Recife vertical

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17/2/2011
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SEXTA-FEIRA
IMÓVEIS
Recife, 18 de fevereiro de 2011
FOLHA DE PERNAMBUCO
Nathália Bormann
RECIFE VERTICAL
GUSMÃO diz que investimentos faz com
que empresas tenham participação cada
vez maior no mercado nacional
Capital pernambucana
possui solos
desfavoráveis para
construções mais altas
ROSÁLIA VASCONCELOS
Quem vê o Recife tão vertical, nem imagina como os
engenheiros especialistas em
fundações “suam a camisa”
para construir prédios cada
vez mais altos na cidade. A estrutura morfológica da Capital
- com muitos morros, rios
cortando toda a região, mangues e planícies flúvio-marinhas, resultando em solos e
subsolos bastante variados -,
muitas vezes encarecem ou
inviabilizam determinados
tipos de construções, sobretudo aquelas que precisam de
soluções de estaqueamento
mais profundas.
“Os terrenos localizados em
áreas topograficamente mais
baixas apresentam em geral
solos com características desfavoráveis para as fundações”,
define o engenheiro civil e especialista em Geotecnia, Alexandre Gusmão, que também
é professor e consultor na área
de solos. Segundo ele, a maior
parte da ocupação do Recife,
com edificações de grande
porte, tem-se dado numa grande planície localizada entre os
morros e a orla marítima.
Apesar disso, Gusmão afirma que não se pode caracterizar a região como pior ou
melhor para a construção
vertical. Prova disso foi o rápido processo de verticalização do Recife, que deu à
cidade a posição de 21ª capital do mundo em verticali-
zação de prédios. “Mesmo
com os possíveis entraves, o
Recife possui um dos edifícios residenciais mais altos
do mundo, o Terra Brasis, localizado no bairro de Casa
Forte, com 46 pavimentos e
136 metros de altura (para
um estaqueamento de 18,5
metros de profundidade)”,
afirma o diretor de Engenharia da construtora Conic
Souza Filho, Lucian Fragoso.
Para ele, mesmo com uma
formação geológica diversificada, a verticalização da cidade foi necessária não apenas pela alta densidade demográfica da região mas, sobretudo, em função do tamanho dos terrenos, que historicamente foram demarcados
Fundação predial deve levar
em consideração vários fatores
André Marins/Arquivo Folha
O engenheiro civil e especialista em Geotecnia, Alexandre
Gusmão, afirma que a escolha
do tipo de fundação de um edifício não está relacionada apenas
aos custos, como, segundo ele,
acredita a maioria dos leigos. “É
um exercício que envolve vários
aspectos, como a estrutura, o tipo
de edificação, o carregamento
atuante (peso da estrutura), o
tipo de solo do terreno, suas características físicas, a presença
do nível de água, a topografia do
terreno, os ruídos, vibrações,
particulados e outros fatores”,
destaca. Também, de acordo
com ele, é preciso levar em consideração aspectos de execução, como os prazos, a disponibilidade de equipamentos e, por que não, os custos.
O diretor de Engenharia da construtora Conic Souza
Filho, Lucian Fragoso, explica que, antes de se erguer
um prédio, é imprescindível que consultores especializados façam um estudo de solos, uma sondagem do
sub-solo para saber qual o tipo de solução de fundações
deverá ser executada, em função do perfil do solo e do
peso do edifício. “Para edificações verticais de maior
porte, é comum o uso de estacas”, completa Alexandre
Gusmão. Segundo Fragoso, a partir do momento que se
conhece o perfil do solo é que se verifica se é viável ou
FUNDAÇÕES são feitas em função do perfil
do solo e peso do edifício
não a construção da torre, que vai depender, também,
dos custos, para que o valor final não fique fora da faixa
de preço do mercado.
“Desde a fundação direta, que seriam as sapatas assentadas diretamente no solo, até fundações com estaqueamento de 45 metros de profundidade, a solução
de fundação é necessária para a execução do projeto
que se vai construir em cada terrreno. E tem que haver
proporcionalidade entre o custo do empreendimento e
o custo da execução das fundações”, conclui Fragoso.
com metragens reduzidas
quando comparadas a outras
capitais. “Por conta da heterogeneidade dos terrenos, o
estudo dos solos é fundamental ao se erguer qualquer
construção, independente da
altura”, destaca Fragoso.
CAPACITAÇÃO
De acordo com o especialista em Geotecnia, Alexandre
Gusmão, a prática de fundações (projeto, execução e
controles) na Região Metropolitana do Recife é considerada uma das melhores do
Brasil. “Nos últimos 15 anos,
tem havido avanços significativos devido aos investimentos no setor, com empresas especializadas em
projetos e executoras de
fundações, além das construtoras. Isso tem levado a
uma presença e participação
cada vez maior dessas empresas no mercado nacional, especialmente no Nordeste”, garante Gusmão.
Ele acrescenta que a Capital
pernambucana ainda sedia o
melhor programa de pós-graduação em Geotecnia da região, segundo avaliação da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes). “Essa
experiência do construtor e
do consultor de solos é fundamental para se ter uma solução segura, normativa e
com menor custo”, arremata Fragoso.
Litoral Norte é melhor
para construções
O litoral pernambucano possui diversas formações geológicas, como areias e argilas, que
favorecem ou não a construção
de determinado tipo de empreendimento. De acordo com
o presidente da Associação das
Empresas do Mercado Imobiliário no Estado de Pernambuco (Ademi-PE), Alexandre Mirinda, o Litoral Norte é melhor
para construções verticais porque possui terrenos planos. O
diretor de Engenharia da ConicSouza Filho, Lucian Fragoso, explica que o Litoral Norte é formado por areia, o que favorece
tanto as construções verticais,
quanto as horizontais.
Por sua vez, o Litoral Sul registra uma grande quantidade
de desníveis, o que inviabiliza a
execução de muitos empreendimentos. “Mesmo assim, esta
região (Sul) é a menina dos
olhos de várias construtoras. E
o que tiver de terreno nessa
área será usado”, ressalta Mirinda.
O dirigente da Conic-Souza
Filho explica que o Litoral Sul
tem uma formação arenítica,
com espessas camadas de argila mole. “A depender do porte
da edificação, pode haver a
necessidade de execução de
fundações com estacas mais
profundas”, completa Fragoso.
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Em regra geral, um prédio com poucos pavimentos não se
viabiliza com estacas profundas, devido ao alto custo do empreendimento;
É preciso realizar uma sondagem do solo/sub-solo para saber
qual a solução de estaqueamento é a mais adequada para
cada empreendimento;
Antes de se erguer um edifício, qualquer que seja a construção, a sondagem tem que ser executada para que seja
projetada uma solução de fundação mais segura e com
menor custo.
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