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PÓS-GRADUAÇÃO EM
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E
INSTITUCIONAL
DISCIPLINA
LIBRAS – LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
PROFESSORA
ESP. GRAZIELA CHRISTINE M. DE ARRUDA
MATUPÁ – MT
AGOSTO/2016
AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012
CURRÍCULO RESUMIDO DA PROFESSORA
Pedagoga, possui Especialização em Educação pela Faculdade Integradas de Várzea
Grande - FIVE de Mato Grosso (2011). É Interprete aprovada pelo Centro de Formação
de Profissionais da Educação e de Atendimento a Pessoa Surda (2009). Foi
coordenadora na Escola Municipal de Várzea Grande/MT (2013/2014), é professora
Interprete SEDUC/ MT desde (2009), é professora pedagoga no município de várzea
Grande desde (2000). Atualmente está lecionando na Escola Municipal e atuando como
interprete na rede estadual.
EMENTA E BIBLIOGRAFIA
Ementa
O ensino da LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais, através da prática.
Apresentação da modalidade linguística, com a forma mais apropriada de comunicação
entre os surdos, bem como, entre surdos e ouvintes. Discussão entre questões referentes
ao poder e à força dessa língua em relação à comunidade surda. Importância de
habilidades referentes à expressão corporal e facial, fatores constituintes da Língua de
Sinais. Comunicação visual, baseada em regras gramaticais da Língua de Sinais e da
cultura surda. Aspectos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como a
fonologia, morfologia e sintaxe. Uso desta língua em contextos reais de comunicação.
Bibliografia Básica
ALMEIDA, E.C. Leitura e surdez: um estudo com adultos não oralizados. Rio de Janeiro:
Revinter, 2000.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial. Subsídios para
organização e funcionamento de serviços de educação especial: área de deficiência auditiva.
1995.BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão. Brasília, DF:
MEC; SEEP, 2005.
BRITO, L. F. Por uma gramática de língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995.
CAPOVILLA, F. C. & RAPHAEL, W. D. Enciclopédia da Língua de Sinais Brasileira - O mundo
do surdo em LIBRAS / educação. São Paulo: CNPq - Fundação Vitae - Fapesp - Capes: Editora
da Universidade de São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004.
CAPOVILLA, F. C. & RAPHAEL, W. D. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngüe da Língua
de Sinais Brasileira. Volume II: Sinais de M a Z. São Paulo, SP: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae,
Feneis, Brasil Telecom.
CAPOVILLA, F.C.; RAPHAEL, W.D. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua de
sinais brasileira. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 2001. 1 e 2 v.
QUADROS, R.M.; KARNOPP, L.B (col.) Língua de sinais brasileira, estudos lingüísticos. Porto
Alegre: Artmed, 2004. FELIPE, T.; MONTEIRO, M. S. LIBRAS em contexto. Curso
Básico. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação Especial,
2001.PIMENTA, N.; QUADROS, R. M. Curso de LIBRAS 1 – Iniciante. 3 ed. rev. e atualizada.
Porto Alegre: Editora Pallotti, 2008
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O ENSINO DA LIBRAS E SUA PRÁTICA
A LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), tem sua origem na Língua de Sinais
Francesa. As Línguas de Sinais não são universais. Cada país possui a sua própria língua
de sinais, que sofre as influências da cultura nacional. Como qualquer outra língua, ela
também possui expressões que diferem de região para região (os regionalismos), o que a
legitima ainda mais como língua.
As línguas de sinais, nas sociedades ocidentais contemporâneas, têm suas
origens no século XVI, na Europa. Elas são construções históricas e culturais,
desenvolvidas por diferentes países, cada uma com sua gramática particular. No Brasil,
adota-se a Língua Brasileira de Sinais (Libras); na França, a Langue de Signaux
Française (LSF); na Espanha, a Lengua de Signos Española (LSE); em Portugal, a
Língua Gestual Portuguesa (LGP); no México, a Lengua de Senhas Mexicana (LSM); nos
Estados Unidos e Canadá, a American Sign Language (ASL); na Alemanha, a Deutsche
Gebärdensprache (DGS), ou seja, cada pais possui sua própria língua particular.
Nenhuma dessas línguas é considerada a língua oficial da nação, mas são reconhecidas
como língua adotada pela comunidade surda desses países. Porém, mesmo com
estruturas gramaticais próprias, relacionam-se com os idiomas utilizados e as culturas
existentes nessas sociedades.
O Brasil reconheceu a Língua Brasileira de Sinais, por meio da Lei n°. 10.436/02,
(Lei de Libras), que determinou a inclusão desse conteúdo curricular em todos os cursos
de formação de professores e de fonoaudiólogos, definindo ainda que a Libras não
substitui a Língua Portuguesa (escrita).
Sabemos que a LIBRAS não é apenas um meio para se estabelecer algum tipo
de comunicação com os deficientes auditivos, mas é uma língua natural como qualquer
outra, com estruturas sintática, semântica, morfológica, etc. A diferença básica é que a
mesma utiliza a imagem para expressar-se. Para se aprender LIBRAS deve-se, portanto,
passar por um processo de aprendizagem de uma nova língua, tal qual fazemos quando
nos propomos a aprender espanhol, inglês, etc.
A libras é uma língua de modalidade distinta das línguas orais “são línguas
espaço visuais, ou seja, as realização dessas línguas não é estabelecida através dos
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canais oral auditivos, mas através da visão e da utilização do espaço” (QUADROS, 1997,
p. 46). Além disso, apresenta uma estrutura gramatical própria. Porém, tanto a criança
surda como a ouvinte, tem capacidade de aprender a língua de sinais.
As línguas de sinais são de modalidade gestual-visual, e o espaço é o canal de
comunicação. Nele, frases, textos e discursos são produzidos e articulados através dos
sinais. São consideradas línguas naturais, pois surgiram da interação espontânea entre
indivíduos. Elas possuem gramática própria, além dos níveis linguísticos, fonológico,
morfológico, semântico, sintático e pragmático, o que possibilita aos seus utentes
expressarem diferentes tipos de significados, dependendo da necessidade comunicativa e
expressiva do indivíduo. Além disso, as línguas de sinais não descendem e nem
dependem das línguas orais. Possui todos os elementos classificatórios identificáveis de
uma língua e demanda pratica para seu aprendizado como qualquer outra língua.
A língua não é apenas um instrumento. É a língua que nos constitui, constitui o
outro, constitui cultura, conhecimento e produz sistemas de referência.
Com isso, a língua passa a ser o objeto, não o surdo, devido a todos os
“desencontros” causados pela falta de acesso a ela. Por isso afirmamos que a língua é o
fio condutor de várias questões vinculadas à surdez. E isso é marcado na vida dos surdos
desde a infância.
Durante muito tempo as línguas de sinais eram denominadas linguagem de
sinais, mas, a partir de estudos sobre o assunto, foi comprovado seu status linguístico – o
termo linguagem caiu em desuso, passando-se a considerá-las línguas naturais. Pode-se
fundamentar esta afirmação nas seguintes definições:
Nota-se que língua e linguagem têm definições distintas.

A primeira é um produto social da faculdade da linguagem,

Enquanto a segunda é a capacidade que o homem tem de produzir
conceitos relacionados com Uma dada forma, como a música, a arte, o teatro, a
dança.
As línguas naturais são consideradas inerentes ao homem, um sistema
linguístico usado por uma comunidade. Elas não incluem somente as línguas orais pesquisas linguísticas já comprovaram que as línguas de sinais são naturais, pois a sua
estrutura permite que diferentes conceitos sejam expressos através dela, dependendo da
intenção e necessidade comunicativa do indivíduo.
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Brito (1998, p.19) faz a seguinte afirmação sobre se considerar línguas de sinais
como naturais:
As línguas de sinais são línguas naturais porque como as línguas orais sugiram
espontaneamente da interação entre pessoas e porque devido à sua estrutura permitem a
expressão de qualquer conceito - descritivo, emotivo, racional, literal, metafórico,
concreto, abstrato - enfim, permitem a expressão de qualquer significado decorrente da
necessidade comunicativa e expressiva do ser humano (BRITO, 1998, p. 19).
Um dos primeiros estudiosos a desenvolver pesquisas acerca das línguas de
sinais e a constatar seu status linguístico, Stokoe (apud Quadros & Karnopp, 2004)
comprovou a sua complexidade, na medida em que, assim como línguas orais, as línguas
de sinais possuem regras gramaticais, léxico, e permitem a expressão conceitos
abstratos, e a produção de uma quantidade infinita de sentenças.
Além disso, pode-se ratificar que elas não são pantomimas e nem universais - a
língua de sinais americana (ASL) difere da língua de sinais britânica (BSL) que difere da
brasileira e assim por diante. Elas apresentam variações regionais, e suas estruturas
gramaticais não dependem das línguas orais. É uma língua de modalidade gestual-visual,
seu canal de comunicação se dá através das mãos, das expressões faciais e do corpo.
Considera-se ainda que a língua de sinais deve ser a língua materna dos surdos,
não somente por ser língua natural, mas por estar veiculada a um canal que não é o oralauditivo, pois esta modalidade não oferece ao surdo uma aquisição espontânea da língua,
ao contrário da gestual-visual, que garante uma percepção e articulação mais fácil,
coerente e confortável, além de contribuir para o desenvolvimento linguístico, cognitivo e
social do surdo.
É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística Pesquisas com filhos
surdos de pais surdos estabelecem que a aquisição precoce da Língua de Sinais dentro
do lar é um benefício e que esta aquisição contribui para o aprendizado da língua oral
como Segunda língua para os surdos.
Partindo da concepção de que o sinal, nas línguas gestual-visuais, corresponderia
ao que vem sendo chamado, nas línguas oral-auditivas, de palavra, ou seja, item lexical,
mostrará como ocorrem os processos de formação de sinais na Libras.
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A LIBRAS E A LEGALIZAÇÃO
Na sociedade contemporânea em que vivemos precisamos de pessoas com um
modelo social que busquem soluções para as necessidades dos educandos, por
diferentes que sejam, precisamos de pessoas com espírito critico e capaz de agir com
autonomia e com alternativas a fim de diminuir a distância entre o que se aprende e o que
se ensina, de significativo conhecimento contribui para a sua vida como cidadãos.
A inclusão trouxe a necessidade de repensar a educação e a instituição escolar,
principalmente pelas dificuldades enfrentadas pelos docentes.
A Legislação do Brasil (Constituição Federal/88, LDB 9394/96) prevê a
integração do aluno com necessidades especiais no sistema regular de Ensino.

O sujeito surdo é dotado de Uma diferença sociolinguística, ou seja,
ele interage com o mundo a partir de Uma experiência visual. Todas as suas
construções mentais são mediadas pelo seu instrumento natural de comunicação:
a língua de sinais.

A Língua Brasileira de Sinais foi desenvolvida a partir da língua de
sinais francesa. As línguas de sinais não são universais, cada país possui a sua. A
LIBRA possui estrutura gramatical própria.

Os sinais são formados por meio da combinação pontos de formas e
de movimentos das mãos e de referência no corpo ou no espaço. Segundo a
legislação vigente, Libras constitui um sistema lingüístico de transmissão de idéias
e fatos, oriundos de comunidades de pessoas com deficiência auditiva do Brasil, na
qual há Uma forma de comunicação e expressão, de natureza visual-motora, com
estrutura gramatical própria. Decretada e sancionada em 24 de abril de 2002, a Lei
N° 10.436, no seu artigo 4º, dispõe o seguinte:

"O sistema educacional federal e sistemas educacionais estaduais,
municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação
de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e
superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais -Libras, como parte integrante
dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.
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
Um dos pressupostos teórico-metodológico é o Bilinguismo, cuja
perspectiva compreende que o indivíduo surdo deva adquirir sua língua materna,
língua de sinais, e a língua oficial do seu país.

É de suma importância as duas línguas (Língua Portuguesa Brasileira
– LP e Língua Brasileira de Sinais- LIBRAS) na vida do surdo na alfabetização,
uma vez que se trata de um indivíduo bi cultural ,ou seja , aquele que está inserido
ao mesmo tempo em mais de uma cultura, neste caso, a cultura surda e a cultura
do ouvinte. Primeiramente aprender a língua mãe, neste caso Libras.

LEGALIZAÇÃO DA LIBRAS:
LEI Nº. 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002.
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. O
PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º
É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua
Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único
Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de
comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora,
com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de
ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2º
Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar ouso e
difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e
de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art. 3º
As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de
assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos
portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
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Art. 4º
O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais,
municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos deformação de
Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e
superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo único.
A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS não poderá substituir a modalidade
escrita da língua portuguesa.
Art. 5º
Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de
2002; 181º da Independência e 114º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
Acreditar que o Deficiente auditivo é capaz de aprender, verificar se o aluno
deficiente se ele quer partilhar dados sobre sua deficiência e só em caso afirmativo
passar essa informação para outras pessoas.
Diante de tantos conceitos, é importante salientar que, para haver inclusão, é
necessária uma mudança nos paradigmas, na percepção do que é educação, sendo que
a formação de novos valores deve partir do respeito às diferenças e do aprender a
conviver com os diferentes ao conhecimento e à cultura e progredir no aspecto pessoal e
social.
No processo de inclusão, a criança com necessidades educacionais especiais
não pode ser vista apenas por suas dificuldades, limitações ou deficiências. Deve ser
vista na sua dimensão humana, como pessoa com possibilidades e desafios a vencer, de
forma que os laços de solidariedade e afetividade não sejam quebrados.
PARAMETROS DA LIBRAS
Além da língua de sinais, existe o alfabeto manual, que é o conjunto de sinais
representado por uma posição de mão e dedos, correspondente a cada uma das letras do
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alfabeto escrito. Ele é um recurso de soletração que só faz sentido para os surdos ou
ouvintes alfabetizados. O alfabeto manual é especialmente utilizado para soletrar nomes
próprios e outras palavras cujos sinais ainda não existam ou que sejam desconhecidos
pelo sinalizador.
A soletração com o alfabeto manual é como a escrita à mão de uma pessoa, ou
seja, a execução do sinal é como uma caligrafia que sofre algumas variações de pessoa
para pessoa. Em ambos os casos a clareza é fundamental para a compreensão e a
sinalização do alfabeto manual requer fluência, isto é, a competência prática para
executar os sinais com nitidez.
Alfabeto Manual: é a soletração de letras com as mãos. É muito aconselhável
soletrar devagar, formando as palavras com nitidez. Entre as palavras soletradas, é
melhor fazer uma pausa curta ou mover a mão direita para o lado esquerdo, como se
estivesse empurrando a palavra já soletrada para o lado. Normalmente o alfabeto manual
é utilizado para soletrar os nomes de pessoas, de lugares, de rótulos, etc., e para os
vocábulos não existentes na língua de sinais.
Alcançar essa competência leva algum tempo, pois requer treinamento e prática
regulares. Mas atenção: não soletre palavras ou frases inteiras se você não conhece o
sinal correspondente. Fazer isso seria como estar pronunciando as palavras letra por
letra; fica estranho e difícil de entender. É como dizer: C-O-M-O-V-O-C-Ê- S-E-C-H-A- MA?
Em geral, a soletração é usada para informações
específicas como: nome pessoal;
 nomes de lugares (cidade, estado, lojas);
 títulos de livros e filmes;
 comidas e pratos;
 definição do entendimento de um sinal;
 termos técnicos.
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Ressalta-se que as letras do alfabeto digital representam as letras do alfabeto oral
de um país. Assim cada letra não significa um sinal, mas somente a letra da Língua oral
escrita.
Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um
determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do
corpo ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser
comparadas aos fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros.
Entretanto, as regras de formação de palavras de uma língua específica,
independente de sua modalidade, apresentam uma diversidade nas classes e relações
estruturais sintático semânticas que devem ser também mostradas.
ESTRUTURA GRAMATICAL
ASPECTOS ESTRUTURAIS
A LIBRAS têm sua estrutura gramatical organizada a partir de alguns parâmetros
que estruturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos. Três são seus parâmetros
principais ou maiores: a Configuração da(s) mão(s)-(CM), o Movimento - (M) e o Ponto de
Articulação - (PA); e outros três constituem seus parâmetros menores: Região de Contato,
Orientação da(s) mão(s) e Disposição da(s) mão(s).(FERREIRA BRITO, 1990)
1. a) Configuração da mão (CM): é a forma que a mão assume durante a realização
de um sinal. Pelas pesquisas linguísticas, foi comprovado que na LIBRAS. Os
sinais APRENDER, LARANJA e ADORAR têm a mesma configuração de mão.
Ex. : TELEFONE BRANCO
2. Movimento (M), é o deslocamento da mão no espaço, durante a realização do
sinal.
Ex.: GALINHA,
HOMEM
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3. Direcionalidade (Dir) Os Sinai’s podem ter Uma direção e a inversão desta pod
significar ideia de oposição, contrário our concordância número-pessoal, como os
sinais QUERER e QUERER-NÃO; IR e VIR.
4.
Ponto de articulação (PA)
É o lugar do corpo onde será realizado o sinal: É o lugar onde incide a mão
predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um
espaço neutro vertical (do meio do corpo até à cabeça) e horizontal (à frente do emissor).
Os sinais TRABALHAR, BRINCAR, CONSERTAR são feitos no espaço neutro e
os sinais ESQUECER, APRENDER e PENSAR são feitos na testa.
5. Expressões faciais e corporais.
Muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua
configuração tem como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal,
como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha
como LADRÃO, ATO-SEXUAL.
Na Libras, por exemplo, há sinais realizados somente através de expressões
faciais como LADRÃO, RELAÇÃO-SEXUAL, bem como a utilização de expressões faciais
para marcar tipo de frase (FELIPE, 1988) e de expressão corporal para marcar os turnos
no discurso (FELIPE, 1991).
Estes cinco parâmetros podem expressar morfemas através de algumas
configurações de mão, de alguns movimentos direcionados, de algumas alterações na
frequência do movimento, de alguns pontos de articulação na estrutura morfológica e de
alguma expressão facial ou movimento de cabeça concomitante ao sinal, que, através de
alterações em suas combinações, formam os itens lexicais das línguas de sinais.
São, portanto, segundo Felipe (1998a), morfemas lexicais ou gramaticais que
podem ser, diferentemente, uma raiz/radical (M), um afixo (alterações em M e CM) e uma
desinência, ou seja, uma marca de concordância número pessoal (DIR) ou de gênero
(CM). Assim, na Libras, tomando o verbo como objeto de estudo, segundo Felipe (1993 e
1997), os processos de formação de palavras podem ser realizados através da
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modificação da raiz, da derivação zero, de processos miméticos e de regras de
composição.
LIBRAS E FORMAÇÃO DE PALAVRAS E ASPECTO VERBAL
Como já vimos anteriormente, na LIBRAS os sinais são formados a partir de
parâmetros principais e secundários e através de alguns componentes não-manuais.
Há, também, uma série de outros sinais que são formados por processos de
derivação, composição ou empréstimos do português. Vejamos alguns exemplos:
Sinais compostos: da mesma forma que no português, teremos compostos de
palavras no qual um elemento será o principal- o núcleo - e um elemento o especificadoro adjunto. É interessante observar, que na LIBRAS a estrutura não será apenas binária e,
neste caso, teremos dois ou mais elementos especificadores de uma palavra-núcleo.
Ex.:
 Simples: CAFÉ, AMIGO, CONHECER
 Composto: “zebra”: CAVALO LISTRAS
 “açougueiro”: HOMEM VENDER CARNE
 “faqueiro”: CAIXA GUARDAR COLHER
Em alguns casos, quando ao sinal acrescenta-se outro, o mesmo passa a ter
outro significado.
Ex.: pílula
 PILULA^EVITAR^GRÁVIDA “pílula anticoncepcional”
 PÍLULA^DOR DE CABEÇA “analgésico”
Médico
 MÉDIC@^SEXO “ginecologista’
 MÉDIC@^OLHO “oftamotologista”
 MÉDIC@^CRIANÇA “pediatra”
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 MÉDIC@^CORAÇÃO “cardiologista”
Sinais compostos por categorias: para classificar um sinal por categoria ou por
grupo, acrescentamos à palavra-núcleo o sinal VARIADOS.
Ex.:
 MAÇÃ^VARIADOS “frutas”
 CARRO^VARIADOS “meios de transportes”
 COR^VARIADOS “colorido”
 COMER^VARIADOS ‘alimentos”
 LEÃO^VARIADOS “animais”
Gênero (feminino / masculino): é interessante observar que não há flexão de
gênero em LIBRAS, os substantivos e adjetivos são, em geral, não marcados.
Entretanto, quando se quer explicitar substantivos dentro de determinados
contextos, a indicação de sexo é feita pospondo-se o sinal "HOMEM / MULHER",
indistintamente, para pessoas e animais, ou a indicação é obtida através de sinais
diferentes para um e para outro sexo:
Exemplos:
 HOMEM “homem”
 MULHER “mulher”
 HOMEM^VELH@ “vovô”
 MULHER^VELH@ “vovó”
Adjetivos, artigos, pronomes e numerais não apresentam flexão de gênero,
apresentando-se em forma neutra. Esta forma neutra está representada pelo símbolo @.
Ex.: AMIG@, FRI@, MUIT@, CACHORR@, SOLTEIR@
Adjetivos: são sinais que apresentam-se na forma neutra, não havendo,
portanto, nem marca para gênero (masculino e feminino) e nem para número (singular e
plural). Geralmente, aparecem na frase após o substantivo que qualificam.
Ex.: GAT@ PEQUEN@ COR BRANC@ ESPERT@
“O gato é pequeno, branco e esperto.”
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PROCESSOS DE COMPOSIÇÃO
Nesse tipo de processo de formação de palavras, utilizam-se itens lexicais que
são morfemas livres que se justapõem ou se aglutinam para formarem um novo item
lexical.
Na Libras esses processos podem se realizar através da:
a)
Justaposição de dois itens lexicais, ou seja, dois sinais que formam uma
terceira forma livre como, por exemplo, nos itens lexicais:

CAVALO – LISTRA –CORPO (CAVALO + LISTRA -CORPO = “zebra”);

MULHER-BEIJO-NA-MÃO (MULHER + BEIJO-NA MÃO = “mãe”);

CASA-ESTUDAR (CASA + ESTUDAR “escola”),

COMER^MEIO-DIA (COMER + MEIO-DIA = “almoço”)
b) Justaposição de um classificador com um item lexical. Esse processo foi
encontrado quando da realização da pesquisa para o Dicionário da Libras (2005). Nesse
processo o classificador não é uma marca de gênero e funciona como um clítico. São
exemplos desse processo os sinais:

coisa-pequena-PERFURAR “alfinete”;

coisa-pequena-APLICAR-NO-BRAÇO “agulha”;
c) Justaposição da datilologia da palavra, em português, com o sinal que
representa a ação realizada pelo substantivo que, na sede semântica da ação verbal,
seria seu caso instrumental.

Exemplo: COSTURAR-COM-AGULHA^ A-G-U-L-H-A “agulha”.
VARIAÇÕES LINGUISTICAS
A língua está em constante evolução, é dinâmica, um produto social em
permanente inconclusão, “(...) é intrinsecamente heterogênea, múltipla, variável, instável
e está sempre em desconstrução e em reconstrução” (BAGNO, 2007, p.35,grifos do
autor).
Devido a este caráter de ordem heterogênea, nas línguas naturais pode ser
identificado um fenômeno linguístico denominado variação. As línguas de sinais, por
serem naturais, apresentam tais manifestações. Segundo Bagno (2007) existem fatores
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sociais ou extralinguísticos que podem proporcionar à identificação do fenômeno variação
linguística, são eles:

Origem geográfica: a língua varia de um lugar para o outro; assim,
podemos investigar, por exemplo, a fala característica das diferentes regiões brasileiras,
dos diferentes estados, de diferentes áreas geográficas dentro de um mesmo estado etc.;
outro fator importante também é a origem rural ou urbana da pessoa;

Status socioeconômico: as pessoas que têm um nível de renda muito
baixo não falam do mesmo modo das que têm um nível de renda médio ou muito alto, e
vice-versa;

Grau de escolarização: o acesso maior ou menor à educação formal e, com
ele, à cultura letrada, à prática da leitura e aos usos da escrita, é um fator muito
importante na configuração dos usos lingüísticos dos diferentes indivíduos;

Idade: os adolescentes não falam do mesmo modo como seus pais, nem
estes pais falam do mesmo modo como as pessoas das gerações anteriores;

Sexo: homens e mulheres fazem usos diferenciados dos recursos que a
língua oferece;

Mercado de trabalho: o vínculo da pessoa com determinadas profissões e
ofícios incide na sua atividade linguística: uma advogada não usa os mesmos recursos
linguísticos de um encanador, nem este os mesmos de um cortador de cana;

Redes sociais: cada pessoa adota comportamentos semelhantes aos das
pessoas com quem convive em sua rede social; entre esses comportamentos está
também o comportamento linguístico.
Sobre as variações linguísticas, Strobel & Fernandes (1998) consideram as
variações regionais e sociais e as mudanças históricas como fenômenos identificáveis na
Língua Brasileira de Sinais, o que lhe confirma, mais uma vez, o caráter natural.
A variação regional refere-se às variações de sinais que acontecem nas
diferentes regiões do mesmo país; já a social representa as variações na configuração de
mão e/ou movimento, sem alterar o sentido do sinal, as mudanças históricas estão
relacionadas com as modificações que o sinal pode sofrer, devido aos costumes da
geração que utiliza o sinal. A seguir, alguns exemplos:
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a)
Variação regional: representa as variações de sinais de uma região para
outra, no mesmo país.
VERDE
Rio de Janeiro
São Paulo
Curitiba
b) Variação social: refere-se à variações na configuração das mãos e/ou no
movimento, não modificando o sentido do sinal.
AJUDAR
AVIÃO
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FONOLOGIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
Embora as línguas de sinais sejam de modalidade gestual-visual, em que a
informação é percebida pelos olhos e frases, pelos textos e discursos produzidos pelas
mãos, o termo fonologia tem sido usado não somente no contexto das línguas orais, mas
nos estudos dos elementos que envolvem a formação dos sinais.
A análise da formação dos sinais foi estabelecida por Stokoe (apud
QUADROS, 2004), ao propor a decomposição dos sinais em três parâmetros principais
(configuração de mão, locação da mão, movimento da mão).
A configuração de mão (doravante, CM), de acordo com Strobel & Fernandes
(1998), é definida como a forma assumida pela mão durante a articulação de um sinal.
Locação da mão ou ponto de articulação é o lugar do corpo onde o sinal será realizado.
Já o movimento demonstra o deslocamento da mão durante a execução do sinal,
possuindo diferentes formas e direções. Além disso, os sinais podem ter ou não
movimento.
A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e
percebida pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais
são o ´desenho´ no ar do referente que representam. É claro que, por decorrência de sua
natureza linguística, a realização de um sinal pode ser motivada pelas características do
dado da realidade a que se refere, mas isso não é uma regra. A grande maioria dos sinais
da LIBRAS são arbitrários, não mantendo relação de semelhança alguma com seu
referente.
SINAIS ICÔNICOS
Uma foto é icônica porque reproduz a imagem do referente, isto é, a pessoa ou
coisa fotografada. Assim também são alguns sinais da LIBRAS, gestos que fazem alusão
à imagem do seu significado.
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TELEFONE
BORBOLETA
EX: ARVORE, CASA,
SINAIS ARBITRÁRIOS
São aqueles que não mantêm nenhuma semelhança com o dado da realidade
que representam.
Uma das propriedades básicas de uma língua é a arbitrariedade existente entre
significante e referente. Durante muito tempo afirmou-se que as línguas de sinais não
eram línguas por serem icônicas, não representando, portanto, conceitos abstratos. Isto
não é verdade, pois em língua de sinais tais conceitos também podem ser representados,
em toda sua complexidade.
CONVERSAR
DEPRESSA
EX: PESSOA, PERDOAR
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O parâmetro orientação da mão, de acordo com Quadros (2004), vem ser a
direção que a palma da mão indica na realização do sinal. Os componentes não manuais,
ou seja, as expressões faciais e corporais, distinguem significados entre sinais.
Além disso, podem traduzir tristeza, alegria, medo, raiva, mágoa, amor,
encantamento e desencantamento, entre outros sentimentos. Podem indicar afirmação,
negação, interrogação e exclamação.
a) Sinais que diferem quanto à configuração de mão
TELEFONE (CM: Y)
BRANCO (CM: B)
b) Sinais com ponto de articulação em diferentes locais, boca, testa:
LARANJA
APRENDER
c) Sinais que divergem quanto ao movimento
GALINHA HOMEM
e) Componentes não manuais, expressões faciais:
AFIRMATIVA NEGATIVA INTERROGATIVA EXCLAMATIVA
ESTRUTURA SINTÁTICA
A LIBRAS não pode ser estudada tendo como base a Língua Portuguesa, porque
ela tem gramática diferenciada, independente da língua oral.
A ordem dos sinais na construção de um enunciado obedece a regras próprias
que refletem a forma de o surdo processar suas ideias, com base em sua percepção
visual espacial da realidade. Vejamos alguns exemplos que demonstram exatamente
essa independência sintática do português:
Exemplo 1: LIBRAS: EU IR CASA. (verbo direcional)
Português : " Eu irei para casa. "
para - não se usa em LIBRAS, porque está incorporado ao verbo
Exemplo 2: LIBRAS: FLOR EU-DAR MULHER^BENÇÃO (verbo direcional)
Português: "Eu dei a flor para a mamãe."
Exemplo 3: LIBRAS: PORQUE ISTO (expressão facial de interrogação)
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Português: "Para que serve isto?"
Exemplo 4: LIBRAS: IDADE VOCÊ (expressão facial de interrogação)
Português: “Quantos anos você tem?
Há alguns casos de omissão de verbos na LIBRAS:
Exemplo 5: LIBRAS: CINEMA O-P-I-A-N-O MUITO-BOM
Português: “O filme O Piano é maravilhoso!”
Exemplo 6: LIBRAS: PORQUE PESSOA FELIZ-PULAR
Português: "... porque as pessoas estão felizes demais!"
Exemplo
7:
LIBRAS:
PASSADO
COMEÇAR
FÉRIAS
EU
VONTADE...
DEPRESSA VIAJAR
Português: “Quando chegaram as férias, eu fiquei ansiosa para viajar.”
Observação: na estruturação da LIBRAS observa-se que a mesma possui regras
próprias; não são usados artigos, preposições, conjunções, porque esses conectivos
estão incorporados ao sinal.
Vimos que a estruturação das sentenças em LIBRAS quanto à ordem dos
argumentos (complementos inclusive sujeito) é diferente daquela do português e que
inclusive as marcas de flexão são bastante específicas da modalidade visual-espacial de
língua porque se apoiam na direcionalidade do movimento do sinal.
Em Libras, através dos fenômenos linguísticos, da sua complexidade e gramática
própria, pode-se constatar que assim como as línguas orais, as línguas de sinais são
naturais. Embora seja uma língua articulada espacialmente, lugar em que são
constituídos seus mecanismos fonológicos, morfológicos e sintáticos, certifica-se que as
línguas de sinais são icônicas e arbitrárias, e que as formas icônicas não são universais.
Trata-se, portanto, de uma língua que possui os mesmos universais linguísticos
das línguas orais, caracterizando a formação dos sinais a partir dos fonemas e morfemas.
Percebe-se ainda, através da sua morfologia e sintaxe, o seu caráter flexional, complexo
e econômico na produção e articulação das frases.
Diante destes conhecimentos destacamos as dificuldades existentes na
escolarização dos sujeitos surdos está relacionada com as questões da língua, pois a
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), é visuo-gestual e sua gramática é diferente quanto
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a da língua portuguesa. Para o surdo aprender a língua portuguesa na modalidade
escrita, ocorre do mesmo modo que a do ouvinte ao aprender uma segunda língua.
Antes que ocorra o aprendizado desta segunda língua, deve ser garantido ao
surdo, de acordo com o objetivo da Abordagem Bilíngue, primeiro a aquisição da língua
de sinais, que possibilitará ao surdo constituir-se como sujeito da linguagem e,
consequentemente fornecerá um suporte linguístico para que ele aprenda uma segunda
língua.
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Janeiro: Revinter, 2000.
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