POS ONCOLOGIA FORMATADO

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0
UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
DCVida – DEPARTAMENTO DE CIENCIAS DA VIDA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM ONCOLOGIA
TAÍSA SCHLOSSER ROMANI
AGENTES ALQUILANTES – ESTUDO DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
IJUÍ – RS
2012
1
TAÍSA SCHLOSSER ROMANI
AGENTES ALQUILANTES – ESTUDO DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Orientadora: MSc. Solange Maria Schmidt Piovesan
Ijuí – RS
2012
2
AGENTES ALQUILANTES–ESTUDO DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Taísa Schlosser Romani1
Solange Maria Schmidt Piovesan2
RESUMO
Objetivo: Auxiliar os profissionais da saúde na prevenção de interações medicamentosas
indesejadas durante a instituição da terapia medicamentosa, buscando relatos de interações
entre alguns agentes alquilantes, os quais foram selecionados devido a sua grande utilização
em diversos protocolos e demais medicamentos usados por pacientes com câncer. Método:
Trata-se de um estudo de revisão sistemática. Os dados foram coletados por meio de busca
eletrônica e levantamento bibliográfico. Resultados: Foram analisados os medicamentos:
Cisplatina, Ciclofosfamida, Dacarbazina e Bussulfano da classe dos agentes alquilantes e suas
interações com outros medicamentos usados por pacientes com câncer. Conclusão: Diante da
importância das interações medicamentosas relatadas, verificou-se a necessidade da equipe
médica, enfermeiros e farmacêuticos ter conhecimento sobre os medicamentos administrados
pelos pacientes, afim de, promover a eficácia terapêutica e melhoria da qualidade de vida do
paciente.
Descritores: Agentes Alquilantes. Interações medicamentosas. Quimioterapia. Câncer.
1
Farmacêutica, Pós-graduanda do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Oncologia 2° Edição. Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. UNIJUI – RS. E mail: [email protected]
2
Enfermeira Sanitarista, Mestre em Educação nas Ciências, Servidora pública da Secretaria Municipal de Saúde
do Município de Ijuí, Docente do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade do Noroeste do Estado
do Rio Grande do Sul. UNIJUI – RS. E mail: [email protected]
3
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 04
2 METODOLOGIA...........................................................................................................07
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 08
3.1 Cisplatina....................................................................................................................... 11
3.2 Ciclofosfamida.............................................................................................................. 13
3.3 Dacarbazina................................................................................................................... 14
3.4 Bussulfano.................................................................................................................... 14
4 CONCLUSÃO.................................................................................................................16
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................... 17
4
1 INTRODUÇÃO
Os agentes antineoplásicos mais empregados no tratamento do câncer incluem os
alquilantes polifuncionais, antimetabólitos, antibióticos antitumorais, inibidores mitóticos,
entre outros. Os agentes alquilantes são os antineoplásicos mais estudados e considerados os
agentes antitumorais mais usados na atualidade.
Segundo Almeida et al (2005), os agentes alquilantes formam ligações cruzadas
com os filamentos de DNA impedindo sua replicação e com isso destróem as células em
repouso ou em processo de divisão ativa, e por conseqüência há a formação de citotoxicidade
pela reação cruzada com a outra fita de DNA.
Pesquisas antes e durante o período da Segunda Guerra levaram a importantes
conclusões sobre efeitos biológicos das mostardas nitrogenadas e em 1946 determinaram que
os efeitos eram devidos à alquilação. Os tecidos com alta taxa de proliferação eram mais
suscetíveis aos agentes alquilantes e cânceres como leucemias e linfomas que também
apresentavam alta taxa de proliferação eram muito suscetíveis a estes agentes.
Segundo Goodman & Gilman (2006), os agentes alquilantes são divididos em
classes (Quadro 1).
Quadro 1: Agentes alquilantes úteis em doenças neoplásicas
_________________________________________________________________________
Classe
Agentes
Alquilantes
Tipo de Agente
Nomes Genéricos
Mostardas Nitrogenadas
Mecloretamina
Ciclofosfamida, ifosfamida
Melfalana
Clorambucila
Etileneiminas e metilmelaminas
Derivados da metilidrazina
Alquil sulfonato
Nitrosuréias
Triazenos
Alretamina, Tiotepa
Procarbazina
Bussulfano
Carmustina, Estreptozocina
Dacarbazina,Temozolomid
5
Segundo o INCA, o tratamento antineoplásico pode ser realizado com a aplicação
de um ou mais quimioterápicos. No entanto, o uso de drogas isoladas (monoquimioterapia)
mostrou-se ineficaz em induzir respostas completas ou parciais significativas, na maioria dos
tumores, sendo atualmente de uso muito restrito. A poliquimioterapia é de eficácia
comprovada e tem como objetivos atingir populações celulares em diferentes fases do ciclo
celular, utilizar a ação sinérgica das drogas, diminuir o desenvolvimento de resistência às
drogas e promover maior resposta por dose administrada (INSTITUTO NACIONAL DO
CÂNCER, 2012).
Os protocolos de tratamento farmacológico envolvem complexa polifarmácia,
durante e após a quimioterapia antineoplásica, especialmente na terapia de suporte. São
utilizados medicamentos antineoplásicos, antimicrobianos, antieméticos, analgésicos, entre
outros, que, invariavelmente, são necessários e por isso prescritos de modo simultâneo em
algum momento do tratamento (SECOLI et al, 2005). Dessa forma, a prescrição simultânea
de vários medicamentos, proporciona maior conforto e menor risco de morte ao paciente que,
invariavelmente, são necessários e, por isso, prescritos de modo simultâneo em algum
momento do tratamento, situação que eleva o potencial para a ocorrência de interações
medicamentosas (RIBEIRO et al, 2006).
A interação medicamentosa é evento clínico em que os efeitos de um fármaco são
alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico
ambiental. Quando dois medicamentos são administrados, concomitantemente, a um paciente,
eles podem agir de forma independente ou interagirem entre si, com aumento ou diminuição
de efeito terapêutico ou tóxico de um ou de outro (FORMULÁRIO TERAPÊUTICO
NACIONAL, 2010). O risco de ocorrência de uma interação medicamentosa depende do
número de medicamentos usados, da tendência que determinadas drogas têm para a interação
e da quantidade tomada do medicamento (RIBEIRO et al, 2006).
Considerando que muitos pacientes acometidos desta patologia são idosos (mais
de 65 anos), portadores de várias comorbidades e usuários, em média, de quatro
medicamentos não oncológicos, é fundamental que os médicos que acompanham esses
pacientes tenham conhecimento das possíveis interações medicamentosas que possam causar
prejuízo quando combinadas às drogas antineoplásicas (GAUI, 2010).
Esta situação pode elevar a ocorrência de interações medicamentosas e poderá
causar alterações nos efeitos de um dos medicamentos prescritos em razão da ingestão
simultânea de outro medicamento (RIBEIRO et al, 2006). Diante do exposto e com o
6
aumento de casos de câncer no Brasil, é necessário a elaboração de protocolos para a
administração de quimioterápicos de vários grupos
Assim, este trabalho tem o objetivo de conhecer as principais interações
medicamentosas de alguns medicamentos da classe dos agentes alquilantes, com revisão
bibliográfica acerca das interações medicamentosas dos agentes antineoplásicos: cisplatina,
ciclofosfamida, dacarbazina e bussulfano avaliando a presença de interações com
medicamentos utilizados por esses pacientes com câncer, sendo os mesmos via oral ou
parenteral e a conduta a ser realizada.
7
2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica integrativa. Os critérios utilizados
para a eleição dos resumos e artigos deveriam conter os seguintes descritores: agentes
alquilantes, interações medicamentosas, quimioterapia e câncer. Os trabalhos estavam
disponíveis na base de dados Scielo ( Scientific eletronic library on line), Lilacs (Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde).
Com o descritor agentes alquilantes, foram identificados vinte e quatro artigos na
base de dados Scielo e setenta e três artigos na Lilacs. Com o descritor interações
medicamentosas foram identificadas setenta e três artigos na Lilacs e nove artigos no Scielo.
Com os descritores quimioterapia e câncer foram encontrados vinte e cinco artigos no Scielo e
5.285 na Lilacs. O acervo foi lido, seguindo os critérios de exclusão.
Os critérios de inclusão foram artigos publicados na íntegra, descritos na língua
portuguesa, que tratavam acerca do tema em questão. Foram excluídos os que não de
adequaram ao tema proposto. Do total de artigos analisados, foram selecionados quatro
artigos do Scielo e três artigos do Lilacs, totalizando assim, sete artigos que se constituem
nosso objetivo de análise.
Foram analisadas interações medicamentosas com os seguintes grupos de
medicamentos:
 Antibióticos;
 Antibióticos antineoplásicos;
● Antineoplásicos – inibidor mitótico;
● Antineoplásicos – taxóide;
 Diuréticos;
● Analgésicos;
 Anticonvulsivantes;
● Antagonista H2 da Histamina;
 Antigotoso;
● Antiarrítmicos;
 Anticoagulantes;
● Anti-inflamatórios;
 Antidiabéticos;
● Alcalóides da Vinca.
 Antifúngicos;
 Antidepressivo fitoterápico;
 Antiparkinsonianos;
8
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram estudadas a presença de interações medicamentosas dos seguintes
medicamentos: Cisplatina, Ciclofosfamida, Dacarbazina e Bussulfano.
Após a leitura analítica dos artigos selecionados, os dados foram sistematizados e
são apresentados na tabela 1, que inclui as variáveis estudadas: título, periódico, autores,
objetivos e conclusão.
Titulo
Câncer
e
agentes
antineoplásicos
ciclo-celular
específicos
e
ciclo-celular
não-específicos
que interagem
com o DNA da
célula
Periódico
Química
Nova. vol.28
no.1
São
Paulo.
Jan./Fev.2005
Autores
Almeida, Vera
Lúcia; Leitão,
Andrei ; Reina,
Luisa
del
Carmen Barret;
Montanari,
Carlos Alberto;
Donnici,
Claudio Luis ;
Lopes, Mirian
Teresa Paz.
Agentes
Alquilantes:
reações adversas
e complicações
hematológicas
Ciência
News. vol. 01
no.01. Dez
2009
Ferdinandi,
Damiana;
Ferreira,
Adriano
Araújo.
Objetivo
Apresentar
as
aplicações
farmacológicas
dos
agentes
quimioterápicos
mais utilizados e
correlacionar
com
as
principais
aplicações em
tipos
de
neoplasias
específicas.
Conclusão
Os dados demonstram que
há uma ampla utilização
clínica
dos
agentes
antineoplásicos
quimioterápicos
que
interagem com o DNA
para
as
diversas
neoplasias,
o
que
comprova
a
enorme
importância desta classe
de fármacos e corrobora o
grande
interesse
acadêmico e tecnológico
no desenvolvimento de
novos análogos mais
eficientes
e
menos
tóxicos.
O
tratamento
quimioterápico
se
apresenta
como
a
conduta de escolha para
a maioria das terapias
antineoplásicas,sendo, os
agentes alquilantes os
medicamentos
mais
antigos e utilizados para
este fim. Portanto estes
agentes
possuem
capacidade de causar
reações
adversas
e
complicações
hematológicas.
Relatar
os
mecanismos
relacionados
com
o
desenvolvimento
das neoplasias,
bem como as
principais
características
dos
agentes
alquilantes,
e
sua relação com
as complicações
hematológicas
na quimioterapia
antineoplásica.
Preparação de Escola
Teixeira,Ana
Verificar em que Tomando
em
Medicamentos
Superior de Maria; Simões, condições
de consideração todas as
citotóxico:
Tecnologia
Ana
Rita; trabalho decorre condições de trabalho e,
9
riscos
da Saúde de Tabaquinho,
profissionais e Lisboa, 2001. Sonia.
condições
de
trabalho
a preparação de
citotóxicos e se
resultam
em
riscos para os
profissionais de
saúde.
Interações
Revista
Gaui, Maria de
Medicamentosas Onco, Ago Fátima Dias.
no
Paciente 2010
Oncológico
Auxiliar
os
médicos
na
prescrição
de
pacientes com
câncer por meio
da revisão das
principais
toxicidades dos
agentes
antineoplásicos
e os mecanismos
de
interações
entre
drogas
oncológicas
e
medicamentos
gerais
e
de
suporte.
relativamente ao
grupo controle, observouse risco relativo para uma
série
de
sinais
e
sintomas,comprovando
estatisticamente,
apenas,irritação
ocular,
irritação crônica da
garganta e queda de
cabelo. No entanto, para
os sintomas tosse crônica,
tosse
quando deitado,
dores
no
peito,
hipertensão,
hiperpigmentação
das
unhas, diminuição da
líbido
e
anemia,
verificamos uma maior
probabilidade de relação
com a exposição à
preparação
de
medicamentos
citotóxicos, não podendo
ser estatisticamente
comprovado
o
risco
relativo obtido.
O tratamento do paciente
com câncer representa um
grande desafio para os
médicos, demandando um
cuidado multidisciplinar
e interdisciplinar e uma
compreensão da biologia
da doença, do seu
tratamento
e
suas
interações
com
as
comorbidades a que
esse paciente, por suas
características,
está
sujeito.
É
essencial
adquirir
uma
compreensão completa de
sua farmacologia, de suas
interações
medicamentosas e da
farmacocinética para o
uso seguro e efetivo.
10
Um
Novo Newsletter
Escobar,
Modelo para a Cientifico do Graziela.
Oncologia
Centro
de
Combate ao
Câncer. 1ª ed.
vol 01. Jan
2010
Polifarmácia em
Leucemia
Mielóide
Aguda:
administração e
interação
de
medicamentos
Abordar
a
importância da
Assistência
Farmacêutica na
área
de
oncologia e o
impacto
que
pode causar no
tratamento
do
paciente
oncológico.
Prática
Secoli,Silvia
Apresentar
o
Hospitalar. ed Regina;
perfil
do
37. Jan./Fev. Padilha, Kátia tratamento
2005
Grillo.
farmacológico
dos
pacientes
com LMA e
analisar
o
aprazamento da
prescrição
realizado pela
equipe
de
enfermagem
A ausência de um modelo
aplicável para a realidade
do paciente oncológico no
Brasil, a sobrecarga de
tarefas do farmacêutico
em oncologia e a mudança
de cultura necessária para
a
continuidade
do
programa são os fatores
críticos que devem ser
superados no momento
inicial do planejamento de
implantação da
Assistência
Farmacêutica, porém esta
superação é viável e se faz
necessária para melhoria
no
atendimento
do
paciente oncológico.
É fundamental que a
equipe
profissional
(médico,
enfermeiro,
farmacêutico)compartilhe
conhecimentos e saiba
identificar
os
medicamentos interativos,
no intuito de implementar
medidas preventivas de
interações
medicamentosas.
11
Antibióticos
antitumorais:
um estudo das
interações
medicamentosas
dos
produtos
padronizados no
hospital
Napoleão
Laureano
Pró-reitoria
Ribeiro,Hariad; Descrever
de extensão e Wanderley,
relatos
de
assuntos
Roseane .
interações entre
comunitários
o
grupo
de
(PRAC) da
antibióticos
e
Universidade
demais
Federal
da
antineoplásicos
Paraíba. 2006
padronizados no
hospital
Napoleão
Laureano.
O reconhecimento e
prevenção dos efeitos
benéficos e maléficos
trazidos por uma interação
medicamentosa exigem
total conhecimento dos
efeitos pretendidos dos
fármacos como o intuito
de
promover
uma
assistência a saúde do
paciente com qualidade.
Assim, diante
da
importância das interações
medicamentosas
relatadas, verificou-se a
necessidade de incorporar
no sistema de informações
informatizado do hospital
as
interações
medicamentosas
significativas, alertando
assim a equipe médica.
Figura 1. Distribuição dos artigos selecionados, segundo titulo, periódico, autores e objetivo.
2012
Ao analisar as obras selecionadas, identifica-se que três delas versam acerca da
importância e benefícios do conhecimento sobre as interações medicamentosas apresentadas
pelos agentes antineoplásicos. Estas descrevem que os profissionais da saúde devem ter
conhecimento sobre as possíveis interações medicamentosas dos quimioterápicos, afim de,
melhorar a qualidade de vida dos pacientes oncológicos. As outras três obras, descrevem os
agentes alquilantes, relatando seu mecanismo de ação, reações adversas e preparação. Uma
obra relata a importância da atenção e assistência farmacêutica.
Foi estudada a presença de interações medicamentosas dos seguintes
medicamentos: cisplatina, ciclofosfamida, dacarbazina, bussulfano. Os resultados obtidos
serão apresentados na forma de tabela:
3.1 Cisplatina
A cisplatina é um medicamento antineoplásico com propriedades bioquímicas
similares as dos agentes alquilantes bifuncionais. A cisplatina inibe a síntese do DNA pela
produção de ligações cruzadas interfitas e intrafitas no DNA. As sínteses de proteínas e RNA
também são inibidas, porém em menor extensão. Aparentemente não é específico do ciclo
12
celular. A cisplatina mostrou- se eficaz contra tumores sólidos: carcinoma da cabeça e
pescoço, próstata e da bexiga. Dados preliminares indicam que a cisplatina é ativa também
nos sarcomas, linfomas, câncer pulmonar, câncer esofagiano, câncer da tireóide,
neuroblastoma e melanoma maligno (ANVISA, 2012).
Agente alquilante, administrada por injeção ou infusão intravenosa lenta. É
gravemente nefrotóxica, a não ser que sejam instituídos esquemas de hidratação e diurese.
Apresenta baixa mielotoxicidade, porém provoca náuseas e vômitos muito intensos. Podem
ocorrer zumbido e perda da audição da faixa de alta freqüência, bem como neuropatias
periféricas, hiperuricemia e reações anafiláticas (RANG et al 2003).
Na pesquisa das interações medicamentosas verificou-se que a cisplatina possui
interação medicamentosa clinicamente significativa com medicamentos da classe de:
antibióticos, diuréticos, anti-convulsivantes, anti-gotoso e antineoplásicos (HARIAD &
WANDERLEY,2006; ANVISA, 2010).
DROGA
Aminoglicosídeo
AÇÃO
Aumenta
o
risco
de
nefrotoxicidade
Furosemida
Aumenta
o
risco
de
Nefrotoxicidade
Doxorrubicina
Possível sinergismo para
certas neoplasias e possível
aumentos da nefrotoxicidade
Alcalóides da Vinca
Aumento
da
neurotoxicidade
Bleomicina
Eliminação retardada da
bleomicina e aumento de
toxicidade pulmonar se
administrado
após
a
cisplatina
Anti-convulsivante
Os níveis plasmáticos de
anti-convulsivantes podem
tornar-se
subterapêutico
durante a terapia com
cisplatina
Medicamento
anti-gotoso Pode
aumentar
a
(alopurinol, colchicina)
concentração de ácido úrico
Docetaxel
Aumenta os efeitos tóxicos
da cisplatina (neutotóxico)
Aminoglicosídeos,
Aumenta os efeitos tóxicos
capreomicina e vancomicina da cisplatina
(nefrotóxicos, ototóxicos)
CONDUTA
Cautela
Cautela
Cautela e monitoramento
renal
Monitoramento
Monitorar
a
excessiva
toxicidade da bleomicina
Monitorar e ajustar a dose,
se necessário.
Ajustar a dose e controlar a
hiperuricemia.
Monitoramento
Monitoramento
13
3.2 Ciclofosfamida
A ciclofosfamida é o agente alquilante mais amplamente utilizado em
oncologia, além de ser útil como terapia imunossupressora em alguns pacientes renais.
Disponível para uso oral e endovenoso é ativa no tratamento de diversos tumores sólidos e
hemopatias malignas. A neutropenia geralmente é grave, porém de curta duração. Outros
efeitos colaterais são alopecia, náusea, vômitos e mucosite. Quando empregada em altas doses
em esquemas de preparação para transporte de medula óssea, pode causar necrose miocárdica
e retenção inapropriada de sódio e água (SILVA, 2002).
Na
pesquisa
das
interações
medicamentosas
verificou-se
que
a
ciclofosfamida possui interação medicamentosa clinicamente significativa com medicamentos
da classe de: anticoagulantes, diuréticos, anti-gotoso, agentes antidiabéticos, antiarrítmico,
Antagonista H2 da histamina e antifúngicos (GAUI, 2010).
DROGA
Varfarina
Hidroclorotiazida
Alopurinol
Agentes Antidiabéticos
Digoxina
Cimetidina
Cetoconazol, fluconazol,
Amiodarona
Dexametasona
AÇÃO
Efeito alterado pela
ciclofosfamida
CONDUTA
Monitorar sinais de hemorragia.
Pode ser necessário ajuste de
dose da varfarina para manter o
nível desejado de
anticoagulação
Aumenta o efeito da
Monitorar paciente com relação
ciclofosfamida
à mielossupressão, mediante a
obtenção periódica de
hemograma
Ocorre
aumento
da Monitorar
com
exames
incidência de depressão da laboratoriais
medula óssea
Na administração conjunta Monitorar e ajustar a dose se
ocorre potencialização do necessário
efeito hipoglicêmico
Reduz os efeitos
Ajustar a dose
Inibe
o
metabolismo Monitorar paciente
hepático da ciclofosfamida
Aumenta o efeito da Cautela
ciclofosfamida
Aumenta o efeito pulmonar Substituir
tóxico das duas substâncias
Aumenta o efeito da Monitorar e se necessário
ciclofosfamida
ajustar a dose da ciclofosfamida.
14
3.3 Dacarbazina
A Dacarbazina, um pró-fármaco, exige ativação inicial pelo citocromo P450, através de uma reação de N-desmetilação., é ativada no fígado, e o composto resultante é
subseqüentemente clivado na célula-alvo, liberando um derivado alquilante. Os efeitos
adversos consistem em mielotoxicidade, náuseas e vômitos intensos (RANG et al 2003).
A Dacarbazina é indicada no tratamento de melanoma maligno metastático.
Além disto, é indicada na doença de Hodgkin como uma terapia de segunda linha quando em
combinação com outros agentes eficazes (ANVISA, 2012).
Na
pesquisa
das
interações
medicamentosas
verificou-se
que
a
ciclofosfamida possui interação medicamentosa clinicamente significativa com medicamentos
da
classe
de:
Antibióticos,
antidepressivos,
anticonvulsivantes,
antiparkinsonianos,
antigotosos, antineoplásicos ( ALMEIDA et al, 2005).
DROGA
Ciprofloxacino
Erva-de-são-joão
Carbamazepina
Levodopa
Paclitaxel
Alopurinol
AÇÃO
Aumento do efeito e da
toxicidade
Fotossensibilização
Redução do efeito da
dacarbazina
Redução dos efeitos da
Levodopa
Depressão da medula óssea
Potencializa os efeitos do
alopurinol
CONDUTA
Cautela
Retirar a erva-de-são-joão
Cautela
Ajustar a dose
Monitorar o paciente
Ajustar a dose
3.4 Bussulfano
O bussulfano é um agente alquilante bifuncional. Presume-se que seu mecanismo
de ação seja através da ligação ao DNA, tendo sido isolados derivados di-guanil, porém a
ligação cruzada entre as cadeias ainda não foi demonstrada de modo conclusivo (ANVISA,
2012).
O bussulfano reduz a formação de granulócitos e plaquetas, quando administrado
em doses baixas, e dos eritrócitos, em doses mais altas. Tem pouco ou nenhum efeito sobre o
15
tecido linfóide ou o trato gastrointestinal. É utilizado no tratamento da leucemia granulocítica
crônica (RANG et al 2003).
A toxicidade está relacionada à mielossupressão bem como trombocitopenia,
além das náuseas, vômitos e diarréias
Na pesquisa das interações medicamentosas verificou-se que a ciclofosfamida
possui interação medicamentosa clinicamente significativa com medicamentos da classe de:
anticonvulsivantes, antifúngicos, antigotoso, radioterapia e analgésicos ( FERDINANDI &
FERREIRA, 2009).
DROGA
Fenitoína
Itraconazol
Metronidazol
Probenecide
Radiação
Paracetamol
AÇÃO
Diminui os níveis e
efeitos do bussulfano
Aumento do risco de
toxicidade
pelo
Bussulfano
Aumento do risco de
toxicidade
pelo
Bussulfano
Pode elevar os níveis
séricos e urinários de
ácido úrico
Amplificação dos efeitos
colaterais em especial
mielotoxicidade
Reduz as concentrações
do Bussulfano
CONDUTA
Cautela
Monitorar
o
paciente(
contagem sanguinea)
Monitorar
o
paciente
(contagem sanguinea)
Ajustar a dose
Monitorar os níveis sanguíneos
Cautela
16
4 CONCLUSÃO
Dos sete artigos estudados, observou-se que há uma ampla utilização clinica de
medicamentos de suporte por pacientes portadores de câncer, o que comprova a importância
do conhecimento sobre as interações medicamentosas.
No decorrer deste estudo, deparamo-nos com uma série de interações
medicamentosas, entre os grupos de medicamentos mais usados por pacientes encontra-se:
antibióticos,
antifúngicos,
anticonvulsivantes,
antigotosos,
antiparkinsonianos,
antidepressivos, analgésicos, anticoagulantes, radiação, antidiabéticos, antiarrítmicos,
antagonista H2 da histamina e anti-inflamatório.
Pode-se observar a importância que realizar a conduta correta, como no controle e
monitoramento com exames laboratoriais e ajuste da dose do medicamento. A quimioterapia
se apresenta como a conduta de escolha para a maioria das terapias antineoplásicas, sendo os
agentes alquilantes os medicamentos mais antigos e utilizados para esse fim.
O tratamento com combinações de várias agentes antineoplásicos, aumenta a
toxicidade contra as células cancerosas, diminui a possibilidade de desenvolvimento de
resistência a agentes individuais, mas aumenta a incidência de interações medicamentosas.
O objetivo de analisar as interações medicamentosas de alguns medicamentos
antineoplásicos da classe dos agentes alquilantes também pode ser considerado de relevância,
pois é fundamental conhecer para poder informar aos profissionais da área da saúde a
importância de minimizar essas interações, prestando assistência integral, tendo como
preocupação central a preservação da qualidade de vida do paciente, pois é impossível evitar
todos os danos causados por medicamentos ou pela combinação de medicamentos, mas, como
muitos dos danos são causados pela seleção inadequada de associações, podem ser evitados.
Neste contexto, conforme os objetivos propostos considera-se que este estudo tem
suas limitações no número de fontes pesquisadas e não pretende esgotar o tema, mas oferece
uma contribuição ao profissional da saúde na área de oncologia envolvido nos cuidados do
paciente com câncer que exigem terapêuticas complexas.
A redução do risco de interações farmacológicas envolve não só o prescritor do
medicamento, mas sim toda a equipe multiprofissional, visando promover uma assistência a
saúde do paciente com qualidade, na tentativa de minimizar os efeitos causados pelas
interações de medicamentos.
17
BIBLIOGRAFIA
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário Terapêutico
Nacional 2010: Rename 2010/Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. – 2.
ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
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