1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SINTÉTICOS BIOATIVOS CAMILLA PINHEIRO DE MENEZES ATIVIDADE ANTIFÚNGICA IN VITRO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Melissa officinalis L. (ERVA-CIDREIRA) SOBRE Cladosporium carrionii JOÃO PESSOA – PB 2012 2 CAMILLA PINHEIRO DE MENEZES ATIVIDADE ANTIFÚNGICA IN VITRO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Melissa officinalis L. (ERVA-CIDREIRA) SOBRE Cladosporium carrionii Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento aos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos. Área de concentração: Farmacologia. Orientadora: Profa. Dra. Edeltrudes de Oliveira Lima JOÃO PESSOA – PB 2012 3 M543a Menezes, Camilla Pinheiro de. Atividade antifúngica in vitro do óleo essencial de Melissa officinalis L. (erva-cidreira) sobre Cladosporium carrionii / Camilla Pinheiro de Menezes. - - João Pessoa: [s.n.], 2012. 124f. : il. Orientadora: Edeltrudes de Oliveira Lima. Dissertação (Mestrado) – UFPB/CCS. 1. Produtos naturais. 2. Óleo essencial - Melissa officinalis L. 3. Fungos dematiáceos. 4. Cladosporium carrionii UFPB/BC CDU: 547.9(043) 4 CAMILLA PINHEIRO DE MENEZES ATIVIDADE ANTIFÚNGICA IN VITRO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Melissa officinalis L.(ERVA-CIDREIRA) SOBRE Cladosporium carrionii Dissertação de mestrado aprovada em: 19 / 11 / 2012. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ Profa. Dra. Edeltrudes de Oliveira Lima (Universidade Federal da Paraíba) Orientadora _______________________________________________________ Prof. Dr. Fabio Correia Sampaio (Universidade Federal da Paraíba) Examinador externo _______________________________________________________ Profa. Dra. Hilzeth de Luna Freire Pêssoa (Universidade Federal da Paraíba) Examinador interno JOÃO PESSOA – PB 2012 5 “Lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe e vença com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante.” Charlie Chaplin 6 AGRADECIMENTOS À Deus, o dom da vida, a força, a perseverança, o discernimento e a sabedoria que Ele colocou ao meu dispor durante todo o percurso que hoje vejo edificado com êxito. Aos meus pais Augusto e Iranete, por me amarem incondicionalmente, pelas lições de vida e por terem me dado a oportunidade de hoje ser quem eu sou. Vocês foram os meus primeiros mestres e são meus maiores exemplos. Aos meus irmãos Gabriella e Augustto, pela cumplicidade, paciência, admiração e amor nas horas mais difíceis. Ao meu noivo Matheus, pelo incentivo e amor constante nos momentos mais difíceis e, principalmente, por entender minhas ausências, aceitar minhas omissões e compartilhar das minhas lágrimas e sorrisos. À Profa. Dra. Edeltrudes de Oliveira Lima, orientadora dedicada e atenciosa, que me transmitiu conhecimentos, experiências profissionais e de vida, com todo o carinho e sabedoria. E que cuidadosamente corrigiu e modelou minhas imperfeições de aprendiz. Minha sincera admiração e gratidão. À banca examinadora Prof.ª Dr.ª Hilzeth de Luna Freire Pessôa, Prof. Dr. Fábio Correia Sampaio, bem como o suplente Prof. Dr. Reinaldo Nóbrega de Almeida por terem aceitado o nosso convite e pelas valiosas contribuições. À toda equipe do Laboratório de Micologia Profa. Dra Edeltrudes de Oliveira Lima, Profa. Dra. Zélia B. V. S. Pontes, aos bioquímicos Maria de Fátima F. P. Carvalho e Júlio e aos alunos: Waléria Viana, Felipe Sarmento, Fillipe Oliveira, Janiere Pereira, Jéssica Gomes, Igara Oliveira, Viviane Araújo, Lílian Pinheiro, Willy Oliveira, Juliana Moura que sempre se mostraram presentes e dispostos a me ajudar, somaram experiências e que contribuíram positivamente para o meu crescimento. 7 Aos meus amigos Abrahão, Maria Carolina, Thiago, Carminha, Raline, Fabíola, Thaís Josy que sempre estiveram ao meu lado comemorando minhas vitórias e enxugando minhas lágrimas. Serei eternamente grata pela amizade de vocês. À todos os professores do Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos sempre preparados para conduzir da melhor maneira possível o processo de aprendizagem. Aos funcionários do Programa de pós-graduação, em especial às secretárias Tânia Alves e Caroline Mangueira, pela presteza, prontidão e gentileza com que sempre me atenderam. À Universidade Federal da Paraíba, em especial ao Centro de Ciências da Saúde e ao Programa Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos pela oportunidade de realização deste curso e pela efetiva contribuição para o meu crescimento profissional e científico. Ao CNPq e a CAPES pelo apoio financeiro e as condições para a realização deste trabalho. À todos que foram peças fundamentais para minha formação profissional, o meu sonho, minha conquista, meu reconhecimento e eterna gratidão. 8 RESUMO MENEZES, C. P. Atividade antifúngica in vitro do óleo essencial de Melissa officinalis L. (erva-cidreira) sobre Cladosporium carrionii. 124p. Dissertação (Mestrado em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos – Área de concentração: Farmacologia) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2012. O gênero Cladosporium abrange muitas espécies de fungos contaminantes e oportunistas dematiáceos, sendo encontrados em diversos ambientes. Cladosporium carrionii é considerada a espécie patogênica mais importante desse gênero, devido aos inúmeros casos de doenças causadas por este fungo em todo o mundo, sendo agente da cromoblastomicose, feo-hifomicoses e quadros alérgicos. O aumento da resistência aos antifúngicos disponíveis e a sua toxicidade levam a busca por novos antifúngicos, mais eficazes e menos tóxicos. Neste contexto, este estudo teve como objetivo identificar os componentes do óleo essencial de Melissa officinalis L. e investigar sua atividade antifúngica, in vitro, sobre cepas de Cladosporium carrionii. A análise da composição química do óleo foi realizada por cromatografia a gás acoplada ao espectrômetro de massas (CG-EM). Os ensaios da atividade antifúngica foram realizados por meio da triagem microbiológica pela técnica de difusão em meio sólido; determinação da concentração inibitória mínima (CIM) pela técnica de microdiluição; concentração fungicida mínima (CFM); medida do crescimento radial em diferentes intervalos de tempo; inibição da germinação de conídios e avaliação das alterações morfológicas na presença do óleo essencial. Os resultados da CG-EM mostraram 4 componentes principais, sendo o geranial (52 %) o constituinte majoritário, seguido do citral (38,90 %), trans β-cariofileno (1,22 %) e germacrene D (0,84 %), em ordem decrescente de percentual. Nos ensaios de atividade antifúngica, o óleo essencial de M. officinalis inibiu o crescimento de 100 % das cepas de C. carrionii ensaiadas, tendo sua CIM e CFM estabelecidas em 256 µg/mL, sendo considerado um produto com forte atividade antifúngica. Foi capaz de induzir inibição do crescimento micelial radial a partir da concentração de 128 µg/mL (CIM/2), e nas concentrações CIMX2 e CIMX4, houve inibição total deste crescimento. Também foi observada inibição significante da germinação de conídios, em todas as concentrações testadas, quando comparados ao controle (p<0,05), sendo estas inibições potencializadas com o aumento da concentração, de modo que na concentração CIMX2 houve inibição de 100% da germinação dos conídios contados. Além disso, alterações morfológicas como diminuição da conidiação e alterações estruturais nas hifas foram observadas nas cepas ensaiadas, após a exposição ao óleo nas concentrações CIM/2, CIM e CIMX2. Diante do exposto, conclui-se que o óleo essencial de M. officinalis apresenta importante atividade antifúngica contra cepas de C. carrionii, representando uma nova possibilidade no arsenal de produtos para terapêutica das micoses causadas por Cladosporium carrionii. Palavras-Chave: Óleo essencial. dematiáceos. Cladosporium carrionii. Lamiaceae. Melissa officinalis. Fungos 9 ABSTRACT MENEZES, C. P. Antifungal activity in vitro of the essential oil of Melissa officinalis L. (lemongrass) on Cladosporium carrionii. 124p. Dissertation (Master in Bioactive Synthetic and Natural Products – Concentration area: Pharmacology) – Federal University of Paraiba, João Pessoa, 2012. The genus includes many species of Cladosporium fungi and opportunistic dematiaceous contaminants being found in diverse environments. Cladosporium carrionii is considered the most important pathogenic species of this genus due to the numerous cases of disease caused by this fungus in the world, being an agent of chromoblastomycosis, feohifomicoses and allergies. The increased resistance to antifungal agents available and their toxicity lead to search for new antifungals, more effective and less toxic. In this context, this study aimed to identify the components of the essential oil of Melissa officinalis L. and investigate their antifungal activity in vitro against strains of Cladosporium carrionii. The chemical composition of the oil was performed by gas chromatography coupled to mass spectrometer (GC-MS). Assays of antifungal activity were performed by microbiological screening by diffusion technique in solid medium; determination of minimum inhibitory concentration (MIC) by microdilution; minimum fungicidal concentration (MFC); measure radial growth at different time intervals; Inhibition of conidial germination and assessment of morphological changes in the presence of the essential oil. The results of GC-MS showed 4 major components, being geranial (52%) the major constituent, followed by the citral (38.90%), trans-β-caryophyllene (1.22%) and germacrene D (0.84%), in descending order of percentage. In antifungal activity assays, the essential oil of M. officinalis inhibited the growth of 100% of the strains of C. carrionii tested, and its MIC and MFC established at 256 mg / mL, and is considered a product with strong antifungal activity. Was able to induce radial mycelial growth inhibition from the concentration of 128 mg / ml (MIC/2), and the concentrations MICX2 and MICX4, there was complete inhibition of the growth. It was also observed significant inhibition of conidial germination in all concentrations compared to control (p <0.05), those potentiated inhibition with increased concentration so that the concentration was MICX2 100% inhibition of germination of conidia counted. Furthermore, morphological changes such as decreased conidiation and structural changes in hyphae were observed in the strains tested, after exposure to oil concentrations MIC/2, MIC and MICX2. Given the foregoing, it is concluded that the essential oil of M. officinalis has a significant antifungal activity against strains of C. carrionii, representing a new possibility in the arsenal of products for treatment of mycoses caused by Cladosporium carrionii. Keywords: Essential oil. Lamiaceae. Melissa officinalis. Dematiaceous fungi. Cladosporium carrionii. 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Quadro clínico da cromoblastomicose .................................................... 26 Figura 2 - Conidiação do tipo Cladosporium............................................................ 29 Figura 3 - Características morfológicas de C. carrionii ............................................ 31 Figura 4 - Alvos de ação de drogas antifúngicas ..................................................... 33 Figura 5 - Estrutura química da anfotericina B ........................................................ 34 Figura 6 - Estrutura química do miconazol (A) e do fluconazol (B).......................... 36 Figura 7 - Estrutura química da flucitosina .............................................................. 37 Figura 8 - Estrutura química da micafungina ........................................................... 38 Figura 9 - Mecanismos de resistência fúngica aos antifúngicos .............................. 39 Figura 10 - Folhas e flores de M. officinalis ............................................................. 47 Figura 11 - Atividade antifúngica dos óleos essenciais sobre as cepas de C carrionii .................................................................................................................................. 61 Figura 12 - Estrutura química do geranial (A) e do neral (B) ................................... 64 Figura 13 - Efeito do óleo essencial de M. officinalis e do fluconazol na cinética de crescimento micelial radial de C. carrionii URM 5109 ............................................... 71 Figura 14 - Efeito do óleo essencial de M. officinalis e do fluconazol na cinética de crescimento micelial radial de C. carrionii CQ 03 ...................................................... 72 Figura 15 - Cinética do crescimento micelial da cepa URM 5109 de C. carrioni, na ausência e na presença do óleo essencial de M. officinalis no 14 o. dia. .................. 74 Figura 16 - Percentual de conídios germinados de Cladosporium carrionii na ausência (controle) e na presença do óleo essencial de M. officinalis e do fluconazol .................................................................................................................................. 76 Figura 17 - Efeito do óleo essencial de M. officinalis sobre a germinação de conídios de C. carrionii. ........................................................................................................... 77 Figura 18 - Micromorfologia de C. carrionii URM 5109 na ausência (controle) e na presença do óleo essencial de M. officinalis ............................................................. 80 11 LISTA DE QUADRO Quadro 1 - Espécies vegetais das quais foram obtidos os óleos essenciais........... 52 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Classificação da planta Melissa officinalis (erva-cidreira) ....................... 46 Tabela 2 - Média dos halos de inibição do crescimento fúngico (em milímetros) produzidos pelos óleos essenciais, in natura, sobre cepas de C. carrionii................ 60 Tabela 3 - Componentes do óleo essencial de M. officinalis ................................... 64 Tabela 4 - Valores da CIM e CFM do óleo essencial de Melissa officinalis, Fluconazol e Anfotericina B sobre cepas de Cladosporium carrionii ......................... 67 13 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ASD Ágar Sabouraud Dextrose ATP Trisfosfato de Adenosina CBM Concentração Bactericida Mínima CCS Centro de Ciências da Saúde CG-EM Cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa CIM Concentração Inibitória Mínima CFM Concentração Fungicida Mínima CSD Caldo Sabouraud Dextrose DMSO Dimetilsulfóxido o Grau(s) Celsius LM Laboratório de Micologia NaCl Cloreto de Sódio µg Micrograma µg/mL Micrograma por mililitro µm Micrômetro mm Milímetro % Percentual ppm Partes por milhão UFC Unidades Formadoras de Colônias UFC/mL Unidades Formadoras de Colônias por mililitro UFPB Universidade Federal da Paraíba UFPE Universidade Federal de Pernambuco C OBS.: Os termos não listados nesta relação encontram-se descritos no texto. 14 Sumário 1 Introdução ............................................................................................................. 17 2 Objetivos ............................................................................................................... 21 2.1 Objetivo geral ................................................................................................ 21 2.2 Objetivos específicos.................................................................................... 21 3 Referencial Teórico .............................................................................................. 23 3.1 Considerações gerais sobre fungos............................................................ 23 3.2 Gênero Cladosporium ................................................................................... 28 3.2.1Cladosporium carrionii............................................................................. 30 3.3 Terapêutica antifúngica ................................................................................ 32 3.3.1 Poliênicos ................................................................................................. 33 3.3.2 Azóis ......................................................................................................... 35 3.3.3 Flucitosina ................................................................................................ 36 3.3.4 Equinocandinas ....................................................................................... 37 3.4 Resistência .................................................................................................... 38 3.5 Produtos Naturais ......................................................................................... 40 3.6 Óleos Essenciais ........................................................................................... 42 3.7 Família Lamiaceae ......................................................................................... 45 3.8 Melissa officinalis L....................................................................................... 46 4 Material e Métodos ............................................................................................... 50 4.1 Local de Trabalho .......................................................................................... 50 4.2 Espécies Fúngicas ........................................................................................ 50 4.3 Meios de Cultura ........................................................................................... 50 4.4 Inóculo............................................................................................................ 50 15 4.5 Antifúngicos Sintéticos ................................................................................ 51 4.6 Óleos Essenciais ........................................................................................... 51 4.7 Análise dos componentes do óleo essencial ............................................. 52 4.8 Ensaios de atividade antifúngica ................................................................. 53 4.8.1 Triagem microbiológica .......................................................................... 53 4.8.2 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) ...................... 54 4.8.3 Determinação da Concentração Fungicida Mínima (CFM) ................... 55 4.8.4 Determinação da cinética de crescimento micelial .............................. 55 4.8.5 Interferência sobre a germinação de conídios ...................................... 56 4.8.6 Efeito do óleo essencial sobre a morfogênese fúngica ....................... 57 4.9 Análise Estatística ........................................................................................ 57 5 Resultados e Discussão ...................................................................................... 60 5.1 Triagem microbiológica ................................................................................ 60 5.2 Análise dos componentes do óleo essencial de M. officinalis ................. 63 5.3 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Fungicida Mínima (CFM) ......................................................................................... 66 5.4 Cinética do crescimento micelial radial ...................................................... 70 5.5 Efeito do óleo essencial de M. officinalis sobre a germinação de conídios de C. carrionii .......................................................................................................... 75 5.6 Efeito do óleo essencial sobre a morfogênese fúngica ............................. 79 6. Considerações Finais ......................................................................................... 83 Referências .............................................................................................................. 85 ANEXO A – Artigo submetido .......................................................................... 107 ANEXO B – Trabalhos apresentados em congressos.................................... 119 16 Introdução 17 1 Introdução Ao longo dos últimos dez anos, a incidência de infecções importantes causadas por fungos tem aumentado. Estas infecções estão ocorrendo como infecções nosocomiais e em indivíduos com sistema imunológico comprometido. Além disso, milhares de doenças causadas por fungos afetam plantas economicamente importantes, custando anualmente mais de um bilhão de dólares (CASE, FUNKE, TORTORA et al., 2010). Os fungos pertencentes ao gênero Cladosporium são considerados contaminantes ambientais, sendo encontrados em diversos ambientes. Sua relação com a saúde humana e até mesmo animal está principalmente relacionada com quadros de patologias oportunistas quando do desenvolvimento de severa imunossupressão (TRABULSI et al., 2004; PUTZKE, PUTZKE, 2004; TASIC, TASIC, 2007; CORREIA et al., 2010; BAKHESHWAIN et al., 2011). As principais infecções fúngicas, causadas por espécies de Cladosporium, são as feo-hifomicoses e a cromoblastomicose, que são infecções crônicas difíceis de tratar, devido ao longo período de tratamento, às limitadas opções terapêuticas, às condições da imunidade do doente e à relativa resistência do fungo aos antifúngicos habitualmente utilizados, podendo, portanto, ocorrer recidivas (SIDRIM, ROCHA, 2004; LACAZ et al., 2002). Tendo em vista a crescente importância clínica e epidemiológica dispensada às infecções micóticas e a necessidade de tratamentos mais eficazes e menos tóxicos para os indivíduos acometidos, numerosas pesquisas vêm sendo desenvolvidas na expectativa de se obter novos produtos antifúngicos. Essa situação tem encorajado a adoção de novas terapêuticas, dentre elas o uso mais extenso dos produtos naturais, em especial das plantas medicinais (ODDS, BROWN, GOW, 2003; BANSOD, RAI, 2008). Plantas medicinais e aromáticas são amplamente empregadas na medicina popular e têm sido extensivamente estudadas a fim de encontrar compostos mais eficazes e menos tóxicos. Constituem uma importante fonte de novos compostos biologicamente ativos (NAKAMURA et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2006; PRABUSEENIVASAN, JAYAKUMAR, IGNACIMUTHU, 2006), contendo uma série de substâncias que podem ser usadas para o tratamento de diferentes doenças infecciosas (SAAD, 2010). 18 A atividade antifúngica de produtos obtidos de plantas medicinais tem sido cientificamente atribuída aos óleos essenciais, cumarinas, terpenos, flavonóides, amidas, imidas e alcalóides (AQUINO et al., 2003; GAYOSO et al., 2005; MOREIRA et al., 2007). Os óleos essenciais constituem os elementos voláteis originados do metabolismo secundário das plantas, contidos em muitos órgãos vegetais, e estão relacionados com diversas funções necessárias à sobrevivência vegetal, exercendo papel fundamental na defesa contra microrganismos (SIQUI, SAMPAIO, SOUSA, 2000; GONÇALVES et al., 2003). São uma rica fonte de compostos com atividades biológicas (MILHAU et al., 1997), sendo conhecidos desde a antiguidade por possuir propriedades antibacterianas e antifúngicas (CAVALEIRO et al., 2006; COWAN, 1999; TEMPONE et al., 2008). Considerando a ampla atividade biológica apresentada pelos produtos de origem natural, óleos essenciais obtidos a partir de espécies vegetais têm sido investigados para determinação de suas atividades antimicrobianas (PEREIRA et al., 2011a; GUERRA, 2012; OLIVEIRA et al., 2011; LIMA et al., 2006; BANSOD, RAI, 2008; JANTAN et al., 2008; VIUDA-MARTOS, 2008). Melissa officinalis L., pertencente à família Lamiaceae, é uma planta aromática, conhecida popularmente como, melissa, erva cidreira verdadeira, melissa romana, chá da França. As suas folhas e inflorescências são empregadas na forma de chá como calmante nos casos de ansiedade e insônia e também como medicação contra cefaleias, enxaqueca, problemas digestivos, dores de origem reumática e para normalizar as funções gastrintestinais (SIMÕES et al., 1998; LORENZI, MATOS, 2002; CARNAT et a.l, 1998). A planta possui atividade sedativa, tendo um papel importante no controle das emoções. É tranquilizante e também indutora do sono (SADRAEI et al., 2003). De acordo com Bolkent et al. (2005), extratos de M. officinalis são efetivos na redução dos níveis de peroxidação lipídica e na redução nos níveis da aspartato aminotransferase e da alanina aminotransferase em estudo com ratos hiperlipidêmicos. O óleo essencial é muito utilizado pelas indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícia devido as suas inúmeras atividades biológicas, dentre elas antibacteriana, antifúngica, ansiolítica, antioxidante e antitumoral (LORENZI, 19 MATOS, 2002; HABER et al., 2005; MIMICA-DUKIC et al., 2004; PEREIRA et al., 2005; DE SOUZA et al., 2004). Diante da importância clínica e alta incidência das micoses causadas por fungos dematiáceos, aumento do número de indivíduos imunocomprometidos, surgimento de cepas resistentes, toxicidade dos antifúngicos existentes, é de fundamental importância a busca por novos agentes antifúngicos mais eficazes, menos tóxicos, sendo os produtos derivados de plantas medicinais excelentes alternativas para esse propósito. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar a atividade antifúngica de óleos essenciais obtidos de espécies vegetais pertencentes à família Lamiaceae contra cepas de Cladosporium carrionii. 20 Objetivos 21 2 Objetivos 2.1 Objetivo geral Investigar a atividade antifúngica, in vitro, de óleos essenciais contra cepas de Cladosporium carrionii. 2.2 Objetivos específicos • Realizar triagem microbiológica de óleos essenciais obtidos de espécies vegetais pertencentes à família Lamiaceae sobre cepas de Cladosporium carrionii; • Analisar os constituintes químicos presentes no óleo essencial com melhor atividade, baseado no resultado da triagem; • Determinar a Concentração Inibitória Mínima (CIM) e a Concentração Fungicida Mínima (CFM) do produto selecionado na triagem biológica; • Avaliar a interferência do óleo essencial selecionado sobre a cinética de crescimento micelial radial; • Estudar o efeito do óleo essencial na germinação de conídios e morfogênese fúngica. 22 Referencial Teórico 23 3 Referencial Teórico 3.1 Considerações gerais sobre fungos Os fungos são organismos eucariontes e heterotróficos incluídos no Domínio Eucarya, no Reino Fungi (DEACON, 2006). Apresentam espessa parede celular constituída por glicoproteínas e polissacarideos, principalmente glucano e quitina, além de uma membrana celular, cujo principal componente é o ergosterol (BOWMAN, FREE, 2006). Possuem ampla distribuição na natureza, podendo ser encontrados dispersos no meio ambiente, em vegetais, ar atmosférico, solo, água, animais e alimentos. Suas espécies sofrem em sua incidência variações conforme a localidade, estação do ano, grau higroscópico do ar, entre outras (LACAZ et al., 2002; SIDRIM, ROCHA, 2004). A sua relação com a espécie humana é bastante variada podendo desempenhar diversos papéis, como causar doenças nas culturas vegetais, originando consideráveis perdas econômicas; decompor e reciclar matéria orgânica; produzir metabólitos tóxicos em alimentos humanos e animais; desempenhar grande atividade bioquímica, produzindo, por exemplo, antibióticos, esteróides, ciclosporinas e enzimas alimentares; auxiliar no processamento alimentar de pão, produtos lácteos e bebidas alcoólicas; ser consumidos diretamente na alimentação, como os cogumelos e o queijo; ser agentes de controle biológico contra pragas e outros fungos patogênicos de plantas; originar doenças fúngicas, ou até mesmo causar a morte, em indivíduos imunocomprometidos (DEACON, 2006). Os fungos podem causar uma série de doenças infecciosas, denominadas de micoses. As micoses são, geralmente, infecções crônicas, de longa duração, e de difícil tratamento, visto que, os fungos são organismos que crescem lentamente (CASE, FUNKE, TORTORA, 2010). Os fungos de interesse médico, agentes de micoses, são de dois tipos morfológicos: multicelular, produzindo estruturas filamentosas microscópicas sendo designados de fungos filamentosos, ou unicelulares como são conhecidas as leveduras. Existem ainda os fungos dimórficos, que se apresentam sob ambas as formas, dependendo principalmente da temperatura, mas sob a influência também 24 do teor de CO2 e das condições nutricionais (SULLIVAN, MORAN, COLEMAN, 2005; BRASIL, 2004). As leveduras têm como estrutura primária, células que se reproduzem por brotamento, único ou múltiplo, em geral de forma arredondada. Estas células são esporos de origem assexual e denominam-se blastoconídios. São capazes de colonizar o homem e outros animais, estando presentes sobre a pele, trato gastrointestinal e mucosas, vivendo comensalmente. Frente à perda do equilíbrio parasita-hospedeiro, podem causar diversos quadros infecciosos com formas clínicas localizadas ou disseminadas (BRASIL, 2004, 2009). Os fungos filamentosos são microrganismos mais desenvolvidos. Possuem como elemento constituinte básico a hifa, que pode ser septada e não septada (cenocítica). A partir da hifa, formam-se esporos, para propagação das espécies. Na grande maioria dos fungos, os esporos podem ser chamados de conídios. São os mais abundantes na natureza, porém normalmente, não fazem parte da microbiota animal, e, desse modo, o homem não é um reservatório importante para esse grupo de seres. As portas de entrada no hospedeiro são as vias aéreas superiores ou soluções de continuidade na barreira epidérmica após traumatismos com objetos perfurocortantes (BRASIL, 2009). Segundo os tecidos, órgãos e indivíduos atingidos, as infecções fúngicas são classificadas como oportunistas, superficiais ou disseminadas. As infecções oportunistas atingem exclusivamente indivíduos com sistemas imunitários debilitados. Nos casos de infecções superficiais os microrganismos estão confinados às camadas exteriores dos epitélios. E quando penetram essa barreira, entrando na corrente sanguínea e disseminando-se por todo o corpo, são consideradas infecções disseminadas ou sistêmicas (SULLIVAN, MORAN, COLEMAN, 2005). Algumas das infecções humanas mais comuns, superficiais e relativamente inócuas, estão associadas a fungos. No entanto, as cerca de 200 espécies fúngicas consideradas patogênicas humanas, podem também causar doenças muito mais devastadoras, como as aspergiloses invasivas ou as candidíases sistêmicas, ambas com elevadas taxas de mortalidade associadas (SULLIVAN, MORAN, COLEMAN, 2005; DEACON, 2006). Apesar dos humanos possuírem um nível elevado de imunidade inata em relação aos fungos, com exceção dos causadores de infecções na pele, unhas e cabelo, a situação sofre uma considerável alteração quando os alvos são indivíduos 25 com sistemas imunitários muito debilitados, como os encontrados em ambientes hospitalares (DEACON, 2006). Avanços nos cuidados com a saúde ao longo dos últimos anos permitem a sobrevida de pacientes imunocomprometidos, levando a um aumento no número de pessoas com risco de adquirir infecções fúngicas oportunistas. E a tendência parece ser que este número continue a crescer (SILVA, PAULA, ESPINDOLA, 2009). Dentre estes grupos de micoses oportunistas, merecem destaque, atualmente, aquelas causadas por fungos escuros, denominados dematiáceos. Os fungos dematiáceos constituem um grupo de fungos escuros encontrados na natureza e que possuem como característica a presença de melanina, responsável pela pigmentação escurecida de seus conídios e hifas e que parece se comportar como um fator de virulência. Mais de cem espécies e sessenta gêneros destes fungos estão implicados em um amplo espectro de infecções humanas (REVANKAR, 2007). Os fungos dematiáceos têm a propriedade de digerir as proteínas da epiderme, causando várias lesões de pele, desde pequenas manchas avermelhadas até severas erupções que podem abrir caminho para a disseminação desses fungos, causando a proliferação das lesões, podendo comprometer parcial ou totalmente alguns órgãos (ESPINEL-INGROFF et al., 1986). São responsáveis por causar doenças como a cromoblastomicose, a feohifomicose e vários distúrbios alérgicos, mas poucos são estudados quanto ao seu potencial patogênico (SINGH et al., 2005; ABLIZ et al., 2004). Cromoblastomicose é uma infecção micótica de aspecto polimórfico, causada por fungos dematiáceos, crônica de evolução lenta, que acomete a pele e tecido subcutâneo, preferencialmente, envolvendo membros inferiores. Em muitos casos, as lesões são unilaterais e caracterizam-se por irritação, formação de escamas, vermelhidão local, inchaço e inflamação das bordas. Iniciam-se com uma grande variação de pigmentação na pele relacionada à produção de corpos escleróticos pretos ou marrom-escuros nos tecidos. As lesões iniciais são pápulas ou nódulos que evoluem tornando-se verrucosas, podendo espalhar-se pelos tecidos adjacentes, por via hematogênica ou linfática (Figura 1). As interações entre o fungo e o hospedeiro, bem como a resistência imunológica, a quantidade de inóculo e a virulência do fungo, determinam alterações imunopatológicas importantes para 26 controlar sua disseminação (MATTE et al., 1997; LACAZ et al., 2002; GIMENES et al., 2006). Figura 1 – Quadro clínico da cromoblastomicose. A B C D CORREIA et al., 2010. A: placa verrucosa no cotovelo esquerdo. B: placa verrucosa ulcerada no pé esquerdo. C: nódulo verrucoso e infiltrado no dorso da mão direita. D: laca com bordas verrucosas e com centro atrófico e esclerótico na nádega esquerda. A infecção ocorre pela inoculação traumática de conídios e fragmentos de hifas do fungo que podem estar contidos em material orgânico como pedaços de plantas, galhos, tocos, solo ou detritos, sendo portanto, prevalente entre indivíduos com ocupações ao ar livre e que andam descalços, mais comum nos homens, com idade entre 30 e 60 anos. São muitos os fatores contribuíntes para a infecção, dentre eles a temperatura da pele, a quantidade de fragmentos fúngicos inoculados 27 durante a exposição e o mais importante, a umidade (SAMPAIO, RIVITTI, 1998; SIDRIM, ROCHA, 2004; RIBEIRO et al., 2006). É uma doença de distribuição cosmopolita, com maior incidência nas regiões tropicais e subtropicais de clima quente e úmido da América Latina, África, Ásia e Austrália. No Brasil, o Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e estados da região Amazônica são áreas endêmicas, sendo uma infecção fúngica presente principalmente na população rural brasileira (MATTE et al., 1997; SILVA, SOUZA, ROZENTAL, 1999; OGAWA et al., 2003; MARQUES et al., 2006; CORREIA et al., 2010). Os principais agentes etiológicos da cromoblastomicose são Fonsecaea pedrosoi, Fonsecaea compacta, Phialophora verrucosa, Cladosporium carrioni e Rhinocladiella aquaspersa, frequentemente encontrados no solo, em vegetais, espinhos de plantas, vegetação em decomposição e em madeiras putrefatas, sob forma saprofítica (SIDRIM, ROCHA, 2004; MINOTTO et al., 2001; WORTMAN, WINSTON-SALEM, 1995; MIYTAJI, NISHIMURA, 1991). As feo-hifomicoses, de acordo com McGinnis (1983) englobam importante, distinto e heterogêneo grupo de infecções micóticas causadas por fungos dematiáceos, que vão desde o comprometimento superficial até doenças em órgãos profundos, nas quais os agentes etiológicos ocorrem nos tecidos como células leveduriformes, pseudo-hifas e hifas demacioides curtas ou alongadas, regulares, distorcidas ou dilatadas ou em combinação com qualquer destas formas. Tais fungos vivem como saprófitas no solo, nas plantas, na vegetação e na madeira em decomposição (LACAZ et al., 2002; SIDRIM, ROCHA, 2004). Os achados clínicos das feo-hifomicoses são bastante variáveis, na dependência do padrão imunológico do hospedeiro, sítio anatômico acometido e espécie fúngica implicada, podendo assim ser classificada como superficial, subcutânea e sistêmica (SIDRIM, ROCHA, 2004). As micoses superficiais são infecções subagudas ou crônicas da camada superficial da pele, pelos e unhas. Caracterizam-se por provocar quadros clínicos confinados ao extrato córneo, de forma análoga à dermatomicose, ceratite micótica e onicomicoses. São originadas por microrganismos da microbiota normal como Malassezia furfur ou adquiridos do meio ambiente como Piedraia hortae, Curvularia sp., Alternaria spp., ALTERTHUM, 2004). Cladosporium spp. (SCHWARTZ, 2004; TRABULSI, 28 A micose subcutânea é a forma clínica mais comum de feo-hifomicose, caracterizando-se por um quadro infeccioso de evolução crônica, que tem como origem um traumatismo cutâneo. No local do traumatismo ocorre a inoculação do fungo dematiáceo, que evolui com formação de nódulos contendo secreção sanguinolenta ou seropurulenta (SIDRIM, ROCHA, 2004; TRABULSI, ALTERTHUM, 2004). A micose sistêmica é a forma clínica mais rara, sendo encontrada, sobretudo, em pacientes imunossuprimidos (diabéticos, leucêmicos, pacientes debilitados, com doenças crônicas e por uso de drogas imunossupressoras). As feo-hifomicoses sistêmicas acometem por excelência os órgãos internos, especialmente o cérebro. No entanto, outros órgãos podem ser afetados, como por exemplo, coração, intestino, ossos, baço, fígado e rins. Acredita-se que a principal forma de infecção é a inalação. As principais espécies fúngicas envolvidas nesses quadros são Cladosporium bantiananum, Curvularia geniculata, Exophiala jeanselmei, Wangiella dermatitidis, Alternaria spp., Bipolaris hawaiiensis (PATEL et al., 2006; SINGH et al., 2005; SIDRIM, ROCHA, 2004). 3.2 Gênero Cladosporium O gênero Cladosporium, criado por Link, em 1815, é um dos maiores e mais heterogêneos gêneros de Hyphomycetes (DUGAN, SCHUBERT, BRAUN, 2004). Esse gênero abrange muitas espécies de fungos contaminantes e oportunistas dematiáceos que são encontrados ubiquamente como saprófitas no solo e em materiais em decomposição. Muitas espécies são conhecidas por serem patógenos de plantas, enquanto outros são regularmente encontrados como contaminantes e agentes de deterioração nos alimentos ou produtos industriais, além de ser frequentemente associados com queixas asmáticas (RIESEN, SIEBER 1985; BROWN, HYDE, GUEST, 1998; EL-MORSY, 2000; SCHUBERT, 2005). Este gênero compreende mais de 30 espécies, estando entre os fungos mais comumente isolados do ambiente em quase todo lugar do mundo. As espécies mais isoladas são Cladosporium spherospermum, elatum, Cladosporium Cladosporium cladosporioides, Cladosporium oxysporum (TASIC, TASIC, 2007). herbarum, Cladosporium Cladosporium carrionii, 29 Na fase saprófita, formam hifas septadas e escuras, com conidióforos laterais e terminais de tamanhos variados. A conidiação é do tipo Cladosporium, isto é, os conidióforos produzem cadeias longas e ramificadas de conídios castanhos, ovais e de paredes lisas e finas (Figura 2). Nos tecidos aparecem como grandes células redondas, septadas e escuras, com 5-12 µm de diâmetro (BENSCH et al., 2012; FISHER, COOK, 2001). Figura 2 – Conidiação do tipo Cladosporium. Fonte: FISHER, COOK, 2001. Os conidióforos são macronematosos ou semi–macronematosos e em alguns casos podendo ser micronematosos. Os conidióforos macronematosos normalmente são retos ou flexuosos (curvados), não ramificados ou com ramificações restritas na região apical, formando um estipe ou uma cabeça de coloração marrom olivácea à marrom, podem ter superfície lisa ou verrugosa. As células conidiogênicas são poliblásticas usualmente integradas, terminais, intercalares, mas, muitas vezes discretas, simpodiais e de formato cilíndrico, cicatrizadas, com proeminência na célula conidiogênica. Os conídios podem ser produzidos em cadeias, sendo catenulados, podem ser muitas vezes solitários em algumas espécies, onde os conídios são mais largos e algumas vezes são ramificados em cadeia acropleurógena, são simples, cilíndricos, ovóides, doliformes, fusiformes, elipsóides, esféricos ou sub-esféricos. Possuem coloração marrom 30 olivácea escuro ou marrom, a superfície do conídio pode ser lisa, verrugosa ou equinulada com 0–3 septos ocasionalmente (ELLIS, 1971). Os conídios são bem adaptados para se espalhar facilmente em grandes números por longas distâncias. São importantes alérgenos, e em grandes quantidades, podem afetar gravemente as pessoas asmáticas e com doenças respiratórias. A exposição prolongada pode enfraquecer o sistema imunológico (FARR et al., 1989; MULLINS, 2001; FLANNIGAN, 2001). São fungos de crescimento lento, atingindo a maturidade dentro de 21 dias. Caracterizam-se pela produção de colônias efusas ou ocasionalmente puntiformes, com superfícies planas, aveludadas, circulares, de crescimeto lento e enrrugado, que vão do verde oliva ao marrom escuro e reverso preto (TAMSIKAR, NAIDU, SINGH, 2006). Apesar de sua prevalência, apenas um número limitado de espécies têm sido documentados como agentes de infecções micóticas em humanos (MATSUMOTO et al., 1994; DE HOOG et al., 2000), sendo responsáveis por causar infecções de pele e unhas, assim como infecções pulmonares e sinusite (RIVAS, THOMAS, 2005; ZOPPAS, VALENCIA-BARRERA, FERNÁNDEZ-GONZÁLES, 2011). Espécies de Cladosporium não produzem micotoxinas de grande preocupação, porém produzem compostos orgânicos voláteis associados com odores (RIVAS, THOMAS, 2005). As espécies C. cladosporioides, C. herbarum, C. oxysporum, C. carrionii e C. sphaerospermum têm sido observadas como responsáveis primárias por quadro de feo-hifomicoses superficiais (onicomicoses, ceratites, etc.), cromoblastomicoses e feo-hifomicoses profundas (meningites, quadro pulmonares, etc.) (DE HOOG et al., 2000; KWON-CHUNG et al., 1975; SIDRIM, ROCHA, 2004; NAMRATHA, NADGI, KALE, 2010; CORREIA et al., 2010). 3.2.1 Cladosporium carrionii A espécie Cladosporium carrionii é encontrada no solo, na madeira e nos vegetais em decomposição. Sua distribuição é universal, mais frequente nas zonas tropicais e subtropicais, mas ocasionalmente, é encontrada nas zonas temperadas. Infecções com C. carrionii ocorrem, sobretudo, nas pessoas que trabalham ao ar livre, sem a proteção de roupas adequadas, sapatos e luvas. Os fungos penetram na 31 pele através de algum ferimento ou pequenos traumatismos, tais como cortes, espinhos infectados, lascas de madeira. Exposições repetidas e má saúde geral podem contribuir para o desenvolvimento da infecção (CORREIA et al., 2010). C. carrionii é considerada a espécie patogênica mais importante desse gênero, devido aos inúmeros casos de doenças causadas por este fungo em todo o mundo, sendo um agente reconhecido de cromoblastomicose, feo-hifomicoses e quadros alérgicos. As infecções causadas por C. carrionii são crônicas e aparecem como micoses na pele, tecidos subcutâneos e unhas (ABLIZ et al., 2004). Casos de cromoblastomicose causada por C. carrionii são comumente encontrados na Austrália, Venezuela, Madagascar e América do Sul (DE HOOG et al., 2007). No Brasil, o Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e estados da região amazônica são áreas endêmicas (CORREIA et al., 2010). Macromorfologicamente, as colônias de Cladosporium carrionii, depois de 10 a 30 dias, em Ágar Sabouraund Dextrose a 28 o C, são verde-oliva, verde- acinzentadas ou lavanda, com pigmento reverso negro-azeviche. Colônias mais velhas podem tornar-se cinza-escuras ou negras tanto na superfície quanto no reverso. A superfície é recoberta com micélio aéreo curto, que lhe confere uma textura aveludada ou algodonosa. A topografia pode ser espalhada, dobrada ou elevada, ver figura 3A (FISHER, COOK, 2001). Figura 3 – Características morfológicas de C. carrionii. B A Fonte: MENEZES (2012). o A: Macromorfologia, colônia após 15 de crescimento em ASD a 28 C, apresentando coloração verdeoliva e superfície com textura aveludada. B: Micromorfologia, presença de hifas longas e septadas, com conídios de tamanhos variados na porção terminal. 32 As hifas do C. carrionii apresentam um pigmento marrom-esverdeado nas preparações sem corantes. Elas são septadas e têm 4µm de largura. Os conídios apresentam tamanhos variados e, muitas vezes, apresentam septos. São laterais ou terminais, de cor marrom-esverdeada clara. As extremidades distais dos conidióforos são levemente dilatadas. Cadeias ramificadas longas de 12 a 15 blastoconídios são produzidas (Figura 3B) (FISHER, COOK, 2001). 3.3 Terapêutica antifúngica O tratamento das feo-hifomicoses é bastante variável no que se refere ao tipo e à localização da lesão, bem como ao fungo envolvido, dependendo, portanto da forma clínica. A diversidade de quadros de feo-hifomicose impõe condutas particulares, entretanto, o tratamento de primeira escolha para as feo-hifomicoses é o itraconazol em esquema prolongado. Lesões localizadas devem ser tratadas cirurgicamente ou com infiltrações locais de anfotericina B e para casos disseminados emprega-se a associação de anfotericina B e 5-fluorocitosina (SIDRIM, ROCHA, 2004; LACAZ et al., 2002; REVANCAR et al., 2002; FONSECA et al., 1990). A cromoblastomicose é uma das infecções fúngicas mais difíceis de tratar, sendo o tratamento longo e podendo ter recidivas, assim sendo, o tratamento pode variar dependendo de cada situação e da extensão da lesão. Até o presente momento, não se conhece nenhum fármaco ou procedimento eficaz para eliminar o fungo do organismo por ele afetado. Porém, existem três modalidades de tratamento, isto é, tratamento físico (crioterapia e exérese cirúrgica), quimioterápico e combinação de terapias. No tratamento farmacológico existem alguns fármacos indicados para o combate dessa doença, sendo o grupo dos azólicos os antifúngicos de primeira escolha para a terapia. Os melhores resultados são obtidos com itraconazol e terbinafina em doses altas, por pelo menos 6 a 12 meses. O sucesso do tratamento está relacionado ao agente causal, à forma clínica e a extensão das lesões (QUEIROZ-TELLES, et al., 2009; CUCÉ, WROLCLAWSKI, SAMPAIO, 1980; GUPTA, TABORDA, SANZOVO, 2002; BONIFAZ, PAREDES-SOLIS, SAUL, 2004). Dessa forma, o arsenal terapêutico antifúngico tem aumentado muito, nestes últimos anos, buscando atender a essa demanda crescente de casos na micologia médica (SIDRIM, ROCHA, 2004). 33 Os agentes terapêuticos atuais podem ser amplamente classificados em dois grupos: o primeiro, os antibióticos antifúngicos que ocorrem naturalmente, tais como os poliênicos e as equinocandinas, e o segundo, os fármacos sintéticos, incluindo os azóis e as pirimidinas fluoradas. Os principais alvos das drogas antifúngicas são a parede celular, membrana e núcleo da célula fúngica, conforme figura 4 (RANG, DALE, RITTER, 2007). Figura 4 – Alvos de ação de drogas antifúngicas. Inibição da síntese de DNA / RNA no núcleo Pirimidinas Fluoradas Flucitosina Inibição da biossíntese de ergosterol na membrana celular Azóis: Fluconazol Cetoconazol Itraconazol Voriconazol Posaconazol Inibição da síntese de β-1,3-glucana na parede celular Equinocandinas: Caspofungina Micafungina Anidulafungina Interrupção do ergosterol na membrana celular Polienos: Anfotericina B Nistatina Fonte: Adaptado de CHANDRASEKAR, 2011 3.3.1 Poliênicos Introduzidos na década de 1950, os poliênicos representam a mais antiga família de fármacos antifúngicos (MOHR et al., 2008; MATHEW, NATH, 2009). 34 Esses agentes apresentam importante efeito fungicida, amplo espectro de ação e baixa tendência ao desenvolvimento de resistência entre os fungos patogênicos (BRAUTASET et al., 2011). Do grande grupo de poliênicos, as duas drogas mais usadas clinicamente são anfotericina B e nistatina (BENNETT, 2006), que apresentam estruturas químicas similares e o mesmo mecanismo de ação (RANG, DALE, RITTER, 2007). A atividade antifúngica dos poliênicos é mediada por meio da sua ligação ao ergosterol, um componente essencial da membrana citoplasmática fúngica (MATHEW, NATH, 2009). A ligação resulta na formação de canais aquosos e não aquosos que aumentam a permeabilidade da membrana, causando o vazamento de componentes celulares, incluindo proteínas e cátions monovalentes e divalentes, através desses poros, o que leva à perda de potencial de membrana e, finalmente, a morte da célula (CHANDRASEKAR, 2011; MOHR et al., 2008; MATHEW, NATH, 2009). Os antibióticos poliênicos são lactonas macrocíclicas que contêm uma porção hidrofóbica conjugada por dupla ligação e uma porção hidroxilada hidrofílica (WISPELWEY, PARSONS, 2006). Figura 5 – Estrutura química da anfotericina B. Fonte: BRAUTASET et al., 2011 A anfotericina, também chamada de anfotericina B, é uma mistura de substâncias antifúngicas derivadas de culturas de Streptomyces. Apresenta sete ligações duplas conjugadas na sua região polieno (Figura 5), sendo esta região 35 essencial para a ação fungicida, devido a interação hidrofóbica com os esteróis de membrana (RANG, DALE, RITTER, 2007; BRAUTASET et al., 2011) Ativa contra a maioria dos fungos filamentosos e das leveduras é considerada o padrão-ouro para o tratamento das infecções fúngicas disseminadas causadas por vários microrganismos (RANG, DALE, RITTER, 2007). O uso clínico da anfotericina B é limitado, por apresentar baixa seletividade, sendo potencialmente tóxica às células humanas, ocasionando, principalmente, nefrotoxicidade que pode ser observada nos primeiros dias de uso clínico, distúrbios eletrolíticos e efeitos colaterais relacionados à infusão aguda (OSTROSKYZEICHNER et al., 2003; ODDS, BROWN, GOW, 2003; HA et al., 2011). Entretanto, apesar da elevada toxicidade da anfotericina B, o interesse clínico nela permanece devido à sua alta potência, amplo espectro de ação e, principalmente, pelo fato de que raramente são isoladas cepas resistentes em pacientes (EGGIMAN, GARBINO, PITTET, 2003; AKINS, 2005). 3.3.2 Azóis Os azóis são quimioterápicos antifúngicos sintéticos, com amplo espectro de ação, caracterizados por um anel pentagonal na estrutura molecular, o qual contém três átomos de carbono e dois de nitrogênio (imidazólicos), ou dois de carbono e três de nitrogênio (triazólicos). Ambos compartilham o mesmo mecanismo de ação (MARTINEZ, 2006). Considerando as drogas de uso sistêmico, o subgrupo dos imidazólicos compreende o miconazol (Figura 6A), o cetoconazol, clotrimazol, econazol, fenticonazol, tioconazol e sulconazol e dos triazólicos incluem o fluconazol (Figura 6B) e itraconazol, triazóis de primeira geração, voriconazol, posaconazol e ravuconazol, de segunda geração (RANG, DALE, RITTER, 2007). São agentes fungistáticos, atuando seletivamente na inibição da síntese de ergosterol, principal esterol presente na membrana celular das células fúngicas. Esta interferência se processa por meio da inibição da lanosina 14-α-desmetilase, enzima microssômica do citocromo P450, que é responsável pela conversão do lanosterol em ergosterol, por meio da remoção oxidativa do grupo 14-α-metil do lanosterol. A depleção resultante de ergosterol leva ao acúmulo de esteróis tóxicos sobre a superfície fúngica, alterando a fluidez da membrana, comprometendo as funções de 36 determinados sistemas enzimáticos associados à membrana, como a ATPase e as enzimas do sistema de transporte de elétrons, inibindo, assim, o crescimento e a replicação dos fungos (BENNETT, 2006; DODDS-ASHLEY, 2006; MOHR et al., 2008). Os eventos adversos associados a esta família de antifúngicos restringem-se ao local da sua aplicação, podendo incluir irritação, prurido, sensação de queimação, maceração, fissuras, ardência, e, mais raramente, dermatite alérgica de contato (ZHANG, CAMP, ELEWSKI, 2007). Figura 6 – Estrutura química do miconazol (A) e do fluconazol (B). A B Fonte: (A) WISPELWEY, PARSONS, 2006; (B) PASQUALOTTO, DENNING, 2008. 3.3.3 Flucitosina Flucitosina é uma pirimidina fluorada relacionada com a fluoruracila e a floxuridina. Trata-se da 5-fluorocitocina (GILMAN, 2005), com a seguinte estrutura química (Figura 7): 37 Figura 7 – Estrutura química da flucitosina. Fonte: BENNETT, 2006. A flucitosina é um antifúngico sintético ativo por via oral que é efetivo contra uma faixa limitada de infecções fúngicas sistêmicas, sendo único em seu mecanismo de ação entre os fármacos antifúngicos, e único antimetabólito disponível no mercado (RANG, DALE, RITTER, 2007; CHANDRASEKAR, 2011). Seu mecanismo de ação relaciona-se à capacidade que alguns fungos patógenos apresentam de possuírem enzimas capazes de internalizar e converter a flucitosina a 5-fluorouracil. Esta pode ser incorporada ao RNA em formação, inibindo a sua síntese ou agir sobre a enzima timidilato sintase, inibindo a síntese do DNA, levando, consequentemente, à morte celular. Vários fungos filamentosos não possuem as enzimas necessárias para a internalização e conversão da flucitosina, portanto, a atividade fungicida deste fármaco é limitada a algumas espécies fúngicas (MATHEW, NATH, 2009; PFALLER et al., 2002). 3.3.4 Equinocandinas Equinocandinas são lipopeptídeos semi-sintéticos com estrutura química de hexapeptídeos cíclicos ligados a uma cadeia lateral de ácido graxo (DERESINSKI, STEVENS, 2003). Representam a mais nova classe de antifúngicos desenvolvida, e incluem a caspofungina, micafungina (figura 8) e anidulafungina (KAUFFMAN, CARVER, 2008; MOHR et al., 2008; MUÑOZ et al., 2010). 38 Figura 8 – Estrutura química da micafungina. Fonte: PASQUALOTTO, DENNING, 2008. Diferentemente da anfotericina B e dos azólicos, as equinocandinas têm como alvo farmacológico a parede celular do fungo. Elas atuam interferindo na síntese da parede celular fúngica por meio da inibição não-competitiva da enzima ligada à síntese de β-1,3-glucano, que é um dos principais componentes da parede celular fúngica (ROGERS, FROST, 2009). A diminuição da síntese de β-1,3-glucano resulta em desestabilização da parede celular fúngica, lise e morte celular (SABLE, STROHMAIER, CHODAKEWITZ, 2008). A ausência de parede celular nas células dos mamíferos faz dessa classe um alvo atrativo e específico para atividade antifúngica. Ademais, os efeitos adversos são menos frequentes do que com a anfotericina B e a interação com outros medicamentos é menor do que com as drogas azólicas. Contudo, a administração exclusivamente endovenosa e o restrito espectro de ação limitam o uso clínico das equinocandinas a infecções mais graves (LAI et al., 2008; MARTINEZ, 2006). 3.4 Resistência A terapêutica antifúngica, apesar de mais diversificada, hoje em dia, ainda apresenta algumas limitações no que respeita a toxicidade sobre as células humanas e a resistência, tanto intrínseca como adquirida, por parte dos fungos (NISHI et al., 2009). 39 A resistência aos antifúngicos é, hoje em dia, um problema sério a nível clínico, pelo que há necessidade de descobrir novos alvos que possibilitem o desenvolvimento de novos antifúngicos. O diagnóstico tardio e o relativo número reduzido de classes de antifúngicos terapeuticamente disponíveis favorecem a mortalidade, que é atribuída às infecções sistêmicas. Aliado a isso, a resistência fúngica aos agentes disponíveis torna-se um problema para alguns grupos de pacientes, especialmente os imunocomprometidos (CANNON et al., 2009). Diversos mecanismos bioquímicos contribuem para o fenótipo de resistência a drogas nos fungos. O mais frequente deles envolve uma modificação na membrana plasmática reduzindo a permeabilidade ou captação da droga, alterações estruturais no sítio alvo, aumento no efluxo das drogas ou alteração nos níveis intracelulares dos alvos (Figura 9 ) (DEISING, REIMANN, PASCHOLATI, 2008). Figura 9 – Mecanismos de resistência fúngica aos antifúngicos. Fonte: PEREIRA, 2012. De modo que se torna evidente a necessidade de novos antifúngicos mais eficazes e menos tóxicos, encorajando a adoção de novas terapêuticas, dentre elas, o uso mais extenso de produtos naturais (SILVA et al., 2008). 40 3.5 Produtos Naturais Considerando a perspectiva de obtenção de novos fármacos, os produtos naturais se diferenciam dos sintéticos sob o aspecto da diversidade molecular. Sabe-se que a diversidade molecular dos produtos de origem natural é muito superior àquela derivada dos processos de síntese, que, apesar dos avanços consideráveis, é ainda limitada. Isso proporciona a elaboração de novos fármacos com funções terapêuticas diversificadas (NISBET, MOORE, 1997). A história do desenvolvimento de novos fármacos tem o seu fundamento no estudo de remédios naturais utilizados no tratamento de doenças ao longo dos séculos (RISHTON, 2008). Segundo Balunas e Kinghorm (2005), durante milhares de anos as plantas têm sido utilizadas com fins terapêuticos, assumindo inicialmente a forma de tinturas, chás, cataplasmas, pós e outras formulações de ervas. Assim como o desenvolvimento da sociedade humana, essa sistemática esteve intimamente ligada ao uso dos recursos naturais que estavam à disposição da humanidade. Ainda hoje, todos os aspectos ligados ao conhecimento sobre as plantas medicinais continuam evoluindo, permitindo-se alcançar novas perspectivas na utilização desse recurso (CUNHA, 2009). Deste modo, em todo o mundo, o uso de plantas medicinais contribui significativamente com os primeiros cuidados com a saúde, embora seus constituintes químicos nem sempre sejam conhecidos (BIRKLE, 2006; KHAN et al., 2009; MACIEL et al., 2002). Na atualidade, muitas destas plantas são incluídas na terapêutica convencional para o tratamento de várias doenças (VIEIRA, 2005; MANTILLA, 2005). Nos países em desenvolvimento, entre 65 e 80 % da população depende, exclusivamente, de plantas medicinais para seus cuidados básicos de saúde (AGRA et al., 2008). As plantas possuem uma vasta capacidade biossintética, o que faz delas uma valiosa fonte de compostos terapêuticos (SCHMIDT et al., 2008). Muitos dos quais constituem modelos para síntese de grande número de fármacos. Sendo assim, estes produtos, encontrados na natureza, revelam grande diversidade em termos de estrutura e de propriedades físico-químicas e biológicas (BRESOLIN, CECHINEL FILHO, 2003). A procura de novas moléculas farmacêuticas tem como fonte de pesquisa a riqueza de informações do uso de plantas na medicina popular. Nesse contexto, pesquisas relacionadas a medicamentos mostraram que, nos últimos 25 41 anos, 25 % de princípios ativos utilizados são de origem natural ou semissintética (CRAGG, NEWMANN, SNADER, 2003). De modo que, nas últimas décadas, aproximadamente, um quarto das drogas utilizadas a nível mundial, são produtos naturais ou seus derivados (BALUNAS, KINGHORM, 2005). De acordo com Schmidt et al. (2008) as plantas serão por muito tempo uma fonte terapêutica para além da capacidade atual da química sintética, dado o vasto número de produtos naturais e a complexidade dos metabólitos secundários produzidos por elas. No entanto, apesar de toda importância atribuída às plantas, o seu potencial como fonte de novos produtos naturais é ainda pouco explorado. Segundo estimativas, o número de espécies vegetais superiores pode chegar a 500.000, sendo que destas, apenas 15 a 17 % foram investigadas quanto as suas propriedades biológicas (BARROS, 2008). O Brasil é o país com a maior biodiversidade de plantas do mundo. Possui mais de 55 mil espécies descritas, o que corresponde a 22 % do total mundial. A grande biodiversidade de espécies vegetais brasileiras constitui uma de suas maiores riquezas e se destaca como fonte para obtenção de novas substâncias com finalidade terapêutica (CARVALHO et al., 2007). Porém, os países desenvolvidos, como Estados Unidos, Japão e os países europeus são os que mais manufaturam e comercializam produtos naturais (KLEIN et al., 2010). Em países industrializados, dados mostram que o uso das plantas medicinais constitui cerca de 20 % do total de prescrições médicas, sendo que em países emergentes esse número atinge 80 % (FELTRIN, CHORILLI, 2010). No Brasil, o crescimento do mercado de medicamentos fitoterápicos é de aproximadamente 15 % ao ano, enquanto o crescimento anual de medicamentos sintéticos é na ordem de 3 a 4 %. Contudo, apenas 20 % da população é responsável por 63 % do consumo dos medicamentos sintéticos disponíveis, sendo que o restante encontra nos produtos de origem natural, especialmente as plantas medicinais, a principal fonte de recursos terapêuticos (REIS, MARIOT, STEENBOCK, 2004). Sabe-se que as plantas constituem uma fonte inesgotável de compostos naturais potencialmente ativos, sintetizados a partir do seu metabolismo (CARDOSO, SHAN, SOUZA, 2001). Os produtos químicos produzidos pelos vegetais podem ser divididos em dois grandes grupos. Os primeiros, denominados 42 metabólitos primários ou macromoléculas, são essenciais a sobrevivência dos vegetais. Incluem os lipídeos, protídeos, glicídeos e nucleotídeos, que têm funções vitais bem definidas. Os produtos do metabolismo primário, através de rotas biossintéticas diversas e frequentemente desconhecidas, originam, às custas de energia, o segundo grupo de compostos químicos – os metabólitos secundários ou micromoléculas - que geralmente apresentam estrutura complexa, baixo peso molecular, marcantes atividades biológicas e, diferentemente daqueles do metabolismo primário, são encontrados em concentrações relativamente baixas e em determinados grupos de plantas (POSER, MENTZ, 2004). Os metabólitos secundários possuem propriedades biológicas importantes e estão diretamente envolvidas nos mecanismos que permitem a adequação da planta ao seu meio. As substâncias pertencentes a essa classe de metabólitos possuem diversas funções biológicas, tais como defesa contra herbívoros e microrganismos, proteção contra raios UV, atração de polinizadores ou animais dispersores de sementes (FUMAGALI et al., 2008). O uso de metabólitos secundários de plantas vem crescendo e conquistando o mercado e a preferência dos consumidores por apresentarem benefícios à saúde, bem como menores impactos ao meio ambiente (PEREIRA et al., 2008). Os metabólitos secundários apresentam várias atividades biológicas. Muitos são de importância comercial tanto na área farmacêutica quanto nas áreas: alimentar, agronômica e de perfumaria. Entre os metabólitos secundários, os principais grupos de compostos encontrados com atividade biológica são os alcalóides, flavonóides, cumarinas, taninos, quinonas e óleos essenciais (PEREIRA, 2006). 3.6 Óleos Essenciais Os óleos essenciais são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, geralmente odoríferas e líquidas, provenientes do metabolismo secundário vegetal, presente em quase duas mil espécies e distribuídos em sessenta famílias de plantas (SIMÕES et al., 2007; TAIZ, ZEIGER, 2004). Também podem ser chamados de óleos voláteis, óleos etéreos ou essenciais, por serem de aparência oleosa à temperatura ambiente, possuírem aroma agradável e intenso, serem solúveis em solventes orgânicos apolares e apresentarem 43 solubilidade limitada em água. Entretanto, sua principal característica é a volatilidade, diferindo, assim, dos óleos fixos (SIMÕES et al., 2007; GUTIERREZ, BARRY-RYAN, BOURKE, 2008). São geralmente incolores ou ligeiramente amarelados e em geral são muito instáveis, principalmente na presença de ar, luz, calor, umidade e metais. Além disso, a maioria dos óleos essenciais possui índice de refração e são opticamente ativos (SIMÕES et al., 2007). Os óleos essenciais podem ser encontrados em diversos órgãos do vegetal, tais como em suas folhas, flores, frutos, troncos, raízes, sementes, sendo normalmente elaborados nas folhas e armazenados em células secretórias, cavidades, canais, células epidérmicas ou tricomas glandulares (TAIZ, ZEIGER, 2004; BURT, 2004). Na natureza estão relacionados com diversas funções necessárias à sobrevivência vegetal, exercendo papel fundamental na defesa contra microrganismos e outros predadores, atuando como inibidores de germinação, na proteção contra a perda de água, aumento da temperatura, além de estarem envolvidos na atração de polinizadores e atuarem contra herbívoros, ao reduzirem o apetite desses animais pelas plantas (BAKKALI et al., 2008; CRAVEIRO, MACHADO, 1986; HARBONE, 1993; SIQUI, SAMPAIO, SOUSA, 2000). Quimicamente os óleos essenciais são constituídos, em sua maioria, de substâncias terpênicas e eventualmente de fenilpropanóides, acrescidos de moléculas menores, como álcoois simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos, peróxidos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas e até mesmo compostos com enxofre. O perfil terpênico apresenta normalmente substâncias constituídas de moléculas de dez e de quinze átomos de carbono (mono e sesquiterpenos), mas dependendo do método de extração e da composição da planta, terpenos menos voláteis podem aparecer na composição do óleo essencial (NICARETA, 2006). Na mistura, tais compostos apresentam-se em diferentes concentrações, sendo um deles o composto majoritário, existindo outros em menores teores e outros em baixíssimas quantidades (SIMÕES et al., 2007). A composição dos óleos essenciais é determinada geneticamente e em geral, específica para um determinado órgão produtor. Dentre os fatores que podem influenciar na composição química do óleo essencial estão a sazonalidade, o ciclo de crescimento vegetativo, a disponibilidade hídrica, a radiação ultravioleta, os 44 nutrientes do solo, a altitude, a poluição atmosférica, a indução por estímulos mecânicos e o ataque de patógenos, além da localização geográfica, tempo de colheita e o processo de obtenção do óleo (SIMÕES et al., 2007; GOBBO-NETO, LOPES, 2007; ONOFRE et al., 2008). Adicionalmente, o ambiente em que o vegetal se desenvolve e o tipo de cultivo influem na composição química dos óleos essenciais. A temperatura, a umidade relativa, a duração total de exposição ao sol e o regime de ventos exercem influência direta, principalmente nas espécies que possuem estruturas histológicas de estocagem de óleo na superfície (VALBORMIDA et al., 2006). Os métodos de extração dos óleos essenciais variam conforme a localização do óleo na planta e com a proposta de utilização do mesmo (SIMÕES et al., 2007). Há vários métodos de obtenção dos óleos essenciais, podendo incluir a destilação a vapor, hidrodestilação, destilação assistida por micro-ondas, hidrodifusão por microondas e gravidade, extração com solvente orgânico, extração com solvente a alta pressão, fluído supercrítico com CO2, extração ultra-sônica e extração por microondas sem solventes (OKOH, SADIMENKO, AFOLAYAN, 2010). Sendo a destilação a vapor de água o método mais comumente utilizado na produção comercial (PRABUSEENIVASAN, JAYAKUMAR, IGNACIMUTHU, 2006). Os óleos essenciais têm sido amplamente usados especialmente pelas indústrias farmacêuticas, sanitárias, cosmética, agrícola e de alimentos devido às suas ações bactericida, fungicida, parasiticida, inseticida e virucida, além de outras propriedades medicinais (BAKKALI et al., 2008). Diversas propriedades farmacológicas dos óleos essenciais já foram relatadas na literatura, sendo amplamente utilizados na prevenção e no tratamento de inúmeras doenças humanas como o câncer, as doenças cardiovasculares, incluindo a aterosclerose e trombose. Também atuam como antibacteriano, antifúngico, analgésico, antiviral, antioxidante, hipoglicemiante, analgésico, sedativo, antiinflamatório, espasmolítico e anestésico local (BAKKALI et al., 2008; EDRIS, 2007; KORDALI et al., 2005; SYLVESTRE et al., 2006, LIMA et al., 2006). Inúmeros estudos têm relatado a expressiva atividade antifúngica que os óleos essenciais apresentam (DUARTE et al., 2005; LIMA et al., 2006; BANSOD, RAI, 2008; CASTRO, LIMA, 2010; PEREIRA et al., 2011b; SOUSA, 2012; GUERRA, 2012). 45 Considerando o grande número de diferentes compostos químicos presentes nos óleos essenciais, é muito provável que a sua atividade antimicrobiana não seja atribuível a apenas um mecanismo específico, mas que existam vários alvos na célula (BURT, 2004). Os mecanismos pelos quais os óleos essenciais podem inibir microrganismos envolvem diferentes modos de ação, e em parte podem ser devido à sua hidrofobicidade (EDRIS, 2007; KALEMBA, KUNICKA, 2003). Decorrente desta característica, muitos destes compostos atuam na bicamada lipídica da membrana celular modificando sua estrutura e tornando-a mais permeável, levando ao vazamento de conteúdos vitais da célula. O efluxo de K+ geralmente é o primeiro sinal de dano e, muitas vezes, é seguido pelo extravasamento de constituintes citoplasmáticos incluindo ATP. A perda da permeabilidade diferencial da membrana citoplasmática é considerada a causa de morte celular (BURT, 2004; BEN ARFA et al., 2006). A parede celular é outro importante sítio de ação dos óleos essenciais, visto que, esses compostos podem acumular-se na parede e causar seu rompimento. Esses compostos provavelmente danificam vários sistemas enzimáticos, inclusive os envolvidos na produção de energia celular e na síntese de compostos (DORMAN, DEANS, 2000). Os óleos essenciais também podem interferir no mecanismo de reparo necessário para divisão celular dos microrganismos (CONNER, BEUCHAT, 1984). Nos últimos anos a atividade antifúngica de óleos essenciais tem sido relatada para diversas espécies, envolvendo principalmente as famílias Lamiaceae, Asteraceae, Verbenaceae, Rutaceae, Lauraceae e Cupressaceae (ABAD, ANSUATEGUI, BERMEJO, 2007). 3.7 Família Lamiaceae A Família Lamiaceae inclui cerca de 252 gêneros, nos quais se distribuem 6700 espécies que são nativas principalmente na área do Mediterrâneo, embora algumas tenham origem na Austrália, no Sudoeste da Ásia e na América do Sul, compreendendo ervas ou arbustos que apresentam tricomas glandulares que secretam óleos essenciais e compostos fenólicos, responsáveis pelo aroma característico das espécies (EVANS, 2002; JUDD et al., 1999). 46 Além da importância do ponto de vista medicinal, esta família também é fonte de espécies com grande valor como condimentos, alimentos e na indústria de perfumes e cosméticos (CUPPETT, HALL, 1998; DI STASI, HIRUMA-LIMA, 2002). São exemplos as espécies de alecrim (Rosmarinus sp.), sálvia (Salvia sp.), orégano (Origanum sp.), tomilho (Thymus sp.), manjericão (Ocimum sp.), manjerona (Marjorana sp.), menta (Mentha spp.), segurelha (Satureja sp.), erva-cidreira (Melissa sp.) dentre outras, as quais são estudadas devido às suas propriedades antioxidantes, antimicrobianas e medicinais (MARIUTTI, BRAGAGNOLO, 2007). 3.8 Melissa officinalis L. Melissa officinalis L., pertencente à família Lamiaceae, é conhecida popularmente como, melissa, erva cidreira verdadeira, melissa romana, chá da França, cuja classificação filogenética é mostrada na Tabela 1. Tabela 1 – Classificação da planta Melissa officinalis (erva-cidreira). Reino Plantae (Plantas) Subreino Tracheobionta (Plantas vasculares) Superdivisão Spermatophyta (Plantas com sementes) Divisão Magnoliophyta (Plantas com flores) Classe Magnoliopsida (Dicotiledôneas) Subclasse Asteridae Ordem Lamiales Família Lamiaceae Gênero Melissa L. Espécie Melissa officinalis L. Fonte:http://plants.usda.gov/java/ClassificationServlet?source=profile&symbol=MEO F2&display=31, site acessado em 15.03.2011. Planta perene, herbácea, podendo atingir de 30 a 100 cm, com rizoma ramificado e raízes fibrosas. Possui caule muito ramificado, tenro, quadrangular, 47 ereto, piloso e aromático. Suas folhas são simples, inteiras, pequenas, opostascruzadas, com lâminas pilosas ovalo-triangulares de base ligeiramente codiforme e ápice pouco agudo, com 5 a 8 cm de comprimento. Tem pecíolo fino e alongado com estípulas pequenas na base. As folhas são, também, peninérveas com inúmeras nervuras secundárias e terciárias, formando um retículo. Bordos dentadocrenados. Face ventral da lâmina, verde escura e a dorsal esbranquiçada com nervuras salientes (CASTRO, CHEMALE, 1995). As flores apresentam coloração variando de branco a rosada ou amareladas, reunidas em fascículos de 2 a 6 unidades com florescimento de outubro a março (HERTWIG, 1986). Figura 10 – Folhas e flores de M. officinalis. Fonte: http://flickriver.com/photos/tags/ervacidreira/interesting/ A melissa é uma planta que prefere climas temperados e não resiste a geadas e vento frio, se adapta melhor em lugares parcialmente sombreados, não tolerando calor excessivo. O cultivo deve ser em solo fértil e rico em matéria orgânica, úmido, porém, bem drenado (LORENZI, MATOS, 2002). Análises da constituição química dos extratos de partes aéreas de M. officinalis L. evidenciaram a presença de componentes tais como taninos derivados dos ácidos rosmarínicos e caféico, ácidos triterpenóides e flavonóides. Entretanto, os componentes majoritários presentes na folha de M. officinalis são, citronelal (2-40 %), citral (mistura de neral e geranial: 10-30 %), seguidos pelo β-cariofileno, germancreno D, ocimeno e citronelol (SIMÕES et al., 1998; LORENZI, MATOS, 2002; COLUSSI et al., 2011). 48 Por conter como fitoconstituínte o citral, a M. officinalis possui odor semelhante ao do limão, sendo este intensificado quando a planta é seca. O odor pode se tornar menos intenso caso a planta esteja exposta a forte calor e ventos fortes. Esta variação está diretamente relacionada à quantidade do óleo volátil que é perdido durante a exposição da melissa a estas condições adversas (REIS et al., 2009). A parte utilizada da planta é o caule folhado e florido, usado no tratamento da insônia, enxaqueca, tensão nervosa, neurastenia, ansiedade, como antiespasmótica (ALONSO, 1998). O óleo essencial da M. oficinalis encontra-se principalmente nos tricomas glandulares peltados que se localizam em ambas as superfícies da planta, abaxial e adaxial. Os tricomas do tipo capitados apresentam alguns lipídeos e carboidratos, porém não possuem o óleo essencial (MARTINS, PASTORI, 2004). É obtido por hidrodestilação e seu baixo rendimento (0,02 a 0,40 %) o torna pertencente a uma das classes mais valiosas de óleos essenciais. Aliado ao baixo rendimento, importantes propriedades farmacológicas, fazem com que a melissa ocupe um lugar de destaque no rol de plantas medicinais, tornando o preço de seu óleo extremamente alto quando comparado aos óleos essenciais de rosas e de flor de laranjeira (COLUSSI et al., 2011; SORENSEN, 2000). O óleo essencial extraído de matéria fresca ou seca da M. officinalis é muito utilizado pelas indústrias farmacêuticas devido as suas diversas atividades biológicas (LORENZI, MATOS, 2002; HABER et al., 2005). Submetido a ensaios farmacológicos demonstrou ser um bom agente antibacteriano e antifúngico (MIMICA-DUKIC et al., 2004; ROSTAMI, KAZEMI, SHAFIEI, 2012; GUTIERREZ, BARRY-RYAN, BOURKE, 2009) e é também, o responsável pela propriedade ansiolítica atribuída a esta planta (PEREIRA et al., 2005). Alguns trabalhos da literatura têm sugerido propriedades antioxidantes e antitumorais da melissa, além de apresentar efeito na resposta imune humoral e celular em ratos, trabalhos estes também relacionados aos seus componentes principais e não a extratos ou infusões (DE SOUZA et al., 2004; PEREIRA et al., 2005; DROZD, ANUSZEWSKA, 2003). 49 Material e Métodos 50 4 Material e Métodos 4.1 Local de Trabalho Os ensaios laboratoriais referentes ao estudo da atividade antifúngica do óleo essencial de M. officinalis foram realizados no Laboratório de Micologia, Departamento de Ciências Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba. 4.2 Espécies Fúngicas Para realização dos ensaios de atividade antifúngica foram selecionadas 8 cepas de Cladosporium carrionii, sendo 2 cepas (URM 5109, URM 2871) pertencentes à coleção de culturas da Micoteca do Departamento de Micologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, e as demais (CL 03, LM 0212, LM 227, CQ 02, LM 01, CQ 03) pertencentes à coleção de culturas do Laboratório de Micologia, Departamento de Ciências Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba. Todas as cepas foram mantidas em Ágar Sabouraud Dextrose – ASD inclinado (DIFCO Laboratories Ltda, USA) a temperatura ambiente (28 ºC) e sob refrigeração (4 ºC). 4.3 Meios de Cultura Para manutenção das cepas selecionadas e realização dos ensaios de atividades biológicas foram usados o meio sólido Ágar Sabouraud Dextrose - ASD (DIFCO Laboratories Ltda, USA) e o Caldo Sabouraud Dextrose – CSD (DIFCO Laboratories Ltda, USA), preparados de acordo com as instruções do fabricante. Os meios foram solubilizados em água destilada e esterilizados em autoclave, a 121 oC por 15 minutos. 4.4 Inóculo 51 Para preparação do inóculo, as cepas fúngicas selecionadas foram mantidas no meio de cultura, por 10-14 dias, a temperatura de 28 ºC para atingirem um crescimento satisfatório. As recentes colônias fúngicas foram devidamente cobertas com 5 mL de solução salina estéril (NaCl 0,85 % p/v), e as suspensões feitas por suaves agitações e raspagens com auxílio de uma alça de platina em “L”. A mistura resultante de conídios e fragmentos de hifas foi retirada e transferida para tubos de ensaio esterilizados (FERNÁDEZ-TORRES et al., 2002; SANTOS, HAMDAN, 2005). Em seguida, essas suspensões foram agitadas por 2 minutos com auxílio do aparelho Vortex (FANEM). Após agitação, cada suspensão teve sua turbidez comparada e ajustada àquela apresentada pela suspensão de sulfato de bário do tubo 0,5 da escala McFarland, a qual corresponde a um inóculo de aproximadamente 106 unidades formadoras de colônias/mL (UFC/mL). Por fim, foi realizado contagem celular em câmara de Neubauer e as suspensões ajustadas no espectrofotômetro (Leitz-Fhotometer 340-800), para conter aproximadamente 1x106 UFC/mL. (CLEELAND, SQUIRES, 1991; HADACEK, GREGER, 2000; ODDS, 1989; SAHIN et al., 2004). 4.5 Antifúngicos Sintéticos Para o controle de avaliação da atividade antifúngica dos produtos naturais a serem testados, foram utilizados como padrão os seguintes antifúngicos sintéticos: anfotericina B e fluconazol, obtidos da Sigma-Aldrich® (São Paulo-SP). As soluções foram preparadas no momento da execução dos testes, para alcance das concentrações desejadas. 4.6 Óleos Essenciais Os óleos essenciais de origem vegetal avaliados quanto ao seu potencial antifúngico sobre Cladosporium carrionii, estão listados no quadro 1. Os óleos foram obtidos da Quinari Fragrâncias e Cosméticos Ltda. (Ponta Grossa, Paraná, Brasil), conservados em frasco de vidro âmbar e mantidos sob refrigeração, no laboratório de Micologia. As emulsões dos óleos essenciais foram 52 preparadas no momento de execução dos ensaios, conforme protocolo de Allegrini, Bouchberg, e Maillols (1973). Em um tubo de ensaio esterilizado, foi adicionado 60.000 µg do óleo essencial, 0,15 mL de dimetilsulfóxido (DMSO), 0,06 mL de Tween 80 (INLAB/Indústria Brasileira) e quantidade suficiente para 3 mL de água destilada estéril. A mistura foi agitada por 5 minutos em aparelho Vortex (Fanem), obtendo uma emulsão com concentração de 20.000 µg/mL do óleo essencial, 5% de DMSO e 2% de Tween 80. E através de diluições em água destilada ou no próprio meio de cultura foram obtidas as concentrações desejadas do óleo essencial. Quadro 1 – Espécies vegetais das quais foram obtidos os óleos essenciais. Espécie Família Nomes populares Mentha piperita L. Lamiaceae Hortelã pimenta, Hortelã apimentada e Hortelã-Menta, Menta inglesa, Hortelã das cozinhas Melissa officinalis L. Lamiaceae Erva-cidreira, Cidreira Chá da verdadeira, França, Citronela, Melissa, Melissa romana, Melissa verdadeira Mentha arvensis L. Lamiaceae Hortelã comum, Hortelã doce Ocimum basilicum L. Lamiaceae Manjericão, Basilicão, Basílico, Erva-Real Ocimum gratissimum Blume Lamiaceae Alfavaca, Alfavacão, alfavaca-cravo Origanum vulgare L. Lamiaceae Orégano, Manjerona-brava, Manjerona-selvagem, Oregão Peumus boldus Benth Lamiaceae Boldo, Boldo-do-Chile, Boldo- verdadeiro 4.7 Análise dos componentes do óleo essencial A análise da composição do óleo essencial selecionado na triagem microbiológica foi realizada pelo Prof. Dr. Fábio Santos de Souza, no Laboratório 53 Unificado de Desenvolvimento e Ensaios de Medicamentos (LUDEM), do Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba, utilizando-se um Cromatógrafo Gasoso (CG) da Shimadzu, modelo GC17-A, com sistema equipado com um Espectrômetro de Massa (EM). A coleta de dados e integração foi realizada com o software Class5000. A fase móvel composta de hélio e bombeada na vazão de 1,6 mL/min com split 1:5. A separação cromatográfica foi realizada utilizando uma coluna capilar DB-5 (30 m x 0,25 mm x 0,25 µm). A temperatura do forno da coluna foi programada para passar de uma temperatura inicial de 60 °C a 105 °C a 5 °C/min, de 105 °C a 190 °C a 10 °C/min e de 190 °C a 280 ºC a 20 ºC/min. A temperatura do injetor e do detector foram 260 e 280 °C, respectivamente. O tempo total foi de 20 minutos e o volume de injeção foi 1,0 µL. A identificação dos constituintes do óleo essencial foi efetuada junto ao sistema de computação e processamento de dados (workstation) interligado ao CGEM, equipado com uma biblioteca Wiley, 6 ª Edição da classe-5000 1999, com 229,119 espectros, índices de retenção e comparação com dados da literatura (ADAMS, 1995; McLAFFERTY, STAUFFER, 1989). A quantificação dos componentes foi realizada com base na percentagem de área do pico de cada componente em relação à área total de todos os picos normalizados no cromatograma. 4.8 Ensaios de atividade antifúngica 4.8.1 Triagem microbiológica A triagem microbiológica para avaliação do poder antifúngico dos óleos essenciais em estudo foi realizado com base na técnica de difusão em meio sólido com discos de papel de filtro (Sensibiodisc do Centro de Controle e Produtos para Diagnósticos Ltda – CECON/SP). Em placas de Petri (150x15 mm) descartáveis e estéreis (INLAB), foi depositado 2 mL da suspensão fúngica na concentração de 106 UFC/mL de cada microrganismo, previamente preparada. Em seguida, foi adicionado 40 mL do meio ASD fundido à 50 oC, com homogeneização constante. Após a solidificação do meio foram depositados na superfície do meio, discos de papel de filtro impregnados com 20 µL de cada óleo essencial in natura. O sistema 54 foi então incubado a 28 o C por 7-14 dias (BAWER, KIRBY, TURCK, 1966; CLEELAND, SQUIRES, 1991; KONEMAN et al., 2008; HADECEK, GREGER, 2000). A presença da atividade antifúngica foi evidenciada pela formação de halos de inibição de crescimento em volta dos discos de papel. Os ensaios foram realizados em duplicata e os resultados expressos pela média aritmética dos halos de inibição obtidos nos dois ensaios. A atividade antifúngica dos óleos essenciais testados foi considerada positiva quando a média dos halos de inibição apresentou valores iguais ou superiores a 10 mm de diâmetro (WONG-LEUNG, 1988; NUNES et al., 2006; LIMA et al., 1993). Os ensaios foram realizados em duplicata e os resultados expressos pela média aritmética dos halos de inibição obtidos nos dois ensaios. 4.8.2 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) A determinação da concentração inibitória mínima foi realizada utilizando-se o óleo essencial selecionado na triagem microbiológica. Os ensaios foram realizados por meio da técnica de microdiluição em caldo, utilizando placas de 96 orifícios estéreis e com tampa (CLEELAND, SQUIRES, 1991; ELOFF, 1998; HADACEK, GREGER, 2000). Em cada orifício da placa, foi adicionado 100 µL do meio líquido caldo Sabouraud dextrose (CSD) duplamente concentrado. Em seguida, 100 µL da emulsão do óleo essencial na concentração inicial de 2048 µg/mL (também duplamente concentrado), foram dispensados nas cavidades da primeira linha da placa. E por meio de uma diluição seriada em razão de dois, foram obtidas as concentrações de 1024, 512, 256, 128, 64, 32, 16, 8 e 4 µg/mL, de modo que na primeira linha da placa encontrava-se a maior concentração e na última, a menor concentração. Por fim, foi adicionado 10 µL do inóculo de aproximadamente 1-5 x 106 UFC/mL das espécies fúngicas nas cavidades, onde cada coluna da placa correspondeu a uma cepa fúngica, especificamente. Paralelamente, foi realizado o mesmo ensaio com os antifúngicos anfotericina B e fluconazol nas mesmas concentrações. Para verificar a ausência de interferência nos resultados pelos solventes, DMSO e Tween 80, utilizados na preparação da emulsão do óleo essencial, foi feito 55 um controle no qual foram colocados nas cavidades 100 µL do CSD duplamente concentrado, DMSO (5 %), Tween 80 (2 %) e 10 µL da suspensão fúngica. Um controle de microrganismo foi realizado colocando-se nas cavidades 100 µL do CSD duplamente concentrado, 100 µL de água destilada estéril e 10 µL do inóculo de cada espécie. Também foi realizado um controle de esterilidade do meio, no qual foi colocado 200 µL do CSD em um orifício, na ausência da suspensão dos fungos. As placas foram assepticamente fechadas e incubadas a 28 oC por 5 dias (e confirmada em 7 dias), sem anaerobiose, para realização da leitura. As CIMs para o óleo essencial e os antifúngicos foram definidas como a menor concentração capaz de inibir visualmente o crescimento fúngico verificado nos orifícios quando comparado com o crescimento controle. Os experimentos foram realizados em duplicata (SANTOS, HAMDAN, 2005). 4.8.3 Determinação da Concentração Fungicida Mínima (CFM) A concentração fungicida mínima do óleo essencial foi determinada para as 8 cepas de C. carrionii. Após a leitura da CIM em 7 dias, alíquotas de 10 µL foram retiradas de cada cavidade da placa de microdiluição onde não houve crescimento fúngico e foram subcultivadas em uma placa de Petri (90 x 15 mm) contendo ASD. O sistema foi incubado a 28 oC por 72 horas. A CFM foi definida como a menor concentração do óleo essencial, semeada em ASD, em que não houve crescimento, ou o crescimento foi menor que 3 UFC (PEREIRA et al., 2011a; TRAJANO et al., 2010; ESPINEL-INGROFF et al., 2002). Foi utilizado o fluconazol como controle. Os experimentos foram realizados em duplicata. 4.8.4 Determinação da Cinética de Crescimento Micelial Para a determinação da cinética de crescimento micelial radial, foram selecionadas duas cepas representativas, C. carrionii CQ 03 e C. carrionii URM 5109, baseando-se nos resultados obtidos na determinação das CIMs e CFMs do produto avaliado. A inibição do crescimento micelial fúngico foi determinada utilizando-se a técnica de diluição em meio sólido. Este estudo baseou-se na medida do 56 crescimento micelial radial em ASD adicionado do óleo essencial nas concentrações CIM/2, CIM, CIMX2 e CIMX4, em diferentes intervalos de tempo. Para a execução da técnica, inicialmente, uma porção de 2 mm de diâmetro foi tomado de uma cultura com crescimento de 7-14 dias em Ágar Sabouraud, a 28 oC, e colocada no centro de uma placa de Petri estéril com meio ASD adicionado do óleo essencial, nas diferentes concentrações. O sistema foi incubado a temperatura ambiente. Em diferentes intervalos de tempo (0, 2, 4, 6, 8, 10, 12 e 14 dias) após incubação, o crescimento micelial radial da colônia fúngica foi medido e o resultado expresso em milímetros (mm). Os controles foram realizados por meio da medida do crescimento micelial em ASD na ausência do óleo essencial, ou adicionado com fluconazol (CIM/2, CIM, CIMX2 e CIMX4). Foram realizados dois experimentos independentes em diferentes ocasiões e os resultados representam a média ± erro padrão dos dois experimentos (ADAN et al., 1998; THYÁGARA; HOSONO, 1996; DAFERERA, ZIOGAS, POLISSION, 2003). 4.8.5 Interferência sobre a germinação de conídios Diferentes concentrações do óleo essencial foram testadas em relação ao seu poder de inibição sobre a germinação de conídios das cepas CQ 03 e URM 5109 de Cladosporium carrionii. Para tanto, alíquotas de 0,5 mL de emulsão do óleo nas concentrações CIM/2, CIM e CIMX2, foram misturadas com 0,5 mL de suspensão de conídios (aproximadamente 5 x 106 UFC/mL) obtidos de culturas com 7-14 dias de crescimento em ASD, e homogeneizadas por 30 segundos. Em seguida, 0,1 mL da mistura foi colocado no centro de uma lâmina de vidro estéril. As lâminas contendo as suspensões de conídios fúngicos foram então incubadas em câmara úmida a 28oC por 48 horas. Após o período de incubação, cada lâmina foi fixada e corada com azul de lactofenol algodão e observada sob microscopia óptica para observação da germinação de conídios. Assim, 100 conídios foram contados e a percentagem de conídios germinados calculada. Cada análise foi realizada em duplicata e os resultados expressos como a média das duas repetições (RANA, SINGH, TANEJA, 1997). 57 4.8.6 Efeito do óleo essencial sobre a morfogênese fúngica A análise dos efeitos provocados pelo óleo essencial na morfogênese das cepas de Cladosporium carrionii (URM 5109 e CQ 03) foi realizada com base na técnica de preparação de microcultivos (GUNJI et al., 1983; FROST et al., 1995). Em placas de Petri (90 x 15mm) descartáveis e estéreis, foram vertidos 20 mL de ASD fundido e ajustado na temperatura de 50 °C em banho-maria. Em seguida, foi adicionado um volume do óleo essencial com o objetivo de alcançar as concentrações CIM/2, CIM e CIMX2. Foi realizado um experimento controle sem adição do óleo ao ASD fundido. Após solidificação do ASD acrescido da droga-teste, cavidades foram feitas no meio de cultivo utilizando cânulas de vidro esterilizadas. Com o auxílio de uma alça descartável estéril, pequenos blocos deste meio foram transferidos para a superfície de uma lâmina estéril de microscopia. Em seguida, dois fragmentos do micélio das cepas recém-cultivadas em ASD foram dispostos sobre a superfície dos blocos de ASD acrescido da droga-teste nas diferentes concentrações, cobrindo-os com uma lamínula. As lâminas foram incubadas em câmaras úmidas a temperatura ambiente (28 °C) por cinco dias. Após o período de incubação, 1 gota do corante azul de lactofenol algodão foi adicionada no centro de uma lâmina e coberta com a lamínula do microcultivo. As estruturas micromorfológicas na ausência e na presença do óleo essencial foram examinadas em microscópio óptico comum, com aumento de 400x. O ensaio foi feito em duplicata e imagens representativas deste experimento foram registradas (DE BILLERBECK et al., 2001; SHARMA, TRIPATHI, 2008). 4.9 Análise Estatística Os valores de CIM e CFM foram expressos pela média aritmética dos resultados. Os resultados dos ensaios que avaliaram os efeitos das drogas-teste sobre o crescimento micelial radial e a germinação dos conídios foram expressos como média ± erro padrão (e.p.). Para a avaliação estatística destes resultados empregou-se o ANOVA, seguido do pós teste de Dunnett e o teste de Fischer para 58 determinar diferenças significantes, quando um valor de p<0,05. Todos os resultados foram analisados com o software GraphPad Prism versão 5.0 para Windows, San Diego, CA, EUA. 59 Resultados e Discussão 60 5 Resultados e Discussão 5.1 Triagem microbiológica O poder antifúngico dos óleos essenciais foi avaliado, inicialmente, na triagem microbiológica. Estes óleos foram escolhidos para a pesquisa devido à disponibilidade e relatos na literatura de suas consideráveis atividades antifúngicas. Assim, foram avaliados sete óleos essenciais, com o objetivo de selecionar quem apresentava melhor perfil de atividade antifúngica. Os óleos essenciais utilizados na triagem foram obtidos das seguintes espécies vegetais, pertencentes à família Lamiaceae: O. gratissimum, P. boldus, M. officinalis, M. arvensis, M. piperita, O. basilicum, O. vulgare. O resultado da triagem microbiológica está descrito na tabela 2, na qual se encontram os diâmetros dos halos de inibição produzidos pelos óleos essenciais in natura sobre as diferentes cepas de C. carrionii. Tabela 2 – Média dos halos de inibição do crescimento fúngico (em milímetros) O. URM 2871 CQ 03 LM 01 CQ 02 LM 227 LM 0212 Essenciais CL 03 Óleos URM 5109 produzidos pelos óleos essenciais, in natura, sobre cepas de C. carrionii. 50 48 50 50 40 50 54 52 P. boldus 40 32 50 40 48 54 44 30 M. officinalis 30 30 34 32 30 26 24 26 M. arvensis 10 14 14 16 10 11 11 14 M. piperita 12 15 10 15 11 11 15 16 O. basilicum 12 12 11 10 11 10 12 10 O. vulgare 50 48 40 34 44 36 46 24 gratissimum 61 Como pode ser observado, os sete óleos essenciais testados apresentaram atividade antifúngica contra as oito cepas de C. carrionii, caracterizada pela formação de halos de inibição do crescimento microbiano com diâmetro igual ou superior a 10 mm, frente 100 % das cepas. Entretanto, os óleos essenciais de O. gratissimum, P. boldus, O. vulgare e M. officinalis apresentaram as melhores atividades antifúngicas, com halos médios de inibição, respectivamente, de 49 mm, 42 mm, 40 mm e 29 mm. Por outro lado, os óleos essenciais de M. arvensis, M. piperita, O. basilicum, apresentaram pouca inibição sobre o crescimento desse fungo, com halos médios de inibição variando de 10 a 16 mm. As atividades antifúngicas dos óleos essenciais ensaiados sobre as cepas de C. carrionii URM 2871 e LM 01 estão demonstradas na figura 11. Figura 11 – Atividade antifúngica dos óleos essenciais sobre as cepas de C. carrionii. 1 1 2 2 6 6 7 7 3 3 5 5 4 4 A B (A): C. carrionii URM 2871; (B): C. carrionii LM 01. 1 – O. gratissimum, 2 – P. boldus, 3 – M. officinalis, 4 – M. arvensis, 5 – M. pimenta, 6 – O. basilicum, 7 – O. vulgare. A necessidade atual de descoberta de novos antimicrobianos tem estimulado o uso de compostos de plantas como os óleos essenciais, esses têm sido bem estudados em relação ao seu poder antimicrobiano, no entanto, são mais explorados em relação as suas características flavorizantes e antioxidantes (BURT, 2004). Poucos relatos na literatura são disponíveis a cerca da ação de óleos essenciais na concentração absoluta sobre o crescimento de microrganismos, de modo que esta escassez de informações torna-se mais acentuada quando se busca 62 relatos da atividade de óleos essenciais sobre fungos dematiáceos (MOREIRA, 2006). A análise antimicrobiana conduzida por difusão em meio sólido é aceita pelo FDA (Food and Drug Administration) e estabelecida como padrão pelo NCCLS (National Committe for Clinical Laboratory Standards). É um método físico no qual o microrganismo é colocado em interação contra um produto biologicamente ativo em meio sólido e relaciona o tamanho da zona de inibição de crescimento do microrganismo “desafiado” com a concentração da substância ensaiada, nesse caso o óleo essencial in natura (PINTO et al., 2003). Neste método, assim que o disco impregnado com o óleo essencial é posto na superfície do ASD sólido o produto se difunde para o meio circundante. Na medida em que se aumenta a distância em relação ao disco, ocorre uma redução logarítmica da concentração do produto até alcançar o ponto onde o crescimento do microrganismo na superfície do ágar já não é mais inibido. O resultado é uma zona de inibição que é medida em milímetros e registrada, para a adequada avaliação (KONEMAN et al., 2008). Assim sendo, alguns autores tem adotado a técnica de difusão em meio sólido utilizando disco de papel como procedimento para detecção da potencialidade antifúngica de óleos essenciais (HADACEK, GREGER, 2000; RASOOLI, ABYANEH, 2004; SOUZA et al., 2006; SAHIN et al., 2004). A triagem microbiológica é um método qualitativo de investigação preliminar da atividade antimicrobiana de um composto bioativo, sendo, portanto, bastante útil para estabelecer a sensibilidade de microrganismos ao óleo essencial. Geralmente é o primeiro teste a ser realizado na avaliação do potencial antimicrobiano, e de acordo com os resultados obtidos, podese elaborar uma sequência de estudos mais detalhados na perspectiva de obtenção de maiores informações sobre sua atividade antifúngica (HSIEH, MAU, HUANG, 2001). Assim sendo, este foi o primeiro experimento executado em nosso trabalho. O possível papel dos óleos essenciais de algumas plantas, dentre elas a M. officinalis L., assim como o modo de ação destes produtos naturais é discutido no que diz respeito à prevenção e tratamento do câncer, doenças cardiovasculares, incluindo aterosclerose e trombose, bem como a sua bioatividade como antibacteriana, antiviral, antioxidantes, e agentes antidiabéticos (EDRIS, 2007). Os resultados obtidos na triagem microbiológica, considerando o óleo essencial de M. officinalis, encontram-se compatíveis com os achados de outros 63 autores. Mimica-Dukic et al. (2004) avaliaram, por meio da técnica de difusão em disco, a atividade antibacteriana do óleo essencial de M. officinalis contra 5 cepas de bactérias Gram-positivas e oito cepas Gram-negativas, e observaram elevada atividade do óleo, principalmente frente a cepa de E. coli (30,2 a 39,8 mm) e cepas multirresistentes de Shigella sonei (37,4 a 38,4 mm). Rostami, Kazemi e Shafiei (2012) relataram a atividade antibacteriana e antifúngica do óleo essencial de M. officinalis, pelo método de difusão em disco, com halos de inibição variando de 20-35 mm. Erturk (2006) observou a atividade antifúngica de extratos de M. officinalis contra cepas de A. niger e C. albicans, e obteve halos de inibição variando de 10-16 mm. Em estudos realizados por Dilek, Dilek e Mustafa (2010), o extrato etanólico de M. officinalis mostrou ampla atividade antimicrobiana contra K. rhizophila e S. aureus com halos de inibição de 32 e 28 mm, respectivamente. Moreira (2006) avaliou a atividade antifúngica de óleos essenciais in natura, sobre fungos dematiáceos, dentre eles fungos pertencentes ao gênero Cladosporium e observou que o óleo essencial de C. zeylanicum apresentou atividade antifúngica com halos de inibição entre 16-20 mm. Considerando que o óleo essencial de M. officinalis apresentou um dos melhores resultados no teste de difusão em meio sólido, o mesmo foi escolhido para ter continuidade na investigação de sua ação antifúngica, uma vez que há poucos estudos sobre a atividade antifúngica deste óleo sobre fungos dematiáceos. 5.2 Análise dos componentes do óleo essencial de M. officinalis O óleo essencial de M. officinalis foi submetido a análise por Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massa (CG-EM). E o resultado da análise da sua composição química está exposto na Tabela 3, que mostra os fitoconstituintes, seus respectivos tempos de retenção e percentuais na composição do óleo essencial. 64 Tabela 3 – Componentes do óleo essencial de M. officinalis. . Picos Tempo de retenção (min) Fitoconstituintes Índice de Retenção % na formulação 1 12,73 Citral 1240 38,90 2 13,28 Geranial 1270 52,00 3 15,68 Trans β-cariofileno 1418 1,22 4 16,51 Germacrene D 1480 0,84 5 - - 7,04 Outros componentes Como mostra a tabela 3, a análise da CG-EM resultou na identificação de 4 componentes principais. Entre os fitoconstituintes, o geranial foi o componente predominante do óleo essencial de M. officinalis com 52 % do total de constituintes presentes, seguido pelo citral (38,90 %), trans β-cariofileno (1,22 %) e germacrene D (0,84 %), em ordem decrescente de percentual. Os óleos essenciais são originados do metabolismo secundário das plantas e possuem composição química complexa, destacando-se a presença de terpenos e fenilpropanóides (GONÇALVES et al., 2003). A composição química do óleo essencial de M. officinalis é relatada em diversos trabalhos, sendo o citral seu composto majoritário. O citral é constituído por uma mistura isomérica, na qual o trans-isômero é o (2E)-3,7-dimetilocta-2,6-dienal, conhecido por geranial ou citral A (Figura 12A) e o cis-isômero é o (2Z)- 3,7dimetilocta-2,6-dienal, conhecido como neral ou citral B (Figura 12B) (EL FATTAH et al., 2011). O geranial e o neral são, portanto aldeídos isoméricos monoterpênicos acíclicos, com aroma típico de limão (RIKANATI et al., 2007). 65 Figura 12 – Estrutura química do geranial (A) e do neral (B). A B Fonte: FURLAN et al., 2010 O citral é encontrado em abundância em plantas aromáticas e devido ao seu aroma intenso e sabor cítrico, é amplamente utilizado na indústria alimentícia e cosmética (LEUNG, FOSTER, 1996; CARNAT et al., 1998; ENJALBERT et al., 1983). Também tem se destacado como o componente ativo dos óleos essenciais cítricos contra patógenos (CACCIONI et al., 1998; MOLINA et al., 2010). O citral foi relatado por apresentar atividade antifúngica (YOUSET, AGGAG, TAWIL, 1978; RODOV et al., 1995), antibacteriana (ASTHANA et al., 1992; KIM et al., 1995), anti-leshimania (MACHADO et al., 2012) e inseticida (RICE, COATS, 1994). Os resultados encontrados neste trabalho, a cerca da composição química do óleo essencial de M. Officinalis corroboram com dados obtidos por outros autores. Sari e Ceylan (2002) analisaram, por cromatografia gasosa, a composição química de óleos essenciais de M. officinalis obtidos de diferentes regiões da Turkia e observaram que no óleo obtido da região de Menemen os principais componentes foram geranial (38,13 %) e neral (12,22 %), seguidos do β-pineno (11,73 %), citronelal (5,86 %), geraniol (4,95%), α-pineno (2,86 %), linalol (2,74 %) e borneol (0,62 %). Na região de Bozdag, o geranial também foi o componente majoritário (53,8 %), seguido do citronelal (12,91 %), neral (11,48 %), geraniol (8,69 %), βpineno (1,77 %), linalol (1,28 %) e α-pineno (0,13 %). Segundo Mimica-Dukin et al. (2004) os principais constituintes do óleo essencial de M. officinalis são citral (geranial + neral, 39,9 %), citronelal (13,7 %), limoneno (2,2 %), geraniol (3,4 %), α-cariofileno (4,6 %), cariofileno óxido (1,7 %) e germacreno D (2,4 %). 66 Estudos da composição química do óleo essencial obtido de folhas de M. officinalis indicaram a presença dos componentes majoritários citronelal (2-40 %) e citral (mistura de neral e geranial: 10-30 %), seguidos pelo β-cariofileno, germacrene D, ocimeno e citronelol (SILVA et al., 2005). Silva et al. (2006) analisaram o teor relativo dos principais componentes do óleo essencial obtidos das partes aéreas de M. officinalis por cromatografia gasosa acoplada à espectroscopia de massa (CG-EM) e encontraram como constituintes majoritários o geranial e o neral. Schnitzler et al. (2008), por meio da CG-EM, analisaram o óleo essencial de M. officinalis e observaram que os principais constituintes são aldeídos monoterpênicos, citral A (geranial) (20,13 %), citral B (neral) (13,58 %), e citronelal (3,86 %). Em estudos realizados por Reis et al. (2009), utilizando a CG-EM, os componentes majoritários identificados no óleo essencial de M. officinalis, cultivada em dois meios distintos foram o geranial (25,23 e 16,21 %) e o neral (24,5 e 20,53 %). Também Meftahizade, Sargsyan e Moradkhani (2010) observaram que os principais constituintes do óleo essencial de M. officinalis são citral (geranial e neral), citronelal, geraniol, β-pineno, α-pineno e β- cariofileno, compreendendo 96 % dos componentes do óleo. Essas variações na composição qualitativa e quantitativa dos óleos essenciais podem ocorrer, já que pode ser influenciada pelas condições climáticas, posição geográfica da região de crescimento, agrotecnologia de cultivo, técnica de extração aplicada, bem como o estágio de maturação da planta no momento da colheita. Também dependem de fatores genéticos e ambientais, bem como dos métodos analíticos (CASTRO, 2006). 5.3 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Fungicida Mínima (CFM) As determinações dos valores de CIM e CFM do óleo essencial de M. officinalis sobre oito cepas de C. carrionii, foram realizadas pelo método de microdiluição. Os seus respectivos valores, bem como os referentes controles realizados encontram-se representados na tabela 4. 67 Tabela 4 - Valores da CIM e CFM do óleo essencial de M. officinalis, fluconazol e anfotericina B sobre cepas de C. carrionii. Cepa C. Carrionii M. officinalis Fluconazol Anfotericina (µg/mL) (µg/mL) (µg/mL) Controle da cepa Controle de esterilidade CIM CFM CIM CFM CIM CL 03 256 256 128 512 >1024 + - URM 5109 256 256 128 512 >1024 + - LM 0212 256 256 128 512 >1024 + - LM 227 256 256 128 512 >1024 + - CQ 02 256 256 128 512 >1024 + - LM 01 256 256 128 512 >1024 + - CQ 03 256 256 128 512 >1024 + - URM 2871 256 256 128 512 >1024 + - Como pode ser observado, o óleo essencial de M. officinalis inibiu o crescimento de 100 % das cepas de C. carrionii ensaiadas, tendo sua CIM e CFM estabelecidas em 256 µg/mL. O fluconazol (controle positivo) exerceu efeitos inibitórios frente a todos os fungos testados, inibindo 100 % das cepas na concentração de 128 µg/mL. E a anfotericina B apresentou CIM maior que 1024 µg/mL, contra 100 % das cepas. Na análise comparativa da CIM e CFM foi observado que o óleo essencial apresentou valores de CFM semelhante aos valores da CIM, para todas as cepas. Já o fluconazol apresentou valor de CFM (512 µg/mL) quatro vezes maior que o valor da CIM, para as cepas testadas. Os controles realizados mostraram ausência de inibição do crescimento fúngico por DMSO e Tween, confirmando que o impedimento do crescimento foi devido à presença dos produtos antifúngicos. Foi detectado crescimento quando todas as cepas foram cultivadas na ausência de drogas, confirmando a viabilidade do inóculo fúngico. Um controle de esterilidade foi realizado no qual não foi observado crescimento microbiano, confirmando-se que o CSD utilizado nos ensaios não estava contaminado com microrganismos. 68 O método de microdiluição escolhido para a determinação da CIM apresentase como uma forma simples e econômica de avaliar a atividade antimicrobiana de produtos naturais. Possui grande reprodutibilidade, sendo trinta vezes mais sensível que outros métodos usados na literatura, requerem pequena quantidade de amostra e meio de cultura, além de poder ser usado para grande número de amostras (SCORZONI et al., 2007, OSTROSKY et al., 2008). Este método tem a vantagem de poder ser utilizado tanto para produtos solúveis em água, como àqueles lipossolúveis e ainda pode ser estendido para fornecer informações sobre a CFM (ZACCHINO, 2001). Em termos de aplicabilidade clínica, a efetiva terapia antimicrobiana requer que os agentes primeiro alcancem o sítio de infecção e então cesse ou iniba a progressão da invasão microbiana e facilite a ação das defesas do hospedeiro para controlar a infecção (CLEELAND, SQUIRES, 1991). Em indivíduos com infecções não complicadas cuja resposta imune está competente, os níveis de CIM são geralmente suficientes como guias para estabelecer uma terapia antifúngica. Porém, nos casos de indivíduos com doenças infecciosas cujo sistema imune encontra-se deficiente ou suprimido, o valor de CFM se mostra mais útil. Na prática clínica o valor da CIM de um antimicrobiano significa simplesmente que esta concentração deve ser obtida no sítio da infecção para que o crescimento microbiano seja potencialmente inibido (KONEMAN et al., 2008). Complexas variáveis podem afetar o curso de uma infecção e a terapia medicamentosa, tais como os mecanismos de defesa do hospedeiro, a virulência e a susceptibilidade do patógeno, a dose empregada e propriedades farmacológicas inerentes ao antimicrobiano utilizado no tratamento da infecção, entre outros fatores. Mesmo as análises in vitro não envolvendo essas variáveis, os estudos que determinam inicialmente a CIM e CFM, fornecem importantes informações sobre a potência dos produtos analisados e podem guiar outros estudos que visam a empregabilidade clínica dos produtos, pois, é essencial que o produto natural, como um novo candidato a ser empregado clinicamente como antifúngico, obtenha relevantes resultados nesses estudos in vitro para justificar a continuidade dos estudos (CLEELAND, SQUIRES, 1991). Desse modo, os valores de CIM para cepas de C. carrionii obtidos neste trabalho apresentam coerência com os resultados observados por Ozcakmak, Dervisoglu e Yilmaz (2012) que determinaram a CIM e CFM do óleo essencial de M. 69 officinalis sobre cepas de Penicilium verrucosum. A CIM obtida foi de 125 µg/mL e a CFM igual a 250 µg/mL. Mimica-Dukin et al. (2004) analisaram a atividade antibacteriana e antifúngica do óleo essencial de M. officinalis e observaram notável atividade antifúngica deste óleo contra cepas de dermatófitos (T. rubrum, T. mentagrophytes, T. tonsurans, M. canis, E. floccosum) e de Candida albicans, com CIM variando de 15-30 µg/mL e CFM 30-60 µg/mL. Tullio et al. (2007), investigaram a atividade antifúngica do óleo essencial de M. officinalis contra fungos filamentosos, dentre eles o Cladosporium cladosporidioides e obtiveram uma CIM de 0,03–0,5 (%v/v) e CFM 0,25-1( % v/v). Em estudos realizados por Rostami, Kazemi e Shafiei (2012), as concentrações inibitórias mínima e bactericida (CIM e CBM) do óleo essencial de M. officinalis foram determinadas utilizando a técnica de microdiluição e observaram forte atividade com CIM e CBM variando de 0,5-15 µg/mL. Moreira (2006) avaliou a atividade anti-Cladosporium do óleo essencial de C. zeylanicum contra cepas de Cladosporium spp. e observou uma CIM de 250 µL/mL. Dzamic et al. (2010) determinaram a CIM do óleo essencial da Mentha longifólia L. sobre Cladosporium cladosporidioides e Cladosporium fulvum e relataram valores de CIM igual a 2,5 µL/mL para as duas espécies de Cladosporium testadas. Sartoratto et al. (2004) elencaram critérios para categorizar o poder antimicrobiano de óleos essenciais com base no valor de CIM, onde óleos com CIM ≤ 500 µg/mL são considerados com forte atividade antimicrobiana, com 500 µg/mL < CIM ≤ 1500 µg/mL possuem moderada atividade e CIM > 1500 µg/mL é considerado com fraca atividade. Desta forma, pode-se considerar que o óleo essencial de M. officinalis possui forte atividade antimicrobiana frente às cepas de C. carrionii testadas, uma vez que a CIM foi de 256 µg/mL. Quando se compara a atividade de produtos naturais com a de antimicrobianos padrões, não existe ainda um consenso sobre o nível de inibição aceitável. Em se tratando da anfotericina B, observou-se uma fraca atividade contra as cepas de C. carrionii testadas, apresentando CIM maior que 1024 µg/mL. Segundo Gallis, Drew e Pickard (1990), certos microrganismos causadores de infecções fúngicas oportunistas são geralmente resistentes à anfotericina B, a exemplo de Trichosporon spp., Pseudallescheria boydii, Cladosporium spp. e Phialophora spp. 70 A comparação dos resultados de atividade anti-Cladosporium do óleo essencial de M. officinalis com a do fluconazol (antifúngico padrão), mostra que este apresentou valores de CIM inferiores as do óleo essencial. Entretanto, esta diferença entre as concentrações do óleo essencial e do antifúngico padrão pode ser explicada em termos pelo fato de que os componentes ativos no óleo compreendem apenas uma fração do óleo usado. Dessa forma, a concentração dos componentes ativos pode ser muito menor do que o antifúngico padrão utilizado. Portanto, é importante salientar que, se os componentes ativos forem isolados e purificados, eles provavelmente apresentarão atividade antimicrobiana superior às observadas no presente estudo (LI et al., 2010; MATASYOH et al., 2009). 5.4 Cinética do crescimento micelial radial Com base nos resultados dos valores de CIM e CFM encontrados, foi avaliada a interferência do óleo essencial de M. officinalis e do fluconazol sobre a cinética de inibição do crescimento micelial radial (mm) para as 2 cepas de C. carrionii selecionadas (CQ 03 e URM 5109), a fim de observar o efeito de diferentes concentrações desses produtos ao longo do tempo. O ensaio da cinética de crescimento fúngico foi realizado utilizando a técnica de diluição em meio sólido e os resultados obtidos foram expressos em gráficos que mostram o crescimento micelial radial, em mm, de C. carrionii CQ 03 e C. carrionii URM 5109, na presença da CIM/2, CIM, CIMX2 e CIMX4 do óleo essencial de M. officinalis e do antifúngico padrão (fluconazol) em função dos dias de exposição (0, 2, 4, 6, 8, 10, 12 e 14) (Figuras 13 e 14). 71 Figura 13 – Efeito do óleo essencial de M. officinalis e do fluconazol na cinética de crescimento micelial radial de C. carrionii URM 5109. Crescimento radial (mm) A 35 Controle M. officinalis M. officinalis M. officinalis M. officinalis 30 25 20 15 CIM/2 ** CIM *** CIMX2 *** CIMX4 *** 10 5 0 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (dias) Crescimento radial (mm) B 35 Controle Fluconazol CIM/2 Fluconazol CIM * Fluconazol CIMX2 ** Fluconazol CIMX4 ** 30 25 20 15 10 5 0 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (dias) (A): M. officinalis CIM/2 (128 µg/mL), CIM (256 µg/mL), CIMX2 (512 µg/mL) e CIMX4 (1024 µg/mL). (B): Fluconazol CIM/2 (64 µg/mL), CIM (128 µg/mL), CIMX2 (256 µg/mL), CIMX4 (512 µg/mL). *p<0,05; **p<0,005, ***p<0,0001, quando comparado ao controle, em 14 dias de interação. 72 Figura 14 – Efeito do óleo essencial de M. officinalis e do fluconazol na cinética de crescimento micelial radial de C. carrionii CQ 03. Crescimento radial (mm) A 40 Controle M. officinalis M. officinalis M. officinalis M. officinalis 30 20 CIM/2 ** CIM*** CIMX2 *** CIMX4 *** 10 0 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (dias) Crescimento radial (mm) B 40 Controle Fluconazol CIM/2 * Fluconazol CIM *** Fluconazol CIMX2 *** Fluconazol CIMX4*** 30 20 10 0 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (dias) (A): M. officinalis CIM/2 (128 µg/mL), CIM (256 µg/mL), CIMX2 ( 512 µg/mL) e CIMX4 (1024 µg/mL). (B): Fluconazol CIM/2 (64 µg/mL), CIM (128 µg/mL), CIMX2 (256 µg/mL), CIMX4 (512 µg/mL). *p<0,05; **p<0,005, ***p<0,0001, quando comparado ao controle, em 14 dias de interação. Este estudo revelou um significativo efeito fungicida do óleo essencial de M. officinalis, quando testado nas diferentes concentrações, sobre as cepas de C. carrionii. De acordo com as figuras 11 (A) e 12 (A), após os 14 dias do ensaio, observou-se uma significativa redução do crescimento micelial dos fungos quando 73 comparados com o grupo controle (não tratado), sendo o perfil de inibição do crescimento, semelhante para as duas cepas testadas. O óleo essencial apresentou forte efeito inibitório com resultados estatisticamente significantes (p<0,05) quando comparados ao controle a partir da concentração subnibitória CIM/2 (128 µg/mL), em 14 dias, sendo esta inibição do crescimento micelial fortemente acentuada a medida que aumentou-se a concentração do óleo essencial, de modo que nas concentrações de 512 µg/mL (CIMX2) e 1024 µg/mL (CIMX4) houve inibição total do crescimento micelial a partir do 2º. dia de exposição, com p<0,0001. Nas concentrações de CIM/2 e CIM, foi evidenciado inibição do crescimento micelial, quando comparado com o controle (p<0,005 e p<0,0001, respectivamente), entretanto, pode-se observar um discreto crescimento a partir do 2º. dia de exposição, sendo este crescimento mais pronunciado no 10o. dia, provavelmente devido a volatilização do óleo essencial após esse período. No entanto, o crescimento fúngico das duas cepas na presença do óleo foi sempre menor que o observado para o ensaio controle. As cepas controles mostraram uma taxa constante de crescimento micelial ao longo dos tempos avaliados, indicando o bom efeito antifúngico do óleo essencial testado (Figura 15). O fluconazol no ensaio com a cepa URM 5109, demonstrou inibição significativa do crescimento micelial a partir da CIM (128 µg/mL), com p<0,05. Com a cepa CQ 03 a partir da CIM/2 (64 µg/mL) já houve inibição significativa do crescimento micelial quando comparado com o controle (p<0,05). Entretanto, observou-se apenas uma diminuição do crescimento micelial na presença do fluconazol e não um efeito fungicida, mesmo nas maiores concentrações, como observado com o óleo essencial. Mas isso se explica pelo fato de que os azóis são drogas consideradas fungistáticas (SCHREIBER, 2007). 74 Figura 15 – Cinética do crescimento micelial da cepa URM 5109 de C. carrioni, na ausência e na presença do óleo essencial de M. officinalis no 14 o. dia. A B C D E (A): crescimento normal na ausência do óleo essencial; (B) inibição do crescimento na presença do óleo na concentração CIM/2; (C) CIM; (D) CIMX2; (E) CIMX4. Os fungos filamentosos de interesse médico possuem um aparelho de reprodução, cujos órgãos se diferenciam para servir à reprodução e um aparelho de vida vegetativa denominado micélio. Esse micélio é geralmente formado por um aglomerado de células, o qual pode ser filamentoso septado ou não-septado. A hifa, 75 filamento fúngico ou um segmento do micélio filamentoso, constitui, em seu conjunto, o micélio dos fungos (LACAZ et al., 2002). Assim como outros fungos filamentosos, fungos do gênero Cladosporium apresentam um simples ciclo celular não sexual, no qual forma-se uma colônia micelial via crescimento da hifa, que resulta do alongamento linear do seu ápice. Ainda, em um processo infeccioso, o crescimento longitudinal da hifa facilita a penetração nas camadas mais internas da pele, enquanto o crescimento lateral pode agravar os danos (ZURITA, HAY, 1987; GUPTA, CHAUDHRY, ELEWSKI, 2003). Por isso, alguns pesquisadores vêm investigando o potencial de óleos essenciais em inibir o crescimento micelial de fungos patogênicos por meio da medida do crescimento micelial radial, dada a sua importância no desenvolvimento das micoses (CARMO, LIMA, SOUZA, 2008; SOUSA, 2011; MOREIRA et al., 2007). A inibição do crescimento micelial, observada neste estudo, com o uso do óleo essencial de M. officinalis, foi semelhante ao encontrado por Moura et al. (2009) para o óleo de Punica granatum no controle do crescimento micelial de Cladosporium sphaerospermum, uma vez que na concentração de 25 µL/mL a taxa de inibição foi superior a 50 % do crescimento. Moreira (2006) avaliando a cinética de crescimento micelial dos fungos dematiáceos C. cladosporidioides e F. compacta, frente ao óleo essencial de C. zeylanicum, observou total inibição do crescimento radial, na concentração de 125 µL/mL, ao longo de 14 dias de exposição. Estudos de Navickiene et al. (2006) demonstram a atividade fungitóxica dos óleos essenciais extraídos das folhas, caule e frutos das seguintes espécies de pimentas Piper aduncum, Piper arboreum e Piper tuberculatum sobre Cladosporium sphaerospermum e Cladosporium cladosporioides. 5.5 Efeito do óleo essencial de M. officinalis sobre a germinação de conídios de C. carrionii Os resultados obtidos da interferência do óleo essencial de M. officinalis, e do fluconazol nas concentrações de CIM/2, CIM e CIMX2, sobre a germinação dos conídios de C. carrionii CQ 03 e URM 5109 estão plotados nas figuras 16 (A) e (B), respectivamente. 76 Figura 16 – Percentual de conídios germinados de Cladosporium carrionii na ausência (controle) e na presença do óleo essencial de M. officinalis e do fluconazol. Conídios germinados (%) A B 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 * * ** CIM/2 CIM CIMX2 Controle *** *** M. officinalis Fluconazol Conídios germinados (%) B 80 70 * 60 50 CIM/2 CIM CIMX2 Controle 40 30 20 10 0 *** *** M. officinalis Fluconazol (A): C. carrionii URM 5109; (B): C. carrionii CQ 03. M. officinalis CIM/2 (128 µg/mL), CIM (256 µg/mL), CIMX2 (512 µg/mL). Fluconazol CIM/2 (64 µg/mL), CIM (128 µg/mL), CIMX2 (256 µg/mL). *p<0,05; **p<0,005, ***p<0,0001, quando comparado ao controle (Teste de Fisher). Como pode ser observado nas figuras 16 A e B, o óleo essencial apresentou forte efeito inibitório sob a germinação de conídios das cepas de C. carrionii, com resultados estatisticamente significantes (p<0,05) quando comparados ao controle a partir da concentração subinibitória CIM/2. Uma inibição de 100 % foi encontrada na concentração de 512 µg/mL (CIMX2), e na CIM a inibição foi sempre superior a 90%, para as duas cepas testadas. Em todos os casos, evidenciou-se um aumento 77 gradual do percentual de inibição na medida em que a concentração dos produtos também aumentava, revelando um efeito inibitório dependente da concentração. O fluconazol no ensaio com a cepa URM 5109 (Figura 16A) demonstrou inibição significativa na germinação de conídios a partir da CIM, com p<0,05. Com a cepa CQ 03 (Figura 16B) só na concentração de CIMX2 houve inibição estatisticamente significativa quando comparado com o controle (p< 0,05), de modo que o efeito do óleo essencial de M. officinalis para as duas cepas foi superior ao apresentado pelo fluconazol. Figura 17 – Efeito do óleo essencial de M. officinalis sobre a germinação de conídios de C. carrionii. A B (A) Controle de C. carrionii URM 5109 na ausência do óleo essencial, presença de conídios germinados (seta). (B) Com o óleo essencial de M. officinalis, na concentração de 256 µg/mL, presença de conídios não germinados (seta). Barra = 50 µm (400x). Os fungos filamentosos, como o Cladosporium spp., possuem como constituinte básico a hifa. As hifas que formam os férteis conidióforos e que dão origem aos conídios diferenciam-se da hifa vegetativa, podendo apresentar diferentes graus de semelhança com a hifa vegetativa. A conidiogênese ou os processos e sequências de eventos que resultam em um novo conídio podem ocorrer de duas formas essencialmente: quando o conídio diferencia-se a partir da célula-mãe e somente uma porção dela é que dá origem ao conídio (desenvolvimento blástico); ou quando o conídio origina-se de toda a célula-mãe, assim sendo, toda a célula se torna o conídio propriamente dito, evento denominado de desenvolvimento tálico (LACAZ et al., 2002). 78 Os conídios representam o modo mais comum de reprodução assexuada, cumprem um papel importante na dispersão dos fungos na natureza e são estruturas de resistência (TRABULSI, ALTERTHUM, 2004). Ainda é importante destacar que os conídios não são meramente células quiescentes, pois um nível basal de síntese de RNA e proteínas é requerido para a sobrevivência dos esporos (LIU et al., 2007). Eles estão distribuídos em grande quantidade na atmosfera e, alguns deles, apresentam capacidade de causar doenças em seres humanos, animais e vegetais. Dentre os variados táxons destaca-se Cladosporium spp, um dos fungos mais cosmopolitas e de maior concentração no ar. Esporos de Cladosporium spp. têm sido caracterizados como importantes alérgenos (ZOPPAS, VALENCIA-BARRERA, FERNÁNDEZ-GONZÁLES, 2011). Assim sendo, vários óleos essenciais, atualmente, vêm sendo testados no intuito de inibir a germinação de esporos fúngicos. Rana, Singh e Taneja (1997), testando o óleo essencial de Aegle marmelos em diferentes concentrações sobre a germinação dos esporos de fungos como Alternaria, Curvularia e Fusarium, observaram redução gradual da germinação, concentração-dependente e que a 500 ppm ocorreu total inibição da germinação. O óleo essencial de Cympopogon citratus L. em teste frente à Colletotrichum coccodes, Botrytis cinérea, Cladosporium herbarum, Rhizopus stolonifer e A. niger causou completa inibição da produção de esporos quando ensaiado na concentração de 500 ppm. A maior inibição de germinação de esporos (81%) foi observada sobre C. herbarum (TZORTZAKIS, ECONOMAKIS, 2007). Sharma e Tripathi (2008) encontraram 100 % de inibição da germinação de A. niger quando exposto a 1,5 µg/mL do óleo essencial de Citrus sinensis. O valor de inibição foi de 50 % quando o óleo essencial foi ensaiado na concentração de 0,3 µg/mL. Em estudos realizados por Carmo, Lima e Souza (2008) os óleos essenciais de C. zeylanicum e O. vulgare apresentaram intenso efeito de supressão da germinação de esporos das espécies de Aspergilus testadas, com os efeitos dependentes da concentração do óleo. Souza (2011), avaliando a atividade do óleo essencial de C. Zeylanicum, sobre cepas de Penicilium, observou um efeito inibitório da germinação de conídios, dependente da concentração, sendo este óleo capaz de inibir 95 % da germinação, na concentração de 512 µg/mL. 79 5.6 Efeito do óleo essencial sobre a morfogênese fúngica As cepas de C. carrionii CQ-03 e URM 5109, expostas as concentrações de CIM/2, CIM e CIMX2 do óleo essencial de M. officinalis quando analisadas sob microscopia óptica (ampliação de 400 vezes), revelaram algumas alterações morfológicas quando comparadas aos seus respectivos micélios controle. A análise microscópica do micélio controle demonstrou estrutura celular regular, apresentando citoplasma homogêneo, longas cadeias de blastoconídios e intensa conidiação (figura 18A). No meio de cultura adicionado do óleo essencial, as cepas de C. carrionii, apresentaram distintas alterações morfológicas na estrutura micelial. Tais alterações incluíram diminuição da conidiação, perda de pigmentação das hifas, visível perda do conteúdo citoplasmático e desenvolvimento distorcido das hifas, sendo observado hifas tortuosas, finas e com alterações na parede celular (figuras 18 B, C e D). Essas alterações tornaram-se mais evidentes e frequentes quanto maior a concentração do óleo. 80 Figura 18 – Micromorfologia de C. carrionii URM 5109 na ausência (controle) e na presença do óleo essencial de M. officinalis. A B C D (A): ausência do produto (controle), com presença de conídios, dispostos ao longo do conidióforo (seta); B,C e D, na presença do óleo essencial de M. officinalis. (B): hifas curtas e tortuosas. (C): hifas finas com regiões dilatadas e retração citoplasmática (setas). (D): deformações na parede das hifas (seta). Nota: os resultados são representativos de dois experimentos. Barra = 50 µm (400x). Estudos anteriores de interferência de óleos essenciais sobre a micromorfologia de fungos filamentosos relatam importantes alterações morfológicas induzidas por óleos essenciais e seus componentes sobre diversas espécies fúngicas como Aspergillus flavus, A. parasiticus, A. niger, A. fumigatus e Trichophyton mentagrophytes (CARMO, LIMA, SOUZA, 2008; MOREIRA et al., 2010; SOUZA et al., 2010; PEREIRA et al., 2011b). Alguns autores citam que as modificações nas células fúngicas causadas por óleos essenciais podem estar relacionadas com a interferência dos seus constituintes sobre enzimas responsáveis pela síntese da parede celular, afetando o crescimento e a morfogênese fúngica (ZAMBONELLI et al., 1996; BRUL, COOTE, 1999; DE BILLERBECK et al., 2001; SHUKLA, SHAHI, DIXIT, 2000). Ainda, a ação dos componentes de óleos essenciais poderá ser atribuída a uma possível ação 81 lipofílica, que viria a facilitar a sua penetração na membrana plasmática fúngica (KNOBLOCH et al., 1989). A morfologia fúngica é um fator de grande importância durante a invasão e evasão das células do hospedeiro. Os conídios parecem iniciar a infecção, mas as hifas apresentam alguma vantagem em específicos estágios do processo infeccioso. As hifas formadas são mais difíceis de serem fagocitadas e podem eventualmente provocar morte de macrófagos, penetrar mais facilmente através do epitélio, invadindo tecidos (ROMÁN et al., 2007). Portanto, as alterações na morfologia de fungos filamentosos por compostos antifúngicos são de grande importância para o impedimento do crescimento normal, viabilidade e virulência. É relatado na literatura que macromoléculas cuja função esteja relacionada ao crescimento, sobrevivência, virulência ou morfogênese celular são apontadas como promissores alvos para novos agentes antifúngicos (ODDS et al., 2003). Diante disso, os resultados encontrados neste trabalho para o óleo essencial de M. officinalis são de grande relevância para o desenvolvimento de um futuro agente antifúngico. Mediante os resultados obtidos, o óleo essencial em estudo apresenta-se como um relevante e promissor produto antifúngico e contribui para o arsenal de produtos com conhecida atividade antifúngica contra C. carrionii. As investigações proporcionam grandes expectativas para futuros estudos farmacológicos mais aprofundados tanto com o óleo essencial de M. officinalis quanto com seus fitoconstituíntes majoritários, na perspectiva de um melhor entendimento de suas formas de ação, acerca de sua toxicidade e de uma possível aplicação terapêutica. 82 Considerações Finais 83 6. Considerações Finais De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, pode-se concluir que: • Dentre os sete óleos essenciais testados na triagem microbiológica, os óleos essenciais de O. gratissimum, P. boldus, O. vulgare e M. officinalis apresentam as melhores atividades antifúngicas. • Na CG-EM, o óleo essencial de M. officinalis, apresenta o geranial como constituinte majoritário; • O óleo essencial de M. officinalis apresenta forte atividade antifúngica contra cepas de C. carrionii; • As concentrações inibitórias mínimas e fungicidas para 100 % das cepas submetidas à ação do óleo essencial de M. officinalis demonstraram bons indicadores de atividade fungistática e fungicida do óleo estudado; • O óleo essencial de M. officinalis interfere na cinética do crescimento micelial radial das cepas fúngicas estudadas, apresentando efeito fungicida dependente de concentração; • O óleo essencial de M. officinalis é capaz de inibir a germinação de conídios e promover alterações micromorfológicas sobre as cepas de C. carrionii; • O óleo essencial de M. officinalis pode representar uma nova possibilidade entre os produtos com atividade antifúngica contra C. carrionii. 84 Referências 85 Referências ABAD, M. 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Atenciosamente, Comissão Editorial Revista Brasileira de Farmácia 108 Atividade antifúngica de óleos essenciais sobre cepas de Cladosporium carrionii * 1 Camilla Pinheiro de Menezes1 & Edeltrudes O. Lima2. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em produtos naturais e/ou sintéticos bioativos. Laboratório de Micologia, Departamento de Ciências Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba, 58051-970, João Pessoa - PB, Brasil. 2 Docente Orientadora. Laboratório de Micologia, Departamento de Ciências Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba, 58051-970, João Pessoa - PB, Brasil * Autor correspondente E-mail: [email protected] Endereço: Universidade Federal da Paraíba. Cidade Universitária. CEP:58059-900. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Ciências Farmacêuticas, João Pessoa, Paraíba, Brasil. Telefone: (83) 3225.1396 / (83) 8815.5981 109 RESUMO O gênero Cladosporium abrange muitas espécies de fungos contaminantes e oportunistas dematiáceos, estando relacionados com quadros de patologias em pacientes imunocomprometidos. Considerando a ampla atividade biológica apresentada pelos produtos naturais, óleos essenciais obtidos a partir de espécies vegetais têm sido investigados para determinação de suas atividades antimicrobianas. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antifúngica de óleos essenciais provenientes de espécies vegetais da família Lamiaceae sobre cepas de Cladosporium carrionii. A metodologia empregada foi a técnica de difusão em meio sólido. Os ensaios foram realizados em duplicata e os resultados considerados positivos quando as médias aritméticas dos halos de inibição apresentaram valores iguais ou superiores a 10 mm de diâmetro. E os resultados mostraram que os sete óleos essenciais testados apresentaram atividade antifúngica contra 100% das cepas de C. carrionii. Entretanto, os óleos essenciais de Ocimum gratissimum, Pneumus boldus, Origanum vulgare e Melissa officinalis e apresentaram as melhores atividades antifúngicas, com halos de inibição de 49,25 mm, 42,25 mm, 40,25 mm, 29 mm respectivamente. Os dados obtidos mostram-se promissores e podem servir como guia na seleção de plantas com atividades antifúngicas de futuros trabalhos, na perspectiva de uma possível aplicação terapêutica desses produtos. Palavras-Chave: Óleos essenciais, Lamiaceae, Fungos oportunistas, Fungos escuros, Cladosporium. 110 ABSTRACT The genus Cladosporium includes many species of opportunistic dematiaceous fungi and contaminants, being related to frames of pathologies in immunocompromised patients. Given the broad biological activity displayed by the natural products, essential oils obtained from plant species have been investigated to determine their antimicrobial activity. In this context, the objective of this study was to evaluate the antifungal activity of essential oils from plant species of the Lamiaceae family of strains of Cladosporium carrionii. The methodology employed was the diffusion technique on solid media. Assays were performed in duplicate and the results considered positive when the arithmetic means of the inhibition halos showed values greater than or equal to 10 mm in diameter. And the results showed that the seven essential oils tested showed antifungal activity against 100% of the strains of C. carrionii. However, the essential oils of Ocimum gratissimum, Pneumus boldus, Origanum vulgare and Melissa officinalis and showed the best antifungal activity with inhibition zones of 49.25 mm, 42.25 mm, 40.25 mm, 29 mm respectively. The data obtained show is promising and may serve as a guide in selecting plants with antifungal activity for future work in anticipation of a possible therapeutic application of these products. Keywords: Essential oils, Lamiaceae, Opportunistic fungi, Dark fungi, Cladosporium. 111 INTRODUÇÃO Ao longo dos últimos dez anos, a incidência de infecções importantes causadas por fungos tem aumentado. Estas infecções estão ocorrendo como infecções nosocomiais e em indivíduos com sistema imunológico comprometido. Além disso, milhares de doenças causadas por fungos afetam plantas economicamente importantes, custando anualmente mais de um bilhão de dólares (Case et al., 2010). Os fungos do gênero Cladosporium são considerados contaminantes ambientais, sendo encontrados em diversos ambientes. Sua relação com a saúde humana e até mesmo animal está principalmente relacionada com quadros de patologias oportunistas quando do desenvolvimento de severa imunossupressão (Tasic & Tasic, 2007; Correia et al., 2010; Bakheshwain et al., 2011). A terapêutica antifúngica, apesar de mais diversificada, hoje em dia, ainda apresenta algumas limitações no que respeita a toxicidade sobre as células humanas e a resistência, tanto intrínseca como adquirida, por parte dos fungos (Nishi et al., 2009). De modo que se torna evidente a necessidade de novos antifúngicos mais eficazes e menos tóxicos, encorajando a adoção de novas terapêuticas, dentre elas, o uso mais extenso de produtos naturais (Silva et al., 2008). Neste contexto, o objetivo desse estudo foi avaliar a atividade antifúngica de óleos essenciais obtidos de espécies vegetais pertencentes à família Lamiaceae sobre cepas fúngicas de Cladosporium carrionii. MATERIAL E MÉTODOS Óleos Essenciais Foram utilizados neste estudo óleos essenciais obtidos de espécies vegetais pertencentes à família Lamiaceae, adquiridos na Quinari Fragrâncias e Cosméticos Ltda./ Ponta Grossa, Paraná, Brasil (Quadro 1). 112 Quadro 1. Espécies vegetais das quais foram obtidos os óleos essenciais. Espécie Família Nome popular Mentha piperita L. Lamiaceae Hortelã pimenta Melissa officinalis L. Lamiaceae Erva-cidreira Mentha arvensis L. Lamiaceae Hortelã comum Ocimum basilicum L. Lamiaceae Manjericão Ocimum gratissimum Blume Lamiaceae Alfavaca Origanum vulgare L. Lamiaceae Orégano Peumus boldus Benth Lamiaceae Boldo Espécies Fúngicas Para realização dos ensaios de atividade antifúngica foram selecionadas 8 cepas de Cladosporium carrionii, sendo 2 cepas ( URM 5109, URM 2871) pertencentes à coleção de culturas da Micoteca URM 604, Departamento de Micologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, e as demais (CL-03, LM-0212, LM-227, CQ-02, LM01, CQ-03) pertencentes à coleção de culturas do Laboratório de Micologia, Departamento de Ciências Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba. Todas as cepas foram mantidas em ágar Sabouraud dextrose – ASD inclinado (DIFCO Laboratories Ltda, USA) a temperatura ambiente (28º a 30ºC) e a 4ºC. Preparação do Inóculo Para obtenção do inóculo, as cepas fúngicas selecionadas foram mantidas no meio de cultura, por 10-14 dias, a temperatura de 28 a 30ºC. Em seguida, as suspensões fúngicas foram preparadas e padronizadas em solução fisiológica (0,9%) estéril e agitadas por 2 minutos com auxílio do aparelho Vortex (FANEM). Após a agitação, cada suspensão teve sua turbidez comparada e ajustada àquela apresentada pela suspensão de sulfato de bário do tubo 0,5 da escala McFarland, a qual corresponde a um inóculo de aproximadamente 1-5 x 106 UFC/mL. Por fim, foi realizado contagem celular em câmara de Newbaeuer e as suspensões ajustadas no espectrofotômetro (Leitz-Fhotometer 340-800), para conter aproximadamente 1- 113 5 x 106 UFC/mL. (Ostrosky et al., 2008; Koneman et al., 2008, Hadacek & Greger, 2000; Cleeland & Squires, 1991). Ensaio de atividade antifúngica O screening microbiológico para avaliação do poder antifúngico dos óleos essenciais em estudo foi realizado com base na técnica de difusão em meio sólido com discos de papel de filtro (Sensibiodisc do Centro de Controle e Produtos para Diagnósticos Ltda – CECON/SP). Em placas de Petri (150x15 mm) descartáveis e estéreis (INLAB), foram depositados 2 mL da suspensão fúngica na concentração de 106 UFC/mL de cada microrganismo, previamente preparada. Em seguida, foi adicionado cerca de 40 mL do meio ASD fundido à 50oC, com homogeneização constante. Após a solidificação do meio foram depositados na superfície do meio, discos de papel de filtro impregnados com 20 µL de cada óleo essencial in natura. O sistema foi então incubado a 28-30 oC por 7-14 dias (Bawer et al., 1966; Cleeland & Squires, 1991; Koneman et al., 2008; Hadacek & Greger, 2000). O Fluconazol, 25 mcg, (Centro de Controle e Produtos para Diagnósticos Ltda – CECON/SP) foi selecionado como antifúngico padrão. Os ensaios foram realizados em duplicata e os resultados expressos pela média aritmética dos halos de inibição obtidos nos dois ensaios. A presença da atividade antifúngica foi evidenciada pela formação de halos de inibição de crescimento em volta dos discos de papel. A atividade antifúngica dos óleos essenciais testados foi considerada positiva quando a média dos halos de inibição apresentou valores iguais ou superiores a 10 mm de diâmetro (Wong Leung, 1988; Cole, 1994; Alves et al., 2000; Nunes et al., 2006;). RESULTADOS E DISCUSSÃO O presente trabalho permitiu identificar a atividade antifúngica de óleos essenciais obtidos de espécies vegetais pertencentes à família Lamiaceae sobre Cladosporium carrionii utilizando o método microbiológico de difusão em ágar. Conforme apresentado na tabela 1, os sete óleos essenciais testados apresentaram atividade antifúngica contra as oito cepas de C. carrionii, caracterizado pela formação de halos de inibição do crescimento microbiano com diâmetro igual ou superior a 10 mm, frente 100% das cepas. A droga padrão Fluconazol (25 mcg) não apresentou atividade antifúngica contra as cepas testadas. 114 Tabela 1 - Média dos halos de inibição do crescimento fúngico (em milímetros) produzidos CL-03 URM 5109 LM-0212 LM-227 CQ-02 LM-01 CQ-03 URM 2871 pelos óleos essenciais, in natura, sobre cepas de Cladosporium carrionii. 50 48 50 50 40 50 54 52 P. boldus 40 32 50 40 48 54 44 30 M. officinalis 30 30 34 32 30 26 24 26 M. arvensis 10 14 14 16 10 11 11 14 M. piperita 12 15 10 15 11 11 15 16 O. basilicum 12 12 11 10 11 10 12 10 O. vulgare 50 48 40 34 44 36 46 24 0 5 6 0 0 4 0 0 Óleos Essenciais O. Gratissimum Fluconazol (25 mcg) Entretanto, os óleos essenciais de O. gratissimum, P. boldus, O. vulgare e M. officinalis apresentaram as melhores atividades antifúngicas, com halos médios de inibição de 49,25 mm, 42,25 mm, 40,25 mm e 29 mm, respectivamente. A necessidade atual de descoberta de novos antimicrobianos tem estimulado o uso de compostos de plantas como os óleos essenciais, esses têm sido bem estudados em relação ao seu poder antimicrobiano, no entanto, são mais explorados em relação as suas características flavorizantes e antioxidantes (Burt, 2004). O possível papel dos óleos essenciais de algumas plantas, dentre elas a M. officinalis L., assim como o modo de ação destes produtos naturais é discutido no que diz respeito à prevenção e tratamento do câncer, doenças cardiovasculares, incluindo aterosclerose e da trombose, bem como a sua bioatividade como antibacteriana, antiviral, antioxidantes, e agentes antidiabéticos (Edris, 2007). 115 Os resultados obtidos neste estudo, considerando o óleo essencial de M. officinalis, encontram-se compatíveis com os achados de outros autores que têm mostrado que esse óleo essencial apresenta atividade antibacteriana e antifúngica (Mimica-Dukic et al., 2004). Muitos estudos já foram realizados sobre o O. vulgare L. devido ao seu grande poder antioxidante, fungistático, fungicida e antimicrobiano (Bozin et al., 2006; Sartorato et al., 2004). Em estudos realizados por Saeed (2009), excelente atividade antibacteriana foi obtida ao testar o O. vulgare contra bactérias Gram-positivas. Saglam (2009), ao analisar a atividade antifúngica do óleo essencial de O. vulgare dentre outros óleos essenciais, contra o crescimento micelial de Alternaria alternata, Aspergillus niger e Aspergillus parasiticus observou que o óleo de O. vulgare foi o mais ativo contra todos os fungos testados em comparação aos demais óleos. Assim sendo, os resultados obtidos com o óleo essencial de orégano, neste estudo, estão de acordo com os apresentados na literatura. Os resultados obtidos neste estudo considerando o óleo essencial de O. gratíssimum encontram-se compatíveis com os achados de outros autores, Koba e colaboradores (2009) avaliando a atividade antifúngica do óleo essencial do O. gratissimum comprovaram atividades fungistática e fungicida desse óleo contra dezessete linhagens fúngicas. O resultado anti-Cladosporium observado com o óleo essencial de P. boldus, corrobora com estudos anteriores, no qual o óleo essencial, obtido por hidrodestilação das folhas de P. boldus, apresentou atividade antibacteriana contra Streptococcus pyogenes, Micrococcus sp., Sthaphylococcus aureus, Bacilus subtilis (Vila et al., 1999) e antifúngica contra diversas espécies de Candida (Lima et al., 2006). Considerando a crescente resistência dos fungos oportunistas, dentre eles os pertencentes ao gênero Cladosporium, frente aos antifúngicos atualmente disponíveis no mercado, pode-se inferir que a pesquisa de novos compostos antifúngicos de origem vegetal mostra-se de relevante significância. CONCLUSÃO Mediante os resultados obtidos, é possível observar o potencial antifúngico que os óleos essenciais de Ocimum gratissimum, Pneumus boldus, Origanum vulgare e Melissa officinalis possuem, e por consequência, a real possibilidade de aplicação destes produtos na prevenção e tratamento de doenças infecciosas de origem fúngica. Porém, é necessário citar a 116 necessidade de realização de estudos de cunho toxicológico e clínico como suporte de segurança na perspectiva de uma possível aplicação terapêutica desses produtos. REFERÊNCIAS Alves TMA, Silva AF, Brandão M, Grandi TSM, Smânia EFA, Junior AS, Zani CL. Biological screening of brazilian medicinal plants. Mem. Inst. 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Antimicrobial activities of some Hon-Kong plants used in chinese medicine. Fitoterapia, 69(1):11-16, 1988. 119 ANEXO B – Trabalhos apresentados em congressos 120 COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE Melissa officinalis L. CONTRA Cladosporium carrionii Menezes, C. P.; Sousa, J. P.; Guerra, F. Q. S.; Trajano, V. N.; Souza, V. G.; Souza, F. S.; Lima, E. O. O óleo essencial de Melissa officinalis L. em ensaios farmacológicos demonstrou atividade antimicrobiana. Assim, o objetivo deste estudo foi identificar os principais componentes desse óleo e investigar sua atividade antifúngica in vitro contra Cladosporium carrionii. A análise da composição química do óleo foi realizada por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM). As determinações da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Fungicida Mínima (CFM) foram realizadas pelo método de microdiluição. Por fim avaliou-se a interferência do óleo, em diferentes concentrações, sobre a germinação dos conídios de C. carrionii (CQ03 e URM 5109), sendo os resultados expressos em percentual de inibição dos conídios em relação ao controle. A análise CG-EM resultou na identificação de 4 componentes principais, sendo o geranial o fitoconstituínte majoritário (52 %), seguido do citral (38,90 %), trans β-cariofileno (1,22 %) e germacrene D (0,84 %), em ordem decrescente de percentual. Nos ensaios de atividade antifúngica, o óleo essencial inibiu o crescimento de 100 % das cepas de C. carrionii ensaiadas, tendo sua CIM e CFM estabelecidas em 256 µg/mL. No estudo da interferência do óleo sobre a germinação dos conídios, observou-se inibição da germinação de conídios nas diferentes concentrações ensaiadas. Uma inibição de 100 % foi encontrada na concentração de 512 ug/mL, enquanto na concentração de 256 ug/mL a inibição foi sempre superior a 90% para as duas cepas testadas, revelando um efeito inibitório dependente da concentração. Portanto, os resultados sugerem que o óleo essencial de M. officinalis apresenta forte atividade antifúngica contra C. carrionii. Apoio: CNPq e CAPES. 121 122 Screening of antifungal activity of essential oils from Lamiaceae family of strains of Cladosporium carrionii * J. M. C. G. Santos1, C. P. Menezes1, L. C. A. Leite1, R. M. C. Carvalho1, E. O. Lima1. 1. Federal University of Paraíba, 58051-900, João Pessoa - PB, Brazil. Introduction: Given the broad biological activity displayed by the natural products, essential oils obtained from plant species have been investigated to determine their antimicrobial activity. Objective: Identify the antifungal activity in vitro of essential oils obtained from plant species belonging to the Lamiaceae family against strains of Cladosporium carrionii. Methodology: Microbiological screening of seven essential oils (Mentha piperita, Melissa officinalis, Mentha arvensis, Ocimum basilicum, Ocimum gratissimum, Origanum vulgare, Pneumus boldus) was performed by the technique of diffusion in solid medium. Assays were performed in duplicate and the results considered positive when the arithmetic means of the inhibition halos showed values greater than or equal to 10 mm in diameter. The antifungal activity the essentials oils were evaluated by determination of the Minimum Inhibitory Concentration (MIC) and Minimum Fungicidal Concentration (MFC) by microdilution assay. Results: The results of microbiological screening showed that the seven essential oils tested showed antifungal activity against 100 % of the strains. However, it was observed that the essential oils of O. gratissimum, P. boldus, M. officinalis, and O. vulgare showed the highest activity with average inhibition halos of 49.25 mm, 42.25 mm, 40.25 mm and 29 mm respectively. Subsequently, we evaluated the antifungal activity of these four oils by determining the MIC and CFM and it was observed that the essential oils of O. vulgare and M. officinalis were active against the filamentous fungi Cladosporium carrionii with MICs equals 256 µg/mL. The MFC found for these essential oils were 256 µg/mL for all strains. The MICs of essential oils of O. gratissimum and P. boldus were >1024 µg/mL for all strains of C. carrionii. Conclusion: The essential oils of O. vulgare and M. officinalis showed antifungal activity against strains of C. carrionii tested, and therefore can be a source of metabolites with antifungal activity. Supported by: CNPq e CAPES 123 124 Antifungal activity of essential oils of Lamiaceae family on strains of Cladosporium carrionii * 1 1 1 1 1 Menezes, C. P. ; Sousa, J. P. ; Viana, W.P. ; Pinheiro, L. S. ; Guerra, F. Q. S.¹; Lima, E. O. 1. Laboratory of Mycology, Department of Pharmaceutical Sciences, Federal University of Paraíba, 58051-970, João Pessoa - PB, Brazil [email protected] Keywords: Essential oil, Lamiaceae, Cladosporium carrionii Introduction Cladosporium carrionii is one of the most frequent etiologic agents of human chromoblastomycosis, a chronic cutaneous disease characterized by verrucose skin lesions eventually leading to emerging, cauliflowerlike eruptions [1]. The increased incidence of fungal infections, especially dangerous hospital-acquired infections and infections in immunocompromised patients, has accentuated the need for new antifungal treatments. There has been growing interest in alternative therapies as the therapeutic use of natural products, especially those derived from plants [2]. Thus, the aim of this study was to identify the antifungal activity in vitro of essential oils obtained from plant species belonging to the Lamiaceae family against strains of Cladosporium carrionii. Microbiological screening of seven essential oils (Mentha piperita L, Melissa officinalis L., Mentha arvensis L., Ocimum basilicum L., Ocimum gratissimum Blume, Origanum vulgare L.) was performed by the technique of diffusion in solid medium. And the antifungal activity the essentials oils were evaluated by determination of the Minimum Inhibitory Concentration (MIC) and Minimum Fungicidal Concentration (MFC) by microdilution assay. Results and Discussion In the screening assay of antifungal activity of essential oils on strains of C. carrionii was observed that the essential oils of O. gratissimum Blume, P. boldus Benth, M. officinalis L., and O. vulgare showed the highest activity with average inhibition halos of 49.25 mm, 42.25 mm, 40.25 mm and 29 mm respectively. Subsequently, we evaluated the antifungal activity of these four oils by determining the Minimum Inhibitory Concentration (MIC) and it was observed that the MICs were very similar in the strains tested. The essential oils of O. vulgare and M. officinalis were active against the filamentous fungi Cladosporium carrionii with minimum inhibitory concentrations (MICs) equals 256 µg/mL. The MFC found for these essential oils were 256 µg/mL for all strains tested (table 1). According Sartoratto et al. (2004), essential oils with an MIC between 50 and 500 µg/mL are considered a strong antimicrobial activity. Thus we can consider that the essential oil of M. officinalis and O. vulgare have a strong antimicrobial activity, since the MIC was 256 µg/mL. Table 1- Minimum inhibitory concentration (MIC) and minimum fungicidal concentration (MFC) of essential oils O. vulgare and M. officinalis against strains of C. carrionii C. carrionii samples O. vulgare M. officinalis (µg/mL) (µg/mL) MIC MFC MIC Control of strain* MFC CL 03 256 256 256 256 + URM 5109 256 256 256 256 + LM 0212 256 256 256 256 + LM 227 256 256 256 256 + CQ 02 256 256 256 256 + LM 01 256 256 256 256 + CQ 03 256 256 256 256 + URM 2871 256 256 256 256 + *Growth of the microorganism without the addition of essential oil or antifungal agent. Conclusions The essential oils of O. vulgare and M. officinalis showed antifungal activity against strains of C. carrionii tested, and therefore can be a source of metabolites with antifungal activity. Acknowledgements The authors thank Laboratory of Mycology and Laboratory of Pharmaceutical Technology, Federal University of Paraíba, Brazil. _________________ [1] HOOGI, G. S.; NISHIKAKU, A. S.; FERNANDEZ-ZEPPENFELDT, G.; PADÍN-GONZALEZ, C. BURGER, E.; BADALI, H.; RICHARDYEGRES, N.; GERRITS, A. H. G. Molecular analysis and pathogenicity of the Cladophialophora carrionii complex, with the description of a novel species Studies in Mycology, v. 58, p. 219– 234. 2007. [2] GEORGE, S. S.; SELITRENNIKOFF, C. P. Identification of novel cell-wall active antifungal compounds. International Journal of Antimicrobial Agents, v. 28, p. 361-365, 2006. [3] SARTORATTO, A.; MACHADO, A. L. M.; DELARMELINA, C.; FIGUEIRA, G. M.; DUARTE, M. C. T.; REHDER, V. L. G. Composition and antimicrobial activity of essential oils from aromatic plants used in Brazil. Brazilian Journal of Microbiology, v. 35, p. 275-280, 2004.