Filosofia e Metafísica: Obras de Cecília Meireles Esse texto são

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Filosofia e Metafísica: Obras de Cecília Meireles
Esse texto são anotações minhas feitas durante uma palestra que assisti de uma filósofa
de Brasília. São palavras dela e meu conseqüente desenvolvimento sobre o tema
abordado.
1- Filosofia e Poesia
A visão que Platão tem da poesia é muitas vezes vista de modo errado, como se
Platão não gostasse e admirasse a poesia. Segundo Platão, o poeta tinha uma visão três
vezes mais afastada da idéia do que o artesão, por exemplo, pois o artesão ver a idéia e
materializa, e o poeta apenas escreve ou declama algo não palpável, como se fosse um
cópia da cópia, e por causa disso, a idéia, que é considerada divina para Platão, podia
sofrer deturpações. Por exemplo, como ensinar mitologia grega para uma criança?
Como descrever que o Titã Cronos comia seus próprios filhos na mitologia grega? Uma
criança levaria isso ao pé da letra e a mitologia seria vista de forma mal vista pela
criança que já criaria uma aversão a mitologia. Por isso a mitologia deve ser ensinada,
segundo Platão, para pessoas de grau mais avançado. O significado de Cronos, o senhor
do tempo, que engolia seus filhos, simboliza o tempo que a todos consome, e Zeus, um
dos filhos de Cronos que viria se tornar o Deus dos deuses derrota o próprio pai, que
simboliza a sabedoria vencendo o tempo dos homens. Kayrós, que é o Deus do tempo
oportuno, dizem que ele quando vem passa ligeiro, como as oportunidades que nos
aparecem e nós temos que estar preparados para pegar essas oportunidades, pois como
são ligeiras, podem passar por nós tão rápido que podemos perder a chance de alcançálas.
Para Platão, primeiro para os guardiões deveria ser ensinado à matemática, por
essa ciência está mais próxima da verdade, e conseqüentemente, a música seria ensinada
primeiro do que a ginástica, por que primeiro se educa a alma, e depois o corpo; e para
Platão na música já estaria incluída a poesia e a dança. Os poetas para os gregos eram
considerados os serviçais das musas, pois as musas é que inspiravam esses poetas. A
função divina do poeta é nos lembrar dessas idéias divinas de forma mais pura possível.
2- Adentrando em Cecília Meireles
Hoje a gente ver a solidão como um mal, mas existe a solidão filosófica que faz
você pensar em si mesmo, e conhecendo melhor a si mesmo, conheceremos melhor o
próximo. Lembremos que mesmo estando acompanhados, podemos estar sozinhos na
multidão, porém, no caso de Cecília Meireles, a solidão ajudou na sua obra, pois ela era
adepta da solidão filosófica. O poeta, como era Cecília, ás vezes com a sensibilidade
aguçada ver a superficialidade da vida e puxa o ser para o alto. Na poesia “Motivo” do
livro “Viagem” que foi musicada por Fagner, mostra não um poeta alegre ou triste,
aliais, mostra essas duas faces sem se identificar com elas, vendo por cima, como
observador, como uma águia. Na poesia “Epigrama” do livro “Mar Absoluto” foi uma
forma de se definir. A passagem do arco-íris lembra quem busca o alto, e também
lembra a esperança em algumas tradições, uma ponte. A poesia “Beira-Mar” do livro
“Mar Absoluto” fala da percepção do homem e da matéria e da dualidade da matéria,
expor o contraste e chegar a uma conclusão: o mar, que é tudo, que tem haver com o
absoluto.
Como Nietzsche diz no seu livro “Assim falou Zaratustra”: “O homem é um rio
turvo, onde o mar é seu destino”. Na poesia “Cantiguinha” do livro “Vaga Música” ela
fala de alguns sofrimentos do mundo, mas que não são seus. Na poesia “Último Andar –
Poemas infantis” do livro “Isto ou aquilo” ela faz pensar numa criança escrevendo a
poesia do último andar. Na poesia “Exercício” do livro “Dispersos” ensina que a vida é
feita de derrotas e vitórias. Agora vamos adentrar num livro bem mais metafísico, que
veio a luz em 1981, mas acredita-se que foi escrito em 1927, o nome do livro se chama
“Cânticos”, vamos aqui abordar trechos que foram enumerados no livro. Na poesia “I”
fala da percepção plena de tudo. Na poesia “II” lembramos uma velha filosofia de
guerra que diz que o homem de hoje, o homem cinza, que não é branco nem preto, mas
morno, está entediado com o presente, se arrepende do passado e fantasia o futuro. A
filosofia nos ensina que o homem deve buscar com que há de melhor no passado, viver
o presente, e antecipar o futuro. Na poesia “VI” faz uma referência à ave mitológica
Fênix que ressurgi das próprias cinzas. Na poesia “VIII” lembra uma abordagem da
filosofia estóica que diz que o problema não é a vida que é curta, mas que mal
utilizamos o tempo que nos é dado. Na poesia “XII” lembra muito Helena Blavatsky
que não foi autorizada a escrever nas escolas de mistério do Tibet no século 19, e que
tinha que memorizar tudo, ou pelo menos tentar absolver muita coisa que os mestres
diziam; e assim, ela trouxe para o ocidente o oriental livro: “A voz do silêncio”, que por
questões meramente de estratégia e burocráticas, ela colocou como se fosse ela a autora,
mas não teve nada de plágio como muitos disseram na época.
Na poesia “XIII” lembra Shiva, o Deus da destruição na tradição hindu. É a
terceira pessoa da trindade hinduísta; a primeira é Brahma, o Deus Criador, e a segundo
pessoa é Vishnu, o Deus Renovador, que vem para renovar aquilo que foi criador por
Brahma. A função de Shiva está em destruir o que está gasto e o que não tem mais
sentido para assim dar espaço para surgir o novo e assim Brahma entrar de novo na
história. Esse ciclo de criação, renovação e destruição é eterno. Na poesia “XXVI” vejo
que o filósofo não vai fazer muito diferente do que se fazia antes de se tornar filósofo,
mas vai dar sentido as coisas que fazia, encaminhar o curso da sua vida, e não “deixar a
vida nos levar” como diz numa música brasileira. Por fim digo que a palavra oratória
vem do latim, e no latim quer dizer algo relacionado à oração, portanto, ao sagrado.
Então juntando o útil ao agradável e como eu disse numa poesia minha, “Meu nome é
poeta” do livro “A Flor e o Beija-flor”: “Declamai a poesia/Pois não é feito para isso?/
Pros outros.../ De tantos outros.../ Mundos (...)/ De tantas outras.../ Cores./(...)/
Declamai a poesia/ Ao som do violão/ Na brisa Celeste/ Ao som da sanfona/ Na
caatinga Serena/ No sereno frio da noite do sertão!”
Autor: Victor da Silva Pinheiro
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