Sociedade civil e democratização da informação no contexto

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CONGRESSO INTERNACIONAL GOVERNO, GESTÃO E
PROFISSIONALIZAÇÃO EM ÂMBITO LOCAL FRENTE AOS GRANDES
DESAFIOS DE NOSSO TEMPO
EIXO TEMÁTICO: 4 – GOVERNANÇA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
SOCIEDADE CIVIL E DEMOCRATIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO NO CONTEXTO
BRASILEIRO:TRANSFORMAÇÕES, DESAFIOS E ARMADILHAS NA
CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO ATRAVÉS DE NOVAS MÍDIAS DIGITAIS
Bernardo Reis Bastos1
Paula Pessoa de Castro2
Armindo dos Santos de Sousa Teodósio3
RESUMO
Este trabalho discute em que medida o ambiente virtual tem se constituído
em um instrumento da sociedade civil para ampliação da participação popular no
contexto brasileiro, por meio da democratização da informação e inclusão digital. Para
isso, reflete-se sobre a reconfiguração dos vários atores sociais e suas interações ante as
múltiplas transformações na dinâmica da sociedade moderna. Neste contexto, a
democratização e a universalização do acesso à informação podem ser compreendidas
como soluções para o fortalecimento da sociedade civil, mas enfrentam importantes
dilemas. As novas mídias sociais tornam-se cada vez mais incorporados como recursos
para a difusão de informações públicas e mobilização social. Porém, as ambiguidades no
uso da internet podem limitá-la como ferramenta para inserção dos cidadãos nos espaços
digitais. Múltiplos são os entraves sociais, econômicos, políticos, legais e administrativos
para a democratização e o acesso do cidadão às informações básicas para a cidadania.
Analisa-se, então, a experiência de quatro organizações da sociedade civil pela busca da
1 Pós-Graduada em Gestão em Responsabilidade Social, IEC/PUC Minas Bacharel em Administração, PUC
Minas Analista da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
2 Mestre em Administração, PUC Minas Pós-Graduada em Gestão em Responsabilidade Social, IEC/PUC
Minas Bacharel em Comunicação Social – habilitação Jornalismo, UFMG Diretora da Mínimo 2
Comunicação Desenvolvimento e Gestão
3 Doutor em Administração de Empresas, EAESP –FGV Mestre em Ciências Sociais, PUC Minas Bacharel
em Ciências Econômicas, UFMG Professor da PUC Minas
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ampliação da participação cidadã através das novas mídias, a saber, ABONG, FASE,
IBASE e CDI, apontando as semelhanças e dessemelhanças a respeito de sua função
social e valores defendidos, bem como a relevância e alcance de sua ação para a
ampliação e fortalecimento da esfera pública no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Espaço Público, Sociedade Civil, Novas Mídias, Democratização
da Informação.
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INTRODUÇÃO
As transformações na sociedade moderna são diversas e abrangem todos
os aspectos da vida atual: a política, a economia, a cultura, as inovações tecnológicas.
De modo a acompanhar estas alterações, os vários atores sociais também estão
continuamente se reconfigurando. Há uma crescente demanda, por parte dos cidadãos,
para que o Estado atenda adequadamente os interesses sociais. Como se não bastasse,
a própria sociedade civil está continuamente mudando. Ela vem se transmutando em
uma “sociedade em redes”, com novas estruturas que vão além das associações formais,
na qual a informação é um dos principais meios para se alcançar o pleno gozo dos
direitos, a garantia de uma cidadania, da prestação de contas dos órgãos de governo,
promovendo a transparência dos atos de autoridades. Logo, surgem uma infinidade de
organizações não governamentais - ONGs, dispostas ao enfrentamento dos problemas
sociais, que se dedicam também, como objetivo fundamental ou articulado, à promoção
de inclusão social e digital, e à democratização da informação.
Para tentar compreender em que medida o ambiente virtual tem se
constituído em um instrumento da sociedade civil para ampliação da participação popular
no contexto brasileiro, por meio da democratização da informação e inclusão digital, o
primeiro capítulo abordará os conceitos e origens de termos dicotômicos como “espaço
público” e “espaço privado” e as suas manifestações nas interações entre o Estado
democrático e a Sociedade Civil. No segundo capítulo será abordada a relação entre as
sociedades em rede, a universalização do acesso à informação e a democratização. O
terceiro capítulo debaterá sobre a informação como direito cidadão e sua capacidade de
se tornar um instrumento de participação e controle social. E, por fim, o quarto e último
capítulo apresentará uma análise feita a partir das informações disponibilizadas nos sites
institucionais de quatro ONGs brasileiras, a saber, ABONG, FASE, IBASE e CDI, cujos
objetivos incluem a busca da ampliação da participação cidadã através das novas mídias,
para então refletir e levantar questões sobre a capacidade do ambiente virtual favorecer a
participação e consequentemente fortalecer a posição da sociedade civil na democracia
brasileira.
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AS NOÇÕES DE “PÚBLICO” E “PRIVADO” NAS INTERAÇÕES ENTRE O
ESTADO DEMOCRÁTICO E A SOCIEDADE CIVIL
Os conceitos dos termos “público” e “privado” são indissociáveis, ainda que
complexos, variáveis, dicotômicos, ambíguos e complementares (Grau, 1998; Bobbio,
1982). Não há como analisar o valor da privacidade sem a consideração dos interesses
coletivos; nem se pode esvaziar o valor do Privado sem interferir no Público, já que
ambos se mesclam, de tal maneira, que não é fácil sua distinção. Assim, a noção da
relação Público/Privado,
composta por termos
de conotação complementar e
contraditória, manifesta-se em perspectivas dicotômicas.
A primeira perspectiva considera de maneira simplista a distinção da coisa
pública como aquela não-privada e da coisa privada como aquela não-pública. Uma
segunda perspectiva destaca a relação dicotômica entre a sociedade dos desiguais e a
sociedade dos iguais, referindo-se à formação da sociedade na civilização grega (Cruz,
2005; Bobbio, 2000; Grau, 1998). Neste universo, a esfera pública compreende uma
relação horizontal, a arena na qual ocorre o exercício da democracia, ou melhor, na qual
o cidadão pode ser ouvido, em que suas ideias podem ser expostas. Dentro da esfera
pública não há hierarquia, não existe uma relação de autoridade, todos são iguais e suas
opiniões têm o mesmo valor, devendo ser respeitadas. De modo oposto, a esfera privada
compreende uma relação vertical, na medida em que se baseia na supremacia dos
cidadãos (senhores) sobre os não-cidadãos (comerciantes, mulheres e escravos).
O desenvolvimento da era moderna introduziu o Estado e a sociedade civil
no contexto das relações políticas, sociais e econômicas. A esfera pública passa a ser
confundida com o Estado, ocorrendo uma circunscrição da coisa pública como de
propriedade do Estado. Sendo assim, o exercício do poder se dá através de normas
impositivas e coercitivas, caracterizando-se assim como uma relação de desiguais. Em
sentido contrário, as relações de iguais são entendidas como a esfera privada: o conjunto
de atores sociais e econômicos, compreendidos pela sociedade de mercado (Cruz, 2005;
Grau, 1998). É no surgimento do Estado moderno e Mercado/Sociedade que a coisa
pública é concebida como objeto político e o privado (social e econômico) como não
político.
Uma terceira perspectiva mostra o Estado moderno como um instrumento
instaurador e garantidor de interesses privados, ou seja, o aparelho estatal totalmente
compatível com o capitalismo e o direito de propriedade. A lógica do Estado é, portanto,
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nessa perspectiva, a lógica do capital, do modelo capitalista de produção. E sendo assim,
a fim de reduzir os conflitos com os setores excluídos da sociedade, o Estado incorpora a
“lógica democrática” – um conjunto de instrumentos democráticos de ampliação da
cidadania e dos direitos trabalhistas (Montaño, 1999). É a democracia, pois, o sistema
capaz de legitimar o Estado, conferindo aos indivíduos a cidadania e a igualdade política.
A sociedade civil é tradicionalmente diferenciada das dimensões das
esferas econômicas e estatais, constituída por uma “dimensão do mundo da vida
assegurada institucionalmente de direitos” (Avritzer, 1994, p.125), sendo “precondição
cultural para o surgimento de identidades coletivas racionais e solidárias capazes de
desenvolver a capacidade e a responsabilidade de interpretar e atribuir significado”
(Avritzer, 1994, p.126). A teoria da “nova sociedade civil”, incorporada no Brasil nos anos
1990, trouxe consigo a recomposição do conceito, bem como superações e limites ao
debate democrático. Estão de volta ao debate democrático o valor e o papel da ação
coletiva, tensionando a perspectiva liberal que relaciona a sociedade civil à esfera privada
e o Estado à esfera pública. A análise torna-se mais complexa por incorporar a
perspectiva tripartite e diferenciar a sociedade civil do mercado (Silva, 2010; Luchmann,
2007).
A multiplicação de interesses, culturas e territórios marginalizados e
divergentes do contexto nacional impulsionou o surgimento de movimentos sociais com o
intuito de afirmar identidades alternativas, de modo a promover sua integração e
legitimidade na sociedade civil; migrando-se de uma forma de democracia voltada à
representação política a uma direcionada à participação (Castells, 2000). Assim sendo,
em uma interpretação mais ampla, a teoria do Estado como detentor do controle social e
da “sociedade civil” como mercado deveria ser substituída pela concepção de uma
sociedade ativa sociopoliticamente (Santos, 1999; Avritzer, 1994; Grau, 1998).
Os processos participativos da sociedade civil enfrentam limitações que se
originam nas estruturas estatais pouco comprometidas com os processos de
democratização, na burocratização, na penúria de recursos, na ineficácia, na
instabilidade dos projetos que pressupõem a parceria com o Estado e, ainda, na
exigência de qualificação técnica e política que deveria estar vinculada à manutenção da
autonomia e da capacidade de representação efetiva. É no interior da própria sociedade
civil que ocorre o confronto entre diferentes projetos políticos, concepções e interesses
na democracia (Dagnino 2002, apud RIizek, 2002; Cepik, 2000; Grau, 1998). À crise da
democracia e da legitimidade do Estado acrescenta-se “a falta de credibilidade do
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sistema político, fundamentado na concorrência aberta entre partidos” (Castells, 2000,
p.297). Os governos vêm perdendo sua confiabilidade perante o cidadão comum. As
relações entre os movimentos sociais, os partidos políticos e o Estado formam novos
padrões que ocupam espaços alternativos entre a política institucionalizada e a política
não-institucionalizada (Silva & Oliveira, 2011).
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SOCIEDADE EM REDES: A DEMOCRATIZAÇÃO E A UNIVERSALIZAÇÃO DO
ACESSO À INFORMAÇÃO
As transformações no cenário social da vida humana levaram à transição
de uma sociedade industrial para uma sociedade informacional (Castells, 1999). A
sociedade dos tempos atuais é resultante de diversas transformações no âmbito político,
social e econômico; cabe ressaltar, a peculiar e rápida convergência de tecnologias que
proporcionaram uma interface de diferentes técnicas, uma reorganização do modo de
vida do indivíduo (Aun, 2001). Esse processo de desconstrução e reconstrução do mundo
conferiu à informação um novo significado, uma essência jamais percebida antes. Surge,
então, uma sociedade da informação, absolutamente inconstante e mutável, na qual a
sobrevivência de instituições e indivíduos está relacionada à capacidade de prever
oportunidades e de antecipar ameaças: “vivemos uma nova era localizada em um mundo
altamente mutável e que obriga diariamente os indivíduos a compreenderem situações
que lhes são complexas e que evoluem de forma imprevisível” (Aun, 2001, p. 11).
Não obstante, mudanças profundas ocorreram em toda a sociedade, não
apenas no âmbito técnico e econômico, mas retratadas em drásticas alterações sociais.
Novas formas e canais de comunicação moldam o estilo de vida de milhões de pessoas.
O advento do computador chegou a esferas até então intocáveis, substituindo o trabalho
mental pela informação (Kumar, 1997), que torna-se uma ferramenta para a
conscientização política, social e ambiental.
A ampliação e universalização de uma
cultura digital – “a cibercultura” (Lévy, 2000) – vêm reduzindo a distância entre pessoas e
aumentando o acesso ao conhecimento, constituindo-se assim, uma sociedade
interconectada. A informação, o conhecimento e o uso adequado da informação e do
conhecimento serão pilares fundamentais, fontes de controle e riqueza na economia
digital. O futuro está condicionado “pela forma como as novas tecnologias de informação
e comunicação serão assimiladas, assim como pelo êxito e rapidez dessa absorção”
(Brito, 2006, p.110).
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Em âmbito global, a informação tornou-se base essencial para o progresso
da civilização e da sociedade. Novas relações sociais são plasmadas, novos fóruns de
debate são construídos, outra realidade se apresenta: a constituição de uma rede
informacional de relacionamentos que abarcam não só uma região, mas todo o planeta.
O desenvolvimento de um país está relacionado com a disseminação e compreensão da
informação pelos cidadãos. Os recentes avanços tecnológicos nas áreas de informática e
de comunicação estão transformando o mundo e agregando valor à informação acessível
disponibilizada de forma universal.
Em dimensões individuais, observa-se o sentimento de solidão e
isolamento, a busca por uma identidade comum, acarretando relações conflituosas e a
emergência de movimentos sociais contra a lógica capitalista, em uma tendência histórica
para que a rede seja a principal forma de organização social (Castells, 1999). O conceito
de rede está relacionado à interconexão de atores sociais numa estrutura aberta, capaz
de extensão ilimitada e integração de novos atores que compartilham os mesmos códigos
de comunicação. As redes, em uma estrutura horizontal, flexível, dinâmica, concedem
autonomia, desconcentram o poder e são catalisadoras para a cooperação, a
participação e a democracia (Faria & Tenório, 2004; Martinho, 2002).
Scherer-Warren (2002) enfatiza o caráter articulador dessas redes, as
quais, mediante as trocas de elementos pelas suas interconexões, promovem o
fortalecimento mútuo de seus membros e multiplicando-se em novas unidades, que por
sua vez, estimulam o engajamento de todo o conjunto. Este processo é essencial,
segundo sua percepção, para o fortalecimento da esfera pública, emancipação e o
desenvolvimento local. Tidas como forma de organização capaz de conferir maior eficácia
aos movimentos sociais, as redes são mais adequadas a um contexto de novas e mais
amplas possibilidades de comunicação e articulação (Silva, 2010). E é no contexto da
sociedade da informação, uma sociedade em rede, que estas relações conflituosas e
repletas de ambiguidade se evidenciam. Uma sociedade a cada instante mais dinâmica e
suscetível a inovações.
No entanto, percebem-se sérios obstáculos na inserção brasileira neste
contexto mundial. Múltiplos são ainda os entraves sociais, econômicos, políticos, legais e
administrativos que, diante de nossa sociedade, impedem o alcance da democratização
do conhecimento e acesso ao cidadão de informações básicas para cidadania. “Ainda
temos um longo caminho pela frente se quisermos garantir o direito dos cidadãos à
informação no Brasil” (Cepik, 2000, p.11)
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Ademais de todos os pontos positivos destacados, a universalização do
acesso às tecnologias de informação e de comunicação tornou-se uma panaceia para os
dilemas da sociedade civil organizada. A questão da dicotomia exclusão/inclusão digital e
sua relação com a inclusão/exclusão social estão presentes no ideário de diversos
defensores da democratização da informação (Almeida Júnior, 2005). Da mesma forma
que disponibilizar o acesso à informação digital não garante a inclusão digital, o vínculo
com a inclusão social é fundamental para que a inclusão digital represente passos em
direção à participação em uma sociedade democrática (Piconez, 2006; Silva Filho, 2003).
Para Iizuka (2003), há uma relação de influência entre exclusão social e exclusão digital.
Todavia, “não parece ser única e exclusiva”. Sabe-se que “a exclusão social não se
constitui à parte da realidade social, econômica e política” (Iizuka, 2003, p.40). Ela pode,
provavelmente, influenciar e ser influenciada pela exclusão social.
Enormes são os desafios desse novo milênio. Há ainda um vasto número
de excluídos sociais, a persistência de conflitos de interesses da maioria contra a minoria
em suas diversas dimensões (racial, étnica, religiosa, etc) e as velhas disputas entre os
donos do capital e os trabalhadores (Castells, 1999; Moore, 1999; Kumar, 1997). A
tecnologia não é neutra; não é boa ou ruim. Ela não é inocente ou inevitável, é baseada
em decisões humanas, podendo promover mudanças sociais, políticas, econômicas e
culturais, ora positivas, ora negativas. Há uma dualidade da tecnologia, composta de dois
discursos antitéticos, um relacionado à dominação e outro à emancipação. Não se pode
negar o papel da internet como ferramenta de interação e mobilização. Reflete-se neste
trabalho sobre sua supervalorização como veículo de informação e democratização.
Novas e velhas tecnologias coexistem, a internet favorece a criação de novos meios de
interação, mas mesmo ante a essas novas e inúmeras possibilidades, as ações geradas
a partir da internet dificilmente substituirão por completo as presenciais. O que ocorre, na
verdade, é uma nova possibilidade de articulação entre ações online e presenciais
(Pereira, 2011).
4
A INFORMAÇÃO COMO DIREITO DO CIDADÃO E INSTRUMENTO PARA
PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL
O direito à informação é um aspecto fundamental da democracia. Trata-se
de um direito simultaneamente individual e coletivo, onde devem ser analisadas as
prerrogativas dos movimentos legais, que se traduzem na cidadania e isonomia. Ambas
são pré-requisitos para o exercício de papéis sociais reais (como se candidatar ao
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governo ou receber benefícios e recursos do Estado); remetendo ao direito à igualdade
de participação, a não só gozar de direitos e obrigações como também de pertencer a
uma comunidade, uma identidade nacional (Cepik, 2000). Sendo assim, a prática da
cidadania, tanto na conquista dos direitos políticos quanto dos civis e sociais passa
necessariamente pela questão do acesso e uso de informação (Araújo, 2001, Santos &
Martinez, 2000). É neste sentido que as práticas informacionais devem considerar o
processo democrático participativo, e não obstante, permitir a formação de um sujeito
social consciente e “capaz de implementar ações políticas em diferentes níveis,
desenvolvendo assim, uma cidadania ativa” (Araújo 2001, p.17).
O
crescente
aumento da
demanda por
informações
de caráter
governamental impulsionou nos últimos anos o Estado desenvolver uma infraestrutura
que permitisse atender as reivindicações dos cidadãos. A economia informacional em
rede levou a esfera pública a desenvolver e disponibilizar ferramentas que não só
transformem o cidadão em ativo na busca pela informação, mas que também possa
participar da construção da informação e com isso ser ativo no processo de fiscalizar e
garantir um rumo democrático para seu país, estado ou cidade (Ribeiro, 2012). Por um
lado, a sociedade civil reivindica a ampliação de sua presença nas políticas públicas. Mas
como ela própria é dinâmica e tem criado estruturas não convencionais em movimentos e
grupos sociais, tem também demandando novas formas de representação. “As
associações e os movimentos sociais estão ampliando o seu repertório de atuação e
assumindo papéis de representação nos espaços institucionais que foram criados em
função das reivindicações e mobilizações sociais” (Luchmann, 2011).
O termo “participação”, por sua complexidade, não deve ser analisado de
maneira simplista. Contrapondo a concepção presente na literatura que opõe a
institucionalização e a participação, Avritzer (2008) lança o conceito de instituições
participativas, entendidas como “formas diferenciadas de incorporação de cidadãos e
associações da sociedade civil na deliberação sobre políticas” (Avritzer, 2008). O autor
analisa experiências brasileiras recentes de desenhos participativos e faz a diferenciação
entre 3 formas pelas quais os cidadãos ou associações da sociedade civil participam das
decisões políticas. A primeira, denominada “de baixo para cima”, permite livre entrada
qualquer cidadão no processo de participação, e tem no orçamento participativo brasileiro
sua melhor representação. Essa forma é também tratada em Luchmann (2007) pela
perspectiva da democracia participativa. A segunda, denominada “partilha de poder”,
congrega atores estatais e atores da sociedade civil em participação simultânea, como no
caso dos conselhos de saúde, meio ambiente etc. Luchmann (2007) destaca nesta forma
o caráter de da democracia representativa. A terceira dá-se pelo processo de “ratificação”,
onde os atores da sociedade civil não participam da decisão, mas são publicamente
chamados a referenciá-la, como no caso dos planos diretores municipais. Os resultados
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mostram que os diferentes desenhos apresentam resultados diferentes em relação à sua
capacidade democratizante, à sua efetividade em termos de participação e à
dependência do sistema político. Tatagiba e Teixeira (2006) fazem ainda a distinção
entre o lugar da participação no projeto político do governo e dos próprios movimentos
sociais, alertando para o risco de que a instrumentalização da participação leve à
despolitização, ao esvaziamento do campo político, o que pode ser prejudicial para a
dinâmica social democrática.
Os órgãos governamentais assumiram a importância de introduzir as
tecnologias de informação e comunicação – TICs, e assim surgiu um sistema misto de
“governo tradicional e governo eletrônico” na comunicação e interação do governo com a
sociedade (Brito, 2006). O governo eletrônico tem um papel essencial ma transparência
dos atos públicos, (Prado & Loureiro, 2005). Promover “accountability” pressupõe a
existência de três fatores: informações consistentes, transparentes e em linguagem
acessível aos cidadãos; uma melhor prestação de contas por parte dos governantes; e a
instituição de mecanismos de punição e recompensa de acordo com o comportamento
dos mesmos. Porém, o governo eletrônico, por si só, não promove a transparência,
podendo se tornar exclusivamente mais um canal de comunicação com o cidadão.
Contudo, além da “existência de mecanismos institucionais que favoreçam o
accountability” (Prado & Loureiro, 2005, p. 4), é necessária a implementação de políticas
públicas consistentes de disponibilidade de informações ao cidadão; caso contrário
poderá se transformar em mero “programa de governo eletrônico”. Embora o caráter
tecnológico do governo eletrônico seja importante (principalmente no que tange a
capacidade potencial de oferta de serviços), a dimensão política-institucional é o fator
primordial nas definições de transparência e criação de condições de responsabilização
dos governos.
O isolamento entre a tecnologia que disponibiliza informações e os
mecanismos
para
que
elas
sejam
utilizadas
pelos
cidadãos
pode
implicar
na ”manutenção da opacidade informacional e para a configuração de um tipo de
transparência informacional que reforçam práticas clientelistas e o exercício do
paternalismo do Estado, atuando em sentido contrário às práticas emancipatórias”
(Cardoso, Bemfica & Reis, 2000, p.74). Ante a este risco, o resultado pode ser um
conjunto de “redes personalistas” que se estendem por toda a sociedade, ameaçando as
práticas da democracia e representação cidadã, e criando uma geração de excluídos, o
oposto de todo o propósito original.
Há autores como Einsenberg (1999) e Iizuka (2003) que concordam com a
relevância da democratização da informação, transparência e “accountability” na
sociedade civil organizada. No contexto das Organizações Não Governamentais, até que
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ponto inclusão social pode favorecer a inclusão digital? Será que de alguma maneira,
esta última está limitando a existência, o funcionamento e a participação dessas
organizações no âmbito local de sua atuação?
5
QUATRO INICIATIVAS DE DEMOCRATIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO NO
CONTEXTO BRASILEIRO
No mundo – e de modo mais peculiar, no Brasil – uma pluralidade de
organizações da sociedade civil ampliam a luta pelos direitos dos cidadãos, com foco
especial na inclusão social e digital e pelo fortalecimento da participação cidadã da
governança em seus diferentes níveis de governo. As novas mídias digitais são canais
que, sobretudo a partir da última década do século XX, tornam-se cada vez mais
incorporados como recursos e para os quais se desenvolvem estratégias específicas,
visando a difusão de informações públicas e mobilização social. Os espaços públicos de
interação e manifestação, “a praça pública, ainda representada preponderantemente pela
TV e mídias offline, começou a ceder espaço e atenção para os media digitais interativos”
(Brito, 2006). Consequência clara desta tendência são as manifestações ocorridas em
julho de 2013 no Brasil, articuladas sobretudo pelas redes sociais, e suas consequências
políticas.
Por motivos relativos à relevância e participação na sociedade brasileira
foram destacadas quatro ONGs para esta análise: a FASE (Federação de Órgãos de
Assistência Social e Educacional), o IBASE (Instituto Brasileiro de Anáilses Sociais e
Econômicas), a ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais) e
o CDI (Comitê para Democratização da Informática). A coleta de dados primários e
secundários foi feita nos sites institucionais, com o objetivo de tentar compreender as
seguintes questões: Há semelhanças e dessemelhanças no discurso das mesmas quanto
seus objetivos, princípios e projetos? O que pode ser constatado ao se fazer uma
analogia entre os dilemas dos teóricos e os discursos da prática? Paralelamente,
mediante os recursos da Internet, emerge na esfera governamental, novas formas de
deliberação democrática, como o orçamento participativo. Ora, em que medida a ação
dessas ONGs pode fortalecer a participação do cidadão nos novos espaços públicos
digitais?
Ao se comparar as perspectivas de cada uma das entidades é passível
uma percepção, ainda que implícita, que há semelhanças e dessemelhanças entre as
quatro organizações:
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QUADRO 1: COMPARAÇÕES ENTRE ONGS – MISSÃO, VALORES E PRINCÍPIOS NA
DEMOCRATIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO.
ONG
Missão
Princípios e Valores
Relevância da
Democratização da
Informação para
alcançar suas
metas
FASE
IBAS
Construção de uma
Inclusão social;
Como meio de
sociedade
participação cidadã;
produção de
democrática por
desenvolvimento
conhecimento;
meio de uma
sustentável;
universalização do
alternativa de
transparência dos atos
acesso e
desenvolvimento
de governo; defesa da
transparência na
sustentável.
democracia e
prestação de contas
fortalecimento da
(accountability) das
sociedade civil.
ações de
Construção da
Cidadania ativa e
democracia,
participativa, defesa da
combatendo
democracia,
desigualdades e
transparência dos
estimulando a
governantes; construção
participação cidadã.
de uma esfera pública e
E
fortalecimento da
sociedade civil.
ABON
Defender
G
articulação,
do Bem comum;
integração,
participação
afirmação
a
e
autonomia, de ONGs
que
buscam
ampliação
Estado como promotor
democrática e
autônoma das ONGs;
a
construção de uma
da
esfera pública universal.
cidadania,
construção
de
democracia
e
garantia de direitos
universais.
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organizações
governamentais e
não-governamentais
e na formação de
redes
informacionais.
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CDI
Promover a inclusão
Defesa da Inclusão
Inclusão digital para
social de populações
social pela Inclusão
o desenvolvimento
menos favorecidas,
Digital, integrando
social.
utilizando as
educação, tecnologia,
tecnologias da
cidadania e
informação e
empreendedorismo.
comunicação como
um instrumento para
a construção e o
exercício da
cidadania.
Fonte: construído pelos autores.
Observa-se, que com relação às três primeiras (FASE, IBASE e ABONG),
há um discurso similar pautado pela democratização da informação em um âmbito mais
amplo, abrangendo a construção de uma sociedade mais forte e coesa, de um espaço
público universal e democrático, como defende diversos autores (Cepik, 2000; Cabral,
1994; Takahashi, 2000; Iizuka, 2003). Por outro lado, embora deixe claro suas
preocupações com a formação de cidadãos, o CDI restringe seu foco exclusivamente nos
dilemas da “Inclusão Digital para fazer Inclusão Social”, uma defesa de certo modo
simplista de uma ótica de “alfabetização digital” para os pobres, como foi observado por
Iizuka (2003).
Enquanto nas três primeiras percebe-se uma estrutura organizacional mais
horizontal e mais flexível, assemelhada aos movimentos sociais, nesta última evidencia,
mesmo que de forma não tão visível, uma estrutura mais vertical e hierarquizada, mais
parecida com o que tradicionalmente percebe-se no sistema empresarial e nos órgãos
governamentais. Destarte, surgem questionamentos quanto às formas de implementação
das propostas políticas dessa organização, visto que o formato empresarial pode trazer
sérias implicações para a capacidade de estabelecer relações mais participativas e
horizontais com as comunidades envolvidas em seus projetos, tendo desdobramentos
importantes para a democratização do próprio acesso às novas mídias e também à sua
legitimidade frente aos púbicos que busca representar. Enfim, perduram importantes
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dúvidas sobre questões como Como suas ações são introduzidas na comunidade? Será
que são inseridas com a efetiva participação de todos e considerando as reais
necessidades da mesma? Ou seriam baseadas, apenas, em projetos pré-definidos e
tomadas de decisão de “cima para baixo”? Estes são importantes dimensões a se
considerar na comparação de diferentes organizações não governamentais no contexto
nacional.
É evidente a relevância das tecnologias para a democratização da
informação e o essencial papel das organizações públicas governamentais ou não no
desenvolvimento de redes comunitárias e na constituição de uma sociedade rica em
“capital social”. Sobretudo em países como o Brasil, no qual a formação de uma
sociedade civil forte e coesa ainda está em maturação, se percebe a importância da
disposição e vontade política desses agentes em “dar primazia à promoção de
emancipação das comunidades e cidadãos” (Frey, 2003, p. 182).
Mas não se pode observar na análise das informações disponibilizadas no
site como as ONGs interferem, incentivam ou apoiam as ações práticas de participação
cidadã, como, por exemplo, o orçamento participativo digital. Considera-se que há riscos
em limitar o exercício da democracia ao uso indiscriminado e sem objetivo concreto das
redes eletrônicas, na medida em que podem servir como estímulo ao isolamento e
“atomização” dos cidadãos (Frey, 2003). Logo, as formas alternativas de representação
cidadã devem ser complementares às formas tradicionais e estas não são substituíveis,
conforme destacado por Pereira (2011).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diversas são as demandas não atendidas e as insatisfações recentemente
manifestas pela sociedade civil, principalmente quando se analisa o contexto brasileiro. O
amadurecimento e desenvolvimento de novas formas de movimentos sociais, além do
fortalecimento das organizações da sociedade civil são, para vários autores, a
oportunidade para a emancipação social e construção de uma esfera pública democrática.
Neste sentido, é crucial a democratização da informação. Em uma “república democrática”
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(no sentido amplo do termo), sem a garantia do acesso e universalização das
informações, é impossível aos cidadãos exercer seus direitos e cobrar mais transparência
(accountability) das organizações governamentais. Por outro lado, é evidente o grande
número de excluídos digitais que ameaçam a consolidação desse espaço público. Ao
considerarmos o caráter ambíguo da Internet, questiona-se em que medida se torna um
instrumento para a democratização da informação e inclusão digital, ou um mecanismo
de controle e “atomização” dos indivíduos.
Há uma diversidade de dilemas os quais as ONGs têm enfrentado: as
divergências de identidades, algumas pouco condizentes com os seus próprios valores; a
dificuldade na obtenção de recursos e riscos inerentes a se tornarem dependentes ou
cooptadas por outras instituições; os perigos e impactos do discurso da eficácia pelas
práticas do “gerencialismo”. Por outro lado, é indubitável sua capacidade de integração
dos atores em redes de articulação, visando o desenvolvimento social local e global
(mediante parcerias com instituições estatais e não-estatais, fóruns de discussão
nacionais e internacionais).
Todavia, surgem algumas questões ainda pouco exploradas e que
merecem ser objeto de estudos nesta área, especialmente sobre o ponto de vista das
organizações e movimentos sociais. Há que se questionar e pesquisar como essas
organizações se comportam diante dos dramas da exclusão digital e da urgência de se
constituir uma “sociedade da informação” democrática. E, relacionada a esta questão,
qual o papel e a contribuição das novas formas constituintes dos movimentos sociais,
altamente relacionadas às redes virtuais? Será que a proposta das ONGs de
democratização e inclusão está realmente indo ao encontro das necessidades explícitas
e, principalmente, implícitas dos cidadãos? De modo simultâneo, surgem movimentos de
dentro do próprio aparelho estatal, como o orçamento participativo, agora em sua “versão
digital”, a favor da democracia e da deliberação cidadã. Em que medida estas ações
estão promovendo uma democracia participativa, particularmente no ambiente virtual da
Internet? Perguntas a serem incluídas na agenda de pesquisas futuras desta área.
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