título do resumo - Anais Unicentro

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ESTABILIDADE DIMENSIONAL DE MOLDES ODONTOLÓGICOS EM
ALGINATO SUBMETIDOS A DIFERENTES MÉTODOS DE
DESINFECÇÃO.
Nancielli Teixeira (PIBIC/UNIOESTE), Luana Caroline Piva, Veridiana
Camilotti, Eliseu Augusto Sicoli, Mario Alexandre Coelho Sinhoreti, Márcio
José Mendonça (Orientador), e-mail: dr.mendonç[email protected].
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e
da Saúde – Odontologia /Cascavel, PR.
4.02.09.00-8 Materiais Odontológicos
Palavras-chave: Desinfecção, biossegurança, moldes odontológicos.
Resumo:
Muitos instrumentos e materiais utilizados com freqüência em
odontologia são classificados na literatura como meios de transmissão de
doenças infecciosas. A retenção destes micróbios orais nas superfícies de
moldagens é esperada e pode persistir durante os períodos seguintes,
causando a transferência destes aos modelos de gesso e
conseqüentemente, colocando em risco todos que os manuseiam. O objetivo
deste estudo foi analisar a influência de diferentes técnicas de desinfecção
sobre a estabilidade dimensional dos modelos odontológicos obtidos a partir
de moldes odontológicos em alginato.. Para isso, foram confeccionadas
amostras em gesso tipo IV de moldes imersos em três diferentes métodos
de desinfecção (imersão, nebulização e borrifamento) com diferentes
soluções desinfetantes (ácido peracético 0,2% e glutaraldeído 2%).
Seguidamente os modelos foram levados a um projetor de perfil para
mensuração. Diante dos resultados obtidos para a estabilidade dimensional
dos modelos de gessos avaliados, foi possível verificar que para a
desinfecção de moldes de alginato o glutaraldeído a 2% pode ser utilizado,
já o ácido peracético 0,2%, não deve ser recomendado.
Introdução
Os profissionais de odontologia estão sujeitos ao contato com uma grande
variedade de microrganismos que estão presentes no sangue e na saliva
dos pacientes, assim como, nos aerossóis produzidos durante o
atendimento. Muitos desses microrganismos podem causar doenças
infecciosas tais como a hepatite B, tuberculose, herpes, pneumonia e
síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). 1, 2, 3 Os moldes são
considerados contaminados, pois durante o procedimento de moldagem, o
material escolhido entra em contato com fontes de contaminação (saliva e
sangue), e ao ser removido, carrega consigo grande número de
microrganismos da flora bucal. 1, 2, Assim, estes contaminantes deveriam ser
minuciosamente removidos anteriormente a realização de novos trabalhos. 1
Além da lavagem em água corrente, a literatura recomenda o uso de
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soluções desinfetantes para imersão da moldagem, sendo o hipoclorito de
sódio, o glutaraldeído, o iodofórmio e fenóis as mais utilizadas. Desta
maneira, preocupados com a extrema importância da prevenção das
doenças infecto-contagiosas e com a realização de tratamentos
odontológicos dentro de técnicas que preservem as propriedades dos
materiais utilizados, julgamos oportuno avaliar o efeito da desinfecção de
moldes odontológicos em algumas soluções desinfetantes sobre a
estabilidade dimensional desses modelos odontológicos.
Materiais e métodos
A) Obtenção dos corpos de prova: Para a realização do experimento foram
realizadas moldagens utilizando uma matriz de aço inoxidável confeccionada
com base nos trabalhos de Chen et al.,5 Johnson et al.,10 Lepe et al.,12
Nissan et al.,14 e Wadhwani et al.,5 simulando um dente preparado para
confecção de coroa protética.. B) Obtenção dos moldes em alginato tipo 1
(Jeltrate Plus, Dentsply): Para a obtenção dos moldes, foram respeitadas as
instruções do fabricante. A moldagem ocorreu através da utilização de
moldeiras individuais confeccionadas em aço, de formato cilíndrico,
possuindo diâmetro interno de 24mm, 20mm de altura e com um espaço
interno de 20 mm. Durante o ato da moldagem a moldeira permaneceu
imóvel. C) Obtenção dos modelos de gesso: Após a obtenção dos moldes,
estes foram lavados em água corrente por 10 segundos e secos com jatos
de ar. 4, 5, Em seguida foram vazados em gesso pedra melhorado tipo IV para
a obtenção dos modelos. Após o período de presa do gesso o molde foi
separado do modelo, e este permanecerá em condições ambientais pelo
tempo de 24 horas. 3 D) Desinfecção dos moldes. Os moldes obtidos foram
submetidos a três diferentes condições. G1 - Os moldes não sofrerão
qualquer método de desinfecção, constituindo o grupo controle. G2 - Os
moldes foram submetidos à desinfecção através da imersão em solução de
glutaraldeído a 2% por 10 minutos. G3 - Os moldes foram submetidos a
desinfecção através da imersão em solução de acido peracético a 0,2% por
10 minutos. G4 - Os moldes foram submetidos à desinfecção através da
borrifação de solução de glutaraldeído a 2% e esses foram mantidos num
saco plástico vedado por 10 minutos. G5 - Os moldes foram submetidos a
desinfecção através da borrifação de solução de ácido peracético a 0,2% e
esses foram mantidos num saco plástico vedado por 10 minutos. G6 - Os
moldes foram submetidos a desinfecção através da nebulização de solução
de glutaraldeído a 2% e esses foram mantidos, por 10 minutos. G7 - Os
moldes foram submetidos a desinfecção através da nebulização de solução
de ácido peracético a 0,2% e esses foram mantidos, por 10 minutos, em
seguida os modelos foram confeccionados de forma convencional. E)
Mensuração dos modelos/corpos de prova: Depois de sofrerem as
condições de desinfecção descritas no item E, os modelos de gesso de
todos os grupos experimentais foram armazenados em temperatura
ambiente por 24 horas. 3 Em seguida, os modelos foram levados a um
projetor de perfil da marca Starret, onde realizou-se as mensurações, para
avaliação da estabilidade dimensional. Os dados obtidos foram sumetidos a
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análise estatística ANOVA (one-way), seguido do Teste de Tukey, com grau
de confiança de 95%.
Resultados e Discussão
Tabela 1 – Valores das médias obtidas segundo os grupos avaliados para o
diâmetro 1, em milímetros.
Grupos avaliados
G1
G2
G3
G4
G5
G6
G7I
8830
(+ 89,89) a
8877
(+ 84,04) a
-
8845
(+ 60,74) a
-
8883
(+ 46,48) a
8889
(+ 30,44) b
Letras diferentes = Diferenças estatisticamente significantes
De acordo com o descrito na Tabela 1 é possível verificar que os corpos de
prova dos grupos: G2, G4 e G6 não apresentaram alterações
estatisticamente significativas quanto à estabilidade dimensional em todas
as posições de medição. Já os modelos de gesso do grupo G7
apresentaram alterações dimensionais significativas, sendo que os grupos
G3 e G5 não foi possível realizar a leitura, pois o gesso apresentou-se
poroso após a presa, portanto, não sendo possível estabelecer dimensões
precisas para a medição.
São indicadas várias substâncias para a desinfecção moldes odontológicos,
neste estudo avaliamos o glutaraldeído e o ácido peracético em 3 diferentes
métodos de desinfecção a estabilidade dimensional de modelos de gesso
após a desinfecção do molde. Os desinfetantes divergiram-se quanto à
alteração da estabilidade já que o glutaraldeído não proporcionou nenhum
tipo de alteração em nenhum dos 3 métodos de desinfecção, já o ácido
peracético causou alteração dimensional nos 3 métodos de desinfecção. O
glutaraldeído tem sido um desinfetante amplamente utilizado na Odontologia
para desinfecção dos moldes odontológicos, no entanto, o mesmo libera
vapores tóxicos, irritantes e alérgenos, que provocam irritação respiratória e
dos olhos, alergia e dermatite de contato.8 Além disso, deve ser utilizado em
locais bem ventilados e requer o uso de máscaras, luvas e óculos.6 O
glutaraldeído pode sim ser indicado para desinfecção de moldes de
hidrocolóide irreversível pois este não causou alteração na exatidão do
material de moldagem não alterando então a estabilidade dimensional nos
modelos de gesso. O ácido peracético é rápido e eficaz contra bactérias,
fungos e vírus. Ao contrário da maioria dos produtos químicos desinfetantes,
inclusive o glutaraldeído, não é inativado na presença de matéria orgânica
(RUTALA 1999). Além disso, o ácido peracético não deixa resíduos e não
produz subprodutos nocivos, é um material seguro para o paciente, operador
e meio ambiente,9 e os produtos finais são água, oxigênio e dióxido de
carbono.7 O ácido peracético age por oxidação e é efetivo contra todos os
microrganismos mesmo em baixas concentrações. 6,7. O ácido peracético
também deve ser utilizado em áreas ventiladas e com uso de EPIs, ele
causa corrosão em metais inclusive alumínio. O ácido peracético de acordo
com os resultados obtidos não deve ser empregado para a desinfecção de
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moldes de hidrocolóide irreversível, pois causou alterações na estabilidade
dimensional em todas as medições, alterando a exatidão do material de
moldagem.
Conclusões
Diante da metodologia empregada e dos resultados obtidos foi possível
verificar que a solução a base de glutaraldeído a 2% sob 3 diferentes
métodos de desinfecção não interferiu na estabilidade dimensional das
amostras obtidas em gesso odontológico. Já a solução a base de ácido
peracético 0,2% interferiu na estabilidade dimensional das amostras obtidas
em gesso odontológico.
Referências
1.Abdelaziz, K. M.; Attia, A; Combe, E. C. Evaluation of disinfected casts
poured in gypsum with gum arabic and calcium hydroxide additives. J
Prosthet Dent, St. Louis, v.92, n.1, p. 27-34, Jul. 2004.
2.Pavarina, A. C. Influência da desinfecção de moldes na alteração
dimensional de modelos de gesso. Araraquara, 1996. p. 1-131. Dissertação
(Mestrado em Dentística Restauradora) - Faculdade de Odontologia de
Araraquara, UNESP.
3.Soares, C. R.; Ueti, M. Influência de diferentes métodos de desinfecção
química nas propriedades físicas de troqueis de gesso tipo IV e V. Pesqui
Odont Bras, v.15, n.4, p. 334-340, Out./Dez. 2001
4.Taylor, R. L.; Wright, P. S.; Maryan, C. Disinfection procedures: their effect
on the dimensional accuracy and surface quality of irreversible hydrocolloid
impression materials and gypsum casts. Dent Mat, v.18, n.2, p. 103-110,
Mar. 2002.
5.Wadhwani, C. P. K.; Johnson, G. H.;Lepe, X.; Raigrodski, A. J. Accuracy of
newly formulated fast-setting elastomeric impression materials. J Prosthet
Dent, v.93, n.6, p. 530-539, jun. 2005.
6. Chassot A.L.C, Poisl M.I.P., Samuel S.M.W. In Vivo and In Vitro
Evaluation of the Efficacy of a Peracetic Acid-Based Disinfectant for
Decontamination of Acrylic Resins. Braz Dent J. 2006; 17(2): 117-121.
7. Ceretta R, et al. Evaluation of the effectiveness of peracetic acid in the
sterilization of dental equipment. Indian J Med Microbiol. 2008; 26(2):
117-122.
8. Rutala W.A., Weber D.J.. Disinfection and sterilization in health care facilities: what clinicians need to know. Clin Infect Dis. 2004 Sep 1;39(5):702-9.
9. Vizcaíno-Alcaide M.J., Herruzo-Cabrera R, Fernandez-Aceñero, M.J..
Comparison of the disinfectant efficacy of Perasafe® and 2% glutaraldehyde
in in vitro tests J Hosp Infect. 2003 Feb;53(2):124-8.
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