Homem e Sociedade Módulo 1 Retirado do

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Homem e Sociedade
Módulo 1
Retirado do Disciplina OnLine UNIP – Ler Bibliografia recomendada
Módulo 1
1. - A origem humana.
1.1 - O debate das determinações biológicas e geográficas no comportamento humano.
Básica GOMES, Mércio Pereira. Antropologia – ciência do homem, filosofia da cultura. São Paulo: Contexto.
2009. “Abrangência da Antropologia”, Pp. 11-31.
LARAIA, Roque de Barros. CULTURA - Um Conceito Antropológico, Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 19ª ed.,
2005. “O determinismo biológico”; “O determinismo geográfico”, pp. 17-24
Complementar BUSSAB, Vera S. R.; RIBEIRO, Fernando L.; “Biologicamente Cultural”, texto disponível em:
http://pet.vet.br/puc/vera%20bussab.pdf
CANTARINO Carolina. “Natureza, cultura e comportamento humano”, texto disponível em:
http://www.comciencia.br/200407/reportagens/07.shtml
GUERRIERO, Silas (Org.). ANTROPOS E PSIQUE. O outro e sua subjetividade. SP: Ed. Olho D’água, 5ª. Ed.,
2004. “As origens do antropos”, pp.
Escola Estadual Prof. Ascendino Reis, vários autores. “Introdução à evolução”, texto disponível em:
http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/introducao.htm
PAZZA, R. (2004) O que é Evolução
[http://www.evoluindo.biociencia.org]
Biológica?.
Projeto
Evoluindo
-
Biociência.org.
Objetivos:
Neste item o objetivo é relacionar evolução biológica com comportamento cultural. O debate atual
na Antropologia reforça a tese segundo a qual nossa espécie apenas evoluiu para as características
biológicas atuais como o uso da inteligência, a postura ereta e as habilidades para fabricar instrumentos,
SOB INFLUÊNCIA DIRETA de um comportamento cultural baseado em regras e na capacidade de
simbolização. Ou seja, nossa evolução física foi influenciada pelo comportamento de nossos ancestrais, e
vice-versa, até chegarmos ao que somos hoje.
Se cultura é importante para compreender quem e como somos enquanto espécie, é importante
você saber que o conceito de cultura sofreu mudanças históricas em sua interpretação. Essas mudanças são
fundamentais para uma abordagem em que você possa distinguir visões consideradas cientificamente
superadas, que, entretanto, fazem parte de noções comuns e muito presentes atualmente em defesas
carregadas de preconceitos infundados e errôneos.
Você está convidado a uma nova compreensão de ser humano, na qual o nosso aparato biológico
tão fantástico (pensamos e fabricamos coisas) precisa do comportamento cultural para se realizar. Então,
biologia e cultura se complementam. Vamos lá?
Obs.: os textos indicados na bibliografia são fundamentais para o seu aprendizado, mas você pode
dispor também de sugestões que estão disponíveis na Web. Lembre que esse material eletrônico é
complementar, e não deve ser utilizado como única fonte de estudos.
DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO - item 1
1. A ORIGEM HUMANA
Neste conteúdo são abordados temas e ideias como:

A teoria evolucionista e a explicação da biologia para a origem e evolução do ser humano;
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 A colaboração da teoria antropológica sobre a visão da biologia e do evolucionismo; a
antropologia defende que a explicação puramente biológica é apenas uma parte de nossa
complexa evolução – o papel do comportamento cultural também foi determinante para
surgimento de nossa espécie como é hoje.
 A antropologia afirma que é falsa a afirmação que o ser humano é determinado pelo clima ou
pela herança genética; sim, as populações se adaptam a diferentes meio ambientes para
sobreviver, mas não é o meio ambiente que determina nosso comportamento; sim, cada
indivíduo é resultado de uma herança genética, o que não significa que é “escravo” dessa
herança.
Voltar às origens da cultura é também voltar à origem da humanidade. Ter costumes e hábitos
aprendidos é um comportamento relacionado com a nossa sobrevivência e evolução enquanto espécie. O
tema possibilita uma abordagem que ressalta a importância da compreensão do ser humano como um ser
bio-psico-social, ou seja, somos seres cujo comportamento é determinado ao mesmo tempo:



BIO - por nossas características orgânicas (o tipo de aparelho físico que temos e como
podemos utilizá-lo);
PSICO - por nossas experiências pessoais racionais e afetivas de mundo e;
SOCIAL - pelo meio social onde vivemos.
Parece a você que todo ser humano tem como qualidade inata (que nos pertence desde o
nascimento) certos comportamentos como preferir alguns tipos de roupas ou alimentos, e ainda se
comunicar através desta ou daquela língua?
Pois a Antropologia, junto com outras ciências como a Arqueologia, a Paleontologia e a História,
tem explorado profundamente essa questão sobre a diferença do Homem em relação ao resto do mundo
animal que nos cerca. Até o momento puderam concluir que nosso comportamento é fruto de um processo
histórico no qual BIOLOGIA e CULTURA modelaram nossos ancestrais. Esse trabalho conjunto entre nosso
desenvolvimento biológico e a cultura foram responsáveis por tamanhas mudanças em nossa espécie, que
hoje achamos um fato “natural” não necessitarmos entrar na “luta pela sobrevivência”, na “lei da selva”.
Quem começou a inventar palavras para dar nomes às coisas, ou saber que alimentos são
comestíveis e como devemos prepará-los? Quem inventou o primeiro tipo de calçado, ou descobriu como
fabricar o vidro? Enfim, como surgiu a cultura? Que importância decifrar esse fato pode ter para nossa
compreensão de ser humano?
Essas questões devem ser respondidas ao longo desse tema.
No séc. XIX Charles Darwin (biólogo), afirmou que todas as espécies vivas resultam de uma
EVOLUÇÃO ao longo do tempo. Isso significa, que se retornássemos em nosso planeta há milhões de anos
atrás não encontraríamos as espécies conforme as vemos hoje. Cada ser vivo, para chegar até hoje, passou
por sucessivas e pequenas transformações que possibilitaram sua sobrevivência; esse processo de
mudanças orgânicas ocorre por necessidade de ADAPTAÇÃO AO MEIO. Consideremos que as condições do
meio como clima, quantidade na oferta de alimentos e todas as questões relacionadas às condições
ambientais, estão em constante mudança. Pois bem, as formas de vida existentes precisam acompanhar
essas mudanças, estando sujeitas – segundo Darwin – a dois destinos: a) podem se adaptar e ao longo de
muitas gerações apresentarem mudanças visíveis; b) não conseguem se adaptar, entrando em extinção.
Quais são as espécies que conseguem se adaptar? São as que possuem alguns indivíduos do grupo
dotados de características tais que o permitem sobreviver e gerar uma prole (conjunto de filhos/as) que dá
continuidade a essas características. Os outros indivíduos de sua mesma espécie que não possuam tais
características, não conseguindo “lutar” pela sobrevivência, têm mais chances de morrer sem deixarem
descendentes. Assim, após muitas gerações, temos uma espécie que já não se parece com seu primeiro
exemplar.
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A possibilidade da geração de uma prole com características que permitam a adaptação ao meio é,
para os evolucionistas, chamada de “seleção natural” – sobrevivem apenas aqueles indivíduos com traços
que os permitam a sobrevivência. Ao lado da seleção natural, as mutações aleatórias também são
responsáveis pelas modificações de um organismo ao longo do tempo.
Uma das dificuldades do senso-comum em aceitar as ideias evolucionistas, está no fato que não
podemos “ver” a evolução acontecendo – apesar de ela estar sempre acontecendo -, isto é, não
testemunhamos alterações expressivas, pois as mudanças são muito sutis e ao longo de períodos de tempo
muito longos do ponto de vista do ser humano.
As alterações podem ser consideradas em intervalos de tempo não inferiores a cem ou duzentos
mil anos. Portanto, muito além de qualquer evento que possamos acompanhar. Mas podemos acompanhar
sim a luta pela sobrevivência e a mudança de hábitos em muitas espécies, como os pombos que povoam as
cidades, mas não estão tão concentrados demograficamente nos campos. Essa espécie encontrou um
ambiente ótimo nas cidades construídas pelos seres humanos, aprendendo rapidamente como obter
abrigo e alimento, com a vantagem de estar livre de predadores como nas florestas e campos. Faz parte de
sua evolução esse novo ambiente. Assim entendemos que a evolução biológica de todas as espécies vivas
não acontece sem influencia de muitos fatores, não acontece de forma “mágica” e independente do tipo
de meio e hábitos que podemos observar.
Hoje em dia o darwinismo está com uma nova roupagem e temos teorias como o pós-darwinismo
ou neo-darwinismo, que são consequência do desenvolvimento de nossa tecnologia de pesquisa, e do
próprio conhecimento cujas portas foram abertas por Charles Darwin para seus sucessores.
"O APARECIMENTO DO HOMO SAPIENS- uma espécie que trabalha"
O homem descende do macaco. Essa foi a afirmação polêmica de Darwin na segunda metade do
séc. XIX e que dividiu opiniões na sociedade moderna. Essa polêmica permanece até hoje, pois encontrou
como opositor o ponto de vista de uma prática humana muito mais antiga que a teoria da evolução: a
religião. Não conhecemos nenhuma crença, em nenhuma cultura que coincida e concorde totalmente com
a afirmação de Darwin. Da perspectiva das crenças, a criação da vida é atribuída a um “ser criador”, a algo
externo e superior a toda a vida existente. Ao conjunto de teorias e explicações que partem desse tipo de
raciocínio, denominamos “criacionismo”. Pois bem, para pensar como Darwin e a maior parte dos cientistas
até hoje, esqueça suas crenças. A ciência não reconhece como possível a existência de seres superiores que
tenham dado origem à vida, e muito menos entende que o ser humano é uma espécie “privilegiada” ou
“superior”, seja pela capacidade de raciocínio, seja pela capacidade de criar crenças.
Para os evolucionistas, todas as espécies vivas foram surgindo das transformações de outras já
existentes, dando origem a novas espécies, enquanto outras se extinguiram. Os primeiros humanos,
chamados cientificamente de hominídeos, surgiram das transformações de algumas famílias de símios que
fazem parte dos chimpanzés.
Nossa espécie surgiu devido a mudanças biológicas e ao surgimento da cultura. Que mudanças
biológicas são essas que nos diferenciam dos símios? O aumento da caixa craniana que nos dotou de um
volume cerebral muitas vezes maior que o de um macaco. A postura ereta, que possibilita utilizarmos
apenas os membros inferiores para nos locomover. E o surgimento do polegar opositor, que possibilita a
nossa espécie da capacidade do chamado “movimento de pinça”. É a partir dessas três características
básicas que desenvolvemos inúmeras outras características fascinantes como a capacidade da fala ou ainda
a de fabricar instrumentos para nossa sobrevivência.
Mas essas características como inteligência, fala e indústria não teriam surgido em nossos
ancestrais se não fosse a presença de um tipo de comportamento que ajudou a modelar o corpo de nossos
ancestrais, que é o comportamento baseado na CULTURA. Ou seja, a necessidade de comunicação,
cooperação e divisão de tarefas facilitou o desenvolvimento dessas características BIOLÓGICAS.
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Características biológicas: forma, funcionamento e estrutura do corpo. É a nossa anatomia,
características herdadas biologicamente e que não são resultado da nossa escolha pessoal.
Características culturais: todo comportamento que não é baseado nos instintos, mas nas regras de
comportamento em grupo que nos permite transformar a natureza para a sobrevivência (trabalho), e nos
permite atribuir significados e sentidos ao mundo através dos símbolos (a cor branco simboliza a paz, ou o
tipo de vestimenta simboliza status).
Durante muito tempo pensou-se que o ser humano já teria surgido plenamente dotado dessas
características em conjunto. Hoje sabemos que nossa cultura foi determinante para modelar nossas
características biológicas ao longo do tempo, e vice-versa. Nossos ancestrais foram lentamente se
transformando em humanos, e essa espécie que somos agora, foi aos poucos sofrendo pequenas
transformações que ao longo de milhões de anos nos diferenciaram totalmente de qualquer ancestral
símio.
No início da história humana, nossos ancestrais eram muito semelhantes a um macaco. Tinham
mais pelos pelo corpo, o cérebro era menor e a mandíbula maior. A postura não era totalmente ereta, e as
mãos não tinham muita habilidade, pois o polegar ficava mais próximo dos outros dedos. O tamanho do
cérebro foi aumentando muito devagar, como também a postura ereta surgiu gradualmente, e igualmente
o polegar opositor não surgiu repentinamente. A cada geração, mudanças muito sutis transformaram a
espécie, e nesse processo a cultura teve um papel fundamental, pois possibilitou ou exigiu que nosso
ancestral desenvolvesse comportamentos capazes de mudar nossa estrutura biológica. Um exemplo:
sabemos que o surgimento da fala tem relação com duas características que são a posição da laringe
resultante da postura ereta e a utilização das mãos para trabalhos de fabricação de instrumentos. Ao
fabricar os chamados instrumentos de “pedra lascada”, nosso ancestral permitiu operações mais
complexas e passou a utilizar uma área do cérebro, que é a mesma que nos permite falar.
É importante compreender que nossa espécie não é fruto de coisas inexplicáveis, mas resulta de
um longo e lento processo de evolução, que significa mudanças ao longo do tempo. Essas mudanças por
sua vez, são fruto de uma dura luta por parte de nossos ancestrais para sobreviver em condições pouco
favoráveis e convivendo com espécies mais fortes e predadores mais bem preparados fisicamente para tal.
Nossos ancestrais não tinham a mesma caixa craniana que temos hoje, e não eram tão inteligentes; não
tinham a postura totalmente ereta, e não viviam em cidades. Eram mais uma espécie entre tantas outras, e
o pouco que puderam fazer então determinou sua sobrevivência, e mais que isso, determinou COMO
somos hoje.
Sobreviveram lascando uma pedra na outra para conseguir objetos pontiagudos e cortantes que
serviam como arma de caça, como raspador de alimentos ou qualquer utilidade para a vida humana.
Dormiam em cavernas, ao invés de fabricar abrigos. Durante muito tempo o domínio do fogo era um
mistério, portanto não comiam muitos alimentos cozidos. Nessa época não havia escrita, e os únicos
vestígios de comunicação encontrados são as pinturas em cavernas (arte rupestre) e pequenas estatuetas
representando figuras femininas. Eram organizados em bandos que praticavam caça e coleta, por isso
dependiam de deslocamentos constantes em busca de alimento. Durante quase quatro milhões de anos
sobreviveram dessa forma, e nesse período de tempo nossa forma física foi se alterando, até que no
chamado período “neolítico”, houve uma revolução.
A “revolução neolítica” foi um período marcante em nossa evolução, durante o qual o ser humano
desenvolveu técnicas determinantes para a história de nossa espécie: a agricultura e a domesticação de
animais, que permitiram o sedentarismo (começamos a construir abrigos e povoados ao invés de habitar
em abrigos naturais). A agricultura e a domesticação de animais significaram a garantia de alimentação dos
grupos humanos, independente do sucesso na caça e coleta. Isso permitiu à nossa espécie se fixar por
períodos prolongados em determinados lugares, formando aldeias e também colaborou para o crescimento
demográfico. É nesse momento que o ser humano começa a TRABALHAR, e não mais viver da caça/coleta
que o tornava dependente dos recursos nos territórios habitados. A introdução do trabalho como
estratégia de sobrevivência, segue um padrão estabelecido em nossa evolução para obter resultados:

A divisão de tarefas;
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 A cooperação com o grupo;
 E a especialização.
Essas características são importantes uma vez que possibilita que cada um de nós realize apenas
um tipo de tarefa. Não é possível produzir sozinho tudo que necessitamos em nossa vida. Se não tivessem
desenvolvido a capacidade de trabalho, baseado nos princípios acima, provavelmente, nossos ancestrais
não teriam tido sucesso em sua evolução, e nenhum de nós estaria aqui hoje, compartilhando a condição
se HUMANOS.
Até hoje utilizamos essas habilidades de trabalho em grupo para viabilizar nossa existência social. A
capacidade de dividir tarefas, cooperar e se especializar permite atingir objetivos com resultados mais
efetivos e também possibilita um conjunto social com melhor qualidade de vida.
O conjunto de tudo que o grupo social produz torna viável uma existência cultural, nos libertando
da “lei da selva”. O trabalho humano se fundamenta em características básicas como comunicação e
cooperação. Fixando-se em um lugar, inaugurando o sedentarismo, o ser humano passa a viver em uma
sociedade organizada.
Mais alimentos disponíveis, mais segurança com as casas fabricadas, maior permanência do grupo,
isso tudo levou a uma maior reprodução da espécie. Tais condições permitiram aos nossos ancestrais uma
organização social mais complexa baseada na SOCIEDADE, e não mais em bandos. A comunicação também
sofre uma revolução que foi o surgimento da ESCRITA.
A partir da escrita e do surgimento das grandes civilizações da Antiguidade como Egito, Grécia e
China, conhecemos exatamente como a humanidade se desenvolveu. Mas para chegar até esse ponto,
nossos ancestrais percorreram um longo caminho. Ele é o resultado de um processo muito longo no tempo,
e para os quais foram determinantes: a postura ereta, a capacidade craniana, o polegar opositor e a
aquisição da fala.
Entretanto, nenhuma dessas características nos valeria muita coisa se não tivéssemos desenvolvido
um tipo de comportamento baseado em regras de convivência social, divisão de grupos em parentesco,
divisão do trabalho e uma mente dotada de raciocínio lógico e abstrato ligado à criatividade e imaginação.
Foram nossas capacidades de ORGANIZAÇÃO e COMUNICAÇÃO que definiram tal resultado, afastando
nossa espécie do comportamento instintivo e determinando essa longa e rica viagem chamada
HUMANIDADE.
Exercício resolvido para o item 1.:
1) A respeito do evolucionismo e dos resultados obtidos por suas pesquisas, podemos afirmar que:
a) Os evolucionistas e antropólogos encaram a espécie humana como um exemplo especial da evolução
uma vez que as outras espécies vivas evoluem muito mais lentamente pelo fato de não terem desenvolvido
um cérebro equivalente ao nosso. Isso permitiu que nossa espécie sofresse modificações que dificilmente
serão igualadas por qualquer outro ser vivo.
b) Segundo o evolucionismo, todas as espécies conseguem evoluir, portanto não existe possibilidade de
mudança na quantidade de espécies existente, e sim na sua condição biológica que sofre alteração a cada
passo da evolução.
c) A busca de restos humanos pré-históricos nos obrigou a considerar a evolução da espécie humana como
outro animal qualquer. Além disso, segundo essa teoria todas as espécies vivas são fruto de uma longa e
lenta evolução, não apenas o ser humano. Devemos então compreender que o processo da vida é
evolutivo, inacabado e sem um objetivo ou plano pré-definido.
d) Para os evolucionistas, todo organismo EVOLUI. Evolução para eles significa que todas as espécies que
evoluem se tornam necessariamente melhores, mais fortes e com organismos superiores aos que tinham
há milhares de anos atrás.
e) Segundo o evolucionismo, apenas as espécies superiores evoluem, enquanto as inferiores acabem
sofrendo extinção.
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Resposta correta:
c) A busca de restos humanos pré-históricos nos obrigou a considerar a evolução da espécie humana como
outro animal qualquer. Além disso, segundo essa teoria todas as espécies vivas são fruto de uma longa e
lenta evolução, não apenas o ser humano. Devemos então compreender que o processo da vida é
evolutivo, inacabado e sem um objetivo ou plano pré-definido.
DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO - item 1.1
1.1 - O debate das determinações biológicas e geográficas no comportamento humano.
Já é antiga e muito conhecida a ideia segundo a qual as diferenças de comportamento humano de
uma cultura para outra, são totalmente provenientes das características biológicas de um povo (sua carga
genética) ou ainda totalmente provenientes do meio ambiente (ecossistema, clima) onde ele se
desenvolve.
A antropologia discorda dessas ideias, que denominamos de teorias deterministas, por
pretenderem que um povo é determinado por variáveis sobre as quais não há controle humano. Ou seja,
essas teses deterministas descartam a possibilidade do comportamento e valores de um povo ser
proveniente de sua historia e das características humanas que giram em torno da experiência de mundo.
Neste item serão apresentadas todas as ideias acima, e é importante para resolução dos exercícios
que você perceba que esses conceitos podem ser observados em nossa vida cotidiana. Reconhecer as
inconsistências das teses deterministas é um importante aprendizado para valorizar a vida cultural dos
povos da humanidade.
“Como a Antropologia evidencia a importância da cultura na evolução da espécie humana – a visão
do antropólogo Clifford GEERTZ.”
Silas GUERRIERO afirma na pg. 24 do texto “A origem do antropos”, indicado na bibliografia:
“Como Geertz, podemos afirmar que a cultura é produto do humano, mas o humano é também
produto da cultura. Não fosse essa extraordinária capacidade de articulação e fabricação de símbolos,
provavelmente não teríamos sobrevivido e, se o tivéssemos conseguido, não teríamos diferenças
anatômicas tão marcantes frente a nossos parentes mais próximos. Em outras palavras, não estaríamos
aqui contando essa história.”
E Roque de Barros LARAIA, na pg. 58 do texto “Ideia sobre a origem da cultura” no livro “CULTURA
– UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO”:
“A cultura desenvolveu-se, pois, simultaneamente com o próprio equipamento biológico e é, por
isso mesmo, compreendida como uma das características da espécie, ao lado do bipedismo e de um
adequado volume cerebral.”
A leitura desses textos desenvolve a compreensão predominante atualmente na Antropologia, que
o ser humano não teve uma evolução puramente biológica para nos capacitar de inteligência e postura
ereta, mas antes, essa evolução BIOLÓGICA não foi independente de sua “parceira”, a CULTURA humana.
R. de Barros LARAIA discute se somos DETERMINADOS ou não pelo meio ambiente e pela herança
genética :
Da perspectiva biológica, o ser humano é uma única espécie. Somos todos partes de uma mesma
família que foi dividida ao longo do tempo por sucessivas migrações.
Esse movimento de populações resultou em aparências distintas para cada grupo populacional,
popularmente conhecida como “raças humanas”. Vamos esclarecer alguns aspectos importantes.
Cada indivíduo possui um fenótipo, que corresponde à aparência física.
Entretanto somos portadores de genótipos, que são os genes que carregamos e podem ser
determinantes nos resultados de nossa reprodução. Um indivíduo com o fenótipo “pele clara e olhos azuis”
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carrega genes com essa informação, mas também é portador de informações genéticas outras. Assim, cada
indivíduo vai resultar de uma combinação genética de seus antepassados, formando um fenótipo próprio.
Durante muito tempo a sociedade em geral, e a ciência, debateram sobre essa questão. Acreditavase que a cada raça correspondia uma cultura. Dessa perspectiva ultrapassada, surgiram as teorias
deterministas.
O determinismo biológico defendia que a herança genética seria a responsável pelo
comportamento diferenciado do ser humano dentro de cada cultura.
Bem, é importante ressaltar que esse tipo de afirmação logo encontrou “furos”, pois nem sempre a
totalidade dos herdeiros de genes “brancos” ou “negros” apresentavam comportamentos semelhantes
entre si. Multiplicavam-se os exemplos de comportamentos diferentes para pessoas da mesma “raça”.
Assim, somou-se a esse equívoco científico um outro, que pretendia ser complementar ao anterior
e preencher as lacunas explicativas.
Trata-se do determinismo geográfico, que defendia que a ecologia (o meio ambiente) no qual essa
ou aquela população se desenvolveu, também seria um fator DETERMINANTE para a cultura ali
desenvolvida. Portanto, populações de lugares com clima muito quente, ou muito frio teriam sofrido
influências que, somadas ao fator biológico, explicariam costumes, mentalidade, valores e tradições.
Mesmo tendo sido totalmente desacreditadas pela ciência, esses determinismos ainda hoje
permeiam a visão de mundo do senso comum. É fácil encontrarmos pessoas que atribuem ao clima, à
vegetação, aos animais circundantes, e ao fenótipo de cada população a explicação sobre “porque essas
pessoas desse lugar agem de tal forma”.
Você mesmo deve estar se lembrando de muitos exemplos que condizem com esse esquema
explicativo. Entretanto, é fundamental que você conheça os pressupostos com os quais a ciência humana
contemporânea trabalha.
TODOS OS SERES HUMANOS EXISTENTES HOJE DESCENDEM DE UM ÚNICO GRUPO HUMANO
ORIGINÁRIO DO CONTINENTE AFRICANO.
Essa é uma afirmação resultante de um século e meio de pesquisas, cujo material arqueológico foi
mais recentemente reforçado pelo conhecimento genético. Não há como refutar que qualquer indivíduo
humano, seja ele um esquimó, um indiano, um escocês, um dinamarquês, um japonês e assim por diante
são descendentes de grupos oriundos da África.
Sim, todos os indivíduos carregam genes desses primeiros agrupamentos humanos, apesar de
terem fenótipos diferentes.
Portanto, somos uma mesma família, que foi desenvolvendo aparências distintas como resposta
adaptativa ao meio.
A geografia desempenhou um importante papel para a diversidade de tipos humanos? Sem dúvida!
Ao longo do processo evolutivo, mudanças importantes ocorreram para permitir a sobrevivência de nossa
espécie em diferentes meios. A quantidade de melanina na pele e a dimensão do aparelho nasal foram
sendo modelados para permitir nossa sobrevivência.
Como a grande família humana foi seguindo rumos diferentes, os grupos que migravam para esse
ou aquele lugar, carregavam um conjunto genético que foi se estabilizando ao longo de séculos e séculos.
Isso foi criando fenótipos próprios a cada população humana, que viveram praticamente isoladas umas das
outras durante tempo suficiente para que fosse surgindo um tipo de “padrão” que chamamos etnia.
Mas, até que ponto a essa herança biológica e essa influência do meio têm relação com a
diversidade cultural?
Leia novamente a questão. De fato, há um LIMITE para tal influência, e nem biologia, nem ecologia
são isolados ou em conjunto a única explicação para o comportamento diferenciado do ser humano dentro
de cada cultura.
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Portanto, NÃO EXISTE UMA DETERMINAÇÃO BIOLÓGICA / GEOGRÁFICA que sustente a explicação
sobre a diversidade cultural.
O que se aceita hoje é que esses são fatores importantes na relação do ser humano com o meio,
seja para sobreviver, seja para se relacionarem uns com os outros. Mas não são determinantes.
Vamos a exemplos?
Tomemos o caso da “facilidade” de indivíduos afrodescendentes para o desempenho em alguns
esportes, como o basquete ou atletismo e que é popularmente divulgado. Não há dúvidas sobre a base
biológica que fundamenta essa associação. Mas vamos refletir melhor sobre o comportamento humano, e
não apenas sobre seu legado biológico. Desculpe, mas vou formular a seguinte questão sem qualquer
preocupação científica ou política. O que o senso comum diria a esse respeito: “Um indivíduo descendente
de brancos pode se desempenhar tão bem quanto um descendente de negros nesses esportes?”
A resposta óbvia, para a qual há inúmeros exemplos é: Sim!
Entretanto, vamos considerar o que se segue. O ser humano depende de desejos, estímulos e
condições para chegar a objetivos. Concorda? Um indivíduo descendente de brancos que se determine a
ser “exemplar” no basquete ou no atletismo pode atingir esse objetivo perfeitamente. Ele não necessita
dos genes para ser isso ou aquilo. Basta que se dedique a aperfeiçoar o que deseja ser. O que ocorre é que
um indivíduo com facilidades genéticas chega ao mesmo resultado com mais facilidades. Aquele que tem a
genética “contra si”, precisa se dedicar mais para atingir igual resultado. Isso para qualquer coisa que você
possa pensar.
A genética e a geografia são elementos na relação do homem com o meio, e não fatores
determinantes.
Os genes podem ser facilitadores para certas coisas, mas acima de tudo está a determinação, os
desejos e o investimento social que cada indivíduo pode dispor para desenvolver certas características de
seu comportamento.
O que explica a diversidade cultural, se não há determinismos?
O ser humano é uma espécie moldável e criativa. Em cada grupo social, as respostas às
necessidades e a qualidade dos vínculos sociais resultam de uma história que é única àquele grupo.
Portadores das marcas da história, das experiências coletivamente vividas, das soluções criadas, cada grupo
vai construindo um conjunto absolutamente único que é sua cultura.
Vamos supor que você tome uma parcela da população norte-americana de hoje e os coloque para
viver durante um longo período de tempo em um outro local, com características ambientais muitos
semelhantes às quais estão acostumados. Daqui a algumas gerações, se você for analisar esse grupo e o
grupo de origem, poderá ver que existem características que os diferenciam. E assim se dá, quanto mais o
tempo passa. Qualquer coletividade está sujeita a um destino próprio. E a cultura é o resultado, a cada
momento, dessa experiência de vida que não se repete exatamente com os mesmos eventos, da mesma
forma em todos os lugares.
A diversidade cultural é inerente ao ser humano. Onde quer que se forme um grupo social, o
resultado será sempre o mesmo: uma cultura própria.
LEIA OS TEXTOS INDICADOS NA BIBLIOGRAFIA DESTE CONTEÚDO ANTES DE INICIAR OS EXERCÍCIOS
PROPOSTOS PARA AUTO-AVALIAÇÃO.
Exercício resolvido para o tema 1.1:
1) “Um menino e uma menina agem diferentemente em função apenas de seus hormônios, e não em
decorrência de uma educação diferenciada.”
Esse tipo de afirmação está corretamente associado com que se segue:
A ) Determinismo biológico
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B ) Endoculturação (que é a educação dentro de uma cultura)
C ) Evolucionismo
D ) Determinismo Geográfico
E ) Etnocentrismo
Resposta do exercício 1):
A) Determinismo biológico.
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