Margareth A G Alberico - Adolescencia

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ADOLESCÊNCIA: EMOÇÃO E RAZÃO
INDICE
ADOLESCÊNCIA: EMOÇÃO E RAZÃO
O CÉREBRO DAS CRIANÇAS
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CÉREBRO DOS ADOLESCENTES
EMOÇÃO E RAZÃO
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ALIMENTANDO O CÉREBRO ADOLESCENTE
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ADOLESCÊNCIA: EMOÇÃO E RAZÃO
O que dizem as Pesquisas do Cérebro?
Cosete Ramos (*)
Robert Sylwester, Emérito Professor-Doutor da Universidade de Oregon, Estados Unidos, inicia seu profundo e
denso artigo sobre o tema, com uma boa notícia. Para se tornar um adulto, os jovens precisam passar pela
adolescência. Alguns vencem facilmente esta etapa. Outros, porém, navegam este período agindo de modo tolo
e destrutivo. A maioria dos adolescentes, todavia, atravessa a porta e chega a uma fase adulta responsável.
Os resultados das últimas pesquisas do cérebro (Damásio, Edelman, Goldberg) nos permitem entender os
fundamentos biológicos que explicam o processo de maturação, em especial, a maturação dos lobos frontais do
cérebro. É exatamente nos lobos frontais que acontece a tomada de decisão racional e consciente e onde as
respostas comportamentais são processadas.
O CÉREBRO DAS CRIANÇAS
Nascemos com um cérebro imaturo, com um terço do tamanho do cérebro adulto. Do nascimento aos 10 anos,
aprendemos a ser um ser humano: a andar, a nos comunicar e a adquirir habilidades sociais básicas.
A aquisição de competências, nestes primeiros 10 anos, se caracteriza por avançar no sentido de dar respostas
rápidas e automáticas aos desafios, como, por exemplo, engatinhar, caminhar, correr e saltar.
Fica sob a responsabilidade dos adultos tomar decisões racionais e refletidas pelas crianças que têm seus lobos
frontais imaturos.
CÉREBRO DOS ADOLESCENTES
Em outro relevante texto sobre o tema, a Educadora Marilee Spranger diz que olhando os adolescentes, com
corpos maduros, semelhantes aos dos adultos, é comum assumir que seus cérebros também estão maduros.
Grande erro! O cérebro dos jovens passa por mudanças significativas, mudanças essas que continuarão por todo
o ensino médio.
Os jovens tendem a agir de maneira super emocional e super reativa, em razão do tamanho e da sensitividade de
sua estrutura emocional, a amígdala. O córtex pré-frontal é a área do cérebro que controla a amígdala. Porém, o
córtex pré-frontal ainda não está totalmente desenvolvido e, é bem provável, que permaneça assim até que eles
cheguem aos 20 anos!
Logo, a estrutura cerebral que poderia ajudar os adolescentes a lidar com suas emoções (o córtex pré-frontal) não
tem condições de agir neste sentido. Temos de aceitar, então, o fato de que os adolescentes podem ter dificuldades
de fazer boas escolhas.
O córtex pré-frontal é a estrutura do cérebro que age como o lógico tomador de decisões. Sem o córtex pré-frontal
estar completamente desenvolvido, o processo de tomada de decisões fica limitado e na dependência das
respostas emocionais. Na fase da adolescência, o córtex pré-frontal não é capaz de monitorar ou controlar a
resposta emocional da amígdala para as situações.
EMOÇÃO E RAZÃO
Em seu artigo, Sylwester afirma que de 10 a 20 anos, aprendemos a ser um produtivo e reprodutivo ser humano:
a planejar a vida profissional e a explorar relações emocionais e sexuais.
Examinando a aquisição de competências, verifica-se que esta fase se caracteriza pelo atraso (retardo) de
respostas refletidas, aquelas que são processadas principalmente nos lobos frontais.
Enquanto seus lobos frontais estão amadurecendo, os adolescentes não querem que os adultos tomem decisões
racionais, em seu lugar.
A única forma de aprender a andar é andando. Semelhantemente, a única maneira de amadurecer os nossos lobos
frontais é praticando a solução de problemas de forma refletiva e praticando habilidades sociais avançadas, que
são processadas pelos lobos frontais, apesar dos jovens não terem muito sucesso ao fazerem isto, inicialmente.
Temos, então, um dilema; tanto para os próprios adolescentes como para os adultos envolvidos em suas vidas.
Isto porque, se uma criança que está aprendendo a andar, cai, o perigo é bem menor. Todavia, uma ação
desajeitada ou uma má decisão de um adolescente pode ter como conseqüência algo muito mais sério, como uma
gravidez precoce ou um acidente de carro. Aumentando o potencial do perigo, aumenta também a preocupação
dos adultos envolvidos com os jovens.
O cérebro adolescente é muito sensível ao prazer e ao prêmio, porém os sistemas de controle de impulsos ainda
não estão amadurecidos. Ao mesmo tempo, eles se tornam altamente vulneráveis à exploração com drogas que
despertam emoções e prazer. As pesquisas mostram que álcool e outras drogas afetam o cérebro adolescente
muito mais do que o cérebro adulto.
As nossas seis emoções primárias (alegria, tristeza, surpresa, medo, nojo e raiva) têm um papel essencial no
importante sistema de estimulação cognitiva, que precisa ser desenvolvido e mantido para o nosso cérebro
reconhecer perigos e oportunidades.
ALIMENTANDO O CÉREBRO ADOLESCENTE
É indispensável compreender e alimentar a adolescência.
É essencial oferecer oportunidades efetivas para os adolescentes desencadearem um processo real de maturação
de seus lobos frontais, desenvolvendo estratégias racionais de resolver problemas.
Em meu livro, “O Despertar do Gênio: Aprendendo com o Cérebro Todo”, afirmo que a função da escola é preparar
o estudante, como cidadão e futuro profissional, para participar da solução de problemas da sua sociedade. Assim,
é preciso trabalhar na sala de aula com situações da comunidade e do mundo: sejam sociais, morais, éticas,
ecológicas, políticas, casos de violência, poluição, alimentação, drogas, sexo e criminalidade. A busca da solução
destes problemas, de natureza multidisciplinar, irá estimular o aluno a fazer conexões entre disciplinas e
conhecimentos. Quanto mais desafiantes e provocativas forem as questões lançadas, mais o cérebro será
estimulado a pensar, usando todo o seu aparato racional, analítico e lógico.
As emoções primárias (e o importante sistema de atenção relacionado) são freqüentemente ativadas durante
brincadeiras, jogos, esportes, atividades extracurriculares e artísticas.
Estes momentos fornecem aos jovens chances de desenvolver o sistema autônomo de tomada de decisão, num
contexto relativamente seguro, com uma limitada interferência adulta.
Tais situações permitem que os jovens gradualmente explorem uma ampla variedade de problemas e soluções de
sobrevivência, que irão enfrentar futuramente em suas vidas adultas.
Tais atividades irão permitir que os jovens dominem habilidades e conhecimentos importantes, conectando
novidade e familiaridade, para resolver um problema que lhes intriga.
Os adolescentes com muita alegria colocarão sua energia e tempo pessoal nestas atividades, que ajudam a
desenvolver e a manter os sistemas de emoção, atenção e resolução de problemas, para enfrentar, processar e
vencer os desafios lançados.
Sylwester finaliza seu artigo, de forma magistral, dizendo que a redução dos programas de artes e humanidade
nas escolas americanas é na verdade uma tragédia biológica que será lamentada, quando a sociedade
amadurecer na compreensão das necessidades de desenvolvimento e manutenção do cérebro humano.
“Será uma pena se não estivermos à altura de oferecer uma Educação do Século 21, para Estudantes do Século 21,
e principalmente para os adolescentes que estão tentando refinar seu processo de cognição!”
(*) Cosete Ramos, Doutora em Educação.
Site: www.cosete.com.br . E-mail : [email protected]
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