0 UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DCVida – DEPARTAMENTO DE CIENCIAS DA VIDA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM ONCOLOGIA TAÍSA SCHLOSSER ROMANI AGENTES ALQUILANTES – ESTUDO DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS IJUÍ – RS 2012 1 TAÍSA SCHLOSSER ROMANI AGENTES ALQUILANTES – ESTUDO DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Orientadora: MSc. Solange Maria Schmidt Piovesan Ijuí – RS 2012 2 AGENTES ALQUILANTES–ESTUDO DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Taísa Schlosser Romani1 Solange Maria Schmidt Piovesan2 RESUMO Objetivo: Auxiliar os profissionais da saúde na prevenção de interações medicamentosas indesejadas durante a instituição da terapia medicamentosa, buscando relatos de interações entre alguns agentes alquilantes, os quais foram selecionados devido a sua grande utilização em diversos protocolos e demais medicamentos usados por pacientes com câncer. Método: Trata-se de um estudo de revisão sistemática. Os dados foram coletados por meio de busca eletrônica e levantamento bibliográfico. Resultados: Foram analisados os medicamentos: Cisplatina, Ciclofosfamida, Dacarbazina e Bussulfano da classe dos agentes alquilantes e suas interações com outros medicamentos usados por pacientes com câncer. Conclusão: Diante da importância das interações medicamentosas relatadas, verificou-se a necessidade da equipe médica, enfermeiros e farmacêuticos ter conhecimento sobre os medicamentos administrados pelos pacientes, afim de, promover a eficácia terapêutica e melhoria da qualidade de vida do paciente. Descritores: Agentes Alquilantes. Interações medicamentosas. Quimioterapia. Câncer. 1 Farmacêutica, Pós-graduanda do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Oncologia 2° Edição. Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. UNIJUI – RS. E mail: [email protected] 2 Enfermeira Sanitarista, Mestre em Educação nas Ciências, Servidora pública da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Ijuí, Docente do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. UNIJUI – RS. E mail: [email protected] 3 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 04 2 METODOLOGIA...........................................................................................................07 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 08 3.1 Cisplatina....................................................................................................................... 11 3.2 Ciclofosfamida.............................................................................................................. 13 3.3 Dacarbazina................................................................................................................... 14 3.4 Bussulfano.................................................................................................................... 14 4 CONCLUSÃO.................................................................................................................16 BIBLIOGRAFIA............................................................................................................... 17 4 1 INTRODUÇÃO Os agentes antineoplásicos mais empregados no tratamento do câncer incluem os alquilantes polifuncionais, antimetabólitos, antibióticos antitumorais, inibidores mitóticos, entre outros. Os agentes alquilantes são os antineoplásicos mais estudados e considerados os agentes antitumorais mais usados na atualidade. Segundo Almeida et al (2005), os agentes alquilantes formam ligações cruzadas com os filamentos de DNA impedindo sua replicação e com isso destróem as células em repouso ou em processo de divisão ativa, e por conseqüência há a formação de citotoxicidade pela reação cruzada com a outra fita de DNA. Pesquisas antes e durante o período da Segunda Guerra levaram a importantes conclusões sobre efeitos biológicos das mostardas nitrogenadas e em 1946 determinaram que os efeitos eram devidos à alquilação. Os tecidos com alta taxa de proliferação eram mais suscetíveis aos agentes alquilantes e cânceres como leucemias e linfomas que também apresentavam alta taxa de proliferação eram muito suscetíveis a estes agentes. Segundo Goodman & Gilman (2006), os agentes alquilantes são divididos em classes (Quadro 1). Quadro 1: Agentes alquilantes úteis em doenças neoplásicas _________________________________________________________________________ Classe Agentes Alquilantes Tipo de Agente Nomes Genéricos Mostardas Nitrogenadas Mecloretamina Ciclofosfamida, ifosfamida Melfalana Clorambucila Etileneiminas e metilmelaminas Derivados da metilidrazina Alquil sulfonato Nitrosuréias Triazenos Alretamina, Tiotepa Procarbazina Bussulfano Carmustina, Estreptozocina Dacarbazina,Temozolomid 5 Segundo o INCA, o tratamento antineoplásico pode ser realizado com a aplicação de um ou mais quimioterápicos. No entanto, o uso de drogas isoladas (monoquimioterapia) mostrou-se ineficaz em induzir respostas completas ou parciais significativas, na maioria dos tumores, sendo atualmente de uso muito restrito. A poliquimioterapia é de eficácia comprovada e tem como objetivos atingir populações celulares em diferentes fases do ciclo celular, utilizar a ação sinérgica das drogas, diminuir o desenvolvimento de resistência às drogas e promover maior resposta por dose administrada (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2012). Os protocolos de tratamento farmacológico envolvem complexa polifarmácia, durante e após a quimioterapia antineoplásica, especialmente na terapia de suporte. São utilizados medicamentos antineoplásicos, antimicrobianos, antieméticos, analgésicos, entre outros, que, invariavelmente, são necessários e por isso prescritos de modo simultâneo em algum momento do tratamento (SECOLI et al, 2005). Dessa forma, a prescrição simultânea de vários medicamentos, proporciona maior conforto e menor risco de morte ao paciente que, invariavelmente, são necessários e, por isso, prescritos de modo simultâneo em algum momento do tratamento, situação que eleva o potencial para a ocorrência de interações medicamentosas (RIBEIRO et al, 2006). A interação medicamentosa é evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental. Quando dois medicamentos são administrados, concomitantemente, a um paciente, eles podem agir de forma independente ou interagirem entre si, com aumento ou diminuição de efeito terapêutico ou tóxico de um ou de outro (FORMULÁRIO TERAPÊUTICO NACIONAL, 2010). O risco de ocorrência de uma interação medicamentosa depende do número de medicamentos usados, da tendência que determinadas drogas têm para a interação e da quantidade tomada do medicamento (RIBEIRO et al, 2006). Considerando que muitos pacientes acometidos desta patologia são idosos (mais de 65 anos), portadores de várias comorbidades e usuários, em média, de quatro medicamentos não oncológicos, é fundamental que os médicos que acompanham esses pacientes tenham conhecimento das possíveis interações medicamentosas que possam causar prejuízo quando combinadas às drogas antineoplásicas (GAUI, 2010). Esta situação pode elevar a ocorrência de interações medicamentosas e poderá causar alterações nos efeitos de um dos medicamentos prescritos em razão da ingestão simultânea de outro medicamento (RIBEIRO et al, 2006). Diante do exposto e com o 6 aumento de casos de câncer no Brasil, é necessário a elaboração de protocolos para a administração de quimioterápicos de vários grupos Assim, este trabalho tem o objetivo de conhecer as principais interações medicamentosas de alguns medicamentos da classe dos agentes alquilantes, com revisão bibliográfica acerca das interações medicamentosas dos agentes antineoplásicos: cisplatina, ciclofosfamida, dacarbazina e bussulfano avaliando a presença de interações com medicamentos utilizados por esses pacientes com câncer, sendo os mesmos via oral ou parenteral e a conduta a ser realizada. 7 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica integrativa. Os critérios utilizados para a eleição dos resumos e artigos deveriam conter os seguintes descritores: agentes alquilantes, interações medicamentosas, quimioterapia e câncer. Os trabalhos estavam disponíveis na base de dados Scielo ( Scientific eletronic library on line), Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Com o descritor agentes alquilantes, foram identificados vinte e quatro artigos na base de dados Scielo e setenta e três artigos na Lilacs. Com o descritor interações medicamentosas foram identificadas setenta e três artigos na Lilacs e nove artigos no Scielo. Com os descritores quimioterapia e câncer foram encontrados vinte e cinco artigos no Scielo e 5.285 na Lilacs. O acervo foi lido, seguindo os critérios de exclusão. Os critérios de inclusão foram artigos publicados na íntegra, descritos na língua portuguesa, que tratavam acerca do tema em questão. Foram excluídos os que não de adequaram ao tema proposto. Do total de artigos analisados, foram selecionados quatro artigos do Scielo e três artigos do Lilacs, totalizando assim, sete artigos que se constituem nosso objetivo de análise. Foram analisadas interações medicamentosas com os seguintes grupos de medicamentos: Antibióticos; Antibióticos antineoplásicos; ● Antineoplásicos – inibidor mitótico; ● Antineoplásicos – taxóide; Diuréticos; ● Analgésicos; Anticonvulsivantes; ● Antagonista H2 da Histamina; Antigotoso; ● Antiarrítmicos; Anticoagulantes; ● Anti-inflamatórios; Antidiabéticos; ● Alcalóides da Vinca. Antifúngicos; Antidepressivo fitoterápico; Antiparkinsonianos; 8 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram estudadas a presença de interações medicamentosas dos seguintes medicamentos: Cisplatina, Ciclofosfamida, Dacarbazina e Bussulfano. Após a leitura analítica dos artigos selecionados, os dados foram sistematizados e são apresentados na tabela 1, que inclui as variáveis estudadas: título, periódico, autores, objetivos e conclusão. Titulo Câncer e agentes antineoplásicos ciclo-celular específicos e ciclo-celular não-específicos que interagem com o DNA da célula Periódico Química Nova. vol.28 no.1 São Paulo. Jan./Fev.2005 Autores Almeida, Vera Lúcia; Leitão, Andrei ; Reina, Luisa del Carmen Barret; Montanari, Carlos Alberto; Donnici, Claudio Luis ; Lopes, Mirian Teresa Paz. Agentes Alquilantes: reações adversas e complicações hematológicas Ciência News. vol. 01 no.01. Dez 2009 Ferdinandi, Damiana; Ferreira, Adriano Araújo. Objetivo Apresentar as aplicações farmacológicas dos agentes quimioterápicos mais utilizados e correlacionar com as principais aplicações em tipos de neoplasias específicas. Conclusão Os dados demonstram que há uma ampla utilização clínica dos agentes antineoplásicos quimioterápicos que interagem com o DNA para as diversas neoplasias, o que comprova a enorme importância desta classe de fármacos e corrobora o grande interesse acadêmico e tecnológico no desenvolvimento de novos análogos mais eficientes e menos tóxicos. O tratamento quimioterápico se apresenta como a conduta de escolha para a maioria das terapias antineoplásicas,sendo, os agentes alquilantes os medicamentos mais antigos e utilizados para este fim. Portanto estes agentes possuem capacidade de causar reações adversas e complicações hematológicas. Relatar os mecanismos relacionados com o desenvolvimento das neoplasias, bem como as principais características dos agentes alquilantes, e sua relação com as complicações hematológicas na quimioterapia antineoplásica. Preparação de Escola Teixeira,Ana Verificar em que Tomando em Medicamentos Superior de Maria; Simões, condições de consideração todas as citotóxico: Tecnologia Ana Rita; trabalho decorre condições de trabalho e, 9 riscos da Saúde de Tabaquinho, profissionais e Lisboa, 2001. Sonia. condições de trabalho a preparação de citotóxicos e se resultam em riscos para os profissionais de saúde. Interações Revista Gaui, Maria de Medicamentosas Onco, Ago Fátima Dias. no Paciente 2010 Oncológico Auxiliar os médicos na prescrição de pacientes com câncer por meio da revisão das principais toxicidades dos agentes antineoplásicos e os mecanismos de interações entre drogas oncológicas e medicamentos gerais e de suporte. relativamente ao grupo controle, observouse risco relativo para uma série de sinais e sintomas,comprovando estatisticamente, apenas,irritação ocular, irritação crônica da garganta e queda de cabelo. No entanto, para os sintomas tosse crônica, tosse quando deitado, dores no peito, hipertensão, hiperpigmentação das unhas, diminuição da líbido e anemia, verificamos uma maior probabilidade de relação com a exposição à preparação de medicamentos citotóxicos, não podendo ser estatisticamente comprovado o risco relativo obtido. O tratamento do paciente com câncer representa um grande desafio para os médicos, demandando um cuidado multidisciplinar e interdisciplinar e uma compreensão da biologia da doença, do seu tratamento e suas interações com as comorbidades a que esse paciente, por suas características, está sujeito. É essencial adquirir uma compreensão completa de sua farmacologia, de suas interações medicamentosas e da farmacocinética para o uso seguro e efetivo. 10 Um Novo Newsletter Escobar, Modelo para a Cientifico do Graziela. Oncologia Centro de Combate ao Câncer. 1ª ed. vol 01. Jan 2010 Polifarmácia em Leucemia Mielóide Aguda: administração e interação de medicamentos Abordar a importância da Assistência Farmacêutica na área de oncologia e o impacto que pode causar no tratamento do paciente oncológico. Prática Secoli,Silvia Apresentar o Hospitalar. ed Regina; perfil do 37. Jan./Fev. Padilha, Kátia tratamento 2005 Grillo. farmacológico dos pacientes com LMA e analisar o aprazamento da prescrição realizado pela equipe de enfermagem A ausência de um modelo aplicável para a realidade do paciente oncológico no Brasil, a sobrecarga de tarefas do farmacêutico em oncologia e a mudança de cultura necessária para a continuidade do programa são os fatores críticos que devem ser superados no momento inicial do planejamento de implantação da Assistência Farmacêutica, porém esta superação é viável e se faz necessária para melhoria no atendimento do paciente oncológico. É fundamental que a equipe profissional (médico, enfermeiro, farmacêutico)compartilhe conhecimentos e saiba identificar os medicamentos interativos, no intuito de implementar medidas preventivas de interações medicamentosas. 11 Antibióticos antitumorais: um estudo das interações medicamentosas dos produtos padronizados no hospital Napoleão Laureano Pró-reitoria Ribeiro,Hariad; Descrever de extensão e Wanderley, relatos de assuntos Roseane . interações entre comunitários o grupo de (PRAC) da antibióticos e Universidade demais Federal da antineoplásicos Paraíba. 2006 padronizados no hospital Napoleão Laureano. O reconhecimento e prevenção dos efeitos benéficos e maléficos trazidos por uma interação medicamentosa exigem total conhecimento dos efeitos pretendidos dos fármacos como o intuito de promover uma assistência a saúde do paciente com qualidade. Assim, diante da importância das interações medicamentosas relatadas, verificou-se a necessidade de incorporar no sistema de informações informatizado do hospital as interações medicamentosas significativas, alertando assim a equipe médica. Figura 1. Distribuição dos artigos selecionados, segundo titulo, periódico, autores e objetivo. 2012 Ao analisar as obras selecionadas, identifica-se que três delas versam acerca da importância e benefícios do conhecimento sobre as interações medicamentosas apresentadas pelos agentes antineoplásicos. Estas descrevem que os profissionais da saúde devem ter conhecimento sobre as possíveis interações medicamentosas dos quimioterápicos, afim de, melhorar a qualidade de vida dos pacientes oncológicos. As outras três obras, descrevem os agentes alquilantes, relatando seu mecanismo de ação, reações adversas e preparação. Uma obra relata a importância da atenção e assistência farmacêutica. Foi estudada a presença de interações medicamentosas dos seguintes medicamentos: cisplatina, ciclofosfamida, dacarbazina, bussulfano. Os resultados obtidos serão apresentados na forma de tabela: 3.1 Cisplatina A cisplatina é um medicamento antineoplásico com propriedades bioquímicas similares as dos agentes alquilantes bifuncionais. A cisplatina inibe a síntese do DNA pela produção de ligações cruzadas interfitas e intrafitas no DNA. As sínteses de proteínas e RNA também são inibidas, porém em menor extensão. Aparentemente não é específico do ciclo 12 celular. A cisplatina mostrou- se eficaz contra tumores sólidos: carcinoma da cabeça e pescoço, próstata e da bexiga. Dados preliminares indicam que a cisplatina é ativa também nos sarcomas, linfomas, câncer pulmonar, câncer esofagiano, câncer da tireóide, neuroblastoma e melanoma maligno (ANVISA, 2012). Agente alquilante, administrada por injeção ou infusão intravenosa lenta. É gravemente nefrotóxica, a não ser que sejam instituídos esquemas de hidratação e diurese. Apresenta baixa mielotoxicidade, porém provoca náuseas e vômitos muito intensos. Podem ocorrer zumbido e perda da audição da faixa de alta freqüência, bem como neuropatias periféricas, hiperuricemia e reações anafiláticas (RANG et al 2003). Na pesquisa das interações medicamentosas verificou-se que a cisplatina possui interação medicamentosa clinicamente significativa com medicamentos da classe de: antibióticos, diuréticos, anti-convulsivantes, anti-gotoso e antineoplásicos (HARIAD & WANDERLEY,2006; ANVISA, 2010). DROGA Aminoglicosídeo AÇÃO Aumenta o risco de nefrotoxicidade Furosemida Aumenta o risco de Nefrotoxicidade Doxorrubicina Possível sinergismo para certas neoplasias e possível aumentos da nefrotoxicidade Alcalóides da Vinca Aumento da neurotoxicidade Bleomicina Eliminação retardada da bleomicina e aumento de toxicidade pulmonar se administrado após a cisplatina Anti-convulsivante Os níveis plasmáticos de anti-convulsivantes podem tornar-se subterapêutico durante a terapia com cisplatina Medicamento anti-gotoso Pode aumentar a (alopurinol, colchicina) concentração de ácido úrico Docetaxel Aumenta os efeitos tóxicos da cisplatina (neutotóxico) Aminoglicosídeos, Aumenta os efeitos tóxicos capreomicina e vancomicina da cisplatina (nefrotóxicos, ototóxicos) CONDUTA Cautela Cautela Cautela e monitoramento renal Monitoramento Monitorar a excessiva toxicidade da bleomicina Monitorar e ajustar a dose, se necessário. Ajustar a dose e controlar a hiperuricemia. Monitoramento Monitoramento 13 3.2 Ciclofosfamida A ciclofosfamida é o agente alquilante mais amplamente utilizado em oncologia, além de ser útil como terapia imunossupressora em alguns pacientes renais. Disponível para uso oral e endovenoso é ativa no tratamento de diversos tumores sólidos e hemopatias malignas. A neutropenia geralmente é grave, porém de curta duração. Outros efeitos colaterais são alopecia, náusea, vômitos e mucosite. Quando empregada em altas doses em esquemas de preparação para transporte de medula óssea, pode causar necrose miocárdica e retenção inapropriada de sódio e água (SILVA, 2002). Na pesquisa das interações medicamentosas verificou-se que a ciclofosfamida possui interação medicamentosa clinicamente significativa com medicamentos da classe de: anticoagulantes, diuréticos, anti-gotoso, agentes antidiabéticos, antiarrítmico, Antagonista H2 da histamina e antifúngicos (GAUI, 2010). DROGA Varfarina Hidroclorotiazida Alopurinol Agentes Antidiabéticos Digoxina Cimetidina Cetoconazol, fluconazol, Amiodarona Dexametasona AÇÃO Efeito alterado pela ciclofosfamida CONDUTA Monitorar sinais de hemorragia. Pode ser necessário ajuste de dose da varfarina para manter o nível desejado de anticoagulação Aumenta o efeito da Monitorar paciente com relação ciclofosfamida à mielossupressão, mediante a obtenção periódica de hemograma Ocorre aumento da Monitorar com exames incidência de depressão da laboratoriais medula óssea Na administração conjunta Monitorar e ajustar a dose se ocorre potencialização do necessário efeito hipoglicêmico Reduz os efeitos Ajustar a dose Inibe o metabolismo Monitorar paciente hepático da ciclofosfamida Aumenta o efeito da Cautela ciclofosfamida Aumenta o efeito pulmonar Substituir tóxico das duas substâncias Aumenta o efeito da Monitorar e se necessário ciclofosfamida ajustar a dose da ciclofosfamida. 14 3.3 Dacarbazina A Dacarbazina, um pró-fármaco, exige ativação inicial pelo citocromo P450, através de uma reação de N-desmetilação., é ativada no fígado, e o composto resultante é subseqüentemente clivado na célula-alvo, liberando um derivado alquilante. Os efeitos adversos consistem em mielotoxicidade, náuseas e vômitos intensos (RANG et al 2003). A Dacarbazina é indicada no tratamento de melanoma maligno metastático. Além disto, é indicada na doença de Hodgkin como uma terapia de segunda linha quando em combinação com outros agentes eficazes (ANVISA, 2012). Na pesquisa das interações medicamentosas verificou-se que a ciclofosfamida possui interação medicamentosa clinicamente significativa com medicamentos da classe de: Antibióticos, antidepressivos, anticonvulsivantes, antiparkinsonianos, antigotosos, antineoplásicos ( ALMEIDA et al, 2005). DROGA Ciprofloxacino Erva-de-são-joão Carbamazepina Levodopa Paclitaxel Alopurinol AÇÃO Aumento do efeito e da toxicidade Fotossensibilização Redução do efeito da dacarbazina Redução dos efeitos da Levodopa Depressão da medula óssea Potencializa os efeitos do alopurinol CONDUTA Cautela Retirar a erva-de-são-joão Cautela Ajustar a dose Monitorar o paciente Ajustar a dose 3.4 Bussulfano O bussulfano é um agente alquilante bifuncional. Presume-se que seu mecanismo de ação seja através da ligação ao DNA, tendo sido isolados derivados di-guanil, porém a ligação cruzada entre as cadeias ainda não foi demonstrada de modo conclusivo (ANVISA, 2012). O bussulfano reduz a formação de granulócitos e plaquetas, quando administrado em doses baixas, e dos eritrócitos, em doses mais altas. Tem pouco ou nenhum efeito sobre o 15 tecido linfóide ou o trato gastrointestinal. É utilizado no tratamento da leucemia granulocítica crônica (RANG et al 2003). A toxicidade está relacionada à mielossupressão bem como trombocitopenia, além das náuseas, vômitos e diarréias Na pesquisa das interações medicamentosas verificou-se que a ciclofosfamida possui interação medicamentosa clinicamente significativa com medicamentos da classe de: anticonvulsivantes, antifúngicos, antigotoso, radioterapia e analgésicos ( FERDINANDI & FERREIRA, 2009). DROGA Fenitoína Itraconazol Metronidazol Probenecide Radiação Paracetamol AÇÃO Diminui os níveis e efeitos do bussulfano Aumento do risco de toxicidade pelo Bussulfano Aumento do risco de toxicidade pelo Bussulfano Pode elevar os níveis séricos e urinários de ácido úrico Amplificação dos efeitos colaterais em especial mielotoxicidade Reduz as concentrações do Bussulfano CONDUTA Cautela Monitorar o paciente( contagem sanguinea) Monitorar o paciente (contagem sanguinea) Ajustar a dose Monitorar os níveis sanguíneos Cautela 16 4 CONCLUSÃO Dos sete artigos estudados, observou-se que há uma ampla utilização clinica de medicamentos de suporte por pacientes portadores de câncer, o que comprova a importância do conhecimento sobre as interações medicamentosas. No decorrer deste estudo, deparamo-nos com uma série de interações medicamentosas, entre os grupos de medicamentos mais usados por pacientes encontra-se: antibióticos, antifúngicos, anticonvulsivantes, antigotosos, antiparkinsonianos, antidepressivos, analgésicos, anticoagulantes, radiação, antidiabéticos, antiarrítmicos, antagonista H2 da histamina e anti-inflamatório. Pode-se observar a importância que realizar a conduta correta, como no controle e monitoramento com exames laboratoriais e ajuste da dose do medicamento. A quimioterapia se apresenta como a conduta de escolha para a maioria das terapias antineoplásicas, sendo os agentes alquilantes os medicamentos mais antigos e utilizados para esse fim. O tratamento com combinações de várias agentes antineoplásicos, aumenta a toxicidade contra as células cancerosas, diminui a possibilidade de desenvolvimento de resistência a agentes individuais, mas aumenta a incidência de interações medicamentosas. O objetivo de analisar as interações medicamentosas de alguns medicamentos antineoplásicos da classe dos agentes alquilantes também pode ser considerado de relevância, pois é fundamental conhecer para poder informar aos profissionais da área da saúde a importância de minimizar essas interações, prestando assistência integral, tendo como preocupação central a preservação da qualidade de vida do paciente, pois é impossível evitar todos os danos causados por medicamentos ou pela combinação de medicamentos, mas, como muitos dos danos são causados pela seleção inadequada de associações, podem ser evitados. Neste contexto, conforme os objetivos propostos considera-se que este estudo tem suas limitações no número de fontes pesquisadas e não pretende esgotar o tema, mas oferece uma contribuição ao profissional da saúde na área de oncologia envolvido nos cuidados do paciente com câncer que exigem terapêuticas complexas. A redução do risco de interações farmacológicas envolve não só o prescritor do medicamento, mas sim toda a equipe multiprofissional, visando promover uma assistência a saúde do paciente com qualidade, na tentativa de minimizar os efeitos causados pelas interações de medicamentos. 17 BIBLIOGRAFIA ABRALE. Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. [acessado dia 07/09/2011]. Disponível em: http://www.abrale.org.br/doencas/cancer/index.php?area=cancer ALMEIDA VL, Leitão A, Reina LDCB, Montanari CA, Donnici CL. Câncer e agentes antineoplásicos ciclo-celular específicos e ciclo celular não-específicos que interagem com o DNA: uma introdução. Quím. Nova, vol.28, no.1, Jan./Feb. 2005. < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422005000100021 > Data de acesso: 05/01/2012 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. 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