Apostila de Infecçoes Sistema do Nervoso

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BRUNA FERREIRA BERNERT
LUIZ FERNANDO BLEGGI TORRES
ISBN 978-85-913880-1-1
APOSTILA DE NEUROPATOLOGIA – INFECÇÕES DO SISTEMA
NERVOSO CENTRAL
1a edição
Curitiba
Bruna Ferreira Bernert
2012
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Dr. Luiz Fernando Bleggi Torres 1
Bruna Ferreira Bernert 2
1.  Professor Titular de Patologia Médica – UFPR, Pesquisador do Instituto Pelé Pequeno
Príncipe, PhD em Neuropatologia (Londres), Curitiba - Paraná
2 . Acadêmica da Universidade Federal do Paraná, Curitiba - Paraná
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De acordo com evolução cronológica, agente
etiológico e local de comprometimento:
1 – Meningite
• Infecções agudas bacterianas (piogênicas) ou virais
(assépticas) que comprometem as leptomeninges e o LCR
2 – Abscesso
cerebral
• Infecções bacterianas agudas dos espaços subdurais
(empiema subdural) ou do parênquima do SNC (abscesso
cerebral)
3–
Meningoencefalite
4 - Encefalite
5 – Fúngicas e
parasitárias
• Infecções bacterianas ou virais crônicas do cérebro e
meninges
• Infecção viral aguda, subaguda ou crônica do cérebro
• Inflamação granulomatosa
Disseminação
Hematogênica
Implantação
direta
Extensão local
Transporte
axonal
•  Mais comum
•  Em geral, arterial
•  Em geral, traumática
•  De uma infecção estabelecida em um
seio da face, normalmente
•  Ao longo de nervos periféricos
•  Por certos vírus, como o da raiva e
herpes zoster
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Piogênica aguda – usualmente meningite
bacteriana
Asséptica – usualmente meningite viral aguda
Crônica – usualmente tuberculosa, por
espiroqueta ou criptocócia
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Os microorganismos variam com a idade do paciente:
*Neonatos: Escherichia coli e estreptococos do grupo B
*Crianças pequenas: Streptococcus pneumoniae
(Haemophilus influenzae, reduzido com a imunização)
*Adolescentes e adultos jovens: Neisseria meningitidis
*Idosos: Streptococcus pneumoniae e Listeria monocytogenes
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Sinais sistêmicos de infecção
Evidência clínica de irritação meníngea e
comprometimento neurológico:
Cefaléia
Fotofobia
Irritabilidade
Alteração do nível de consciência
Rigidez de nuca
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Cor: Turvo ou purulento
Celularidade: aumentada, às custas de
neutrófilos
P re s s ã o : a u m e n t a d a , d e v i d o a m a i o r
viscosidade
Glicose: diminuída por consumo bacteriano
Cloretos: diminuídos por consumo bacteriano
Proteínas: aumentadas por destruição de
neutrófilos e necrose tecidual
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LCR turvo ou purulento
Exsudato nas leptomeninges sobre a superfície
do cérebro
Vasos meníngeos ingurgitados (dilatação das
artérias, para facilitar o acesso de células e
proteínas do plasma ao local inflamado hiperemia ativa; há também dilatação das veias
meníngeas, mas esta é secundária à dilatação
das artérias) ¨ 
-SN edemaciado
-Congestão acentuada
-Secreção purulenta intensa
Bactérias em proliferação consomem
glicose e cloreto do LCR. Ocorre
atração de células inflamatórias, como
os neutrófilos, que liberam enzimas,
provocando destruição tecidual e lise
bacteriana, levando a um aumento no
teor protéico do líquor, um aspecto
m a c ro s c ó p i c o p u ru l e n t o e u m
aumento na pressão liquórica.
-SN edemaciado
-Vasos meníngeos ingurgitados
-Secreção purulenta intensa
¨ 
Peça 7: Meningite aguda purulenta
Inflamação acentuada, com exsudato purulento na leptomeninge ; aspecto opaco
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Peça 7: Meningite aguda purulenta
Inflamação acentuada, com exsudato nas leptomeninges ; aspecto opaco
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Neutrófilos preenchem todo o espaço subaracnóideo
(comprometimento severo)
Predomínio de neutrófilos em torno dos vasos
sanguíneos leptomeníngeos (casos menos severos)
Meningite não tratada: visualização de
microorganismos pelo método de Gram
Possíveis complicações: fibrose leptomeníngea e
hidrocefalia
***Aracnoidite adesiva crônica: fibrose aracnóidea induzida
por um exsudato gelatinoso produzido por polissacarídeos
capsulares do organismo. Ocorre em algumas infecções,
particularmente na meningite peneumocócica.
Giro cerebral
Sulco cerebral
Espaço subaracnóideo repleto de
material inflamatório e fibras
protéicas
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Lâmina N08B – Meningite Aguda
* Espaço subaracnóideo preenchido por células inflamatórias (neutrófilos)
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Lâmina N08B – Meningite Aguda
• Vaso congesto
• Marginação leucocitária – saída de leucócitos dos vasos por diapedese
¨ 
Lâmina N08B – Meningite Aguda
• Líquor repleto de células inflamatórias (o líquor normal é acelular)
¨ 
Lâmina N08B – Meningite Aguda
• Produtos da degradação celular: restos de citoplasma bacteriano e/ou de
neutrófilos
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Etiologia viral, geralmente
Patógeno mais comum (80 % dos casos):
enterovírus (echovírus, coxsackievírus e
poliovírus)
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Irritação meníngea
Febre
Alterações da consciência de início agudo
Evolução menos fulminante que a da
meningite piogênica
Usualmente autolimitadas
Tratadas sintomaticamente
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Pleocitose linfocítica
Elevação moderada do nível de proteínas
Conteúdo de glicose quase sempre normal
* Observação: a meningite asséptica pode ser induzida por drogas, como
antibióticos e AINEs ou pela introdução de um irritante químico
(meningite “química”). Nestes casos, o LCR é estéril, há pleocitose com
neutrófilos e um conteúdo protéico elevado, porém o conteúdo de glicose
é usualmente normal.
¨ 
¨ 
Inchaço cerebral em alguns casos
Não há outras características macroscópicas
distinguíveis
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Pode estar normal
Pode haver infiltração leve a moderada das leptomeninges
por linfócitos.
§ Poliomielite
anterior aguda
-Infiltrado
meníngeo
Poliomielite anterior aguda
-Infiltrado inflamatório perivascular
¨ 
¨ 
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Infecção pelo Mycobacterium tuberculosis
F re q u e n t e m e n t e o c o r re n a f o r m a d e
meningoencefalite tuberculosa: infecção
bacteriana crônica do cérebro e meninges
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Sitomas comuns:
-Cefaléia
-Mal-estar
-Confusão mental
-Vômitos
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Pleocitose moderada: células mononucleares
o u m i s t u r a d e p o l i m o r f o n u c l e a re s e
monomorfonucleares
Nível de proteína frequentemente elevado
Conteúdo de glicose moderadamente reduzido
ou normal
¨ 
Espaço subaracnóideo contem um exsudato
gelatinoso ou fibrinoso (mais frequente na base do
crânio – obliteração de cisternas e englobação de
nervos cranianos)
¨ 
Grânulos brancos sobre as meninges
¨ 
Meningoencefalite difusa
¨ 
Aracnoidite adesiva fibrosa: pode ocorrer nos casos
de longa duração como uma forma de evolução da
meningite difusa
¨ 
¨ 
Grânulos brancos
sobre as meninges
Exsudato espesso e
leitoso preenchendo o
espaço subaracnóideo
d a b a s e c e re b r a l ,
especialmente do
quiasma óptico à
transição bulbopontina.
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¨ 
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Linfócitos, plasmócitos e macrófagos
Granulomas podem estar presentes, com
necrose caseosa e células gigantes
Microorganismos: podem ser visualizados em
coloração de Ziehl Neelsen
Endarterite obliterativa:
ocorre nas artérias do espaço subaracnóideo
infiltrado inflamatório nas paredes arteriais
espessamento da íntima
¨ 
Linfócitos
Histiócitos epitelióides
Célula gigante
¨ 
Necrose caseosa
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Bacilos de Koch (álcool-ácido resistentes) são vistos
entre as células inflamatórias na forma de bastonetes
corados pela
fucsina (em vermelho). ¨ 
Endarterite aguda : exsudato fibrino-leucocitário entre o endotélio e a média
Além das características citadas, pode haver
um tuberculoma:
-massa intraparenquimatosa, bem circunscrita
-única ou, frequentemente, múltipla
-pode se associar com meningite
-pode apresentar vários cm – efeito de massa
-Microscopia: núcleo central de necrose caseosa
circundado por reação granulomatosa;
calcificação nas lesões inativas
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Com contraste
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Lesão hiperdensa na
TC
Impregna fortemente
por contraste
Localizada ínsula D
Rodeada por edema.
¨ 
Impregnação da
meninge próxima ao
tuberculoma, que se
continua na meninge
da cisterna silviana
(portanto, meningite). ¨ 
Tuberculoma com necrose na porção central
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Necrose caseosa
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Fibrose aracnóidea – pode provocar hidrocefalia
Endarterite obliterativa oclusão arterial e
infarto cerebral subjacente
Comprometimento de raízes medulares
¨ 
Ingestão de ovos de Taenia solium por
hospedeiros intermediários (suínos ou
humanos). Estes ovos podem estar presentes na
comida ou água contaminada com fezes
humanas e, ao serem ingeridos, penetram na
parede intestinal, disseminam-se
hematogenicamente e encistam-se em muitos
órgãos, como o cérebro. As tênias adultas não
são produzidas com esse modo de infecção.
¨ 
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Os sintomas cerebrais dependem da localização
precisa dos cistos, que inclui as meninges,
substância branca e cinzenta, o aqueduto de Sílvio
e forames ventriculares.
Incluem convulsões, pressão intracraniana
aumentada e distúrbios neurológicos
Os cistos viáveis não produzem sintomas e podem
evadir as defesas da resposta imune pela produção
de substâncias que inibem a ativação do sistema
complemento.
Diante da degeneração dos cisticercos, desenvolvese uma resposta inflamatória.
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Cistos ovóides de brancos a opalescentes.
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Até 1,5 cm de diâmetro.
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Após a degeneração dos cistos, há inflamação
seguida por cicatrização focal e calcificações
que podem ser visíveis por radiografia e TC.
¨ 
TC: Cortes axiais mostrando calcificações múltiplas em
várias localizações e alguns pequenos cistos em vias de
calcificar-se.
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Peça 6 - Neurocisticercose
q  Forma
parenquimatosa do
cisticerco (pode ser
única ou múltipla):
nódulo hialinizado,
fibrótico, na junção
entre córtex e
substância branca
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Peça 6 - Neurocisticercose
q  Cisto de Taenia solium
¨ 
¨ 
Os cistos ovóides contem uma escólex
invaginada com ganchos banhados em um
líquido cístico claro.
Parede dos cistos: apresenta espessura maior
que 100 µm; é rica em proteínas e incita pouca
reação do hospedeiro quando intacta;
inflamação, cicatrização focal e calcificações são
visíveis após a degeneração.
¨ 
Lâmina N10 - Cisticercose
Giro cerebral
Vaso cerebral *
Giro cerebral
*Os ovos chegam ao cérebro via hematogênica, e podem
se instalar e encistar nas meninges, no parênquima
cerebral ou nos ventrículos
¨ 
Lâmina N10 - Cisticercose
Cápsula do cisticerco necrótico,
composta por lâminas de tecido
i r r e g u l a r. P o d e a p r e s e n t a r
calcificações.
Meningite
química com
fibrose. O
colágeno
produzido é
eletricamente
carregado ->
convulsões
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Lâmina N10 - Cisticercose
Parede ondulada de cisticerco necrótico
Parênquima cerebral
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Lâmina N10 - Cisticercose
Célula
gigante
Ruptura do cisticerco -> resposta inflamatória -> meningite química
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Lâmina N10 - Cisticercose
Ponto de calcificação
¨ 
Lâmina N10 - Cisticercose
Cisticerco viável (íntegro): não desencadeia reação inflamatória
3 - Reticular
Interior do cisticerco
3 camadas da parede:
1 - Vascular
2 – Colágeno frouxo
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Lâmina N10 - Cisticercose
Fibrose
Cisticerco em degeneração
Calcificação
Parede ondulada de cisticerco em degeneração, com áreas de calcificação
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Lâmina N10 - Cisticercose
Calcificações
Fibrose
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Lâmina N10 - Cisticercose
Célula gigante multinucleada
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¨ 
¨ 
A doença fúngica do SNC é encontrada
primariamente nos pacientes imunocomprometidos.
O cérebro está envolvido apenas na fase tardia da
doença, quando há disseminação hematogênica
generalizada do fungo.
Agente etiológico: Blastomyces dermatidis.
Comprometimento do SNC: depois de uma infecção
primária pulmonar ou cutânea.
¨ 
¨ 
Invasão parenquimatosa, usualmente na forma
de granulomas ou abscessos, com meningite
coexistente.
No tecido, o Blastomyces dermatidis é uma célula
de levedura arredondada, de 5 a 15 mm, que se
divide através da formação de brotos de base
ampla (gemulação). Possuem parede celular de
duplo contorno e múltiplos núcleos.
¨ 
Lâmina N11 – Blastomicose cerebelar
Extensas áreas
de necrose
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Lâmina N11 – Blastomicose cerebelar
Granuloma, com células gigantes multinucleadas
¨ 
Lâmina N11 – Blastomicose cerebelar
Célula
fúngica
grande,
multinicleada, com
halo claro
ao redor
¨ 
Lâmina N11 – Blastomicose cerebelar
Várias células fúngicas em meio ao parênquima cerebelar
¨ 
Lâmina N11 – Blastomicose cerebelar
Método de impregnação pela prata: fungos corados em preto
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Lâmina N11 – Blastomicose cerebelar
Divisão da
célula fúngica
por
gemulação
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Lâmina N11 – Blastomicose cerebelar
Células fúngicas coradas pelo método da impregnação pela prata
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¨ 
¨ 
¨ 
Robbins & Cotran Patologia – Bases Patológicas
das Doenças (2010). Rio de Janeiro: Elsevier.
Geraldo Brasileiro Filho - Bogliolo Patologia
(2006). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan
http://anatpat.unicamp.br/neupimportal.html
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