ALUNA DA FLUC VENCE CONCURSO NACIONAL DE LÍNGUA CHINESA Uma aluna do Centro de Línguas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) arrecadou a 1º Prémio no Concurso de Proficiência de Chinês, organizado pela Embaixada da China em Lisboa. Com esta vitória, Ana Luísa Bernardino, aluna do curso livre de Língua e Cultura Chinesas, assumirá a representação de Portugal na próxima etapa deste desafio – a meia final – que se realizará em Outubro, na China e onde terá de enfrentar concorrentes oriundos de países de todo o mundo. A Newsletter da UC conversou com a Ana e a professora que a apoiou na preparação para o concurso, Tan Queming. NL - Qual era o objectivo deste concurso? TQ - Este concurso foi organizado pelo Hanban (Gabinete Nacional da China para o Ensino da Língua Chinesa a Estrangeiros) e pelo Governo da Cidade de Chongqing, através da Embaixada da República Popular da China em Portugal e teve como objectivo proporcionar uma oportunidade aos alunos estrangeiros, que estudam língua e cultura chinesas em todo mundo, de Ana Luísa e a professora Tan Queming apresentarem as capacidades e resultados da sua aprendizagem, comunicarem uns com os outros e levá-los a melhor compreender a língua e cultura chinesas. NL - A que tipo de prova eram sujeitos os participantes? AL - O concurso é composto por três provas: questões e respostas sobre História, Geografia, Cultura e Gramática; um discurso de três minutos; e, por fim, uma demonstração de uma capacidade artística. No concurso realizado no passado dia 17 de Maio, na Universidade de Medicina Chinesa em Lisboa, respondi a várias perguntas, apresentei um discurso sobre a História da China, onde referia importantes personalidades (desde Confúcio a Deng Xiao Ping) de um país que conta com mais de 5 mil anos de história e, como capacidade artística, escolhi caligrafia com pincel, escrevendo um poema da dinastia Tang, da autoria de Menghaoran, intitulado Chun Xiao. NL - De que modo é que a formação que a Ana Luísa teve no curso de Língua e Cultura Chinesa do Centro de Línguas da FLUC foi uma mais valia face aos outros concorrentes? AL - Considero que o curso de Língua e Cultura Chinesas da FLUC é um dos melhores cursos livres de chinês em Portugal. A Professora Tan é uma excelente professora, pois - fruto da sua exigência e rigor - os seus alunos, mesmo com apenas dois anos de estudo, conseguem construir frases complexas e comunicar com nativos, possuindo simultaneamente um vasto conhecimento de diversos aspectos da cultura chinesa. Com efeito, para além da componente linguística, as nossas aulas incluem pequenas lições sobre História e Geografia chinesas e muitos alunos conseguem já praticar Taiji ou recitar um poema em chinês. Existem poucas pessoas com o mesmo tempo de estudo dos alunos da Professora Tan que conseguem chegar a um patamar tão elevado. TQ - A Ana Luísa foi sempre um dos melhores alunos da turma, demonstrando possuir uma aptidão excelente para a aprendizagem. Ela não só gosta muito de aprender a língua, mas também gosta de muitos aspectos da cultura chinesa, tais como caligrafia com pincel, arte marcial Taichi, História chinesa, etc. Eu, como professora, ao longo do estudo, fui-lhe dando algumas orientações adequadas às suas características. Na última fase da preparação para o concurso, utilizei algum tempo extra para a apoiar e orientar no estudo, assim como para a encorajar a ter mais confiança nela própria, dando-lhe algumas indicações como se pode vencer e acompanhando-a até à finalização do concurso. No final, o seu desempenho na competição foi excelente, tendo alcançado uma nota final de 19 valores (máximo 20), atribuída pelo júri, formado por 5 membros, provenientes de diferentes instituições de Portugal. A Ana Luísa ganhou o primeiro lugar com grande destaque em relação aos outros concorrentes. NL - Qual era a sua expectativa, Ana? Estava confiante numa vitória? AL - Tinha consciência que o meu nível de chinês tinha melhorado substancialmente desde o ano passado. No entanto, tentei não criar grandes expectativas quanto ao possível resultado final, até porque, para além do concurso, tinha que me preparar para os testes marcados na escola; logo no dia seguinte tive um teste de Economia. Estava apenas confiante no meu discurso, tendo em conta a ajuda que me foi dada pela Professora Tan. NL - O que é que retirou de melhor desta experiência? AL - Esta experiência foi bastante frutífera. Pude contactar com jovens que também estão a aprender chinês e aprofundar os meus conhecimentos sobre a China. Foi, igualmente, uma enorme honra poder representar o curso de Chinês da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. NL - O que é que se segue agora? Haverá uma próxima fase em que a Ana irá representar Portugal, certo? TQ - A Ana Luísa com o primeiro lugar que obteve, ficou apurada para representar Portugal. Ela vai estudar mais e preparar-se para as próximas fases (a meia-final e a final), que se realizarão na China, em Outubro, onde encontrará concorrentes e representantes de países de todo o mundo. NL - Já tinha participado noutras competições do género? AL - Tive a oportunidade de participar na primeira edição deste concurso no ano passado, que teve lugar no Instituto Confúcio de Braga. Como fiquei em segundo lugar, pude participar, juntamente com dois alunos do Porto, nas fases posteriores em Jinan (província de Shandong). Foi uma experiência inesquecível. Visitei a China pela primeira vez, conhecendo cidades como Beijing, Qingdao, Jinan, Weifang e Qufu. Contactei também com alunos de todo o Mundo (EUA, Japão, Singapura, Mali, Hungria, Rússia, Vietname, México são apenas alguns dos países representados). As três semanas que passei na China ajudaram-me imenso a aprofundar os meus conhecimentos acerca da cultura e história da China, tendo contribuído também para uma significativa melhoria do meu nível de chinês, não só por poder falar com nativos todos os dias, mas também pela quantidade de livros e outros materiais didácticos que comprei. Graças a esta participação, ganhei também uma bolsa de estudo de quatro semanas, da qual pretendo usufruir este Verão numa Universidade de Pequim. NL – Ana, porquê a opção pelo Chinês? O que é que a atraiu? AL - Sempre gostei especialmente de aprender línguas. No entanto, como uma amiga minha estava a estudar chinês na FLUC, gostei de ver os seus livros e fiquei com vontade de um dia os conseguir compreender. Quando optei definitivamente pela língua chinesa, comecei a pesquisar na Internet um pouco mais sobre a sua cultura e a história, ouvindo também alguns podcasts para aprender algumas frases básicas (foi aí que aprendi o primeiro "你好" - Olá). Ficou claro que tinha tomado uma óptima opção. NL - É a primeira vez que alunos do Centro de Línguas participam neste tipo de competições? TQ – Não, já em Dezembro de 2008, dois alunos do mesmo curso, António Moreira e Cláudia Gameiro, participaram no 1º concurso nacional —“Juntos a Cantar Chinês”, também organizado pela Embaixada da China em Lisboa e pelo Instituto Confúcio de Braga, tendo obtido o primeiro lugar com uma canção chinesa “Dongfang zhi Zhu” (“A Pérola do Oriente”). Marta Rio-Torto [email protected]