Despertar o espírito investigativo da turma

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Despertar o espírito investigativo da turma
É muito comum, na escola, solicitarmos pesquisas a nossos
alunos. Contudo, muitas dessas pesquisas não partem de uma
curiosidade ou dúvida real dos alunos e acaba se tornando
uma atividade de cópia: o aluno acessa a internet, digita a
palavra-chave no site de buscas e copia o conteúdo do
primeiro ou segundo link que aparece. Muitas vezes, o
estudante nem mesmo lê o texto que entrega ao professor.
Assim, a pesquisa perde seu caráter de investigação e construção de novos saberes e acaba se tornando
uma tarefa de reprodução. Que tal repensar as pesquisas escolares para despertar o espírito investigativo
em seus alunos? É esse o objetivo deste Experimente, destinado a turmas de Ensino Fundamental I. Para
isso, partimos da criação de uma situação-problema.
Mas o que é um problema? Podemos definir problema como uma situação que se quer resolver e para a
qual ainda não há um caminho conhecido que leve à solução. Assim, a pesquisa se torna necessária, o que
estimula o espírito investigativo dos alunos. Quando propomos
situações-problema aos alunos, temos que estar abertos a
respostas inesperadas, arriscadas, que vão além da reprodução
do considerado “correto” ou do que está no livro didático.
Objetivos:
• Criar situações-problema que despertem a curiosidade dos alunos.
• Desenvolver pesquisa para resolver a situação-problema.
• Escolher um gênero para apresentar resultados de pesquisa (cartaz, infográfico, exposição oral, verbete
de curiosidade etc.).
• Apresentar a solução da situação-problema a outras turmas e/ou aos pais.
Público-alvo: alunos do Ensino Fundamental I.
Sugestão de encaminhamento:
Planejamento de uma situação-problema para entender “como vivem as formigas”
É interessante que a situação-problema surja de uma curiosidade ou de um interesse dos alunos ou, ainda,
esteja relacionada a um conteúdo do planejamento prévio do professor. Imaginamos uma situação em que o
interesse da turma pela vida dos insetos é despertado pela leitura de um livro de fábulas. Cada professor
pode adaptar o planejamento a depender dos interesses de sua turma. Vamos imaginar uma situação.
O professor lê para os alunos uma versão da fábula A cigarra e a formiga. Depois das atividades de
leitura e interpretação, questiona os alunos sobre as personagens: de quem mais gostaram? Por quê?
Imaginemos que as crianças afirmam ter gostado mais da formiga e a relacionam com uma personagem de
um filme infantil conhecido pela turma.
Explorando o interesse das crianças nesse inseto, o professor leva os alunos para observar um formigueiro
no parquinho da escola ou em outro espaço (caso não haja essa possibilidade, é possível levar uma foto de
um formigueiro) e pergunta: como será que vivem as formigas? Pra onde elas vão quando entram no
buraquinho na terra? Onde elas moram? Onde dormem? Algumas hipóteses são levantadas nesse momento.
Na conversa, o professor pergunta: como podemos descobrir como vivem as formigas? A turma ainda não
sabe como chegar a essas respostas, então o professor propõe a situação-problema: “Como vivem as
formigas?”.
Discussão sobre o tema: levantamento de conhecimentos prévios
De volta à sala de aula, o professor questiona a turma sobre o que sabem sobre as formigas. Com a
participação dos alunos, o professor vai registrando na lousa o que é dito. Algumas crenças sobre o tema
podem aparecer nessa conversa. Por exemplo, no caso das formigas, um aluno pode dizer que comer
formigas faz bem para a vista, uma crença comum em alguns grupos sociais e regiões. O professor pode
propor que esses pontos sejam investigados pelos alunos: será que comer formiga faz bem para a vista? Se
sim, por que faz bem?
Após o registro dos conhecimentos prévios, o professor organiza, junto com os estudantes, uma lista sobre
o que mais eles querem saber sobre as formigas. Essa lista será a base para a pesquisa.
Orientação sobre busca e apresentação de resultados
A turma também deve decidir como os resultados serão expostos aos colegas da escola, aos pais e outros
professores e funcionários da escola. É interessante conversar com os alunos sobre a importância de
divulgar o que descobrirem para os outros, que talvez também não saibam como as formigas vivem.
As propostas de divulgação podem se basear em diferentes gêneros: registros com desenhos, cartazes para
exposição nos corredores da escola, montagem coletiva de maquete de um formigueiro, produção de
infográfico ou, ainda, reprodução digital do formigueiro, a
depender dos recursos e espaços da escola. A ideia é que a
turma consiga representar graficamente a vida das formigas
dentro de um formigueiro. Assim, os alunos aprenderão tanto
sobre a vida das formigas como sobre a produção textual do
gênero escolhido, além da própria participação na prática
social de divulgar resultados de pesquisa.
Nossa proposta é a produção de uma maquete e cartazes para
exposição a outras turmas da escola. O professor divide a
turma em grupos e orienta as pesquisas com base na lista com
os pontos que a classe quer saber sobre as formigas. Outros pontos podem ser adicionados tendo em vista
os gêneros escolhidos para a produção. Por exemplo, no caso da maquete, os alunos devem pesquisar
materiais para a reprodução do formigueiro, descobrir como ele é internamente, se é dividido, organizado
etc.
Pesquisando
Você pode levar os alunos ao laboratório de informática e orientar os grupos em pesquisas na internet.
Cada grupo pode ficar com um ou alguns pontos da lista previamente elaborada. A biblioteca também pode
ser usada. Outro recurso é realizar uma entrevista com o professor de Ciências ou Biologia da escola ou
outro profissional da área que possa dar mais informações sobre as formigas e seus hábitos. Para isso, a
turma deve planejar as perguntas antes de realizar a entrevista e fazer o registro das respostas. Você
também pode pesquisar programas de TV que tratem do assunto e que estejam disponíveis na internet para
levar aos alunos e pedir que registrem o que considerarem relevante para responder à situação-problema.
Uma boa sugestão sobre o tema é o documentário O mundo secreto das formigas (direção Wolfgang
Thaler, Áustria, 2004, 55 min).
Após cada grupo realizar as pesquisas, a primeira socialização deve ser feita na sala de aula. O professor
deve organizar as contribuições de cada grupo. A turma deve checar se todos os pontos planejados como o
que queriam saber sobre a vida das formigas foram respondidos. Caso ainda existam dúvidas, a turma deve
se replanejar para descobrir as respostas.
Elaborando o produto final
Para a construção da maquete, a turma, com a ajuda do professor, deve planejar o espaço, medir o
tamanho da maquete e escolher os materiais. Nessa construção, vários conteúdos matemáticos podem ser
relembrados com a turma ou apresentados aos alunos. Uma maneira
possível é fazer a base com isopor e a reprodução do formigueiro com
argila e tinta. Os alunos também podem separar lixo reciclável para isso.
A maquete pode ser complementada com a produção de cartazes com as
explicações e curiosidades encontradas pela turma.
Divulgando resultados de pesquisa
Decida com a turma se a exposição da maquete e dos cartazes será voltada apenas às outras turmas da
escola ou será aberta aos pais. De qualquer forma, o evento é uma ótima oportunidade para o trabalho com
outros gêneros, como o convite e a exposição oral dos estudantes. Eles podem se revezar na explicação da
maquete.
Avaliação
Combine com a turma um dia para avaliar a pesquisa e o evento, procurando identificar o percurso de
aprendizagem, partindo dos saberes prévios em direção aos conhecimentos construídos. É fundamental
valorizar esse percurso e, estimulando a participação de todos os estudantes, discutir com eles o que pode
ser aprimorado nos próximos.
Autora da oficina: Paula Baracat De Grande, doutora em Linguística Aplicada
Referência:
DAVIS, C.; NUNES, M.; NUNES, C. Metacognição e sucesso escolar: articulando teoria e prática.
Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 125, p. 205-230, maio/ago. 2005. Clique aqui para ler na íntegra.
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