Resumo - Unemat

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POTENCIAL ALELOPÁTICO E SOMBREAMENTO DE
COBERTURA MORTA DE FOLHAS DE Annona Dioica E Xylopia
aromatica SOBRE PLANTAS DANINHAS
Kellyr Medeiros Pereira¹ ; Miriam Hiroko Inoue²; Mônica Josene Barbosa Pereira² ; Ana Cássia
Silva Possamai¹; Diogo Carneiro de San tana¹
1 Acadêmico do curso de Agronomia – UNEMAT. Campus Universitário de Tangará da Serra – [email protected] ; 2 Professor a Orientadora, Depto de
Agronomia, UNEMAT. [email protected]
RESUMO: Este trabalho objetivou avaliar o potencial alelopático e o efeito de
sombreamento das folhas Annona dioica e Xylopia aromatica sobre emergência de
plantas daninhas em casa de vegetação . Dois experimentos foram conduzidos num
delineamento em blocos casualizados com quatro tratamentos e qua tro repetições.
Em cada experimento foram utilizadas folhas de A. dioica ou X. aromatica nas
quantidades de 0, 5, 10 e 20 t ha -1 adicionadas em cobertura sobre o solo dos vasos.
A planta daninha de maior incidência foi o leiteiro (Euphorbia heterophylla L.) e de
menor incidência foi o melão de São Caetano ( Momordica charantia L). Os
resultados indicam que as coberturas de A. dioica e X. aromatica foram capazes de
reduzir a emergência de plantas daninhas, atribuindo-se inicialmente ao efeito físico
e posteriormente ao pos sível potencial alelopático, sendo a cobertura de A. dioica
mais responsiva.
Palavras-Chave: alelopatia, sombreamento, plantas daninhas.
INTRODUÇÃO
Atualmente, há um crescente esforço no sentido de reduzir os prejuízos
decorrentes da competição das plantas daninhas com culturas tradicionais , que
resultam em queda de produtividade (Andrade e Ramalho, 1995). Certamente a
implantação de pesquisas voltadas ao controle das daninhas é de grande
importância, neste sentido, o estudo dos efeitos alelopáticos pod e contribuir na
busca de uma agricultura sustentável. Existem diversos mecanismos de liberação de
aleloquímicos, sendo que no processo de decomposição, realizado pelos
microrganismos que agem sobre os polímeros dos tecidos, podem liberar para o
ambiente os constituintes químicos sendo ele provido do material vegetal ou do
metabolismo dos microrganismos (SOUZA FILHO e ALVES, 2002).
Os efeitos das coberturas devem ser analisados sobre o aspecto físico,
biológico e químico (PITELLI , 1995 citado por SANTOS et al, 2001). Vários fatores
ambientais influenciam a produção, acumulação, transformação e decomposição
dessas substâncias químicas, como; temperatura, pH, disponibilidade de oxigênio e
a umidade (SOUZA FILHO e ALVES, 2002).
Diante desse contexto, a cobertura morta de folhas de Annonaceae poderá
contribuir na busca de uma agricultura sustentável, uma vez que N ASCIMENTO et
al. (2003) relata que plantas da família Annonaceae possuem efeitos alelopáticos,
provenientes da substância bioativa conhecida como "acetog eninas de anonáceas".
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na casa de vegetação da Universidade do Estado de
Mato Grosso, campus de Tangará da Serra – MT, localizada na Rodovia MT 358,
Km 7, Jardim Aeroporto, a 14º04’58’’de latitude sul e 57º03’ 45’’ de longitude oeste,
com altitude de 321,5 metros. O solo utilizado foi Latossolo Vermelho distrófico. As
coletas de folhas de A. dioica e X. aromatica foram realizadas no distrito de
Deciolândia pertencente ao município de Diamantino – MT, em área de Cerrado.
Os experimentos foram montados em casa de vegetação, para tanto foi
utilizado 96 vasos de 10 litros contendo solo peneirado . Foram realizados quatro
tratamentos em cada experimento, sendo folhas frescas de A. dioica ou X.
aromatica, nas quantidades de 0, 5, 10 e 20 t ha-1 adicionadas em cobertura sobre o
solo dos vasos. As avaliações de densidade das plantas presentes foram realizadas
aos 7, 14, 21, 28, 35, 42, 49 dias após a montagem do experimento com a contagem
das plantas presentes em vasos, ut ilizando método de arranquio. Os dados foram
interpretados por meio de análise de variância e as médias foram comparadas
utilizando o teste de agrupamento TUKEY, a 5% de probabilidade (GEN ES, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pode-se observar na presença de A. dioica efeito de inibição na emer gência
de plantas daninhas aos 7 Dias Após Implantação do Experimento (DAI) nas
concentrações de 5, 10 e 20 t ha -1, o que mostra diferença significativ a em relação a
testemunha (Tabela 1). Este fato deve-se provavelmente ao efeito físico que a
cobertura da parte aérea de A. dioica proporcionou a emergência das plantas
daninhas. Segundo Buzatti (1999), a cobertura morta exerce forte influência física
sobre a emergência das plantas daninhas. Isto ocorre porque a cobertura vegetal
reduz a radiação solar, dificultado ou até mesmo inibindo a germinação das
sementes fotopositivas. Ainda segundo o autor, mesmo que a semente germine a
maioria das plântulas não tem energia suficiente para ultrapassar a barreira
mecânica imposta pela cobertura.
Para A. dioica utilizada em cobertura a diferença significativa das
concentrações de 5, 10 e 20 t ha -1, em relação à testemunha observada aos 28, 35 e
42 DAI (Tabelas 1), se deve principalmente ao potencial alelopático da cobertura
vegetal durante o processo de decomposição. Segundo Tokura e Nóbrega (2006),
na semeadura direta, os resíduos vegetais presentes na cobertura vegetal, têm
fundamental importância alelopátic a sobre as plantas infestantes .
Tabela 1
–
Efeito das folhas em cobertura da A. dioica no solo sobre o
desenvolvimento de plantas daninhas. Dados expressos em média de
plantas daninhas emergidas.
Números de Dias de Avaliações
Conc
(ton)
07
14
21
28
35
42
Total
0
6,5
Ac
3,2
Ad
1,7
Ad
11,5
Aa
9,0
Ab
11,5
Aa
43,4
5
3,0
Bab
2,0
ABabc
1,0
Abc
3,5
Ba
0,7
Bc
3,5
Ba
13,7
10
0,7
Ca
1,5
Aba
0,7
Aa
1,2
Ca
0,5
Ba
1,2
Ca
5,8
20
1,0
Ca
0,7
Ba
0,2
Aa
1,0
Ca
0,2
Ba
1,0
Ca
4,1
Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na li nha, não diferem pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade. C.V.= 45,73%.
Contudo, conforme o mater ial vegetal utilizado, não foi observado resultados
significativos em relação à testemunha no tratamento com X. aromatica aos 14, 21 e
28 DAI (Tabela 2), possivelmente por ainda não apresentarem sinai s de
decomposição. Sendo que, só houve interferência na em ergência das plantas
daninhas aos 7 DAI, resultado este do efeito físico da cobertura vegetal , e aos 35 e
42 DAI onde já se iniciou o processo de decomposição da cobertura vegetal. Esses
resultados podem ser atribuídos ao fato de que a decomposição desses materiais a
partir dos 35 DAI possam ter liberado para o ambiente, compostos alelopáticos que
influenciaram negativamente na emergência das plantas daninhas. Prates et al.
(2003) obtiveram resultados semelhantes com o uso de 40 t ha -1 de leucena
(Leucaena leucocephala ), em condições de campo, que proporcionou controle no
desenvolvimento das plantas daninhas. Segundo os autores a leucena pode ter
reduzido a população de plantas daninhas, devido à libe ração para o solo de
substâncias com ação alelopátic a (AKOBUNDU et al., 1999; CHOU e KUO, 1986),
além do efeito físico de cobertura do solo.
Tabela 2
–
Efeito das folhas em cobertura da X. aromatica no solo sobre o
desenvolvimento de plantas daninhas. Dad os expressos em média de
plantas daninhas emergidas.
Números de Dias de Avaliações
Conc
(ton)
07
14
21
28
35
42
Total
0
11,0
Aa
3,2
Ac
1,7
Ac
2,0
Ac
8,5
Ab
11,5
Aa
37,5
5
3,0
Bbc
2,2
Abcd
1,0
Acd
0,2
Ad
3,5
Bb
5,7
Ba
15,6
10
3,7
Ba
1,7
Aab
0,7
Ab
1,2
Ab
0,7
Cb
3,5
Ca
11,5
20
4,0
Ba
3,2
Aab
0,5
Ac
0,2
Ac
1,5
Cbc
2,7
Cab
12,1
Médias seguidas da mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na li nha, não diferem pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade. C.V.= 31,69%.
De modo geral, os resultados apresentados nas Tabelas 1 e 2, indicam que
as folhas de A. dioica e X. aromatica reduziram a emergência das plantas daninhas
em relação à testemunha. Estes resultados estão associados a dois processos:
interferência física e alelopática. Uma vez que houve barreira física das folhas da
planta doadora logo nas primeiras avaliações, mas assim que aumenta os DAI, com
a decomposição da parte aérea (folhas), estes valores se mantiveram significativo
em relação à testemunha o que pode se atribuir ao potencial alelopático e o efeito
físico da planta doadora.
CONCLUSÃO
Os resultados evidenciam que a s coberturas de A. dioica e X. aromatica
promoveram inibição na emergência de plantas daninhas devido a dois fatores:
inicialmente pela barreira física imposta pela cobe rtura morta e, posteriormente, as
substancias alelopáticas que foram liberadas pelos materiais vegetais , observou-se
ainda melhor controle das plantas invasoras por parte da cobertura de folhas de A.
dioica, comparada às folhas de X. aromatica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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v.39, p.241-256, 1999.
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CHOU, C.H.; KUO, Y.L. Allelopathic research of subtropical vegetation in taiwan. III.
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NASCIMENTO, F.C.; BOAVENTURA, M.A.D.; ASSUNCAO, A.C.S.; PIMENTA,
L.P.S. Acetogeninas de anonáceas isoladas de folhas de Rollinia laurifolia. Química
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PRATES, H.T.; PIRES, N.M.; PEREIRA FILHO, I.A. Controle de plantas daninhas na
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GENES - Sistema para Análises Estatísticas , 2003.
SANTOS, J. C. F. et al. Influência alelopática das coberturas mortas de casca de
café (coffea arabica l.) a casca de arroz (oryza sativa L.) sobre o controle do caruru de-mancha (amaranthus Viridis l.) em lavoura de café. Ciência e Agrotecnologia .
Lavras, v.25, n.5, p. 1105 -1118, 2001.
SOUZA FILHO, A.P.S. Alelopatia: das primeiras observações aos atuais conceitos.
In: SOUZA FILHO, A.P.S; ALVES, S. M. Alelopatia, princípios básicos e aspectos
gerais. Belém: Embrapa, p.15-23, 2002.
TOKURA, L.K.; NÓBREGA, L.H.P. Alelopatia de cultivos de cobertura vegetal sobre
plantas infestantes. Acta Scientiarum Agronomy , v.28, n.3, p.379-384, 2006.
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