Publicação Interna da Rede VITA • Ano XII • 2º Trimestre 2012 Automedicação Tomar remédios por conta própria pode ser mais perigoso do que você imagina Calvície: é melhor prevenir do que remediar Focus Group melhora comunicação com planos de saúde expediente VITA www.redevita.com.br Hospital VITA Batel (41) 3883-8482; [email protected] Hospital VITA Curitiba (41) 3315-1900; [email protected] Hospital VITA Volta Redonda (24) 2102-0001; [email protected] Maternidade VITA Volta Redonda (24) 3344-3333; [email protected] Grupo VITA (11) 3030-5333; [email protected] Presidente: Edson Santos Vice-Presidente Executivo: Francisco Balestrin Diretor Regional Rio de Janeiro: José Mauro Rezende Diretor Regional Curitiba: José Octávio Leme Diretor de Controladoria e Finanças: Ernesto Fonseca Superintendente Hospital e Maternidade VITA Volta Redonda: Deumy Rabelo VITAL é uma publicação interna da Rede VITA. Editor: Francisco Balestrin Conselho Editorial: Ligia Piola, Josiane Fontana e Iana Adour. Apoio Volta Redonda: Ygor Rodrigues Salgueiro Fotos Volta Redonda: Fátima Fonseca Apoio Curitiba: Rafael Martins, Carlos Zermiani, Luis Felipe Thomé e Central Press Fotos Curitiba: Rafael Danielewicz e Rafael Martins Produção: Headline Publicações e Assessoria (11.3951-4478). Jornalista responsável: João Carlos de Brito Mtb 21.952. Direção de arte: Alex Franco. Revisão: Ligia Piola. Tiragem: 10.000 exemplares. Impressão: Gráfica Josemar (11.3865-6308) Email: [email protected]. Correspondência: Av. Pedroso de Moraes 1788 São Paulo SP Cep 05420-002 capa • Automedicação: use o bom senso e evite riscos E a VITAL ganhou pelo 5º ano consecutivo o prêmio Aster Awards para publicações na área da Saúde. E sabe quem também é muito importante para esta conquista? Você, colaborador e leitor. Sendo assim, puxe pela memória e envie uma sugestão para a próxima crônica da seção Histórias da nossa VITA. Equipe Revista VITAL índice opinião 04 • “Saúde”, por Francisco Balestrin 05 qualidade assistencial • “Qualidade e segurança na assistência não têm preço”, por Fernanda Felippe saúde 06 • Os benefícios e malefícios do café • Dor torácica é para ser levada a sério • Hipertensão, um inimigo silencioso • Proteja o adulto prevenindo a obesidade infantil • Calvície pode ser prevenida artigo médico 09 • “Protocolo de Manchester”, por José Mauro Rezende 10 ping pong • Waleska Santos, da Feira Hospitalar, explica porque o evento conquistou tanto sucesso 12 túnel do tempo 17 • Como foi criado o endoscópio 18 em rede vida digital • Entenda como ter um site na Internet 19 • Engenharia clínica preserva e renova equipamentos médicos • Hospital VITA Batel ganhar título por prevenção de lesões de pele • Focus Group reúne hospitais da Rede VITA e planos de saúde • Novas instalações para o Neovida em Volta Redonda 21 perfil • Marta Fragoso, uma epidemiologista dedicada histórias de nossa VITA • Silvio e os bombeiros, uma comovente história que aconteceu no Hospital VITA Volta Redonda 22 opinião Saúde “Não é ter saúde que é bom; não tê-la é que é ruim” Abgar Renault O conceito de saúde, por incrível que isto soe, é muito particular de cada um. Há pessoas que são extremamente solícitas com sua mente e seu corpo. A qualquer instante e por qualquer motivo se alarmam e buscam atenção médica, acabam por vezes superutilizando os serviços médico-hospitalares sem, no entanto, agregar muito a sua própria saúde que, na realidade, não está assim tão ameaçada. Outros, ao contrário, são até displicentes consigo próprios e também com seus entes queridos. Pouco se importam com os aspectos de manutenção da saúde, não buscam jamais atenção médica, às vezes por receio, outras por simples contestação. Acabam por postergar tanto uma busca de ajuda que, quando a buscam, certas vezes ela já não pode ser mais eficiente ou resolutiva. Há também, e isto é muito curioso, aqueles que por terem uma cobertura de um plano de saúde, são um pouco descuidados de aspectos básicos, tais como exercícios físicos, boa alimentação, hábitos saudáveis, isto porque julgam que ao terem algo poderão usar seu plano para recuperar a saúde. Estranho não é? Há muitas formas de pensar e, provavelmente não consegui aqui e nem conseguirei, externá-las todas. Escolha a sua. Todos temos, porém, uma certeza que acaba sendo expressa pela frase acima, cunhada em 1903. Não ter saúde é muito ruim! Tiranos o ânimo, a capacidade de trabalho, de se relacionar, de amar, de ver a simplicidade de um filho crescer ou a ternura de uma boa amizade. É importante que se saiba que não são os hospitais o local mais adequado para se promover saúde. Na realidade eles são, sim, os melhores lugares para se recuperar a saúde perdida; mas nós, enquanto cidadãos, temos que desenvolver a consci- ência de que somos os melhores gestores e promotores de nossa saúde. A maior contribuição que uma Instituição de Saúde e seus técnicos pode dar ao cidadão é zelar pela sua segurança assistencial. Cuidar sem jamais causar mais danos, dentro de um ambiente de profissionalismo e ética, pessoal e empresarial. Se todos buscarmos e cobrarmos isto, certamente dentro de alguns anos teremos hospitais, clínicas e profissionais de Saúde comprometidos com a qualidade e a seriedade na atenção e nos cuidados aos seus clientes. E a nossa VITAL, o que tem com isto? É aqui que expressamos nossos valores e compromissos com nossos clientes. Buscamos sempre e quero que saibam que o grupo envolvido com a produção desta revista, além de entusiasta, é extremamente comprometido com tudo que reflete positivamente para a grande comunidade que servimos. Buscamos sempre trazer informações novas e atualizadas, que possam ser úteis para nossos eventuais leitores. Pois saúde também se faz com a comunicação. Neste número, por exemplo, abordamos o tema da automedicação. É bom lembrar que todos nós não resistimos ao impulso de passar na farmácia e comprar um remedinho. Eu, inclusive. Mas apenas alertamos para o seu malefício quando exagerado. Também falamos de um tema bem atual, a que voltaremos no futuro, e foi até citado nas linhas anteriores; o atendimento de urgência nos hospitais e como fazer para discipliná-lo, sob pena de tornar os serviços médicos de urgência e emergência um verdadeiro caos. Temos uma entrevista bem interessante na seção Ping-Pong com a Dra. Waleska Santos, que pelo inusitado da ideia, transformou-a hoje num dos maiores eventos de Saúde do mundo. Enfim, boa leitura. Francisco Balestrin Editor 4 Qualidade e segurança na assistência não têm preço Fernanda Felippe Quando soube que escreveria esta matéria, alguns questionamentos me vieram à cabeça: como as pessoas veem a qualidade e segurança assistencial? E o que pensam a respeito? Então fui a campo e fiz uma pequena pesquisa, conversando informalmente com profissionais de Saúde e os não profissionais, para “entender” melhor esse tema e o valor que as pessoas atribuem a esta importante questão. Após essa análise, ficou bem nítido que não há um consenso e não existe um conceito único sobre esse assunto; porém posso afirmar que todos têm um pensamento muito próximo. Nesse caso, plagiando um comercial famoso para explicar: algumas coisas na vida podem ser compradas e vendidas, porém qualidade e segurança na assistência não têm preço. E de fato não têm... Lidamos com vidas! Portanto, torna-se indispensável garantir excelência na organização, execução e monitoramento dos serviços prestados. Tendo esse pensamento constante de garantir a qualidade e segurança da assistência oferecida a todos os seus clientes, o Grupo VITA implantou nas suas unidades – VITA Curitiba, VITA Batel e VITA Volta Redonda, o Núcleo de Gestão e Segurança Assistencial – NGSA. O NGSA já foi abordado algumas vezes em relação à sua importância e aos seus processos. Então hoje pretendo descrever sua estrutura, mais especificamente como as pessoas fazem esse mecanismo funcionar. O NGSA é formado pelo Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar (NCIH), pelo Núcleo de Epidemiologia Hospitalar (NEH), Serviço de Controle de Processos e Protocolos Assistenciais e pelo Serviço de Arquivo Medico e Estatística (SAME). O NCIH conta em sua estrutura com médicos e enfermeiros que buscam prevenir e controlar as infecções relacionadas aos cuidados de Saúde, utilizando para isso não só a vigilância epidemiológica constante, como também a adoção de práticas consagradas como os bundles (pacotes de cuidados baseados nas melhores práticas existentes). Esse Núcleo é responsável direto por garantir o cumprimento das diretrizes da comissão de controle de infecção hospitalar, as normas e legislações vigentes relacionadas à vigilância sanitária. O NEH, juntamente com o serviço de desenvolvimento de protocolos e mapeamento dos processos assistenciais, tem como objetivo monitorar a adesão aos protocolos, traçar perfil epidemiológico e fornecer dados de gestão da assistência aos coordenadores e gerentes, para que estes os utilizem na tomada de decisão. O trabalho é realizado por enfermeiros que atuam em contato direto com os setores do Hospital, buscando as informações com as equipes médicas, de enfermagem, fisioterapia, como também nos prontuários médicos. O SAME conta com profissionais da área administrativa, que além do serviço de guarda dos documentos legais (BAM’s e prontuários) têm como atividade a elaboração e atualização das estatísticas hospitalares, que são utilizadas na gestão por diversos setores. No desenvolvimento das atividades utilizamos os melhores referenciais existentes, parcerias com instituições internacionalmente renomadas como o IHI (Institute Healthcare Improvement) e participação ativa em vários projetos que buscam a qualidade assistencial, onde realizamos benchmarking (troca de informações) com os melhores hospitais do País. Essas atividades minimamente listadas acima representam apenas uma parcela do trabalho empreendido pelo NGSA e demandam grande esforço, responsabilidade e comprometimento de toda a equipe. É importante ressaltar que apesar do trabalho do NGSA não ser realizado diretamente junto ao paciente, as informações e orientações provenientes desse serviço são fundamentais para a garantia de um processo assistencial seguro. É um trabalho fácil? Não, pois lidamos e trabalhamos diretamente com a prevenção de agravos e do risco nos diversos procedimentos, sabendo que a cultura de segurança assistencial é uma prática relativamente nova no nosso País. Portanto, estamos enfrentando e quebrando alguns paradigmas em nosso trabalho diário, buscando sempre a excelência nos serviços prestados. Fernanda Felippe é enfermeira chefe do Núcleo de Gestão e Segurança Assistencial – NGSA do Hospital VITA Volta Redonda 5 saúde Café alegra a vida A regra é clara: quem toma até quatro xícaras de café coado por dia tem os benefícios da bebida, sem os malefícios Com tantas informações desencontradas a respeito dos benefícios e malefícios do café, não é de se estranhar que cada xícara venha acompanhada de uma gotinha de dúvida. Afinal, café faz bem ou mal? Entrevistamos as nutricionistas Thereza Emed, do Hospital VITA Curitiba, e Danielle Real, do Hospital VITA Batel, e elas foram categóricas: a diferença entre as vantagens e as desvantagens está na quantidade e no modo de preparar. Até três ou quatro xícaras por dia, o café será bom para a maioria das pessoas; acima disso, nem tanto. “Café coado é mais saudável que o expresso ou de máquina, porque o coador (de papel ou pano) retém algumas substâncias potencialmente prejudiciais”, explica Danielle. “A cafeína é um poderoso estimulante, que nos deixa mais alertas e melhora nossa capacidade de concentração”, diz Thereza. Ela explica que a substância também está presente no chá mate (e no chimarrão), chá preto e refrigerantes à base de cola, mas não é de consumo obrigatório. Danielle Real lembra que a cafeína também Thereza Emed Danielle Real favorece quem pratica esportes, porque retarda a fadiga muscular. Mas o consumo excessivo de café traz vários inconvenientes: eleva a agitação e a irritabilidade, e o consumo à noite pode prejudicar o sono. Também pode agredir a mucosa do sistema digestivo, propiciando a gastrite, entre outros problemas. “O consumo exagerado de café pode até provocar alucinações em pessoas com problemas psíquicos”, afirma Thereza Emed. O consumo diário de café cria uma certa dependência, e a interrupção abrupta do consumo provoca dor de cabeça em algumas pessoas. Também é importante estar atento para o consumo do açúcar que utilizamos para adoçar o café: de xícara em xícara, o açúcar pode arruinar uma dieta e até mesmo propiciar o diabetes; os refrigerantes à base de cola também são ricos em açúcar . Uma alternativa é o uso de adoçantes naturais, como sucralose e stévia. Com dor torácica não se brinca Sentiu uma dor no peito? A melhor coisa a fazer é procurar um cardiologista imediatamente Dor torácica corresponde a 10% dos atendimentos de qualquer serviço de emergência, e é um assunto tão sério que o Hospital VITA Batel e o Hospital do Coração contam com uma unidade especializada em avaliar esse tipo de dor e direcionar o paciente para o melhor tratamento. A Unidade de Dor Torácica funciona em um setor anexo ao Pronto Atendimento do Hospital VITA Batel e tem médicos cardiologistas em plantão 24 horas. O contato com a unidade é feito pelo próprio Hospital (tel 41 3883-8482). “Assim como um piloto de avião faz um checklist de uma série de itens antes da decolagem, nós também seguimos um protocolo para avaliar os sintomas do paciente e decidir, com rapidez e segurança, qual o tratamento indicado para cada caso”, explica o cardiologista José Eduardo Marchesini, coordenador da Unidade de Dor Torácica. Segundo ele, são procedimentos baseados em padrões ame- 6 ricanos e brasileiros para decidir, com base em exames clínicos e eletrocardiograma, a urgência e o tratamento que o paciente requer. Dependendo da gravidade do quadro, o tratamento pode seguir por diversas rotas, desde encaminhar o paciente diretamente para um cateterismo, para desobstruir uma artéria e colocar um stent, nos casos mais graves; até a liberação do paciente para retornar para casa, quando a causa da dor é definitivamente não-anginosa e ele não corre perigo. “É muito difícil para um leigo saber qual é a causa e a gravidade da dor que está sentindo, por isso recomendamos que qualquer dor no peito deve ser avaliada por um especialista”, argumenta Marchesini. Mesmo uma dor suportável pode representar um risco importante, e a demora em buscar socorro pode agravar o quadro do paciente. A questão do tempo para início do atendimento é tão crucial que registram-se os minutos decorridos entre a chegada de um paciente e o início do cateterismo, porque esse prazo é decisivo para o sucesso do procedimento. Esses e outros assuntos foram tema do 1º Simpósio de Cardiologia do Hospital VITA Batel e do Hospital do Coração, ocorrido em abril deste ano. José Eduardo Marchesini Pressão de alta periculosidade Hipertensão é uma doença silenciosa que pode causar danos a vários órgãos e reduzir a qualidade de vida Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 2011, mais da metade da população acima de 55 anos tem hipertensão; a média, considerando toda a população, é de 22,7% de hipertensos. Para não ser considerado hipertenso, é preciso ter a pressão arterial em no máximo 140 x 90 mmHg. A hipertensão predispõe a lesões no coração, cérebro, rins e olho (retina), entre outros riscos. Além disso, a hipertensão reduz a qualidade e a expectativa de vida do paciente. Para Emilton Lima Jr, cardiologista do Hospital VITA Curitiba e professor titular de Cardiologia da PUC-PR, a incidência de hipertensão vem crescendo de uma maneira mais acentuada em crianças. “Este fato está diretamente relacionado ao estilo de vida sedentário, situações estressantes e obesidade, que é um fator de risco marcante para a hipertensão”, diz Lima. A hipertensão é uma doença silenciosa; a maioria dos pacientes hipertensos não apresenta nenhum sintoma. “Muitas vezes o primeiro sintoma da doença hipertensiva se apresenta com uma complicação, como insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, alguma outra manifestação de doença arterial ou ainda com um quadro de acidente vascular cerebral (derrame)”, explica Lima. Colesterol Wans Alexandre Prestes Santana, coordenador médico da Unidade Cardio Intensiva do Hospital VITA Volta Redonda, explica que o exame de colesterol mostra basicamente três índices: colesterol total, LDL e HDL. Níveis elevados de colesterol total e de LDL, ou nível baixo de HDL são perigosos. Qualquer dessas situações, associada com hipertensão, eleva as chances de que a pessoa desenvolva uma doença arteroesclerótica, como as descritas acima. É recomendável que pessoas saudáveis façam exame de colesterol uma vez ao ano; na presença da dislipidemia (alteração do nível da substância), recomendam-se exames de seis em seis meses, ou a critério do médico. O principal fator que regula o nível de colesterol é a produção do próprio organismo, que só pode ser controlada de duas formas: com medicamentos e praticando atividades físicas. “Hoje, sabe-se que a atividade física favorece a produção de HDL, o colesterol ‘bom’, pelo organismo”, diz Santana. Outro fator é a alimentação: se recomenda evitar o consumo de alimentos ricos em LDL, como gorduras animais. Óleos e gorduras vegetais não contêm LDL. Também se pode consumir alimentos ricos em ácido graxo ômega três, como salmão, atum, sardinha e bacalhau, além de nozes e castanhas. Atividade física e dieta Dependendo do caso, dieta e atividade física podem ser suficienTempero caseiro sem sal tes para controlar a hipertensão. Santana A nutricionista Luiza Cobucci recomenda conta a história de um a receita de tempero a seguir, para tornar a paciente com cerca comida mais saborosa, sem acrescentar sal: ingredientes: . alho (2 dentes) . cebola (3 unidades médias) . salsa (uma xícara de chá) . cebolinha (um xícara de chá) . vinagre de maçã (1/2 xícara de chá) . azeite de oliva extra virgem (1/2 xícara de chá) modo de preparo: . pique a cebola e o alho . junte os demais ingredientes . bata no liquidificador . distribua o tempero em vidros tampados; pode guardar na geladeira Wans Alexandre Prestes Santana (acima) e Emilton Lima Jr. de 40 anos, que apresentava sobrepeso e hipertensão leve: “No início do tratamento, receitei medicamento para controlar o colesterol, mas depois bastou seguir uma dieta e passar a fazer atividade física que ele conseguiu superar a hipertensão e reduzir o colesterol, e hoje não precisa tomar medicamentos”. A obesidade é um fator importante para a hipertensão arterial. Santana cita o caso de uma paciente obesa, que procurou tratamento porque tinha dores no peito e falta de ar, e chegou ao consultório com uma hipertensão de 260 x 120, difícil de controlar. Segundo ele, depois que o quadro foi estabilizado a paciente pôde ser submetida a uma cirurgia bariátrica. Em um ano e meio, seu peso caiu para 78 Kg, e ela consegue controlar a pressão arterial com uma medicação apenas. Além disso, hoje ela realiza atividade física leve e sua qualidade de vida melhorou drasticamente. Alimentação contra a hipertensão Segundo Luiza Cobucci, nutricionista da Nutrir e Alimentar, que presta serviço de Nutrição para o Hospital VITA Volta Redonda, o consumo diário máximo recomendado de sal é de apenas 2,4 gramas. Ela alerta também que a maior parte dos alimentos industrializados (salgadinho, embutidos, defumados, massas prontas) contém sódio, e devem ser consumidos com moderação. Ela recomenda que quem deseja controlar a hipertensão ou mesmo preveni-la adote a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension - Abordagens Dietéticas para Parar a Hipertensão) rica em frutas, hortaliças, fibras, minerais e laticínios com baixos teores de gordura. 7 saúde Obesidade infantil, uma epidemia Nossas crianças estão engordando, e isso pode torná-las adultos mais propensos a doenças Se você acha que uma criança gordinha é mais saudável que uma magra, está na hora de rever seus conceitos. A obesidade infantil é um problema crescente, e estima-se que hoje 60% das crianças brasileiras estejam com sobrepeso ou obesas. “Crianças obesas têm duas vezes mais chance de morrer prematuramente na vida adulta”, diz Lygia Coimbra, coordenadora da UTI pediátrica do Hospital VITA Curitiba. As consequências mais comuns são doenças cardiovasculares e diabetes na vida adulta. É muito mais difícil fazer uma criança seguir uma dieta do que um adulto, por isso o ideal é uma abordagem preventiva: “Ninguém acorda obeso da noite para o dia”, diz Lygia, “então o caminho é ensinar uma alimentação saudável e incentivar as atividades físicas”. Lygia recomenda que os pais busquem informações no site www.obesidadeinfantil.org, que traz orientações práticas e confiáveis sobre o assunto. Segundo Cecília Pereira Silva, pediatra da Maternidade VITA Volta Redonda, pesquisas mostram que 50% das crianças obesas aos 6 meses de idade e 80% das crianças obesas aos 5 anos tornaram-se adultos obesos. Existem duas causas principais para o aumento da obesidade infantil: mudanças na dieta da família brasileira e diminuição da atividade física. “Muitas crianças passam de quatro a Cecília Pereira Silva (acima) e Lygia Coimbra seis horas por dia sentadas diante da televisão, do computador ou do videogame”, diz Cecília, “além de outras quatro a seis horas sentadas na escola, ou seja, elas não gastam as energias”. Tanto sedentarismo, juntamente com o consumo de guloseimas, carboidratos e refeições feitas rapidamente, fazem com que os pequenos ganhem peso. Para Cecilia, a família toda e a escola devem se envolver para prevenir a obesidade infantil. “Em Volta Redonda já existem escolas que incentivam os alunos a levarem frutas para a merenda, em vez de salgadinhos e bolachas”, diz Cecilia. Cabelos, melhor mantê-los Entenda o incrível fenômeno do encolhimento capilar, mais conhecido como calvície Calvície é um mal que assombra homens e mulheres, em assustadas proporções equivalentes de rarefação capilar. Entre os homens, cerca de 40% já apresentam algum grau visível de calvície aos 40 anos, número que em média cresce na mesma proporção da idade: 50% são carecas aos 50, 60% aos 60 e assim por diante. Nos homens a calvície começa pela testa, enquanto nas mulheres a careca costuma ser mais discreta e fácil de ocultar, porque inicia pelo centro do couro cabeludo. Fabiane Brenner, dermatologista dos Hospitais VITA Curitiba e VITA Batel, explica que na verdade os cabelos não caem, eles encolhem. “A calvície é um processo de encolhimento do folículos capilares, onde nascem os cabelos”, diz Fabiane. Um fio de cabelo tem um ciclo de vida médio de seis anos, após o qual ele cai e nasce novamente. Só que nas pessoas com tendência à calvície, o cabelo nasce mais fino a cada ciclo, até se tornar um fio quase invisível. “Os folículos estão lá, mas encolheram”, explica Fabiane. Fabiane Brenner 8 Você já deve estar careca de saber o que é calvície, e está interessado/a na cura, não é mesmo? A melhor estratégia para manter sua cabeleira é... a prevenção. “Ninguém fica careca de repente”, diz Fabiane, “o processo de encolhimento dos folículos demora anos”. Se você começar um tratamento quando os primeiros sintomas da calvície aparecerem, suas chances de manter os folículos atuais e até mesmo recuperar alguns é grande. Para quem já está calvo, a recuperação é mais difícil. “Quando chega um paciente completamente calvo, com os folículos afinados, miniaturizados, dificilmente se consegue uma recuperação completa”, diz Fabiane. O tratamento para homens e mulheres é distinto, já que o perfil hormonal é bastante diferente. Usam-se medicamentos tópicos (loção) e por via oral. O tratamento é longo e contínuo, mas compensa: “Tenho pacientes que atendo há mais de dez anos, que conseguiram manter seus cabelos”. A dica é procurar tratamento assim que você perceber algum sinal de início da calvície, antes que os folículos encolham. artigo médico-hospitalar Protocolo de Manchester prioriza atendimento por risco José Mauro Rezende Em um serviço de urgência, os casos mais graves devem ser atendidos antes; um protocolo criado na Inglaterra e adotado em todo o mundo ajuda os profissionais de Saúde a atenderem primeiro quem mais precisa Um dos grandes desafios dos serviços de emergência no País é atender a uma demanda de usuários superior a sua capacidade. Esta procura pelo pronto atendimento aumenta a cada dia, o que dá origem à necessidade de realizar um sistema de classificação de risco, que permita priorizar o atendimento médico pela urgência clínica e não pela ordem de chegada dos pacientes. A classificação de risco não pressupõe exclusão e sim estratificação. A realização de acolhimento com classificação de risco em serviços de emergência requer equipes experientes, treinadas e capazes de identificar necessidades e prioridades do paciente, para avaliação correta dos sinais e sintomas estabelecidos no protocolo. Um dos protocolos consagrados para esta atividade é o Protocolo de Manchester, cuja origem, tal como o nome indica, deu-se na cidade de Manchester, Inglaterra. Reconhecido internacionalmente e em funcionamento em vários hospitais, é validado pelo Ministério da Saúde e demais órgãos de classe na área da Saúde. Este método permite uma rápida identificação dos doentes que recorrem ao Serviço de Urgência, permitindo atender, em primeiro lugar, o doente mais grave e não, necessariamente, quem chega primeiro. Consiste em identificar a queixa principal do paciente (motivo que o levou a procurar o serviço), definir a condição apresentada e procurar sinais e sintomas em cada nível de prioridade clínica. Para isso é utilizada uma escala de cores por gravidade. A cor vermelha indica necessidade de atendimento imediato. Os casos muito urgentes Cartaz informativo do Hospital VITA Volta Redonda sobre os critérios de atendimento de emergência conforme a urgência de cada caso recebem a cor laranja, com um tempo de espera recomendado de dez minutos. Os casos urgentes, com a cor amarela, têm um tempo de espera recomendado de 60 minutos. Os doentes que recebem a cor verde e azul são casos de menor gravidade (pouco ou não urgentes) que, como tal, devem ser atendidos no espaço de duas e quatro horas, respectivamente, após atendimento dos doentes mais graves. Para entender a utilidade da Triagem de Manchester, é importante ter em consideração que a missão de um Serviço de Urgência é identificar os pacientes em risco e encaminhá-los ao atendimento correto no menor tempo possível, para garantir uma maior eficácia assistencial. José Mauro Rezende é diretor regional Rio de Janeiro da Rede VITA 9 ping pong Hospitalar, a sala VIP dos profissionais de Saúde Se existe um evento que agrega todo tipo de profissional, fornecedor e prestador de serviços que trabalha em hospitais é a Feira e Fórum Hospitalar, que ocorre anualmente em São Paulo, no Expo Center Norte, e que já faz parte do calendário internacional de eventos de negócios. Este ano a Hospitalar teve 1.250 expositores e registrou 92 mil visitas profissionais, e calcula que negócios no valor de R$ 6,4 bilhões tenham sido fechados durante os quatro dias do evento. Participantes de 67 países estiveram presentes à Hospitalar 2012. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, participou da cerimônia de abertura da Hospitalar 2012, juntamente com o secretário da Saúde do Estado, Giovanni Guido Cerri. O encerramento do evento teve a participação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Entidades representativas no setor de Saúde também estiveram presentes na feira, como a Associação Médica Brasileira, a Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP), Confederação Nacional de Saúde (CNS); Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (FENAESS); Sindicato dos Hospitais do Estado de São Paulo (SINDHOSP); Associação Brasileira da Indústria Médico-Odontológica (ABIMO) entre outras. Este ano incluiu dois novos eventos: a Feira e Fórum de Reabilitação e a Expo Enfermagem. Embora a Hospitalar também inclua eventos científicos, como exemplo o IV Congresso Hospitalar de Emergência e Terapia Intensiva, o foco maior é em gestão e negócios. Ocorre que, além de ser uma imensa vitrine de tudo que um hospital necessita, desde gaze até ambulâncias, a Hospitalar funciona como um grande clube, onde as pessoas se encontram, trocam ideias, criam projetos e formam parcerias. As entidades também aproveitam a oportunidade para levar ao público apresentações importantes; por exemplo, a ANAHP lançou em seu estande a 4ª edição da publicação “Observatório ANAHP”, que reúne uma completa análise dos indicadores econômico-financeiros, operacionais, de gestão de pessoas e de qualidade dos hospitais associados. E é justamente o foco na gestão e nos negócios que tornou a Hospitalar tão importante no cenário brasileiro e mundial. Para falar sobre as razões para que esse evento tão específico fosse tão bem sucedido, entrevistamos a médica e empresária Waleska Santos, presidente da Hospitalar. VITAL - Qual era o objetivo ao criar a Hospitalar? Waleska Santos - A Hospitalar foi imaginada, desde o início, como um ponto de encontro, um ponto de convergência de profissionais, empresas e entidades de diferentes especialidades e áreas de atuação. Na época, há mais de vinte anos, não havia nem showroom de equipamentos; então os dirigentes hospitalares visitavam distribuidor por distribuidor, e ficava muito complicado chegar a um consenso sobre qual seria a melhor escolha, levando em consideração fatores como preço, condições, atendimento, pós-venda, etc. Era como se faltasse aos participantes, às pessoas que atuam nos hospitais, uma visão de conjunto, em que todas essas ideias que dizem respeito à atividade hospitalar estivessem juntas, no mesmo local e no mesmo momento. Enquanto eu estava na escola de Medicina, tive a oportunidade de viajar para o exterior e frequentemente me via mais informada sobre as novidades, e até trazia equipamentos quando os professores pediam. Então comecei a fazer contato com os fabricantes pesquisan- 10 do nas listas telefônicas, e passei a visitar as entidades representativas dos médicos, como sindicatos e associações. Nesse processo de criar a Hospitalar, encontrei muitas pessoas que nos ajudaram, como Paulo Barbanti, da Intermédica; o saudoso Francisco Ubiratan Delappe, falecido este ano, idealizador da Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Fenaess) e da Confederação Nacional da Saúde (CNS), Juljan Czapski, o criador dos planos de saúde no Brasil, e muitas outras pessoas, mas que não temos como citar aqui. Quando eu conversava com essas pessoas, percebia o entusiasmo com a ideia de criar um evento como a Hospitalar. Conversávamos bastante, a experiência do dr. Ubiratan ajudou muito a definir um formato para o evento que fosse adequado para o Brasil. VITAL - Quais fatores você considera que foram decisivos para o sucesso do evento? Waleska Santos - O sucesso da Hospitalar foi garantir para os expositores que aqui haveria pessoas para fazer negócios, e garantir ao público uma exposição que justificasse a Waleska Santos “ os o debaHoje nós instigam de, criamos te na área de Saú ições, aproo palco, as cond articipantes, ximamos os p pessoas apresentamos as ” saída dele, de onde quer que fosse, para ver não um ou dois produtos, mas um pouco de tudo. Desde o início, pensamos a Hospitalar para ser sediada em São Paulo, e para isso era preciso que valesse a pena, que compensasse o esforço e o custo de alguém sair de Campinas, ou de Parintins ou de Porto Alegre, para vir à feira. Então cuidamos para que houvesse todo tipo de equipamento, desde os mais básicos até ambulâncias, móveis, equipamentos de montagem, um pouco de tudo. Desde a primeira edição, trouxemos fornecedores do exterior, mesmo porque no mundo todo usam-se equipamentos importados. Nem países como Japão, Alemanha e Estados Unidos são totalmente auto-suficientes em termos de equipamentos hospitalares. Já na primeira edição tivemos a participação de empresas de 19 países, e a presença do diretor geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Hiroshi Nakajima. Para mim, é como uma olimpíada. Você se prepara, treina, planeja, orça, monta uma equipe bem afinada para que tudo aconteça na Hospitalar. E tem que dar tudo certo, porque senão, só no ano que vem. Este ano foram mais de 60 eventos, entre seminários, workshops, palestras; e quem vem, tem de sair com a sensação de que valeu a pena, e com vontade de voltar no próximo ano. A exposição tem mais de 1.200 empresas mostrando seus produtos e serviços, numa competição leal e saudável, que beneficia o cliente. Ter vários fornecedores reunidos lado a lado, se expondo à comparação direta, é bom para a indústria, porque o desafio estimula a inovação, agrega valor e melhora os serviços. Quem vem à Hospitalar, quando retorna à sua cidade se torna motivo de consulta; todo mundo quer saber o que ele ou ela viu, as novidades, as tendências. A Hospitalar hoje é a sala vip dos profissionais de Saúde. VITAL - Qual é o papel da Hospitalar hoje no setor de Saúde? Waleska Santos - Hoje temos o privilégio de estar numa posição que nos permite ver o todo, e proporcionar integração, com uma dinâmica que ajuda a movimentar e desenvolver o setor. Acho que soubemos ser humildes no sentido de estarmos sempre presentes, nas horas difíceis e nas horas boas, e conseguimos superar dificuldades, às vezes terríveis. Hoje a Hospitalar funciona quase como um clube, onde médicos, planos de saúde, hospitais, fornecedores, associações, sindicatos, todos os atores desse mercado se encontram e interagem. Como existe uma interlocução constante com as instituições, conseguimos ver o que fizemos certo ou errado, e cortar caminhos para aperfeiçoar o evento. É muito importante essa convivência próxima, surgem projetos, ideias, temas para o congresso. É muito gratificante perceber que as entidades nos veem como parceiros. Hoje nós provocamos, nós instigamos o debate na área de Saúde, nós criamos o palco, as condições, aproximamos os participantes, apresentamos as pessoas. Fico muito feliz tanto pelo fórum como pela área de comércio, e por ver que todos se conhecem, todos têm o prazer de se encontrar. O médico Raul Cutait certa vez me disse: “Fico na dúvida se é melhor entrar para assistir as palestras ou ficar fora encontrando as pessoas, todo mundo que eu quero ver está aqui”. VITAL - Por que vocês criaram o Prêmio Hospitalar? Waleska Santos - Nosso papel é instigar e valorizar o trabalho das pessoas do setor, dar um estímulo para que as pessoas mostrem o que estão fazendo, independentemente do destaque que elas ou suas instituições já tenham. Para isso criamos o Prêmio Hospitalar, que chegou a sua oitava edição, e foi entregue este ano à dra. Silvia Brandalise, fundadora do Centro Infantil Boldrini, nomeada Personalidade do Ano na Área da Saúde, por seu trabalho como onco-hematologista. Graças ao seu trabalho na criação de protocolos de tratamento de leucemia linfoide aguda, os índices de cura da doença no Brasil passaram de 5% em 1978 para 80% atualmente. VITAL - Já que se trata de um evento voltado para a atividade hospitalar, por que a opção por gestão e negócios, e não pesquisa? Waleska Santos - Procuramos falar de tudo que não se fala na faculdade, por exemplo, gestão, seja de hospitais, de pessoas, de carreiras. Para falar sobre patologias, as Sociedades Médicas promovem excelentes congressos e nem queremos ter a pretensão de fazer algo melhor. Nosso foco é outro, ainda que aconteçam eventos científicos durante a Feira. Já trouxemos o Roberto Justus para falar sobre redes sociais, relacionamento e marketing; trouxemos a Ernst & Young, para uma palestra sobre abertura de capitais e oferta pública inicial. Há uma grande diferença entre ir a um congresso e ir à Hospitalar. Temos grandes congressos médicos na América Latina, dedicados à ciência, à pesquisa, e as empresas patrocinam esses eventos, montam seus estandes e exibem seus equipamentos; mas em geral o congressista está ali para aprender, não para fazer negócios. Não somos uma empresa terceirizada para produzir um evento, somos a Feira Hospitalar, que está presente o ano todo, preparando, fazendo contatos, promovendo o evento que acontece uma vez por ano. Nós é que contratamos terceirizados para fazer coisas que estão fora do nosso foco. VITAL - Como você vê o futuro dos hospitais? Waleska Santos - Acredito que a tendência para os hospitais é facilitar a vida do paciente, adaptar-se às necessidades dele, em vez de fazer com que o paciente se adapte à forma de funcionamento da instituição. Por exemplo, uma pessoa que faz hemodiálise tem uma vida profissional como qualquer outra, mas hoje perde um dia útil para fazer hemodiálise, porque em geral só pode realizar o procedimento das 7h às 19h. O hospital poderia oferecer um horário mais amplo, que desse maior flexibilidade para essa pessoa. São oportunidades de atuação e quem trouxer mais conforto para o paciente vai sair na frente. As instalações e equipamentos dos hospitais estão disponíveis 24 horas por dia, mas são utilizados apenas durante uma parte desse período. É preciso ter várias equipes, em vários horários, para otimizar e multiplicar a capacidade de atendimento das instituições. Por que não fazer uma cirurgia eletiva de madrugada, por exemplo? VITAL - E para os médicos, o que mudou? Waleska Santos - Nós temos que reconhecer que a relação entre médico e paciente mudou, e muito. Antes da Internet, era muito mais difícil para o paciente informar-se sobre sua própria doença; e quem desconhece alguma coisa, teme ou adora. E era assim para a Medicina: geralmente o paciente ou tinha temor, ou endeusava o médico. Agora, com o acesso à informação, podemos dizer que o paciente tornou-se um consumidor, com mais poder para questionar. Então essa relação ficou menos desigual; mas também, em minha opinião, evoluiu. Hoje as pessoas podem ter o médico como seu parceiro, seu orientador para enfrentar os problemas, e também dividir com ele a responsabilidade pelas decisões. A relação entre médico e paciente ficou mais humana. Mas o médico continuará insubstituível: nada pode substituir a anamnese (entrevista e exame com o paciente) e a atenção que o médico dá ao paciente, e que às vezes é tudo de que ele precisa. VITAL - A atividade hospitalar tem boas oportunidades profissionais? Waleska Santos - É um campo riquíssimo de oportunidades de atuação. Existem muitos profissionais que podem atuar dentro do hospital, e não apenas os de saúde: advogados, contadores, administradores, arquitetos, engenheiros, todos podem se especializar para atender esse setor. O Hospital Albert Einstein fez um levantamento há cinco anos e descobriu que havia 140 atividades profissionais para sustentar o funcionamento da entidade. São pessoas preparadas para atuar com as necessidades específicas do ambiente hospitalar, que são diferentes das de uma indústria, ou comércio ou outra atividade. 11 Tudo o que você não queria saber sobre AUTOMED 12 capa Cada vez mais pessoas estão substituindo as consultas médicas pela automedicação, com base em informações obtidas de parentes, amigos ou da Internet; veja porque isso pode ser muito mais perigoso do que você imagina Quase todo mundo tem alguns remédios guardados no armário do banheiro ou em uma gaveta da cozinha, de preferência longe das crianças. São nossas armas para combater uma dor de cabeça, os sintomas de um resfriado, uma indisposição no estômago e assim por diante. Mas cuidado: se o problema não desaparece e você continua se medicando por conta própria, está se expondo a riscos graves. Conversamos com vários profissionais dos Hospitais da Rede VITA, e levantamos muito mais informações do que imaginávamos. Médicos e farmacêuticos entrevistados concordam que a automedicação se torna perigosa quando prolongada e rotineira. A pessoa pode estar mascarando doenças graves, sofrer lesões nos rins ou no fígado pelo uso constante de medicamentos, e ainda ter intoxicações ou reações alérgicas aos mesmos. Se a sua dor de cabeça, ou dor nas costas, ou desconforto digestivo dura mais que três dias, pode estar sinalizando algo mais sério, e está na hora de ir ao médico descobrir do que se trata. Vários medicamentos podem ser comprados à vontade, porque são inofensivos quando usados corretamente. Mas, como lembra Juliane Zoreck, chefe de Farmácia do Hospital VITA Curitiba, “todo remédio é potencialmente um veneno, a diferença está na dose utilizada”. Campeões da automedicação Os líderes de audiência entre os medicamentos tomados por conta própria são antibióticos (infecções em geral, tendo como exemplo dor de garganta com presença de pus), anti-inflamatórios (dores em geral, desde dor de cabeça até dor nas costas) e ansiolíticos (para reduzir a ansiedade ou dormir). Geralmente, a decisão de tomar DICAÇÃO 13 um medicamento é porque alguém já está tomando: o marido decide tomar o mesmo remédio que a mulher, a mãe resolve tratar o filho, uma amiga recomenda o medicamento para outra e assim por diante. Ninguém coloca óleo diesel no tanque de um carro a álcool, mas muita gente se sente à vontade para tomar um remédio só porque outra pessoa está tomando. “Os tipos de medicamentos variam e as doses variam conforme o caso”, argumenta Thaís Pires Quaglia, chefe de Farmácia e Suprimentos do Hospital VITA Volta Redonda; “mas os pacientes costumam achar que todos os antibióticos servem para a mesma coisa”. Ela garante que são comuns os casos em que uma pessoa compara seus medicamentos com os de outra pessoa pela dose presente no comprimido, o que é absurdo. “São medicamentos diferentes, mas a pessoa vê que em um a dose do comprimido é de 1mg, e em outro, é de 10mg, e como ela não está se sentindo bem, resolve tomar o outro porque ‘é mais forte’ “. Quem compara melancias e uvas pela quantidade pode acabar comendo dez melancias. Thaís Pires Quaglia 14 Também é comum ver pessoas avaliando as doses que lhes foram receitadas: “eu estou tomando 10 mg por dia do remédio X”; e a outra responde: “eu também estou tomando X, mas só 5 mg por dia”. Então esta decide aumentar a dose por conta própria, pois, afinal, não quer ficar para trás no tratamento. Ocorre que cada organismo reage de uma maneira diferente à quantidade: “Certas pessoas tomam duas gotas de um ansiolítico e ficam prostradas, outras tomam várias e têm o efeito oposto, ficam nervosas; então a dose que serve para uma não serve para outra”, explica Thaís. Ela sabe que muitos pacientes começam tomando o medicamento correto, na dose correta e acabam, com o tempo, elevando a dose por conta própria. Aplicações diferentes O erro mais comum de quem pratica automedicação é achar que se um remédio serve para uma coisa, serve para todas, ou pelo menos para as parecidas. Por exemplo: se um antibiótico serve para infecção na garganta, deve servir para infecção na pele, no estômago, no nariz, etc. Thaís Quaglia, do Hospital VITA Volta Redonda, conta um caso em que usar um medicamento para tratar uma enfermidade para a qual ele não era indicado quase causou consequências graves. “Uma conhecida minha colocou um piercing na orelha esquerda, daquele tipo que fica na parte superior e fura duas abas da orelha”, conta Thaís. “Mas o piercing inflamou e começou a doer”. Como estava ficando muito inchado e vermelho, as pessoas recomendaram que a moça tirasse o piercing, e ela disse que já estava tomando antibiótico e que não havia perigo. “Quando eu perguntei o que ela estava tomando, ela me disse que era cefalexina, um antibiótico por via oral, geralmente indicado para infecções internas, por exemplo urinárias, faringite e sinusite”, diz Thaís. “Ela achava que por ter curado uma amigdalite com cefalexina ia curar também a inflamação na orelha”. A farmacêutica então explicou que ela estava tomando o medicamento errado para aquela situação, que poderia até ter feito a jovem ter uma necrose e perder um pedaço da orelha. Nem tão inofensivos assim Para Thaís, mesmo os medicamentos que podem ser vendidos sem receita devem estar do outro lado do balcão da farmácia. “O grande risco é justamente a automedicação”, diz Thaís. Além de mascarar problemas graves, alguns anti-inflamatórios e analgésicos populares podem causar danos ao fígado e aos rins, se usados em grande quantidade e por longos períodos. Medicamentos como diclof enaco potássico e nimesulida, que são considerados inofensivos pela maioria da população, podem ter esse efeito. “Existem muitos casos de hepatite medicamentosa, provocados pelo uso abusivo de paracetamol”, diz Thaís. Ela recomenda que, ao comprar medicamentos na farmácia, o cliente converse com o farmacêutico para se informar sobre a dose, o tempo de uso e as restrições do produto. “Muita gente sofre de dor crônica, e apela para anti-inflamatórios comprados na farmácia para controlá-la”, diz o médico Rafael Deucher, coordenador da UTI Geral do Hospital VITA Batel,. “São medicamentos que usamos para tratamentos breves, de três a seis dias no máximo, mas quem se automedica pode passar meses tomando esses remédios e acabar tendo um sangramento gástrico, uma úlcera, e prejudicar os rins”, afirma Deucher. Segundo ele, esses medicamentos também não são indicados para bebês nem pessoas muito idosas, porque a chance de haver efeitos colaterais é grande. Sintomas que pedem atendimento imediato Um dos pontos que reforçamos nesta matéria é que você pode fazer uma automedicação responsável, o uso eventual deste ou daquele remédio de venda livre, e que se os sintomas não desaparecem em alguns dias, o correto é procurar um médico. Mas é importante acrescentar que existem sintomas que exigem atendimento imediato: • dores no peito podem ser sinal de problema cardíaco • amortecimento, tontura, confusão mental, perda de força e de consciência podem sinalizar acidente vascular cerebral. Em ambos os casos, a pessoa deve ser levada imediatamente para o pronto-socorro. capa O caminho do pronto-socorro Casos de intoxicação por automedicação que chegam ao pronto-socorro não são muito comuns, felizmente. Segundo dados do Sinitox, Sistema Nacional de Informações Toxicofarmacológicas do Ministério da Saúde, em 2009 foram 735 casos em todo o País, excluindo tentativas de suicídio ou uso acidental. Rafael Deucher, do Hospital VITA Batel, concorda que não é comum uma pessoa automedicar-se a ponto de ter uma intoxicação: “Atendemos um número considerável de pacientes no ProntoSocorro do Hospital, cerca de 5.500 pessoas por mês, e a ocorrência de intoxicações graves pela automedicação é rara”, afirma. Mesmo assim, é a automedicação que muitas vezes faz com que uma pessoa precise de um atendimento de emergência, porque mascara o desenvolvimento de uma doença, até o ponto que ocorre uma crise. “O que acontece é que muitas pessoas acabam não se dando conta de que foram parar no prontoatendimento por causa da automedicação”, diz Deucher. Ou seja, elas não estão intoxicadas pelos medicamentos que decidiram tomar por conta própria; mas a automedicação ajudou a mascarar um problema que foi se agravando, complicando, avançando, até que um dia se torna agudo e a pessoa vai parar na emergência. Adiando a cura O risco não afeta apenas os casos agudos, emergenciais. Tomar remédios por conta Antibióticos em risco Os antibióticos estão entre os medicamentos preferidos das pessoas que buscam automedicação. Só que o uso indiscriminado de antibióticos está colocando essa importante ferramenta da Medicina em risco, porque favorece o surgimento de bactérias resistentes a esses medicamentos. É como se estivéssemos oferecendo um “playground” onde as bactérias conseguem “aprender” a se defender contra os antibióticos. Interromper o tratamento quando os sintomas desaparecem, antes do prazo indicado pelo médico, tem o mesmo efeito. Na verdade, o que ocorre não é um “aprendizado”, mas a seleção de bactérias resistentes, que sobrevivem ao tratamento e se disseminam; a biologia mostra que existem diversos mecanismos pelos quais as bactérias conseguem adquirir resistência a esses medicamentos. Segundo um própria pode ocultar doenças graves, em que cada dia perdido para o tratamento correto pode ser decisivo. O gastroenterologista Rônel Mascarenhas, diretor clínico do Hospital VITA Volta Redonda, descreve uma situação que já testemunhou, onde o paciente se expõe a deixar que a doença avance, por conta da automedicação. “Já vi mais de um caso assim”, conta Rônel. “Imagine um senhor, já na terceira idade, que começa a sentir dores no estômago e acha que está com uma gastrite passageira”, relata Mascarenhas; “então ele compra um remédio para aliviar essa dor e o remédio funciona. Ele continua tomando o remédio a cada vez que sente a dor, isso, durante semanas”. Após dois ou três meses do início da dor, ela fica incontrolável e o paciente marca uma consulta, na qual o médico diagnostica, em vez de uma gastrite, um câncer de estômago. “Por causa da automedicação, ele deixou que a doença avançasse por três meses, tempo que pode ser decisivo para o sucesso do tratamento”, afirma Mascarenhas. O problema não é tomar remédio por dois ou três dias para aliviar uma dor de estômago, o problema é insistir em tratar uma dor que não desaparece ao longo de semanas ou meses. Para Deucher, as pessoas ignoram os avisos que o corpo dá: “se você tem dor de cabeça todo dia, e todo dia tem de tomar remédio, será que não vale a pena procurar um neurologista? Mesmo que seja apenas estudo publicado na revista científica “Nature” recentemente, cerca de 100 trilhões de microorganismos habitam um indivíduo, e eles são essenciais para a saúde. O primeiro prejudicado pelo uso incorreto de antibióticos é a própria pessoa que se automedicou: “Ela pode até resolver o problema daquela vez, mas da próxima talvez tenha que tomar um outro antibiótico, mais forte, porque as bactérias que estão no seu organismo já estão resistentes àquele que ela tomou anteriormente”. Em uma escala mais ampla, o problema é muito mais sério, já que pode dar origem a bactérias resistentes a todos os medicamentos conhecidos. O problema do uso indiscriminado de antibióticos foi reduzido, graças a uma resolução do governo federal que proibiu em todo País a venda de antibióticos sem receita, a partir de novembro de 2010. O uso sem prescrição ainda ocorre, mas em muito menor escala. uma enxaqueca, ele vai poder mostrar para você como conviver com o problema, quais medicamentos mais modernos surgiram, porque só um médico conhece as alternativas de tratamento”, argumenta. Cultura de prevenção A maior parte das pessoas praticam muito mais o ditado “não vou consertar algo que está funcionando” do que “é melhor prevenir do q u e Rafael Deucher Segundo Mascarenhas, antibióticos também podem mascarar enfermidades mais graves do que o paciente imagina. “Um exemplo conhecido de mascaramento de uma doença com antibióticos foi o que aconteceu com o presidente eleito Tancredo Neves”, lembra Mascarenhas. “Ele tinha um quadro clínico no abdômen que indicava cirurgia, mas houve a eleição, a posse estava próxima, era um momento político delicado, e ele foi tomando antibióticos para mascarar o quadro até não dar mais, e o resto já é história”. Tancredo Neves morreu vítima de uma infecção generalizada na véspera de sua posse como presidente da República, em 14 de março de 1985. “O uso abusivo de antibióticos é um problema para as pessoas e para os hospitais”, explica Juliane. Se uma pessoa já tem um determinado grau de resistência a um antibiótico, pode obrigar os médicos a utilizarem um tratamento mais agressivo, além de aumentar o tempo de internação. 15 remediar”. A cultura da prevenção ainda não está disseminada, e alguns exageros e contradições nas teorias sobre o que previne doenças também contribuem para uma atitude de “deixa para depois, quando eu sentir alguma coisa cuido do assunto”. Homens, principalmente, não costumam fazer consultas preventivas ao médico, quando o recomendado, mesmo para pessoas saudáveis, é fazer pelo menos uma consulta por ano, para que o médico posso fazer ou solicitar exames rotineiros, como pressão arterial, colesterol, etc. Automedicação no Hospital Até mesmo dentro do Hospital acontecem casos de automedicação, que podem afetar o tratamento do paciente. “Quando alguém é internado, o médico e toda a equipe veem a pessoa como um todo, por isso ocorre uma entrevista, para que possamos saber que tipo de medicamente essa pessoa já está tomando”, explica Thaís Pires Quaglia, Chefe de Farmácia e Suprimentos do Hospital VITA Volta Redonda. receitado pelo médico. “Esse paciente ficou com pressão muito baixa e nós não entendíamos o que estava acontecendo”, conta Thaís; “até que ele nos contou que continuava tomando o anti-hipertensivo que costumava tomar em casa”. A recomendação para o paciente internado no Hospital é que informe para seu médico ou para a enfermagem todos os medicamentos que costuma usar rotineiramente, e que não tome nenhum sem permissão, porque qualquer medicamento Rônel Mascarenhas pode interagir com os que já estão sendo administrados, fenômeno conhecido como “interação medicamentosa”, quando uma substância modifica, amplia ou anula o efeito de outra. Jogue fora o que não usa Está na hora de esvaziar as gavetas dos medicamentos antigos, com prazo de validade vencido, ou que sobraram de algum tratamento que já terminou. Dificilmente você voltará a usá-los, e o risco de mantê-los guardados é que alguém, principalmente crianças, resolva usá-los. A recomendação dos farmacêuticos é manter em casa apenas uma quantidade mínima de medicamentos de venda liberada, para emergências, e em local onde as crianças não possam alcançar facilmente. Mas acontece de o paciente continuar tomando remédios sem que os enfermeiros saibam. Muitas vezes o medicamento não tem o mesmo nome, o paciente pode achar que está deixando de tomar alguma coisa, e toma por conta própria, diz Thaís. Ela lembra do caso de um paciente para quem a enfermagem estava administrando um anti-hipertensivo Dilma veta venda de remédios em supermercados Fitoterápicos não são inofensivos Juliane Zoreck 16 Juliane Zoreck, chefe de Farmácia do Hospital VITA Curitiba, acha importante lembrar às pessoas que medicamentos fitoterápicos também podem trazer reações adversas, e não devem ser consumidos em qualquer quantidade ou por qualquer pessoa. “Dependendo da concentração e do produto, pode haver efeitos perigosos, mesmo de um chá”, comenta Juliane. “Algumas pessoas são alérgicas, e um chá que é inofensivo para um adulto pode prejudicar uma criança”. Ela lembra também que os chás calmantes dados para bebês podem mascarar problemas mais graves do que uma simples indisposição para dormir. A dica é procurar informação com o farmacêutico mesmo ao adquirir fitoterápicos. A presidente Dilma Rousseff vetou em maio a venda de medicamentos em supermercados, medida que havia sido aprovada pelo Senado em abril, dentro de um projeto de lei sobre desoneração de impostos na venda de produtos para pessoas com deficiência; o restante do projeto foi aprovado. Para o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o risco de vender medicamentos nas gôndolas de supermercados é facilitar e até incentivar a automedicação. Ainda existem iniciativas no Brasil que buscam liberar a venda de medicamentos que dispensam receita médica nas prateleiras das farmácias, mas fora do balcão. “Mesmo esses medicamentos têm efeitos colaterais, e acho que deve haver algum nível de controle por parte do farmacêutico”, diz Rônel Mascarenhas, diretor clínico do Hospital VITA Volta Redonda. túnel do tempo O espião interno Desde a antiguidade os médicos tentaram enxergar o interior dos pacientes, usando velas, espelhos e tubos de metal para criar aparelhos que foram os precursores do atual endoscópio moderno O termo endoscopia vem das raízes gregas endo, dentro, e skopein, examinar. De modo geral, nomeia-se endoscópio o aparelho que mostra imagens internas do organismo, utilizando as vias naturais: o trato gastrointestinal, respiratório, urinário e o sistema reprodutor feminino. O médico árabe Albukassim (Abu al-Qasim alZahrawi, 936-1013) foi o primeiro a examinar uma cavidade interna, utilizando um reflexo de luz do sol, através de um espelho de vidro dirigido à vulva para examinar o colo uterino de uma paciente. Em 1806, o médico alemão Phillip Bozzini conseguiu enxergar várias cavidades do corpo com o seu “Lichtleiter” (condutor de luz). Este aparelho, cuja fonte de iluminação era uma vela, foi testado inicialmente em cadáveres, e utilizado posteriormente, com sucesso, em pessoas vivas. Havia até mesmo uma cânula fina para inserção na bexiga através da uretra. A morte de Bozzini interrompeu a evolução do dispositivo, e seu trabalho pioneiro caiu em esquecimento. Meio século depois, o médico francês Antonin J. Desormeaux voltou a usar a invenção de Bozzini e desenvolveu mais o aparelho, substituindo a vela por uma chama a gás, muito mais luminosa. Seu aparelho rapidamente popularizou-se entre os médicos e foi fabricado em grande quantidade a partir Lichtleiter, criado por Bozzini de 1853. Em decorrência desse grande sucesso, Desormeaux é considerado o “pai do endoscópio”. Em 1868, Adolf Kussmaul tentou pela primeira vez passar um tubo de metal medindo 13mm de diâmetro pelo esôfago de um engolidor de espadas até seu estômago. A experiência, ocorrida na Alemanha, não teve sucesso devido à falta de iluminação adequada. A invenção da lâmpada elétrica de Edison em 1878 deu novo impulso à evolução do aparelho. Albukassim Antonin J. Desormeaux de bronze em espiral, flexível, coberto com borracha, com pequenas lentes no interior, que davam um ângulo de visão de 34 graus, sem distorção visual. Essa tecnologia só foi superada pelos endoscópios de fibra óptica. A endoscopia moderna surgiu em Viena, Áustria, em 1879 quando o médico alemão Maximilian Nitze apresentou seu novo “Blasenspiegel” (espelho de bexiga), ou seja, um cistoscópio, construído em cooperação com o fabricante de instrumentos vienense Josef Leiter. A Olympus produziu nos anos 50 um equipamento intermediário: tratava-se da gastrocâmera, uma câmera fotográfica minúscula, com filme de 5mm, que era levada até o estômago, onde 30 fotos eram feitas. O operador não sabia o que estava sendo fotografado, só via as imagens depois que o filme era revelado e colocado em um ampliador especial. Um endoscópio rígido não consegue chegar ao estômago, porque o tubo digestivo não é reto. Em 1923 o médico endoscopista alemão Sternberg, que proclamava ter feito 20.000 exames com endoscópio rígido, rompeu o esôfago de um paciente durante uma demonstração em Munique; a vítima morreu posteriormente. O surgimento da fibra óptica possibilitou a construção do primeiro protótipo de endoscópio com o material em 1957, pelo médico Basil Hirschowitz, da Universidade de Michigan, que testou o aparelho examinando seu próprio estômago. Em 1960 foi lançado o primeiro endoscópio comercial com fibra óptica. Georg Wolf e Rudolph Schindler apresentaram em 1932 um endoscópio semiflexível, que alcançava o estômago e usava iluminação por lâmpada de tungstênio. Era um tubo Em 1969 os pesquisadores Boyle e Smith criam o CCD, dispositivo sensível à luz que permitiu a captação digital de imagens em câmeras de tamanho reduzido. O primeiro vídeo-endoscópio foi apresentado em 1986. O CCD é a tecnologia utilizada nos modernos endoscópios, que podem ser usados não só para diagnóstico, como também para procedimentos pouco invasivos. O cistoscópio de Nitze, de 1879, pronto para ser transportado Gastrocâmera dos anos 1950 Fontes: Unicamp, NCBI, Universidade de Medicina de Viena, Revista Médica Electrónica, Royal College Edinburgh - podem ser consultadas pelo link http:// bridgeurl.com/endoscopia-vital 17 vida digital Então você quer seu próprio site? Não importa o tamanho da sua empresa, seja um consultório ou uma clínica, uma lojinha ou um shopping center, é essencial que ela tenha uma plaquinha na Internet para que as pessoas consigam achá-la na Rede. Também não precisa ser nada extraordinário, mas deve pelo menos dizer o que é sua empresa e como encontrá-la. Vamos lhe mostrar como fazer para comprar seu “terreninho” na Internet, para sua empresa ou para você próprio. Conheça, resumidamente, as diversas formas de fazer isso e avalie se vale a pena fazer por conta própria ou contratar um escritório de webdesign para fazer tudo por você. Comprando um terreno A Internet é uma rede mundial de computadores interligados. Alguns deles, chamados de servidores, “hospedam” os sites que acessamos. Para criar um site na Internet, é preciso hospedálo em um servidor, que vai informar a você o número IP (internet protocol) onde ele reside. O número IP é formado por quatro blocos, como “1234.2345.4566.5232”, e seria bem difícil usar a Internet se cada vez que quiséssemos acessar um site tivéssemos que lembrar o número IP dele. Por isso foram criados os domínios, nomes como www.meusite.com.br ou www.lojadafulana. com, que traduzem estes nomes fáceis de lembrar por aqueles números complicados. São apenas dois passos: • Contratar uma hospedagem para seu site e receber um número IP • Registrar um domínio (www.algumacoisa.com.br) para esse número IP A maioria das empresas de hospedagem facilita esse processo e oferece, juntamente com o plano de hospedagem contratado, um serviço de registro de domínio. O custo de hospedagem varia conforme os serviços contratados, e o registro de um domínio com terminação “.com.br” custa R$ 30 por ano, se for feito diretamente no site Registro.br, responsável pelos domínios no Brasil. Construindo a casa Agora que você já tem seu espaço hospedado no servidor e um domínio, é preciso criar o site propriamente dito, as páginas que os internautas acessarão quando digitarem “www. seudominio.com.br”. Há várias maneiras de criar essas páginas: 18 1 - Programe em HTML 4 - Instale um CMS no servidor Tudo que aparece na tela do navegador é formado por código HTML. Se você é destemido, pode optar por fazer um curso de HTML ou aprender sozinho, com os milhares de livros e tutoriais que já foram publicados sobre o assunto. A solução mais moderna para estar na web é instalar um CMS (Content Management System - Sistema de Gerenciamento de Conteúdo). Também nesse caso, seu trabalho será preencher espaços em branco, em uma interface simples, no seu próprio navegador. 2 - Use um programa de criação de páginas Existem ótimos programas que tornam a criação de páginas apenas uma operação de arrastar e soltar, mas provavelmente em algum momento você terá que “sujar as mãos” em HTML. Alguns dos mais conhecidos são o Adobe Dreamweaver e o Microsoft Expression Web. 3 - Use o construtor de sites do servidor Escolha um serviço de hospedagem que inclua um editor de sites. É um sistema que você acessa com o próprio navegador, no qual você só tem que preencher os espaços em branco e acrescentar suas próprias imagens. 5 - Escolha uma hospedagem grátis Existem serviços que abrigarão seu site gratuitamente, e oferecerão um editor online para que você crie as páginas, mas o nome do site será algo como “sualoja.hospedagemgratis.com”. Wordpress (www.wordpress.com) e Blogger (www. blogger.com) são boas opções. É possível que estas informações tenham gerado mais dúvidas do que esclarecido, porque o assunto é complexo, existem inúmeras evoluções, e a Internet não para de evoluir. A solução de instalar um CMS no servidor é atualmente a melhor relação entre preço, resultado final e facilidade de administrar e atualizar o site. O mais usado atualmente é o WordPress (o mesmo que oferece hospedagem, citado acima), sistema gratuito com dezenas de opções de customização; outro popular é o b2Evolution, também grátis. É importante lembrar que o sistema pode ser gratuito, mas a hospedagem e o registro de domínio são pagos. O problema é que instalar um CMS é bem complicado para quem não é da área de Tecnologia. Para resolver essa dificuldade, alguns serviços de hospedagem incluem sistemas para instalar CMSs automaticamente; os mais conhecidos são o “Fantastico” e o “Softaculous”; confira se o serviço que você escolheu dispõe desse facilitador. em rede Manutenção e qualidade andam juntas Os Hospitais da Rede VITA contam com um controle de manutenção de equipamentos que garante seu bom funcionamento e adequação às normas legais e às suas certificações de qualidade Para que os profissionais de saúde possam ter plena segurança quanto aos equipamentos que utilizam, os Hospitais da Rede VITA mantêm um sistema de manutenção periódica, que garante seu funcionamento integral e alta confiabilidade. Além da manutenção preventiva, os equipamentos têm seu ciclo de vida e tecnologia avaliados; em outras palavras, os Hospitais estão constantemente analisando quais novas tecnologias devem ser incorporadas e quando seus equipamentos devem ser substituídos por novas versões quando obsoletos. O engenheiro clínico Luis Paulo Espíndola, das empresas Conemed, em Curitiba, e Hospitech, em Volta Redonda, trabalha diretamente com o processo de manutenção e renovação dos equipamentos. “Nós criamos um sistema de gerenciamento a fim de promover a efetividade e segurança do uso e renovação das tecnologias”, diz Espíndola, “e também para atender a legislação vigente, e as exigências dos sistemas de qualidade que os Hospitais implantaram, como a Acreditação pela ONA e a Acreditação Canadense”. Os equipamentos de suporte à vida, como ventiladores, aparelhos de anestesia e cardioversores, são submetidos à manutenção preventiva com maior frequência. Além de prevenir defeitos, a engenharia clínica também realiza: calibração (verificação dos níveis de funcionamento); metrologia legal (adequação da calibração à legislação vigente); mapeamento de risco; educação continuada dos usuários e gerenciamento das tecnologias. “Equipamentos têm um papel essencial no funcionamento do hospital e na segurança do paciente”, diz Espíndola, “por isso faze- Luis Paulo Espíndola mos o mapeamento de riscos e, dentro do programa de tecnovigilância das instituições, interagimos com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para notificação dos eventos adversos”. Dessa forma, a Rede VITA contribui para que outros hospitais possam usar esses dados para melhorar sua própria segurança em relação aos aparelhos que utilizam. A Engenharia Clínica também elabora um Plano Diretor de Tecnologia, que prevê a avaliação, teste e aquisição de novos equipamentos, sempre que necessário. Prêmio para Hospital VITA Batel Equipe do Hospital recebeu a distinção máxima pela qualidade dos cuidados para evitar que os pacientes tenham úlceras por pressão e lesões de pele A empresa 3M, que fabrica curativos utilizados na prevenção e tratamento de úlceras por pressão e lesões de pele, criou uma certificação de boas práticas na prevenção desses problemas. Essa certificação é dada às instituições que comprovam a qualidade de seu atendimento, e assim protegem seus pacientes. O Hospital VITA Batel ganhou em 2011 a certificação categoria Ouro; neste ano, a certificação máxima, categoria Diamante. Juliana de Cássia Quaquarini, enfermeirachefe da UTI do Hospital VITA Batel, recebeu o prêmio em nome de toda a equipe, no dia 25 de março último, no Centro de Convenções Bourbon Cataratas, em Foz do Iguaçu (PR), durante o 2º Congresso Internacional de Prevenção de Lesões de Pele / Interpele 2012. Os cuidados precisam ser aplicados com regularidade, e sem falha, porque úlceras de pressão e lesões de pele geram muito desconforto para a pessoa. É preciso evitá-las ao máximo. “Existem diversas ações para prevenir esses problemas”, explica Juliana, “que incluem masJuliana Quaquarini (esq.) e Neidamar Fugaça sagem de conforto, limpeza, uso de cremes, e movimentação do paciente”. Segundo ela, os cuidados são diferentes conforme o paciente, e é necessária a avaliação de diversos profissionais para decidir as medidas mais indicadas. Juliana é presidente da Comissão de Curativos do Hospital VITA Batel, formada por enfermeiros, fisioterapeutas, médicos, nutricionistas e técnicos de enfermagem. Essa comissão é responsável por implementar os cuidados que previnem as lesões, e também por avaliar os resultados e sugerir melhorias. Segundo a enfermeira Neidamar Fugaça, gerente geral de Operações do Hospital VITA Batel, os cuidados com a pele são extremamente importantes e dizem muito sobre a qualidade de atendimento de um hospital: “Nos nossos programas de qualidade, as ocorrências de úlcera de pressão estão entre os indicadores mais importantes”, diz Neidamar, “e o prêmio concedido pela 3M é o reconhecimento do esforço de toda a nossa equipe para proteger e dar conforto aos pacientes”. 19 em rede Foco no entrosamento O Focus Group reúne representantes dos Hospitais VITA Curitiba e VITA Batel e das operadoras de saúde, o que permite melhorar a comunicação e encontrar soluções para aperfeiçoar os serviços prestados ao paciente Quando hospitais, que realizam os tratamentos, e as operadoras de saúde, que são responsáveis por custeá-los, mantêm uma comunicação clara e produtiva, os maiores beneficiados são os pacientes. E foi justamente para permitir uma melhor troca de informações e ideias que os Hospitais VITA Curitiba e VITA Batel criaram o Focus Group, um grupo de trabalho que se reúne a cada dois meses, composto por colaboradores dos Hospitais e por representantes das operadoras de saúde. “O principal objetivo do Focus Group é compartilhar estratégias e construir novos projetos juntos”, explica Elaine Costa, gerente administrativa e comercial dos Hospitais VITA Batel e VITA Curitiba. Já foram realizadas seis reuniões, e atualmente participam representantes das operadoras Bradesco, Sul América, Amil, Fundação Copel, ICS, Fundação Sanepar, CEF, Correios, Fusex, Voam e Unimed, além de gestores e representantes técnicos dos Hospitais, normalmente médicos e enfermeiros auditores. Segundo Alexandre Raicherth, coordenador da Qualidade dos Hospitais VITA Curitiba e VITA Batel, as reuniões são uma oportunidade para operadoras e Hospitais discutirem suas necessidades. “Foi graças a esse entendimento que foi possível, por exemplo, elevar a agilidade no atendimento cardiológico, o que aumenta a segurança do paciente”, afirma Raicherth. O Focus Group também é um espaço para apresentar os resultados da gestão pela qualidade implementada em ambos os Hospitais, que conquistaram certificados de Acreditação para comprovar a excelência de seus serviços. Neovida de casa nova Ivo Xavier A UTI neonatal e pediátrica Neovida, que ficava em instalações à parte, foi transferida para dentro do prédio do Hospital VITA Volta Redonda seus pequenos pacientes, e mais tranquilidade para os pais. O Neovida, UTI neonatal e pediátrica do Hospital VITA Volta Redonda, está funcionando desde junho em novas instalações dentro do próprio Hospital, e não mais no prédio anexo onde estava anteriormente. Com a mudança, o Neovida fica mais próximo dos recursos de um Hospital de nível internacional e assim pode oferecer ainda mais segurança e conforto para 20 Elaine Costa e Alexandre Raicherth “É uma mudança importante, para trazer maior comodidade para os bebês e as crianças”, explica o médico Ivo Xavier, diretor técnico do Neovida. “Nossos pacientes já tinham acesso a todos esses recursos, mas a distância, mesmo que de uns poucos quarteirões, sempre implicava em deslocamentos extras”. Segundo ele, houve também uma otimização de espaço, porque o Hospital VITA Volta Redonda dispõe de São duas reuniões bimestrais, realizadas nos auditórios dos Hospitais VITA Curitiba e VITA Batel, com uma semana de diferença, e seguidas de almoço de confraternização. O tema da próxima é “Parceria para Excelência”, quando o grupo deve discutir como as operadoras também podem tirar proveito de processos de Acreditação em suas próprias organizações. uma série de estruturas administrativas que agora também estarão a serviço do Neovida. “Disponibilizamos também um aumento do número de leitos em relação à estrutura atual; além disso, contamos com novas e modernas instalações com o que há de mais atual no setor”, complementa. O Neovida dispõe de 19 leitos de UTI, dos quais seis pediátricos, para pacientes com idades entre 28 dias e 14 anos; e 13 neonatais, para bebês com até 28 dias. A unidade está preparada para receber bebês que nasceram extremamente prematuros, com baixo peso. No outro extremo das idades, se houver orientação do médico pediatra da criança, o Neovida também atende pacientes entre 14 e 18 anos. “Trata-se de uma mudança estratégica e oportuna”, comenta Ivo Xavier. “Vamos obter ganhos interessantes, de rapidez, de facilidade de acesso a médicos de outras especialidades, entre outras vantagens”. perfil Marta faz da adaptação sua maior qualidade Marta Fragoso prato preferido: carnes hobby: viajar esporte: caminhar característica: “Eu me adapto facilmente” plano B: abrir um restaurante Marta com Almir e Camila, no Central Park, Nova York, em 2011 Para realizar seu trabalho de médica epidemiologista, Marta Fragoso precisa reunir qualidades de administradora, médica e economista, além de habilidades sociais; ela tira isso de letra e credita seu talento à capacidade de adaptação que a vida lhe ensinou A cidade de Palmas, no Paraná, próxima à fronteira com Santa Catarina, é uma das mais frias do País. Foi ali que Marta Francisca de Fátima Fragoso nasceu, em uma família bastante simples, e viveu até os oito anos de idade. “Durante a minha infância em Palmas, era comum ver neve”, lembra Marta. Foi nessa idade que ela foi adotada por uma família de Curitiba, uma grande mudança na sua vida, mas que ela encara com naturalidade. “Mais tarde, restabeleci os vínculos com a minha família biológica, e não tenho traumas por ter sido adotada”, diz Marta. “Hoje, para mim, é como se eu tivesse duas famílias que amo, a que me adotou e a biológica”. 1989. Posteriormente, Marta também fez um curso de especialização em Epidemiologia pela Fundação Oswaldo Cruz, oferecido em conjunto com a Escola de Saúde Pública do Paraná. Uma doença na família adotiva despertou a vocação de Marta pela Medicina. Quando adolescente, seu avô ficou dois anos em coma, dentro de casa, e Marta ajudou a cuidar dele: “por causa disso, perceberam que eu tinha uma tendência em atender, e sugeriram que eu trabalhasse na área da Saúde”. Inicialmente, em dúvida entre Medicina, Odontologia e Enfermagem, Marta acabou se decidindo pela Medicina quando conseguiu passar no vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “O que me atraiu foi a Epidemiologia Hospitalar”, diz Marta. “Percebi que ali havia muitas possibilidades para contribuir com o trabalho em um hospital”. O nome da especialidade costuma confundir os leigos: o Epidemiologista pode ser descrito, a grosso modo, como um médico que usa a matemática e estatística para estudar com que frequência e em que condições determinadas doenças ocorrem, e pode sugerir medidas preventivas para preveni-las e combatê-las. É uma especialidade particularmente importante dentro do ambiente hospitalar. Estava em seu segundo ano de residência médica, após concluir a faculdade, quando conheceu o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Clínicas da UFPR e percebeu que era algo de que gostava de fazer: “eu me encantei com a atividade”, conta Marta. O entusiasmo da aluna contribuiu para que a médica chefe do Serviço, Maria Terezinha Carneiro Leão, juntamente com outros professores da UFPR, criasse a residência de Infectologia, até então inexistente, e da qual Marta foi a primeira residente, em Em outubro de 2005 foi convidada para fazer parte do corpo clínico do Hospital VITA Batel, que seria inaugurado daí a dois meses. “Aceitei e me tornei a responsável pelo Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar”. Em 2007, Marta assumiu a Gerência Médica do Hospital, e em 2008 passou a trabalhar também para o Hospital VITA Curitiba, como gerente do Núcleo de Gerenciamento da Segurança Assistencial (NGSA), que atende ambos os Hospitais. Segundo Marta, existe uma grande demanda por médicos epidemiologistas: “É como um misto entre médico e administrador”, diz Marta; “é preciso entender de limpeza e desinfecção, dos fluxos internos do Hospital, ter uma convivência harmônica com as outras especialidades, além de gostar de analisar dados epidemiológicos”. Ela reconhece que, modéstia à parte, se dá bem no segmento por conseguir equilibrar essas várias características. Marta mora em Curitiba e é casada com Almir, geógrafo. Eles têm duas filhas, a Camila, de 16 anos, e a Janaína, de 26, que estuda Psicologia. Nas horas vagas, Marta prefere relaxar e viajar com a família. Dizem os conhecidos que Marta é uma ótima cozinheira: “Se a Medicina não der certo, sempre posso abrir um restaurante”, brinca. Ela adora preparar carnes, mas também faz ótimos peixe e massas. 21 histórias de nossa VITA Às vezes, eu queria ser um super-herói Ligia Piola “Não quero adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.” (Oscar Wilde) Talvez nem todos se lembrem de uma notícia veiculada em novembro de 2007. Um menino de cinco anos, vestindo a camisa do Homem-Aranha, salvou uma bebê durante um incêndio na cidade de Palmeira, 236 km a oeste de Florianópolis. O menino brincava de super-herói no quintal de sua casa. A bebê tinha um ano e dez meses, filha de uma vizinha. Vendo o desespero da mãe-vizinha, que dizia que a bebê havia ficado em um dos quartos da casa, o garoto decidiu tentar salvar a criança. Entrou na casa, tirou a bebê do berço e, com dificuldades, trouxe a menina para o pátio, longe do perigo. Ninguém se feriu. O Corpo de Bombeiros foi acionado logo após ele ter resgatado a menina. O incêndio consumiu cerca de 80% da casa, que era de madeira e tinha aproximadamente 50m2. “Disse que não tinha medo porque era o Homem-Aranha”, conta o soldado do Corpo de Bombeiros local. “Não chora tia, fica tranquila que eu salvo a sua filha.” O menino-herói não tem mãe: foi abandonado aos 11 meses de vida e vive com uma tia. Também já decidiu que vai trocar o uniforme de super-herói pelo de “herói” quando crescer: vai ser Bombeiro. Os Bombeiros elogiaram o garoto e admitiram que ficaram ainda mais inspirados em salvar vidas após o ato heróico. “Carro de bombeiros sirene e cor rasgando névoa matinal.” (Teruko Oda) Seria esse o motivo que provoca paixão em alguns garotos? O som alucinante da sirene e o vermelho fulgurante do carro? Ou seria o desafio? Um super-herói mais próximo da realidade? Ou apenas a vontade de fazer o bem? Em 2009, Silvio Mendes Binhoti Jr estava 22 internado na Maternidade VITA Volta Redonda com o diagnóstico de paralisia e atrofia muscular. E seu aniversário estava se aproximando, sem que houvesse previsão de alta. O que fazer para deixá-lo mais feliz nessa data especial longe de casa? É o que lhe foi perguntado. E ele respondeu que queria um carro de Bombeiros, pois seu sonho era ser Bombeiro. E não sabemos se houve pó de pirlimpimpim, ou se alguém pronunciou palavras mágicas... mas seu sonho se concretizou de forma toda especial. Alguém no Hospital conhecia um Bombeiro, que por sua vez se prontificou a ajudar, quem sabe fazendo uma visita ao aniversariante ou... Surpresa! Eis que chegam na Maternidade um carro de Bombeiros, repleto de Bombeiros super-uniformizados e uma ambulância, com sirenes ligadas, para prestar solidariedade ao Silvio. Tudo virou uma festa e Silvio saiu para passear pelo bairro no carro de Bombeiros, batendo palmas com muita alegria. A emoção foi total e contagiante. Chorava Silvio, choravam os Bombeiros. Conversando com o soldado Sr. Rogério Lemos, que participou do evento e se lembra direitinho de como tudo ocorreu na época, soubemos que descobriram que o menino é vascaíno e levaram a camisa do Vasco, cantaram com Silvio o hino do time... imaginem só! Um aniversário realmente inesquecível. Parabéns aos que acreditam. Parabéns aos que têm fé na vida. E como diz o Restart em sua música Super-Herói - Não é Fácil, “não quero imitar Deus ou coisa assim / só quero encontrar o que é melhor em mim / ser mais do que alguém que sai num jornal / mais do que um rosto num comercial / e não é fácil viver assim / posso estar confuso, mas vou me lembrar / que os heróis também podem sonhar / sou só mais alguém querendo encontrar / a minha própria forma de amar”.