2.2. O Homem Amarelo

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Sumário
Introdução ................................................................................................................... 1
1. Histórico .................................................................................................................. 2
1.1. Os Gregos ........................................................................................................ 2
1.2. Os Imperadores Romanos ................................................................................ 3
1.3. O Fim do Império Romano................................................................................ 4
1.4. A Renascença .................................................................................................. 4
1.5. Novas Religiões ................................................................................................ 5
1.6. A descoberta do Oriente e das Américas ......................................................... 5
1.7. Século XXI ........................................................................................................ 5
1.8. A Bandeira do Arco Íris ..................................................................................... 6
2. A Homosexualidade Masculina ............................................................................... 7
2.1. O Homem Verde ............................................................................................... 7
2.1.1. O Menino-Flor ............................................................................................ 8
2.1.2. O Jardineiro ................................................................................................ 8
2.1.3. O Profeta da Terra ..................................................................................... 9
2.1.4. O Artista Verde ......................................................................................... 10
2.2. O Homem Amarelo ......................................................................................... 10
2.2.1. O Menino Dourado ................................................................................... 11
2.2.2. O Helenista .............................................................................................. 11
2.2.3. O Lunático ................................................................................................ 12
2.2.4. Apolo, o deus do amarelo ........................................................................ 12
3. Mitos ...................................................................................................................... 14
3.1. Apolo e Jacinto ............................................................................................... 14
3.2. Mito de Hermafrodito ...................................................................................... 15
4. Músicas ................................................................................................................. 16
5. Questionário .......................................................................................................... 19
Conclusão ................................................................................................................. 20
Referências bibliográficas ......................................................................................... 20
1
A HOMOSSEXUALIDADE MASCULINA
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo discorrer sobre o tema “Homossexualidade
Masculina” abordando aspectos históricos desde a Grécia antiga até os dias atuais,
utilizando o modelo de tipologia criado por Graham Jackson sobre os padrões de
relacionamentos masculinos. Como forma de enriquecer essa pesquisa, foram
utilizados elementos como músicas, mitos, vocabulário, símbolos e uma tentativa de
entrevista com homossexuais.
A sexualidade humana é um ponto de convergência com vários enfoques:
artísticos, sociais, econômicos, psicológicos, religiosos, sociológicos, filosóficos,
antropológicos... Inserindo até a sexologia – ciência ou método dedicado a tudo que
diga respeito ao sexo, à função sexual humana, quer seja como forma de
manifestação humana ou de ordem científica.
A sociedade pós-moderna mergulha numa crise de identidade sexual
denominada “confusão de gênero”, na qual já não são mais fixos os papéis do
homem e da mulher. A abolição da supremacia do homem, a igualdade dos sexos e
principalmente a libertação da mulher têm possibilitado uma vivência social
extremamente complexa.
Os indivíduos vivem em um mundo de transformações aceleradas, cuja perda
da identidade nacional, grupal, da família e sexual é presenciada permanentemente.
Para o homem, está cada vez mais difícil ser Homem nos dias atuais.
Segundo Jung, o homem deveria ser visto como um todo, por inteiro,
pertencente em um determinado momento a uma comunidade; não poderia ser visto
dissociado do seu contexto social, cultural e universal. O ser humano - composto de
corpo, espírito e alma - vive hoje com uma incerteza de sentimentos derivados das
intensas mudanças nos referenciais sócio-culturais da chamada pós-modernidade.
Como determinantes do inconsciente coletivo, os arquétipos masculinos sofrem
também constelações culturais, dando colorido particular às manifestações e
ganhando flexibilidade.
Na questão da identidade sexual, a persona é um fenômeno importante, pois o
indivíduo expressa para o social os valores que julga serem adequados. A persona
também representa a expressão do que o coletivo espera do indivíduo. A anima,
arquétipo que faz ponte entre o consciente e o inconsciente, não pode estar
ausente, visto que ela é de índole erótica e emocional. Ela necessita
constantemente de uma integração com as demandas do mundo interno e externo,
buscando, assim, não se desagregar das vicissitudes da vida, tarefa não muito fácil.
As exigências do homem, provedor da família, vigilante da virtude da esposas,
trabalhador do século passado, gerou o contra-pólo, ou seja, a figura oposta, o
solteirão, aquele de sexualidade invertida à sombra do primeiro.
2
A repressão de tendências e traços femininos no homem determinou um
acúmulo dessas pretensões no inconsciente. Os valores, as culturas condicionaram
o desenvolvimento psicológico e, consequentemente, o comportamento social de
cada indivíduo.
A relação sexual entre dois homens pode ser entendida como o apaixonamento
de um homem pela anima de outro homem. Segundo Jurandir Costa, o
homoerotismo está ligado a um fenômeno cultural arquetípico, datado e associado à
formação burguesa do século XIX. As mitologias também trazem auxílio para
clarificar o homossexualismo masculino, visto que os mitos iluminam o movimento
dos arquétipos.
1. HISTÓRICO
“A homossexualidade sempre acompanhou a história da
humanidade, havendo registros desse tipo de comportamento sexual
até mesmo entre povos selvagens e, na natureza, entre os animais.
Podemos notar que o enfoque e o conceito dado à
homossexualidade são muito variáveis, mudando indiscutivelmente a
maneira de ser encarado pelos diferentes povos, tendo, porém, em
comum o fato de nunca haver sido efetivamente legitimada”.
(Humberto Rodrigues – Amor Entre Iguais – Editora Mythos – 2004)
1.1. Os Gregos
A Grécia antiga é valorizada pelos filósofos gregos, seus templos, sua
contribuição no surgimento da democracia e dos jogos olímpicos, além do seu amor
platônico ou sáfico, sinônimos de homossexualidade masculina e feminina.
A história do casal masculino da mitologia grega, Zeus e Ganimedes
representa a forma de como a maioria pensava naquela época. Outros exemplos
deste pensamento são encontrados nas lendas de Hércules, quem possivelmente
deflorou 50 virgens em apenas uma noite e tinha 14 amantes masculinos, entre eles
o seu próprio sobrinho, Iolau. Apolo, que era conhecido como o deus da beleza e da
eterna juventude, tornou-se famoso pelos seus relacionamentos amorosos
masculinos, tais como Himeneu, Cuparisso, Carnus, Hipólito, Jacinto entre outros,
além de seus vínculos amorosos com as mulheres também. Estas lendas
constituem um ato de virilidade quando relacionadas entre dois homens.
De acordo com Sócrates (469 – 399 a.C), o amor homossexual, do qual ele era
partidário, significava a mais alta inspiração para homens bem-pensantes e
considerava o sexo heterossexual como mera forma de procriar.
Para os jovens Atenienses, a educação baseava-se na aceitação da amizade e
laços de amor com homens mais velhos. Acreditava-se que somente desta maneira
o jovem poderia absorver as virtudes de um cidadão e a sabedoria da filosofia. Esta
prática só não era admitida para meninos menores de 12 anos.
3
Depois desta idade, quando as famílias e os meninos concordavam, eles
tornavam-se parceiros passivos até os 18 anos. Geralmente, aos 25 anos estes
meninos já eram considerados homens, assumindo, então, o papel ativo.
Inicialmente escolhendo meninos para parceiros e depois se casavam para procriar.
Desta forma tornavam-se cidadãos e aptos para desempenhar seus papéis na
sociedade.
1.2. Os Imperadores Romanos
A história do Império Romano sempre foi considerada palco de magnificência,
luxúria e poder de seus imperadores. De acordo com a famosa frase do historiador
inglês Edward Gibbom, (séc. XVIII), “dos 15 últimos imperadores romanos, apenas
um (Cláudio) não era bissexual”. A homossexualidade era vista com naturalidade,
sem ser interpretada como obscenidade, salvo exceção de alguns imperadores, tais
como:
Julio César era famoso por sua beleza e juventude e conhecido como “o
homem de todas as mulheres e a mulher de todos os homens”. Ele se intitulava
descendente da deusa Vênus;
Tibério era proprietário da Ilha de Capri, onde mantinha garotos jovens
chamados de seus “peixinhos”. Ele treinava mos seus “peixinhos” para chupar e
mordiscar sua genitália quando dentro da piscina;
Calígula era considerado perverso e de grande libido sexual, famoso pelos
estupros a reféns de guerra. Um dos seus amantes, Mnester, causava tumultuo, pois
Calígula não admitia barulho durante as apresentações do seu amado. Ao
apresentar a mão para ser beijada, ele estendia o dedo médio que era o modo de
dizer: “beije o meu pênis” e infeliz daquele que não o obedecesse;
Cláudio, o único de quem não se tem informações sobre sua
homossexualidade. Ele era aleijado e gago. Foi casado com Messalina, que
disputava com prostitutas para ver quem conseguia saciar o maior número de
homens. Esta chegou a representar uma cerimônia de casamento em público com
um de seus amantes. Este fato levou Cláudio a permitir o seu assassinato. Cláudio
casou-se de novo com Agripina que tinha o mesmo comportamento de Messalina;
Nero era considerado demente, excêntrico e pervertido. Ele teve dois maridos.
Nero fazia o papel de mulher com o segundo, Dorífor. Quando o encontrava nas
dependências do palácio, tinha atitudes histéricas, soltando gritinhos de uma
donzela desvairada;
Adriano era conhecido como o pacificador, pois praticamente não envolveu o
império em guerras. Teve uma paixão avassaladora por um jovem grego, Antínoo, e
viveu com ele até o fim de sua vida.
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1.3. O Fim do Império Romano
O império Romano, cheio de histórias de seus imperadores e práticas sexuais,
fomentou, no começo do século II, uma tentativa de repressão à homossexualidade
e indução à abstinência sexual, recomendada por médicos, políticos e filósofos.
Nesta época, os médicos e políticos queriam provar que a expectativa de vida de um
cidadão romano era apenas de 25 anos por causa dos contatos de corpos e das
paixões desmedidas, as quais representavam a escravidão da mente e dos sentidos.
No início do século III, os cristãos começaram a conquistar espaço político, que
até então haviam perdido, e no ano 312 chegaram a converter o imperador
Constantino. Após a conversão de Constantino, durante o paganismo (a
cristianização da sociedade romana após o edito de Milão, no ano 313), a
homossexualidade foi subjugada como “fora-da-lei”. Mesmo assim, não obtiveram o
efeito desejado para coibir um hábito cultivado há séculos.
No século V, começava uma nova era, professada pela doutrina do
cristianismo, com um longo caminho em direção à monogamia e à indissolubilidade
do casamento; primeiro entre o povo, depois entre a nobreza. A adoção destas
novas regras pelas classes era considerada forma de ascensão dentro da sociedade
e significava prestígio e sucesso quando as boas relações entre os pares
heterossexuais eram mostradas. Durante vários séculos, os cristãos foram “bodes
expiatórios” de todas as catástrofes que aconteciam. Quando a homossexualidade
passou para a clandestinidade, os homossexuais tornaram-se os causadores de tais
catástrofes.
Dentro da caminhada histórica, a igreja católica procurou fazer o possível e o
impossível para esconder o que considerava maus exemplos, principalmente dos
papas homossexuais. Porém, enquanto a igreja fazia de tudo pra evitar a prática
homossexual, paulatinamente, começou a surgir um novo capítulo na história da
Europa.
1.4. A Renascença
Os humanistas da Renascença voltaram a se aproximar da cultura da Grécia
antiga e de Roma. Com o surgimento da imprensa, o humanismo retorna e traz
consigo nomes, tais como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Voltaire, entre outros,
que lutaram contra a opressão religiosa e crença dogmática em Deus. O humanismo
tinha como base filosófica o auto-conhecimento, que foi, na realidade a primeira
filosofia dos gregos, como exemplo temos porta da entrada do templo de Apolo, até
hoje, a inscrição: “Conhece-te a ti mesmo”.
Nesta época, filósofos e teólogos como, por exemplo, Marsílio Ficino (14331499) e Montaigne (1533-1592), começaram a escrever sobre o amor e sexo,
apresentando maneiras menos ofensivas aos costumes sobre a afeição masculina
desenvolvidas pelos gregos. Com estes conceitos, a homossexualidade tornou-se
passiva de penas mais leves.
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1.5. Novas Religiões
Os reformadores Lutero e Calvino atacaram o catolicismo romano no início do
século XVI. A premissa básica destes reformadores era a moralidade sexual,
discordando do celibato dos padres. A doutrina de que toda a atitude sexual fora do
casamento era algo pecaminoso e ilícito foi reforçada pelo protestantismo. Neste
sentido, os reformadores eram muito mais cruéis que os católicos, usando a pena de
morte como forma de repreensão à sodomia. Como conseqüência desta crença, a
homossexualidade não tinha compreensão alguma e era totalmente abominada.
1.6. A descoberta do Oriente e das Américas
Como o catolicismo vinha perdendo espaço para o protestantismo, os católicos
resolveram catequizar os povos do Oriente e das Américas.
Ao chegarem ao Japão, os jesuítas se depararam com uma normalidade da
prática homossexual. Nesta época, o Japão estava fechado para o mundo e a
religião da maioria era o budismo, a qual aceitava, sem preconceitos ou tabus, o
homossexualismo. No processo de catequese, os japoneses expressavam uma
surpresa diante dos missionários católicos, os quais procuravam incutir o pecado
nas suas cabeças. Por exemplo, o primeiro missionário enviado ao Japão e à China,
Francisco Xavier, ao tentar explicar que o homossexualismo era um pecado, obteve
como resposta risos dos japoneses que nunca haviam sido expostos a tal fato. Isto o
fez com que Xavier percebesse que nada podia fazer sobre tal naturalidade.
Nas Américas, os catequizadores encontraram o mesmo panorama que no
Japão. Uma cultura interessante era a dos berdaches, curandeiros e xamãs de tribos
indígenas, nas quais a inversão dos papéis sexuais estava associada a poderes de
cura e profecia. Outro exemplo foi a experiência dos Espanhóis que ao chegarem às
Américas descobriram que a sodomia era praticada e então, começaram a queimar
os sodomitas.
1.7. Século XXI
“Os antigos afirmavam que o mundo chegaria ao fim no século XX. Estamos no
século XXI. O que chegou foi a hora de dar um fim a certos princípios dogmáticos,
que asseguram que o sexo só serve pra procriar, que o sêmen não pode ser
desperdiçado e que a homossexualidade é uma anomalia”, segundo Humberto
Rodrigues.
Neste século, a vida humana avança para novas formas que perpassam a
estrutura do caráter, as qualidades e potencialidades humanas e os problemas
sociais, políticos e econômicos. Atualmente, há uma tendência que vai de encontro a
qualquer cultura dogmática e externa às massas. A intolerância começa a ceder
lugar para uma maior aceitação.
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1.8. A Bandeira do Arco Íris
Foi criada em 1978 por Gilbert Baker para substituir o símbolo dos gays e
lésbicas, que era um triângulo cor-de-rosa, usado pelos nazistas para marcar os
homossexuais nos campos de concentração.
Segundo Rodrigues, a bandeira representa Íris, a deusa do Arco Íris e
mensageira de Hera, rainha das deusas. Íris simboliza o lado feminino de Hermes,
emissário de Zeus. Ela era adorada tanto pelos deuses como pelos mortais, por sua
natureza de bondade e amor. Sempre que Hera ou Zeus desejavam transmitir seus
desejos aos homens, Íris descia a terra, onde tomava forma humana, ou então se
fazia enxergar ao natural como uma linda mulher alada. Às vezes, cortava os ares
com a mesma rapidez do vento oeste, Zéfiro, seu consorte. Outras vezes, descia
suavemente pelo Arco Íris que ligava o céu à terra. Podia caminhar pelas águas com
igual facilidade e até mesmo, o mundo das trevas abria suas portas para ela.
Sempre que os deuses voltavam ao Olimpo de suas viagens, Íris os recepcionava
com néctar e ambrósia.
“Existe uma outra versão da mitologia que afirma ter sido Íris, e não
Afrodite, quem deu à luz Eros, o deus do Amor. Enquanto Atena
representa a Justiça, fria e objetiva, Íris representa a bondade, muito
embora sua bondade não seja apenas sentimental. Esta bondade
está intimamente ligada à função do sentimento, que é diferente
daquilo que chamamos de emoção, pois a função do sentimento é
uma reação profunda a uma situação, ao passo que a emoção é a
escolha refletida de um afeto. A função do sentimento é uma
constante variação entre os opostos, uma cuidadosa percepção das
necessidades de uma situação específica com o objetivo de atingir a
harmonia. O objetivo de Íris requer um ajuste contínuo e fluido, às
vezes, positivo, às vezes, negativo. Entretanto, sua finalidade
principal serve aos propósitos do âmago feminino, mais do que aos
do masculino, e quaisquer que sejam as reações decorrentes, seja a
raiva e o conflito, a meta será sempre a cooperação, a harmonia e
um relacionamento melhor. E após sabermos o que representa a
Bandeira do Arco Íris, nada pode ser discutido, nenhuma diferença
pode ser apontada, porque a harmonia é fundamental”. (O Amor
entre Iguais, Humberto Rodrigues, páginas 26 e 28).
7
2. A HOMOSEXUALIDADE MASCULINA
De acordo com Paul Rosenfels, os homens homossexuais são divididos em
dois tipos: o agressivo e o submisso. A característica básica do tipo agressivo é o
poder no sentido marciano. Enquanto, o submisso, o amor, ou seja, o
venusiano.Duas configurações básicas são apresentadas na relação homossexual
que é a do homem mais velho com o rapaz e vice-versa, e também a que ocorre
entre pessoas da mesma categoria (irmãos ou companheiros de armas) que
possuem certa meta ou tarefa heróica.Graham Jackson traz uma abordagem
tipológica do relacionamento entre homens, definindo-os como: homem verde
(natural – terra, físico), homem amarelo (natural – céu, visão), homem vermelho
(cultural – artes), homem azul (cultual – ciências).
A designação “vermelho” tem ligação com o sangue que é a essência da vida
como exemplo: os ritos de iniciação que eram pertinentes aos rituais dos povos
primitivos como também a caça, sendo que o sangue não era o objetivo principal
dessas atividades, era apenas uma conseqüência das mesmas, ou seja, a
sobrevivência que se tornou possível através da união entre o verde (homem físico)
e o amarelo (visão). Já o azul é desenvolvido mais tarde através da sua habilidade
de incorporar valores a atividade antes citada pela sua compreensão acertada e
calculada do ambiente. Fazendo uma correlação com a tipologia jungiana, as
funções sentimento e pensamento se relacionam com intuição e sensação, da
mesma forma que o vermelho e o azul relacionam-se com o amarelo e o verde.
2.1. O Homem Verde
A história do homem verde começa quando na década de 1890 o verde era
considerado uma das cores relacionadas ao movimento estético. Como mencionou
Le Gallienne, o verde é a cor da vida saudável e resplandecente ao mesmo tempo.
em que é também da vida doentia, putrefata ou envenenada, da vida desfigurada
por emoções como a inveja. Passando para o outro contraponto, de acordo com a
filologia da língua inglesa, o dia de quinta-feira é chamado de Thursday que significa
“dia de Thor” o qual recuperou o martelo dos deuses dos gigantes gelados,
pousando en travesti como a provável noiva do ladrão; já nos países latinos: jeudi,
giovedi, joi, está relacionado ao deus Júpter, Jove que está ligado a
homossexualidade.
Conectando esse ponto com o contraponto, chega-se a correlação da quintafeira associada ao comportamento homossexual, e assim sendo rotulado àqueles do
sexo masculino serem chamados de “gay”, quando vestisse verde na quinta-feira.
Para a maioria das pessoas, o verde representa o símbolo da mãe natureza:
nascimento, crescimento, morte e renascimento no ciclo natural das florestas,
campos, montanhas e várzeas. Como Jung mesmo aborda nos seus escritos
alquímicos que o verde é “a vida no sentido ctônico”, fazendo menção a “benedicta
viriditas” e extraído do Rosarium philosophorum o seguinte: “Ó abençoado verdor,
que dá nascimento a todas as coisas, e que sabe que toda verdura, legume ou fruta
que brota possui a cor verde”.
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Assim, o indivíduo do sexo masculino que usa verde está em conexão com a
mãe terra e sua própria mãe, sua familiaridade com o corpo e suas sensações; daí
surgir o estigma do filhinho da mamãe ou preconceituosamente um maricas, dando
espaço a suspeita homossexual, na qual a moral judaico-cristã transformou tudo
isso.
O homem verde é classificado em menino-flor, jardineiro, profeta da terra,
artista verde.
2.1.1. O Menino-Flor
O menino-flor é um tipo frágil, belo e delicado; evanescente quanto à própria
juventude, chegando a ser até excessivamente excêntrico. Alguns exemplos são
encontrados na mitologia grega como: Jacinto e Apolo, Narciso e Ciparisso e outros.
Uma outra nomenclatura para o menino-flor dentro da mitologia clássica e Hebe
(que é formado por elementos de Saturno, de Apolo e da Lua) e é caracterizado
como “um tipo de efebo (jovem nos últimos anos da adolescência), feminino e
narcisista”. Tem um “corpo belo e gracioso, porém sem alma. Faculdade dominante:
indiferença. Doença moral: narcisismo”. G. Jackson, p. 29).
O filme “Morte em Veneza” de Mann Tadzio aborda esse perfil de Narciso e
Jacinto mostrando “uma fragilidade de certo modo sinistra e corrupta, que conduz
um sopro do terrível tormento”. A beleza do menino-flor causou impactos em outras
áreas como pintura, escultura, poesia, principalmente nas épocas em que o
homoerotismo era abertamente aceito pela sociedade. Podem ser citadas as obras
de Henri Scott Tuke (1858 – 1929), nas quais eram exaltadas a magia da beleza
jovem e da própria natureza que se expressava através dela.
Pode-se concluir então que o tipo menino-flor está representado por uma fase
e não por uma posição final. Não há nenhum objetivo de que esse homem verde do
tipo menino-flor seja transformado num verde inexperiente nem amarelo, azul ou
vermelho, pois é um tipo que absorve varias possibilidades difíceis de serem
definidas.
2.1.2. O Jardineiro
O segundo tipo de homem verde é o jardineiro. Esse verde está associado ao
verde-verão, um verde rico das florestas de Hobin Hood, do balet Oberon. Dr. Léon
Vannier também o denomina de homem terrestre, pois além do seu sedentarismo,
está ligado ao lar, a nação, ao campo, à terra. Possui arraigado em si um senso de
justiça e equilíbrio, em outras áreas como na ciência estão presos aos fatos e
experiências, já nas artes são realistas, naturalistas, apoiando-se ao sólido,
respeitável e bem construído. Por ser o verde a cor do chakra cardíaco (Anahata),
uma pessoa desse tipo verde jardineiro é muito sensível, principalmente por estar
em contato direto com a natureza (plantas, lago, mar...), é persistente e tenaz, mas
também se ofende facilmente por perdoar rapidamente os outros.
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Pela astrologia, o signo de touro está em confluência com essas
características. Já na psicologia analítica jungiana, o tipo sensação está bem
associado a esse tipo, por ter um senso de realidade bastante forte. Independente
de idade, demonstra força física, não importa o seu biótipo e adora quando os
outros precisam dele, não só pela força física, mas também através da alimentação,
conforto e sexo, talvez por isso se torne possessivo.
Não é muito de falar, dando, às vezes, uma idéia de passividade (parecendo
até tolo ou idiota) e despreocupação, mas sabe seus limites e não gosta de pressão,
tornando sua raiva desperta e brutal. É detentor de uma alma conservadora, jogando
para a sombra sua sexualidade hedonista. Arquetipicamente, são representados
pelos cabiros, homúnculos, Grimm Trolls (Escandinávia), le prechau (irlandês) –
assistentes da grande mãe – tendo em si poderosas forças ctônicas em função do
“mercurius vegetativus”. Possui um lado criança que gosta de brincadeiras,
travessuras, jogos infantis, sendo afetivo, carinhoso e maternal.
Dentro da mitologia, de acordo com a psicologia analítica, aborda o fenômeno
homossexual como expressão do filho Hermes – Mercúrio: Príapo – o deus de
volumosos genitais, da fecundidade masculina na natureza, protetor da agricultura,
pastoreio, jardins, vinhedos, caçadores. Diferente do menino-flor, que demonstra
fragilidade e é arrebatado pela morte, o jardineiro lida com a morte de uma forma
tranqüila, brincando, procurando e até mesmo esperando por ela.
O homem verde-verão está intrinsecamente relacionado ao mundo real
representado pela beleza florida e seu outro extremo, a sabedoria sombria, sendo
vistos como um exemplo de enantiodromia, ou seja, a flor no auge de sua beleza
caindo suas pétalas sobre a terra e se transformando no seu solo fértil para seu
próprio ressurgir.
2.1.3. O Profeta da Terra
O Profeta da terra é a terceira classificação do homem verde. Também
conhecido pelo verde-escuro, verde-negro ou cor de palha escuro, a depender da
estação do ano, representado pela (re) união com Geia, a mãe terra. É considerado
o homem sábio, possuidor de uma visão profunda e conhecimento espiritual. Porém,
na cultura ocidental há um choque ideológico, pelo fato de que o homem verde é
material, entrando assim em discordância por também poder ser espiritual
concomitantemente, diferentes em outras culturas e costumes.
Um dos pontos importantes desse descrição tipológica é a sua sapiência
eterna, sendo representada também pela figura de um xamã, mesmo quando jovem
é conhecido como berdache, ou seja, o velho sábio. Essa escolha é feita através de
um sonho ou visão da deusa Lua, no qual os pais percebem pelas sua brincadeiras,
trajes e preferência da companhias femininas. Um berdache tem algumas
responsabilidades como a educação das crianças e o cuidado com os adolescentes,
ser conselheiro dos casais ou outro tipo de relacionamento, atuar como mediador
entre os sexos opostos, além de interpretar sonhos e visões e trazer saúde espiritual
para toda a comunidade.
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Comparando o berdache com a abordagem de Jung em relação ao complexo
materno positivo, isto é, a conotação feminina com a Grande Mãe, esse é possuidor
de uma sensibilidade peculiar em relação ao sentimento, a educação e ao espírito,
tornando-se um espécie de ligação entre o espiritual e o terreno.
O profeta da terra também pode ser representado pelos deuses da fertilidade
trazendo em seu bojo esperança e sabedoria para ser plantados e passados a
diante, enquanto o homem verde-primavera, menino-flor estão ligados à beleza da
juventude.
2.1.4. O Artista Verde
Essa é a ultima classificação de homem verde. Nessa etapa, são encontrados
homens envolvidos com a arte, a exemplo de artistas plásticos, dançarinos,
projetistas, atores, escultores, dançarinos, coreógrafo, músicos, cantores,
intérpretes... Contudo, é mais raro encontrar escritores verdes.
A sensibilidade e sensação são características fortes e marcantes desse tipo
verde, exatamente por lidar com esse lado artístico, na qual “a objetividade, o valor
do objeto e o universo que ele contém, é a preocupação básica dos tipos verdes”,
segundo Jackson.
Pode-se mencionar alguns famosos e que fizeram parte dessa categoria do
artista verde, tais como o pintor Monet em seus quadros de pinturas impressionistas;
Vaslav Nijinsky no seu papel em Le spectre de la rose e Làprés-midi d’um faune; o
dançarino e coreógrafo hispano-americano José Limon, entre outros.
2.2. O Homem Amarelo
O primeiro símbolo da renascença estética apontado por Le Gallienne, na
década de 1890, foi o girassol. Também não podemos deixar de citar um dos mais
importantes livros, considerado uma das bíblias dessa renascença The Yellow Book,
que Holbrook Jackson destacou como “frescor in excelsis: a novidade nua e que não
tem vergonha”. Com isso, o amarelo era comparado a tudo que era altamente
moderno, da mesma forma ao que era singular e bizarro na arte e na vida.
O amarelo significa sol e luz, sendo frequentemente associado com as alturas
e a superioridade em virtude da posição do sol no céu, acima. O verde está ligado a
terra, ao “inferior”, sendo inteiramente dependente da claridade do supremo
amarelo, como acreditam os mitólogos solares.
Assim, como o verde possui uma gama de tonalidades, o amarelo também
contém várias tonalidades que vai do “puro” ao “impuro”. Sobre o amarelo afirma
Goethe: “Em sua pureza mais elevada ele sempre... possui caráter sereno, jovial,
suavemente estimulante”. Por outro lado, “extremamente passível de contaminação,
e produz efeito muito desagradável quando maculado...”
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O autor Graham Jackson escolheu três tonalidades para representar a
contraparte amarela: amarelo dourado, amarelo cor da luz do sol do verão e amarelo
esbranquiçado.
2.2.1. O Menino Dourado
O menino dourado é o primeiro dos tipos amarelos, como também o menos
maduro. Convém ressaltar que o processo de amadurecimento do amarelo é a de
clareação, diferente do verde que é o escurecimento. Segundo Hillman observou ele
é “a sombra dourada primordial”, anjo, puer. Assim como o menino-flor, ele também
é frágil e evanescente quanto à própria juventude. Porém, diferente do menino-flor,
escapa da realidade material e dos compromissos, penetrando dessa forma, nos
espaços abertos da sua imaginação. Todavia, ambos são atraídos por suas
peculiaridades, a bela fragilidade de um sobressaindo o encantador brilho do outro.
Mas quando este relacionamento é rompido, o menino-flor murcha ou definha, a
medida que o menino dourado parte em direção ao céu.
Ele representa a promessa e a esperança. Através da ingenuidade, do
encanto, de uma maravilhosa sucessão de idéias, o menino dourado se torna o
salvador que está destinado à libertar o mundo. Definindo então sua missão de
restauração do equilíbrio e da harmonia como também a reconciliação dos opostos
antagônicos.
2.2.2. O Helenista
Dos tipos amarelos, o mais comum e familiar é o luz-do-sol do verão ou
helenista. Esse tipo de homem amarelo é estudioso, provavelmente comparece com
regularidade a uma universidade, ao invés de literatura ou ciências, ele estuda a
vida. É um pesquisador da verdade, um filósofo. A sua busca incessante de
significado está associada ao paganismo da cultura helênica, a qual segundo Walter
Pater, possuía uma “luz intelectual”; a cultura de Platão e Sócrates.
Estão inclusos neste grupo os homens que se manifestam simpáticos aos
relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, enquanto mantém uma vida familiar
convencional. No seu “mundo”, o homoerotismo possui uma posição filosófica. O
helenista é capaz de estimar diferentes pontos de vista e nutrir da mesma forma
idéias tradicionais sem nenhum tipo de conflito aparente.
O helenista necessita de uma posição filosófica, busca entender o que está
acontecendo consigo mesmo, através de imagens, conceitos e palavras. Enquanto o
menino dourado enfrenta os problemas da vida munido simplesmente de idealismo
apaixonado; o homem helênico precisa de uma arma mais robusta: a razão. A razão
como na era do iluminismo foi celebrada, a razão como virtude moral.
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2.2.3. O Lunático
O terceiro tipo de homem amarelo, o tipo lunático se ajusta melhor à luz
amarelo-esbranquiçada da lua, uma luz refletida. Ele se incomoda com as formas
rígidas, com os fenômenos precisos e razoáveis. Sua filosofia busca, como o luar,
juntar as formas e não separá-las. Tentando assim descobrir as correspondências
dentro do mundo das formas. Para realizar isso, ele assemelha-se em muito com o
helenista, usando simplesmente palavras e imagens, porém da forma como poeta, o
artista, o místico e o curador as utilizam estudando as origens, as fontes
inconscientes.
O lunático, como artista, concede destaque especial ao processo e não ao
produto, a jornada e não a chegada, diferenciando-se do homem vermelho, o
homem das artes. Ele enxerga um poema ou mesmo uma pintura basicamente
como etapa, um passo experimental inclinado para o entendimento do misterioso
reino interior.
Semelhantemente ao menino dourado, o tipo lunático, não se sente à vontade
na terra. Do mesmo modo como o poema ou a música que ele cria, o mesmo sente
a necessidade de voar. Ele é erroneamente confundido com um puer, que tem uma
aura de realidade ao seu redor e precisa realizar um papel na sua criatividade.
Porém as influências de maior relevância do homem lunático são deveras mais
sombrias do que o puer é capaz de consentir conscientemente.
Em relação à sua fragilidade e a sua sensibilidade mórbida, ele se aproxima
mais do menino-flor. Em função da sua delicada e profunda beleza, não é raro que o
lunático também ame esse menino. Todavia seja associado muitas vezes a uma flor,
e geralmente branca, o tipo lunático não é belo, chegando a ser frequentemente
ridicularizado e negligenciado, reforçando assim seu papel de intruso e forasteiro.
2.2.4. Apolo, o deus do amarelo
Os três tipos de homem amarelo, são governados evidentemente por Apolo. O
deus da música e da profecia, supervisor das musas, também é designado como o
deus-sol, que irradia poder. Além disso, ele é conhecido como amante de homens
jovens, pelo menos dois, Jacinto e Ciparisso.
Em relação a Apolo, pode-se dizer que estamos mais próximos da esfera do
pai do que da mãe. O pai e seu domínio desempenham papel mais formativo do que
o da mãe, inclusive, quando o pai é negativo. Leto, a mãe de Apolo, se encaixa
como um tipo de mãe que na maioria das vezes é ineficaz, pela ausência de um
adequado comportamento maternal. Estando ela à total disposição do prazer de
Zeus e conseqüentemente não tendo vida própria, ela usou como tática o
nascimento de seus dois filhos: Apolo e Ártemis, um fato considerado dramático, sob
uma ótica bastante suave.
Ainda que problemático o seu relacionamento com a mãe, transformando-o em
vitima, muitas vezes, de graves complexos paternos, é no relacionamento forte e de
modo geral positivo com a irmã, que o homem amarelo acha algum consolo.
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O homem amarelo e sua irmã aparecem como destaque em vários relatos
literários e mitológicos da atração entre o verde e o amarelo. É muito comum
também que essas irmãs tenham a função de Musa, estimulando uma resolução
para o vínculo verde-amarelo.
Quando misturado a valores azuis, racionais, o homem verde tende a se tornar
conservador e dogmático. Da mesma forma acontece com o homem amarelo, que
pode se contaminar com facilidade, como disse Goethe, de modo a se tornar uma
pessoa violenta e autoritária, principalmente quando deixa de lado seus pontos de
vista e insights para ser usado por uma posição cultural azul não abrangente.
O Dr. Leon Vannier elaborou a seguinte descrição para sintetizar as várias
nuances do tipo amarelo, que ele se refere de maneira bem natural, de “o apolíneo”:
“Sóbrio, pouco inclinado à sensualidade, fugindo dos excessos e conferindo
apenas o absolutamente necessário às necessidades físicas, o apolíneo, não
obstante, despende bastante energia com sua “toilette”. Por mais simples que seja
sua vida particular, ele adora rodear-se de luxo e opulência quando é obrigado a
aparecer em público. Nasceu para ser rico. A pobreza é intolerável; sua natureza é
por demais preciosa, por demais evoluída para agüentar bem as lutas materiais da
vida.”
Vannier, encerra sua descrição de homem amarelo, apolíneo, apontando sua
semelhança em vários aspectos, mas em tom muito diferente, com a descrição de
Jung do tipo intuitivo: “Mas ele também pode se sacrificar a um elevado ideal. Ele é
o ser inspirado, que ao mesmo tempo se inflama e se sustenta através da força
radiante da sua visão.”
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3. MITOS
3.1. Apolo e Jacinto
Apolo estava apaixonado por um jovem chamado Jacinto. Acompanhava-o em
suas diversões, levava a rede quando ele pescava, conduzia os cães quando ele
caçava, seguia-o pelas montanhas e chegava a esquecer-se do arco e da lira por
sua causa. Certo dia os dois se divertiam com um jogo de discos e Apolo,
impulsionando o disco com força e agilidade, lançou-o muito alto no ar. Jacinto,
excitado com o jogo, observou o disco e correu para apanhá-lo. Zéfiro (o Vento
Oeste), que também tinha uma grande admiração pelo jovem, porém tinha ciúme de
sua preferência por Apolo, fez o disco desviar seu rumo e atingir o jovem bem na
testa.
Jacinto caiu no chão desacordado, e nem com todas as suas habilidades de
cura, Apolo conseguiu conservar sua vida. Do sangue que escorreu nasceu uma
bela flor, semelhante ao lírio.
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3.2. Mito de Hermafrodito
Hermafrodito, filho de Hermes e Afrodite nasceu com dois sexos. Para ocultar o
seu nascimento ilícito, Afrodite, após o nascimento de seu filho, imediatamente, o
confiou às ninfas do Monte Ida, nas florestas da Frigia. Aos 15 anos pôs-se a correr
o mundo, pois seu maior prazer era caçar nas florestas e aventurar-se por terras
desconhecidas. Certa vez, encontrava-se às margens de um belíssimo lago e não
conseguiu resistir à tentação de banhar-se naquelas águas límpidas. A ninfa
Sálmacis, que governava o lago, tão logo viu apaixonou-se por sua beleza.
Declarou-se imediatamente e o jovem tímido tentou por todos os meios repelir a
ninfa. Sálmacis abraçou-o e cobriu-o de beijos, enquanto Hermafrodito tentava
resistir. Resistiu tanto, que a ninfa, em desespero, suplicou aos Deuses: “Oh,
Deuses! Não permitam que nada no mundo nos separe!”, e imediatamente, os dois
corpos foram unidos, tornando-se um só.
No nível psicológico, Hermafrodito é a imagem da experiência de sermos
inteiros, completos. Masculino e feminino representam muito mais do que simples
identificações dos órgãos genitais. São as grandes polaridades que circundam todos
os opostos na vida. O ser bissexual, que nasceu em uma versão mitológica e se
realizou em outra, é o símbolo da integração em potencial dos opostos dentro de
uma só personalidade. A partir do instante em que Hermafrodito nasce, o potencial
de integração está inerente em cada um de nós. Até nos vegetais nós temos o
hermafroditismo, ou seja, o embrião da sexualidade, e por decorrência a
homossexualidade.
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4. MÚSICAS
Daniel na cova dos leões
Legião Urbana
Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo
De amargo e então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve
E forte e cego e tenso fez saber
Que ainda era muito e muito pouco.
Faço nosso o meu segredo mais sincero
E desafio o instinto dissonante.
A insegurança não me ataca quando erro
E o teu momento passa a ser o meu instante.
E o teu medo de ter medo de ter medo
Não faz da minha força confusão
Teu corpo é meu espelho e em ti navego
E sei que tua correnteza não tem direção.
Mas, tão certo quanto o erro de ser barco
O motor e insistir em usar os remos,
É o mal que a água faz quando se afoga
E o salva-vidas não está porque
Salva-vida
Caetano Veloso
Místico pôr-do-sol no mar da Bahia
E eu já não tenho medo de me afogar
Conheço um moço lindo que é salva-vida
Vida
Um da turma legal do Salvamar
Que é fera
Na doçura, na força e na graça
Ai, ai
Quem dera
Que eu também pertencera a essa raça
Salva-vida
Onda nova
Nova vida
Vem do novo mar
Sólido simples vindo ele vem bem Jorge
Límpido movimento me faz pensar
Que profissão bonita pra um homem jovem
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Jovem
Amar de mesmo a gente, a água e areia
No dia
Da Rainha das Águas
Do presente
Ai, ai
Luzia
A firmeza dourada
Dessa gente
Avesso
Jorge Vercilo
Composição: Indisponível
Nós já temos encontro marcado
Eu só não sei quando
Se daqui a dois dias
Se daqui a mil anos
Com dois canos pra mim apontados
Ousaria te olhar, ousaria te ver
Num insuspeitável bar, pra decência não nos ver
Perigoso é te amar, doloroso querer
Somos homens pra saber o que é melhor pra nós
O desejo a nos punir, só porque somos iguais
A Idade Média é aqui
Mesmo que me arranquem o sexo, minha honra, meu prazer
Te amar eu ousaria
E você, o que fará se esse orgulho nos perder?
No clarão do luar, espero
Cá nos braços do mar me entrego
Quanto tempo levar, quero saber se você
É tão forte que nem lá no fundo irá desejar
No clarão do luar, espero
Cá nos braços do mar me entrego
Quanto tempo levar, quero saber se você
É tão forte que nem lá no fundo irá desejar
O que eu sinto, meu Deus, é tão forte!
Até pode matar
O teu pai já me jurou de morte
por eu te desviar
Se os boatos criarem raízes
Ousarias me olhar, ousarias me ver
Dois meninos num vagão e o mistério do prazer
Perigoso é me amar, obscuro querer
Somos grandes para entender, mas pequenos para opinar
Se eles vão nos receber é mais fácil condenar
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ou noivados pra fingir
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Mesmo que chegue o momento que eu não esteja mais aqui
E meus ossos virem adubo
Você pode me encontrar no avesso de uma dor
No clarão do luar, espero
Cá nos braços do mar me entrego
Quanto tempo levar, quero saber se você
É tão forte que nem lá no fundo irá desejar
No clarão do luar, espero
Cá nos braços do mar me entrego
Quanto tempo levar, quero saber se você
É tão forte que nem lá no fundo irá desejar
5. QUESTIONÁRIO
O objetivo da compilação deste questionário tinha como premissa básica
conhecer, qualitativamente, a história de vida, assim como sentimentos genuínos de
10 homossexuais. O perfil dos escolhidos contemplou: o fato deles serem assumidos
perante a sociedade, a aceitação dos mesmos pelas suas famílias, metade dos
escolhidos serem solteiros e metade casados, diferenças culturais (um espanhol, um
americano, um irlandês e sete brasileiros, destes, 3 moram fora do país, um nos
EUA, um na Espanha e um na Inglaterra).
Resultado: O resultado surpreendeu, pois nenhum questionário foi respondido.
Análise: Sem conclusão. Hipóteses dedutivas e empíricas que podem ter
contribuído para a não resposta:






O preconceito ainda é muito notório;
A exposição das suas histórias pessoais não os deixaram confortáveis;
Falta de tempo;
Falta de motivação (atenção, crédito, indiferença, descaso, consideração)
para contribuir com o trabalho;
Não considerar o tema de ordem controversa e desconhecida;
Não considerar o questionário relevante;
Questionário:
1) Você se lembra quando e como começou a despertar o seu interesse pelo
mesmo sexo?
2) Como você enfrentou este processo?
3) Você é feliz?
4) Você sofre algum tipo de preconceito? Qual? Onde? Quando? Como?
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5) Você acha que o homossexualidade é algo inato ou adquirido? Por que?
CONCLUSÃO
Concluindo este trabalho, algumas questões são suscitadas com o objetivo de
fomentar uma reflexão mais abrangente, dialética e ontológica, com o intuito de não
restringir pensamentos críticos apenas a paradigmas e dogmas preestabelecidos.
Por que alguns se sentem incomodados por terem atração por pessoas do
mesmo sexo, enquanto para outros a orientação sexual parece ser apenas um
aspecto da sua vida e não motivo de sofrimento ou de auto-depreciação?
Por que certas pessoas conseguem experimentar as diferentes formas de viver
a sexualidade e outras não?
Os genes realmente desempenham algum papel na determinação da
orientação sexual? Caso isto seja verdadeiro, quais seriam as implicações éticas?
Como a sociedade lidaria com o preconceito? A disfunção genética seria classificada
como anomalia herdada ou patologia, como já foi classificada anteriormente?
A verdadeira resposta poderia ser a seguinte:
“A Verdade não é uma descoberta,
é uma redescoberta.
Já existia em ti em primeiro lugar.
Quando vieste ao mundo,
Ela estava contigo,
Quando nasceste nesta vida,
ela estava contigo,
porque tu és a Verdade”
Bhagwan Shree Rajneesh (Osho)
Rajmeesh , o imortal mestre da verdadeira sabedoria tântrica, nasceu em 1931,
na vila de Madhya Pradesh, Índia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RODRIGUES, Humberto – O Amor Entre Iguais – São Paulo/ Brasil – Ed. Mythos 2004
JACKSON, Graham – A Tradição Secreta da Jardinagem – Padrões de
Relacionamentos Masculinos - Tradução Cláudia Duarte – Toronto/ Canadá – Ed.
Paulus - 1991
BOECHAT, Walter (0rg.) – O masculino em Questão – Petrópolis/ Rio de Janeiro –
Ed. Vozes – 1997
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JUNG, C. G. – O Eu e o Inconsciente – Tradução Dora Silva – Petrópolis/ Rio de
Janeiro – Ed. Vozes – 1987.
HALL, Calvin e NORDBY, Vernon – Introdução à Psicologia Junguiana – Tradução
Heloysa Dantas – Ed. Cultrix – São Paulo/ São Paulo – 1989
Revista Mente e Cérebro – Ano XIV – Páginas 40 a 63 – Ed. Duetto
Http://www.portaldomarketing.com.br/artigos/Jung
Http://www.isexp.com.br/si/site/4054
Http://www.verafelicidade.com.br/page7j.html
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