PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL DISCIPLINA LIBRAS – LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS PROFESSORA ESP. GRAZIELA CHRISTINE M. DE ARRUDA MATUPÁ – MT AGOSTO/2016 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 CURRÍCULO RESUMIDO DA PROFESSORA Pedagoga, possui Especialização em Educação pela Faculdade Integradas de Várzea Grande - FIVE de Mato Grosso (2011). É Interprete aprovada pelo Centro de Formação de Profissionais da Educação e de Atendimento a Pessoa Surda (2009). Foi coordenadora na Escola Municipal de Várzea Grande/MT (2013/2014), é professora Interprete SEDUC/ MT desde (2009), é professora pedagoga no município de várzea Grande desde (2000). Atualmente está lecionando na Escola Municipal e atuando como interprete na rede estadual. EMENTA E BIBLIOGRAFIA Ementa O ensino da LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais, através da prática. Apresentação da modalidade linguística, com a forma mais apropriada de comunicação entre os surdos, bem como, entre surdos e ouvintes. Discussão entre questões referentes ao poder e à força dessa língua em relação à comunidade surda. Importância de habilidades referentes à expressão corporal e facial, fatores constituintes da Língua de Sinais. Comunicação visual, baseada em regras gramaticais da Língua de Sinais e da cultura surda. Aspectos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como a fonologia, morfologia e sintaxe. Uso desta língua em contextos reais de comunicação. Bibliografia Básica ALMEIDA, E.C. Leitura e surdez: um estudo com adultos não oralizados. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial. Subsídios para organização e funcionamento de serviços de educação especial: área de deficiência auditiva. 1995.BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão. Brasília, DF: MEC; SEEP, 2005. BRITO, L. F. Por uma gramática de língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995. CAPOVILLA, F. C. & RAPHAEL, W. D. Enciclopédia da Língua de Sinais Brasileira - O mundo do surdo em LIBRAS / educação. São Paulo: CNPq - Fundação Vitae - Fapesp - Capes: Editora da Universidade de São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. CAPOVILLA, F. C. & RAPHAEL, W. D. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. Volume II: Sinais de M a Z. São Paulo, SP: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom. CAPOVILLA, F.C.; RAPHAEL, W.D. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua de sinais brasileira. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 2001. 1 e 2 v. QUADROS, R.M.; KARNOPP, L.B (col.) Língua de sinais brasileira, estudos lingüísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. FELIPE, T.; MONTEIRO, M. S. LIBRAS em contexto. Curso Básico. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação Especial, 2001.PIMENTA, N.; QUADROS, R. M. Curso de LIBRAS 1 – Iniciante. 3 ed. rev. e atualizada. Porto Alegre: Editora Pallotti, 2008 Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 2 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 O ENSINO DA LIBRAS E SUA PRÁTICA A LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), tem sua origem na Língua de Sinais Francesa. As Línguas de Sinais não são universais. Cada país possui a sua própria língua de sinais, que sofre as influências da cultura nacional. Como qualquer outra língua, ela também possui expressões que diferem de região para região (os regionalismos), o que a legitima ainda mais como língua. As línguas de sinais, nas sociedades ocidentais contemporâneas, têm suas origens no século XVI, na Europa. Elas são construções históricas e culturais, desenvolvidas por diferentes países, cada uma com sua gramática particular. No Brasil, adota-se a Língua Brasileira de Sinais (Libras); na França, a Langue de Signaux Française (LSF); na Espanha, a Lengua de Signos Española (LSE); em Portugal, a Língua Gestual Portuguesa (LGP); no México, a Lengua de Senhas Mexicana (LSM); nos Estados Unidos e Canadá, a American Sign Language (ASL); na Alemanha, a Deutsche Gebärdensprache (DGS), ou seja, cada pais possui sua própria língua particular. Nenhuma dessas línguas é considerada a língua oficial da nação, mas são reconhecidas como língua adotada pela comunidade surda desses países. Porém, mesmo com estruturas gramaticais próprias, relacionam-se com os idiomas utilizados e as culturas existentes nessas sociedades. O Brasil reconheceu a Língua Brasileira de Sinais, por meio da Lei n°. 10.436/02, (Lei de Libras), que determinou a inclusão desse conteúdo curricular em todos os cursos de formação de professores e de fonoaudiólogos, definindo ainda que a Libras não substitui a Língua Portuguesa (escrita). Sabemos que a LIBRAS não é apenas um meio para se estabelecer algum tipo de comunicação com os deficientes auditivos, mas é uma língua natural como qualquer outra, com estruturas sintática, semântica, morfológica, etc. A diferença básica é que a mesma utiliza a imagem para expressar-se. Para se aprender LIBRAS deve-se, portanto, passar por um processo de aprendizagem de uma nova língua, tal qual fazemos quando nos propomos a aprender espanhol, inglês, etc. A libras é uma língua de modalidade distinta das línguas orais “são línguas espaço visuais, ou seja, as realização dessas línguas não é estabelecida através dos Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 3 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 canais oral auditivos, mas através da visão e da utilização do espaço” (QUADROS, 1997, p. 46). Além disso, apresenta uma estrutura gramatical própria. Porém, tanto a criança surda como a ouvinte, tem capacidade de aprender a língua de sinais. As línguas de sinais são de modalidade gestual-visual, e o espaço é o canal de comunicação. Nele, frases, textos e discursos são produzidos e articulados através dos sinais. São consideradas línguas naturais, pois surgiram da interação espontânea entre indivíduos. Elas possuem gramática própria, além dos níveis linguísticos, fonológico, morfológico, semântico, sintático e pragmático, o que possibilita aos seus utentes expressarem diferentes tipos de significados, dependendo da necessidade comunicativa e expressiva do indivíduo. Além disso, as línguas de sinais não descendem e nem dependem das línguas orais. Possui todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua e demanda pratica para seu aprendizado como qualquer outra língua. A língua não é apenas um instrumento. É a língua que nos constitui, constitui o outro, constitui cultura, conhecimento e produz sistemas de referência. Com isso, a língua passa a ser o objeto, não o surdo, devido a todos os “desencontros” causados pela falta de acesso a ela. Por isso afirmamos que a língua é o fio condutor de várias questões vinculadas à surdez. E isso é marcado na vida dos surdos desde a infância. Durante muito tempo as línguas de sinais eram denominadas linguagem de sinais, mas, a partir de estudos sobre o assunto, foi comprovado seu status linguístico – o termo linguagem caiu em desuso, passando-se a considerá-las línguas naturais. Pode-se fundamentar esta afirmação nas seguintes definições: Nota-se que língua e linguagem têm definições distintas. A primeira é um produto social da faculdade da linguagem, Enquanto a segunda é a capacidade que o homem tem de produzir conceitos relacionados com Uma dada forma, como a música, a arte, o teatro, a dança. As línguas naturais são consideradas inerentes ao homem, um sistema linguístico usado por uma comunidade. Elas não incluem somente as línguas orais pesquisas linguísticas já comprovaram que as línguas de sinais são naturais, pois a sua estrutura permite que diferentes conceitos sejam expressos através dela, dependendo da intenção e necessidade comunicativa do indivíduo. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 4 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 Brito (1998, p.19) faz a seguinte afirmação sobre se considerar línguas de sinais como naturais: As línguas de sinais são línguas naturais porque como as línguas orais sugiram espontaneamente da interação entre pessoas e porque devido à sua estrutura permitem a expressão de qualquer conceito - descritivo, emotivo, racional, literal, metafórico, concreto, abstrato - enfim, permitem a expressão de qualquer significado decorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano (BRITO, 1998, p. 19). Um dos primeiros estudiosos a desenvolver pesquisas acerca das línguas de sinais e a constatar seu status linguístico, Stokoe (apud Quadros & Karnopp, 2004) comprovou a sua complexidade, na medida em que, assim como línguas orais, as línguas de sinais possuem regras gramaticais, léxico, e permitem a expressão conceitos abstratos, e a produção de uma quantidade infinita de sentenças. Além disso, pode-se ratificar que elas não são pantomimas e nem universais - a língua de sinais americana (ASL) difere da língua de sinais britânica (BSL) que difere da brasileira e assim por diante. Elas apresentam variações regionais, e suas estruturas gramaticais não dependem das línguas orais. É uma língua de modalidade gestual-visual, seu canal de comunicação se dá através das mãos, das expressões faciais e do corpo. Considera-se ainda que a língua de sinais deve ser a língua materna dos surdos, não somente por ser língua natural, mas por estar veiculada a um canal que não é o oralauditivo, pois esta modalidade não oferece ao surdo uma aquisição espontânea da língua, ao contrário da gestual-visual, que garante uma percepção e articulação mais fácil, coerente e confortável, além de contribuir para o desenvolvimento linguístico, cognitivo e social do surdo. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística Pesquisas com filhos surdos de pais surdos estabelecem que a aquisição precoce da Língua de Sinais dentro do lar é um benefício e que esta aquisição contribui para o aprendizado da língua oral como Segunda língua para os surdos. Partindo da concepção de que o sinal, nas línguas gestual-visuais, corresponderia ao que vem sendo chamado, nas línguas oral-auditivas, de palavra, ou seja, item lexical, mostrará como ocorrem os processos de formação de sinais na Libras. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 5 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 A LIBRAS E A LEGALIZAÇÃO Na sociedade contemporânea em que vivemos precisamos de pessoas com um modelo social que busquem soluções para as necessidades dos educandos, por diferentes que sejam, precisamos de pessoas com espírito critico e capaz de agir com autonomia e com alternativas a fim de diminuir a distância entre o que se aprende e o que se ensina, de significativo conhecimento contribui para a sua vida como cidadãos. A inclusão trouxe a necessidade de repensar a educação e a instituição escolar, principalmente pelas dificuldades enfrentadas pelos docentes. A Legislação do Brasil (Constituição Federal/88, LDB 9394/96) prevê a integração do aluno com necessidades especiais no sistema regular de Ensino. O sujeito surdo é dotado de Uma diferença sociolinguística, ou seja, ele interage com o mundo a partir de Uma experiência visual. Todas as suas construções mentais são mediadas pelo seu instrumento natural de comunicação: a língua de sinais. A Língua Brasileira de Sinais foi desenvolvida a partir da língua de sinais francesa. As línguas de sinais não são universais, cada país possui a sua. A LIBRA possui estrutura gramatical própria. Os sinais são formados por meio da combinação pontos de formas e de movimentos das mãos e de referência no corpo ou no espaço. Segundo a legislação vigente, Libras constitui um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas com deficiência auditiva do Brasil, na qual há Uma forma de comunicação e expressão, de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria. Decretada e sancionada em 24 de abril de 2002, a Lei N° 10.436, no seu artigo 4º, dispõe o seguinte: "O sistema educacional federal e sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais -Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 6 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 Um dos pressupostos teórico-metodológico é o Bilinguismo, cuja perspectiva compreende que o indivíduo surdo deva adquirir sua língua materna, língua de sinais, e a língua oficial do seu país. É de suma importância as duas línguas (Língua Portuguesa Brasileira – LP e Língua Brasileira de Sinais- LIBRAS) na vida do surdo na alfabetização, uma vez que se trata de um indivíduo bi cultural ,ou seja , aquele que está inserido ao mesmo tempo em mais de uma cultura, neste caso, a cultura surda e a cultura do ouvinte. Primeiramente aprender a língua mãe, neste caso Libras. LEGALIZAÇÃO DA LIBRAS: LEI Nº. 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar ouso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. Art. 3º As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 7 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos deformação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de 2002; 181º da Independência e 114º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza Acreditar que o Deficiente auditivo é capaz de aprender, verificar se o aluno deficiente se ele quer partilhar dados sobre sua deficiência e só em caso afirmativo passar essa informação para outras pessoas. Diante de tantos conceitos, é importante salientar que, para haver inclusão, é necessária uma mudança nos paradigmas, na percepção do que é educação, sendo que a formação de novos valores deve partir do respeito às diferenças e do aprender a conviver com os diferentes ao conhecimento e à cultura e progredir no aspecto pessoal e social. No processo de inclusão, a criança com necessidades educacionais especiais não pode ser vista apenas por suas dificuldades, limitações ou deficiências. Deve ser vista na sua dimensão humana, como pessoa com possibilidades e desafios a vencer, de forma que os laços de solidariedade e afetividade não sejam quebrados. PARAMETROS DA LIBRAS Além da língua de sinais, existe o alfabeto manual, que é o conjunto de sinais representado por uma posição de mão e dedos, correspondente a cada uma das letras do Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 8 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 alfabeto escrito. Ele é um recurso de soletração que só faz sentido para os surdos ou ouvintes alfabetizados. O alfabeto manual é especialmente utilizado para soletrar nomes próprios e outras palavras cujos sinais ainda não existam ou que sejam desconhecidos pelo sinalizador. A soletração com o alfabeto manual é como a escrita à mão de uma pessoa, ou seja, a execução do sinal é como uma caligrafia que sofre algumas variações de pessoa para pessoa. Em ambos os casos a clareza é fundamental para a compreensão e a sinalização do alfabeto manual requer fluência, isto é, a competência prática para executar os sinais com nitidez. Alfabeto Manual: é a soletração de letras com as mãos. É muito aconselhável soletrar devagar, formando as palavras com nitidez. Entre as palavras soletradas, é melhor fazer uma pausa curta ou mover a mão direita para o lado esquerdo, como se estivesse empurrando a palavra já soletrada para o lado. Normalmente o alfabeto manual é utilizado para soletrar os nomes de pessoas, de lugares, de rótulos, etc., e para os vocábulos não existentes na língua de sinais. Alcançar essa competência leva algum tempo, pois requer treinamento e prática regulares. Mas atenção: não soletre palavras ou frases inteiras se você não conhece o sinal correspondente. Fazer isso seria como estar pronunciando as palavras letra por letra; fica estranho e difícil de entender. É como dizer: C-O-M-O-V-O-C-Ê- S-E-C-H-A- MA? Em geral, a soletração é usada para informações específicas como: nome pessoal; nomes de lugares (cidade, estado, lojas); títulos de livros e filmes; comidas e pratos; definição do entendimento de um sinal; termos técnicos. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 9 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 10 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 Ressalta-se que as letras do alfabeto digital representam as letras do alfabeto oral de um país. Assim cada letra não significa um sinal, mas somente a letra da Língua oral escrita. Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros. Entretanto, as regras de formação de palavras de uma língua específica, independente de sua modalidade, apresentam uma diversidade nas classes e relações estruturais sintático semânticas que devem ser também mostradas. ESTRUTURA GRAMATICAL ASPECTOS ESTRUTURAIS A LIBRAS têm sua estrutura gramatical organizada a partir de alguns parâmetros que estruturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos. Três são seus parâmetros principais ou maiores: a Configuração da(s) mão(s)-(CM), o Movimento - (M) e o Ponto de Articulação - (PA); e outros três constituem seus parâmetros menores: Região de Contato, Orientação da(s) mão(s) e Disposição da(s) mão(s).(FERREIRA BRITO, 1990) 1. a) Configuração da mão (CM): é a forma que a mão assume durante a realização de um sinal. Pelas pesquisas linguísticas, foi comprovado que na LIBRAS. Os sinais APRENDER, LARANJA e ADORAR têm a mesma configuração de mão. Ex. : TELEFONE BRANCO 2. Movimento (M), é o deslocamento da mão no espaço, durante a realização do sinal. Ex.: GALINHA, HOMEM Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 11 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 3. Direcionalidade (Dir) Os Sinai’s podem ter Uma direção e a inversão desta pod significar ideia de oposição, contrário our concordância número-pessoal, como os sinais QUERER e QUERER-NÃO; IR e VIR. 4. Ponto de articulação (PA) É o lugar do corpo onde será realizado o sinal: É o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até à cabeça) e horizontal (à frente do emissor). Os sinais TRABALHAR, BRINCAR, CONSERTAR são feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER, APRENDER e PENSAR são feitos na testa. 5. Expressões faciais e corporais. Muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração tem como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-SEXUAL. Na Libras, por exemplo, há sinais realizados somente através de expressões faciais como LADRÃO, RELAÇÃO-SEXUAL, bem como a utilização de expressões faciais para marcar tipo de frase (FELIPE, 1988) e de expressão corporal para marcar os turnos no discurso (FELIPE, 1991). Estes cinco parâmetros podem expressar morfemas através de algumas configurações de mão, de alguns movimentos direcionados, de algumas alterações na frequência do movimento, de alguns pontos de articulação na estrutura morfológica e de alguma expressão facial ou movimento de cabeça concomitante ao sinal, que, através de alterações em suas combinações, formam os itens lexicais das línguas de sinais. São, portanto, segundo Felipe (1998a), morfemas lexicais ou gramaticais que podem ser, diferentemente, uma raiz/radical (M), um afixo (alterações em M e CM) e uma desinência, ou seja, uma marca de concordância número pessoal (DIR) ou de gênero (CM). Assim, na Libras, tomando o verbo como objeto de estudo, segundo Felipe (1993 e 1997), os processos de formação de palavras podem ser realizados através da Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 12 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 modificação da raiz, da derivação zero, de processos miméticos e de regras de composição. LIBRAS E FORMAÇÃO DE PALAVRAS E ASPECTO VERBAL Como já vimos anteriormente, na LIBRAS os sinais são formados a partir de parâmetros principais e secundários e através de alguns componentes não-manuais. Há, também, uma série de outros sinais que são formados por processos de derivação, composição ou empréstimos do português. Vejamos alguns exemplos: Sinais compostos: da mesma forma que no português, teremos compostos de palavras no qual um elemento será o principal- o núcleo - e um elemento o especificadoro adjunto. É interessante observar, que na LIBRAS a estrutura não será apenas binária e, neste caso, teremos dois ou mais elementos especificadores de uma palavra-núcleo. Ex.: Simples: CAFÉ, AMIGO, CONHECER Composto: “zebra”: CAVALO LISTRAS “açougueiro”: HOMEM VENDER CARNE “faqueiro”: CAIXA GUARDAR COLHER Em alguns casos, quando ao sinal acrescenta-se outro, o mesmo passa a ter outro significado. Ex.: pílula PILULA^EVITAR^GRÁVIDA “pílula anticoncepcional” PÍLULA^DOR DE CABEÇA “analgésico” Médico MÉDIC@^SEXO “ginecologista’ MÉDIC@^OLHO “oftamotologista” MÉDIC@^CRIANÇA “pediatra” Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 13 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 MÉDIC@^CORAÇÃO “cardiologista” Sinais compostos por categorias: para classificar um sinal por categoria ou por grupo, acrescentamos à palavra-núcleo o sinal VARIADOS. Ex.: MAÇÃ^VARIADOS “frutas” CARRO^VARIADOS “meios de transportes” COR^VARIADOS “colorido” COMER^VARIADOS ‘alimentos” LEÃO^VARIADOS “animais” Gênero (feminino / masculino): é interessante observar que não há flexão de gênero em LIBRAS, os substantivos e adjetivos são, em geral, não marcados. Entretanto, quando se quer explicitar substantivos dentro de determinados contextos, a indicação de sexo é feita pospondo-se o sinal "HOMEM / MULHER", indistintamente, para pessoas e animais, ou a indicação é obtida através de sinais diferentes para um e para outro sexo: Exemplos: HOMEM “homem” MULHER “mulher” HOMEM^VELH@ “vovô” MULHER^VELH@ “vovó” Adjetivos, artigos, pronomes e numerais não apresentam flexão de gênero, apresentando-se em forma neutra. Esta forma neutra está representada pelo símbolo @. Ex.: AMIG@, FRI@, MUIT@, CACHORR@, SOLTEIR@ Adjetivos: são sinais que apresentam-se na forma neutra, não havendo, portanto, nem marca para gênero (masculino e feminino) e nem para número (singular e plural). Geralmente, aparecem na frase após o substantivo que qualificam. Ex.: GAT@ PEQUEN@ COR BRANC@ ESPERT@ “O gato é pequeno, branco e esperto.” Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 14 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 PROCESSOS DE COMPOSIÇÃO Nesse tipo de processo de formação de palavras, utilizam-se itens lexicais que são morfemas livres que se justapõem ou se aglutinam para formarem um novo item lexical. Na Libras esses processos podem se realizar através da: a) Justaposição de dois itens lexicais, ou seja, dois sinais que formam uma terceira forma livre como, por exemplo, nos itens lexicais: CAVALO – LISTRA –CORPO (CAVALO + LISTRA -CORPO = “zebra”); MULHER-BEIJO-NA-MÃO (MULHER + BEIJO-NA MÃO = “mãe”); CASA-ESTUDAR (CASA + ESTUDAR “escola”), COMER^MEIO-DIA (COMER + MEIO-DIA = “almoço”) b) Justaposição de um classificador com um item lexical. Esse processo foi encontrado quando da realização da pesquisa para o Dicionário da Libras (2005). Nesse processo o classificador não é uma marca de gênero e funciona como um clítico. São exemplos desse processo os sinais: coisa-pequena-PERFURAR “alfinete”; coisa-pequena-APLICAR-NO-BRAÇO “agulha”; c) Justaposição da datilologia da palavra, em português, com o sinal que representa a ação realizada pelo substantivo que, na sede semântica da ação verbal, seria seu caso instrumental. Exemplo: COSTURAR-COM-AGULHA^ A-G-U-L-H-A “agulha”. VARIAÇÕES LINGUISTICAS A língua está em constante evolução, é dinâmica, um produto social em permanente inconclusão, “(...) é intrinsecamente heterogênea, múltipla, variável, instável e está sempre em desconstrução e em reconstrução” (BAGNO, 2007, p.35,grifos do autor). Devido a este caráter de ordem heterogênea, nas línguas naturais pode ser identificado um fenômeno linguístico denominado variação. As línguas de sinais, por serem naturais, apresentam tais manifestações. Segundo Bagno (2007) existem fatores Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 15 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 sociais ou extralinguísticos que podem proporcionar à identificação do fenômeno variação linguística, são eles: Origem geográfica: a língua varia de um lugar para o outro; assim, podemos investigar, por exemplo, a fala característica das diferentes regiões brasileiras, dos diferentes estados, de diferentes áreas geográficas dentro de um mesmo estado etc.; outro fator importante também é a origem rural ou urbana da pessoa; Status socioeconômico: as pessoas que têm um nível de renda muito baixo não falam do mesmo modo das que têm um nível de renda médio ou muito alto, e vice-versa; Grau de escolarização: o acesso maior ou menor à educação formal e, com ele, à cultura letrada, à prática da leitura e aos usos da escrita, é um fator muito importante na configuração dos usos lingüísticos dos diferentes indivíduos; Idade: os adolescentes não falam do mesmo modo como seus pais, nem estes pais falam do mesmo modo como as pessoas das gerações anteriores; Sexo: homens e mulheres fazem usos diferenciados dos recursos que a língua oferece; Mercado de trabalho: o vínculo da pessoa com determinadas profissões e ofícios incide na sua atividade linguística: uma advogada não usa os mesmos recursos linguísticos de um encanador, nem este os mesmos de um cortador de cana; Redes sociais: cada pessoa adota comportamentos semelhantes aos das pessoas com quem convive em sua rede social; entre esses comportamentos está também o comportamento linguístico. Sobre as variações linguísticas, Strobel & Fernandes (1998) consideram as variações regionais e sociais e as mudanças históricas como fenômenos identificáveis na Língua Brasileira de Sinais, o que lhe confirma, mais uma vez, o caráter natural. A variação regional refere-se às variações de sinais que acontecem nas diferentes regiões do mesmo país; já a social representa as variações na configuração de mão e/ou movimento, sem alterar o sentido do sinal, as mudanças históricas estão relacionadas com as modificações que o sinal pode sofrer, devido aos costumes da geração que utiliza o sinal. A seguir, alguns exemplos: Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 16 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 a) Variação regional: representa as variações de sinais de uma região para outra, no mesmo país. VERDE Rio de Janeiro São Paulo Curitiba b) Variação social: refere-se à variações na configuração das mãos e/ou no movimento, não modificando o sentido do sinal. AJUDAR AVIÃO Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 17 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 FONOLOGIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Embora as línguas de sinais sejam de modalidade gestual-visual, em que a informação é percebida pelos olhos e frases, pelos textos e discursos produzidos pelas mãos, o termo fonologia tem sido usado não somente no contexto das línguas orais, mas nos estudos dos elementos que envolvem a formação dos sinais. A análise da formação dos sinais foi estabelecida por Stokoe (apud QUADROS, 2004), ao propor a decomposição dos sinais em três parâmetros principais (configuração de mão, locação da mão, movimento da mão). A configuração de mão (doravante, CM), de acordo com Strobel & Fernandes (1998), é definida como a forma assumida pela mão durante a articulação de um sinal. Locação da mão ou ponto de articulação é o lugar do corpo onde o sinal será realizado. Já o movimento demonstra o deslocamento da mão durante a execução do sinal, possuindo diferentes formas e direções. Além disso, os sinais podem ter ou não movimento. A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e percebida pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais são o ´desenho´ no ar do referente que representam. É claro que, por decorrência de sua natureza linguística, a realização de um sinal pode ser motivada pelas características do dado da realidade a que se refere, mas isso não é uma regra. A grande maioria dos sinais da LIBRAS são arbitrários, não mantendo relação de semelhança alguma com seu referente. SINAIS ICÔNICOS Uma foto é icônica porque reproduz a imagem do referente, isto é, a pessoa ou coisa fotografada. Assim também são alguns sinais da LIBRAS, gestos que fazem alusão à imagem do seu significado. Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 18 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 TELEFONE BORBOLETA EX: ARVORE, CASA, SINAIS ARBITRÁRIOS São aqueles que não mantêm nenhuma semelhança com o dado da realidade que representam. Uma das propriedades básicas de uma língua é a arbitrariedade existente entre significante e referente. Durante muito tempo afirmou-se que as línguas de sinais não eram línguas por serem icônicas, não representando, portanto, conceitos abstratos. Isto não é verdade, pois em língua de sinais tais conceitos também podem ser representados, em toda sua complexidade. CONVERSAR DEPRESSA EX: PESSOA, PERDOAR Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 19 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 O parâmetro orientação da mão, de acordo com Quadros (2004), vem ser a direção que a palma da mão indica na realização do sinal. Os componentes não manuais, ou seja, as expressões faciais e corporais, distinguem significados entre sinais. Além disso, podem traduzir tristeza, alegria, medo, raiva, mágoa, amor, encantamento e desencantamento, entre outros sentimentos. Podem indicar afirmação, negação, interrogação e exclamação. a) Sinais que diferem quanto à configuração de mão TELEFONE (CM: Y) BRANCO (CM: B) b) Sinais com ponto de articulação em diferentes locais, boca, testa: LARANJA APRENDER c) Sinais que divergem quanto ao movimento GALINHA HOMEM e) Componentes não manuais, expressões faciais: AFIRMATIVA NEGATIVA INTERROGATIVA EXCLAMATIVA ESTRUTURA SINTÁTICA A LIBRAS não pode ser estudada tendo como base a Língua Portuguesa, porque ela tem gramática diferenciada, independente da língua oral. A ordem dos sinais na construção de um enunciado obedece a regras próprias que refletem a forma de o surdo processar suas ideias, com base em sua percepção visual espacial da realidade. Vejamos alguns exemplos que demonstram exatamente essa independência sintática do português: Exemplo 1: LIBRAS: EU IR CASA. (verbo direcional) Português : " Eu irei para casa. " para - não se usa em LIBRAS, porque está incorporado ao verbo Exemplo 2: LIBRAS: FLOR EU-DAR MULHER^BENÇÃO (verbo direcional) Português: "Eu dei a flor para a mamãe." Exemplo 3: LIBRAS: PORQUE ISTO (expressão facial de interrogação) Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 20 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 Português: "Para que serve isto?" Exemplo 4: LIBRAS: IDADE VOCÊ (expressão facial de interrogação) Português: “Quantos anos você tem? Há alguns casos de omissão de verbos na LIBRAS: Exemplo 5: LIBRAS: CINEMA O-P-I-A-N-O MUITO-BOM Português: “O filme O Piano é maravilhoso!” Exemplo 6: LIBRAS: PORQUE PESSOA FELIZ-PULAR Português: "... porque as pessoas estão felizes demais!" Exemplo 7: LIBRAS: PASSADO COMEÇAR FÉRIAS EU VONTADE... DEPRESSA VIAJAR Português: “Quando chegaram as férias, eu fiquei ansiosa para viajar.” Observação: na estruturação da LIBRAS observa-se que a mesma possui regras próprias; não são usados artigos, preposições, conjunções, porque esses conectivos estão incorporados ao sinal. Vimos que a estruturação das sentenças em LIBRAS quanto à ordem dos argumentos (complementos inclusive sujeito) é diferente daquela do português e que inclusive as marcas de flexão são bastante específicas da modalidade visual-espacial de língua porque se apoiam na direcionalidade do movimento do sinal. Em Libras, através dos fenômenos linguísticos, da sua complexidade e gramática própria, pode-se constatar que assim como as línguas orais, as línguas de sinais são naturais. Embora seja uma língua articulada espacialmente, lugar em que são constituídos seus mecanismos fonológicos, morfológicos e sintáticos, certifica-se que as línguas de sinais são icônicas e arbitrárias, e que as formas icônicas não são universais. Trata-se, portanto, de uma língua que possui os mesmos universais linguísticos das línguas orais, caracterizando a formação dos sinais a partir dos fonemas e morfemas. Percebe-se ainda, através da sua morfologia e sintaxe, o seu caráter flexional, complexo e econômico na produção e articulação das frases. Diante destes conhecimentos destacamos as dificuldades existentes na escolarização dos sujeitos surdos está relacionada com as questões da língua, pois a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), é visuo-gestual e sua gramática é diferente quanto Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.pos.ajes.edu.br – [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98. 21 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 a da língua portuguesa. Para o surdo aprender a língua portuguesa na modalidade escrita, ocorre do mesmo modo que a do ouvinte ao aprender uma segunda língua. Antes que ocorra o aprendizado desta segunda língua, deve ser garantido ao surdo, de acordo com o objetivo da Abordagem Bilíngue, primeiro a aquisição da língua de sinais, que possibilitará ao surdo constituir-se como sujeito da linguagem e, consequentemente fornecerá um suporte linguístico para que ele aprenda uma segunda língua. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, E.C. Leitura e surdez: um estudo com adultos não oralizados. 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