uma revisão sistemática da literatura - evolvere scientia

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ARTIGO
Evolvere Scientia, V. 3, N. 1, 2014
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA EXPERIMENTAL
COMPORTAMENTO GOVERNADO POR REGRAS ENTRE 2006 E 2011†
SOBRE
Angelo A. S. Sampaio1*, Mariana Espíndola Gonçalo2 e Edinéia Pereira Sobrinho3
1
Universidade Federal do Vale do São Francisco, 56304-205 – Petrolina, PE – Brasil.
Doutorando na Universidade de São Paulo, 05508-030 – São Paulo, SP – Brasil.
² Universidade Federal do Vale do São Francisco, 56304-205 – Petrolina, PE – Brasil.
Mestranda na Universidade Federal do Pará, 66075-110 – Belém, PA – Brasil.
³ Universidade Federal do Vale do São Francisco, 56304-205 – Petrolina, PE – Brasil.
*Email: [email protected]
†
Uma versão preliminar desse trabalho foi apresentada no XXI Encontro da Associação
Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental, entre 15 a 18 de agosto de 2012,
Curitiba/PR. Os autores agradecem a colaboração de Thayline Oliveira na elaboração do
presente trabalho.
Resumo: O comportamento governado por regras pode ser genericamente definido como o
comportamento sob controle de eventos antecedentes verbais. Apesar de ser um tema
fundamental para a compreensão de diversos fenômenos comportamentais e relacionar-se com
várias áreas de pesquisa, não há uma revisão sistemática e recente sobre o tema. O presente
trabalho revisou sistematicamente os artigos experimentais, nacionais e internacionais, cujo foco
principal fosse o comportamento governado por regras e que ao menos dialogassem com a
Análise do Comportamento, publicados entre 2006 e 2011. Os artigos foram localizados
utilizando 11 palavras-chave em bases de dados disponíveis online e por meio da consulta a 5
periódicos científicos específicos. Todos os 33 artigos selecionados foram lidos na íntegra,
resumidos e categorizados. A maior parte dos artigos selecionados foi nacional, utilizou
universitários como participantes e foi realizada em laboratório. A definição de regra é
controversa na literatura analisada, mas a maior parte dos estudos utilizou a definição
skinneriana de regra como estímulo discriminativo verbal especificador de contingência. Essa
controvérsia reflete-se nos vários tipos de procedimentos utilizados, responsáveis por resultados
diversos e por vezes contraditórios. Muitas variáveis estranhas parecem interagir de modo
complexo entre si nos experimentos analisados, sendo difícil avaliar os efeitos destas variáveis
isoladamente. O estudo do comportamento governado por regras já acumula uma boa
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quantidade de resultados, mas os procedimentos empregados poderiam se beneficiar de alguma
padronização, o que facilitaria a comparação dos resultados.
Palavras-chave: comportamento governado por regras, controle instrucional, comportamento
verbal, autorregras.
Abstract: Rule-governed behavior may be generically defined as behavior controlled by verbal
antecedent events. Despite been a fundamental theme to the understanding of diverse behavioral
phenomena and been related to many research areas, there is not a systematic and recent review
on rule-governed behavior research. The present work systematically reviewed experimental
papers, Brazilian or otherwise, mainly concerned with rule-governed behavior, and that at least
dialogued with Behavior Analysis, published between 2006 and 2011. The papers were found
searching for 11 keywords in online databases and browsing in 5 specific journals. All the 33
selected papers were read in full, summarized, and categorized. The majority of the selected
papers was Brazilian, employed undergraduate students as participants, and was conducted in a
laboratory setting. The definition of a rule is a controversial matter in the literature we analyzed,
but most papers employed the Skinnerian definition of a rule as a verbal discriminative stimulus
that specifies a contingency. This controversy is mirrored in the various kinds of procedures
employed, responsible for results that are diverse and sometimes conflicting. Many extraneous
variables seem to interact in complex ways in the experiments analyzed, making it difficult to
evaluate their isolated effects. The study of rule-governed behavior already amasses many
results, but the procedures employed could profit from some standardization that allowed better
comparison of the results.
Keywords: rule-governed behavior, instructional control, verbal behavior, self-rules.
INTRODUÇÃO
de instruções no controle do comportamento
tem sido tratado na Análise do Comportamento
Algumas das principais diferenças entre
como comportamento governado por regras,
humanos e não-humanos parecem relacionar-se
comportamento controlado verbalmente ou
à propagação de práticas culturais. No caso dos
controle
humanos, isso ocorre em boa medida através
CATANIA,
da instrução verbal. Uma pessoa emite uma
Trata-se de uma área de pesquisa essencial
resposta verbal que controla respostas de
para a compreensão comportamental da cultura
instrucional1
1999;
(SKINNER,
HAYES,
1989/2004).
outra(s) pessoa(s) (e.g., um filho passa a pedir
licença para alguém sair de seu caminho, após
sua mãe tê-lo aconselhado a agir assim). O uso
1969;
1
Apesar da literatura ocasionalmente sugerir
diferenciações entre esses termos, eles serão
tratados como sinônimos nesse trabalho.
118
Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
e, consequentemente, do fenômeno humano
que regras podem desempenhar múltiplas
como um todo.
funções, a depender das relações que mantém
O emprego de instruções permite uma
com outros eventos. O’Hora e Barnes-Holmes
aprendizagem mais rápida e com menos riscos,
(2004), por fim, partindo da Teoria das
além de possibilitar que o aprendiz fique sob
Molduras
controle de circunstâncias envolvendo efeitos
Theory) definiram regras como estímulos que
em longo prazo, muito raros ou muito
participam de molduras relacionais e, portanto,
improváveis (SÉRIO et al., 2002; SKINNER,
transformam a função de outros estímulos de
1957/1992).
não
acordo com as relações envolvidas naquelas
substituem completamente as sutilezas do
molduras (e.g., relações de equivalência, se-
contato direto com as contingências. Em
então ou “maior que”).
Contudo,
as
instruções
Relacionais
(Relational
Frame
muitos casos, quando há mudanças nas
Apesar de haver divergências quanto à
contingências, o comportamento instruído
definição de comportamento governado por
pode se tornar “insensível”, ou seja, não mudar
regras, ele é o foco de um dos principais
mesmo quando as condições ambientais são
subprogramas de pesquisa dentro da área de
modificadas (CATANIA, 1999).
comportamento verbal no Brasil (ALVES
A literatura analítico-comportamental não
FILHO, 2010; MOROZ et al., 2001). E é um
tem adotado uma única definição de instrução
tema fundamental para a compreensão de
verbal ou regra. Skinner (1969) definiu uma
diversos outros fenômenos, relacionando-se,
regra como um estímulo discriminativo verbal
portanto, com diversas áreas de pesquisa. No
especificador de contingências. Cerutti (1989)
estudo de esquemas de reforço em humanos,
acrescentou
podem
por exemplo, autorregras têm sido invocadas
envolver novas combinações de estímulos
para explicar diferenças em relação ao
discriminativos verbais e que o comportamento
desempenho
governado por regras estaria sob controle de
HAYES,
dois
aquelas
comportamento verbal como um todo e do
dependentes apenas da execução da resposta
controle instrucional, em particular, também
não
refere
tem sido tratado como um evento marcante no
aquelas
desenvolvimento infantil (e.g., BENTALL,
que
tipos
verbal
de
a
regras
também
consequências:
que
a
regra
se
(consequências
colaterais)
dependentes
correspondência
1989/2004).
A
(ver,
aquisição
e.g.,
do
LOWE e BEASTY, 1985). A equivalência de
instrução
estímulos e outras molduras relacionais foram
(consequências instrucionais). Já Schlinger
propostas como mecanismos básicos capazes
(1993) enfatizou que uma regra poderia
de explicar como instruções podem produzir
funcionar como um estímulo capaz de alterar a
comportamento
função de outros estímulos. Numa definição
BARNES-HOLMES e ROCHE, 2001). O
mais abrangente, Albuquerque (2001) afirmou
comportamento governado por regras ainda
não
verbal
e
a
entre
não-humanos
a
resposta
da
e
de
novo
(e.g.,
HAYES,
119
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facilitaria ou permitiria a coordenação dos
governed behav*, rule-control, “instructional
comportamentos
control”,
envolvidos
de
em
diversos
práticas
indivíduos
culturais
instruction-following,
“rule
ou
following”, “rule governance”, contingency-
metacontingências (GLENN, 1989; SAMPAIO
specifying stimuli, “verbal control*”, e suas
et al., 2013). Assim, a compreensão dos
respectivas traduções para o português.
processos envolvidos no controle instrucional
poderia
auxiliar
o
desenvolvimento
de
pesquisas em todas estas áreas.
Paracampo
e
Alguns artigos que já eram do nosso
conhecimento e preenchiam nossos critérios
não apareceram nos resultados da busca nas
Albuquerque
e
bases de dados. Assim, também buscamos
Albuquerque e Paracampo (2010) realizaram
diretamente em periódicos nos quais já
revisões sobre o tema, contudo, não há uma
havíamos encontrado artigos sobre o tema:
revisão sistemática de um período bem
Acta
demarcado e recente sobre o tema. Desse
Experimental Analysis of Behavior, Revista
modo, o objetivo do presente trabalho foi
Mexicana de Análisis de la Conducta, The
revisar
Analysis
sistematicamente
a
(2005)
literatura
Comportamentalia,
of
Verbal
Journal
Behavior
of
e
the
The
experimental, nacional e internacional, a
Psychological
respeito de comportamento governado por
periódicos, conferimos todos os sumários dos
regras, enfatizando as definições de regras
números publicados no período analisado.
Record.
Em
todos
esses
adotadas, os procedimentos empregados e os
Essas buscas resultaram na localização de
principais resultados produzidos, no período de
285 artigos. A partir disso, selecionamos para
2006 a 2011.
análise
apenas
os
artigos
experimentais,
publicados entre 2006 e 2011, com o foco
MÉTODO
principal no comportamento governado por
regras e que ao menos dialogassem com a
Fontes de Informação e Seleção dos Artigos
Para
alcançar
o
proposto,
adequação dos artigos aos critérios de seleção,
buscamos artigos publicados em periódicos
primeiramente, através da leitura do título e do
científicos com revisão por pares por meio dos
resumo e, caso ainda não fosse possível
formulários
confirmar a adequação do artigo, por meio de
disponíveis
objetivo
Análise do Comportamento. Verificamos a
na
internet
das
seguintes bases de dados: PsyNET, IndexPSI
Periódicos
LILACS
Técnicos-Científicos,
e
PEPSIC.
As
consulta ao texto completo.
Scielo.br,
palavras-chave
utilizadas foram encontradas na literatura da
Análise
e
Categorização
dos
Artigos
Selecionados
área ou nos índices das próprias bases de
Todos os artigos selecionados foram lidos
dados: rule-governed behav*, rule-controlled
na íntegra e resumidos em arquivos separados
behav*,
no
rule-following
behav*,
verbally
MS
Word.
Alguns
artigos,
após
120
Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
devidamente
analisados
pelo
grupo
de
quais foram os participantes do estudo). A
pesquisa, foram excluídos nesta fase do projeto
maioria
por não se encaixarem nos critérios de seleção.
laboratório (n=30) – apesar de quatro deles
Os textos restantes passaram por uma análise
voltarem-se para temas aplicados: transtorno
bibliométrica
em
obsessivo-compulsivo (ABREU e HÜBNER,
relação às diferentes definições de regra,
2011), segurança comportamental (ALVERO e
métodos e procedimentos utilizados, principais
AUSTIN,
resultados e outros aspectos relevantes.
KANTER,
e
foram
categorizados
dos
estudos
2006),
BUSCH,
comportamento
realizada
depressão
BARNES-HOLMES,
RESULTADOS
foi
(BARUCH,
RICHARDSON
2007)
em
e
organizacional
e
gestão
do
(HAAS
e
HAYES, 2005). Os outros três estudos foram
Caracterização
Geral
dos
Artigos
Selecionados
realizados em campo – tratando de temas
relacionados ao autismo e ao transtorno de
Trinta e três artigos preencheram todos os
déficit de atenção com hiperatividade.
critérios de seleção – 16 escritos em português,
11 em inglês, 5 em espanhol e 1 em francês.
Definição de Regra nos Artigos Selecionados
Os autores dos artigos estavam filiados a
Em relação à definição de regra, a maior
instituições do Brasil (n=17), EUA (n=9),
parte dos artigos (n=14) ainda utiliza a
México (n=5) ou de outros países (n=4). Os
definição
autores
discriminativo
com
mais
publicações
foram
de
regra
como
estímulo
verbal
que
especifica
Albuquerque (n=12), Paracampo (n=8), Ortiz
contingência ou como um estímulo que
(n=5) e Gonzales (n=3). Todos os outros
descreve contingência (SKINNER, 1969). A
autores tiveram duas publicações (FARIAS;
segunda definição mais frequente (n=9) foi a
PINTO; REIS, A.; e REIS, M.) ou apenas uma
que define regra como estímulo alterador de
(total de 57 outros autores).
função (SCHLINGER, 1993). Cinco artigos
O periódico com mais artigos publicados
não apresentaram uma definição explícita de
sobre o tema foi a Acta Comportamentalia
regra e os outros 5 apresentaram outras
(n=9), seguida pelo Psicologia: Teoria e
definições.
Pesquisa (n=5). Dos artigos selecionados, 18
foram publicados em periódicos específicos de
Aspectos
Metodológicos
Análise do Comportamento, enquanto os
Selecionados
dos
Artigos
outros 15 o foram em periódicos gerais de
A diversidade metodológica dos artigos
Psicologia ou de outras áreas de conhecimento.
analisados foi marcante. Em primeiro lugar, a
Os participantes dos experimentos foram
forma de apresentação das instruções variou
universitários
(n=24)
ou
crianças
ou
bastante. As instruções foram apresentadas
adolescentes (n=8) (um artigo não deixou claro
oralmente (e.g., FALCOMATA et al., 2008;
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Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
LABERGE
et
al.,
2009;
MONTELES,
instrução na tela do computador durante a
PARACAMPO e ALBUQUERQUE, 2006;
realização
TARBOX, ZUCKERMAN, BISHOP, OLIVE,
Halstadtro e Halstadtro (2009) e Monteles et
e O’HORA, 2011), por escrito (em papel ou no
al. apresentaram as instruções paulatinamente a
computador) (e.g., BARUCH et al., 2007;
medida em que as respostas instruídas iam
CORTEZ
sendo emitidas.
e
REIS,
2008;
FARIAS,
PARACAMPO e ALBUQUERQUE,
da
tarefa.
Ademais,
Arntzen,
2011;
A forma ou topografia das instruções
PEREZ, REIS e DE SOUZA, 2010) ou de
apresentadas nos experimentos também variou
ambas as formas (e.g., PINTO, PARACAMPO
bastante. Houve instruções que especificavam
e
os
ALBUQUERQUE,
2006;
SILVA
e
antecedentes,
as
respostas
e
as
ALBUQUERQUE, 2006). Além disso, houve
consequências; e instruções que especificavam
diferenças na
apenas
presença ou
ausência
do
alguns
desses
elementos.
Houve
experimentador durante a apresentação da
instruções mais curtas e mais longas. Houve
instrução (inclusive com instruções orais
instruções geradas por outros participantes
apresentadas pelo telefone – ABREU e
(ALVERO e AUSTIN, 2006; ARNTZEN et
HÜBNER, 2011). O número de apresentações
al.,
da instrução também variou: uma (e.g.,
RODRIGUES e SOUZA, 2009). E instruções
DRAKE e WILSON, 2008; NAVARICK,
que afirmaram “o melhor modo” de responder
2007), duas (e.g., MONTELES et al.), três
(HAAS e HAYES, 2006; BAUMANN et al.),
(e.g., PINTO et al.) ou mais vezes (e.g., a cada
ou “eu quero que você selecione” (BARUCH
sessão,
ORTIZ,
et al., 2007). Outras instruções foram mais
GONZÁLEZ, ROSAS e ALCARAZ, 2006).
simples: “Se isso é uma cenoura, bata palmas”
Após a apresentação da instrução, alguns
(TARBOX et al., 2011) enquanto ainda outras
pesquisadores solicitaram aos participantes que
especificaram
as revisassem até decorá-las (ALVERO e
participante (ABREU e HÜBNER, 2011).
FALCOMATA
et
al.;
2009;
BAUMANN,
qual
seria
a
ABREU-
“tarefa”
do
AUSTIN, 2006), enquanto outros checaram a
Destacaram-se dois modos principais de
compreensão das instruções pelos participantes
avaliar mudanças no seguimento da regra entre
(e.g.,
condições
solicitando
ALBUQUERQUE,
a
sua
repetição,
MATSUO
e
comparações
experimentais:
entre
realizando
participantes
ou
PARACAMPO, 2009; ORTIZ, 2010; ou
intraparticipantes – incluindo combinações
fazendo perguntas sobre as instruções, DOLL,
desses dois tipos. Além disso, 15 estudos
JACOBS, SANFEY e FRANK, 2009) e/ou
compararam os resultados de participantes
permitiram que os participantes fizessem
expostos a condições apenas com instrução
perguntas sobre as instruções (e.g., HAAS e
mínima ou reforço diferencial com os de
HAYES, 2006). Podlesnik e Chase (2006)
participantes
também deixaram uma versão reduzida da
instrução completa. Três estudos compararam
expostos
a
condições
com
122
Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
os
resultados
expostos
de
a
diferentes
condições
participantes
experimentais
sugerem que
o
diferentes
controle instrucional é mais forte do que o
instruções. Da mesma forma, as comparações
controle pelas contingências em vigor quando
intraparticipantes também envolveram uma
não há ou existe pouco reforço anterior
condição com instrução mínima ou reforço
liberado de acordo com as contingências,
diferencial
com
mesmo quando o participante segue a instrução
apresentação de instruções diferentes (n=8) ou
(ALBUQUERQUE, REIS e PARACAMPO,
mudanças nas contingências (n=17). Cinco
2006, 2008; ALBUQUERQUE e SILVA,
estudos empregaram outras estratégias de
2006; CORTEZ e REIS, 2008; PEREZ et al.,
análise, como, por exemplo, aqueles que
2010). Isso ocorre especialmente quando não
instalaram o comportamento de seguir regras
existe uma história com diferentes taxas de
(FALCOMATA et al., 2008, TARBOX et al.,
resposta reforçadas (BAUMANN et al., 2009).
2011).
Contudo, histórias de exposição a certas
(n=21),
com
condições
condições
instruções podem impedir o contato com a
Resultados dos Artigos Selecionados
Os
experimentos
comportamento
contingência
analisaram
governado
por
atual
(e.g.,
SILVA
e
o
ALBUQUERQUE, 2007; BAUMANN et al.,
regras
2009). O controle instrucional também se
utilizando-se de diferentes procedimentos e
mostra
avaliando os efeitos de diferentes variáveis
apresentadas anteriormente perguntas (gerais
envolvidas
ou específicas) sobre as contingências em
no
controle
instrucional.
Apresentamos, a seguir, uma tentativa de
organização
dos
principais
resultados
a
mais
forte
quando
não
foram
vigor (SILVA e ALBUQUERQUE, 2006).
Propriedades formais (ou topografia) da
regra. Treze estudos avaliaram os efeitos
respeito dessas variáveis.
História pré-experimental. Dois estudos
sobre o controle instrucional das propriedades
analisaram a influência de variáveis atuantes
formais da regra, isto é, “as características
antes do início do experimento sobre o
presentes no estímulo verbal que determinam,
seguimento de regras, mostrando que o
em parte, o que ele parece para uma
controle
em
comunidade verbal, de acordo com suas
participantes classificados como inflexíveis
práticas” (ALBUQUERQUE, MESCOUTO e
(PINTO et al., 2006) e não depressivos
PARACAMPO, 2011, p. 20). Os participantes
(BARUCH et al., 2007). Pinto et al. ainda
dos experimentos foram mais propensos a
sugeriram que a história pré-experimental pode
seguir uma regra quando ela especificou as
exercer maior controle do que a história
possíveis consequências do comportamento
experimental.
envolvido na tarefa (evitar consequências
instrucional
é
mais
forte
História experimental. Os estudos que
aversivas, ABREU e HÜBNER, 2011; sair
manipularam a ordem de apresentação das
mais cedo da tarefa, DRAKE e WILSON,
123
Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
2008;
ajudar
com
NAVARICK,
a
coleta
específicas
e
pertinentes
com
feedback
acumulado, já Ortiz e Gonzales encontraram
FALCOMATA et al., 2008) do que quando tal
que a utilização de instruções específicas
especificação não foi feita. Além disso, regras
pertinentes (e não-pertinentes) com feedback
foram mais seguidas quando apresentadas na
contínuo foi mais eficaz. Doll et al. (2009) não
forma
“escolha
encontraram diferenças relevantes quando as
obrigatória” (FARIAS et al., 2011; Navarick,
regras foram apresentadas como dicas ou como
2007)
instruções mais detalhadas.
ordem,
do
que
ganhar
dados,
cupons,
de
2007;
de
acordo
na
ou
forma
de
sugestão
(ALBUQUERQUE et al., 2011). Para os
Enunciar a preferência ou a vigilância do
autores, a apresentação da regra na forma de
experimentador afetou pouco o desempenho
ordem seria uma afirmação implícita da
dos participantes, que deixou de ficar sob
ocorrência de consequências sociais aversivas
controle
caso ela não seja seguida.
(NAVARICK, 2007) ou foi semelhante ao
das
regras
após
algum
tempo
Comparando os efeitos de instruções
desempenho da condição em que as regras
genéricas e específicas, Ortiz (2010) e Ortiz et
descreviam apenas o que o participante deveria
al. (2006) concluíram que as específicas geram
fazer (BARUCH et al., 2007).
melhores desempenhos, contudo, isto pareceu
depender
do
(ou
da instrução também apareceu como variável
“retroalimentação”, como os autores preferem)
relevante para o controle instrucional: a
utilizado.
simples
A
tipo
de
A ordem de apresentação dos componentes
feedback
combinação
de
instruções
realocação
da
descrição
do
específicas com feedback contínuo pode ter
componente resposta para o começo da frase
gerado um desempenho mais variável, como
pareceu gerar melhores desempenhos em
efeito
crianças com autismo (TARBOX et al., 2011).
da
interferência
do
“excesso
de
informações” (ORTIZ et al.; ORTIZ-RUEDA
Tais
e CRUZ-ALANIZ, 2011). A precisão e a
propriedades formais das instruções formam
pertinência da instrução (do componente
um importante grupo de variáveis envolvidas
antecedente, ORTIZ e GONZALES, 2010; e
no
do componente resposta, ORTIZ-RUEDA e
manipulações mínimas, como a ordem de
CRUZ-ALANIZ)
apresentação
também
pareceram
resultados
controle
por
de
demonstram
regras,
uma
componentes
que
vez
as
que
ou
a
influenciar o desempenho dos participantes
especificação de alguma parte da contingência
conjuntamente com o tipo de feedback, com
podem gerar taxas diferenciadas de respostas.
diferenças entre os estudos em relação às
Consequências. O conjunto de variáveis
combinações de tipo de instrução e esquemas
manipulado mais frequentemente (n=15) nos
de
Cruz-Alaniz
artigos analisados foram as consequências para
concluíram que melhores desempenhos são
as respostas dos participantes. Os resultados
reforço.
atingidos
Ortiz-Rueda
quanto
se
e
utilizam
instruções
124
Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
relativos a esse conjunto de variáveis foram
sociais ou não, e que nas fases em que só as
bastante diversos e de difícil organização.
respostas corretas foram reforçadas a maioria
As consequências para o comportamento
não-verbal
ou
“consequências
colaterais”
dos
participantes
foi
insensível
às
contingências durante todo o experimento.
(CERUTTI, 1989) podem ser apresentadas em
Monteles et al. (2006) também destacaram
diferentes esquemas de reforço. Em alguns
a relevância do tipo de consequência colateral
estudos, o controle instrucional foi mais forte
no controle do seguimento de regra. Neste
do que o controle pelas contingências em vigor
estudo,
com consequências colaterais em extinção ou
socialmente (emissão da frase “muito bem”) ao
em esquemas intermitentes (OLIVEIRA e
seguir regras e, independente delas serem ou
ALBUQUERQUE,
2010;
não correspondentes às contingências em
ORTIZ e GONZALES, 2010; SANCHEZ,
vigor, todos os participantes continuaram
ORTIZ-RUEDA
seguindo
2007;
e
ORTIZ,
GONZÁLEZ-ZEPEDA,
um
dos
as
grupos
regras.
Os
foi
reforçado
resultados
de
2007). Por outro lado, quando o reforço foi
Albuquerque et al. (2009), Albuquerque et al.
contínuo, mas acompanhado de instrução
(2006) e Albuquerque et al. (2008) sugerem
específica, o controle instrucional também foi
que quando o comportamento de seguir regras
mais forte (ORTIZ et al., 2006; ORTIZ-
foi reforçado socialmente nas fases anteriores,
RUEDA e CRUZ-ALANIZ, 2011).
é mais provável o seguimento da regra
Paracampo, Albuquerque, Farias, Carvalló
discrepante – em um exemplo de interação
e Pinto (2007) compararam os efeitos de
entre as variáveis história experimental e
consequências
natureza da consequência colateral.
colaterais
de
naturezas
diferentes (sociais e não sociais). Dezesseis
Ainda quanto às consequências colaterais,
crianças de sete a nove anos realizaram uma
Doll et al. (2009) testaram algumas teorias
tarefa de escolha de acordo com o modelo. Em
sobre o mecanismo básico do controle
todas as fases do experimento, as respostas
instrucional por meio da confrontação de
consideradas corretas eram reforçadas – com
resultados
bombons em dois grupos e com a palavra
computacionais e modelos matemáticos. Os
falada “certo” nos dois outros grupos. Em uma
resultados de Doll et al. apoiaram a teoria
das fases, respostas incorretas eram também
segundo a qual as regras reduziriam de modo
consequenciadas – com um estímulo sonoro
mais intenso o valor das consequências
para dois grupos e com a palavra falada
colaterais discrepantes da regra do que das
“errado” para os outros dois grupos. Os
consequências colaterais correspondentes à
resultados apontaram que o comportamento
regra.
tendeu a ficar mais sobre controle das
Além
experimentais,
das
simulações
consequências
para
o
contingências quando consequências aversivas
comportamento
foram produzidas, independente de estas serem
manipular as consequências para o seguimento
não-verbal
é
possível
125
Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
de regras ou o que Cerutti (1989) chama de
de todo o experimento, perguntas sobre as
“consequências instrucionais”. O estudo de
contingências
em
Haas e Hayes (2006), por exemplo, objetivou
continuamente
as
entender a interação entre regra e feedback
independentemente do comportamento não
(este entendido como um tipo de consequência
verbal. Albuquerque et al. (2011) apresentaram
verbal). Em um delineamento de comparação
(em algumas condições) uma folha impressa
entre grupos, Haas e Hayes manipularam a
com perguntas que deveria ser preenchida por
apresentação de feedbacks para o desempenho
escrito
na
a
“descobrissem” a resposta às perguntas. Novas
apresentação de feedbacks para o seguimento
folhas com as mesmas perguntas poderiam ser
da regra (consequência instrucional) e se o
apresentadas até 10 vezes, caso o participante
feedback para o seguimento da regra dependia
não acertasse a resposta, e uma resposta correta
ou
dos
era o critério para o início da próxima fase. Por
participantes. Seus resultados foram opostos ao
sua vez, Baumann et al. (2009) apresentaram
esperado, com a combinação desses dois tipos
(em algumas condições) perguntas sobre a
de feedback atrapalhando o desempenho dos
contingência em vigor a cada 3 min, sem
participantes. Eles concluíram que o feedback
consequências programadas para as respostas.
é um evento verbal complexo que, a depender
Cavalcante e Carrara (2007) apresentaram
das relações verbais mantidas com outros
perguntas sobre as contingências a cada 10
eventos, pode ter diversas funções, inclusive
tentativas e compararam uma condição na qual
função instrucional.
havia reforço para qualquer resposta com uma
tarefa
não
(consequência
do
colateral),
comportamento
real
pelos
vigor,
reforçando
descrições
participantes
corretas
quando
esses
Autorregras e o comportamento verbal
condição na qual houve modelagem em
do participante. Doze dos 33 estudos
direção à resposta correta. Ortiz (2010), Ortiz e
analisados
González (2010), Ortiz et al. (2006) e Ortiz-
trataram
do
papel
do
comportamento verbal do participante – mais
Rueda
especificamente,
das
apresentaram uma única pergunta por sessão,
contingências não verbais em vigor ou do
sem consequências programadas para as
próprio comportamento do participante – no
respostas, e analisaram as respostas de acordo
controle
com quatro dimensões: presença (vs. ausência),
da
instrucional.
descrição
Os
procedimentos
empregados para solicitar e analisar as
descrições e as consequências programadas
para
elas,
contudo,
variaram
bastante,
dificultando a comparação dos resultados.
Albuquerque e Silva (2006) e Silva e
Albuquerque
(2006),
por
e
Cruz-Alanis
(2011),
ademais,
pertinência, precisão e relevância.
Por fim, Tarbox et al. (2011) (em seu
Experimento 2) solicitaram aos participantes, a
cada tentativa, a descrição das contingências,
sendo que dicas para a emissão de descrições
exemplo,
corretas foram utilizadas (com esvanecimento
apresentaram, a cada três tentativas e ao longo
programado) e que emitir descrições corretas
126
Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
era necessário (junto com o responder não
autogerada). Nesse sentido, Baumann et al.
verbal correto) para produzir reforço a cada
(2009) trataram do tema interpretando suas
tentativa. O efeito desse procedimento se
condições
confundiu
apresentadas
com
o
de
outras
estratégias
nas
quais
aos
perguntas
participantes
eram
como
introduzidas concomitantemente (i.e., alteração
envolvendo autorregras. Isto é, esses autores
no formato da regra, aumento no número de
supuseram que as respostas verbais dos
tentativas por sessão).
participantes às perguntas sempre funcionaram
A maior parte desses estudos citados não
como autorregras. A abordagem de Alvero e
foi capaz de avaliar com precisão o papel da
Austin (2006) e Arntzen et al. (2009) para o
solicitação do comportamento verbal do
tema,
participante. Um único resultado a respeito
possivelmente mais cautelosa: para avaliar se
disso parece ter sido claramente encontrado
as verbalizações dos participantes eram de fato
por Albuquerque et al. (2011) e Silva e
funcionalmente equivalentes a regras, eles
Albuquerque (2006): fazer perguntas acerca
empregaram o chamado “método do cão
das contingências de reforço, especialmente
silencioso” (silent dog method).
contudo,
foi
mais
inovadora
e
perguntas específicas, contribui para uma
O método do cão silencioso exige que três
maior sensibilidade às contingências. Nesta
requisitos sejam atendidos para se poder
mesma direção, Baumann et al. (2009)
afirmar que as verbalizações do participante
argumentaram que realizar perguntas sobre a
são funcionalmente equivalentes a autorregras:
contingência
(1) o desempenho na tarefa quando se fala em
semelhante
em
ao
vigor
de
pode
apresentar
ter
efeito
instruções,
voz
alta
o
que
se
está
fazendo
é
facilitando a discriminação da contingência em
funcionalmente equivalente ao desempenho
vigor (ao indicar alguns aspectos das respostas
quando não se fala em voz alta; (2) o
corretas a serem emitidas). Essa semelhança
desempenho na tarefa é alterado quando o
pode ajudar a explicar os resultados sobre a
participante
relação
do
tarefa distrativa verbal (e.g., contar de 100 a 0
sensibilidade
de trás para frente); e (3) o desempenho na
comportamental, como também apontado por
tarefa ao se descrever em voz alta o que se está
Albuquerque et al. e Silva e Albuquerque.
fazendo é significativamente diferente do
do
comportamento
participante
Uma
com
comportamento verbal e o comportamento não
descreve em voz alta o que se está fazendo,
verbal (governado por regra) do participante é
mas são apresentadas instruções derivadas dos
o primeiro controlar (como uma instrução) o
relatos obtidos quando se descreve em voz alta
segundo, isto é, o comportamento não verbal
o que se está fazendo – a partir do que se
do participante ser controlado por uma
poderia concluir que o resultado de (1) não se
autoinstrução
entre
uma
desempenho em uma condição na qual não se
(ou
relação
simultaneamente
o
autorregra
possível
a
verbal
realiza
ou
regra
deveu ao desempenho ser modelado por
127
Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
contingências ou à verbalização ser automática
Comportamento Organizacional (OBM – sigla
ou irrelevante para a tarefa.
da expressão em inglês). Outros estudos foram
Utilizando o método do cão silencioso,
impulsionados por preocupações da prática
Alvero e Austin (2006) determinaram que
clínica
observar
do
sensibilidade do comportamento instruído,
comportamento de outros (e.g., postura) levou
BARUCH et al., 2007; manutenção de
à emissão de autoverbalizações relacionadas a
comportamentos apropriados em crianças com
segurança e que houve uma relação funcional
TDAH, FALCOMATA et al.; relação do
entre tais autoverbalizações e desempenhos
comportamento governado por regras com
relacionados à segurança. Arntzen et al.
práticas de checagem, comuns no transtorno
(2009), por sua vez, ensinaram crianças
obsessivo compulsivo, ABREU e HÜBNER,
autistas a realizar atividades funcionais no
2011). Ainda nesse contexto, Arntzen et al. e
computador e a descrever concomitantemente
Tarbox
seu
seguir,
desenvolvimento atípico como participantes a
empregaram o método do cão silencioso e
fim de investigar a relação entre autorregras e
concluíram que o comportamento não verbal
comportamento não verbal e de aperfeiçoar um
das crianças pareceu estar de fato sob controle
procedimento para desenvolver habilidade
de autorregras.
generalizada de responder a regras simples.
aspectos
próprio
de
segurança
comportamento.
A
(relação
et
da
al.
depressão
utilizaram
com
crianças
a
com
Dois desses estudos partiram de preocupações
Diálogos com Outras Áreas de Pesquisa
metodológicas:
Onze dos artigos analisados estudaram o
avaliar
a
influência
das
características de demanda ou expectativas do
controle instrucional em diálogo com outras
experimentador
áreas de pesquisa, sendo quatro desses artigos
verificar se a presença de instruções melhorava
pesquisas aplicadas (ALVERO e AUSTIN,
o desempenho dos participantes em um
2006; FALCOMATA et al., 2008; ARNTZEN
procedimento de emparelhamento com o
et al., 2009; TARBOX et al., 2011). Alvero e
modelo (DRAKE e WILSON, 2008).
Austin buscaram, através da utilização de
procedimentos
(2009), em que o seguimento de regras é
comportamento podem auxiliar na segurança
estudado através da exploração de interações
comportamental. Já Haas e Hayes (2006)
neurocomputacionais e correlatos neurais. O
estudaram a relação entre comportamento
mesmo ocorre no experimento de Podlesnik e
governado por regras e feedback, entendendo
Chase
que tal processo é encontrado em ambientes de
instrucional
trabalho
comportamental.
pode
regras
O diálogo com outras áreas de pesquisa
automonitoramento, verificar que tipos de
estudo
de
e
também fica claro no estudo de Doll et al.
seu
geração
2007);
e
e
de
(NAVARICK,
fornecer
importantes contribuições para a Gestão do
(2006),
e
que
o
relaciona
estudo
Ainda
do
nesta
controle
momentum
seleção
é
possível verificar a existência de dois estudos
128
Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
cuja base conceitual é a Teoria das Molduras
A própria definição de comportamento
Relacionais (ALVERO e AUSTIN, 2006;
governado por regras é controversa na
TARBOX et al., 2011).
literatura analisada, com a apresentação de
diferentes definições ou até sem a apresentação
DISCUSSÃO
de uma definição explícita de regra ou
instrução. Essa controvérsia se reflete nos
Nossa revisão da literatura experimental
procedimentos
utilizados
para
estudar
o
sobre comportamento governado por regras
comportamento governado por regras. O’Hora
publicada entre 2006 e 2011 encontrou 33
e Barnes-Holmes (2004) já haviam destacado a
artigos que atendiam aos critérios de seleção.
diversidade de instruções apresentadas aos
Esse número parece confirmar a tendência
participantes e de procedimentos utilizados
geral de aumento de trabalhos empíricos sobre
para estudá-las experimentalmente – o que se
comportamento verbal apontada por Marcon-
repetiu na nossa revisão. Para esses autores,
Dawson, Vicars e Miguel (2009) ao revisarem
toda essa diversidade derivaria da suposição de
a produção do periódico The Analysis of
que
Verbal Behavior entre 1999 e 2008. Dois
contingências” (regras) seriam uma classe
grupos de pesquisa foram os principais
funcional de estímulos e de que todas as
responsáveis pelos experimentos analisados: o
topografias
da Universidade Federal do Pará, Brasil
procedimentos) utilizadas(os) fariam parte
(liderado por Albuquerque e Paracampo), e o
dessa classe funcional. Os autores criticam
da
México
essa suposição, já que uma definição funcional
(liderado por Ortiz). Apesar de estudarem o
de “especificar” não seria apresentada e que,
mesmo fenômeno, esses dois grupos não citam
portanto, não se teria uma base para incluir ou
os trabalhos uns dos outros e por vezes
excluir estímulos e procedimentos do estudo de
encontram resultados contrastantes. Afora
instruções. O’Hora e Barnes-Holmes ainda
esses dois grupos, a maioria dos autores se
destacaram que pequenas modificações no
dedicou ao tema apenas uma vez. Assim, há
método podem gerar efeitos diferentes, o que
poucos esforços sistemáticos de pesquisa sobre
impossibilita determinar se existem diferenças
o tema e os que existem não têm coordenado
funcionais entre as instruções utilizadas.
Universidad
de
Guadalajara,
seus esforços.
Vários estudos se relacionaram com outras
“estímulos
de
especificadores
instruções
(e
todos
de
os
A diversidade metodológica se estende
também às formas de avaliar o seguimento de
áreas de pesquisas. E a grande maioria dos
regras
empregadas
nos
experimentos
experimentos foi realizada em laboratório,
analisados. Por um lado, isso pode dificultar a
sugerindo um desequilíbrio entre pesquisa
comparação dos resultados, mas, por outro
básica e aplicada na área.
lado, pode produzir evidências convergentes,
favorecendo a generalidade dos resultados.
129
Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
Dois experimentos (FALCOMATA et al.,
variáveis manipuladas parecem mais similares
2008; TARBOX et al., 2011) empregaram uma
(e.g., estímulos luminosos no estudo do
estratégia
controle por estímulos com não humanos).
inovadora
estudo
do
por regras:
a
Muitos experimentos têm tratado da relação
instalação do próprio comportamento de seguir
entre o comportamento governado por regras e
regras. Estratégias semelhantes têm sido
o comportamento verbal dos participantes.
empregadas
análise
Todavia, a diversidade de procedimentos
comportamentos,
empregados e o fato do comportamento verbal
sugerindo sua produtividade e as vantagens
não ter sido diretamente manipulado na
que podem advir da ampliação do seu emprego
maioria dos estudos dificulta conclusões claras
no estudo do controle instrucional.
sobre seu papel. Essa parece ser uma subárea
comportamento
de
governado
largamente
experimental
de
outros
na
Como apontado por Teixeira Júnior (2009)
na qual as pesquisas têm que continuar
e comprovado pelos resultados da presente
ocorrendo
revisão, a diversidade metodológica da área
poderiam ser padronizados, para facilitar a
produz resultados diversos e por vezes
comparação dos resultados. Em particular o
contraditórios.
estranhas
método do cão silencioso parece ser uma
interagem de modo complexo entre si, sendo
alternativa promissora – e ainda pouco
difícil avaliar os efeitos destas variáveis
explorada – para a determinação de relações
isoladamente. Por exemplo, apesar de 13
funcionais entre o comportamento verbal e o
estudos terem se voltado especificamente para
não verbal dos participantes.
Muitas
variáveis
e
na
qual
os
procedimentos
a análise experimental dos efeitos de diferentes
Algumas sugestões podem ser úteis para
topografias ou formas de apresentação das
tornar esta área menos dispersa, como por
instruções,
parecem
exemplo, promover maior controle sobre a
escassos frente à tarefa de prever os efeitos dos
história pré-experimental e manipular de forma
variados detalhes envolvidos na manipulação
mais direta o comportamento verbal dos
da principal variável independente dos estudos
participantes.
os
resultados
ainda
sobre comportamento governado por regras.
Em suma, a análise experimental do
Nesse sentido, como O’Hora e Barnes-Holmes
comportamento governado por regras é uma
(2004) afirmaram, pode ser difícil (ou mesmo
área
impossível)
quanto
determinar
se
as
instruções
dispersa,
em
tanto
termos
metodologicamente,
dos
pesquisadores
utilizadas são funcionalmente diferentes –
envolvidos e dos resultados encontrados.
inclusive, levando em conta a diversidade de
Apesar das dificuldades que esse quadro gera
resultados encontrados até em um mesmo
para
estudo. Tal estado de coisas parece muito
produzido,
diferente do que ocorre em outras áreas de
produzida incentiva o surgimento de inovações
pesquisa, onde a topografia e a função das
promissoras, como o diálogo com pesquisas
a
sistematização
a
do
conhecimento
variabilidade
metodológica
130
Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
sobre bases neurais, simulação computacional
uma definição mais compreensiva do próprio
e modelos matemáticos; a perspectiva do
comportamento governado por regras.
feedback como evento verbal complexo que
pode exercer função instrucional; e o uso do
REFERÊNCIAS
método do cão silencioso para determinar a
Referências
participação de autorregras no controle do
indicam estudos incluídos na revisão de
comportamento não-verbal.
literatura.
precedidas
de
um
asterisco
Por fim, a análise dos estudos analisados
sugere a necessidade de experimentos voltados
*ABREU, P. R.; HÜBNER, M. M. C.: Efeitos
para o comportamento governado por regras
de instruções sobre respostas de checagem.
considerarem simultaneamente duas relações
Psicologia: Teoria e Pesquisa, 27 (3), 301-307,
comportamentais funcionando em esquema
2011.
concorrente: seguir a regra e emitir respostas
não-verbais. Ambas podem ficar sob controle
ALBUQUERQUE, L. C.: Definições de
antecedente das orientações apresentadas no
regras. In H. J. Guilhardi, M. B. B. P. Madi, P.
início do experimento aos participantes, da
P. Queiroz & M. C. Scoz (Orgs.), Sobre
regra apresentada durante a tarefa experimental
comportamento
(principal variável independente), de estímulos
variabilidade (pp. 132-140). Santo André, SP:
produzidos
ARBytes, 2001.
pelo
experimentador
(trajes,
e
cognição: expondo
a
expressões faciais etc. que podem sugerir sua
preferência, sua vigilância sobre a tarefa ou
*ALBUQUERQUE, L. C.; MATSUO, G. L.;
suas
PARACAMPO, C. C. P.: Efeitos de histórias
“expectativas”)
e
de
estímulos
As
de reforço social sobre o seguir regras.
consequências controladoras, porém, diferem.
Interação em Psicologia, 13 (2), 205-214.
A classe de respostas de seguir a regra fica sob
2009.
apresentados
controle
sociais
de
e
durante
a
consequências
não
sociais
tarefa.
(instrucionais)
dependentes
da
*ALBUQUERQUE, L. C.; MESCOUTO, W.
correspondência entre a regra e a resposta
A.; PARACAMPO, C. C. P.: Controle por
emitida. Enquanto a emissão de respostas não-
regras: efeitos de perguntas, sugestões e
verbais fica sob controle de consequências
ordens. Acta Comportamentalia, 19 (1), 19-42,
(colaterais) sociais e não sociais programadas
2011.
para a sua emissão. Os efeitos conjuntos dos
esquemas de reforço em vigor para cada uma
ALBUQUERQUE, L. C.; PARACAMPO, C.
dessas relações comportamentais devem ser
C. P.: Análise do controle por regras.
levados em conta para uma compreensão
Psicologia USP, 21 (2), 253-273, 2010.
adequada de cada uma delas – e talvez para
131
Evolvere Science, V. 3, N. 1, 2014
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“silent
dog”
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