SEU NEGÓCIO nº94 JUL2005 7 Informática fideliza clientes Fotos: Divulgação O empresário interessado na permanência do seu negócio e na fidelização de seus clientes deve mergulhar de cabeça na informatização da sua loja. Os programas auxiliam no controle de estoques, nas vendas e no atendimento ao cliente, informando com agilidade preço, desconto, alternativas de compra, etc. Apesar de a informática ser algo comum hoje em dia, ainda existem empresas de pequeno e médio porte que não utilizam a ferramenta ou o fazem de maneira precária, com programas genéricos, que, aparentemente, servem para qualquer segmento. “Uma boa solução em informática pede especialização. Um programa de loja de material de construção não serve para drogarias”, explica o diretor comercial da Pharmacy Automação, Acácio Neiva. Segundo Neiva, menos de 10% dos cerca de 60 mil pontos-de-venda do País usam programas adequados para a atividade que realizam. “A empresa que não se adequar está fadada a inexistir”, frisou. Com a informatização da loja, o dia-a-dia torna-se mais prático e mais fácil de administrar. “A informática permite colocar nas mãos do empresário várias informações importantes, permitindo ter controle Acácio Neiva, diretor comercial da Pharmacy Automação e avaliar melhor seus negócios e necessidades”, explica Cesar Roberto, consultor da Pharmanet. VANTAGENS Existem programas no mercado que oferecem soluções interessantes para a drogaria, como é o caso do Pharmacy, presente em 4.500 pontos-de-venda do Brasil. Ele permite fazer a gestão do estoque, do atendimento, dos preços e descontos, além de gerenciar vendas por categoria, emitir relatórios de desempenho, entre outras funções. PHARMACY Gestão de estoques e compras Controle de preços e descontos Relatórios, consultas e análises Perfil do cliente Parcelamento ATENÇÃO FARMACÊUTICA Dados do paciente/cliente Dados do médico Registro de medicamentos de uso contínuo Reg. de parâmetros biológicos Acompanhamento do tratamento A fidelização do cliente é a principal arma do empresário para driblar a concorrência. O Pharmacy, por exemplo, permite cadastrar todos os consumidores e acompanhar suas compras. Essa função é útil para saber quais clientes continuam freqüentando a loja e quais deixaram de comprar, permitindo à empresa desenvolver estratégias de recuperação dos clientes perdidos com base em seu perfil. De acordo com Acácio Neiva, o Pharmacy também gera pedidos eletrônicos, compatíveis com todos os atacadistas brasileiros, agilizando os processos diários de compra e gerenciamento de estoque. Cesar Roberto, consultor da Pharmanet Outra ferramenta que está chegando ao mercado no próximo semestre e promete estreitar os laços da drogaria com o cliente é o programa Atenção Farmacêutica, da Pharmanet. “O objetivo do programa é sustentar o relacionamento com o cliente”, disse o consultor Cesar Roberto. Com o Atenção Farmacêutica, que só poderá ser operado pelo farmacêutico da loja, será possível registrar informações clínicas sobre o paciente e acompanhar seu tratamento, agregando valor ao seu negócio. Cesar Roberto citou outras vantagens proporcionadas pela informática, como o cartão fidelidade e o programa de pontos. “Através de um sistema simples, podese adotar cartão de fidelidade a baixo custo, identificando o cliente por número, por exemplo: 1,2,3, etc”, explica. O programa de pontos pode ser usado para campanhas promocionais. De posse do cartão fidelidade, toda vez que o cliente comprar X reais na loja, recebe pontos que ficam registrados no sistema e podem ser trocados por brindes ou descontos. É uma outra forma de chamar o consumidor para sua drogaria. As opções são muitas. Cabe ao empresário descobrir aquela que melhor atenda as suas necessidades. JornaldaFarmácia 10 CAPA AGO2005 nº95 Farmácia redefine seu papel e descobre novas potencialidades No mês em que se comemora o Dia Nacional da Farmácia (5 de agosto), o Jornal da Farmácia traz reflexões sobre o novo papel da farmácia, que vem sendo discutido e redesenhado por órgãos e entidades do setor farmacêutico. O vocabulário atual está permeado de conceitos como estabelecimento de saúde, atenção farmacêutica e medicamento como bem essencial, propondo-se, inclusive, uma mudança cultural numa atividade que se maculou como capitalista e desumanizada, em busca apenas do retorno fi- JornaldaFarmácia nanceiro. A percepção de que algo precisa mudar e os movimentos em torno disso fazem deste mês um bom momento para entender essa nova proposta. Quando se pensa na função que a farmácia desempenhava no começo do século XX e nas perspectivas que se abrem neste início de século XXI, arrisca-se a dizer que, talvez sem perceber, profissionais do segmento, como farmacêuticos, membros de entidades, empresários do setor, estão empenhados no resgate do que a farmácia tinha de melhor: a relação de confiança entre farmacêutico e paciente. “Era uma espécie de confiança mútua. Uma integração que há muito tempo se perdeu”, explica Ruy Campos Marins, oficial de farmácia provisionado e fundador da Ascoferj, que atua no segmento há 66 anos. Para ele, essa é a principal diferença entre a farmácia de hoje e a de ontem. Numa época em que não existiam as drogarias, em que os laboratórios nacionais eram poucos e em que os médicos prescreviam fórmulas, a figura do farmacêutico e sua função eram mais facilmente compreendidas. “O número de médicos e de hospitais era muito pequeno. Naquela época, toda cidade tinha que ter um padre, um juiz e um farmacêutico, que era quem cuidava das enfermidades”, disse o presidente da ABCFARMA, Pedro Zidoi. No pós-guerra, com a chegada dos laboratórios multinacionais, que disseminaram na classe médica o hábito da prescrição de medicamentos industrializados, e, conseqüentemente, com o advento das drogarias, o trabalho do farmacêutico precisou ser revisto. Entretanto, somente agora há um entendimento mais claro sobre como deve ser sua nova atuação: restabelecer a relação de confiança com o paciente e praticar a atenção farmacêutica. ATENÇÃO FARMACÊUTICA O Brasil é o país com o maior número de farmácias em todo o mundo. Com pouco mais de 53 mil estabelecimentos e 90 mil farmacêuticos, há muito a se fazer para garantir qualidade de vida e saúde aos brasileiros. “Hoje o profissional sabe que sua atividade não envolve apenas a venda de medicamentos, mas a prestação de uma série de serviços de saúde, como testes de diabetes e medição de pressão arterial. No balcão, deve instruir o paciente sobre questões sanitárias e uso correto dos medicamentos”, explicou o presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Jaldo de Souza Santos. Em definição, a atenção farmacêutica é uma prática que tem como principal finalidade melhorar a qualidade de vida do paciente que faz uso de medicamentos, principalmente se forem contínuos. É o processo pelo qual o farmacêutico atua com outros profissionais e com o paciente na planificação, implementação e monitorização de uma farmacoterapêutica que produzirá resultados satisfatórios. O que se conclui é que a atenção farmacêutica não está engessada, podendo ser adapta- CAPA AGO2005 Foto: Divulgação nº95 Jaldo de Souza Santos: CFF é grande defensor da atenção farmacêutica da à realidade da farmácia e às necessidades do público que a freqüenta. Ao observar seus pacientes, conhecer seus problemas de saúde e o tratamento indicado pelo médico, o farmacêutico pode descobrir a melhor forma de acompanhar esse tratamento e os resultados alcançados. Um papel que supri a deficiência da saúde brasileira. “Nossa saúde pública está no CTI há muito tempo”, lamentou Ruy Marins, que também elogiou projetos de atenção farmacêutica desenvolvidos, unicamente, para grupos de diabéticos e hipertensos. O número de estabelecimentos que fazem atenção farmacêutica é pequeno, cerca de apenas 5%, segundo o CFF. Neste percentual está incluída uma das drogarias da Rede Tamoio, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Há um mês, a farmacêutica Rosa Maria Pereira vem cadastrando pacientes diabéticos para acompanhar o tratamento. Nas fichas, Rosa registra dados clínicos, medicamentos que serão administrados pelo paciente e quando ele irá terminar, o que permite a ela avisar ao usuário que ele precisa comprar uma nova caixa, por exemplo. Em alguns casos, esquecer de tomar o medicamento pode provocar risco de morte. “O principal é ter um diferencial no atendimento e oferecer qualidade de vida para a comunidade”, disse Rosa. Atualmente, a drogaria tem 72 diabéticos cadastrados, quase todos com idade acima de 50 anos. Fazem parte da proposta de atenção farmacêutica a verificação de pressão arterial e a medição de glicose no sangue, atividades proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a Resolução RDC nº 173, de 2003, “é vedado a farmácias e drogarias a utilização de aparelhos de uso médico ambulatorial”. Contra essa Resolução, o setor se mobiliza com empenho, como é o caso da Ascoferj, que vem tentando aproximação com a Vigilância Sanitária Estadual para discutir o assunto. A Associação compreende a atividade, se executada pelo farmacêutico, como necessária para a prevenção de doenças e para o desafogamento do Sistema Único de Saúde. 11 SIMPLICIDADE Sem mistérios, a implementação de uma atenção farmacêutica pode partir de farmácias e drogarias de qualquer porte. Segundo o farmacêutico e consultor da Pharmanet, Cesar Roberto, basta o estabelecimento dispor de espaço reservado para conversar com o paciente, fichas para cadastro e literatura adequada. Existem hoje no mercado softwares desenvolvidos para ajudar o farmacêutico a realizar a atenção farmacêutica, mas, segundo Cesar Roberto, o trabalho pode ser feito de forma manual, em fichas de papel. Para o presidente do CFF, o futuro da farmácia no Brasil está em se tornar, na teoria e na prática, um estabelecimento de saúde, seguindo exemplos de países europeus, onde a atenção farmacêutica é prática recorrente. Já para Pedro Zidoi, a atenção farmacêutica depende de uma mudança de cultura do brasileiro, “que precisa aprender na escola o que pode exigir da farmácia”. Foto: Humber to Teski Ruy Marins: confiança no farmacêutico é fundamental JornaldaFarmácia 18 SEU NEGÓCIO AGO2005 nº95 CRM - complicado, mas nem tanto Qual o foco da sua organização? Se for apenas a venda, sua empresa faz parte de um grupo que está fadado à extinção. Já se a sua resposta foi cliente, parabéns por estar no caminho do sucesso. Essa é a conclusão a que se pode chegar desde que especialistas e consultores começaram a falar sobre CRM há cerca de três anos. Um conceito totalmente novo, que busca colocar as necessidades do cliente no centro das atenções da organização empresarial, seja ela de pequeno, médio ou grande porte. CRM (Customer Relationship Management), em português, significa gestão de relacionamento com o cliente. Segundo Mauro Pacanowski, consultor em marketing farmacêutico, o CRM é também definido como “marketing um a um”, ou seja, de forma individualizada para o pleno conhecimento de cada consumidor. Qualquer farmácia ou drogaria pode implantar o CRM. “Cada vez mais, o varejo farmacêutico está competindo. A cada cem metros, ou até menos, existe uma farmácia, totalizando muitas em um único quarteirão. Sem um diferencial não há como competir”, explica Pacanowski. O consultor de varejo Luiz Freitas explica que “os principais objetivos da utilização do CRM são angariar novos clientes e fidelizar os atuais, procurando atingir a sua JornaldaFarmácia plena satisfação. Para tanto, é necessário ter uma visão completa dos clientes”. Roberto Madruga, consultor em gestão empresarial, acha que os pacientes estão esquecidos pelas farmácias, que não estão sabendo aproveitar as vantagens que o CRM traz para o negócio. “O CRM cativa esse público esquecido e aumenta a rentabilidade da empresa porque ganha a confiança do consumidor”, disse. No papel ou no computador, o importante é fazer Quando se fala em CRM, logo se pensa em softwares capazes de registrar informações importantes sobre o cliente, como hábitos e costumes de compra, poder aquisitivo, números de pessoas que fa- zem parte da família, o que consomem e quantas vezes ao dia etc. A tecnologia é, com certeza, algo fundamental para que a estratégia produza resultados. Tanto que hoje existem várias empresas que podem desenvolver os equipamentos necessários para o CRM e oferecer consultoria para a implementação do projeto. No entanto, as ações do CRM não param por aí. Sua abrangência é bem maior e, às vezes, segue por caminhos bem mais simples, como o relacionamento pessoal, por exemplo. Estabelecer vínculos pessoais com o consumidor pode surpreender tanto o empresário quanto quem está comprando. O grande número de ofertas torna tudo muito impessoal, já que em qualquer esquina o consumidor encontra um medicamento. O diferencial está em oferecer o medicamento de forma humanizada. Segundo Madruga, os cartões de fidelidade, as centrais de atendimento ao consumidor, o treinamento da equipe que faz o atendimento e a implantação de programas que geram fidelidade também compreendem estratégias de CRM. De posse das informações geradas pelo CRM, o empresário decide melhor sobre ofertas, aquisição de novos produtos e desenvolvimento de novos serviços, que, conseqüentemente, serão mais corretos e mais rápidos.