1 Conjuntura Econômica do Brasil de Agosto de 2009 Profa. Anita Kon1 Último dado Dado Anterior Tend. I. 09* -1,8 1,3 I. 09** -0,8 -3,7 Expectativas de mercado (% de 2009 -0,38 -0,35 crescimento anual) *** 2010 3,60 3,60 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Contas Nacionais Trimestrais. Taxa de crescimento em volume. http://www.ibge.gov.br. (*) Índice do ano/ìndice do ano anterior. (**) Variação em relação ao trimestre anterior. ***(Focus – Relatório de Mercado do Banco Central) PIB pm (1990=100) 2004 O comportamento do PIB no I Trimestre de 2009, mostra a continuidade do declínio da economia por um período superior a seis meses, o que caracteriza uma situação de recessão técnica. O Produto Interno Bruto brasileiro teve queda de 0,8% neste primeiro trimestre de 2009 e em comparação ao mesmo período de 2008, a queda foi de 1,8%. Em relação ao IV trimestre do ano anterior, a maior redução da atividade aconteceu na indústria (-3,1%), o setor da Agropecuária teve queda de 0,5%, enquanto o de serviços apresentou alta de 0,8% no primeiro trimestre. As estimativas foram refeitas para o final de 2009 e mostram crescimento ligeiramente mais negativo que nos dados anteriores, o que não implica em mudança na situação global. Índice do Nível de Atividade (2002=100) Junho .09* Junho. 09** -12,8 -10,9 2,0 0,7 Fonte: Banco Central de Brasil, Indicadores de Conjuntura. Mensal. http://www.bcb.gov.br. ano/ Índice ano anterior. (**) Variação mensal. (*) Índice do O INA da indústria paulista em junho mostrou alta de 2% com ajuste sazonal e 0,4% sem ajuste. Em relação a junho de 2008, houve perda de 12,8% e nos últimos 12 meses encerrados em junho, a variação foi negativa em 6,8%. Outro indicador, denominado Sensor Fiesp, que revela as perspectivas futuras da indústria paulista também se elevou, mostrando o maior otimismo (acima de 50) e atingindo 53,9 pontos, ante 52,9 pontos na primeira quinzena do mês. No entanto a retomada vem ocorrendo lentamente e o que se observou para o total acumulado no 1º semestre de 2009 foi também resultado negativo de 14,1%. As expectativas são de melhora neste segundo semestre. 1 Professora e pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Assistente de pesquisa Emmanuel Nakamura. 2 Maio 09* 4,0 7,0 Maio 09** 0,8 -0,1 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Pesquisa Mensal de Comercio. http://www.ibge.gov.br. (*) Índice mesmo período do ano anterior. (**) Variação mensal Índice do Volume de Vendas (2003=100) O volume de vendas do comércio varejista cresceu 0,8% em Maio após 2 meses de queda com ajuste sazona e em relação ao mesmo período de 2008 se elevou em 4,0%. Nos últimos doze meses, volume de vendas acumulou 6,5%. No mês de maio de 2009, com ajuste sazonal, 7 das 8 atividades apresentaram variação positiva: Combustíveis e lubrificantes (3,7%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,9%), Livros, jornais, revistas e papelaria (2,2%), Tecidos, vestuário e calçados (1,7%). As vendas dos gêneros de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, Móveis eletrodomésticos e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, apresentaram taxas menores que 1%, enquanto que o setor de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação apresentou considerável queda de vendas (-11,6%). Estes resultados positivos decorreram das vendas de presentes para o Dia das Mães, como nos anos anteriores, embora o aumento total das vendas no varejo neste ano ficou em apenas 1,9%, bem inferior aos 7,7% do ano passado. Junho 09* -10,9 -11,2 Junho.09** 0,2 1,2 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/ Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física. http://www.ibge.gov.br. Média ponderada das expectativas a curto prazo de renda, desemprego, inflação e intenção de compra, no mês posterior à pesquisa. (*) Índice do ano/ Índice do ano anterior (**) Variação no mês. Indice de Produção Industrial (2002=100) A produção industrial teve ligeira alta de 0,2% em junho, acumulando alta de 7,9% no acumulado de 2009 até junho. Na comparação anual, entretanto, a produção industrial brasileira caiu 13,4% no primeiro semestre deste ano e no período de 12 meses terminado em junho, a produção da indústria mostrou recuo de 6,5% e com relação a junho de 2008 caiu 10,9%. Dos 27 setores que são avaliados mensalmente, 13 apresentaram avanço no ritmo de produção, como: indústrias extrativas (5,3%), veículos automotores (2,6%), outros produtos químicos (2,9%) e metalurgia básica (2%). No que se refere às categorias de uso, verificou-se que a produção de bens de capital subiu 2,1%, a de bens intermediários teve acréscimo de 0,7% e a de bens de consumo duráveis registrou expansão de 0,4%. No entanto, os bens de consumo semiduráveis e não duráveis, mostraram baixa na produção de 2,6%, quebrando uma sequência de quatro meses de taxas positivas. 3 Índice Nacional de Expectativas do Consumidor (*) – Geral (Trimestral) Junho 09** 0,5 -4,7 Junho 09** 3,7 -3,2 Fonte: Federação do Comércio SP e CNI. Trimestral . (*) Índice. Média ponderada das expectativas a CP de renda, desemprego, inflação e intenção de compras no mês posterior à pesquisa. (**) Índice do ano/ Índice do ano anterior. (***) Variação em relação ao trimestre anterior. A confiança do consumidor brasileiro melhorou no segundo trimestre de 2009 (3,7%) , depois de ter caído por dois trimestres consecutivos. Este resultado foi grandemente motivado pelo fato de que a inadimplência e o endividamento do consumidor caíram em São Paulo. Em relação ao segundo trimestre de 2008, o índice ficou praticamente estável. (0,5%) Os analistas salientam que a melhora do índice de confiança do consumidor deve-se também, à melhora das expectativas em relação ao desemprego e à inflação. Apesar dessa melhora nas expectativas, este fato ainda não foi suficiente para compensar a queda desde o terceiro trimestre de 2008. O índice continua 1,8% abaixo do registrado no segundo trimestre de 2008. Esta melhora na confiança do consumidor no segundo trimestre ainda não deve ser interpretada como crescimento de compras de bens de maior valor, que permaneceu estagnada (0,2%). Índice de Confiança do Empresário Industrial – Geral – Trimestral Global * Jul.09 58,2 49,4 Condições atuais Jul.09 47,2 33,2 Jul.09 63,6 57,6 Expectativa Fonte: Federação do Comércio SP e CNI. Mensal. (*) O indicador varia no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam confiança do empresário. O empresariado brasileiro revelou aumento na confiança em relação à economia do país e às suas próprias empresas no trimestre que termina em julho e os índices já estão alcançando patamares superiores aos registrados no período anterior à chegada da crise no Brasil. O mesmo otimismo foi mostrado também, na comparação sazonal entre julho de 2009 e julho de 2008. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou que o aumento foi mais significativo nas empresas de médio porte de 58,5 pontos contra 48,8 no trimestre anterior. As pequenas empresas registraram 56,2 pontos em julho de 2009 e 46,8 em abril. Já as empresas de grande porte registraram um índice de confiança de 59,4 pontos em julho deste ano, para 51,8 pontos no trimestre anterior . 4 Índice Nacional de Preços do Consumidor Ampliado (Dezembro de 1993=100) Jul.09 Variação no mês Jul.09 Variação 3 meses Jul.09 Variação semestral Jul.09 Variação no ano Jul.09 Variação 12 meses Jul.09 2974,22 2967,10 0,24 0,36 1,07 1,32 2,32 2,57 2,81 2,57 4,50 4,80 Expectativas de mercado (Focus – 2009 4,50 4,50 Relatório de Mercado do Banco 2010 4,35 4,40 Central) (No ano %) Fonte: Instituto Brasileño de Geografía y Estadística/ Sistema Nacional de Índice de Precios al Consumidor. Mensal. http://www.ibge.gov.br/. O IPCA apresentou variação de 0,24% em julho, abaixo dos 0,36% registrados no mês anterior, o acumulado do ano chega a 2,81%, também inferior ao verificado em igual período de 2008. A redução do índice se deve à menor variação nos preços de itens de consumo, destacando-se os alimentos, que registraram queda de 0,06%, sobre alta de 0,70% em junho. Para o grupo dos produtos não-alimentícios, a taxa ficou em 0,33%, acima dos 0,26% de junho, por conta da alta de 3,25% na energia elétrica no mês. A maior variação de julho ficou com a habitação (1,11%). Entre as regiões metropolitanas, de maior consumo, a de São Paulo teve a maior elevação de preços (0,57%) em julho, pois as taxas dos alimentos (0,53%,) e da energia elétrica (11,75%) foram as mais elevadas. Por sua vez, os menores índices se mostraram nas regiões metropolitanas de Recife (-0,07%), Rio de Janeiro (0,05%) e Salvador (-0,02%). 5 Taxa de desocupação (30 dias) - % Nova metodologia. Variação mês anterior Jun.09 8,1 8,8 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/ Pesquisa Mensal de Emprego. A taxa de desocupação brasileira recuou para 8,1% no mês de junho, frente a 8,8% em maio, chegando ao menor patamar desde dezembro de 2008, quando a taxa foi a menor da série histórica. O contingente de desocupados caiu 8,3% em relação ao mês anterior e ficou em 1,9 milhões de pessoas, porém a população ocupada registrou elevação de apenas 0,8% na comparação com maio último e manteve-se estável em relação a junho de 2008. Isto mostra que parte do decréscimo da taxa de desocupação foi devida ao chamado “desalento”, ou seja, volume de pessoas que se retiraram da oferta de trabalho no momento da crise. Por outro lado, o número de novos postos de trabalho ainda não é suficiente para absorver os ocupados em regiões mais avançadas como São Paulo. O número de trabalhadores com carteira assinada permaneceu em 9,5 milhões de pessoas em junho, mesmo nível de maio. Porém, frente a igual mês de 2008, houve alta de 2,2%. 4.624,30 14.631,60 Julho 09 ** 16.925,00 (***) Fonte: Departamento Econômico do Banco Central do Brasil (DEPEC). http://www.bcb.gov.br Saldo da Balança Comercial (Milhões de US$). Julho 09 * 2.928,00 (*) Mensal. (**) Acumulado no ano. (***) Acumulado no mesmo período do ano anterior. No mês de julho de 2009, com 23 dias úteis, a balança comercial apresentou superávit de US$ 2,928 bilhões na balança comercial, que foi 12% inferior ao registrado no mesmo período de 2008 e 42,2% menor que o de junho de 2009. O superávit, que superou em 70% o saldo do mesmo período em 2008, decorreu da queda das importações (-28,9%) superior à das exportações (-22,2%) no período e para os próximos meses, previsão é de queda. A corrente de comércio em julho foi de US$ 25,358 bilhões, com exportações de US$ 14,143 bilhões e importações de US$ 11,215 bilhões. A queda nas vendas de soja em julho foi um dos principais fatores explicados pelos analistas como responsáveis pelo recuo do superávit, porém as exportações recuaram em todas as categorias. No caso dos produtos manufaturados, a queda foi de 33,6%, enquanto os produtos semi-manufaturados apresentaram queda de 41,5% nas vendas externas e os produtos básicos, tiveram redução de 23,1%. As expectativas para o Comércio Exterior são de que o recuo do dólar possa contribuir para estimular as importações e gerar um resultado comercial menor no restante de 2009. 6 Reservas Internacionais Jul.09 210.981 208.425 (milhões de US$) Fonte: Departamento de Reservas de Operações Internacionais do Banco Central de Brasil (DEPIN). *Conceito de liquidez. http://www.bcb.gov.br As reservas internacionais brasileiras registraram um novo recorde histórico, totalizando US$ 210,981 bilhões, pelo conceito de liquidez internacional, no final de julho, tendo aumentado em US$ 1,013 milhões ou seja, 1,2% no mês. Isto se verificou pois apesar da crise internacional, o Banco Central retomou os leilões de compra de dólar no dia 8 de maio e Desde então, essas intervenções diárias já retiraram US$ 6,2 bilhões do mercado, conforme dado atualizado até 15 de julho. Essas intervenções forma possíveis porque o fluxo de dólares voltou a ficar positivo para o Brasil. Por outrolado, o aumento do montante foi devido à valorização dos ativos que compõem as reservas, pois são investidos em aplicações consideradas de baixíssimo risco, como os títulos do Tesouro dos Estados Unidos e o ouro.