Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação Autora: Myrian Veras Baptista PROFESSORA: DENISE CARDOSO Planejamento estratégico procura ver este processo sob um novo paradigma, que é caracterizado por uma nova forma de pensar, nova racionalidade, uma nova forma de agir; tem como enfoque central as relações de poder (o aspecto político). Implica: • nova forma de pensar: do pensamento funcional passa para o pensamento dialético. • nova racionalidade: de normativa / estratégica e racional objetiva X substancial, passa para reiterativa / criadora. O planejamento como processo que institucionaliza a tomada de decisão, envolve alguns passos (itens) a saber: 1.Refletir: (reconstruir o objetivo) tendo como ponto de partida: a demanda institucional, as dimensões do objeto (singularidade), o espaço de alcance da ação profissional / a sede / a sociedade. Planejamento é um instrumento que dá vida a prática, é ao mesmo tempo um processo e um instrumento. Como processo é a ação planejada, como instrumento se transforma num documento que norteia as ações. • Este processo tem uma característica fundamental: é técnico, administrativo e político. • É um processo político porque se envolve a tomada de decisão e decide quem tem o poder decisório. - nova forma de agir: 1.- no propósito: do crescimento, da mudança e da legitimação. 2.nas respostas: de imediativa passa para reiterativa e para criadora. 3.nas relações de poder:descentralização; desburocratização; flexibilidade; relação entre sujeitos e (deserarquização). 2 - Conhecer: descrever / interpretar / explicar / compreender o objeto (o estudo da situação e as circunstâncias). 3- Decidir: estabelecer prioridades / objetivos / metas. 4- Projetar: sistematizar e redigir o plano / programa / projeto. 5- Executar: implementar / organizar / agir. 6- Controlar: relatório de resultados. 7- Analisar: relatório de avaliação. • Na fase do conhecimento (conhecer) são necessários os conhecimentos teóricos, pois os conceitos definem como se vai trabalhar e dão sustentação para as explicações que a teoria oferece para as diferentes situações da prática. Operacionalizar conceitos significa compatibilizálos a um marco de referência, tendo em vista sua posterior utilização prática, propiciando; • um marco de referência para a ação; • a coleta e o registro de dados empíricos; • maior precisão à descrição e à interpretações de dados; • maior facilidade de comunicação entre especialistas, entre a equipe planejadora e a população e entre estas e a instituição, possibilitando a interpretação dos conceitos expressos sem ambigüidades. • A pesquisa empírica desses indicadores permite a mensuração de dados concretos de realidade, isto é, o alcance dos índices dos indicadores, que informa em que proporção aquele indicador incide na realidade observada. • Operacionalização de conceitos; procura estabelecer uma relação entre os componentes da situação não diretamente observáveis com elementos passíveis de observação direta. Consiste na identificação de um conjunto de elementos que representam esses componentes e de indicadores que permitam sua observação empírica, a coleta e o registro de dados, buscando sua utilização no planejamento • A construção de um sistema de indicadores se faz pela decomposição dos elementos identificados como relevantes para o conceito em aspectos observáveis empiricamente, quantificáveis e escalonáveis quanto à sua força relativa no contexto da questão. • Para análise desses dados há que confrontá-los com parâmetros: padrões indicativos das possibilidades de variação de proporcionalidade intrínsecas a cada aspecto estudado e de seus significados. Esses parâmetros são obtidos através da acumulação e da universalização de informações sobre o comportamento dos indicadores em diferentes espaços geográficos e conjunturas históricas • Parâmetro: é uma referência teórica para os indicadores, é um processo histórico. Você está aquém, além ou dentro dos parâmetros (nível aceitável); se você está no limite, está em situação de necessidade. Se você está abaixo do esperado está em situação de crise. • Avaliação de Eficácia (alcance do objetivo) se não foi eficaz – houve um defeito de projeto), necessariamente precisa de pesquisa para verificar, após um período de tempo, como encontram-se as pessoas que participaram do projeto. INTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL NO MODELO BRASILEIRO • PLANO PLURIANUAL, instrumento de ordenação das ações governamentais a serem implementadas a médio prazo (4 anos), elaborado no 1º ano do mandato atual e abrangendo até o 1º ano do mandato seguinte. • Avaliação de eficiência: faz-se a partir dos dados de controle, ver se o problema estava no projeto ou na execução e detectar o porquê ocorreram mudanças e suas causas. Avaliação do funcionamento da máquina (pessoal, equipamento, etc) e a capacidade da equipe de se adaptar a realidade. • Avaliação de Efetividade: colocar em choque a alternativa, ou seja, não opera mudança na problemática geral, ex.: a política pública atende 20.000 crianças em creches, quando a demanda é de 2.000.000. • LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS, instrumento disciplinador da elaboração do Orçamento Público, de modo a adequá-lo às prioridades, necessidades e limitações da administração pública. • LEI DE MEIOS, ou LEI ORÇAMENTÁRIA, ou ORÇAMENTO ANUAL, que compreende a previsão e a autorização para a arrecadação das receitas e realização das despesas públicas. • PLANOS : Conjunto de ações e decisões de ordem política, social e econômica que têm por objetivo direcionar os esforços da administração pública para a satisfação do bem comum, contemplando determinadas áreas (funções) da ação governamental ; • é um conjunto de atividades devidamente descritas, especificadas, quantificadas em termos fí físicosico-financeiros, e ordenadas em PROGRAMAS. Um Plano, portanto, é formado por esses “subsub-conjuntos” conjuntos” de aç ações previstas para causar uma mudanç mudança extrema (e definitiva) no quadro que pretende modificar. • A execução de um projeto é algo que modifica definitivamente a realidade que lhe antecede, de modo a solucionar uma demanda corretiva. A distinção essencial entre um e outro, é que o PROGRAMA (ações temporárias), além de ser entendido como um coletivo de PROJETOS, tem duração continuada até que o PLANO (ações permanentes) seja concluído, pressupondo ações de médio e longo prazos, enquanto que um PROJETO normalmente é executado no curto prazo (esforços temporários) . PROJETOS : Consiste na discriminação das ações previstas e necessárias ao atendimento de objetivos precisos, dimensionados quanti-qualitativamente e executáveis segundo um cronograma físico—financeiro previamente estabelecido; • PROGRAMAS : conjuntos de atividades específicas, orientadas para a solução de problemas igualmente específicos. A unidade de cada programa é um PROJETO, que tanto pode ser de Engenharia como de qualquer outra espécie . PROJETOS As principais caracterí características dos projetos: 1) temporá temporários, possuindo um iní início e um fim definidos; • 2) planejados, executados e controlados; • 3)entregam produtos, serviç serviços ou resultados exclusivos; 4)desenvolvidos em etapas e incrementados por elaboraç elaboração progressiva; 5) realizados por pessoas e 6) com recursos limitados. POLÍTICA E POLÍTICAS SOCIAIS • Denomina-se política a ciência de bem governar um povo, constituído em Estado. Em um Estado democrático, essa governabilidade é exercida pelo poder público, via representantes conduzidos ao poder, direta ou indiretamente, pelo povo. objetivo estabelecer os princípios que se mostrem indispensáveis à realização de um governo, tanto mais perfeito, quanto seja o desejo de conduzir o Estado ao cumprimento de suprir as necessidades da população. POLÍTICA E POLÍTICAS SOCIAIS • Quando o Estado busca, em suas realizações, o atendimento a necessidades sociais básicas da população, seja através de garantias e ações concernentes à assistência social, saúde, educação, segurança etc., verifica-se a implementação e efetivação da política social por parte daquele. • Um modo de produção que se funda na desigualdade e na exploração da força de trabalho. Um modo de produção onde a política é a política definida pelas classes dominantes e que responde aos interesses desta. A política social não foge a esta regra. • Nesta perspectiva, a política social é uma gestão estatal da força de trabalho e do preço da força de trabalho. Ressaltamos que entendemos, por força de trabalho todos os indivíduos que só têm a sua força de trabalho para vender e garantir sua subsistência, independente de estarem inseridos no mercado formal de trabalho. • No modo capitalista de produção da vida social, a classe capitalista detém os poderes político e econômico, determinando, assim, toda a vida social. Há que se considerar que numa sociedade capitalista democrática, alguns aspectos da vida social são decididos coletivamente, fundamentalmente aquelas decisões que não impliquem em mudanças substanciais no modo de produção. • A política social é uma política, própria das formações econômico-sociais capitalistas contemporâneas, de ação e controle sobre as necessidades sociais básicas das pessoas não satisfeitas pelo modo capitalista de produção. É uma política de mediação entre as necessidades de valorização e acumulação do capital e as necessidades de manutenção da força de trabalho disponível para o mesmo. • Esclarecendo: a política social, de qualquer forma que seja manifestada, é garantida e efetivada apenas com o custeio dos próprios beneficiários, ou seja, dos trabalhadores assalariados. • Tal custeio é imposto ao trabalhador ante a justificativa de ser ele o mantenedor de todo um conjunto de “benefícios concedidos” pelo Estado em prol da classe trabalhadora. • estas políticas devem assegurar a continuidade do nível de vida em caso de ocorrência de certos riscos inerentes à vida moderna, como desemprego e incapacidade para o trabalho, e evitar a pobreza. Estas mesmas razões são por Kneip (2003) classificadas em econômicas e políticas (funcionais) e normativas (éticas). Sob a perspectiva econômica, a política social serve como estabilizador da conjuntura; na ótica da política ela serve à integração dos distintos grupos sociais e fomenta a lealdade e legitimidade; sob o ponto de vista da ética, ela fornece a justificativa moral para a intervenção do Estado na vida dos cidadãos para além dos limites estritamente funcionais de um estado mínimo. AS POLÍTICAS PÚBLICAS SÃO LINHAS OU ESTRATÉGIAS DE AÇÃO COLETIVA, DO ESTADO E DA SOCIEDADE DE INTERVENÇÃO NA REALIDADE, PARA A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS DE CIDADANIA. COMO TAIS DIREITOS SÃO ABSTRATOS, ELAS ATUAM COMO MEDIADORAS NA CONCRETIZAÇÃO DE TAIS DIREITOS (LIMA, 1996) Goodim et al. (2002) mencionam logo seis razões para a existência de políticas sociais: • apoiar eficiência econômica, • minimizar a pobreza, • fomentar a integração e • evitar a exclusão social, • assegurar estabilidade e fomentar a igualdade sociais • e proteger a autonomia individual. Visto na perspectiva da mobilidade social, cabe à política social a equiparação,até certo grau, das condições de vida, desvinculando a distribuição social das oportunidades da origem das pessoas. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS POLÍTICAS PÚBLICAS: DAS 1.Universalidade do atendimento 2.Uniformidade e equivalência dos serviços 3.Seletividade e distributividade 4.Equidade 5.Diversidade da base de financiamento. • BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL • Os movimentos sociais Brasileiros, só tiveram reconhecimento em meados de 1960, quando surgiram os primeiros movimentos de luta contra a política vigente, ou seja, a população insatisfeita com as transformações ocorridas tanto no campo econômico e social. (LISBOA, 1988) • BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL • O processo de industrialização brasileiro, provocou mudanças na sociedade, ou seja, criou-se uma série de expectativas na população, que lutava para melhorar seu padrão de vida. A industrialização provocou o êxodo rural, muitas famílias em busca de uma vida melhor, saíram do campo em busca de emprego nos grandes centros, outros foram expulsos devido a modernização no campo. • Estes fatos provocaram outros problemas sociais, o crescimento desordenado das cidades, o aparecimento do trabalho assalariado e o desemprego, são alguns destes problemas. • Em conseqüência surgem os primeiros movimentos, que até então só eram reconhecidos como movimento de classe, ou seja, da classe operária. As lutas dos operários que reivindicavam melhores condições de trabalho e salários maiores • Esses movimentos sociais eram considerados como tradicionais, pois não tinham força para se organizarem, onde estavam sempre ligados a algum partido com interesse próprio. Outros movimentos sociais necessariamente se viram obrigados a se unirem ao movimento de classe, ou seja, aos trabalhadores, para ganhar força como movimento de massa, os movimentos sociais viviam a subordinação e o autoritarismo dessas organizações políticas, que tinham toda uma postura ideológica. • A partir da década de 1970, surge uma nova idéia de movimento social, que será totalmente inovador, colocando em questão uma nova compreensão sobre a vida política econômica e social do povo. Esses novos movimentos, tem a capacidade de auto se organizarem, não se vinculando a nenhum tipo de organização, sendo a sua única preocupação a igualdade entre os membros e buscando sempre superar algum tipo de carência, pois só assim alcançaram-se alguns objetivos. (LISBOA , 1988). Existem vários tipos de movimentos sociais no Brasil, mas os que mais tiveram repercussão foram os movimentos urbanos e o movimentos de luta pela terra. Dentre os movimentos urbanos destacam-se: • Movimento de bairros; • Movimento dos favelados; • Luta de inquilinos; • Movimento dos sem teto. Já os movimentos que lutam pela terra, sempre tiveram maiores repercussões, pois é uma luta que parece nunca ter fim. Esse problema tem suas raízes no período de colonização do Brasil, onde as terras foram mal distribuídas. Outro fator que tem contribuído para a exploração dos camponeses assentados e com a quase extinção desta classe é o processo de modernização no campo, que tem substituído cada vez mais a força do trabalho familiar, que muitas vezes acaba levando a ser um trabalhador assalariado. • As redes de movimentos tem crescido muito no Brasil nos últimos tempos, e ainda de forma hipotética, "as redes de movimentos que vem se formando no Brasil apresentam características em comum: busca de articulação de atores e movimentos sociais e culturais; transnacionalidade; pluralismo organizacional e ideológico; atuação nos campos cultural e político.” • as redes de comunicação e informação tem crescido muito entre as ONGs. Para buscar articulação e necessário trocar informações, e preciso trocar experiências culturais e sociais. Com o advento da globalização e as possibilidades criadas pelas novas tecnologias, através das redes, ultrapassa-se as barreiras do Estado-Nação, assim cria-se a necessidade de estar de acordo com a transnacionalidade. Um outro movimento social que merece destaque são os movimentos contra as barragens, que lutam pela sobrevivência e pela natureza. • Segundo a socióloga Ilse SCHERERWARREN, no Brasil ha três principais categorias de agentes políticos que tem buscado se articular com organizações populares e contribuir para articulação entre organizações, no sentido da formação de um movimento mais abrangente. São agentes oriundos do movimento sindical, principalmente da CUT, outros de partidos políticos de esquerda, com destaque para o PT; e aqueles que realizam um trabalho de mediação junto a movimentos populares através das ONGs(Organizacoes nao-governamentais). • Para que essa articulação seja eficiente e permanente é preciso criar redes de comunicação e informação usando todo o acesso possível as novas tecnologias disponíveis no mercado. Explorar as contradições da concorrência de mercado na área de novas tecnologias, pode trazer brechas e alternativas importantes para os movimentos sociais rumo a articulações internacionais.