meu filho, qual é o meu grau de parentesco com o Joaquim?”. Nesse caso, podemos observar que, embora a questão seja enquadrada nos padrões da Lógica Matemática, a resolução é puramente uma interpretação lingüística, em que o leitor deve perceber a voz do discurso, 1ª pessoa para que consiga desvendar o enigma de que o homem do discurso é o filho de Joaquim. Logo, compreendemos que a interpretação ou a busca pelo sentido do texto matemático parte da sentença e não somente de elementos numéricos. Assim, podemos dizer que há um cálculo semântico. “O papel de uma sentença no cálculo é seu sentido”. (WITTGENSTEIN, 2003, p.96) Na questão, também de raciocínio lógico, encontramos a mesma situação: o que se pede é um jogo de interpretação semântica de percepção sobre o fato de que uma mesma pessoa não pode ser outra ao mesmo tempo. “Ana, Beatriz e Carla desempenham diferentes papéis em uma peça de teatro. Uma delas faz o papel de bruxa, a outra o de fada, e a outra o de princesa. Sabe-se que: ou Ana é bruxa, ou Carla é bruxa; ou Ana é fada, ou Beatriz é princesa; ou Carla é princesa, ou Beatriz é princesa; ou Beatriz é fada, ou Carla é fada. Com essas informações conclui-se que os papéis desempenhados por Ana e Carla são, respectivamente: a)bruxa e fada; b)fada e bruxa; c)princesa e fada; d)fada e princesa. Nesse caso, a resolução é isolar os termos, por exemplo, se Ana é bruxa, Carla não pode ser a bruxa, pois ambas estão ligadas pelo conectivo ou. Assim, verificamos que, embora a notação lógica ou conectivo lógico seja o ponto-chave da questão, fundamental para a resolução do problema, o caráter semântico se faz presente, pois não há qualquer elemento de cálculo numérico, mas um cálculo semântico. Em outras palavras, uma computação que a mente tem de fazer para interpretar a questão. Nas palavras de Wittgenstein (2003, p.36) “Quando uma pessoa interpreta, ou entende, um signo em um sentido ou outro, o que está fazendo é dar um passo em um cálculo (como uma operação). 7. MATEMÁTICA E SUBITIZING A função básica dos números é representar quantidades (também chamado de numerosidade quando os elementos são claramente separados) Por contar quantos elementos similiares existem em cena, podemos acessar o número deles. Em geral, é sabido que uma criança de 5 anos pode cometer erros ao contar, o que requer uma formação/educação para avançar. No entanto, pesquisas têm indicado que bebês, bem como muitos tipos de animais como ratos, porcos etc podem discriminar pequenas numerosidades quando comparam duas quantidades a partir das diferenças entre as quantidades. A habilidade de detectar a numerosidade de um pequeno grupo de objetos é um processo conhecido como subitizing. Porém, segundo Nuñez e Lakoff (2000), os humanos também podem detectar a numerosidade por um sistema de contagem, uma espécie de sequenciação de reportar a um processo de números de objetos visualmente apresentados ou por estimação de grandes numerosidades. Podemos ter uma noção geral de quantidade de água pelo som que ela emite ou estimar o número de pessoas numa multidão. Subitizing e counting foram especificamente investigados nos estudos computacionais de Petersen e Simon (2000). Para os autores, o subitizing é um processo de recognição aprendida, com um ensinamento sígnico provido por um mecanismo de contagem mais geral. Sob esse aspecto, tendo os animais a capacidade de subtitizing, é possível que os animais contém verbos? Segundo Brannon apud Pimm (1980), embora os animais tenham aprendido uma relação entre símbolos e numerosidade (Boysen & Berntson, 1989; Matsuzawa, 1985; Pepperberg, 1987, 1994; Xia, Siemann, & Delius, 2000; Xia, Emmerton, Siemann, & Delius, 2001), os animais não têm o mesmo tipo de nível conceitual e inferências numéricas inteligentes como uma criança. “Pensar é uma atividade, como calcular. Ninguém chamaria calcular ou jogar xadrez de estado”. (WITTGENSTEIN, 2003, p.130) 8. METÁFORA NA MATEMÁTICA Segundo Nuñez & Lakoff (1998, 2005, apud Nuñez 2008, p.340), definições formais e linguagem formal em Matemática, embora extremamente útil na prática da disciplina, não captura o conteúdo completo das ideias matemáticas. A Matemática formal não é toda a matemática, e