Anotações de Aula - Microeconomia

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Anotações de Aula - Microeconomia -Prof.Dr. Ralph Panzutti
1. TRÊS PASSOS PARA ANALISAR ALTERAÇÕES DE EQUILÍBRIO .(1)
A oferta e demanda determina o equilíbrio de mercado, o que por sua vez, determina o
preço do bem e a quantidade que os compradores adquirem e os vendedores produzem.
Naturalmente, preço e quantidade de equilíbrio dependem da posição das curvas de oferta e
demanda. Quando algum fato desloca uma dessas curvas, o equilíbrio do mercado se altera. A
análise detas mudanças é chamada estática comparativa porque envolve a comparação entre
um equilíbrio antigo e um equilíbrio novo.
Ao analisar como algum evento afeta o mercado procedemos em três etapas:
a) Primeira, verificamos se o fato desloca a curva de oferta, a curva de demanda, ou
alguns casos, ambas as curvas;
b) Segunda, verificamos se a curva se desloca para a direita ou para esquerda;
c) Terceira, usamos o diagrama da oferta e demanda para examinar como o
deslocamento afeta o preço e quantidade de equilíbrio.
EXEMPLO: UMA MUDANÇA DA DEMANDA: Dentre os fatores que provocam
deslocamentos da demanda, podemos citar: aumento da renda do consumidor; aumento do
mercado, um verão muito intenso afeta também a curva de demanda de produtos de verão, etc.
Suponha que em um determinado verão faça calor. Como isto afetaria o mercado de sorvetes?
Mais uma vez, para responder à pergunta, seguiremos os três passos
a) O calor afeta a curva alterando o desejo por sorvete das pessoas. Isto é, o clima altera
a quantidade de sorvete que as pessoas desejam consumir a qualquer preço. A curva de oferta
permanece inalterada porque o clima não afeta diretamente as empresas que vendem sorvete.
b) Como o calor aumenta o consumo de sorvete, a curva de demanda se desloca para a
direita. Este aumento na demanda ocorre com o deslocamento da curva da demanda de D1 para
D2, como mostra a Figura 1. Este deslocamento indica que a quantidade de sorvete consumido é
maior qualquer que seja o preço.
c) Como mostra a Figura 1, o aumento da demanda aumenta o preço de equilíbrio de R$
2,00 para R$2,50 e quantidade de equilíbrio de 7 para 10 casquinhas.
Em outras palavras, o clima quente aumenta o preço do sorvete e a quantidade de
sorvete vendido.
EXEMPLO UMA MUDANÇA NA OFERTA: Para o deslocamento da curva de oferta
podemos citar alguns fatores, tais como: número de empresas concorrentes, condições de oferta
dos fatores de produção, alteração na tecnologia., ou tendo origem na natureza, etc. Suponha
(1 ) O texto aqui apresentado é de circulação restrita aos participantes do curso de Administração UNIP.
Este texto foi elaborado tendo como base de apoio a bibliografia citada no final, onde foram extraídos as
idéias aqui expostas. Para melhor fluidez na leitura suprimimos as citações e notas de rodapé.
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que, num outro verão, um terremoto destrói várias fábricas de sorvete. Como este acontecimento
afetará o mercado de sorvetes? Mais uma vez, para responder à pergunta, seguiremos os três
passos.
O terremoto afeta a curva de oferta. Ao reduzir o número de vendedores, o terremoto
altera a quantidade de sorvete que as empresas produzem e vendem a um preço dado qualquer.
A curva de demanda permanece inalterada porque o terremoto não muda diretamente a
quantidade de sorvete que as pessoas desejam comprar.
A curva de oferta se desloca para a esquerda porque, a qualquer preço, a quantidade
total de sorvete que as empresas desejam e podem vender é menor. A Figura 2 ilustra esta
redução na oferta como sendo um deslocamento da curva de oferta de S1 para S2.
Como mostra a Figura 2, o deslocamento da curva de oferta provoca um aumento do
preço de equilíbrio de R$2,00 para R$2,50 e reduz a quantidade de equilíbrio de 7 para 4
casquinhas de sorvete. Em conseqüência do terremoto,
o preço do sorvete aumenta e a
quantidade vendida diminui.
2. ELASTICIDADE
Foi visto como os deslocamentos da demanda ou oferta afetam os preços. A pergunta
que se coloca é. Se as quantidades demandadas de um produto qualquer aumentaram em 10%
qual o efeito dessa mudança no preço?
Essa pergunta leva-nos a um exame da natureza da oferta e demanda, por meio do
conceito de elasticidade, ou mais precisamente de elasticidade preço. As elasticidades
descrevem os formatos das curvas de oferta e demanda.
Enfim, elasticidades são fatores que influem na explicação dos movimentos dos preços,
pois o termo elasticidade refere-se a sensibilidade de resposta às variações de preço.
Uma demanda ( ou oferta) elástica significa que as variações de preços afetam
fortemente a disposição ou capacidade de comprar ou vender dos compradores ou vendedores.
Quando as curvas são inelásticas, o efeito do preço é pequeno. Em outros termos: Demanda (ou
oferta) elástica é aquela na qual uma dada variação percentual dos preços provoca uma
variação percentual maior da quantidade demandada (ofertada). Uma curva inelástica é aquela
em que as resposta nas quantidades que estamos disposta e capacitados a comprar ou vender é
proporcionalmente menor do que a variação do preço.
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Anotações de Aula - Microeconomia -Prof. Ralph Panzutti
2.1. FÓRMULA DA ELASTICIDADE
Q/Q
_______
P/P
 Q é a variação da quantidade demandada ou ofertada
Q é a quantidade demanda ou ofertada inicial
 P é a variação do preço
P é o preço inicial
Variação percentual da quantidade é maior do que a variação do preço a demanda é
elástica.
 Q   P  ELÁSTICA COEFICIENTE SERÁ MAIOR DO QUE 1
Neste caso a receita total tem sentido contrário do preço. Se um aumenta o outro diminui.
P   RT  OU
P   RT 
Variação do percentual da quantidade é menor do que a variação percentual do preço a
demanda é Inelástica.
 Q   P  INELÁSTICA COEFICIENTE SERÁ MENOR DO QUE 1
Nesta caso a receita total tem o mesmo sentido do preço. Se um aumenta o outro
também aumenta.
P   RT  OU
P   RT 
Resumo
Quando a
VARIAÇAO PERCENTUAL DA QUANTIDADE É MAIOR DO QUE A VARIAÇÃO DO PREÇO A
DEMANDA É ELÁSTICA. NESTE CASO A RECEITA TOTAL TEM SENTIDO CONTRÁRIO DO
PREÇO. SE UM AUMENTA O OUTRO DIMINUI.
VARIAÇÃO DO PERCENTUAL DA QUANTIDADE É MENOR DO QUE A VARIAÇÃO
PERCENTUAL DO PREÇO A DEMANDA É INELÁSTICA. NESTA CASO A RECEITA TOTAL
TEM O MESMO SENTIDO DO PREÇO, SE UM AUMENTA O OUTRO TAMBÉM AUMENTA.
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2.2. ELASTICIDADE CRUZADA
Trata-se de uma comparação duas mercadorias. Comparamos qual o impacto de um
aumento ou diminuição do preço de uma mercadoria na quantidade de outra mercadoria.
 Px  DEMANDA  Q y  + BEM SUBSTITUTO
 Px  DEMANDA  Qy  - BEM COMPLEMENTAR
2.3. OS DETERMINANTES DA ELASTICIDADE DA OFERTA
A elasticidade da oferta depende da capacidade dos produtores de se retraírem no
mercado se o preço baixa, bem como na sua capacidade e disposição de expandir as vendas se
o preço sobe.
1. Custo e a possibilidade de estocar: Bens cujo CUSTO de estocagem é elevado
possuem baixa elasticidade de oferta. Os bens de rápida deterioração serão jogados no mercado
independentemente do preço; e sua elasticidade de oferta será muito baixa.
2. Característica do processo de produção. Será que um item possui substituto próximo
na produção? (Isto é, pode o trabalho, a terra e o equipamento utilizados para produzí-lo serem
rapidamente deslocados para a produção de outro bem?) Se for assim, a oferta será elástica.
Por exemplo, compare a elasticidade de oferta para o trigo e para todos os cereais tomados em
conjunto. Em face de um queda do preço do trigo, o produtor pode ser capaz de responder com
relativa facilidade deslocando a produção para um cereal substituto, por exemplo, o milho; então
a oferta do trigo é razoavelmente elástica.
2.4. TRES APLICAÇÕES DA OFERTA, DA DEMANDA E DA ELASTICIDADE
A)
BOAS NOTÍCIAS PARA A AGRICULTURA PODEM SER MÁS NOTÍCIAS
PARA OS AGRICULTORES.
O que acontece com o mercado de trigo quando pesquisadores das faculdades de
agronomia desenvolvem um novo trigo híbrido que é mais produtivo que as variedades
existentes? Apresentamos acima que estas perguntas são respondidas em três etapas. Primeiro,
verificamos qual a curva que se desloca - a da oferta ou da demanda. Segunda, observamos
qual a direção do deslocamento da curva. Terceira, usamos o diagrama da oferta e demanda
para verificar a mudança ocorrida no equilíbrio de mercado.
Neste caso, o desenvolvimento do novo híbrido afeta a curva de oferta. Como o híbrido
aumenta a quantidade de trigo que pode ser produzida em um hectare de terra, os agricultores
oferecerão mais trigo a qualquer preço dado. Em outras palavras, a curva de oferta se desloca
para a direita. A curva de demanda permanece a mesma porque o desejo dos consumidores de
comprar produtos ã base de trigo, a qualquer preço dado, não é afetado pela descoberta do
novo híbrido. A Figura 3( Um aumento da oferta no mercado de trigo) mostra um exemplo
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desta situação. Quando a curva de oferta se desloca de S1 para S2, a quantidade vendida de
trigo aumenta de 100 para 110, e o preço cai de R$3,00 para R$2,00.
Mas a nova variedade melhorou a situação dos agricultores? Vejamos, primeiro, o que
ocorre com a receita total dos agricultores. A receita total dos agricultores é P x Q, o preços do
trigo multiplicado pela quantidade vendida. A nova variedade de trigo permite aos agricultores
produzir mais trigo (Q aumenta), mas cada saco de trigo é vendido a um preço menor (P cai).
O aumento ou a queda da receita total depende da elasticidade da demanda. Na prática ,
a demanda de alimentos básicos, como o trigo, é em geral inelástica, pois se trata de gêneros
relativamente pouco dispendiosos e para os quais há bons substitutos. Quando a curva de
demanda é inelástica, uma queda no preço determina a redução da receita total. Isto pode ser
observado na figura: o preço do trigo cai substancialmente, enquanto a quantidade vendida
aumenta pouco. A receita total cai de R$ 300,00 para R$ 220,00. Portanto, o desenvolvimento
do novo híbrido reduz a receita total auferida pelos agricultores na venda da safra.
Se os agricultores são prejudicados pelo novo híbrido, por que é que o adotam? Como
cada agricultor é um pequena fração do mercado de trigo, o preço é para ele um dado. A
qualquer preço dado do trigo é melhor usar o novo híbrido para produzir e vender mais trigo.
Contudo, quando todos os agricultores tiverem feito isso, o preço cai e eles são prejudicados.
B) POR QUE A OPEP NÃO CONSEGUIU MANTER ALTOS OS PREÇOS DO
PETRÓLEO?
Muitos dos acontecimento mais críticos da economia mundial na décadas passadas
tiveram sua origem no mercado mundial de petróleo. Em 1970 os membros da Organização dos
Países Produtores de Petróleo (OPEP) decidiram aumentar o preço mundial de petróleo para
aumentar a renda de seus países. Para atingir tal objetivo reduziram conjuntamente a
quantidade oferecida de petróleo. De 1973 a 1974, o preço do petróleo aumento mais de 50% (já
descontada a inflação do período). Alguns anos depois em 1979, 34% em 1980 e mais 34% em
1981.
Contudo, a OPEP encontrou dificuldades para manter a elevação dos preços. De 1982 a
1985 os preços do petróleo registraram um declínio constante de cerca de 10% ao ano. Seguiuse um período de insatisfação e desorganização entre os países do OPEP estava destruída e os
preços do petróleo caíram 45%. Em 1990 o preço do petróleo tinha voltado aos níveis de 1970
(já descontada a inflação) e assim permaneceu na maior parte da década.
O episódio mostra como a oferta e a demanda podem ter comportamento distintos no
curto e no longo prazos. No curto prazo, tanto a oferta quanto a demanda de petróleo são
bastantes inelásticas. A oferta é inelástica porque a quantidade conhecida de reservas
petrolíferas e a capacidade de extração não podem ser alteradas rapidamente. A demanda é
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inelástica porque os hábitos de compra não respondem imediatamente às variações de preço.
Muitos proprietários de carros antigos, bebedores de gasolina, por exemplo. continuaram a
pagar os preços mais altos. Assim, como mostra o painel (a) da Figura 4 (Uma redução da
oferta no mercado mundial de petróleo) as curvas de oferta e demanda no curto prazo têm
uma inclinação acentuada. Quando a oferta de petróleo se desloca de S1 para S2, o aumento do
preço , de P1 para P2, é grande.
A situação é muito diferente no longo prazo. Num período maior, países que não fazem
parte da OPEP respondem aos preços mais altos aumentado a prospecção de petróleo e
construindo nova capacidade de extração. Os consumidores procuram conservar mais o
combustível, substituindo, por exemplo. os velhos carros ineficientes por novos automóveis mais
eficientes., ou usando carro a álcool. Como mostra o painel (b) da Figura 4 , no longo prazo as
curvas de oferta e demanda são mais elásticas e o deslocamento da curva de oferta de S1 para
S2 provoca um aumento muito menor do preço.
Esta análise mostra por que a OPEP só consegui manter elevados os preços do petróleo
no curto prazo. Quando o países da OPEP decidiram reduzir sua produção de petróleo, eles
deslocaram a curva de oferta para a esquerda. Mesmo vendendo menos petróleo, os preços
subiram tanto no curto prazo que a renda dos países da OPEP subiu. Já no longo prazo, quando
as curvas de oferta e demanda são mais elásticas, a mesma redução na oferta, medida pelo
deslocamento horizontal da curva de oferta, provocou um aumento menor do preço. Em
conseqüência, a redução coordenada da oferta dos países da OPEP se mostrou menos lucrativa
no longo prazo.
C)
A
REPRESSÃO
ÀS
DROGAS
AUMENTA
OU
DIMINUI
OS
CRIMES
RELACIONADOS A DROGAS?
Um problema que nossa sociedade enfrenta continuamente é o uso de drogas ilegais,
como a heroína, a cocaína e o crack. O uso de drogas provoca vários efeitos adversos. Um
deles é que a dependência das drogas por arruinar a vida dos consumidores e de suas famílias.
Outro é o que os dependentes freqüentemente se voltam para o roubo e outro crimes violentos
para obter o dinheiro necessário ao sustento de seu vício. Para desestimular o uso de droga
ilegais, o governo destina milhões de reais para reduzir a entrada de drogas no seu território.
Usaremos as ferramentas da oferta e da demanda para analisar esta política de restrições às
drogas.
Imagine que o governo aumente o número de agentes federais dedicados ao combate às
drogas. O que acontece no mercado de drogas? Como de costume responderemos recorrendo
às três etapas . Primeira, veremos qual a curva que se desloca, a da oferta ou da demanda.
Segunda,
verificaremos a direção do deslocamento.
Terceira, mostraremos como o
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Anotações de Aula - Microeconomia -Prof. Ralph Panzutti
deslocamento afeta preço e quantidade de equilíbrio.
Embora o objetivo do combate às drogas seja reduzir seu uso, seu impacto direto atinge
mais os vendedores do que os compradores. Quando o governo impede a entrada de drogas no
país e prende alguns traficantes, aumenta o preço de venda da droga e, em conseqüência, reduz
a quantidade oferecida a qualquer preço dado. A demanda por drogas ( a quantidade que os
compradores desejam a qualquer preço dado ) permanece inalterada. O painel (a) da Figura 5
(Políticas para reduzir o uso de drogas ilegais) mostra o combate às drogas desloca a curva
de oferta de S1 para S2 e deixa a curva de demanda inalterada. O preço de equilíbrio da droga
aumento P1 para P2 enquanto a quantidade de equilíbrio se reduz de Q1 para Q2, A queda na
quantidade de equilíbrio mostra que o combate às drogas reduz o seu uso.
Mas o que ocorre com o número de crimes relacionados às drogas? Para responder a
esta questão, imagine o montante total que os usuários gastam com droga. Como poucos
usuários abandonarão seu hábito destrutivo em resposta ao aumento no preço, é provável que a
demanda por drogas seja inelástica, como mostra a Figura 5. Se a demanda é inelástica, então o
aumento de preço aumenta a receita total do mercado de drogas. Isto é, como o combate às
drogas aumenta o preço da droga proporcionalmente mais do que a redução de seu uso,
aumenta o montante total que os usuários despendem em drogas. Viciados que já tinham que
roubar para sustentar seu vício precisarão mais ainda de dinheiro rápido. Portanto, o combate às
drogas poderia aumentar a incidência de crimes relacionados às drogas
Em função deste efeito adverso do combate às drogas, alguns analistas defendem um
tratamento alternativo para o problema da droga. Em lugar de tentar reduzir a oferta de drogas,
seria preferível tentar reduzir a demanda por drogas através de um política educacional
específica. Um programa educativo bem sucedido tem os efeitos apresentados no painel (b) da
Figura 5. A curva da demanda se desloca para a esquerda, de D1 para D2. Em conseqüência, a
quantidade de equilíbrio cai de Q1 para Q2, e o preço de equilíbrio se reduz de P1 para P2. A
receita total, preço vezes quantidades, também cai. Assim, ao contrário do que ocorre com o
combate às drogas, a educação poderia reduzir tanto o consumo quanto o crime relacionado às
drogas.
2.5 POR QUE ALGUNS CONSUMIDORES SÃO MAIS SENSÍVEIS À VARIAÇÃO DE
PREÇO DO QUE OUTROS.
Os consumidores de diferentes produtos diferem entre si no grau de sensibilidade a
variações de preços. As curvas de demanda de alguns consumidores são bem mais elásticas do
que as de outros. No caso em que os consumidores são mais insensíveis à variação de preços,
uma ou mias das seguintes condições devem estar ocorrendo.
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1. O CONSUMIDOR ESTÁ MUITO PREOCUPADO COM A PERFORMANCE DO
PRODUTO.
Os riscos de não falhar um produto tornam mais vantajosos para seus compradores
pagar um preço mais alto por produtos que apresentem melhor desempenho e faz com que os
consumidores permaneçam fiéis às marca de produtos que já se mostraram confiáveis no
passado. Um bom exemplo desse tipo de comportamento é dado pela indústria de equipamento
de prospecção de petróleo. A demanda por preventores ( uma peça do equipamento de
prospecção de petróleo que impede o petróleo de escapar, no caso de haver um aumento de
pressão) tende a ser preço-inelástica; isso porque, se ocorrer um defeito nesse equipamento,
usuário irá se defrontar com custo consideráveis em termos de petróleo perdido, perda de tempo
de trabalho do pessoal treinado e sansões ambientais, sobretudo no caso de regiões próxima à
costa marítima, cuja limpeza é bastante cara. Em conseqüência, os compradores de preventores
são especialmente relutantes em mudar de marca em função de aumentos de preço; e mesmo
quando outras empresas tentam entrar nesse mercado, oferecem mais baratos e com a mesma
performance dos produtos existentes.
2. O COMPRADOR DESEJA UM PRODUTO DIFERENCIADO OU FEITO SOB MEDIDA
E ESTÁ DISPOSTO A PAGAR UM PREÇO MAIS ALTO POR ELE.
Toda vez que o consumidor deseja um produto especialmente desenhado para atender
suas necessidades particulares, ele geralmente se torna cliente fiel de uma firma em particular
que esteja disposta a satisfazer suas exigências particulares. Em tais circunstâncias, os
consumidores podem concluir que o esforço extra do ofertante merece um compensação, sob
forma de um preço mais alto. É claro que, mais tarde, a capacidade do ofertante de acomodar os
desejos do consumidor pode proporcionar uma oportunidade de impor um aumento de preço
sem o risco de perder clientes para outro competidor.
3 O COMPRADOR ADQUIRE O PRODUTO PORQUE ESTE CONTRIBUI PARA A
OBTENÇÃO DE UMA IMAGEM DE ALTA QUALIDADE QUE ELE ESTÁ TENTANDO
CONSEGUIR PARA O SEU PRÓPRIO PRODUTO.
Os compradores de itens que são componentes do produto final que têm para vender
possuem, em geral, demandar que são preço-inelásticas porque possuem, em geral, demandas
que são preço-inelásticas porque percebem que a qualidade do item em questão irá aumentar a
performance do seu próprio produto, ou porque a marca do componente carrega consigo um
grande prestígio que reforça a imagem de alta qualidade que tenta projetar para o seu próprio
produto. Por exemplo, os fabricantes de peças de equipamento bastantes caras irão, em geral,
utilizar motores elétricos de fornecedores de prestígio porque, ao fazê-lo, conseguem elevar a
imagem de seu produto, aumentando sua atratividade para o mercado. Os fabricantes da parte
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componente, sabendo do benefício que seus componentes agregam ao produto final, estão em
posição de pedir e conseguir um preço mais alto por seus produtos.
4. O COMPRADOR OBTÉM UMA ECONOMIA MAIOR AO UTILIZAR UM BEM OU
SERVIÇO EM PARTICULAR.
Toda vez que um produto ou serviço pode poupar ao comprador tempo e dinheiro se
apresentar um bom desempenho, o comprador tenderá a possuir uma demanda inelásticas pelo
produto em consideração. O mesmo é verdadeiro no caso de um comprador que pode
beneficiar-se de uma entrega mais rápida do produto em consideração, rápida manutenção,
reparo em caso de defeito e aconselhamento técnico. Para citar um exemplo. quando uma firma
tem um grande interesse no resultado de um situação em particular (como uma usina elétrica
que se defronta com a possibilidade de aumentar a sua produção de R$ 200 milhões) , ela
estará disposta a pagar um prêmio pelo melhor conselho que puder obter de advogados,
contadores, engenheiros, administradores consultores e outros especialistas que possuam
conhecimento especializado e talentos para oferecer. Outro exemplo, novamente tirado da
indústria petrolífera, ocorre quando uma companhia como a Schlumberger utiliza técnicas
eletrônicas sofisticadas para detectar a presença de petróleo nas formações rochosas; a
informação obtida a partir de tais instrumentos tem o potencial de afastar as companhias de
prospecção de petróleo dos locais onde existe maior probabilidade de explorar um poço seco. É
compreensível, portanto, que essas empresas estejam dispostas a pagar taxas bastante
elevadas pelos serviços da Schlumberger, particularmente quando se defrontam com grandes
dificuldades e custos para extrair petróleo.
5. O COMPRADOR ESTÁ EM POSIÇÃO DE ABSORVER UM AUMENTO DE PREÇO E/
OU PODE REPASSAR RAPIDAMENTE OS CUSTO MAIS ALTOS DOS COMPONENTES E
DOS INSUMOS.
De modo geral, quanto mais uma firma está em posição de repassar um aumento de
custos, tanto menores serão sua agressividade e tenacidade para lidar com aumento de preço.
O mesmo também ocorre no caso em que um comprador industrial possui uma margem de lucro
suficientemente alta. Nesse caso, o comprador estará disposto a absorver o aumento de preço,
em vez de se dar o trabalho de buscar fontes alternativas de oferta.
6. O COMPRADOR ESTÁ MAL INFORMADO E/ OU NÃO ADOTA A POLÍTICA DE
COMPRAR DE ACORDO COM ESPECIFICAÇÕES BEM DEFINIDAS.
O comprador tende a ser menos sensíveis aos preços e aumentos de preço quando
estão mal informados a respeito das condições prevalecentes de preço, das condições de
demanda e oferta, da disponibilidade e preços dos bens substitutos e das características de
performance qualidade serviço oferecidas pelas marcas rivais. Compradores mais bem
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Anotações de Aula - Microeconomia -Prof. Ralph Panzutti
informados tendem a barganhar mais a respeito de preços e outras condições de compra. De
fato, muitos compradores fazem um esforço especial par aprender a respeito do funcionamento
dos negócios de seus fornecedores, de forma que são capazes de saber quando estes lhes
oferecem um bom preço e quando não o fazem. Um comprador pouco informado é facilmente
persuadido pela propaganda, por uma boa estratégia de vendas e pelos esforços em mascarar
as diferenças de performance entre as marcas rivais.
7. O CUSTO PARA O COMPRADOR MUDAR UMA MARCA PARA OUTRA PODE SER
MUITO ALTO.
Em alguns casos, o usuário industrial de um determinado componente pode amarrar as
especificações de seu produto a um determinado componente pode vincular as especificações
de seu produto a um determinado fornecedor, ou a firma pode fazer grandes investimentos para
a instalação e o uso do equipamento fornecido por um determinado fabricante (tal como
geralmente ocorre no caso de um computador). Quando os custo de troca de marca são muito
elevados, os compradores podem tornar-se insensíveis a variações de preço (especialmente no
caso de pequenas variações de preço que não tornem lucrativa a mudança de marca)
8. QUANDO UMA FIRMA PODE TER CERTEZA DE QUE É HORA DE AUMENTAR O
SEU PREÇO.
Quando uma firma possui boas razões para acreditar que a demanda pelos seus
produtos é inelástica ao preço corrente, os lucros poderão sempre ser aumentados se a firma
decidir aumentar o seu preço. Esse resultado advém do fato de que, em uma situação na qual a
demanda é inelástica, um aumento de preço irá fazer com que a firma experimente: 1. um
aumento na receita total e 2) uma redução nos custos totais. Quando o coeficiente de
elasticidade for menor do que 1, um aumento de preço irá fazer com as receitas aumentem
porque o ganho de receita associado a um maior preço de venda mais do que compensa a
redução no volume de vendas. Além disso, os custo totais de operação de uma firma também
se. reduzem como resultado de um aumento de preço, uma vez que o preço mais alto provoca
(tudo mais mantido constante) uma redução no volume de vendas, fazendo com que a firma
tenha que produzir um volume menor de unidades comprar um volume menor de recursos
econômicos e, conseqüentemente, gastar menos dinheiro com essas atividades. Com a receita
total
aumentando
e
os
custos
diminuindo,
a
lucratividade
total
da
empresa
deve
necessariamente aumentar.
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, uma firma que contemple a possibilidade de
reduzir seus preços deve estar atenta à possibilidade de que a curva de demanda seja
realmente inelástica. Uma redução de preço, no caso de uma curva de demanda inelástica. irá
produzir não só uma redução da receita total como também um aumento nos custos totais de
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Anotações de Aula - Microeconomia -Prof. Ralph Panzutti
produção, devido ao aumento no volume de vendas. O lucro da firma irá se reduzir numa
situação desse tipo, de forma que não é recomendável uma redução de preços.
2.6 OS DETERMINANTES DA ELASTICIDADE DA OFERTA
A elasticidade da oferta depende da capacidade de os produtores de se retraírem no mercado se
o preço baixa, bem como na sua capacidade e disposição de expandir as vendas se o preço
sobe.
1. Custo e a possibilidade de estocar: Bens cujo de estocagem é elevado possuem baixa
elasticidade de oferta. Os bens de rápida deterioração serão jogados no mercado
independentemente do preço; e sua elasticidade de oferta será muito baixa.
2. Característica do processo de produção. Será que um item possui substituto próximo na
produção? (Isto é, pode o trabalho, a terra e o equipamento utilizados para produzí-lo serem
rapidamente deslocados para a produção de outro bem?) Se for assim, a oferta será elástica.
Por exemplo, compare a elasticidade de oferta para o trigo e para todos os cereais tomados em
conjunto. Em face de um queda do preço do trigo, o produtor pode ser capaz de responder com
relativa facilidade deslocando a produção para um cereal substituto, por exemplo, o milho; então
a oferta do trigo é razoavelmente elástica.
2.7 OS DETERMINANTES DA ELASTICIDADE DA DEMANDA
1. Bens Supérfluos versus bens necessários: Os bens supérfluos tendem a ter uma demanda
elástica, o os bens necessários tendem a ter uma demanda inelástica. Supérfluos tais como
chapéus possuem uma demanda elástica porque os compradores podem retrair-se no mercado
e parar de comprá-los se os seus preços subirem. Mas bens necessários, tais como sal ou
energia elétrica, possuem uma demanda inelástica porque os compradores não podem evitar
adquirí-los, ou somente podem fazê-lo com substanciais sacrifícios.
2. Percentagem de renda. Itens que têm uma importância muito grande no orçamento tendem a
ter uma demanda mais elástica do que itens com importância pequena. Para citar um exemplo
extremo, a demanda por casas é mais elástica do que a demanda por palitos. Os consumidores
podem gastar uma semana inteira tentando negociar a baixa de 1% no preço de uma nova casa.
Mas eles sequer notarão um aumento de 50% no preço dos palitos. Para itens pequenos, tais
como palitos, os consumidores tornam-se bastante insensíveis ao preço.
3. Substituibilidade. Itens que tenham bons substitutos tendem a ter uma demanda mais
elástica do que aqueles que não possuem. Para ilustrar, considere açúcar e sal, itens que são
semelhantes em muitos aspectos. Ambos são bens necessários, e ambos são itens pequenos
em qualquer orçamento. Ainda assim, o açúcar tem uma demanda mais elástica do que o sal
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Anotações de Aula - Microeconomia -Prof. Ralph Panzutti
porque tem substitutos (tais como o mel), enquanto o sal não o tem. (Então, o sal tem uma baixa
elasticidade por todas as três razões)
4. Tempo. A passagem do tempo pode ter um importante influência na elasticidade. Quanto
maior o período de tempo, maior torna-se a elasticidade para maioria dos bens. O problema é
que pode levar tempo para que uma redução de preço se torne conhecida e para que os
compradores se ajustem. Por exemplo, se o preço do equipamento de esqui for reduzido em
20%, alguns compradores em potencial podem não ficar sabendo desta queda no preço por três
meses, e portanto não farão novas compras até a próxima temporada. Mesmo aqueles que
souberam do novo preço podem não aproveitá-lo imediatamente por já terem feito outros planos
e estarem, portanto, impedidos de ir a uma estação de esqui. Em resumo, qualquer defasagem
no tempo entre uma redução de preço e a compra correspondente significa que a demanda
torna-se mais elástica à medida que o tempo passa. (Em comércio internacional., seguidamente
existem defasagem de tempo muito maiores devido às grandes distâncias. Assim,.a demanda
externa pelos nossos produtos responde, em geral mais vagarosamente a uma mudança no
preço do que a demanda doméstica.)
2.8 ELASTICIDADE-RENDA
A idéia da elasticidade-renda é a mesma que a de elasticidade-preço. Tem a finalidade de
responder qual a variação percentual da quantidade da mercadoria comprada resultante de uma
variação percentual na renda do consumidor.
ESSENCIALIDADE DAS MERCADORIAS
Os bens podem ser:
a) Bens normais ou superiores: são os bens mais sofisticados ou de melhor qualidade;
b) Bens inferiores; são os de menor qualidade ou mais rústicos;
c) Bens substitutos : são os bens que mesmo possuindo características distintas, destinam-se a
satisfazer a mesma necessidade e, portanto, podem ser substituídos.
d) Bens complementares; servem para complementar um outro bem já existente.
BENS ESSENCIAIS E ELASTICIDADE.
Um atributo de um bem essencial é não ter substituto fácil. Se precisamos usar óculos,
gastaremos muito dinheiro, se isso for necessário, para adquirí-los. Portanto o bem essencial
tem uma curva de demanda muito inelástica. Para essas mercadorias quando o preço cai não
somos tentado a comprar mais. O pão é um exemplo. Diferentemente de pacotes de viagens
para Europa. Há muitos substitutos para essa viagem. Viagens ao Nordeste, ao sul, ou algum
outro tipo de férias se os preços para Europa subirem muito em relação aos outros pacotes.
Portanto quanto mais substituto for a mercadoria mais elástica a demanda
Em resumo: Os fatores que influenciam no grau de elasticidade da demanda:
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Anotações de Aula - Microeconomia -Prof. Ralph Panzutti
a) Bens substitutos
Quanto mais substituto for o bem mais elástica a demanda
b) Bens complementares
Altera’
cão do preço de um bem , afeta a demanda de outro
c) Essencialidade dos bens
Bens essenciais são pouco sensíveis a alteração de preço, a demanda é inelástica.
2.9 ELASTICIDADE CRUZADA DA DEMANDA
O coeficiente da elasticidade cruzada da demanda da mercadoria X com relação a mercadoria Y
(Ey), mede a variação percentual da quantidade de X, resultante da variação
percentual no preço de Y.
Qx
-----------------------Qx
Exy=-----------------------------------------Py
----------------------------Py
Teremos três situações:
a) Se X e Y forem substitutos, Exy será positiva;
b) Se X e Y forem complementares, Exy será negativa.
c) Se X e Y não se relacionam, Exy será igual a zero.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
HEILBRONER, R.L. & Thurow, Lester C.
Introdução à microeconomia..-Rio de Janeiro: Ed.
Guanabara, 1988.
MOCHON, M. Francisco. Introdução à economia.- São Paulo: Makron Books, 1994
WONNACOTT, Paul, Economia- 2. ed. - São Paulo: Makron Books, 1994
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