solar excessiva não somente pode intensificar o envelhecimento da pele, mas também pode causar sérios riscos à saúde. O envelhecimento solar significa alterações macro e microscópicas na pele como conseqüência da irradiação solar crônica. A pelagra é causada pela falta de niacina. A dermatite é precipitada pela radiação solar e freqüentemente se assemelha à queimadura solar, mas o eritema é prolongado e usualmente seguido de pigmentação e descamação 4,5,42. 46 TABELA 8: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CARTEIROS POR ALTERAÇÃO DE PELE NOS ÚLTIMOS 6 MESES X FAIXA ETÁRIA, FORTALEZA, JUNHO/05 ALTERAÇÃO FAIXA ETÁRIA DE PELE NOS ÚLTIMOS 6 22-28 29-35 36-42 43-49 50-57 TOTAL MESES SIM 19(59,4%) 9(40,9%) 17(51,5%) 5(25%) 3(33,3%) 53(45,7%) NÃ0 13(40,6%) 13(59,1%) 16(48,5%) 15(75%) 6(66,7%) 63(54,3%) TOTAL 32(100%) 22(100%) 33(100%) 20(100%) 9(100%) 116(100%) Pesquisa Direta X2=7,07;p=0,132 TABELA 9: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CARTEIROS POR ALTERAÇÃO DE PELE NOS ÚLTIMOS 6 MESES X FAIXA ETÁRIA, FORTALEZA, JUNHO/05 FAIXA ETÁRIA EM ANOS 4350ALTERAÇÃO DE PELE NOS ÚLTIMOS 6 MESES 22-28 29-35 36-42 TOTAL 1 - 1 49 - 57 1. Ferimentos que não cicatrizem 2. Pintas (manchas brancas) e/ou Eritemas 7 4 5 1 2 19 (pele fica vermelha) 3. Manchas escuras e/ou pigmentação de 7 4 4 3 - 18 pele, pele bronzeia 4. Sinais Verrugas que crescem ou mudam de - - 5 2 - 7 10 6 4 4 - 24 5 2 - 1 - 8 30 16 19 11 2 78 cor 5. Coceiras, secura, descamação, irritações 2 de pele 6. Outras (bolhas, placas vermelhas,etc.) TOTAL P de Fisher-Freeman-Halton=0,409 47 TABELA 10: DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE CARTEIROS POR ALTERAÇÃO DE PELE NOS ÚLTIMOS 6 MESES X TEMPO DE SOL DAS 10 ÀS 16H, FORTALEZA, JUNHO/05 ALTERAÇÃO DE PELE NOS ULTIMOS 6 MESES 1. Ferimentos que não cicatrizem TEMPO DE SOL DAS 10 ÀS 16 h ATÉ 3 3,1-4 4,1-6 TOTAL - 2 - 2 3 9 7 19 pele, pele bronzeia 1 9 8 18 4. Sinais, Verrugas que crescem ou mudam 1 2 4 7 1 9 14 24 2 3 3 8 2. Pintas (manchas brancas) e/ou Eritemas (pele fica vermelha) 3. Manchas escuras e/ou pigmentação de de cor 5. Coceiras, secura, descamação, irritações de pele 6. Outras (bolhas, placas vermelhas,etc.) 48 TOTAL 8 34 36 78 Nas tabelas 8, 9 e 10, observa-se que 73,9% (p=0,132) dos carteiros estão na faixa etária menor que 43 anos com o maior número de dermatoses, 78,2%. Observa-se, também, que 87,6% dos carteiros passam mais de 3 horas no horário de maior risco para RUV, apresentando cerca de 90% das dermatoses mencionadas. Esses achados, embora em desacordo com a literatura, justificam-se pela idade dos entrevistados, conforme já citado anteriormente. CONCLUSÕES 49 49 9. CONCLUSÕES Com base na amostra estudada de 120 questionários, pesquisada no mês de junho de 2005, na ECT/DR/CE, na cidade Fortaleza, pode-se concluir que: A freqüência de carteiros com mais de 50 anos é muito pequena (7,6%); Cerca de 80% dos carteiros tem menos de 13 anos de profissão; Cerca de 8% dos carteiros usa medicamentos de rotina. Esses medicamentos, de uso freqüente, quase sempre são paliativos relacionados com as viroses sazonais e doenças músculo-esqueléticas em geral; Cerca de 4% já tem uma dermatose diagnosticada que não é relacionada ao sol ; Cerca de 20% tem dermatoses diagnosticadas na família; O número de carteiros do sexo feminino é insignificante; A maioria da amostra é constituída por pessoas de pele do tipo 1, 2 e 3 , cerca de 80%, correspondendo aos biótipos de maior risco a fotodermatoses e sendo também os que mais se expõem ao sol; Os percentuais dos fototipos 1 e 6, de maior e menor risco, respectivamente, foram insignificantes; Quanto à sensibilidade da pele, observa-se que 46,2% dos carteiros apresentam alterações de pele relacionadas com a exposição ao sol nos últimos seis meses. Os efeitos agudos mais comuns são: coceiras, secura, descamação, 50 irritações de pele, pintas, eritemas, manchas escuras e/ou pigmentação de pele e bronzeamento de pele; Verifica-se que a maioria (87,6%) trabalha ao sol no horário de maior incidência de RUV, ou seja, no horário das 9 às 16h; Os carteiros usam o protetor solar apenas uma vez ao dia, mais precisamente pouco antes de saírem para o trabalho externo e não usam frascos individuais quando necessário. Segundo pesquisa da própria empresa, publicada no jornal Correios do Brasil, número 62, cerca de 90% dos carteiros usam bonés 31; Quanto à consciência coletiva, apenas cerca de 20% dos carteiros demonstra estar bem informado, com relação ao horário de maior incidência de RUV, mas por outro lado quase a totalidade cerca de 100% acha importante o uso do protetor solar; No lazer, cerca de 60% se expõem ao sol no horário das 10 às 16 h; Não houve associação (p=0,366) entre as variáveis tempo de carteiros e dermatoses. Esse achado não está de acordo com a literatura, mas atribui-se o resultado ao fato de que a maioria dos carteiros ainda é jovem e comprovadamente as fotodermatoses surgem em maior número a partir da 5ª década de vida 4,5,21,42; 87,6% dos carteiros passam mais de 3 horas no horário de maior risco para RUV, que são responsáveis por cerca de 90% das dermatoses apresentadas. 51 SUGESTÕES 52 52 10. SUGESTÕES Este trabalho contribuiu para a prevenção de fotodermatoses, incentivando os próprios carteiros a fazerem seus auto-exames, medida recomendada pelo comitê de prevenção de câncer da Sociedade Brasileira de Dermatologia 39; Acredita-se que este trabalho possa contribuir, também, para amenizar as desinformações relacionadas ao câncer de pele e abre possibilidades para que outros temas sejam abordados como: Absenteísmo e custos médicos relacionados a fotodermatoses; Análise psicológica dos carteiros, estigmatização, perda da auto-estima, constrangimentos que possam levar a importantes alterações comportamentais, como agressividade, timidez excessiva e até depressão; Causas geradoras de insatisfação no trabalho; Relação de gastos custo x benefício relacionado com fotodermatoses. Nos dias atuais, na era da globalização da economia mundial, a humanidade passa por uma revolução tecnológica sem igual com reais mudanças na sociedade. O mundo exige empresas adaptadas à nova ordem 46, que busquem maior eficiência, como forma também de se aumentar a produtividade e os lucros. É mais do que necessário se investir mais e mais em prevenção. A ECT, evidentemente, está incluída neste processo e é neste contexto que as políticas de saúde ocupacional da empresa são cada vez mais exigentes, necessárias e imprescindíveis. 53 Neste trabalho, foi constatado, por meio dos dados nele relacionados, que há necessidade de se investir mais em prevenção, pois a maioria dos carteiros ainda é jovem, tem pouco tempo de profissão e terão toda a vida pela frente. Trabalham a maior parte do tempo no horário, em que os RUV são mais nocivos à saúde, podendo trazer a curto, médio e longo prazo prejuízos à saúde. A maioria ainda não está consciente dos cuidados que deve ter. A Legislação Trabalhista Brasileira mostra avanço, seriedade e respeito no tratamento da saúde do trabalhador. O Brasil, sob o ponto de vista de leis trabalhistas, é considerado evoluído, muito embora descumpra impunemente o que se determina 48,49. O SESMT da ECT procura estar em dia com essas leis trabalhistas, porém há necessidade de aprimoramento, no sentido de conscientizar mais os carteiros com relação ao uso de proteção solar e de fiscalizar conforme a Norma Regulamentadora abaixo relacionada, cujas considerações mais importantes são 42: 1. Reação à radiação solar da pele de indivíduos normais após 45 a 60 minutos de exposição, ao meio-dia: pessoas com fototipo 1 ou 2 devem adotar um programa diário de aplicações de filtro solar; 2. Pele de pacientes com reação à UVA e UVB e aos produtos presentes nos filtros solares: Teste de fotossensibilidade e placas de contato com o filtro prescrito podem ser muito úteis ao paciente para evitar alguma dermatite de contato ou fotodermatite; 3. O tipo e a intensidade de exposição à luz solar no Ceará é muito grande e o protetor solar adotado pela ECT, recomendada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, é de boa qualidade, no entanto, recomendam-se filtros solares acrescidos de umidificantes; 4. Reação normal da pele ao filtro solar: devem averiguar ou procurar evidências de sensibilidade de contato, ou reação de hipersensibilidade tardia ou algum potencial de reação cruzada. Pacientes com uma história de dermatite atópica são normalmente sensíveis aos filtros solares PABA-derivados ou outros produtos químicos. Verificou-se existência de casos relatados na ECT/DR/CE; 5. Há necessidade de incentivar o uso de protetor solar fora do ambiente do trabalho, no lazer, orientando adultos desinformados sobre os bons hábitos de proteção solar em casa e sobre o exame da pele regularmente à procura de nevus ou 54 outras alterações evidentes. Como estes produtos ainda são caros poder-se-ia ampliar o programa. Há necessidade de se estabelecer critérios mais rigorosos, na hora da admissão de novos carteiros, através de elaboração de uma anamnese mais detalhada, incluindo dados da cultura familiar, hábitos desde tenra idade, fenótipo, antecedentes familiares, etc. A Norma Regulamentadora número 4 – NR(4) 49, no art. 4.12, diz que compete aos profissionais integrantes da SESMT, promover atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores para prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais tanto através de campanhas, quanto de programas de duração permanente. É importante aplicar a regra literalmente. Enumeramos alguns artigos desta NR mais relacionados com este trabalho com o objetivo de chamar a atenção: Artigo 6.1: considera-se Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho; Artigo 6.3: a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias; 6.5: Compete ao SESMT ou a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, nas empresas desobrigadas de manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade; 6.6: Cabe ao empregador; Artigo 6.6.1, quanto ao EPI: a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; b) exigir seu uso; d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada. 6.7: Cabe ao empregado; Artigo 6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI: a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. Artigo 6.9.3 Todo EPI deverá apresentar em caracteres indeléveis e bem visíveis, o nome comercial da empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do 55 CA, ou, no caso de EPI importado, o nome do importador, o lote de fabricação e o número do CA. 6.11.2 Cabe ao órgão regional do MTE: a) fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e a qualidade do EPI; b) recolher amostras de EPI; e c)aplicar, na sua esfera de competência, as penalidades cabíveis pelo descumprimento desta NR. 6.12 Fiscalização para verificação do cumprimento das exigências legais relativas ao EPI. f) suspender o cadastramento da empresa fabricante ou importadora; Ainda nesta NT, está relacionada a lista de equipamentos de proteção individual: – EPI para proteção dos olhos e face B.1 Óculos c) óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação ultra-violeta; d) protetor facial de segurança para proteção dos olhos contra luminosidade intensa. – EPI para proteção do tronco. 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 57 57 11. 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Geller, RN, MPH3,Dermatology Online Journal 6(1):2 , 1Palm Beach Medical Group, West Palm Beach FL 2 National Weather Service, National Meteorological Center, Washington, DC 3 Boston Medical Center, Boston, MATrasducido por el Dr. George Leal 45. Giuliana Bergamo, Paula Neiva.” Viciados em Sol”, Revista VEJA, ”, n° 1920, Editora Abril, São Paulo, 31 de agosto de 2005, p.107 . 46. Coutinho, Luciano G.A fragilidade do Brasil em face da Globalização.In:Baumann, Renato org. O Brasil e a Economia Global, Rio de Janeiro, Campus,1996, p.219-237. 47. Cortez, Manuais de Legislação Atlas.Vol. 16, Segurança e Medicina do Trabalho,1997. 48.Legislação trabalhista. Disponível em: http://www.ilo.org/public/spanish/standards/norm/whatare/stndards/osh.htm 49.Normas técnicas. Disponível em: http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/Legislacao/Normas/Default.asp 50. OIT. “Foro Abierto”, in Trabajo n°19, março de 1997, p.12-13 61 ANEXOS 62 ANEXO I CARTA AO DIRETOR REGIONAL ECT/DR/CE Ilmo. Sr. Diretor da Empresa de Correios e Telégrafos Nesta. Eu, LUIZ DE ARAUJO BARBOSA, Médico, CRM 3481, estudante do Curso de Especialização de Dermatoses de Interesse Sanitário, estou pretendendo realizar uma pesquisa estatística referente a fotodermatoses em carteiros, que tem como objetivos: 1. Fazer uma monografia, que é pré-requisito para conclusão de curso; 2. Elaborar uma pesquisa em carteiros cujo tema do trabalho é fotodermatoses em carteiros; 3. Conhecer o grupo de riscos de fotodermatoses entre carteiros; 4. Enfim, colher subsídios para melhor elaborar um programa de prevenção de fotodermatoses em carteiros. Para alcançar tais objetivos elaborei um plano de visita a cada agência da ECT, de Fortaleza/Ce com a finalidade de colher dados através do questionário anexo. Certo de que o terei como colaborador, quero desde já deixar os meus sinceros agradecimentos. Fortaleza, Maio de 2005 ___________________________________ LUIZ DE ARAUJO BARBOSA MÉDICO – CRM 3481 Obs.: Meu endereço: Ao meu pai (IN MEMORIAN) e a minha mãe, IAMG (Instituto de Assistência Medicina Geral) pelo carinho, pela dedicação e pelo exemplo Rua Assunção, 528 – Centro – Fortaleza Ce de vida, –baseado no amor e na honestidade. CEP: 60050-010 FAX: (085) 3226 0586 Fone: (085) 3224 5438 CEL.: 917 11228 63 E-MAIL: [email protected] ou [email protected] ANEXO II QUESTIONÁRIO Nº_______ Matrícula Nº__________ 1. Tempo de carteiro? _____________ 1 _____ 2. Idade:______anos 2_____ 3. Sexo: 1.Masculino 2. Feminino 3_____ 4. Assinale o seu fototipo : 1. 2. 3. 4. 5. 6. 4_____ Pele branca-clara , olhos azuis, cabelos louros, sardento. Pele branca-clara, olhos verdes ou claros, cabelos louros ou ruivos (avermelhados). Pele morena-clara (média das pessoas brancas normais), olhos castanhos. Pele morena-escura., cabelos castanhos escuros, olhos escuros. Pele parda (mulato, pessoas morenas quase negras), cabelo preto, olhos pretos. Pele preta (negra). 5. Das 10 às 16h assinale o tempo que você se expõe diretamente ao sol______minutos 5______ 6. Que horas você acha que a exposição ao sol não é prejudicial?_________ 6_____ 7. Por que é importante o uso de Protetor Solar? 1.Evita câncer de pele 2. Não resseca a pele 3. Não assa a pele 4.Tanto faz 7______ 8. No lazer você se expõe ao sol no horário das 10 às 16h quantas vezes ao mês?____ 8______ 9. Há casos de doenças de pele na família? 1.SIM 2.NÃO 10. Em caso de SIM, assinale quem: 1.Pai,Mãe, Irmãos 9_____ 2. Parentes Mais Distantes 11. Você tem alguma doença de pele já diagnosticada? 1. SIM 2. NÃO 10_____ 11_____ 12. Em caso de SIM responda: Qual?________________________________________ 12_____ 13. Você faz uso freqüente de alguma medicação? 1SIM 13_____ 2NÃO 14. Em caso de SIM responda: Qual?_______________________________________ 14_____ 15.Você apresenta alteração de pele nos últimos 6 meses relacionada com a exposição ao sol? 1. SIM 2. NÃO 15_____ 16 Se respondeu SIM, assinale abaixo (pode assinalar mais de um item). Especifique se necessário: 1. Ferimentos que não cicatrizem ____________________________________ 2. Pintas (manchas brancas) e/ou Eritemas (pele fica vermelha) ___________________ 3. Manchas escuras e/ou pigmentação de pele, pele bronzeia________________ 4. Sinais Verrugas que crescem ou mudam de cor _______________________ 16_____ 64 5. Coceiras, secura, descamação, irritações de pele_______________________ 6. Outras (bolhas, placas vermelhas,etc.)_______________________________ ANEXO III TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO Sr.(a) _________________________________________________________________________ Sou médico da ECT/DR/CE. Estou cursando o curso de Especialização em Dermatoses de Interesse Sanitário, da Escola de Saúde Pública da Secretaria do Estado do Ceará. Este estudo, denominado FOTODERMATOSE EM CARTEIROS: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA, tem por objetivos : 1. Elaborar uma pesquisa em carteiros cujo tema do trabalho é fotodermatoses em carteiros; 2. Conhecer o grupo de riscos de fotodermatoses entre carteiros; 3. Enfim, colher subsídios para melhor elaborar um programa de prevenção de fotodermatoses em carteiros. Em respeito aos princípios da resolução 196/96 do Ministério da Saúde envolvendo seres humanos, ao tempo que garantimos a beneficência, a liberdade e a justiça, venho convidá-lo (a) a colaborar com este estudo, especificamente no que diz respeito à participação dos carteiros desta instituição. Declaro que após ter entendido sobre o que se trata o estudo, concordo com a minha participação, neste estudo. 65 ________________________________________________ Assinatura do carteiro ANEXO IV MINISTÉRIO DA SAÚDE - Conselho Nacional de Saúde - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP FOLHA DE ROSTO PARA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS (versão outubro/99) Para preencher o documento, use as indicações da página 2. 1. Projeto de Pesquisa: FOTODERMATOSE EM CARTEIRO: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA 2. Área do Conhecimento (Ver relação no verso) CIÊNCIA DA SAÚDE 5. Área(s) Temática(s) Especial (s) (Ver fluxograma no verso) 3. Código: 4.01 6. Código(s): 4. Nível: ( Só áreas do conhecimento 4) 7. Fase: (Só área temática 3) I( ) II ( ) III ( ) IV ( ) 8. Unitermos: ( 3 opções ) TRANSTORNOS DE FOTOSSENSIBILIDADE/ETIOLOGIA;LUZ SOLAR/EFEITOS ADVERSOS; RAIOS ULTRAVIOLETAS/EFEITOS ADVERSOS SUJEITOS DA PESQUISA 9. Número de sujeitos No Centro : Total: 10. Grupos Especiais : <18 anos ( ) Portador de Deficiência Mental ( ) Embrião /Feto ( ) Relação de Dependência (Estudantes , Militares, Presidiários, etc ) ( ) Outros ( X ) Não se aplica ( ) PESQUISADOR RESPONSÁVEL 11. Nome: LUIZ DE ARAUJO BARBOSA 12. Identidade: 13. CPF.: 19.Endereço (Rua, n.º ): 712.852 SP/CE 188.859.853-00 RUA JOSE LOURENÇO,1500 14. Nacionalidade: 15. Profissão: 20. CEP: 21. Cidade: 22. U.F. BRASILEIRA MÉDICO 60.115-281 FORTALEZA CE 16. Maior Titulação: 17. Cargo 23. Fone: 24. Fax MÉDICO 32557134 32260586 ESPECIALISTA EM PEDIATRIA 18. Instituição a que pertence: 25. Email: EPS-GOV.ESTADO DO CEARÁ [email protected] Termo de Compromisso: Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196/96 e suas complementares. Comprometo-me a utilizar os materiais e dados coletados exclusivamente para os fins previstos no protocolo e a publicar os resultados sejam eles favoráveis ou não. Aceito as responsabilidades pela condução científica do projeto acima. Data: _10______/___07____/___2005____ ______________________________________ Assinatura INSTITUIÇÃO ONDE SERÁ REALIZADO 26. Nome: 29. Endereço (Rua, nº): EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS RUA SENADOR ALENCAR,3827. Unidade/Órgão: 30. CEP: 31. Cidade: 32. U.F. FORTALEZA CE 28. Participação Estrangeira: Sim ( ) Não ( X ) 33. Fone: 32557134 34. Fax.:32260586 35. Projeto Multicêntrico: Sim ( ) Não ( X ) Nacional ( X ) Internacional ( ) ( Anexar a lista de todos os Centros Participantes no Brasil ) Termo de Compromisso ( do responsável pela instituição ) :Declaro que conheço e cumprirei os requisitos da Res. CNS 196/96 e suas Complementares e como esta instituição tem condições para o desenvolvimento deste projeto, autorizo sua execução Nome:_______________________________________________________ Cargo________________________ Data: _______/_______/_______ ___________________________________ 36. Nome: Assinatura Não se aplica ( ) 39. Endereço 37. Responsável: 40. CEP: PATROCINADOR 41. Cidade: 42. UF 66 38. Cargo/Função: 43. Fone: 44. Fax: COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP 45. Data de Entrada: 46. Registro no CEP: _____/_____/_____ 47. Conclusão: Aprovado ( ) 48. Não Aprovado ( Data: ____/_____/_____ Data: _____/_____/_____ ) 49. Relatório(s) do Pesquisador responsável previsto(s) para: Encaminho a CONEP: 50. Os dados acima para registro ( ) 51. O projeto para apreciação ( ) 52. Data: _____/_____/_____ 54. Nº Expediente : 55. Processo : Data: _____/_____/____ Data: _____/_____/_____ 53. Coordenador/Nome ________________________________ Assinatura COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA - CONEP 56.Data Recebimento : 57. Registro na CONEP: Anexar o parecer consubstanciado