I Seminário Pós Graduação de Administração em Vendas 17 de fevereiro de 2004 Ecomarketing e o desenvolvimento sustentável Rodrigo Francalacci Fortunato Universidade do Vale do Itajaí [email protected] Introdução No final dos anos 80 em muitos paises as pessoas passaram a pressionar os políticos para que se desse mais atenção às questões ambientais paralelamente a este movimento os partidos verdes começaram a crescer e a conquistar espaço no parlamento europeu. De repente os consumidores passaram a preocupar-se com a origem ou destino final daquilo que consumiam causando conseqüência inclusive nas bolsas de valores, pois as empresas perceberam que seus lucros dependiam de seus produtos serem ou não recicláveis ou biodegradáveis. Essa nova maneira de encarar os problemas causados pela má utilização dos recursos ambientais tem feito os governantes perder o sono, pois já de início é necessário responder duas questões. A primeira é “devemos fazer alguma coisa a respeito?”, e a segunda, “se devemos, o quê?”. Desenvolvimento sustentável Como disse Nichole Ridley, “a poluição, como a fraude, é algo que você impõe aos outros contra a vontade deste, de sorte que possa talvez obter ganho financeiro. É uma doença para a qual a atuação do livre mercado não oferece cura automática. Tal como a prevenção da violência e da fraude, o controle da poluição é essencialmente uma atividade que o Estado, como protetor do interesse público contra interesses particulares, tem de regular e policiar”. Sustentabilidade é a palavra-chave. O mundo será obrigado a se desenvolver de forma sustentável, ou seja, que preserve o meio ambiente e que as empresas façam o mesmo, por iniciativa própria ou pro exigência legal. Isso poderá ser conseguido com um programa de “gestão ambiental total” e um projeto de “organização sustentável”. Tijucas, Santa Catarina 1 I Seminário Pós Graduação de Administração em Vendas 17 de fevereiro de 2004 A Gestão Ambiental Total visa limitar os danos ao meio ambiente causados pelas atividades industriais. O projeto organizacional sustentável busca criar um novo tipo de empresa integrada com o ambiente natural. Muitas empresas já dizem preocupar-se com a sustentabilidade, mas poucas realmente fazem algo sobre isso. Aquelas que fizeram certamente colherão benefícios competitivos e financeiros. A incorporação de valores ambientais na organização é complexa e deve transcender os investimento em comunicação e relação público. Há que se ter total adesão a uma política de transparência da empresa e seus produtos junto ao mercado. Quanto à responsabilidade das empresas, Ottman (1994:56) relata que, “Não é suficiente falar a linguagem verde; as companhias devem ser verdes. Longe da questão de apenas fazer publicidade que muitos comerciantes perceberam originalmente, a abordagem satisfatória de preocupação ambiental requer um esverdeamento completo que vai fundo na cultura coorporativa. Somente por intermédios da criação e implementação de políticas ambientais fortes e profundamente valorizadas é que a maioria dos produtos e serviços saudáveis podem ser desenvolvidos. É só por meio da criação de uma ética ambiental que abranja toda a empresa que estratégias de marketing podem ser executadas”. Neste sentido a empresa deve ser clara quanto aos produtos que oferece, informando seus componentes, suas praticas produtivas e métodos de distribuição e enfatizando os respectivos impactos ambientais. A empresa deve estar pronta a qualquer momento para comprová-los junto a consumidores e outros grupos de interesse. Na verdade estes valores éticos ambientais devem transcender a linha da imagem da empresa, devendo se tornar intrínseco a cultura da organização. Para Ottman (1994:56), “Muitas empresas já começaram a dar passos significativos a fim de “esverdear” suas operações trazer seus empregados a bordo e comunicar essas iniciativas a todos os acionistas. Estão constatados que tal esverdeamento não apenas compensa em novos produtos verdes estimulantes, mas os ajudam a economizar dinheiro, aumentar a moral do empregado, a recrutar de maneira mais produtiva e manter os acionistas contentes”. A questão ambiental chegou na vida das empresas para ficar. A discussão da sustentabilidade, como condição básica e indispensável para o desenvolvimento, há muito saiu do campo teórico para fazer parte das decisões estratégicas de empresas importantes no mundo inteiro. Tijucas, Santa Catarina 2 I Seminário Pós Graduação de Administração em Vendas 17 de fevereiro de 2004 Ecomarketing O marketing surgiu a partir do momento em que os empresários perceberam a necessidade de entender a demanda do mercado. Neste contexto, o administrador passa a se preocupar com a necessidade dos clientes, e busca satisfaze-las. Para Kotler (1998), o marketing consiste na atividade humana dirigida para a satisfação das necessidades e desejos, através dos processos de troca, o desafio dos administradores de marketing consiste em entender o consumidor e conhecer suas expectativas. A crescente preocupação das empresas em satisfazer seus clientes direciona o foco das suas estratégias competitivas no ambiente onde ela está inserida, desta forma o ECOMARKETING OU MARKETING AMBIENTAL, vem ganhando, cada vez mais, espaço no mercado, sendo discutido, analisado e incorporado pelas instituições. Este marketing ambiental objetiva desenvolver produtos que equilibrem, necessidades dos consumidores, tenham preços viáveis e que provoquem um impacto mínimo no ambiente. Bem como projeto uma imagem de alta qualidade, incluindo a responsabilidade na produção dos bens e em toda a sua trajetória, desde sua exploração até o destino final dos seus resíduos. Segundo Cairncross (1992:151), “Incitadas pelos consumidores verdes, as companhias começarão a colocar a seus fornecedores questões absolutamente novas sobre as origens de sua matéria –primas e a forma de seu manuseio; encurraladas pelas normas, cada vez mais se concentrarão nos métodos de remoção do lixo”. Para Devis Apund Mainon (1996:29), “cuidados especiais serão necessários no desenvolvimento de produtos e serviços voltados às questões ambientais”. O marketing ambiental é complexo e requer novas estratégias que, efetivamente, abordem desafios - chaves relacionados com a maneira que definimos o verde, de desenvolvermos produtos verdes que os consumidores apreciarão e de comunicarmos com a credibilidade e impacto nosso empenho a nossas iniciativas. Os consumidores não mais qualificam o produto propriamente dito, mas sim a todas as interações da organização, tanto quanto é a gestão da qualidade, também a Gestão Ambiental passa a ser mais considerada, surgindo aí novas oportunidades de vantagens competitivas. Além de trabalhar com ecomercados já existentes visando a sua expansão, as empresas éticas ambientais podem criar e estimular nichos e segmentos de mercados especialmente sensibilizados com a perspectiva ambiental. Tijucas, Santa Catarina 3 I Seminário Pós Graduação de Administração em Vendas 17 de fevereiro de 2004 Este estímulo deverá ser continuo, uma vez que exige a construção de novas atitudes e hábitos de consumo que contradizem a lógica de consumo da denominada sociedade de influência. “Portanto, o ecossistema se torna um bem econômico à medida que as pessoas estão dispostas a “comprar” um meio ambiente saudável”. (Waisberg) Conclusão Diante desta perspectiva, crescimento de mercado observada pelas pesquisas junto aos consumidores, como diferencial propiciado pelo marketing verde, aliado às belas e promissoras fatias de mercado que esta preocupado com a natureza, vem alimentando as empresas começarem a abrir os olhos e os bolsos, percebendo que os investimentos nesta área são rentáveis a médio e longo prazo. Como se pode observar o ambiente começa a ser posto na ponta do lápis, apesar de muito sutilmente. A exploração não predatória aparece como alternativa de lucro, e ao mesmo tempo conferem as empresas à imagem de preocupação e respeito com seus consumidores. Espera-se, é claro, que esta semente que começa a ganhar força não seja transgênica, e no futuro se reverta para um resultado altamente lucrativo. Embora nós brasileiros não tenhamos ainda esta consciência firme em nossas empresas e governo, percebemos que é uma realidade de mercado que nossas empresas necessitam se internacionalizar, e para esta internacionalização temos que atender a legislação dos países europeus e americanos desenvolvidos e com alta sensibilidade para estas leis e consumo destes produtos. Tijucas, Santa Catarina 4 I Seminário Pós Graduação de Administração em Vendas 17 de fevereiro de 2004 Referências: CAIRNCROSS, Francês Meio Ambiente Custos e Benefícios. São Paulo: Livraria Nobel S.A, 1992. OTTMAM, Jacquelyn A. Marketing Verde: Desafios e Oportunidades para a Nova Era do Marketing. São Paulo: Makron Books, 1994. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 5º edição. São Paulo : Editora Atlas, 1998 SCHENA, Chris. Precisamos ser Competitivos para Explorar. Revista Global Comércio Exterior e Transportes, São Paulo, n.25, p.01-02, fev,2000. Tijucas, Santa Catarina 5