reflexões sobre o Colégio Célestin Freinet

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I
PEDAGOGIA – HABILITAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL
DIANA FELICE FERNANDES CEDRAZ DE ALMEIDA
O FAZER PEDAGÓGICO E AS CONCEPÇÕES
CONSTRUTIVISTAS: reflexões sobre o Colégio Célestin Freinet
Salvador
2012
DIANA FELICE FERNANDES CEDRAZ DE ALMEIDA
O FAZER PEDAGOGICO E AS CONCEPÇÕES
CONSTRUTIVISTAS: reflexões sobre o Colégio Célestin Freinet
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito parcial
para obtenção da graduação em
Pedagogia com Habilitação em
Educação
Infantil,
do
Departamento
de
Educação,
Campus I, da Universidade do
Estado da Bahia, sob a orientação
do Profª. Drº Gilmário Moreira
Brito
Salvador
2012
FICHA CATALOGRÁFICA
Sistema de Bibliotecas da UNEB
Almeida, Diana Felice Fernandes Cedraz de
O fazer pedagógico e as concepções construtivas: reflexões sobre o Colégio Celestin
Freinet / Diana Felice Fernandes Cedraz de Almeida . - Salvador, 2012.
55f.
Orientador: Prof. Dr. Gilmário Moreira Brito.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia.
Departamento de Educação. Colegiado de Pedagogia. Campus I. 2012.
Contém referências.
1. Educação - Bahia. 2. Aprendizagem. 3. Construtivismo (Educação). I. Brito, Gilmário
Moreira. II. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação.
CDD: 370.1523
DIANA FELICE FERNANDES CEDRAZ DE ALMEIDA
O FAZER PEDAGOGICO E AS CONCEPÇÕES
CONSTRUTIVISTAS: reflexões sobre o Colégio Célestin Freinet
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito parcial para
obtenção da graduação em Pedagogia
com Habilitação em Educação Infantil,
do Departamento de Educação da
Universidade do Estado da Bahia, sob a
orientação do Profª. Drº Gilmário
Moreira Brito
Salvador, 30 de março de 2012.
Aprovada em, 30 de março de 2012.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Drº. Gilmario Brito – Orientador
Universidade do Estado da Bahia
______________________________________
Profª. Msc. Adelaide Rocha Badaró
Universidade do Estado da Bahia
______________________________________
Profª. Msc. Rilza Cerqueira Santos
Universidade do Estado da Bahia
Dedico este trabalho a toda minha
família, por incentivar e impulsionar esta
conquista, principalmente a minha Mãe,
pessoa que me deu motivo para trilhar
este caminho.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por ter permitido alcançar esta vitória, concluindo mais uma
etapa da minha vida. Agradeço a Ele, por ter colocado durante a minha trajetória acadêmica,
anjos que me orientaram, me acolheram nos momentos que pensei em desistir, me ajudando a
dar mais um passo em busca desta conquista. Não posso deixar de mencionar os nomes
daqueles que foram imprescindíveis, contribuindo de forma incisiva na minha formação.
Então queridas amigas, Fabiana Trindade, Noenil Costa, Daniele Caldas, muito obrigada!
Obrigada professor, Gilmário, pela paciência, pela dedicação e pelas orientações no decorrer
deste trabalho de conclusão de curso! Obrigada querida professora Adelaide Badaró, por me
estender a mão, por ouvir meus anseios e por me acalmar com suas orientações neste
momento tão importante. Obrigada a vocês, pessoas especiais da minha vida, que
contribuíram mesmo que indiretamente para esta conquista, obrigada pais, irmãos e amigos e
namorado, sem o amor e carinho de vocês, jamais teria força para chegar até aqui.
“Seja como for, temos de esquecer a nossa
formação escolar em que a objetividade
pretendia explicar tudo e as nossas
obrigações estritamente pedagógicas se
identificavam com a mania de ensinar; à
nossa frente, sem nos pedir licença, a
criança enveredava por outros caminhos, os
que lhe são próprios, e por processos de
tentativas,
essencialmente
instintivos,
deslocando-se para onde quer, certa do
concurso dos seus poderes como o caracol
segregando a concha. Há que entrar
resolutamente no reino da infância.”
CÉLESTIN FREINET (1997, p.297)
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo apresentar as observações feitas no Colégio Célestin Freinet,
com as turmas e os professores do sétimo ano e do nível dois, onde é analisada a forma que os
educadores abordam a aprendizagem, levando em consideração a concepção construtivista e a
maneira que lidam com a teoria na hora de colocá-la em prática. Para isto inicialmente é
apresentado à história do Colégio, dos professores observados e também a relação que a
instituição possui com o educador Célestin Freinet, que dá nome a instituição e sua influência
nas práticas pedagógicas. A pesquisa aborda os projetos pedagógicos adotados pelo colégio e
o cotidiano da sala de aula, expondo a forma como os alunos aprendem.
Palavras chave: Aprendizagem, Construtivismo, Colégio Célestin Freinet.
ABSTRACT
This paper aims at presenting the observations made in Celestin Freinet College, with classes
and teachers in the seventh grade and level two, where it is analyzed the way educators
approach learning, taking into account the constructivist conception and the way they deal
with the theory's time to put it into practice. For this is initially presented to the history of the
College, the teachers observed and also the relationship which the institution has with the
educator Celestin Freinet, which names the institution and influence on teaching practices.
The study discusses the pedagogical projects adopted by the college and everyday life of the
classroom, exposing the way students learn
Keywords: Learning, Constructivism, College Celestin Freinet
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10
1. O COLÉGIO CÉLESTIN FREINET ................................................................. ............12
1.1 HISTÓRIA DO COLÉGIO CÉLESTIN FREINET ..................................................................12
1.2 ENTRE O PROJETO POLÍTICO E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO COLÉGIO
CÉLESTIN FREINET........................................................................................................................16
2. PROCESSO DE APRENDIZAGEM SEGUNDO ABORDAGENS
CONSTRUTIVISTA. ..................................................................................................... 21
2.1 A APRENDIZAGEM NO COLÉGIO CÉLESTIN FREINET. .................................................21
3. A TEORIA E PRÁTICA CONSTRUTIVISTA NA DOCÊNCIA DO PROFESSORES
DA TURMA DO SÉTIMO ANO DO COLÉGIO CÉLESTIN FREINET. ........... ..... 34
3.1 PROJETOS PEDAGÓGICOS ADOTADOS PELO COLÉGIO CÉLESTIN FREINET ...........34
3.2 AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS APLICADAS NA SALA DE AULA. .................................43
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 52
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 55
10
INTRODUÇÃO
Ao levar em consideração o processo da ação educativa exercida por professores em situações
planejadas de ensino-aprendizagem, bem como os fenômenos educacionais emergentes, uma
questão fundamental permeia preocupações básicas no que tange a prática dos professores que
atuam em sala de aula: como podem os professores articular o pensar e o fazer pedagógico
numa concepção construtivista?
O construtivismo se desenvolve pela interação do individuo com o meio físico e social,
constituindo-se pela força da ação e não por qualquer trabalho prévio. Deste modo, podemos
entender que os fenômenos construtivistas, devem ser um processo de construção, a partir do
qual o conhecimento deve ser gerado pela interação entre o educando e o educador, como
também pelas interações sociais e culturais de cada sujeito que está envolvido no processo de
ensino-aprendizagem.
Ressaltamos que a concepção construtivista tem bases teóricas nos estudos de Célestin
Freinet, Piaget, Vygostky entre outros estudiosos que se dedicaram a estudar como se
desenvolvem as estruturas mentais, sociais e culturais, que possibilitam a aquisição do
conhecimento. Esses estudiosos contribuíram teórica e metodologicamente para ultrapassar os
métodos arraigados na escola tradicional, graças aos resultados das suas pesquisas, as
possibilidades de trabalho que podem se desenvolvidas no campo da educação hoje, não se
limita apenas a repetição de conhecimentos cristalizados.
Baseado nesta temática, a presente pesquisa tem como objetivo fazer um estudo, de como a
concepção construtivista é desenvolvida em duas turmas do Colégio Célestin Freinet, as
turmas são do sétimo ano, do ensino fundamental e a do nível dois, da educação infantil. A
pesquisa traz relatos de observações a cerca da prática pedagógica utilizada pelos professores
em sala de aula, respondendo a seguinte pergunta: Como os alunos do Colégio Célestin
Freinet aprendem e como os professores ensinam?
Para responder as perguntas foi feito uma observação no Colégio Célestin Freinet, no período
do estágio supervisionado, durante seis meses. O Colégio está situado no subúrbio ferroviário
de Salvador-BA, no bairro de Periperi, na Rua Cosme de Farias. A instituição existe a vinte e
quatro anos e atualmente conta com aproximadamente trezentos e cinquenta alunos. Os alunos
11
deste colégio em sua maioria são de classe média baixa, muitos filhos de pais que não tiveram
acesso à educação, trago estas informações por ser necessária para entendermos um pouco da
realidade do aluno.
O trabalho de observação fundamentou-se na epistemologia do educador Célestin Freinet, que
ajudou a perceber como ocorre a aquisição do conhecimento do aluno, o qual pode sofrer
influência do meio social em que está inserido.
Durante as observações procurei compreender e verificar as contribuições das teorias
construtivistas no trabalho desenvolvido em sala de aula e também fora dela, para isso foi
necessário observar a metodologia utilizada pelos professores do sétimo ano e a professora do
nível dois, no desenvolvimento de algumas atividades e projetos, analisando os efeitos da
aplicação de princípios construtivistas nas salas do Colégio Célestin Freinet.
Esta pesquisa apresenta a opinião dos professores da instituição, sobre a aprendizagem
construtivista e expõe as concepções de ensino do Educador Célestin Freinet, mostrando quais
as práticas utilizadas que se referem aos estudos e teorias do educador. São apresentados os
momentos em que o Colégio se aproxima e se afasta dos conceitos trazidos pelo referido
autor.
Veremos nos capítulos a seguir, os relatos sobre as observações realizadas no Colégio
Célestin Freinet, principalmente nas salas de aulas do sétimo ano e do nível dois, da educação
infantil. Os capítulos desta pesquisa irão apresentar a história e abordagem pedagógica do
Colégio, como acontece o processo de ensino aprendizagem e como os professores põem em
prática o construtivismo.
12
1.
O COLÉGIO CÉLESTIN FREINET
A pesquisa começa, apresentando neste primeiro capítulo o Colégio Célestin Freinet e sua
história, como surgiu, estrutura física, sua localização, o público alvo, o quadro de
funcionários, assim como: objetivo pedagógico, metodologias de ensino adotadas pelo
colégio, suas crenças e metas. Será exposta a forma que o Colégio Célestin Freinet endente a
Educação e o processo de aprendizagem, mostrando a influência da pedagogia do educador
Célestin Freinet para a prática pedagógica da instituição, bem como os procedimentos
adotados que divergem do pensamento do educador. As informações apresentadas nesta
pesquisa são dados coletados através das observações feitas nas salas do sétimo ano e do nível
dois; entrevistas com a Diretora e o Coordenador do colégio; análise do Projeto Político
Pedagógico e do regimento da instituição.
1.1
HISTÓRIA DO COLÉGIO CÉLESTIN FREINET
A escola Célestin Freinet, fundada em 08 de março de 1988, pela diretora Adinoam Cedraz de
Almeida, está atualmente localizada na Rua Cosme de Farias nº 12, no Bairro de Periperi.
Logo quando foi fundada, a escola funcionou durante um ano em um espaço cedido por outra
escola, no mesmo bairro de Periperi, com alunos da Educação Infantil a quarta série do ensino
fundamental. Com o objetivo de ampliar o número de turmas, a escola se mudou para o atual
local e depois de aproximadamente cinco anos, o Colégio se organizou para receber turmas da
quinta até a oitava série e posteriormente, expandiu para oferecer turma do primeiro ao
terceiro ano do ensino médio.
O Colégio hoje é amplo, com treze salas de tamanhos adequados ao número de alunos, com
espaços que proporcionam a aprendizagem como: sala de vídeo, laboratório, palco para
apresentações e quadra esportiva, além destes espaços o colégio possui uma área onde os
alunos passam o intervalo, nela existe jogos de mesa, casinha para as crianças menores, jogos
desenhados no chão, uma pracinha que promove a interação entre os alunos e a cantina. Para
atender aos pais e aproximadamente a trezentos e cinquenta alunos, trabalham no Colégio, a
diretora, duas secretárias, três coordenadores, vinte e dois professores da Educação Infantil até
o nível médio, três funcionários de apoio e um porteiro.
13
Por estar situado numa área do subúrbio ferroviário de Salvador, mais especificamente
Periperi, o público do Colégio é em sua maioria de classe média baixa, sendo geralmente o
pai que trabalha para garantir o sustendo da família enquanto a mãe cuida dos afazeres do lar.
Os pais dos alunos do sétimo ano e do nível dois da Educação Infantil trabalham a maioria,
como motorista de ônibus, marceneiro, pedreiro, padeiro, policiais, vendedores de loja,
técnicos em enfermagem e professores. As mães geralmente trabalham em casa, poucas
trabalham fora como empregada doméstica, técnicas em enfermagem, cozinheiras e
professoras. O Colégio Célestin Freinet é uma escola particular, que possui os valores da
mensalidade abaixo das demais escolas particulares da região, o que atrai os pais que não
querem por o filho na escola pública, mas que também não podem pagar uma escola mais
cara. Estas informações foram obtidas através de documentos do Colégio e as fichas dos
alunos.
Os alunos do Colégio Célestin Freinet, estão inseridos na cultura do subúrbio ferroviário, que
liga a região da calçada até o bairro de Periperi, abrangendo vinte e dois bairros. Até 1970 o
local era formado por lugarejos, comunidades tradicionais de pescadores e veranistas que
aproveitavam a pesca e as praias banhadas pelas águas da Baía de Todos os Santos. Hoje o
Subúrbio Ferroviário se vê ocupado em sua grande maioria por moradores das classes
populares. Após a construção da Avenida Afrânio Peixoto, conhecida como a Avenida
Suburbana, o aumento das ocupações informais foi significativo, crescendo de forma
desordenada, por falta de atenção dos órgãos públicos competentes. A Suburbana, como é
conhecida, concentra boa parte das comunidades populares da cidade, que convive com a falta
de emprego, abandono, violência urbana, moradia precária e pobreza. Apesar de todos os
problemas, a região é enfeitada por praias de água calma, cultura popular retratada nos
diversos grupos de capoeira, samba, música, terreiros e casas de candomblé, e na simbologia
natural do Parque de São Bartolomeu. A história do subúrbio ferroviário e de Periperi pode
ser conferida no site da Prefeitura de Salvador.
O bairro de Periperi está inserido no contexto dos bairros que compõem o subúrbio
ferroviário, surgiu como uma fazenda em meados do século XIX. Periperi deu início a seu
crescimento desenfreado a partir da construção do trecho Calçada - Paripe. Alguns
empregados da ferrovia, que corta todo o subúrbio ferroviário, arrendaram terrenos e
construíram suas casas; assim surgiram os primeiros aglomerados. Com a instalação de
complexos industriais na região, o número de moradores cresceu ainda mais. Hoje Periperi
14
cresce de forma desordenada, suas ruas mal conservadas, calçadas quase inexistentes, onde a
população anda pelo meio da rua, disputando o espaço com carros, motos, bicicletas e até
mesmo uma feira que acontece todos os dias na rua principal de Periperi. O bairro possui uma
praça, chamada de Praça do Sol que é o local de lazer do bairro. Nesta localidade não há
muitos espaços de lazer e diversão para os jovens, que acabam se envolvendo precocemente
com a droga e sexo, sendo está uma região que existe muita criminalidade. No bairro a música
escutada pela maioria dos moradores do bairro é o pagode, que toma conta das esquinas, e do
pensamento das crianças e dos adolescentes.
A música influência também no modo de vestir, falar, dançar e se comportar socialmente. É
dentro deste panorama, desta cultura, que vivem os alunos do Colégio Célestin Freinet, que
levam suas experiências para escola, tendo esta, que estar preparada para acolhê-los, ouvindoos e analisando cada um deles, para compreender como trabalhar em cima das suas
necessidades e da realidade em que estão inseridos.
Ao longo deste capitulo para entendermos melhor as escolhas das práticas pedagógicas do
Colégio Célestin Freinet, vamos apresentar os agentes destas práticas, os professores do
sétimo ano e a professora do nível dois, as informações foram obtidas através de uma
entrevista concedida pelos mesmos. Veremos também como o Colégio Célestin Freinet se
relaciona com a educação, quais os objetivos pedagógicos, como coloca em prática o
construtivismo e qual a aproximação com o educador Célestin Freinet.
Tendo em vista buscar conhecer os sujeitos que operam as práticas pedagógicas do colégio,
vamos apresentar os professores do sétimo ano, tentando compreender suas posturas como
docentes, em decorrência da formação acadêmica que cada um teve e sua vida social.
Existem alguns pontos comuns entre os professores do sétimo ano, todos estudaram no
período colegial em colégios públicos de Salvador e todos residem em bairros populares. Os
professores do sétimo ano são: André professor de História de 28 anos, que mora no bairro de
Plataforma, que também faz parte do subúrbio ferroviário de Salvador, participa da mesma
cultura dos seus alunos. Para ele, “o conhecimento acontece a partir da interação do aluno
com mundo em que vive, e este vai à escola com conhecimentos que a cultura o oferece.” Ao
entrar na Universidade Federal da Bahia conheceu outras realidades, viajou, conviveu com
outras pessoas e o conhecimento adquirido no curso, o fez enxergar a vida de outros ângulos.
15
Faz três anos que o professor trabalha com educação; a professora Telma, de 35 anos, que
trabalha com educação há oito anos, é graduada em Letras pela Universidade do Estado da
Bahia, para ela “o conhecimento leva o aluno a ser um cidadão critico reflexivo e de opinião
própria, sendo gerado principalmente a partir interação entre o aluno, o professor e o meio
social em que vive”. Durante a entrevista a professora avalia o construtivismo como um
método que norteia o aluno a construir seus conhecimentos; o professor de Ciências José,
formado em Biologia pela Universidade Católica de Salvador, morador do bairro de Brotas,
tem 28 anos, trabalha em sala de aula há seis anos, e acredita que “o conhecimento mais
significativo acontece quando o aluno aprende na prática, através do experimento”, sendo esta
sua visão construtivista da aprendizagem; o professor Rogério de Geográfica, de 30 anos, que
mora no bairro de Periperi, onde está localizado o Colégio. Rogério é formado em Geografia
há cinco anos, tempo que começou a trabalhar com educação, para ele “o conhecimento é o
ato de possuir um saber gerado a partir do contato com o objeto de estudo”. O professor
pontuou ainda, durante o decorrer da entrevista, a importância do mediador, para que o
aprendiz seja direcionado ao saber; e o professor Antonio, que é recém-formado pela
Universidade Federal da Bahia, tem 25 anos, trabalha há dois anos na área de educação. Para
ele “o aluno aprende com a prática”, acredita numa aula participativa e no caso da
matemática, na utilização de “instrumentos e ferramentas que levem o aluno a perceber a
matéria no mundo real”. Dentro desta perspectiva, observei que o professor Antonio mesmo
não conhecendo propriamente as teorias construtivistas, adota em suas aulas uma prática que
se refere ao construtivismo, desde quando relaciona o objeto de estudo com a realidade dos
alunos.
Acima foram apresentados os professores do sétimo ano, mas durante a pesquisa também foi
observada a sala do nível dois, com a professora Rosa. Com 34 anos, é moradora de Periperi,
bairro onde está localizado o Colégio, começou a ensinar aos 18 anos, como professora do
magistério e é graduada em Pedagogia há 5 anos. Para ela, “o conhecimento do aluno da
Educação Infantil acontece principalmente por meio da curiosidade, do manuseio do objeto e
pela experiência”.
Ao analisar o perfil dos educadores por meio da entrevista e dos questionários, notei que a
maioria dos professores é de jovens, com poucos anos de experiência profissional, que muitos
estão no processo de conhecer e se aprofundar sobre as concepções construtivistas, porém
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utilizam práticas construtivistas, mesmo que sua compreensão teórica sobre o método seja
limitada.
Quando o professor começa a fazer parte do corpo docente do Colégio Célestin Freinet, a
coordenação pedagógica lhe recomenda uma leitura cuidadosa do Projeto Político
Pedagógico, e o Regimento Escolar, nos quais se encontram os fundamentos didáticos
pedagógicos, as metas e os objetivos da instituição. Este primeiro contato já mostra a postura
que a coordenação do colégio assume frente à educação, sinalizando qual apoio teórico que
norteia a suposta prática a ser encontrada no Colégio. Este professor chega à escola com a sua
própria bagagem teórica, sua visão de como ensinar e como os alunos devem apreender.
Quando o mesmo se depara com o projeto pedagógico, pode encontrar aspectos que divergem
do seu fazer pedagógico, já que ainda não experimentou trabalhar na perspectiva proposta do
Colégio. Este professor então deve aprender a metodologia do Colégio, para desenvolver um
trabalho interdisciplinar na instituição.
Através destas informações referidas acima, será possível entender melhor a prática dos
professores, os projetos adotados pelo Colégio Célestin Freinet e até mesmo analisar o fazer
pedagógico da instituição, verificando como é trabalhada a cultura do aluno e seus
conhecimentos prévios.
1.2
ENTRE O PROJETO POLÍTICO E AS PRÁTICAS PEDAGOGICAS DO
COLÉGIO CÉLESTIN FREINET
Através do Regimento Escolar e do Projeto Político Pedagógico do Colégio Célestin Freinet
vamos conhecer os fundamentos teóricos e objetivos da instituição, a fim de conhecer a
proposta e de que forma o professor é convidado a trabalhar. A partir da leitura do Projeto
Político Pedagógico o professor pode ter uma referência que deve nortear as ações
pedagógicas dentro desta instituição de ensino.
O regimento apresenta os princípios básicos do Colégio que estão fundamentados numa
educação cristã, porém sem compromisso com igreja, numa orientação sociopolítica de base
democrática, que procura acompanhar a dinâmica do tempo atenta às mudanças sociais
tecnológicas e pedagógicas, educando para a formação do homem integral. Tendo como
objetivo desenvolver no educando desde a Educação Infantil, suas potencialidades naturais, é
17
dado ênfase ao desenvolvimento de atitudes critica e reflexivas, através de atividades e
vivencias que os levem ao autoconhecimento e autodescoberta, auxiliando-os a crescerem
aptos a viver e conviver como cidadãos integrados socialmente e afetivamente, sendo agentes
de transformação para o bem estar comum.
Com intuito de alcançar estes objetivos acima citados, o Colégio tem como proposta
pedagógica, desenvolver atividades que levem os alunos a: autodisciplina, utilizar recursos
pedagógicos que os proporcionem conhecer e superar as limitações, apropriar de dinâmicas
que os estimulem a descobrir a importância do outro, promover atividades que os façam
reconhecer a realidade social da qual fazem parte, incentivar bons hábitos, conceber
liberdades e exigir responsabilidade. De acordo com o Projeto Político Pedagógico do
Colégio Célestin Freinet, o lema da instituição, é Educar para a formação do Homem Integral,
na busca deste homem. A direção propõe, aos professores, alunos e a todos que interagem
com o ambiente escolar, valores como: respeito a si mesmo, ao outro, ao bem comum, a
ordem democrática, solidariedade, autonomia, sensibilidade, habilidade, criatividade e
curiosidade para atuar no mundo.
O Colégio entende que a aprendizagem é construída através da interação do sujeito com o
objeto do conhecimento, e da consequente relação entre o sujeito (aluno) e o facilitador de
aprendizagem (professor) e todas as outras pessoas envolvidas no processo, não descartando
os conhecimentos anteriores, afetivo e emocional. O fundamento didático pedagógico do
Colégio parte das concepções prévias do aluno, propondo também que sejam criadas
condições favoráveis para que o aluno construa seu próprio conhecimento; estabeleça relações
significativas entre elementos de um universo simbólico proposto; exercite as operações
mentais exigidas no estabelecimento das relações; aprenda significativamente e manifeste esta
aprendizagem através das atividades desenvolvidas na escola; como também tenha iniciativa e
autonomia para enfrentar desafios e empreender ações de mudanças e de desenvolvimento
social.
Após a leitura do Projeto Político Pedagógico, percebi que existe uma estreita relação entre o
nome do Colégio e as práticas recomendadas pelo educador Frances Célestin Freinet, muitos
dos princípios mencionados nos parágrafos anteriores, é correspondente aos pensamentos
deste educador construtivista, que visava transformar a educação.
A pedagogia Freinet
(1976) tinha por objetivo, formar um homem mais livre, autônomo e responsável. Um homem
18
com condições de cooperar na transformação da sociedade. O trabalho escolar para Freinet
deve estimular os alunos a aprender na escola da mesma maneira que são estimulados a
aprender fora do ambiente escolar. Para ele a educação deve recorrer ao cooperativismo,
produto do processo de integração, colaboração e cooperação para fazer e refazer, envolvendo
o grupo no trabalho. Ele acredita que para o processo de aprendizagem, o professor deve
proporcionar o contato da criança com as atividades manuais, com a terra e os bichos,
buscando os centros de interesse das às crianças para que elas aprendam a partir de suas
curiosidades.
Todas estas abordagens apresentadas por Freinet podem ser vistas não só no Projeto Político
Pedagógico da escola de uma forma teórica, como também na prática, pois durante o período
de observação foi observado, projetos e práticas docentes que adotam as concepções de
Freinet. Alguns dos projetos elaborados pelo Colégio têm o cunho educativo semelhante a
propostas sugeridas pelo educador, a exemplo da aula-passeio, dos cantinhos pedagógicos e
da troca de correspondência entre escolas.
Com as observações nas salas do sétimo ano e do nível dois, foi possível perceber que o
Colégio também segue as propostas de Freinet, quanto: ao texto livre, utilizado pela
professora de português Telma, do sétimo ano, com o intuito de estimular os alunos a
registrarem por escrito suas ideias, vivências e histórias; a cooperativa escolar que realiza
reuniões periódicas com intuito de manter contato frequente com os pais. A este respeito
Freinet (1977), defendia que a escola deveria ser extensão da família e acreditava que o
conhecimento é fruto do tateamento experimental como atividade que possibilita formular
hipóteses e testar sua validade. Seguindo estas recomendações algumas práticas pedagógicas
do Colégio permitem aos alunos experimentar para chegar a uma conclusão e transformar a
experiência em aprendizagem. Quanto a isso, observei que determinadas ações pedagógicas
do colégio, levam os alunos a manusear o objeto de estudo, através de alguns projetos como:
“Todos contra Dengue” e “Deixando o bairro mais bonito”, além de aulas, como a ministrada
pela professora Rosa, do nível dois, que proporciona os alunos a aprender os conceitos de
números ao manusear o objeto de estudo.
Outra prática observada no referido Colégio, que segue a concepção Frenetiana é a questão da
Auto-avaliação, momento no qual o aluno expressa o que aprendeu, faz criticas sobre as aulas
e se classifica em nível de aprendizagem. O processo de auto-avaliaçao pode ser observado na
19
sala do sétimo ano, na aula ministrada pelo professor de História André, ao fechar a segunda
da unidade do ano letivo. Segundo Freinet (1997), os alunos e os professores devem se avaliar
constantemente.
Ao comparar as ações pedagogias e as informações trazidas no Projeto Político Pedagógico do
Colégio, notamos semelhas com a pedagogia do Educador Célestin Freinet, mas durante as
observações foi possível perceber que também existem pontos divergentes, da postura
Freneitiana. Célestin Freinet acreditava que o aluno devia ser olhado individualmente, para
que o professor pudesse dar uma atenção especial, para isso o ideal seria que o número de
alunos na sala de aula não ultrapassasse vinte. Contrariando a proposta de Freinet, o Colégio
observado, apesar de ter uma sala de cada série, o grupo do sétimo ano era composto por 35
alunos, o que aumentava a demanda do professor, tornando-se mais complicado trabalhar a
partir da realidade e dificuldades especificas de cada aluno.
Não apenas no número de aluno por sala, que o Colégio diverge do educador Freinet. Apesar
de o Colégio trabalhar de acordo com os conhecimentos prévios dos alunos, levando em conta
sua realidade, em alguns momentos da observação na sala do sétimo ano, pude perceber que o
cotidiano é trabalhado até certo ponto, pois os conteúdos acadêmicos precisam ser cumpridos,
existindo uma exigência para isto e um prazo. Ou seja, o professor nem sempre consegue
inserir o conteúdo previsto em uma prática pedagógica que vislumbre a experiência ou o
cotidiano do aluno, ministrando uma aula mais expositiva e presa ao conteúdo didático, que
vai de encontro às recomendações de Freinet (1973), pois o mesmo defende a ideia de que
“ não é necessário sufocar as crianças com matérias para que elas consigam aprender”. Para
ele, o papel da escola e dos professores é de proporcionar situações por meio das quais as
crianças sintam necessidade de agir, ou seja, fazer com que elas se dediquem intensamente à
descoberta de algo desperte seu interesse. Porém, por exigência da aplicação do conteúdo,
nem sempre o Colégio consegue agir de acordo com a proposta do educador.
Pude perceber durante o período da observação, que o colégio adota muitas posturas
apresentadas pelo o Educador Célestin Freinet, porém os professores encontram flexibilidade
para dialogar com outras concepções, não havendo austeridade quanto ao método pedagógico.
É de interesse do Colégio, seguir os fundamentos básicos ao se tratar da aprendizagem a partir
da experimentação, levando em consideração a cultura, a realidade em que vive o aluno, e
principalmente o seu conhecimento prévio, mas além destes aspectos, a instituição assume
20
algumas posturas construtivistas de outros autores, como a de Vygotsky e a aprendizagem
interacionista, e até a exigida pelo sistema de Educação Brasileira, que determina ao Colégio
seguir alguns modelos, como de avaliação, as sequencias de conteúdos e também a preparação
para o vestibular.
Durante este trabalho, me perguntei se é possível nos dias atuais, utilizar apenas uma corrente
teórica para alcançar uma aprendizagem significativa? Nesta pesquisa tentei responder a esta
pergunta, nos capítulos seguintes vamos apresentar como o Colégio Célestin Freinet aborda a
aprendizagem e relaciona a teoria e a prática no seu cotidiano escolar.
21
2.
PROCESSO
DE
APRENDIZAGEM
SEGUNDO
ABORDAGENS
CONSTRUTIVISTAS.
Este capítulo apresenta observações feitas em duas turmas do Colégio Célestin Freinet, à
turma do sétimo ano da educação fundamental e a do nível dois, da educação infantil. As
observações contemplam as maneiras como os alunos destas turmas aprendem, levando em
consideração os métodos pedagógicos utilizados pelo Colégio e pelos professores das turmas.
Serão expostos relatos do coordenador do Colégio, referente aos aspectos que interferem na
aprendizagem, mencionado às sugestões que traz o Projeto Político Pedagógico no que diz
respeito ao ensino-aprendizagem, como também as observações sobre o trabalho feito na sala
de aula, com foco nas práticas pedagógicas construtivistas.
2.1 A APRENDIZAGEM NO COLÉGIO CÉLESTIN FREINET.
A escola contribui para o desenvolvimento na medida em que aprender não é copiar ou
reproduzir a realidade, dado que para a algumas concepções construtivista o aprender ocorre
quando o aluno é capaz de elaborar uma representação pessoal sobre o objeto da realidade ou
conteúdo que se deseja aprender. E para que a assimilação ocorra, é preciso que haja
aproximação entre o conteúdo com o objetivo de apreendê-lo, que não deve ser vazia, mas
rica de experiências, interesses e conhecimentos prévios. Nesse sentido é importante dialogar
com Azenha (1993) para quem,
... nenhum conhecimento se deve somente às percepções, pois estas são
sempre dirigidas e enquadradas por esquemas de ações. O conhecimento
procede, pois, das ações, e toda ação que se repete ou se generaliza por
aplicação a novos objetos gera, por isso mesmo, um ‘esquema’, ou seja, uma
espécie de conceito práxico. A ligação fundamental construtivista de todo o
conhecimento não é, portanto, uma ‘simples associação’ entre objetos, mas a
assimilação dos objetos aos esquemas do indivíduo. (1993, p.42).
Desse modo, determinados aspectos poderão adquirir novos significados e conceitos na
concepção construtivista, se partir da formulação de definições que já possuam. O
conhecimento pode sofrer modificações na forma de interpretação dos conteúdos, fenômenos
ou situações, nesse processo, não só há modificações ao que já possui como também
integração e apropriação de novos sentidos.
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Os aspectos apresentados acima também puderam ser observados no Projeto Político
Pedagógico do Colégio Célestin Freinet, quando menciona que o aluno deve se desenvolver,
na medida em que produz significados adequados em relação aos conteúdos que fazem parte
do currículo escolar. Sendo proposto pelo Colégio, que o professor direcione a prática de
modo que o aluno contribua ativamente com as atividades e demonstre os conhecimentos
prévios. O Projeto Político Pedagógico do colégio sugere ainda, que o professor aja como
guia mediador entre as situações externas, levando em consideração a cultura e realidade do
aluno. Observei então com a leitura do Projeto Político Pedagógico, que o Colégio Célestin
Freinet recorre a métodos usados no construtivismo para direcionar o trabalho do professor.
O Projeto Político Pedagógico do Colégio solicita que o educador perceba os alunos como
seres compostos por saberes acarretado pelas suas experiências de vida, onde não é possível
ignorar seus conhecimentos prévios, ensinando apenas o que é desejado que eles aprendam.
Diante disto, se compreendermos que o processo mental está vinculado e articulado a função e
estrutura cognitiva complexas, recorrentes e ativadas em todas as situações continuas, a ideia
de tratar os alunos como ser manipulável está longe de uma concepção de ensino
construtivista. Para o construtivismo, a aprendizagem de qualquer conteúdo escolar, requer
atribuir um sentido e construir significados a tal conteúdo.
Sobre a maneira como os alunos aprendem observei no Colégio Célestin Freinet, que é de
interesse dos professores que os alunos aprendam, a partir do conhecimento que já possuem a
partir daquilo que já tem um significado, que foi construído através da experiência social de
cada um. Desta forma os alunos baseado nos conhecimentos que já existentes, continuam
aprendendo gradativamente, reconfigurando novos conceitos, contando para isto com o
auxílio do professor. Nessa direção Ferreiro e Teberosky interpretam Piaget e passam a
compreender que o aluno é,
... um sujeito que procura ativamente compreender o mundo em que rodeia e
trata de resolver as interrogações que este mundo provoca. Não é um sujeito
que espera que alguém que tenha conhecimento o transmita a ele por um ato
de benevolência. É um sujeito que aprende basicamente através de suas
próprias ações sobre os objetos do mundo, que constrói suas próprias
categorias ou pensamento ao mesmo tempo em que organiza o mundo.
(1985, p.26)
Assim compreende-se que, segundo apontam Ferreiro e Teberosky, que ao iniciar um
determinado processo de aprendizagem o aluno apresenta uma determina disposição para
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realizar as atividades propostas, que pode fazer surgir das assimilações dos conteúdos
aparente, inexplicáveis, ou imprevisíveis, um ponto de partida para que ele possa inseri-lo na
sua dinâmica cotidiana e conferi-lhes novos valores.
A partir das observações diárias feitas no referido Colégio e das reflexões realizadas a cerca
de como o aluno aprende, compreendi que vários aspectos interferem no processo de
aprendizagem, tais como alguns aspectos pessoais que envolvem o equilíbrio do aluno, a
autoestima, as suas experiências anteriores de aprendizagem, a capacidade de assumir riscos e
esforços, como a capacidade de receber e pedir ajuda. Estas questões interferem em todo o
desenvolvimento da aprendizagem, sendo de total relevância para o bom andamento de todo o
processo. A exemplo disso cito o dia da observação feita no sétimo ano, quando no momento
das rodas de discussões, feitas na aula de Historia ministrada pelo professor André, o mesmo
chamou atenção para o aluno Neto, que sempre se omitia, calava, não debatia o tema e quando
era solicitado na aula demonstrava nervosismo e não conseguia falar. Este problema era
recorrente, o aluno Neto nunca colaborava com a discussão em sala de aula e não exprimia
sua opinião. Neto falava com os colegas e com o professor nos momentos que não se sentia
observado e avaliado, mas nas situações do debate em público, ele se calava.
A postura que notei do professor frente a esta situação apresentada acima, foi que mesmo
sabendo da dificuldade do aluno de se expressar em publico, o manteve presente nas rodas de
discussão e sempre solicitava a sua participação, instigando sua fala através de perguntas que
orientasse sua colocação quanto ao tema. Devido a atenção, a insistência e a forma como o
professor conduziu a situação, fez com que Neto se expressasse aos poucos, no ultimo dia da
observação o aluno já formulava seu pensamento em pequenas frases. Então diante desta
situação percebo que o aluno também aprende através das dificuldades e principalmente a
partir do auxilio do professor e da maneira que conduz a situação. Cabe ao professor perceber
tais questões que interferem e atrapalha a aprendizagem, para que possa ajudar o aluno a
superá-las e assim ter um bom rendimento, não só no que diz respeito ao meio acadêmico
como na vida social.
A maneira como os alunos aprendem no Colégio Célestin Freinet está principalmente ligada
aos conhecimentos prévios do aluno, da bagagem intelectual que trazem antes mesmo de
entrar nas escolas, saberes adquiridos diante da realidade em que vivem e das suas
experiências. Para chegar a esta conclusão, obsevei o Projeto Político Pedagógico da escola e
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a turma do sétimo ano. A situação que chamou atenção e que confirma o que citei, foi durante
a aula de português com a professora Telma, onde o conteúdo a ser estudado eram as rimas.
Foi solicitado pela professora que os alunos trouxessem para apresentar na sala de aula,
poemas ou veros, de maneira que viessem na forma que os alunos os conheciam, ou seja, em
forma de música, texto, recital. O material trazido pelos alunos retratou a realidade do bairro
onde moram, a experiência individual de cada aluno, seus gostos e a familiaridade ou não com
poemas. Muitos trouxeram músicas de pagode para mostrar as rimas, outras músicas de rap,
pouquíssimos trouxeram rimas encontradas em poemas na forma de texto, esta é a realidade
vivida e experimentada por eles. Com está atividade ficou claro a interferência que o meio
provoca na formação do aluno, no nível de seu conhecimento. Dando sequência ao trabalho
da professora, a mesma pediu para que todos expusessem o material trazido, mostrando onde
existia rima, falou sobre elas, estudaram primeiro cada material e só então a professora
mostrou para os alunos outros tipos de rimas encontrados em músicas e poemas brasileiros,
trazendo autores renomados e dando a oportunidade do aluno expandir seus conhecimentos
adquirindo um novo saber, uma nova aprendizagem.
Quanto à aprendizagem de um novo conteúdo, podemos dizer que este é o produto de uma
atividade mental construída pelo aluno, já que advêm de um conhecimento antes adquirido. É
nessa atividade que se constrói e incorpora à estrutura mental, os significados e
representações relativas ao novo conteúdo. Podemos observar com o exemplo da aula citada a
cima, que a tarefa construtivista não pode partir do nada, pois a possibilidade de construir um
novo significado, de assimilar um novo conteúdo, passa pela experiência de entrar em contato
com o conhecimento prévio.
Segundo Coll (1996),
quando um aluno enfrenta um novo conteúdo a ser aprendido, sempre faz
armado com uma serie de conceitos, concepções, representações e
conhecimentos adquiridos no decorrer de suas experiências anteriores, que
utiliza como instrumento de leitura e interpretação e que determina em boa
parte as informações que selecionará como organizará e que tipo de relação
estabelecera entre elas. (1996, p.61)
Entretanto de acordo com que o aluno já sabe, pode fazer uma primeira leitura do novo
conteúdo, atribuindo um novo significado e sentido iniciando dessa forma o processo de sua
aprendizagem (re) alimentando e (re) processando informações continuamente. Os conteúdos
são assimilados após a construção individual do mesmo. O ponto mais importante do processo
25
educacional é o aluno, sendo ele um ser ativo que aprende a aprender e para auxiliar nesta
competência encontra a mediação do professor.
Durante a observação feita no Colégio Célestin Freinet, constatei que além da atenção aos
conhecimentos prévios, o aluno precisa em qualquer situação de aprendizagem de
determinadas capacidades, instrumentos, estratégias e habilidades para completar o processo
da aquisição do saber. É necessário contar além de tudo, com sua capacidade cognitiva,
raciocínio, memória, algumas aptidões motoras, equilíbrio pessoal e com relação interpessoal,
como já foi citado anteriormente.
Entendendo que aprender é construir conhecimentos, identificando como funciona essa
construção e a importância dos conteúdos vinculados a ação de entender conceitos, o Colégio
Célestin Freinet, busca organizar atividades didáticas, desenvolvendo diversos conteúdos, que
atendam todas as fases do saber. O plano de aula, ou até mesmo os projetos são pensados de
forma que se trabalhe toda a dimensão da aprendizagem, ou seja, a prática do professor é
pensada de forma que o aluno passe por todas as etapas, como a procedimental, que consiste
principalmente no momento da observação, a etapa a conceitual, onde desenvolve o
significado do objeto e a atitudinal, que é a forma como o aluno internaliza o conteúdo, como
trabalha ou aguça a sua curiosidade. Então percebi que o plano de aula no Colégio é pensado
em todas as suas fases, para que o aluno aproveite cada uma delas, a fim de que aprenda e
internalize o conhecimento.
Ao vivenciar o processo da construção do plano de curso, observei que esta é uma atividade
complexa, que além do professor, demanda o envolvimento de toda a comunidade escolar.
Para a sua construção o professor participa da jornada pedagógica, na qual os coordenadores
do Colégio explicam o modo de trabalhar; após essa socialização do método de trabalho então
o professor começa a planejar as atividades do ano letivo, incluindo já a elaboração de
projetos. O plano de curso é pensado antes do início das aulas, para que durante o primeiro
mês de do ano letivo já se tenha planejado os recursos e as interferências que serão
necessárias para a construção e assimilação dos conteúdos novos, daí por diante o plano de
aula é feito semanalmente. Toda a quinta feira, o professor entrega o plano de aula da próxima
semana ao seu coordenador que analisa toda a didática da aula, dá suas opiniões ou acrescenta
ideias para que então o plano seja executado.
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Na prática cotidiana de ensino-aprendizagem, a utilização de métodos pedagógicos que levam
os alunos a construírem o conhecimento, é bastante frequente no Colégio Célestin Freinet.
Esse processo de ensino aprendizagem eu observei ao acompanhar uma aula de matemática
para alunos de cinco anos do nível II, na qual entraram em contacto com o conceito de
número através de jogos onde eles interagiram,fazendo interferências até que obtivessem o
resultado, ponto culminante da aprendizagem, ou melhor, da reflexão sobre o conteúdo ali
disposto. Na aula que observei o conteúdo trabalhado era o “Sucessor dos números”, a
professora Rosa, confeccionou com os alunos um jogo de boliche, onde eles faziam os
números de 1 até o 20 e colavam nas garrafas pets. Após a construção do jogo, as peças do
boliche foram arrumadas aleatoriamente, um pouco distante uma da outra, para que o aluno,
após o sorteio de um número, derrubasse o pino correspondente ao sucessor do numero
sorteado.
Notei no decorrer da atividade, que o aluno se mantinha entretido com a atividade,
participando do jogo, interagindo com os colegas na tentativa de ajudar a descobrir o sucessor
do número pedido. Desta maneira o aluno chega ao conhecimento através da prática,
envolvendo-se com o conteúdo, gerando desta forma a vontade de aprender, construindo o
saber passo a passo. Segundo Piaget (1973) “Conhecer não consiste em copiar o real, mas em
agir sobre ele e transformá-lo.” Com base nesse pensamento podemos verificar que o Colégio
Célestin Freinet, busca que o aluno experimente através da prática, formas e esquemas que
culminem na aquisição do conhecimento, oferecendo oportunidades para que eles aprendam e
se desenvolvam através do raciocínio e o manuseio do objeto do seu saber.
Aliada a preocupação em subsidiar o aluno na aquisição dos conhecimentos necessários a sua
etapa de desenvolvimento o Colégio Célestin Freinet se preocupa com os aspectos afetivos, e
emocionais por considerar que o aluno apresenta dificuldade de aprendizagem quando estes
aspectos não vão bem, influenciando na sua autoestima, no modo como se relaciona com os
outros e até mesmo com o conhecimento; por isto o colégio trabalha com o acompanhamento
psicopedagogico, focando principalmente na motivação dos alunos. Estas informações foram
dadas pelo coordenador e psicopedagogo do Colégio que explica como funciona este
acompanhamento com os alunos do Colégio Célestin Freinet. Segundo ele, o trabalho feito
com o psicopedagogo, procura verificar as fragilidades do aluno, no que interfere na
aprendizagem, pois ao diagnosticar o problema, pode-se pensar na melhor maneira para
trabalhar com o mesmo, afim de que se obtenha uma melhor relação com conhecimento. O
27
coordenador explica ainda, que o aluno é encaminhado pelo professor do Colégio, que alerta
sobre determinadas atitudes e comportamentos dos alunos que são dignos de um
acompanhamento ou ajuda. Fora desta situação o aluno do Colégio Célestin Freinet, também
pode procurar a ajuda por espontânea vontade, para isto existe o atendimento ao aluno todas
as quintas-feiras, durante os dois turnos de funcionamento do colégio.
No Projeto Político Pedagógico do colégio é recomendado que o psicopedagogo ao
diagnosticar ou verificasse as dificuldades do aluno, principalmente no que diz respeito à
aprendizagem, siga com atividades e com procedimentos que venham a ajudar o aluno a
superar os problemas, sendo este um trabalho continuo, mesmo após ser verificado um avanço
ou melhora, cabendo a este profissional também promover o diálogo com a família para
explicar o que ocorre com o aluno, para que a família esteja ciente das necessidades do aluno
e para que entendam como o colégio faz todo o acompanhamento. O projeto sugere que, caso
o problema do aluno necessite de um acompanhamento de outra ordem, seja então solicitado
aos pais que deem ao aluno o tratamento devido, encaminhando para o profissional mais
apropriado para o caso.
Este trabalho feito pelo Colégio Célestin Freinet é discutido por muitos autores que discutem
sobre a interferência da afetividade no processo da aprendizagem, um deles é a autora Isabel
Solé (2001), que ressalta no seu livro, a importância de reconhecer os aspectos afetivos para a
motivação e interesse pela construção do conhecimento, pois para ela, o autoconhecimento e a
autoestima, ligados ao processo educativo, possuem a função de mediadora na aprendizagem.
Depois da conversa com o coordenador e o psicopedagogo do Colégio Célestin Freinet e ao
refletir a citação de Solé, compreendi que além da atenção ao processo de ensinoaprendizagem em si, é necessário atenção aos aspectos que interferem nesta aprendizagem,
pois a construção do conhecimento depende de muitas esferas existentes na sua realidade,
como o as questões psíquicas do aluno, sua motivação e autoestima. Estas questões interferem
diretamente no processo de aprendizado do aluno, pois quando bem trabalhado é um ponto
aliado para a aquisição do saber, de modo que o aluno é mais confiante para buscar o
conhecimento. No Colégio Célestin Freinet, segundo o coordenador e psicopedagogo Mario,
existem atitudes educacionais no colégio e acompanhamentos psicopedagogicos que lidam
com a motivação e com as relações psíquicas dos alunos que buscam entende-los e ajuda-los
para que os mesmos estejam aptos a participar de forma significativa do processo de ensino-
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aprendizagem. Por não ter tido a oportunidade de presenciar o trabalho feito pelo
psicopedagogo, às informações dadas a cima foram originadas das observações feitas através
do Projeto Político Pedagógico e de uma conversa com o coordenador e psicopedagogo do
Colégio Célestin Freinet.
Como já foi citado anteriormente, a prática mais utilizada para que o aluno aprenda e
internalize o conteúdo no Colégio Célestin Freinet, está baseada numa postura atenta as
experiências vividas pelos alunos e os saberes prévios. Observei na sala do sétimo ano, que as
aulas começam sempre de modo a considerar aquilo que o aluno já sabe, dando valor aos seus
conhecimentos para então aprofundá-los e até mesmo iniciar um novo conteúdo. Como
exemplo desta postura, podemos citar a aula de historia, ministrada pelo professor André que
tinha como tema o Feudalismo. O professor começou a aula, interrogando os alunos e
considerando os esquemas de conhecimento que os alunos já tinham em relação com o
conteúdo a ser trabalhado. O professor propôs desafios aos alunos à medida que os
questionava e fazia com que elaborassem a reposta para aquilo que estava sendo perguntado.
Depois do debate os alunos produziram um texto escrito sobre o que tinham aprendido
durante toda a discussão. Desta forma observei que não foi ignorado o que o aluno já sabia,
mas ele aprendeu a partir das interferências do professor, sobre assuntos que ainda não sabiam
ou que não dominavam o bastante. O aluno aprende então nessa situação incrementando ainda
mais a sua compreensão, sendo também autônomo, podendo atuar durante o processo de
aprendizagem, estabelecendo também uma relação com o professor.
Quando analisei o modo como os alunos aprendem na sala do sétimo ano, compreendi que o
ensino no construtivismo deve ser incluído como um auxílio ao processo de ensinoaprendizagem, indispensável para que o aluno possa compreender a realidade e atuar nela.
Verifiquei que o aluno aprende construindo seu próprio conhecimento e que recebe do
professor a direção e instruções para a aprendizagem.
Neste exemplo citado acima podemos verificar na prática a visão construtivista de Vygotsky
(1989) sobre a forma como os alunos aprendem, ao dizer que todo processo de aprendizagem
é ensino-aprendizagem, incluindo a relação daquele que aprende e aquele que ensina,
explicando a relação entre desenvolvimento e aprendizagem através da zona de
desenvolvimento proximal, que é segundo Vygotsky, um “espaço dinâmico” entre os
problemas que o aluno pode resolver sozinho e os que dependem da ajuda do professor para
29
que o ele consiga dominar o conteúdo, ou seja, é o espaço entre o conhecimento que o aluno
já possui e o que ele vai adquirir com a ajuda do outro.
Sobre a Zona de desenvolvimento proximal, Vygotsky explica:
Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma
determinar através da solução independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas
sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais
capazes. (VYGOTSKY, 1998, p. 112).
Através das práticas pedagógicas mencionadas, observei que no Colégio Célestin Freinet,
tanto na sala do sétimo ano, quanto na sala do nível dois, os alunos aprendem através de
pesquisas de grupo e da experimentação, onde os professores elaboram atividades que instiga
e estimula ainda mais o raciocínio e senso critico dos alunos. Percebi que a maneira que o
plano de aula é trabalhado, possibilita que o aluno aprenda a investigar e a pesquisar, desta
forma é possível que o mesmo procure e construa o conhecimento.
Os instrumentos utilizados na sala de aula do nível dois para proporcionar o momento de
aprendizagem, geralmente são jogos que envolvem a participação de todos onde o aluno pode
aprender brincando e as músicas, onde são trabalhados a interpretação de texto e o
vocabulário. O uso da música na sala do nível dois faz parte da rotina diária, elas são
selecionadas com objetivo de introduzir um conhecimento novo, socializar, enriquecer o
vocabulário. No momento da rodinha de musica, os alunos aprendem palavras novas e
interagem interpretando o que estão ouvindo através dos gestos e desenhos. Já no sétimo ano
outra postura observada que leva os alunos a aprender, são os vídeos ou filmes, que
proporcionam aos alunos de maneira lúdica, um momento de conhecer um assunto novo, de
somar seus conhecimentos com a experiência ou com a realidade mostrada nos filmes.
Observei uma aula onde os alunos do sétimo ano assistiram a um filme sobre a guerra de
Canudos e depois com intermédio do professor André, debateram as questões trazidas pelo
filme. Diante do teor do debate constatei que o filme possibilitou que os alunos
compreendessem melhor o fato histórico. Este método utilizado pelo professor conseguiu
prender a atenção dos alunos e os deixar envolvidos de forma que as informações passadas
através do filme foram transformadas em conhecimento, intensificado ainda mais pelo
momento do debate, onde foram esclarecidas as dúvidas e pontuado os fatos mais importantes
da guerra de Canudos mostrado no filme.
30
Os professores tanto do sétimo ano, como do nível dois, começam suas aulas ouvindo os
alunos, após este momento prossegue a aula baseando-se inicialmente pelo que foi dito. Desta
forma é possível traçar o caminho para a aprendizagem efetiva. Observei que diante desta
prática, o aluno constrói o seu conhecimento a partir da interação entre o aluno e o aluno, o
aluno e o professor e o aluno e o ambiente meio em que vive.
Estas práticas pedagógicas trazem o pensamento de alguns autores construtivistas, como
Wallon, o próprio educador que dar nome ao colégio, Célestin Freinet, Paulo Freire e
Vygotsky, todos eles acreditam que o aluno aprende em todo lugar, a todo o momento, dentro
ou fora da escola, inclusive em situações informais, enfatizando principalmente a interação do
aluno com o meio.
Vygotsky (1998), acredita que a interação que o indivíduo estabelece com o meio, promove o
aprendizado, capaz de movimentar o processo de desenvolvimento do sujeito. Para ele os
processos de aprendizagem unidos ao processo de desenvolvimento compõem o aluno,
através das relações diretas e indiretas mantidas por ele no meio em que vivem.
Ao decorrer de toda a observação percebi que o meio sociocultural e familiar do aluno, é
levado em conta para o andamento da aula e o seu planejamento, sendo o primeiro passo a ser
considerado para se iniciar uma nova aprendizagem. Os projetos e a forma como o Colégio
Célestin Freinet trabalha, estão vinculados a realidade do aluno do subúrbio ferroviário de
Salvador, precisamente do bairro de Periperi, as ações são planejadas após verificar o que esta
entorno do mesmo, partindo do que possivelmente o aluno conhece, para então assim mostrarlhes outros horizontes.
Vygotsky (1994), ao enfatizar o valor das interações sociais, apresenta a ideia da “mediação”
e da “internalização” como aspectos essenciais para a aprendizagem, acreditando que a
construção do conhecimento acontece através do processo de interação entre as pessoas. Deste
modo, é a partir de sua introdução na cultura que o aluno, por meio da interação social, se
desenvolve.
Conhecendo as práticas culturais já estabelecidas, o aluno desenvolve-se da maneira
elementar do pensamento para formas mais abstratas, que a auxiliarão a conhecer e controlar a
realidade. Nesta perspectiva, Vygotsky enfatiza o valor do outro não só para a construção do
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conhecimento, mas até para a formação do próprio sujeito. Segundo ele, o processo de
assimilação abrange uma série de transformações que colocam em relação o social e o
individual. Conclui-se então que o papel do outro para a aprendizagem é de extrema
importância. Tendo a mediação e a qualidade das interações sociais em destaque.
Smolka e Góes (1995) trazem à ideia de mediação como uma relação sujeito-sujeito-objeto,
ao dizer que “é através de outros que o sujeito estabelece relações com objetos de conhecimento, ou
seja, que a elaboração cognitiva se funda na relação com o outro” (p. 9).
Mais uma vez é apresentada a ideia de que o aluno aprende principalmente a partir das
relações que estabelecem com as pessoas, com meio sociocultural em que vive, diante das
trocas com o outro e com o objeto. De modo que o outro é um sujeito necessário para mediar
o contato com o mundo e os objetos geradores do conhecimento. Desta forma, criam-se
esquemas, aprendem através da experiência trazida pela vivencia, observações e leitura de
mundo. No Colégio Célestin Freinet, verifiquei que os projetos pedagógicos e os trabalhos
feitos nas salas de aula do sétimo ano e do nível dois, proporciona que o aluno aprenda com o
contato com o objeto de estudo, seja visitando lugares para conhecer na prática o conteúdo
trabalhado em sala de aula, ou manuseando objetos que levam a descoberta do saber. No
Colégio os alunos tem a oportunidade de vivenciar a aprendizagem, seja assistindo um filme,
uma peça de teatro, escutando uma musica e principalmente através da troca de saberes e
experiências entre os próprios alunos, entre os alunos e a comunidade e entre o aluno e o
professor, sendo este o sujeito responsável por conduzir o aluno ao encontro com o saber,
oferecendo a ele ferramentas, objetos e meios de construir o conhecimento.
A prática pedagógica principal e que norteia os trabalhos desenvolvidos pelo Colégio Célestin
Freinet, é o dialogo baseado no interacionismo. A exemplo disto podemos citar outro método
utilizado para que o aluno aprenda as rodas de conversa. As rodas de conversa antecedem os
momentos expositivos das aulas de redação, ministrada pela professora Jene, e pôde ser
observado na turma do sétimo ano. Nestas rodas de conversa geralmente são discutidos temas
aleatórios, não necessariamente ligados ao conteúdo a ser trabalhado, é um momento onde
cada um pode emitir sua opinião exprimindo na fala a sua realidade e experiência. Depois da
roda de conversa a professora explicou sobre o texto narrativo e pediu que cada um fizesse
uma redação com base nos assuntos discutidos. Esta prática utilizada pela professora Jene,
tem o intuído de desenvolver no aluno alguns comportamentos, como de prestar atenção no
32
que os colegas dizem no momento de falar e também a importância de refletir ou pensar antes
de expor a opinião, contribuindo também nos momentos da elaboração dos textos, por ser
uma prática que faz o aluno a refletir, ser crítico e que gera conhecimentos, onde o aluno
aprende através da troca e do dialogo.
Esta prática das rodas de conversa era utilizada pelo teórico e educador construtivista Célestin
Freinet. Para ele uma das primeiras manifestações intelectuais está em conseguir retirar de
uma conversa o que é importante ser ouvido e saber o que é relevante ser dito.
Segundo o educador:
Ajudar a criança, manter nela o desejo e a necessidade do trabalho, deixar
que seja ela a interrogar e a pedir conselhos, e arranjemos as coisas de
maneira que lhe faça o bem (...) e, triunfante, possa admirar o resultado do
próprio esforço.(FREINET, 1995, p. 80).
Célestin Freinet acreditava na expressão livre do aluno, onde o mesmo pode exprimir suas
ideias e suas conclusões sobre temas. Ele é contra os manuais escolares que muitas vezes não
tem haver com a realidade da criança e limita a prática pedagógica. Para ele o aluno aprende a
partir das experiências e das descobertas. O educador acredita que o conhecimento vem
através dos questionamentos, das perguntas e da curiosidade do aluno. Sendo o professor o
responsável por aguçar esta curiosidade, instigando a vontade do aluno de aprender, mas só
deve intervir no processo de aprendizagem quando for solicitado.
O aprender para o Colégio Célestin Freinet está principalmente relacionado com o
experimentar, o aprender fazendo. Por isto as práticas pedagógicas utilizadas pelo colégio
priorizam momentos de contato com o objeto. Peças de teatro, musicais documentários, são
alguns dos recursos utilizados pelo colégio para que o aluno aprenda e internalize o
conhecimento. O Projeto Político Pedagógico do Colégio sugere que o professor trabalhe de
forma lúdica e de modo que oportunize o aluno a construir seu conhecimento. Em uma
conversa com o coordenador Mario sobre como é colocado em prática o que diz o Projeto
Político Pedagógico, o mesmo relatou que os alunos constroem roteiros para peças teatrais e
documentários para apresentar a turma ou para todo o colégio. Estes trabalhos são feitos a
partir da solicitação do professor, que ao final de um conteúdo pede para que o aluno
apresente o que foi ensinado. Segundo o coordenador, esta é mais uma maneira do aluno
aprender, pois exige que o aja sobre o conteúdo, interagindo com o mesmo, possibilitando
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uma aproximação maior entre o aluno e o conteúdo estudado. Desta forma o aluno precisa
pesquisar mais sobre o que foi ensinado, buscar o conhecimento e interagir com ele, para
então poder externar o que foi aprendido. Durante este processo o aluno pode adquirir mais
saberes, além do que foi exposto pelo professor, e se ver pesquisador, observador, construindo
sua aprendizagem e elaborando a forma de apresentar o que foi aprendido.
Considerando as observações feitas a cerca de como os alunos do sétimo ano e do nível dois
aprendem, e diante dos estudos teórico sobre o tema compreendi que é importante para o
processo de aprendizagem que os alunos participem de aulas significativas, trabalhe
juntamente os conhecimentos prévios e os conteúdos novos, tenha equilíbrio nas questões
emocionais, estabeleçam relações com o outro e com o meio, a fim de somar e dividir o
conhecimento, sejam pesquisadores e questionadores e que aprendam a partir e diante de uma
experiência.
O professor tem um papel importante na aprendizagem do aluno, levando-o a aprender
quando possibilita que todos participem das atividades, quando analisa as necessidades dos
alunos modificando ou reajustando seu plano de aula, quando busca entender o que aluno já
conhece e utiliza este conhecimento para agregar mais saberes, quando permite que o aluno
construa seu conhecimento, seja autônomo. O professor é o “outro” que encaminha o aluno
para a construção do conhecimento, sendo responsável por criar situações de aprendizagens
onde o aluno descobre o saber. Então, termino este capitulo com um pensamento de Piaget
citado por Palangana, que abrange tudo que foi dito a cima.
Para Piaget a aprendizagem tem mais chance de ser efetivada quando
pautada sobre as necessidades da criança. Primeiro, porque o interesse parte
da própria criança, revelando que o seu nível de organização mental está
apto a realizar tal aquisição, já que a necessidade traz implícitas as formas ou
estruturas cognitivas das quais a criança dispõe. Segundo, porque a
aprendizagem passa a ser o meio através do qual a necessidade pode ser
satisfeita, a aprendizagem passa a ser necessária. (Palangana, 1994, p.73).
34
3.
A TEORIA E PRÁTICA CONSTRUTIVISTA NA DOCÊNCIA DOS
PROFESSORES DA TURMA DO SÉTIMO ANO DO COLÉGIO CÉLESTIN
FREINET.
Este capítulo apresenta algumas observações feitas no Colégio Célestin Freinet, durante o
estágio feito na instituição, tendo como objetivo problematizar a maneira como o Colégio
aborda o ensino, ou melhor, a educação, para tanto vamos apresentar o plano político
pedagógicos, os projetos específicos do Colégio e o trabalho dos professores da turma do
sétimo ano, no qual foi observado principalmente de que maneira é posta em prática a teoria
construtivista.
3.1 PROJETOS PEDAGÓGICOS ADOTADOS PELO COLÉGIO CÉLESTIN
FREINET
Não é por acaso que o Colégio Célestin Freinet, situado no subúrbio ferroviário de Salvador,
adotou o nome do educador francês Célestin Freinet. A prática pedagógica adotada pelo
Colégio é influenciada por posturas e concepção teórica do educador, que orientam projetos
como: a “Aula passeio”, “Correspondência entre escolas”, e “Cantos pedagógicos”. Estes
projetos são inspirados nas propostas de Célestin Freinet, onde é evidenciada a aprendizagem
gerada a partir de descobertas e experiências.
O projeto “Aula passeio”, foi iniciado no referido Colégio Célestin Freinet desde 1989, um
ano depois da sua fundação. Este projeto possibilita que os alunos possam vivenciar a
aprendizagem na prática, realizando descobertas a partir das observações, experimentando ao
tatear e ao desbravar o ambiente da “aula passeio”. No momento desta aula, o aluno pode se
expressar livremente e também exercer o espírito de cooperação. As ações pedagógicas que
constituem este projeto ocorrem pelo menos duas vezes ao ano, e à medida que surge a
oportunidade e a necessidade de recorrer à realidade, ou ao experimento as “aulas passeio”
podem ser requisitadas, ou executadas.
A aula passeio observada teve como destino a Limpurb, empresa de limpeza urbana. Esta aula
foi feita com os alunos do sétimo ano, pois o conteúdo trabalhado no momento com os
mesmos trazia como temática o Lixo e a Reciclagem, tornando a ida a Limpurb um destino
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obrigatório da aula-passeio. Para se deslocar até o destino da aula, os alunos, acompanhado
pelo professor de ciências José e o coordenador Mario, locaram um ônibus que fez o
translado, saindo do colégio as trezes hora, retornando às dezesseis e trinta.
Na visita os alunos conheceram na prática o que foi estudado em sala de aula, vivenciando o
processo da coleta do lixo, desde a chegada, o armazenamento, a separação do material
reciclável, reciclagem das garrafas “pets” e o produto originado após todo o processo de
reciclagem. No momento das explicações pôde-se observar que os alunos mantinham-se
interessados por tudo que foi dito e mostrado, ao participar do processo os alunos puderam
experimentar e questionar todo procedimento. Os alunos ouviram atentamente tudo que lhes
era explicado, prestando atenção em tudo a sua volta, podendo manusear algumas das
máquinas, separar a garrafa pet dos demais lixos, conversar com os garis responsáveis pela
coleta, conhecendo seu trabalho de forma direta e participativa.
Percebi ao acompanhar as atividades planejadas na aula passeio que a experiência de poder
verificar na prática o que foi apresentado em sala pelo professor José, permitiu que os alunos
aprofundassem seus conhecimentos, tirando suas duvidas. Compreendi então, que está prática
pode despertar no aluno um maior interesse sobre o assunto, aguçando a curiosidade e a
vontade de aprender. Este pode ser o caminho para levar o aluno a ser pesquisador, autônomo
e critico. O projeto possibilita que o aluno aprenda de uma forma mais fácil e prazerosa, onde
a aprendizagem ocorre a partir das observações e da realidade ali vivida.
Após a volta da aula-passeio, foi requisitado aos alunos que demonstrassem o que haviam
aprendido no decorrer de todo o processo, ou seja, durante as aulas expositivas e a aulapasseio. Neste momento os alunos foram divididos em grupos e ficaram livres para criar sua
forma de apresentação. Para expor o que aprenderam, os alunos utilizaram de cartazes,
maquetes explicativas e textos livres e apresentaram para toda a turma e para o professor.
Depois que cada um expos seus conhecimentos a cerca do tema trabalhado e das experiências
vividas, o projeto foi finalizado.
As atividades pedagógicas dessa natureza estão embasadas nas reflexões de Freinet (1998)
para quem, os alunos têm um interesse maior para o que acontece fora do colégio do que
dentro. Com base nessa orientação pedagógica, os professores, a direção e a coordenação do
Colégio Célestin Freinet, resolveram incluir no projeto pedagógico as “aulas-passeio”, tendo
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como um dos objetivos, buscar motivações extraescolares no processo de ensinoaprendizagem, possibilitando que o aluno interaja com o meio, aprendendo de forma lúdica,
vivenciando o conteúdo. Todo o planejamento da “aula- passeio” é feito levando em conta a
realidade e a necessidade dos alunos.
Nas observações feitas com a turma do sétimo ano, foi possível acompanhar outro projeto,
“Correspondência entre escolas”, que consiste na troca de cartas, presentes, fotos, desenhos e
o que mais for desejado, entre os alunos do Colégio Célestin Freinet e alunos de outras
escolas, tanto de Salvador como de outras cidades da Bahia e de outros Estados. A escola
escolhida para participar deste projeto é feita anualmente e engloba todas as series. O projeto
“Correspondência entre escolas” tem o intuito de trabalhar diversas questões como, a
interação entre sujeitos de uma realidade diferente, onde um acrescenta o saber do outro,
conhecendo novas culturais e hábitos, havendo sempre a troca de experiências. Nessa
perspectiva, o projeto trabalha estimulando os alunos para a construção de texto, ortografia,
tipos de texto como a carta, fotos, desenhos, poemas, podendo englobar diversos conteúdos a
serem trabalhados da matéria, Língua Portuguesa e outras, como Historia, Geografia,
Literatura, deixando o professor a vontade para desenvolver o trabalho conforme as
possibilidades de trocas de informação a cerca de um assunto estudado. Podemos citar o
exemplo da Literatura, onde os alunos conhecem sobre poetas, escritores de outra região,
através das cartas, havendo uma troca de informações, onde o aluno abrange seus
conhecimentos, aprendendo ainda mais sobre a cultura do outro.
Com a turma do sétimo ano, foi observado este projeto no momento da aula de Historia,
ministrada pelo professor André. O professor pediu aos alunos, que escrevessem sobre sua
cidade, estimulando-os a falar sobre os principais costumes, guerras, revoltas, fatos que
marcaram uma época, e temas atuais que caracterizam a realidade da cidade que residem. Os
alunos escreveram a carta de acordo com o que foi solicitado pelo professor, mas antes de
enviá-las, as cartas foram trabalhadas ainda com a professora de português, Telma,
responsável por discutir sobre a construção do texto e sua ortografia. Estas cartas foram
trocadas com os alunos do sétimo ano de um Colégio particular situado na cidade de Jacobina,
interior da Bahia. Ao observar toda a dinâmica do processo para a execução do projeto, foi
verificado o empenho dos alunos para descrever os costumes da sua cidade, recorrendo a fotos
e fatos que caracterizassem melhor a realidade descrita. A empolgação e ansiedade para
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receber a resposta das cartas foram notórias, promovendo até uma discussão entre os alunos,
que conversavam sobre o que sabiam a respeito de Jacobina, cidade de destino das cartas.
Para abrir este projeto a primeira carta foi de apresentação, onde os alunos falaram quem são,
onde moram, o nome do colégio que estudam o que gostam de fazer, enfim, um texto livre,
onde expressaram o que tiveram vontade, enviando também suas fotos, para que o destinatário
pudesse conhecê-los ainda melhor. A partir de então os conteúdos das cartas são orientados
pelos professores, que geralmente associam ao conteúdo estudado em classe, mas sempre
deixando o aluno livre para se expressar, ou inserir alguma informação ou pergunta que
deseje.
A professora de português é responsável pela correção e orientação dos textos, e os demais
por orientar os temas e as perguntas que devem existir na carta, trabalhando o conteúdo em
cima das respostas das cartas, montando um esquema, onde o aluno pode visualizar tudo que
foi dito a respeito do assunto, assimilando assim conteúdo. Assim foi observado na turma do
sétimo ano, quando a carta após dez dias retornou. O professor de Historia Andre, pediu para
que os alunos lessem a carta e falassem às informações que havia sobre a cidade de Jacobina,
no mesmo momento foi escrevendo no quadro e cada aluno complementou as informações,
criando desta forma um panorama sobre a cidade. Ao fim ficaram expostos no quadro todos
os elementos trazidos sobre Jacobina, e o professor buscou a partir dos apontamentos
encaminhar sua aula, trazendo novas informações, articulando com o conteúdo e promovendo
discussões quanto à realidade das duas cidades, apontando as diferenças de cada uma.
O que foi observado com esta atividade foi o entrosamento do aluno com o conteúdo, ao se
mostrar seguro e se posicionar nas discussões. O aluno pôde construir seu conhecimento
através da troca, do diálogo e o professor teve o papel de facilitar o entendimento e a
compressão a cerca do tema estudado, complementando o saber dos alunos ao expor dados
importantes que não foram citados, levando-os a refletir e explorar o conteúdo.
É importante mencionar que a troca das cartas acontece entre os alunos da mesma série,
formando duplas entre um aluno do Colégio Célestin Freinet e outro aluno do Colégio
participante; para construir um vinculo permanente de comunicação o remetente e o
destinatário deve permanecer sempre o mesmo. Essa troca de correspondência dura o ano
todo, à medida que se vai recebendo as cartas, elas são respondidas, quando chega ao final do
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ano, os alunos do Colégio Célestin Freinet, fazem um agradecimento pelo contacto que
durante todo ano possibilitou outras aprendizagens e se despede enviando uma carta de Natal
e se desejarem uma lembrança da cidade.
Ainda é mantido o modelo da correspondência através das cartas, porque o corpo docente
entende que através desta forma de comunicação, o aluno pode trabalhar com os estilos de
texto, ser acompanhado pelo professor que trabalha com ortografia, bem como resgatar o
costume do envio de cartas, que incentiva uma boa escrita. É possível com este método
trabalhar a forma de se dirigir a alguém e também ensinar como se redige uma carta, habito
que vem sendo esquecido pelas facilidades que a tecnologia nos oferece ao que se refere à
comunicação. Para coordenação do Colégio, não poderia trabalhar de forma mais aprofundada
e abrangente, se ao invés de usar a carta, utilizasse os métodos atuais, como o email, facebook
e outras redes de relações sociais.
A conclusão que a minha observação trouxe sobre a troca de correspondências entre as
escolas, é que esta é uma fermenta utilizada pelo professor para que o aluno aprenda e
ratifique o que já sabe, uma vez que ao escrever as cartas com informações dadas por eles, os
alunos estão colocando no papel os seus conhecimentos já adquiridos, sendo uma forma de
reforçar o conhecimento, e ao receber a carta, podem aprender com o conhecimento do outro,
complementando a aprendizagem concebida na sala de aula. A correspondência interescolar
proporciona principalmente a troca cultural entre os alunos, os mesmos podem conhecer na
carta diferentes formas de se expressar, característica da região do destinatário, assim como,
conhecer através dos relatos os costumes e hábitos da região, como brincadeiras, preferências
músicas, comidas, enfim, o projeto leva o aluno a conhecer mais sobre a realidade e a cultura
do outro.
Outro projeto permanente adotado pelo Colégio Célestin Freinet, com base nas sugestões do
educador francês Freinet, são os “Cantinhos Pedagógicos”. Por todo o colégio, existem cantos
que dispõem de materiais ou objetos, que possibilitem ou gerem o conhecimento como, o
“Cantinho da Leitura”, que deixa a disposição dos alunos, livros, revistas, historias infantis,
revista em quadrinho e jornais. No cantinho da leitura, o aluno pode manusear, o jornal, a
revista, ler um livro, no momento do intervalo, ou quando é orientado pelo professor. Este
canto oferece o espaço para o aluno se atualizar, provocando o saber de forma espontânea e
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prazerosa, pois não é uma atividade obrigatória, e sim, feita pela própria escolha e vontade do
aluno.
O professor auxilia neste projeto, incentivando o aluno a ler, falando sobre algo interessante
que está no cantinho da leitura, ou disponibilizando material. O Colégio atualiza as revistas e
jornais, assim como o acervo, procurando saber o conteúdo que os alunos estão estudando
para dispor material sobre o tema. Mas este é um projeto que deixa o aluno livre, para ler o
que quiser e se quiser. Foi observado na turma do sétimo ano que a professora de português,
Telma, traz sempre novidades relacionadas ao conteúdo da aula, como livros, poemas,
revistas e os dispõe no cantinho da leitura. Como atividade complementar ela sugere a leitura
aos alunos, incentivando a ida dos alunos ao cantinho para que ampliem ainda mais seus
conhecimentos.
Observei que os alunos do colégio, não só do sétimo ano, tem uma relação estreita com o
cantinho da leitura, pois no momento do intervalo, é comum ver os alunos sentados nos
bancos, lendo jornal, revistas, se distraindo com alguma leitura.
Segundo Célestin Freinet (1973), não é necessário que os alunos se restrinjam apenas as
matérias para que consigam aprender. Ele acredita que a escola e o professor devem
proporcionar situações nas quais os alunos sintam necessidade de agir, fazendo com que se
dediquem profundamente à descoberta de algo que desperta seu interesse. Para o referido
autor, o exercício da educação tem o dever de respeitar o conhecimento originado pela
experiência de vida do aluno. Para Freinet (1966), “a função educativa não está de modo
algum confinada às paredes da escola”.
As teorias de Célestin Freinet norteiam as ações pedagógicas de todo o Colégio. Para isto é
levado em consideração às necessidades, restrições e a realidade encontrada num colégio
situado no subúrbio ferroviário. Não é possível utilizar de forma idêntica, os métodos
pedagógicos desenvolvidos por Freinet durante o ano de 1920 com seus alunos franceses, até
por que se os procedimentos utilizados pelo Colégio fossem iguais aos realizados na França, a
instituição de ensino do subúrbio ferroviário de Salvador, não estaria seguindo a rigor a teoria
Freinetiana, já que ela recomenda que a prática pedagógica seja baseada nas experiências
individuais e no meio social que vive o aluno.
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O Colégio Célestin Freinet trabalha ainda com outros projetos pedagógicos que foca
principalmente a relação do aluno com a sua comunidade, como o projeto “Todos contra a
Dengue” e “Deixando o Bairro mais Bonito”. O bairro que o colégio está situado é um local
sem uma boa infraestrutura, principalmente ao se tratar da rede de esgoto e saneamento
básico, seus moradores são pessoas em sua maioria que vivem com um salário mínimo e
muitos não tiveram acesso à educação de qualidade, conforme vimos com mais detalhes no
primeiro capítulo. Então pensando em toda a realidade que envolve o bairro e as pessoas que
residem nele, o Colégio elaborou estes dois projetos com o objetivo de estabelecer uma
relação maior entre o aluno e o meio em que vive, fazendo-os interagir de forma construtiva
na a solução dos problemas do bairro, oportunizando no fazer o advento da aprendizagem.
O projeto Todos contra a Dengue surgiu da necessidade de alertar a população do bairro,
sobre o perigo e os cuidados que se devem ter com a dengue, a fim de evitar a proliferação do
mosquito na comunidade e diminuir os indicies de dengue no local. O bairro, não tem um
bom serviço de esgotamento sanitário, possui muitos terrenos abandonados e a coleta de lixo
também é precária, provocando e gerando ambientes favoráveis para o surgimento do
mosquito da dengue. Diante da situação que o bairro se encontra surgiu a proposta de levar os
alunos às ruas em passeata, distribuindo panfletos e portando cartazes, onde os alunos
conversam com os moradores e alertam sobre os riscos que traz o mosquito dengue para a
saúde pública. A preocupação com a comunidade levou os alunos do Colégio Célestin Freinet
as ruas, a fim de combater os focos da dengue, instruindo os moradores sobre a forma de
prevenir o surgimento do mosquito. Para isto os alunos produzem os cartazes e panfletos
contendo alertas sobre o problema, convidam a população para participar de palestras no
Colégio e saem em passeata pelas ruas, revirando entulhos para evitar água parada, na
tentativa de diminuir os focos da dengue pelo bairro.
Durante a observação com os alunos do sétimo ano, no dia do preparo dos materiais para a
passeata, pôde-se perceber que os alunos pesquisavam na internet e nos livros, dados e
informações importantes sobre o mosquito e a doença transmitida por ele, levantando os
problemas do bairro e buscando observar quais eram as possibilidades de resolvê-los. Com
este projeto, deu para perceber, que os alunos são levados a uma maior conscientização sobre
o problema da dengue e todas as questões envolvidas nesta situação. O projeto mostra a
importância da participação efetiva de todos para o combate da dengue, delegando
responsabilidade a cada um, na luta contra doença, fazendo com que o aluno perceba a
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necessidade de se trabalhar em equipe e o sentido da cooperação, os levando a entender a
importância de ser um cidadão participante, formando também um ser crítico. O professor de
ciências José neste momento apenas tirou as duvidas dos alunos, deu sugestões e orientou nas
pesquisas, deixando que os alunos produzissem seus conhecimentos a partir do que já havia
sido explicado na aula e diante do material que estava sendo pesquisado.
O projeto “Todos contra a dengue” acontece uma vez ao ano, apesar de acompanhar o sétimo
ano, o projeto é realizado pelos alunos do segundo ao nono ano. O projeto teve inicio em
abril, primeiramente com um trabalho de conscientização com os alunos, onde os professores
falaram sobre o tema, os levando a participar de palestras, levantando os problemas
encontrados no bairro, fazendo um estudo na aérea para saber o motivo do surgimento do
mosquito, enfim trazendo para a escola o debate sobre a dengue e suas consequências, assim
como os motivos que trazem o surgimento do mosquito e a forma de prevenção. Os alunos
também apresentam trabalhos sobre o assunto, como observei na sala do sétimo ano, onde os
mesmos produziram cartazes e panfletos explicativos sobre o mosquito da dengue, trazendo
informações sobre como prevenir e o perigo da doença, utilizando este material para distribuir
e desfilar na comunidade no dia da passeata. A passeata aconteceu no final de maio, quando
os alunos já estavam preparados para falar sobre o assunto com a população e quando já
haviam aprendido como agir ao encontrar um foco do mosquito. Durante a passeata os alunos,
saíram desfilando com os cartazes, acabando com os focos de dengue, como garrafas pets
vazias, virando potes e vasos que encontravam pelas ruas e também conversavam sobre o
problema com moradores do bairro e distribuído panfletos.
Observei durante e ao final do projeto, que os alunos sentiram-se úteis à sociedade,
enxergando que podem contribuir para melhorar o local em que vivem, sentindo-se
importantes e valorizados pela comunidade. A conclusão tirada no dia desta observação foi
que o aluno a partir da ação de ajudar a comunidade a se esclarecer sobre o problema da
dengue, exerceu seu papel de cidadão ativo, colaborando para o bem estar do bairro. Com a
participação no projeto Todos contra a Dengue, o aluno tem a possibilidade de interagir com o
conteúdo e principalmente com a sua realidade, podendo agir diante dela. O processo de
aprendizagem a partir deste projeto aconteceu diante das trocas que o aluno estabeleceu com o
meio que está inserido, com os colegas, o professor e toda a comunidade.
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Outro projeto que contribui para a interação do aluno com o meio é o projeto, “Deixando o
bairro mais Bonito”. Neste projeto os alunos plantam árvores no bairro, como objetivo tornar
o lugar mais agradável, revitalizar a vegetação já existente, limpando o terreno, regando as
árvores, flores e catando os entulhos que ficam ao redor das plantas, contribuindo para a
organização e preservação dos terrenos da comunidade. Este projeto é executado nas
proximidades do Colégio, onde os alunos são os responsáveis por plantar e cuidar das plantas.
Sobre a orientação ainda do professor de ciências, José os alunos fazem todos os processos
para o plantio e a manutenção de sua planta. É reservado trinta minutos da aula de ciências,
uma vez na semana, para que cada aluno cuide da sua planta e ajude na manutenção das
plantas já existentes. A cada ano que passa, o processo se repete, as plantas já existentes são
cuidadas pela nova turma, que também faz uma nova plantação e é responsável por ela. Este
projeto foi criado a partir de uma conversa entre o professor José e a coordenação do colégio,
que sentia necessidade de ensinar os alunos sobre as plantas, os vegetais, o seu processo de
respiração, entre outros enfoques sobre o tema, utilizando a prática, dando a oportunidade ao
aluno de aprender fazendo e a partir das suas observações.
Pelo que pude perceber este é um projeto de ciências que leva o aluno a aprender todo o
processo a partir de sua própria experiência ao plantar e cuidar da planta, observando como
acontece cada estágio. Desta forma o aluno tem a oportunidade de aprender com o objeto,
através do contato, do fazer e de suas observações. O professor José, participa mediando todo
o processo ao explicar sobre o crescimento, os cuidados, a fotossínteses e varias outras
abordagens como inclusive a cidadania, desmatamento e preservação da natureza.
Foi então que notei, durante o acompanhamento dos projetos, posturas construtivistas, pois
todos eles levaram os alunos a obter o conhecimento principalmente através da experiência e
da observação feita ao longo de toda a prática pedagógica. Os projetos além de possibilitar a
interação entre o aluno, o professor e a comunidade, o faz aprender através da troca e do
dialogo, o despertando para novos interesses. Com estes projetos, o processo de aprendizagem
dependeu mais do aluno do que do professor, pois a forma como os projetos foram planejados
exigiu que os alunos construíssem seus conhecimentos, tendo no professor um suporte para
encontrar os caminhos do saber, ao instigar o aluno o ser pesquisador, curioso e autônomo.
Quanto ao professor, a postura observada foi de mediador, assumindo a posição de articulador
entre o aluno e o conhecimento, dando ao aluno as ferramentas para a aquisição do saber, mas
o deixando livre para manuseá-las e construir o seu próprio esquema mental, seus
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pensamentos e criticas. Sobre a colaboração do professor para aprendizagem do aluno, os
autores construtivistas, Coll e Solé ressaltam:
... o aluno, graças à ajuda que recebe do professor, pode mostrar-se
progressivamente competente e autônomo na resolução de tarefas, na
utilização de conceitos, na prática de determinadas atitudes e em
numerosas questões. É uma ajuda porque é o aluno que realiza a
construção; mas imprescindível, porque essa ajuda, que varia em
qualidade e quantidade, que é continuada e transitória... (COLL e
SOLÉ, 1998, p.22/23).
O acompanhamento contínuo dos professores do sétimo ano, do Colégio Célestin Freinet, na
elaboração dos projetos, durante o processo para a execução dos trabalhos, nas explicações e
discussões a cerca de um tema, ao aguçar a curiosidade dos alunos, como também ao permitir
que chegassem as próprias conclusões sobre algo estudado, deram aos seus discentes a chance
de se desenvolverem intelectualmente e despertar o interesse pela aprendizagem. Os
professores a partir de suas práticas pedagógicas levaram os alunos a aproveitar os métodos
dispostos, para que então construíssem de forma autônoma o seu conhecimento.
A conclusão desta observação permite afirmar que o professor foi, ou melhor, é a ponte entre
o aluno e o saber, levando o aluno a construir o conhecimento a partir da sua prática
pedagógica, podemos notar isto ao analisar que professor planejou os projetos, determinou as
tarefas ou ações dos alunos, dando instrumentos, ferramentas e embasamento teórico, suporte
necessário para que os mesmos pudessem a partir da prática, do experimento, dos seus
conhecimentos prévios, chegassem por conta própria a aquisição do saber.
3.2 AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS APLICADAS NA SALA DE AULA.
As ideias construtivistas para aprendizagem devem ser utilizadas de acordo com a
necessidade encontrada em determinada situação, o professor deve empregá-las após a
reflexão sobre a prática pedagógica, pois não há uma receita ou um manual a ser seguido.
A observação feita no Colégio Célestin Freinet, com a turma do sétimo ano, possibilitou
perceber que mesmo utilizando recursos ou ideias construtivistas os professores da turma
ainda utilizam os métodos antigos, fazendo uso das aulas expositivas. Foi verificado então
que não existe apenas uma prática ou um método único de ensino e sim, uma mescla que
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proporciona ao professor escolher sua prática como lhe for mais apropriado para o momento,
ou para o conteúdo a ser trabalhado.
No primeiro dia de observação feita na turma do sétimo ano, houve na aula procedimentos
construtivistas, pois o professor de História André, deu oportunidade dos alunos falarem sobre
temas atuais, como as guerras ocorridas no Oriente Médio, colhendo, assim, informações
prévias de cada aluno, construindo um diálogo, incentivando o aluno a prestar mais
informações e dados que poderiam contribuir para aprofundar os conhecimentos a cerca do
tema. Adotando um procedimento metodológico que amplia o diálogo, o professor não só
ouviu os alunos, como os levou descobrir mais sobre o assunto estendendo o conhecimento
dos mesmos, presumisse que sua prática também aguçou a curiosidade e a vontade de
aprender dos mesmos.
De acordo com Sanny Rosa (1997):
Quando os teóricos do construtivismo constataram que o aluno é sujeito de
sua própria aprendizagem", o que equivale a dizer que ele atua de modo
inteligente em busca de compreensão do mundo que o rodeia,
automaticamente estão dando uma grande "dica" aos educadores, e lançando
também um grande desafio. É como se dissessem: "sejam o centro do
processo de ensino, criem junto com os alunos os seus próprios caminhos,
descubram alternativas pedagógicas em sala de aula. (ROSA, 1997, p. 4041)
Rosa ressalta então que o aluno aprende principalmente a partir de suas próprias descobertas e
experiências, cabendo ao professor mediar à aprendizagem de forma que auxiliem o aluno a
buscar o conhecimento, criando para isto maneiras e estratégia, a partir de uma prática
pedagógica, que possibilite o aluno procurar e encontrar o saber.
Porém, voltando às observações registradas na sala de aula do sétimo ano, foi notado que os
professores desta turma se preocupam com a prática pedagógica, com o planejamento do
plano de aula, buscando que o mesmo seja construindo de forma a oportunizar o
envolvimento dos alunos com o conteúdo a ser trabalho. Isto foi analisado ao assistir as aulas
e ao verificar que as ações, discussões e tarefas eram previamente planejadas e pensadas para
cada momento, mesmo que no desenvolvimento das atividades não ocorressem como o
esperado, o professor tinha a segurança para retomar ao foco devido ao apoio encontrado na
programação antecipadamente estudada. Com a observação pode-se perceber que em sua
maioria as aulas eram planejadas de forma que o aluno interagisse com o assunto proposto
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partindo principalmente das experiências do aluno para a construção de um determinado
conhecimento. Durante o período de observação foi constado que a prática pedagógica do
colégio prioriza a interação do aluno com o objeto, desta maneira podemos dizer que o
professor do Colégio Célestin Freinet sai do lugar de detentor do saber, para buscar a
aprendizagem no experimento, na realidade, ao manusear o objeto de estudo, ao observa-lo e
vivencia-lo. A respeito do processo de organização do conhecimento numa perspectiva
construtivista, Maria da Gloria Seber considera que,
Durante a evolução da aprendizagem, a criança reelabora do seu modo o que
é transmitido e extrai de suas experiências aquilo que seu nível de
entendimento possibilita. Mas, a evolução das suas conquistas, é de fato no
ato de criação. (SEBER, 1996. p.31)
Segundo Seber, o aluno aprende realmente no ato da experimentação, no momento da criação,
no fazer pedagógico, levando em consideração a sua realidade e sua experiência de vida.
Mesmo quando lhe é transmitido alguma informação o aluno, busca na sua experiência um
significado para tal conteúdo, para ai então internalizar, ou assimilar, o conhecimento.
Sobre as questões interacionistas uma prática pedagógica chamou atenção, no decorrer das
observações feitas no sétimo ano. Numa aula de Geografia, o professor da matéria Rogério,
ministrou sua aula a partir das pesquisas, discussões e debates promovidos pelos alunos a
cerca de determinado tema. Cada assunto a ser trabalhado pelo professor antes passou por
uma triagem feita pelos alunos, ou seja, o professor deu o tema da aula seguinte e pediu para
que os alunos produzissem um texto escrito, para que no dia seguinte fossem lidos e
discutidos em sala de aula. Os temas escolhidos para a elaboração dos textos seguiam o
cronograma do livro adotado pelo Colégio e o plano de aula do professor. O professor pediu
para que os alunos lessem seus textos, promovendo a discussão sobre o tema, puxando os
pontos mais relevantes para dinamizar e dar sequencia ao debate, intervindo quando
necessário para acrescentar alguma informação ou tirar duvidas. Esta dinâmica aconteceu no
primeiro horário da sua aula, ao encerrar esta etapa, o professor retomou o tema esclarecendo
algumas questões e acrescentando algumas informações relevantes, trazendo um vídeo e
indicando outros tipos de textos, como figuras e entrevistas, para complementar e ainda
intensificar a aprendizagem.
O assunto que foi debatido no dia da observação era a “Globalização”. Os alunos escreveram
principalmente a respeito de situações vivenciadas, ou analisadas anteriormente, trazendo
relatos vistos na televisão e no cotidiano. No momento do debate, os temas relacionados à
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globalização foram surgindo e os alunos exprimiram sua opinião. Foi observado que devido a
está prática cotidiana, o professor Rogério conseguiu intensificar na sala o respeito em relação
ao que o outro fala. Pela expressão dos alunos e seus posicionamentos eles agregaram o
conhecimento, somando os seus saberes já adquiridos com o que estava sendo dito, pelas suas
declarações muita coisa também foi desconstruída, sendo aberto o espaço para o novo, para
uma nova maneira de pensar.
A aula se tornou participativa os alunos do sétimo ano teve o espaço para também ensinar,
contribuindo com aprendizagem dos demais inclusive com a do professor Rogério, que por h
pode descobrir novas visões sobre o tema. Esta troca de informações e ideias fez de todos,
sujeitos participativos em prol do conhecimento. Os alunos por sua vez, conseguiram diante
desta prática pedagógica elaborar um esquema mental, organizando as informações,
transformando em saber, construindo o conhecimento a partir da troca e das descobertas feitas
através do debate. O professor Rogério fez a mediação entre o saber e os alunos, orientando o
processo e incitando ainda mais o debate, enriquecendo a discussão, a fim de aprofundar
ainda mais o tema estudado. Ele auxiliou em todo o processo, trazendo informações novas e
elaborando questões provocativas, com o objetivo de que o aluno construísse e procurasse o
conhecimento, interferiando quando buscava avanços que não ocorriam espontaneamente.
Podemos relacionar esta prática pedagógica com a visão construtivista, ao perceber que a sala
de aula se transformou em um processo interativo, onde todos tiveram a possibilidade de
falar, levantar hipóteses, onde o aluno passou a se perceber parte de um processo dinâmico de
construção a procura do saber. O professor se coloca como articulador dos conhecimentos,
mas todos se tornam parceiros de uma grande construção. Desta forma o professor consegue
fazer com que os alunos entendam inclusive que o conhecimento está em todos, que o pensar
coletivamente traz muitas possibilidades e respostas para o assunto em pauta. Deste modo o
professor conseguiu por em prática na sala de aula elementos encontrados na teoria
construtivista.
Sobre o processo de ensino-aprendizagem e a prática do professor, Silva (1999) diz:
Na sala de aula há necessidade de uma construção recíproca dos atores do
processo: o aluno agiria em favor da construção e reelaboração do
conhecimento e o professor estabeleceria com sua atitude um caminhar a
dois (SILVA, 1999, p. 99).
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Para ajudar o aluno, o professor deve criar situações que facilitem a aprendizagem. O que
deve acontecer em sala de aula é realmente uma troca entre o aluno e professor, ambos
colaborando para aprendizagem do outro construindo juntos o saber.
Ao decorrer do trabalho de observação chamou atenção à forma que os professores, em sua
maioria, lidam com o erro. Na sala observada, a correção a cerca do assunto estudado passou
a ser mais um momento de aprendizagem, não havendo uma censura. O fato que chamou
atenção para esta questão foi no momento da correção de uma atividade de matemática, na
turma do sétimo ano, cujo assunto era Expressão Algébrica. O professor da matéria, Antonio,
pediu para que os alunos fossem ao quadro resolver uma expressão, quando chamou o aluno
João para ir à frente. No momento que João deu a resposta da expressão algébrica, o professor
notando que a resposta não estava correta, pediu para que João voltasse à frente, fazendo com
ele etapa por etapa da expressão, pois tinha notado que João não sabia os passos para se
resolver a questão, então junto com ele e com a ajuda dos outros alunos de uma maneira
natural, a expressão foi sendo solucionada. Durante o processo de resolução do problema de
álgebra observei que o professor havia notado a dificuldade do aluno desde o inicio, mas o
deixou concluir seu raciocínio, para só então intervir e junto com o educando procurou
responder a questão formulada. João pode neste momento tirar as duvidas com o professor e
todo o processo foi encarado como uma situação comum por toda a turma.
No momento da experiência citada acima percebi, que o erro não é encarado como algo
negativo, digno de censura, mas sim respeitado e analisado como forma de chegar ao acerto,
sendo utilizado também como um método de aprendizagem. Esta questão é um ponto
discutido no construtivismo, pois se acredita que o erro é uma maneira de perceber em que
estágio do desenvolvimento o aluno se encontra, sendo uma maneira para o professor nortearse e planejar a aula de acordo com as necessidades do aluno.
O teórico construtivista Piaget não deu atenção ao erro escolar, mas alguns autores
construtivistas consideram estupidez o erro ser visto como algo negativo sem ao menos
pensar em como ele pode ser a ponte para o conhecimento. Segundo La Taille (1997) os erros
efetuados pelos alunos podem se transformar em dicas importantes sobre as capacidades de
assimilação, condenar e desprezar o erro pode significar um desrespeito à inteligência infantil,
rebaixando a autoestima da criança, podendo contribuir para que ela abandone seus esforços
espontâneos de reflexão. Nessa perspectiva o mesmo autor ainda considera que,
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Um erro pode ser mais profícuo que um êxito precoce (...). Vale dizer que
um erro pode levar o sujeito a modificar seus esquemas, enriquecendo-os.
Em uma palavra, o erro pode ser fonte de tomada de consciência e, como tal,
pode tornar-se valioso aliado da pedagogia. (LA TAILLE, 1997, p.36)
O erro é o caminho para o acerto já que através dele pode-se conceber formas para se obter o
êxito. O experimento e as tentativas para chegar às repostas corretas, oferecem para o
individuo a chance de conhecer ainda mais sobre um processo, oportunizando a descoberta
inclusive de outros assuntos, que podem estar relacionados, mas pertence a outro saber. Então
pelo erro se constrói um conhecimento muito mais do que o esperado, é a chance para uma
aprendizagem obtida através de muitas descobertas, tornando-se uma aprendizagem ainda
mais completa e duradoura.
Ao fim das observações sobre práticas pedagógicas utilizadas pelos professores, do sétimo
ano, do Colégio Célestin Freinet, nota-se que em relação às atitudes tomadas no
encadeamento dos trabalhos com os conteúdos em sala de aula, os mesmos não seguem um
modelo prévio ou uma única teoria pedagógica, pois as ações pedagógicas são flexíveis por
levar em conta a realidade e experiência do aluno.
Diante de toda a observação, chego à conclusão que mesmo que os professores não sigam a
risca uma corrente teórica, por considerar que o ensino deve se adequar as necessidades e o
meio que o aluno está inserido, ele deve e pode reunir, ao longo de suas experiências e a partir
de trocas com outros educadores uma serie de possibilidades de intervenção, sendo possível
adotar posturas que conduza uma aula construtivista. Estas posturas são: criar situações para
envolver o aluno, onde exponha tudo que sabe; considerar hipóteses formuladas pelo aluno
para explicar fatos observados; partir do conhecimento prévio do aluno para trabalhar algum
tema; fornecer espaço para o desenvolvimento da curiosidade, da capacidade de observação;
fornecer a integração do aluno com eventos culturais; elaborar atividades que o aluno possa
ouvir diferentes pontos de vistas, recriar as práticas pedagógicas a partir do êxito do aluno nas
tarefas desafiadoras; possibilitar a interação com o meio em que vive; promover momentos
que o aluno descubra o conhecimento através de sua experiência. Ao utilizar estes métodos
pedagógicos para ministrar uma aula, estaríamos pondo em prática às posturas sugeridas pela
teoria construtivista.
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O autor Macedo (1992) traz na citação abaixo uma ideia que sustenta as práticas pedagógicas
observadas neste trabalho. Como então não considerar que conceitos sejam reconfigurados,
revistos e a partir daí concordar que uma aula,
... não construtivista pede silencio e a contemplação dos ouvintes, para que o
conferencista possa extasiá-la com os seus conhecimentos e sua sabedoria.
Pede a limpeza e o florido de uma sala de jantar, preparada para receber
amigo querido. Uma aula construtivista pede o ruído e a manipulação, nem
sempre jeitosa, daqueles que, diante de uma pergunta, não estão satisfeitos
com o nível de suas respostas. Pede a sujeira e o experimento de uma
cozinha. (MACEDO, 1992, p.25/26).
Ao observar a docência dos cinco professores do sétimo ano, do Colégio Célestin Freinet,
chego à conclusão que é fundamental ter cautela quando se vai estabelecer um caráter de
relação entre a teoria e a prática, pois que no decorrer de determinadas situações de ensino
tanto as teorias, como, determinados referenciais, servem como marco de auxílio para o
desenvolvimento das atividades, podendo contar com elementos presentes, ao mesmo tempo
em que estão sujeitos a todo um conjunto de decisões que não são de responsabilidade apenas
do professor, mas sim toda a comunidade escolar.
O professor deve ajustar a sua prática num pensamento estratégico que dirija e regule a
situação que tem em mãos para assim ajustá-las aos seus objetivos. Para tal fim ele necessitara
de teorias, as quais serão usadas para interpretar, analisar, intervir e avaliar sob a realidade.
Vale a pena considerar que a prática do professor se manifesta em uma grande diversidade de
funções: elaborar o currículo, escolher o conteúdo, diagnosticar como os alunos estão
aprendendo, criar estratégias de ensino-aprendizagem, organizar espaços e atividades
estabelecendo normas junto às turmas, saber avaliar, regular as relações. Tais diversidades
pressupõem uma infinidade de saberem pertinentes e específicos, que englobam mais do que
uma teoria ou método, já que precisa ainda ser ajustado de acordo com a realidade que vive o
aluno. Sobre estas questões, Ferreiro (1989) nos deixa uma reflexão:
Nenhuma prática pedagógica é neutra. Todas são apoiadas em certo modo de
conceber o processo de aprendizagem. São provavelmente essas práticas,
mais do que métodos em si que tem efeitos mais duráveis, a longo prazo (...).
Conforme se caracterize a ambos, certas práticas aparecerão como normais
ou berrantes. (FERREIRO, 1989, p.31).
De acordo com o Projeto Político Pedagógico do Colégio Célestin Freinet, e diante da postura
dos professores, é visto que o Colégio não adota somente uma postura construtivista. Existem
como já foi mencionando práticas construtivistas inseridas no processo de aprendizagem, mas
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estas não são as únicas, pois é entendido pela instituição que as práticas devem ser pensadas
indispensavelmente de acordo com a realidade e necessidade dos alunos. Por vezes é
necessário utilizar de outros métodos, outras práticas no fazer pedagógico, para obter o
desejado em determinados momentos, de forma que a aprendizagem se torne significativa
para o aluno. Então, embora o Colégio recorra ao construtivismo como método principal, ele
não é puramente construtivista. Para os professores da turma do sétimo ano, a teoria
construtivista serve de referencia para a contextualização e operacionalização das metas e
finalidades priorizadas, sendo um modo de refletir sobre a prática, sobre como se deve ensinar
para que o aluno aprenda, mas não é a única teoria adotada por eles.
As observações dos planos de aula e dos projetos possibilitou perceber que os professores
utilizam como base para a aprendizagem os aspectos que envolvem o meio que o aluno vive,
utilizando recursos que tornem as aulas significativas, que busquem a realidade e as
necessidades do aluno. Diante disso foi observado que a prática mais recorrida pelos
professores esta baseada no dialogo, indispensável para a teoria construtivista, empregado
como forma de diagnosticar os conhecimentos prévios dos alunos, suas duvidas e
inquietações, seu modo de articular o pensamento, deixando-os livres para se expressarem,
sendo um meio de incentivar o cidadão crítico e autônomo. O dialogo entre o professor e o
aluno, é principalmente uma forma de perceber como orientar o mesmo, refletindo sobre a
teoria e a prática mais adequada para conduzir o processo de ensino- aprendizagem.
Consequentemente a prática do dialogo levou a outro fazer pedagógico, ponto chave da
concepção construtivista, muito discutido por Vygotsk, o interacionismo. As aulas-passeio
observadas, como os outros projetos que envolveram a comunidade onde o Colégio Célestin
Freinet está localizado, assim como as discussões e ações pedagógicas ocorridas em sala de
aula, proporcionaram ao aluno a interação com o meio em que vive. Desta forma os
conhecimentos foram construídos através das trocas recíprocas entre o aluno, o professor e o
meio, sendo que cada um influiu sobre o outro.
Para comentar a prática interacionista
observada no Colégio, cito as palavras de Rego (1995): “nesse processo, o indivíduo ao mesmo
tempo em que internaliza as formas culturais, as transforma e intervém em seu meio. É, portanto na
relação dialética com o mundo que o sujeito se constitui e se liberta” (REGO, 1995, p. 94).
Os processos de aprendizagem observado no Colégio foram principalmente desencadeados
pelas relações de troca, que professor proporcionou entre o aluno e o meio. Foi observado que
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as aulas que mais proporcionaram uma aprendizagem significativa, foram aquelas que
possibilitaram uma interação dialética entre ambos, onde o aluno se apropriou do
conhecimento, sendo ele ainda mais sólido por ser fruto de uma experiência que permitiu o
contato com a realidade. Isto foi constado no decorrer das discussões após os alunos
vivenciarem a experiência de uma aula prática, pois os discursos antes desta acontecer, eram
baseados no senso comum, em alguma leitura, nos conhecimentos prévios, depois da
oportunidade de perceber o assunto de forma real o discurso trouxe conhecimento muito mais
aprofundado, mais rico, demonstrando domínio e propriedade ao tratar do assunto, tornando o
discurso mais explicativo e muito mais critico.
Desta maneira, percebo que o objetivo do professor ao querer que o aluno aprenda, internalize
o conhecimento, adquira o saber, venha a ser um cidadão pensante, atuante perante a
sociedade, pode ser alcançada quando é dado para este aluno à oportunidade de relacionar os
conteúdos acadêmicos com a realidade encontrada no mundo em que vive, começando
primeiramente com os aspectos encontrados na vida de cada aluno, dando significado aquilo
que está, ou vai ser aprendido.
Ao fim da observação sobre a Teoria e a prática docente, do professor do sétimo ano, do
Colégio Célestin Freinet, percebo que a teoria e a prática sempre caminham juntas, por mais
que o professor não saiba qual corrente teórica está utilizando para determinada prática, a
mesma está sendo guiada por uma teoria, pois toda prática para ser executada necessita partir
de uma reflexão, de uma ideia, de um pensamento. Os professores do sétimo ano, do Colégio
Célestin Freinet, demonstraram nas suas práticas que procuram um embasamento teórico ao
planejar a aula, recorrendo muitas vezes ao Projeto Político Pedagógico do colégio, que
propõe principalmente as concepções construtivistas trazidas pelo educador Frances Célestin
Freinet.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao falar em mudanças na educação brasileira, principalmente ao que diz respeito às ações
escolares, não é possível desprezar a perspectiva construtivista, que pressupõe articular o
pensar e o fazer pedagógico é tarefa árdua e depende muito do desempenho do educador.
No entanto, é necessário que o professor antes de decidir qual será a bússola norteadora do
seu fazer pedagógico, pesquise, busque informações, analise a realidade da comunidade em
que está inserida a escola, para que sua prática seja realmente promotora de desenvolvimento
das estruturas mentais, sociais e afetivas do aluno.
Por fornecer outro paradigma epistemológico, a concepção construtivista subverte papeis,
atitudes e mudanças na forma de pensar dos professores comprometidos com a educação.
Porem, assumir essa postura diante do ensino não se resume apenas em modificações
didáticas metodológicas, tal atitude implica em revê-se como pessoa e como profissional.
Levando em consideração a prática desenvolvida pelos professores do sétimo ano do ensino
fundamental e da professora do nível dois da educação infantil do Colégio Freinet, a partir da
leitura e analise dos dados obtidos no período da observação, as entrevistas e os questionários,
considero que os professores apropriaram de alguns aspectos da concepção construtivista,
utilizando como método de aprendizagem. Porém percebi que o referido conhecimento foi
construído em atividades profissionais desenvolvidas no Colégio, principalmente nas reuniões
pedagógicas, nas quais os professores se aproximam a proposta pedagógica, que incentiva o
construtivismo nas práticas e métodos de ensino. Muitos dos professores não estudaram com
profundidade na faculdade o Construtivismo, conhecendo o básico desta concepção, porém a
partir dos diálogos estabelecidos nos seminários, formação continuada, nas próprias reuniões,
foram se aproximando da metodologia de ensino adotada pelo Colégio, passando a
compreender o construtivismo como alternativa para ao fazer pedagógico.
Observei que os professores ao se apropriarem de aspectos construtivistas passaram a
encaram a aprendizagem dos alunos um processo de construção, considerando que o aluno
aprende por etapas, onde cada uma precisa ser vencida para passar para outra, até gerar por
fim, um saber consistente.
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Percebi nas observações feitas na sala do sétimo ano, que colocar em prática aspectos da
teoria construtivista, implica em desconstruir um ensino dito tradicional, ao qual a maioria
dos professores foi submetido quando alunos. Notei que está não é uma tarefa fácil, pois as
práticas tradicionais fazem parte da história dos professores, mesmo considerando que o
construtivismo pode ser nas práticas pedagógicas, os professores não deixam de intercalar no
fazer construtivista os aspectos do ensino tradicional.
Ao analisar as repostas dos professores registradas no questionário, quando perguntei como o
ensino tradicional pode ajudar os alunos a aprender, observei que os professores ainda
utilizam algumas posturas e ações pedagógicas tradicionais, embora tenha sido constatado que
empregam também práticas que podem ser consideradas construtivistas.
Neste sentido percebo a necessidade de fazer uma análise dos conceitos e métodos adotados
na prática pedagógica, para que seja evitada uma dissociação entre a forma de pensar e de agir
dentro de uma nova proposta de ensino.
Para ser um professor com posturas construtivistas ele precisa primeiro mudar as atitudes, sair
da postura do detentor do saber e transmissor de informações e passar a proporcionar
descobertas, para isto é necessário fazer uma revisão de si mesmo, a fim de descobrir a
melhor forma de atuar como educador.
Durante minha observação notei que os professores estão descobrindo e se apropriando do
construtivismo, muitas vezes recorrem a práticas ainda com resquícios tradicionais. Então
percebo que o construtivismo é algo novo e que os professores estão buscando se ajustar, até
mesmo por acreditar no potencial da prática construtivista para processo de aprendizagem.
Observei que o Colégio Célestin Freinet ainda não conseguiu romper totalmente com as
práticas do ensino tradicional, porém acredita numa prática educativa construtiva e dar espaço
e incentiva seus professores a utiliza-las. Percebi que este é um trabalho continuo do Colégio,
fazer os professores entender o que é o construtivismo. Esta questão me fez refletir, que
apesar do Colégio ter vinte e quatro anos de existência, ter no seu Projeto Político Pedagógico
aspectos que recorrem a uma pedagogia construtivista, ele depende do professor para executar
as práticas, o que torna complicado se intitular como um colégio construtivista, pois muitos
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dos professores chegam à escola sem conhecer o construtivismo, trazendo sua maneira própria
de ensinar, levando um tempo para entender a forma como o Colégio concebe a educação.
Com esta pesquisa e a partir da observação feita no Colégio Célestin Freinet compreendi que
é necessário realizar uma nova visão na postura e na forma de pensar e fazer educação. Notei
que este é o objetivo do Colégio, provocar novas aprendizagens, novas construções de
conhecimentos, envolvendo ativamente o aluno e todo o grupo, em uma aventura de
descobertas, de indagações e aplicações.
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