Andréa Bassanello ESTUDO DA HIPERACUSIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Monografia apresentada ao Curso de especialização em Audiologia Clínica do CEFACCEDIAU, sob a orientaçAo da Profa. Dra. Katia de Almeida CEFAC - CEDIAU SÃO PAULO 2000 RESUMO A hiperacusia é descrita como uma sensibilidade anormal a sons, ou seja, uma intolerância a sons de baixa e média intensidade. Indivíduos com hiperacusia demonstram um desconforto anormal para sons supralimiares. O nível de desconforto para um indivíduo normal está acima de 100dB. Indivíduos com hiperacusia podem experimentar desconforto a sons de 40, 50 dB ou menos de intensidade. É considerado um fenômeno auditivo raro. É comum estar associada ao zumbido. Sua prevalência na população geral é incerta, mas cerca de 25 a 40% dos pacientes com zumbido têm hiperacusia. Alguns pacientes têm procurado os otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos relatando uma sensibilidade anormal a sons. A extrema sensibilidade que estes pacientes descrevem é difícil de compreender. No Brasil, encontramos poucas referências bibliográficas sobre o tema. Dada a complexidade, o tema merece maiores investigações. O objetivo deste trabalho é estudar a hiperacusia por meio de relatos científicos encontrados na literatura nacional e internacional e por meio de estudo de casos pesquisar como a fonoaudiologia pode contribuir com o tema. ABSTRACT The hyperacusis is described as an abnormal sensibility to sounds, that is, an intolerance to low and medium intensity sounds. Individuals with hyperacusis demonstrate an abnormal discomfort for suprathreshold sounds. The discomfort level for a normal individual is above 100dB. Individuals with hyperacusis can try discomfort to sounds of 40, 50 dB or less of intensity. A rare auditory phenomenon is considered. It is common to be associated to the tinnitus. Its prevalence in the general population is uncertain, but about 25 to 40% of the patients with tinnitus have hyperacusis. The extreme sensibility that these patient ones describe is difficult to understand. In Brazil, we found little bibliographical references on the theme. Given the complexity, the theme deserves larger investigations. The objective of this work is to study the hyperacusis by means of scientific reports found in the national and international literature and by means of study of cases to research as the audiology can contribute with the theme. DEDICATÓRIA À Profª Drª Katia de Almeida pela orientação e pelos seus conhecimentos. À Profª Drª Ieda Chaves Pacheco Russo por mostrar-nos o lado mais humano da fonoaudiologia e pelos seus ensinamentos. À Profª Drª Teresa M. Momensohn dos Santos pela sugestão do tema desta monografia e por sua dedicação à fonoaudiologia. A todos os professores deste curso que contribuíram para o meu aperfeiçoamento profissional. À Irene Albanez pela sua paciência e dedicação. À minha grande companheira de trabalho e curso Célia Ferrari. À minha grande amiga Susana Francischetti Garcia pelas dicas e bate-papos sobre este tema. Às minhas companheiras de carona Mônica, Marta, Fernanda e Estela. À todas as minhas amigas deste curso, que contribuíram direta ou indiretamente em mais esta etapa da minha vida profissional. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Aos meus pais Que me acolheram durante todo este tempo...e durante uma vida inteira. Amo vocês. Ao meu marido, Pela dedicação e apoio, com muito amor... “ Não sei se estou sofrendo ou se é alguém que se diverte por que não? Na noite escassa com um insolúvel flautim...” Carlos Drummond de Andrade SUMÁRIO Pág. 1.INTRODUÇÃO............................................................... 1 2. LITERATURA 2.1 DEFINIÇÃO................................................................. 6 2.2 HIPERACUSIA X RECRUTAMENTO X FONOFOBIA. 12 2.3 ZUMBIDO X HIPERACUSIA........................................ 15 2.4 FISIOPATOLOGIA....................................................... 17 2.5 CAUSAS E DOENÇAS CORRELATAS....................... 25 2.6 PREVALÊNCIA............................................................ 25 2.7 TRATAMENTO............................................................. 26 3. APRESENTAÇÃO DE CASOS......................................... 31 4.COMENTÁRIOS.................................................................. 36 5.CONCLUSÕES................................................................... 45 6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................. 47 ANEXOS INTRODUÇÃO O ouvido humano é uma das mais belas e perfeitas obra de engenharia do corpo humano. É um dos menores órgãos de nosso corpo que exerce inúmeras e importantes funções em um espaço tão pequeno. Este pequeno sistema pode nos prevenir de situações de risco. Da mesma forma, pode nos proporcionar a emoção de ouvir nossa música predileta no rádio ou o grito de “gol” da torcida em pleno campeonato mundial. A audição nos coloca em contato com o mundo e por meio dela desenvolvemos a linguagem que nos diferencia completamente dos outros seres vivos. Dependendo do indivíduo, os sons podem provocar as mais diversas reações físicas e emocionais: sustos, risos, lágrimas, sensações de prazer ou desprazer, as quais compartilhamos com os nossos semelhantes. O nosso mundo auditivo é tão fascinante que seria muito difícil imaginar alguém que não aprecia este dom. Jamais gostaríamos de deixar de ter o imenso prazer de ouvir. No entanto há pessoas que não suportam ouvir alguns sons tão prazerosos como o barulho das ondas do mar, a chuva caindo em uma bela tarde de verão, um filho rindo pelo seu imenso prazer em brincar... Para estes indivíduos um som, mesmo que de fraca intensidade, pode incomodar intensamente. Muitos autores têm estudado este fenômeno que está relacionado com a sensação de intensidade, ( KLEIN et al 1990; GORDON, 1991; HALL e MILLER 1998; SANCHEZ et al , 1999) chamado de hiperacusia. A hiperacusia ocorre em indivíduos com audição normal e é definida como uma sensibilidade anormal a sons, ou seja, uma intolerância a sons de baixa ou moderada intensidade. Enquanto, para a maior parte das pessoas, o nível de desconforto está acima de 100dB, os indivíduos com hiperacusia podem experimentar desconforto a sons de 40, 50 dB ou de menor intensidade. A hiperacusia parece ser um fenômeno auditivo raro, porém causa um forte impacto na vida do indivíduo, podendo inclusive restringir suas atividades diárias . É importante ressaltar que alguns indivíduos relatam ser hiperacúsicos porque apresentam incômodo a sons de forte intensidade como música, sirenes, etc. Isto não é considerado hiperacusia, uma vez que estes sons são realmente perturbadores mesmo para ouvidos normais. Desse modo, afirmam HALL & MUELLER, 1998, o termo hiperacusia deve ser restrito aos pacientes que se queixam de desconforto a vários sons, porém de fraca e moderada intensidade. Nestes casos o ouvido perde muito do seu campo dinâmico de audição e os sons do dia-a-dia tornam-se desconfortáveis ou dolorosos. É como se o controle de volume da sua orelha ficasse constantemente no máximo. É muito comum a hiperacusia estar associada ao zumbido.(SANCHEZ et al, 1999; HALL & MILLER, 1998). Segundo MALCORE, (1999), quando a hiperacusia se manifesta de forma repentina, muitos entram em um período de crise profunda, com depressão severa. Estas pessoas se sentem tremendamente isoladas e não imaginam como é possível continuar convivendo com o barulho. Sentem como se, de uma hora para outra, tivessem sido colocadas em um planeta errado, onde o volume sonoro é excessivo. Tem aumentado o número de pacientes que procuram os otorrinolaringologistas referindo uma sensibilidade anormal para sons. A extrema sensibilidade à sons que estes pacientes descrevem é difícil de compreender. No Brasil, observamos a existência de poucas referências bibliográficas a respeito do tema. Muitos profissionais utilizam os termos hiperacusia, fonofobia e correto. recrutamento como sinônimos, o que não é Outra preocupação é que em função da civilização moderna e dos avanços tecnológicos ocorreu um aumento dos ruídos ambientais ( poluição sonora), e necessitaremos de pesquisas para sabermos em que medida isto reflete na vida de um indivíduo com hiperacusia. O fonoaudiólogo deveria ter melhores informações sobre a hiperacusia a fim de possuir subsídios para orientar os pacientes no sentido de minimizar a sua intolerância e desconforto aos sons. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é estudar a hipersensibilidade auditiva por meio dos relatos científicos encontrados na literatura nacional e internacional e verificar como a fonoaudiologia pode contribuir com o tema por meio de apresentação de casos. LITERATURA 6 HIPERACUSIA: DEFINIÇÃO PERLMAN (1938) em seu estudo sobre a hipersensibilidade auditiva utilizou os termos oxiacóia e hiperestesia dolorosa. Oxiacóia foi definido como uma diminuição do limiar de audição ou aumento da acuidade auditiva, enquanto hiperestesia dolorosa foi definida como uma irritabilidade anormal ou desconforto para sons acima do limiar e audibilidade. Assim no seu estudo hiperacusia seria um aumento da sensibilidade para som ocorrendo ocasionalmente em pacientes com paralisia do nervo facial. TSCHIASSNY (1949) foi o primeiro que introduziu o termo fonofobia para designar o sintoma de hipersensibilidade para estímulos auditivos.( Mathisen,1969) MATHISEN (1969) relatou um desconforto anormal ou aborrecimento para sons supralimiares que não seriam incômodos a indivíduos saudáveis, como um sintoma referido por alguns indivíduos com paralisia do nervo facial e como um sintoma freqüente ou quase constante pós-estapedectomia. Definiu este fenômeno como hiperacusia, hiperacusia dolorosa ou disacusia. KLEIN et al. (1990) definiu hiperacusia como uma resposta exagerada ou inapropriada de desconforto para sons com intensidade que 7 para outras pessoas não incomodariam. Referiu ainda que a hiperacusia ocorreria em 94% dos indivíduos com Síndrome de Willians. Indivíduos com hiperacusia apresentariam audição normal e poderiam ter reflexo de susto ou cobrir as orelhas com as mãos para um telefone tocando, bem como para sons considerados como ameaçadores. GORDON (1991) descreveu a hiperacusia como um aumento da sensibilidade auditiva para alguns sons (televisão, rádio), levando o indivíduo a diminuir o volume destes para que não o incomodassem. Nomeou esta sensação de audiosensibilidade. NIGAM & SAMUEL (1994) ressaltaram que o mecanismo da hiperacusia não é conhecido e a definiram como uma hiperacuidade de audição, como uma distorção do código neural da entrada auditiva que causaria um aumento anormal da intensidade sonora ou uma falha do Sistema Nervoso Central para habituar a resposta reflexa de susto. Relataram ainda que 95% dos indivíduos com Síndrome de Willians apresentariam hiperacusia. CHERRY & BROWN (1995) mencionaram a hiperacusia como uma intolerância a sons associada à perda de audição. Descreveram um caso de hiperacusia com diplacusia em uma orelha com perda auditiva de grau severo, possivelmente por danos cocleares progressivos,para o que foi sugerido uma labirintectomia coclear. MARRIAGE & BARNES (1995) consideraram a hiperacusia e a fonofobia como sinônimos e as descreveram como uma hipersensibilidade incomum ou um desconforto induzido por exposição a sons. Afirmaram que este fenômeno é subjetivo, portanto não poderia ser quantificado, e seria descrito apenas pelo relato do paciente. Os autores diferenciaram a hiperacusia central da periférica, sendo que o termo alternativo para hiperacusia central seria a fonofobia, uma vez que a hiperacusia infereria a existência de uma lesão periférica. Utilizaram o termo – hiperacusiaquando a condição estivesse comprometendo a qualidade de vida, restringindo o que o indivíduo escolheria para fazer no seu dia-a-dia. 8 CERANIC et al. (1998) correlacionaram a hiperacusia com o zumbido associados com a função auditiva periférica e definiram a hiperacusia como uma sensibilidade auditiva anormal para os sons comuns do meio ambiente. FUTUKATE & HATTORY (1998) descreveram um caso de um paciente sem alterações psiquiátricas ou doença epiléptica que desenvolveu ilusão auditiva passageira após sofrer um pequeno infarto hemorrágico no Corpo Geniculado Medial. Apresentaram a hiperacusia como sendo uma ilusão auditiva transiente de paracusia e palinacusia. HALL & MUELLER (1998) ressaltaram que a hiperacusia não significaria que o indivíduo possuiria uma sensibilidade auditiva muito boa, mas uma tolerância reduzida para sons supralimiares. Estes sons seriam facilmente toleráveis por outras pessoas, mas o indivíduo com hiperacusia poderia até sentir dor. Relataram também que na hiperacusia não haveria perda de audição associada. Observaram que os sons que incomodariam o indíviduo hiperacúsico seriam: toques de telefone, ruído de água corrente, ruído de aspirador de pó e sons agudos. PHILLIPS & CARR (1998) definiram a hiperacusia como um distúrbio da percepção de sons fracos na ausência de perda de audição e a diferenciaram do recrutamento, da disacusia e da fonofobia. ANARI et al. (1999) observaram que na literatura a hiperacusia é usada com sinônimo de hipersensibilidade a sons. O que o autores discordam. Os autores realizaram uma pesquisa com 100 indivíduos, definindo hiperacusia como uma sensibilidade a sons na ausência de perda auditiva. Referiram que o zumbido freqüentemente está presente em pacientes com hiperacusia. E realizaram uma diferenciação entre: hiperacusia, fonofobia, recrutamento, neurose, depressão e desordens do nervo facial. DEMAREE (1999) demonstrou que o nível de desconforto para um indivíduo normal é de 100dB, enquanto que os indivíduos com hiperacusia experenciariam desconforto para intensidades entre 40 ou 50 9 dB. Descreveram a hiperacusia como um alto nível de sensibilidade aos sons. Para estes indivíduos alguns sons causariam desconforto mesmo em intensidades fracas. Estaria freqüentemente associada ao zumbido. Relataram também que poderia ser conhecida como disacusia, audição hipersensível, oxiacóia e fonofobia. NIELDS et al. (1999) destacaram que 48% dos pacientes com Doença de Lyme em estágio tardio poderiam desenvolver hiperacusia. Mencionaram a hiperacusia como uma intolerância para sons de 100dBNA ou abaixo. Em alguns casos o desconforto severo poderia ocorrer a 60dBNA ou abaixo. HAZELL (1999) verificou que a hiperacusia é uma alteração no processamento central na presença de uma cóclea freqüentemente normal. SANCHEZ et al. (1999) destacaram que a hiperacusia ocorreria em indivíduos com audição normal e representaria uma sensibilidade anormal, ou seja, uma intolerância a sons de fraca ou moderada intensidade. Como manifestação, provocaria sensação de desconforto a inúmeros sons do meio ambiente, mesmo aqueles de intensidade baixa ou moderada, independente da freqüência que os compusesse. Na hiperacusia, sons com menos de 100dBNA já produziriam desconforto e muitos pacientes poderiam apresentar desconforto em intensidades abaixo que 90 dBNA. Verificaram que são inúmeros os sons que causariam desconforto, sendo sempre de fraca ou média intensidade, independente da frequência que os compusesse. GOLDSTEIN & SHULMAN (2000) realizaram uma pesquisa no Tinnitus Center, com 42 pacientes com hiperacusia que realizaram a consulta devido ao zumbido. Citaram ser a hiperacusia um aumento da sensibilidade para sons com ou sem perda de audição, apresentado por indivíduos com zumbido do tipo severo, podendo ser de dois tipos: central e periférica. Classificaram a hiperacusia como: 10 Hiperacusia Área dinâmica Limiar de desconforto Negativo 60 dB ou > em todas as freqüências 95 dB ou > em todas as freqüências Leve 50-55 dB em qualquer freqüência 80-90 dB em duas ou mais freqüências Moderada 40-45 dB em qualquer freqüência 65-75 em duas ou mais freqüências Severa 35dB ou < em qualquer freqüência 60 dB ou < em duas ou mais freqüências HYPERACUSIS NETWORK (2000) definiu a hiperacusia como um colapso da tolerância da sensação de intensidade. Para estes indivíduos todos os sons produziriam desconforto, uma vez que a intensidade sonora considerada como desconfortável, seria bem abaixo daquela julgada como desconfortável pelos outros. Para alguns deles, a hiperacusia significaria uma audição extremamente sensível, ou melhor do que possuíam anteriormente. Destacou ainda que o indivíduo com hiperacusia teria seu campo dinâmico de audição diminuído para sons de altas freqüências. Afirmou que em um estudo feito pela Associação Americana de Zumbido, 70% dos indivíduos hiperacúsicos reportariam alguma perda de audição. Alguns indivíduos com perda de audição apresentariam recrutamento e freqüentemente a hiperacusia é confundida com recrutamento. JASTREBOFF & JASTREBOFF (2000) definiram a hiperacusia como um aumento da sensibilidade para sons. Relataram que a hiperacusia poderia resultar de mecanismos periféricos e centrais. JOHNSON (2000) descreveu a hiperacusia como uma sensibilidade anormal para sons na presença de limiar auditivo normal. MALCORE (2000) verificou que a hiperacusia é definida como uma redução da tolerância para sons considerados normais. Para aqueles 11 com hiperacusia, o cérebro perde muito da sua área dinâmica e sons do dia-a-dia seriam intoleráveis ou dolorosos. “É como se o controle de volume do cérebro estivesse sempre no máximo”. SAMMETH et al. (2000) consideraram a hiperacusia como uma hipersensibilidadel extrema para os sinais auditivos, sendo uma condição relativamente rara que tem recebido somente uma limitada atenção da pesquisa literária. Relataram que há diferenças de nomenclatura entre os autores sendo que a hiperacusia também poderia ser chamada de oxiacóia, hiperacusia supraliminar, fonofobia e hiperacusia dolorosa que tem sido usado como o termo mais geral e completo. Definiram a hiperacusia severa como uma hipersensitividade para sons do dia-a-dia, sendo que as atividades profissionais e sociais seriam severamente prejudicadas cujos portadores seriam obrigados a fazer uso de protetores auriculares. Em sua pesquisa com 14 sujeitos com hiperacusia severa, oito destes apresentavam limiares tonais dentro do padrão de normalidade e seis apresentavam perda auditiva neurossensorial de diferentes graus e configurações. VALENTE et al. (2000) definiram a hiperacusia como um aumento desproporcional e subjetivo da intensidade dos sons. Relataram que pacientes que experenciavam este problema freqüentemente evitavam situações sociais e em casos severos poderiam usar protetores auriculares como um meio de se proteger de sons do meio ambiente. Nestes casos até uma conversação poderia ser desconfortável. Relataram que o paciente com hiperacusia se incomodaria com sons do meio ambiente, sons que ocorreriam em situações sociais (teatro, restaurante música, leitura...) e até sons de uma conversa. A HIPERACUSIA, A FONOFOBIA E O RECRUTAMENTO NIGAM & SAMUEL (1994) relataram que recrutamento é um fenômeno na qual existe desconforto na presença de sons de intensidade 12 moderada, sendo uma característica comum da presbiacusia. Segundo estes autores este fenômeno é distinto da hiperacusia, a qual implicaria no desconforto ou em uma resposta reflexa para sons de uma intensidade que não seriam considerados perigosos ou intensos para o cidadão comum. MARRIAGE & BARNES (1995) descreveram a hiperacusia e a fonofobia como uma hipersensitividade ou desconforto incomum induzido por exposição a sons. Sugeriram o uso do termo fonofobia, para descrever a hiperacusia central e hiperacusia para o fenômeno periférico. Separaram a hiperacusia do recrutamento, considerando este último como um aumento anormal da sensação de intensidade com perda de audição e provável lesão das células ciliadas externas. HALL & MUELLER (1998) diferenciaram a hiperacusia da fonofobia. Para estes autores a hiperacusia seria uma reação exagerada das vias auditivas por exposição a sons de intensidade moderada e fonofobia seria uma reação anormal do sistema límbico e autônomo, sem uma ativação dos sistemas, resultando em um aumento de conexões entre o sistema límbico e auditivo. PHILLIPS & CARR (1998) argumentaram quanto a variabilidade com o qual os termos hiperacusia, recrutamento e fonofobia têm sido aplicados e fizeram a distinção entre os mesmos. Para eles o recrutamento seria a mais familiar das desordens e baseiaria-se na parte dinâmica da intensidade das vias aferentes cocleares com danos nas células ciliadas. A hiperacusia seria uma percepção anormal do limiar de detecção para sons fracos. A fonofobia seria uma desordem central apresentando respostas condicionadas intensas para sons, que não seria esperado provocar uma reação intensa. ANARI et al. (1999) descreveram uma classificação para diferenciar as desordens de percepção dos sons. 13 idade Audição Zumbido Dor Causa Hiperacusia Jovem Normal Muito freqüente Presente Som/música Fonofobia Idosos Normal Ausente Ausente Ruído Recrutamento Idosos Perda Freqüente As vezes Lesão neurossensorial Não deseja o Todas coclear Normal Ausente Ausente Psicológico Normal Ausente Ausente Psicológico Ausente Prejuízo do som Neurose/ Todas depressão Desordem do Todas nervo facial Perda condutiva/ As vezes neurossensorial VII par HAZELL (1999) definiu a hiperacusia como uma alteração no processamento central dos sons, sendo que a cóclea está freqüentemente normal. Já o recrutamento seria uma redução dos elementos neurais (células ciliadas), assim sendo, uma pequena mudança na produção do estímulo de intensidade resultaria em uma grande mudança na resposta da orelha, estando, portanto, a cóclea danificada. A fonofobia foi definida como um fenômeno no qual certos sons complexos produziriam desconforto, com base na associação ou no seu significado, mas outros sons, o qual são apreciados ( como música, por exemplo) poderiam ser tolerados em níveis mais intensos. Acrescentaram ainda que a fonofobia poderia conduzir a hiperacusia e conseqüentemente a persistência de uma percepção anormal aos sons. SANCHEZ et al. (1999) apresentaram as seguintes definições: a hiperacusia como sendo uma intolerância a sons de fraca ou moderada intensidade, com a cóclea geralmente preservada e como manifestação provocaria sensação de desconforto a inúmeros sons do meio ambiente. A fonofobia como sendo um desconforto a determinados sons, dependendo do seu significado ou associação, enquanto outros sons 14 agradáveis poderiam ser tolerados em intensidades mais altas. Ressaltaram que uma expressão comum de fonofobia seria a intolerância à música moderna, ao escape de música pelos fones de ouvido em público e o atrito do giz na lousa, entre outros. Alguns pacientes poderiam apresentar associação de fonofobia e hiperacusia em diferentes graus e isto significaria que eles literalmente temeriam a exposição a um certo tipo de som , geralmente pela convicção de que este prejudicará, seja aumentando o zumbido ou provocando perda auditiva, mesmo quando apresentado em baixa intensidade. E o recrutamento foi definido como sendo um fenômeno que ocorre associado à perda auditiva de origem sensorial, na qual a incapacidade de ouvir sons fracos (por exemplo de 50dB), particularmente nas altas freqüências, seria acompanhada por uma intolerância paradoxal a sons mais intensos (por exemplo de 80dB), freqüentemente com distorção dos mesmos. Sugeriram ainda, que o recrutamento ocorreria por uma redução das células ciliadas na orelha interna (células ciliadas), HYPERACUSIS NETWORK (2000) definiu o recrutamento como um aumento anormal da percepção da intensidade, embora as pessoas com recrutamento possam não ouvir todos os sons. Relatou que no recrutamento é mais comum afetar os sons de freqüências altas e é usualmente causado pela perda de células ciliadas. JASTREBOFF & JASTREBOFF (2000) diferenciaram a hiperacusia e a fonofobia, sendo que hiperacusia seria definida como uma reação anormal ocorrendo nas vias auditivas resultando de exposição a sons moderados, como conseqüência, o paciente apresentaria redução para os sons supralimiares. E a fonofobia seria definida como uma reação anormal do sistema autônomo e do sistema límbico (sem uma ativação anormal do sistema auditivo), resultando de aumento de conexões entre o sistema auditivo e límbico. O ZUMBIDO E A HIPERACUSIA 15 MARRIAGE & BARNES (1995) demonstraram existir uma associação do zumbido com a hiperacusia. FUKUTAKE & HATTORI (1998) descreveram um caso de lesão do corpo geniculado medial direito com presença de hiperacusia e ausência de zumbido. CERANIC et al. (1998) investigaram as alterações de emissões otoacústicas em indivíduos com zumbido e ressaltaram que a perda ou mal funcionamento do efeito (atenuação) na atividade aferente coclear, normalmente produzido pela estimulação do sistema olivococlear medial, e um aumento na amplificação causaria um aumento irregular na participação coclear como uma resposta ao estímulo auditivo. Isto poderia ser responsável pela sensibilidade anormal para sons comuns do meio ambiente (hiperacusia). Este aumento no ganho auditivo poderia resultar em uma excitação neural anormal, no processamento central anormal dos sons e conseqüentemente, o zumbido. HALL & MUELLER (1998) mencionaram que zumbido associado a hiperacusia é um fenômeno comum. Tanto a hiperacusia quanto o zumbido poderiamm ser uni ou bilaterais. DEMAREE (1999) mencionou a ocorrência do zumbido associado com a hiperacusia. ANARI et al. (1999) realizaram uma pesquisa com 100 indivíduos com hipersensibilidade a sons e encontraram que 14% apresentavam apenas hipersensitividade a sons e 86% apresentavam hipersensitividade associada ao zumbido; 35% dos pacientes consideravam a hipersensitividade pior que o zumbido (40% mulheres e 60% homens); os homens considerava zumbido pior do que as mulheres, no entanto este sintoma era mais comum entre os homens do que entre as mulheres ( 61% homens e 39% mulheres); 25% consideraram o zumbido o maior problema (40% mulheres e 60% homens). 16 SANCHEZ et al. (1999) ressaltaram que cerca de 25% a 40% dos pacientes com zumbido também apresentariam hiperacusia, sendo este, freqüentemente, o problema mais severo, que mais restringiria a vida normal. Ressaltaram ainda que a hiperacusia significaria um aumento anormal de ganho nas vias auditivas para uma entrada auditiva pequena, o que poderia resultar no aumento da percepção não apenas dos sons externos (hiperacusia), mas dos internos, como o próprio funcionamento da cóclea (zumbido). Daí a provável explicação para a alta prevalência da associação de hiperacusia em pacientes com zumbido, uma vez que a base fisiopatológica poderia ser a mesma. Inclusive, seria possível que a hiperacusia fosse um estado pré-zumbido. GOLDSTEIN & SHULMAN (2000) concluíram em sua pesquisa com 42 sujeitos com hiperacusia que procuravam a consulta devido ao zumbido que existiria uma positiva correlação entre zumbido e hiperacusia. HYPERACUSIS NETWORK (2000) relatou que muitos pacientes hiperacúsicos sofreriam de vários graus de zumbido e que em muitos casos consideravam como a queixa mais grave, a hiperacusia. JASTREBOFF & JASTREBOFF (2000) ressaltaram a relação entre zumbido e hiperacusia, sendo que 40% dos pacientes com zumbido teriam algum grau de hiperacusia. Segundo os autores um ganho central anormal resultaria na detecção de flutuações na atividade espontânea ou um padrão anormal fraco da atividade que não seria detectado como zumbido e sim com hiperacusia central. Sendo assim, para alguns pacientes, zumbido e hiperacusia poderiam ser duas manifestações do mesmo mecanismo neuronal. JOHNSON (2000) mencionou que 40% dos pacientes que visitam sua clínica teriam hiperacusia e zumbido. SAMMETH et al. (2000) destacaram em sua pesquisa com 14 sujeitos com hiperacusia severa, que 10 dos 14 sujeitos tinham zumbido e que este era mais incômodo que a hiperacusia. 17 FISIOPATOLOGIA MATHISEN (1969) descreveu a fonofobia e citou alguns mecanismos como: a perda da proteção da orelha interna vindo da contração do músculo estapédio; mudança de transmissão dos sons da orelha média, possivelmente pela mudança de massa e/ou uma modificação entre as diferentes partes do sistema de transmissão dos sons; reação coclear (labirintite?) ou uma mudança da inibição nervosa central com o decorrer dos anos. KLEIN et al. (1990) relacionaram a hiperacusia como sendo uma distorção da entrada do código neural auditivo que poderia causar um aumento anormal da sensação de intensidade ou uma falha do sistema nervoso central para habituar respostas reflexas. NIGAM & SAMUEL (1994) comentaram que o mecanismo fisiológico da hiperacusia não é conhecido, possivelmente poderia haver uma distorção do código neural da entrada auditiva que causaria um aumento anormal da sensação de intensidade ou falha no sistema nervoso central para habituar as respostas reflexas. MARRIAGE & BARNES (1995) ressaltaram que há várias pesquisas sugerindo que o impedimento auditivo causa mudanças no mecanismo de audição periférico o qual aumentaria a sensibilidade para sons fracos. Os autores relataram o aparecimento da hiperacusia após a abolição do reflexo estapediano em casos de Paralisia de Bell, Doença de Meniére, miastenia grave, entre outras. CERANIC et al. (1998) citaram que o efeito de atenuação na atividade eferente coclear, normalmente produzido por estimulação do sistema medial olivococlear, e um aumento na amplificação do ganho causaria um aumento desordenado na divisão coclear como uma resposta para o estímulo auditivo. Segundo estes autores, este fato poderia ser 18 responsável pela sensibilidade anormal para sons do dia-a-dia (hiperacusia). HALL & MUELLER (1998) comentaram que a causa para a hiuperacusia poderia ser uma disfunção na porção eferente do nervo auditivo. Estas fibras seriam originárias da porção do cérebro que regularia ou inibiria os sons incômodos. PHILLIPS & CARR (1998) destacaram que com a paralisia do músculo estapédio ocorreria uma diminuição da proteção do ouvido e faria com que o indivíduo ficasse mais sensível aos sons. No entanto definiram este fenômeno como disacusia e não hiperacusia. ANARI et al. (1999) ressaltaram que a hipersensibilidade a sons seria derivada de alterações da orelha média, afetando particularmente o músculo estapédio, mas também de condições traumáticas e perdas auditivas os quais afetariam a cóclea ou partes centrais do nervo auditivo. HIPERACUSIS NETWORK (2000) ressaltou que na hiperacusia as fibras eferentes do nervo auditivo estariam danificadas de forma seletiva, assim as células ciliadas que nos permitiriam ouvir tons puros na audiometria estariam intactas, o que justificaria a audição normal. JASTREBOFF & JASTREBOFF (2000) descreveram que a hiperacusia poderia resultar tanto de mecanismos centrais como de perféricos. Dois tipos de disfunção coclear poderiam ocorrer. O primeiro seria uma superamplificação periférica que ocorreria se as células ciliadas externas continuassem amplificando os sons intensos, e então as células ciliadas internas tornariam-se superestimuladas para sons de moderada intensidade. O segundo, ocorreria quando as células ciliadas externas aumentassem a amplificação para valores maiores do que o normal. De fato, mensurações de emissões otoacústicas de produto de distorção (DPOAE) sugeririam que, em alguns pacientes, disfunção nas células ciliadas externas poderia ser responsável pela hiperacusia. O tipo central envolveria supersensibilidade de neurônios nas vias auditivas. Na hiperacusia pura, um ganho anormal ocorreria no sistema auditivo e sons 19 moderados induziriam a um alto nível de atividade nas vias auditivas, e somente secundariamente no sistema nervoso autônomo e límbico, envolvidos em preparar o sujeito para retirar de níveis de sons desagradáveis. Assim a atual amplitude da vibração da membrana coclear e o processo físico da intensidade do som seriam fatores dominantes, os parâmetros físicos do som seriam fatores determinantes para o grau de desconforto. O contexto no qual o som ocorre seria irrelevante. JOHNSON (2000) relatou que há teorias em que a parte do sistema auditivo responsável para levar informações do cérebro para a orelha ( sistema eferente) apresentaria distorções na amplificação do som. Advertiu que há necessidade de maiores estudos. MALCORE (2000) comentou que o mecanismo de proteção em orelhas normais trabalharia para minimizar os efeitos danosos provocados por sons intensos e o que ocorreria na hiperacusia seria que este mecanismo estaria em mal funcionamento. Relatou ainda que haveria algumas especulações sugerindo que a porção eferente do nervo auditivo esteja afetada – as fibras eferentes originárias do cérebro o qual servem para regular os sons. Esta teoria sugereria que estas fibras eferentes do nervo auditivo estariam prejudicadas seletivamente enquanto as células ciliadas que nos permitiriam ouvir tons puros na audiometria estariam intactas. SAMMETH et al. (2000) relataram que uma das hipóteses para explicar a hiperacusia seria a interrupção de um caminho de supressão auditiva aferente. No entanto os autores deixaram claro que haveria necessidade de mais pesquisas para que se possa concluir algo. VALENTE et al. (2000) destacaram a hiperacusia como uma distorção do código neural da entrada auditivo, como uma falha do sistema nervoso central para se habituar respostas reflexas. CAUSAS E DOENÇAS CORRELATAS 20 PERLAN (1938) foi um dos primeiros autores a relatar um aumento de sensibilidade para os sons que ocorreriam ocasionalmente em pacientes com paralisia do nervo facial. MATHISEN (1969) destacou um desconforto anormal para sons supralimiares como sintoma freqüente pós estapedectomia, bem como em alguns casos de paralisia facial e na Paralisia de Bells. KLEIN et al. (1990) realizaram um estudo para identificar a causa da hiperacusia em indivíduos com Síndrome de Willians. No entanto o estudo não foi bem sucedido devido às características das crianças como a idade, hiperatividade ou atraso no desenvolvimento. Relataram que 94% dos indivíduos com Sindrome de Willians apresentaram hiperacusia. GORDON (1991) relatou um caso de hiperacusia após anestesia espinal. Encontrou mudanças auditivas possivelmente mediadas pelo decréscimo da pressão do fluido cérebro espinal para a cóclea e subseqüente hidropsia labiríntica. Sua hipótese seria que a manipulação de gases respiratórios poderia conduzir a hiperacusia. NIGAN & SAMUEL (1994) estabeleceram que 95% dos pacientes com Síndrome de Willians apresentavam hiperacusia. Segundo estes autores a hiperacusia também tem sido notada em vários pacientes com atraso de desenvolvimento causado por outras desordens genéticas. MARRIAGE & BARNES (1995) demonstraram que a hiperacusia tem sido descrita após a abolição do reflexo estapediano. Tem sido correlacionada com algumas condições neurológicas: enxaqueca, depressão, deficiência de “pyridoxine’, dependência de Benzodozepine, Doença de Tay-Sach, desordem de estresse pós-traumático, Síndrome Pós-Viral Crônica. Os autores correlacionaram estas condições com a disfunção da 5HT 5- hydroxytryptamine. Realizaram também uma diferenciação entre a hiperacusia central e periférica. Sendo a causa primária da hiperacusia central é a disfunção da 5HT hydroxytryptamine e a secundária seria a exposição a sons intensos. 5- 21 CERANIC et al. (1998) relacionaram a hiperacusia, o zumbido e a dificuldade para ouvir na presença de ruídos ao trauma craniano e associados com a função auditiva periférica normal. FUTUKATE & HATTORY (1998) descreveram um paciente sem alterações psiquiátricas ou doença epiléptica que desenvolveu “ilusões auditivas” passageiras após sofrer um pequeno infarto hemorrágico no corpo geniculado medial. HALL & MUELLER (1998) destacaram que a origem da hiperacusia está no sistema auditivo central, com a possibilidade de ocorrer uma disfunção no sistema auditivo eferente. Podendo ocorrer em pacientes com depressão , enxaqueca e Síndrome da fadiga crônica. Destacaram ainda que a hiperacusia pode ser causada pela exposição a ruídos ( tempo prolongado ou curto período) ou a traumatismos cranianos. Outras causas podem ser a disfunção da articulação têmporo-mandibular, Síndrome de Willians, Paralisia de Bells, Doença de Meniere e Doença de Tay-Sachs. Também relataram que 40% das crianças autistas são sensíveis a ruído, entretanto estas condições são chamadas de audição hiperacurada. Na hiperacusia é comum ocorrer um distúrbio ou uma interrupção em um neurotransmissor –5 hydroxytryptamine (5HT) ou serotonina. PHILLIPS & CARR (1998) sugeriram que a ausência do reflexo estapediano levaria o indivíduo a ficar mais susceptível aos sons. ANARI et al. (1999) relataram que alguns pacientes podem desenvolver hiperacusia 1 a 2 dias após exposição a música em forte intensidade e a ruídos. Na pesquisa que realizaram com 100 pacientes com hipersensitividade a som, encontraram que 25% eram músicos. Sugerem como causa da hiperacusia som e música. A fadiga e o estresse pioram os sintomas. Nenhum dos pacientes estudados tinham sido expostos a sons intensos. NIELDS et al. (1999) encontraram que 48% dos pacientes com estágio tardio da Doença de Lyme podem desenvolver hiperacusia. 22 Relataram que as outras causas poderiam ser: trauma acústico, exposição a ruído, desordens congênitas, Síndrome de Willians, atraso de desenvolvimento invasivo, desordens metabólicas e endócrinas, mudanças cérebro vasculares e algumas doenças infecciosas. GOLDSTEIN & SHULMAN (2000) * reportaram alguns fatores como possíveis causas da hiperacusia: trauma acústico, traumatismo craniano, ingestão de drogas, reação tóxica a venenos, danos de cabeça e pescoço, associado com aparecimento repentino de zumbido, uso prolongado de protetores associados com zumbido, meningite, Doença de Lyme, associado com desordens vestibulares e Doença de Meniere e causas desconhecidas. HIPERACUSIS NETWORK (2000) comentou que algumas teorias associam a hiperacusia a síndrome têmporo-mandibular, a efeitos de drogas, ruído da ativação do air bag, Paralisia de Bell. Associou o “Tylenol” à alteração auditiva. JASTREBOFF & JASTREBOFF (2000) citaram a importância de pesquisar se o sujeito com hiperacusia esteve exposto ou não a longos períodos de sons intensos, diferenciando o tratamento nestes casos. JOHNSON (2000) apontou alguns fatores que causariam a hiperacusia como o trauma acústico, traumatismo craniano, a ingestão de ototóxicos, reação tóxica a venenos, acidentes com lesão cervical do pescoço, o uso prolongado de protetores, a meningite, a Doença de Lyme, associada a desordens vestibulares, Doença de Meniere e causas desconhecidas. Ressaltaram, entretanto, que faltam estudos para demonstrar quais seriam os fatores de impacto. MALCORE (2000) relatou que a hiperacusia tem sua causa na disfunção da via eferente auditiva. As causas incluiriam a exposição ao ruído, uso de drogas, Doença de Lyme, Doença de Meniere, disfunção da articulação têmporo-mandibul e enxaqueca. SAMMETH et al. (2000) realizaram uma pesquisa com 14 pacientes com hiperacusia severa. Relataram que o paciente um 23 apresentava Sindrome de Tourette, déficit de atenção e autismo; o paciente dois apresentava longa história de tratamento psiquiátrico, incluindo eletrochoques e medicações antidepressivas; os paciente três e quatro apresentavam longa história de exposição a ruído; o paciente cinco apresentava hiperacusia seguido de tratamento para ataque epilético, hipotireodismo, artrite e osteosporose; o paciente seis apresentava hiperacusia após acidente de carro com traumatismo craniano, também desordem têmporo-mandibular, hipotireodismo e Síndrome de Meniere; o paciente sete apresentava hiperacusia após acidente vascular cerebral; o paciente oito apresentava Síndrome Fetal Alcóolica, déficit de atenção e episódios de otite média; o paciente nove apresentava hiperacusia após acidente de exposição a ruído; o paciente dez apresentava Síndrome de Disfunção Têmporo-mandibular, severa enxaqueca, acidente de carro com lesão cervical a menos de 10 anos atrás; o paciente onze apresentava hipersensitividade anterior com piora após acidente com exposição a ruído, problemas de disfunção têmporomandibular; o paciente doze apresentava hipersensibilidade anterior com piora após acidente de exposição a ruído; o paciente treze apresentava hipotireodismo, problemas de disfunção têmporo-mandibular e osteoartrose; o paciente catorze apresentava hiperacusia após acidente de exposição a ruído, mas também uma longa história de exposição a ruído e problemas de disfunção têmporo-mandibular. VALENTE et al. (2000) relataram que a causa da hiperacusia não é conhecida e citaram algumas doenças com as quais poderia estar associada como: a paralisia facial, a Paralisia de BELL, a gangliodose tipo 2, Herpes Zoster, a Síndrome de Ramsay Hunt, a Doença de Lyme, desordens metabólicas e endócrinas, mudanças cerebrovasculares, doenças infecciosas, o traumatismo crânio-encefálico, a fístula perilinfática idiopática, o trauma acústico, a Doença de Meniere e a Síndrome de Willians. Realizaram o relato de um caso de um indivíduo do sexo masculino, que desenvolveu hiperacusia após uma viagem de avião, sendo que este paciente havia apresentado quatro meses antes um 24 episódio de Herpes Zoster na região cervical e nos ombros. Havia também a suspeita de que sofresse de Doença de Meniere devido aos sintomas correlacionados. PREVALÊNCIA KLEIN et al. (1990) comentaram que 94% dos pacientes com Síndrome de Willians apresentam hiperacusia. MARRIAGE & BARNES ( 1995) comentaram que a prevalência da hiperacusia não é conhecida e é provavelmente reportada quando ocorre com outros sintomas conhecidos como o zumbido, a dor de cabeça ou a depressão. HALL & MUELLER (1998) demonstraram que a hiperacusia é muita rara, um caso a cada 50 000. Não havendo, entretanto, uma prevalência específica porque muitos casos ainda não foram publicados. DEMAREE (1999) declarou não acreditar que a hiperacusia seja tão rara quanto se imagina pelas pesquisas realizadas. SANCHEZ et al. ( 1999) relataram que 25 a 40% dos pacientes com zumbido também apresentaram hiperacusia. HIPERACUSIS NETWORK (2000) citou que os pacientes hiperacúsicos representam um pequeno, muito raro grupo de indivíduos sensíveis aos sons no mundo. JASTREBOFF & JASTREBOFF (2000) relataram que não é conhecida a prevalência da hiperacusia. Suas pesquisas indicaram que cerca de 40% dos pacientes com zumbido sentiam-se mais incomodados com a hiperacusia do que com o zumbido e requerem tratamento específico para a hiperacusia. Com base na população com zumbido estes autores acreditam que 1,25% desta apresenta hiperacusia. No 25 entanto este é um dado estimado , pois há pacientes que apresentam hiperacusia sem o de zumbido associado e estes indivíduos não estão sendo registrados pelos autores. JOHNSON (2000) mencionou que 40% dos pacientes que visitam sua clínica têm hiperacusia bem como zumbido. Cerca de 10% dos indíviduos que recebem tratamento apresentaram apenas hiperacusia. MALCORE (2000) ressaltou que a hiperacusia é um fenômeno raro, afetando 1 em 50 000, e presente em 1 a cada 1000 em indivíduos com zumbido. SAMMETH et al. (2000) destacaram que é difícil determinar a prevalência da hiperacusia e isto depende também de como ela é definida. A experiência destes autores sugere que a prevalência é mais alta do que outras instituições como a Hyperacusis Network ( 1 em cada 50 000 podem sofrer de algum grau de hiperacusia) e a American Tinnitus Association ( mais comum em sujeitos com zumbido, menos de 2%) apresentaram. Os autores acreditam que a prevalência seja maior pela falha no diagnóstico por parte de alguns médicos que ainda acreditam que o sintoma seja psicológico. VALENTE et al. (2000) mencionaram que a prevalência da hiperacusia não é conhecida. TRATAMENTO HALL & MUELLER ( 1998) sugeriram terapia auditiva específica como um controle cuidadoso de exposição sonora utilizando ruídos mascaradores e sons filtrados. As pessoas com hiperacusia, segundo estes autores, deveriam ser desencorajadas a usar freqüentemente protetores de ouvido ou tampões auriculares. Isto deveria ocorrer somente em casos de extrema necessidade. Sugeriram também terapia psicológica. Descreveram ainda, um tratamento chamado Auditory 26 Integration Therapy ( AIT) – no qual a orelha seria exposta a música filtrada, duas vezes ao dia no período de 10 dias. Comentaram ainda a importância do audiologista respeitar a queixa do paciente e de elaborar uma anamnese detalhada contendo dados médicos, audiológicos e se necessário dados da história psicológica e de aconselhar o paciente, no sentido de evitar o silêncio. O tratamento poderia ser longo, até 2 anos. Advertiram quanto ao uso de tampões auriculares, pois o cérebro responderia como se o paciente tivesse uma perda de audição e o ganho central seria aumentado e em contrapartida, aumentaria a hipersensibilidade a sons. HAZELL (1999) citou que quando existe uma perda de audição seria recomendado o uso de aparelho de amplificação sonora, porém seria muito importante ajustar o molde e o próprio aparelho (ajuste de compressão) para que não se incomode com a amplificação. Sugeriu que os pacientes evitassem o silêncio, participassem de sessões de aconselhamento para dessensibilização, recebessem treinamento para retirada dos tampões auriculares se estivesse utilizando-os. Recomendou que um gerador de ruído de banda larga poderia ajudar. O processo poderia durar de 6 a 12 meses, mas com chances de insucesso. NIELDS et al. ( 1999) citaram o uso de Carbamazepine no tratamento da doença de Lyme e por conseqüência os pacientes tratados com esta medicação apresentaram maior tolerância para os sons. Relataram um caso em que houve um aumento de tolerância para o som em 20 dBNA. SANCHEZ et al. (1999) sugeriram como tratamento para a hiperacusia, o aconselhamento. Referiram que o paciente hiperacúsico deveria evitar o silêncio. Uma vez que no silêncio, a ausência de aferências do mundo externo provocaria um aumento no ganho auditivo central. O primeiro passo seria orientar o paciente a entrar em contato gradualmente com sons ambientais, ao invés de evitá-los. Relataram 27 ainda que pesquisas recentes mostraram que geradores de som com ruído branco poderiam ajudar a abolir a hipersensibilidade a sons. HYPERACUSIS NETWORK (2000) recomendou como tratamento da hiperacusia, o aconselhamento. Ressaltou também que os profissionais deveriam ter cuidado com exames que envolveriam o uso de sons intensos, recomendando que o nível de tolerância aos sons devesse ser conhecido antes da avaliação audiológica. Alguns cuidados que o paciente deveria ter na sua rotina diária também foram relatados, tais como: escolher cuidadosamente o material do travesseiro para que ele não prejudique o seu sono, materiais ásperos geralmente incomodam o paciente hiperacúsico; os tampões auriculares não devem ser usados a noite toda; o período da manhã geralmente é mais crítico para estes indivíduos, então aconselha-se a ficar em um ambiente mais calmo; em festas é importante que o paciente chegue mais cedo para que se acostume com os sons pausadamente; pode-se ajustar o barulho da água do chuveiro para que não incomode; não entrar na cozinha e sim esperar que as pessoas acabem de lavar e guardar louças para que os sons possam ter diminuído; fechar a janela de carro, trem, ônibus em alguns momentos; nos restaurantes não sentar em locais com muito barulho; caminhar em parques ao invés de caminhar próximo aos locais de trânsito; pode-se diminuir o volume do rádio ou da televisão quando for ligá-los; na escola preferir professores homens devido ao timbre que é mais suportável pelo paciente hiperacúsico; em locais onde há animais colocar os tampões auriculares. JASTREBOFF & JASTREBOFF (2000) propuseram como tratamento para a hiperacusia o modelo baseado na neurofisiologia do zumbido. Relataram que não há cura para o zumbido, no entanto o cérebro possui um alto nível de plasticidade. O tratamento consistiria em induzir a habituação ao zumbido. A habituação do zumbido consistiria em duas metas. A primeira seria para habituar as reações do sistema nervoso autônomo e do sistema límbico. Nesta etapa os pacientes ainda percebem o zumbido, porém eles não se incomodassem mais com ele. A 28 segunda meta seria a habituação da percepção. Neste caso, o zumbido seria bloqueado antes que o sujeito o percebesse. Isto não seria a cura do paciente, ele ainda poderia perceber o zumbido se sua atenção estivesse focada nele. JOHNSON (2000) relatou que o tratamento inicialmente consistiria em uma avaliação para detectar a presença de hiperacusia. Se presente, o grau de severidade seria pesquisado e pode ser de leve (limiar de desconforto de intensidade são próximos do normal em 90dB em todas as freqüências) até profundo ( limiar de desconforto de intensidade são próximos do limiar auditivo por via aérea). O tratamento requer aconselhamento, seguimento com visitas ao consultório, e planejar o uso de 2 sons para a terapia. Os sons prescritos são usados no mínimo 8 horas ao dia. O paciente seria aconselhado para que aumentasse o nível sonoro e evitasse o silêncio. MALCORE (2000) citou o uso de ruído rosa e medicação para melhorar o sono e reduzir o estresse. Seria necessário aconselhar o paciente para que evitasse ruídos intensos quando possível e utilizasse tampões auriculares se necessário. Para pacientes que acabaram de desenvolver hiperacusia, deveria-se manter o uso de tampões auriculares e após poucos meses suspendeia-ser o seu uso. SAMMETH et al (2000) realizaram uma pesquisa com 14 pacientes com hiperacusia severa, com os quais tratamentos anteriores não obtiveram sucesso. Os autores propuseram como tratamento um equipamento eletrônico de supressão da sensação de intensidade, montado em um molde intraauricular. Este aparelho forneceria uma amplificação pequena com uma compressão grande para sons de moderada e forte intensidade. VALENTE et al (2000) comentaram que o tratamento da hiperacusia é um dos pontos de discordância entre os diversos pesquisadores. Relataram um caso de um sujeito, 57 anos com hiperacusia bilateral de grau severo com intenso desconforto para sons 29 ambientais e de conversação. Foi proposto a utilização de um novo recurso, um aparelho chamado Micro-Tech ® Refuge. Este aparelho é um intra-aural com uma compressão de faixa dinâmica ampla. Após um período de dois meses e meio o paciente relatou estar satisfeito com o desempenho do aparelho e decidiu comprá-lo. Ele relatou que o instrumento providenciou um nível de proteção melhor do que com tampões auriculares e protetores tipo concha. APRESENTAÇÃO DE CASOS 32 Fizeram parte deste estudo 3 indivíduos, sendo todos do sexo feminino e idade entre 30 e 35 anos. Os pacientes apresentavam queixa de hiperssensibilidade auditiva aos sons ambientais, sendo que para dois indivíduos a queixa era bilateral e para um unilateral. Todos os indivíduos foram submetidos a avaliação otorrinolaringológica prévia. Foi realizado audiometria tonal liminar por via aérea para as freqüências de 250 a 8000 Hz e por via óssea para as freqüências de 500 a 4000Hz, Índice de Reconhecimento de Fala e SRT e imitanciometria. A pesquisa do limiar de desconforto foi realizada nas freqüências de 500 a 4000 Hz. Foi utilizado método ascendente, no qual a intensidade sonora era aumentada em passos de 10 dB até 70dB. A partir deste ponto a intensidade era aumentada em passos de 5 dB. A audiometria foi realizada utilizando-se um audiômetro Qualitone, equipado com fones TDH 39. A timpanometria e o reflexo acústico contralateral foram medidos Interacoustics utilizando-se um imitanciômetro marca modelo AZ7. Foi aplicado também um questionário para pesquisar as queixas e sintomas mais comuns a hiperacusia, traduzido para o português e adaptado de HALL & MUELLER (1998). (Anexo 1) 33 A seguir serão apresentados os casos estudados. CASO 1: I.P.C., sexo feminino, 31 anos. Começou a apresentar hiperssensibilidade a sons há 4 anos. Refere incômodo bilateral. Relatou ser sensível a luzes intermitentes também, já experimentou sensação de medo de altura e insônia. CASO 2: D. P., sexo feminino, 31 anos. Começou a apresentar hiperssensibilidade a sons há 6 anos. Refere incômodo bilateral. Relatou ser sensível a luz, já experimentou sensação de medo de altura, insônia e oscilações de humor. CASO 3: M.G.S., sexo feminino, 39 anos. Começou a apresentar hiperssensibilidade a sons há um ano, após cirurgia para retirada de um meningioma à esquerda, com seqüela de paralisia facial à esquerda. Refere incômodo à direita. Relatou ser sensível ao tato na área da cirurgia, já experimentou a sensação de medo de altura. A avaliação audiológica apresentou-se dentro dos padrões de normalidade ( 0 a 20 dB) nos casos 1 e 2. No caso 3, a orelha direita apresentou audição dentro do limite de normalidade e a orelha esquerda, uma perda de audição do tipo neurossensorial de grau profundo ( anacusia). O índice de reconhecimento de fala e o S.R.T. encontrados estavam normais e compatíveis com a audiometria tonal. Não foram realizados na orelha com perda de audição em função do grau de perda existente. A timpanometria apresentou curva tipo A nos 3 casos bilateralmente. 34 O reflexo acústico contralateral apresentou limiares entre 80 e 85 dB, exceto na orelha com perda de audição ( onde o reflexo foi ausente). No quadro 1 podemos observar os resultados da Pesquisa do Limiar de Desconforto obtidos com fones audiométricos em dBNA. Casos 500 HZ 1000 HZ 2000 HZ 4000 HZ OD OE OD OE OD OE OD OE 1 95 90 95 85 85 85 75 70 2 90 95 95 105 90 95 85 85 3 95 --- 90 --- 85 --- 85 --- No que se refere ao questionário, apresentamos no quadro 2 algumas das questões que consideramos importantes de serem destacadas. 35 Caso s Sons que incomodam O que ocasiona? Ajuda Ansiedade ORL Fono repentinos, silêncio, Conversas, gritos 1 Vertigem Zumbido Outras condições médicas 7 ou mais Enxaqueca Hipoglicemia Não playground, latidos, furadeira, sirenes, estouro de balão, ruídos de tráfego, buzinas, carro, britadeira, burburinho no silêncio 2 Conversas, máquina Ansiedade Terapia de lavar, gritos Estresse 7 ou mais Sim psicológica Depressão Enxaqueca repentinos, furadeira, martelo, TV em volume normal, liqüidificador, música, freio de caminhão, trem, ônibus, sons agudos. 3 Música intensa, Cansaço e trem, avião, ansiedade ORL 7 ou mais sim Paralisia do nervo facial latidos, TV em depressão volume normal, enxaqueca gritos, sirenes, estouro de balão, martelo, fogos de artifício, risada alta, ruídos de tráfego, sons agudos, sons de impacto, água corrente. COMENTÁRIOS 37 Durante o levantamento bibliográfico nos deparamos com várias nomenclaturas e definições. A hipersensibilidade auditiva começou a ser estudada por PERLAN (1938) que a nomeou como oxiacóia e hiperestesia dolorosa. Os primeiros autores que a estudaram, assim como o autor acima utilizavam outros termos para nomear a hiperacusia como: hiperacusia dolorosa, disacusia ( MATHISEN, 1965); fonofobia (TSCHISSNY, 1949 e MARRIAGE & BARNES, 1995). Os autores KLEIN et al. (1990), GORDON (1991), NIGAN & SAMUEL (1994), CHERRY & BROWN (1995), CERANIC et al. (1998), HALL & MUELLER (1998), ANARI et al. (1999), NIELDS et al. (1999), HAZELL (1999), SANCHEZ et al. (1999), GOLDSTEIN & SHULMAN (2000), HYPERACUSIS NETWORK (2000), JASTREBOFF & JASTREBOFF (2000), JONHSON (2000), MALCORE (2000), SAMMETH et al. (2000), VALLENT et al. (2000) apresentaram o termo hiperacusia como o mais correto para definir uma sensibilidade anormal a sons do diaa-dia. 38 Os três casos estudados em nossa pesquisa não conheciam o termo hiperacusia, apenas relatavam hipersensibilidade auditiva, um desconforto exagerado a sons que não observavam em outras pessoas. Parecem-nos que a mudança na nomenclatura tenha ocorrido devido aos avanços nas pesquisas científicas e na tecnologia. Exames mais precisos foram desenvolvidos, possibilitando maiores investigações como sugerido por SANTOS (2000). Um ponto de discordância entre os autores pesquisados se refere a associação ou não da hiperacusia com a perda de audição. Autores como KLEIN et al. (1990), GORDON (1991), NIGAN & SAMUEL (1994), CERANIC et al. (1998), HALL & MUELLER (1998), ANARI et al. (1999), NIELDS et al. (1999), HAZELL (1999), SANCHEZ et al. (1999), HYPERACUSIS NETWORK (2000), JASTREBOFF & JASTREBOFF (2000), JONHSON (2000), MALCORE (2000), SAMMETH et al. (2000), VALENTE et al. (2000) concordaram que a hiperacusia ocorreria apenas na ausência de uma perda de audição. No entanto encontramos uma pesquisa recente no qual os autores utilizaram o termo hiperacusia mesmo quando haveria uma perda de audição ( GOLDSTEIN & SHULMAN, 2000). Como a hiperacusia ainda é um fenômeno acreditamos que a princípio pouco estudado ocorra na ausência de uma perda de audição, no entanto este fato também deverá ser melhor estudado em pesquisas futuras. Nos casos estudados observamos que dois pacientes apresentavam limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade e 1 paciente apresentava uma perda de audição do tipo neurossensorial de grau profundo (anacusia) após uma cirurgia para retirada de um meningioma à esquerda e audição dentro do padrão de normalidade à direita, na qual a paciente relata a hiperssensibilidade auditiva. 39 Todos os pacientes pesquisados relataram ouvir sons de fraca intensidade e verificaram que outras pessoas não poderiam ouvir estes sons. Em nosso estudo, 43% dos autores ressaltaram que o zumbido apresenta uma proximidade grande com a hiperacusia. SANCHEZ et al. (1999) relataram que a base fisiopatológica do zumbido e da hiperacusia poderia ser a mesma. JASTREBOFF & JASTREBOFF (2000) verificaram que a hiperacusia e o zumbido podem ter o mesmo mecanismo neuronal. FUTAKATE & HATTORI (1998) citaram um caso de lesão do corpo geniculado medial direito com presença de hiperacusia e ausência de zumbido. Quanto a qual dos dois fenômenos ser mais prejudicial ao indivíduo, parece não haver consenso. ANARI et al. (1999) em sua pesquisa encontraram que 35% relatavam que a hiperssensibilidade ao som seria pior que o zumbido contra 25% que relatavam que o zumbido seria pior que a hiperssensibilidade ao som. SAMMETH et al. (2000) encontraram que 10 dos 14 pacientes analisados tinham zumbido e este era mais incômodo que a hiperacusia. Em nossa pesquisa 2 dos 3 pacientes relataram zumbido bilateralmente em fraca intensidade e assistemático. Todos os autores estudados definiram como entidades distintas o recrutamento e a hiperacusia e reforçaram a diferença entre ambos. A hiperacusia ocorreria nas vias auditivas e na ausência de lesão das células ciliadas internas e o recrutamento começaria a ocorrer a partir do momento em que há perda de audição e lesão nas células ciliadas. (NIGAN & SAMUEL, 1994; PHILLIPS & CARR, 1998; ANARI et al. , 1999; HAZEL, 1999; SANCHEZ et al. , 1999; HYPERACUSIS NETWORK, 2000.) 40 MARRIAGE & BARNES (1995) classificaram a hiperacusia em central e periférica, sendo que a central seria a fonofobia. Os autores estudados mais recentemente destacaram que a hiperacusia ocorreria nas vias auditiva, sendo um aumento da sensibilidade para todos os sons supralimiares e a fonofobia ocorreria no sistema límbico e autônomo e estaria associada a um significado. Sons que o indivíduo acredita serem prazerosos podem ser ouvidos em fortes intensidades. Além disto, na fonofobia um mesmo som pode desencadear reações diferentes dependendo da situação. (HALL & MUELLER, 1998; PHILLIPS & CARR, 1998; ANARI et al., 1999; HAZELL, 1999; SANCHEZ et al., 1999; JASTREBOFF & JASTREBOFF, 2000.) Assim, concordamos que a hiperacusia deverá ser diferenciada dos termos fonofobia e recrutamento. Foram encontradas algumas referências bibliográficas no qual os autores NIGAM & SAMUEL (1994), HALL & MUELLER (1999), ANARI et al. (1999), HAZELL (1999), SANCHEZ et al. (1999), HYPERACUSIS NETWORK (2000) citaram alguns dos sons que incomodariam o paciente com hiperacusia. Os sons descritos são em sua maioria parte aqueles que ocorrem em ambientes comuns e que para indivíduos saudáveis passariam desapercebidos ou então quando percebidos não haveria a queixa de desconforto. Salientamos a necessidade de investigar estes dados na anamnese, o que poderia auxiliar no diagnóstico diferencial de outras alterações auditivas. Outra questão importante diz respeito se o incômodo a sons de leve ou moderada intensidade teria relação direta com as freqüências que compõe estes sons. Apenas HALL & MUELLER (1998) especificaram que os sons agudos são incômodos para o paciente com hiperacusia. Fato também observado em nosso estudo de caso, uma vez que os três pacientes apresentaram campo dinâmico de audição mais reduzido nas freqüências altas do que nas freqüências baixas. No questionário aplicado todos 41 responderam que os sons de alta freqüência seriam incômodos e nenhum deles referiu incômodo para sons de baixa freqüência. Pesquisas futuras poderiam sugerir se a hiperacusia poderia ser um pré-aviso para desordens do sistema auditivo periférico e/ou central que envolveriam primeiramente as freqüências agudas. Outro aspecto de discussão seria a fisiopatologia da hiperacusia, uma vez que diferentes autores propõe diversas teorias. Há uma linha de autores como: MATHISEN (1969), MARRIAGE & BARNES (1995), PHILLIPS & CARR (1998) que defendem que alterações da orelha média – músculo estapédio – como a ausência do reflexo acústico poderiam levar a hiperacusia. Outros sugeriram que a hiperacusia ocorreria por uma falha no código neural ou do sistema nervoso auditivo central em habituar respostas reflexas, ou ainda devido a uma alteração no sistema auditivo eferente. (KEIN et al. , 1990; NIGAN & SAMUEL, 1994; CERANIC et al. , 1998; HALL & MUELLER, 1998; HYPERACUSIS NETWORK, 2000; JONHSON, 2000; MALCORE, 2000). Uma terceira linha acreditaria que poderia ocorrer distorções na percepção do som desde a orelha média, orelha interna, nervo auditivo e cérebro (sistema aferente) até o caminho inverso (sistema eferente) como ANARI et al. ( 1999), JASTREBOFF & JASTREBOFF (2000), VALENTE et al. (2000). Sendo assim o que avaliamos é que as teorias sobre a fisiopatologia da hiperacusia ainda necessitam de maiores investigações. Será que a falta de uma das proteções do nosso ouvido (ausência do reflexo acústico) mudaria a nossa percepção da intensidade dos sons , tornando nosso ouvido mais sensível? Será que a cóclea envia uma mensagem auditiva distorcida ou será que é o sistema nervoso auditivo central que distorce a mensagem auditiva recebida? Ou ambas observações estão corretas? Onde exatamente ocorreria a alteração da sensação auditiva? Qual seria esta relação com os sons que incomodam o paciente? Todas estas questões ainda necessitam de respostas. 42 As causas da hiperacusia também são pouco conhecidas. Os autores estudados descreveram algumas doenças correlacionadas com a hiperacusia. Foram citadas inúmeras causas e doenças correlacionadas. Entre as mais citadas estão a exposição a sons intensos por longos períodos, Doença de Meniére, Paralisia de Bell, Síndrome de Willians, Doença de Lyme, Disfunção da Articulação Têmporo-Mandibular, Paralisia Facial, traumatismo craniano e causas desconhecidas.(PERLAN, 1938; MATHISEN, 1969; KEIN et al. , 1990; NIGAN & SAMUEL, 1994; MARRIAGE & BARNES, 1995; CERANIC et al. , 1998; HALL & MUELLER, 1998; NIELDS et al. , 1999; GOLDSTEIN & SHULMAN, 2000; HYPERACUSIS NETWORK, 2000; JONHSON, 2000; MALCORE, 2000; SAMMETH et al. , 2000). Nos pacientes estudados, nenhum deles relatou ter se exposto a sons intensos, no entanto todos relataram ter tido sete ou mais episódios de vertigem e enxaqueca freqüentemente. Dois pacientes relataram “depressão”, e um paciente relatou paralisia do nervo facial pós cirurgia para retirada do meningioma e um paciente relatou hipoglicemia. Os pacientes também relataram medo de altura, insônia e oscilações de humor. No que se refere a sua prevalência, há pouco conhecimento científico. Constatamos que a grande parte dos autores a consideram rara. JASTREBOFF & JASTREBOFF (2000) citaram que baseados em seus estudos 1,25% da população seria acometida pela hiperacusia. No entanto deixaram claro que este é um valor estimado, pois os pacientes estudados eram pacientes que procuravam o serviço devido ao zumbido. E é sabido que existem pacientes com hiperacusia que não apresentam zumbido. DEMAREE (1999) relatou que a hiperacusia não é tão rara como se imagina pelas pesquisas realizadas. Citou uma pesquisa onde 95% das crianças com Síndrome de Willians têm hiperacusia . 43 De acordo com as referências estudadas observamos que o tratamento da hiperacusia se baseia nos príncipios do tratamento para zumbido, uma vez que alguns autores acreditam que a neurofisiologia do zumbido e da hiperacusia apresentam pontos comuns. ( HALL & MUELLER, 1998; HAZELL, 1999; SANCHEZ et al. , 1999; HYPERACUSIS NETWORK, 2000; JASTREBOFF & JASTREBOFF, 2000). Um dos pontos extremamente importantes no tratamento é o aconselhamento, sendo que a família tem que participar ativamente. Outro ponto é o fato da comunidade médica ser melhor esclarecida para não minimizar o problema. Todos os autores concordam que a anamnese deve ser realizada de modo criterioso, pois ela direcionará todo o tratamento. O uso ou não de tampões auriculares ficaria a critério das dificuldades do paciente e da época em que a hiperacusia se instalou. ( se é de início recente ou não). No geral, deveria-se evitar o seu uso tão logo, quanto possível. VALENTE et al. (2000) também propuseram um tratamento com melhor índice de sucesso do que o uso de protetores. É o uso de um aparelho cujo nome é Micro Tech ® Refuge. Em nosso estudo de casos uma paciente procurou ajuda psicológica, um paciente procurou ajuda com o médico otorrinolaringologista e um paciente procurou ajuda de um médico otorrinolaringologista e de um fonoaudiólogo. Sendo que este último relatou que não houve ajuda por parte do médico otorrinolaringologista e recebeu orientações do fonoaudiólogo não sabendo avaliar ainda se estas orientações irão ajudá-lo ou não. Ressaltamos mais uma vez a importância de incluir em nossa avaliação audiológica de rotina a pesquisa do limiar de desconforto, como também foi sugerido por SANTOS (2000) e tomarmos cuidado durante a 44 realização da pesquisa do reflexo acústico onde a intensidade pode chegar a 120 dB. A anamnese ao nosso ver é um dos passos mais importantes desta pesquisa e o questionário proposto por HALL & MUELLER (1998) apresenta algumas questões de extremo valor. Acrescentaríamos neste questionário, em caso de presença de zumbido, a pergunta sobre qual dos fenômenos, o zumbido ou a hiperacusia, seria mais incômodo. CONCLUSÕES 46 A hiperacusia representa uma sensibilidade anormal a sons de fraca ou moderada intensidade. Sua prevalência na população geral é incerta, sendo que alguns autores acreditam que seja rara e outros autores acreditam que mais estudos seriam necessários para que isto seja afirmado. Está relacionada com o zumbido, sendo que cerca de 25 a 40% dos indivíduos com queixa de zumbido queixam-se de hiperacusia. Quanto ao tratamento, pesquisas recentes mostraram que o uso de geradores de som com ruído branco pode ajudar a diminuir ou a abolir a hipersensibilidade a sons. É necessário que se realizem mais pesquisas no Brasil para que se verifique o impacto deste fenômeno nas pessoas. O fonoaudiólogo deverá ser cuidadoso na realização da avaliação audiológica. Deverá incluir em sua anamnese questões referentes ao desconforto a sons de fraca ou moderada intensidade e ter cuidado com a intensidade dos sons apresentados, principalmente durante a realização da pesquisa do limiar do reflexo acústico. Deverá também ser realizado a pesquisa do limiar de desconforto, se necessário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 48 ANARI, M ; AXELSSON, A; ELIASSON, A; MAGNUSSON, L. – Scandinavian Audiology, 28: (4): Hypersensitivity to Sound. 219-30, 1999. CERANIC,B. ; PRASHER,D.K ; RAGLAN,E.; LUXON, L. M. - Tinnitus after head injury: evidence from otoacoustic emissions. J Neurol Psychiatry, 65: (4 ): 5239,1998. CHERRY,J.R. & BROWN,M.J. - Relief of severe hyperacusis and diplacusis in a deafened ear by cochlear labyrinthectomy . J Laryngol Otol , 110 : (1) : 57-8,1996. DEMAREE, G. - HyperacusisAmericanSpeech-Languange Hearing Association [citado em 04/10/99]. Disponível na internet: //hubel.sfaedu / courseinfo / SL 98/ hyp1.html FALLON, B. A; JASTREBOFF, P. 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VALENTE, M.; GOEBEL, J.; DUDDY, D.; SINKS, B.; PETEREIN, J. – Evaluation and treatment of severe hyperacusis. J Am Acad Audiol, 11: (6): 295-9, 2000. 51 ANEXOS 52 ANEXO I QUESTIONÁRIO NOMED. N. SEXOOBS. Circule as respostas mais apropriadas para cada questão. PARTE 1 1. Você já apresentou hiper sensibilidade pôr um som particular? Sim - Não 2. Se não,você sempre demonstra hiper sensibilidade a um som particular? Sim - Não Na escala de 0 à 10,no qual 0 ( não problema) e 10 ( enorme problema),pôr favor indique como você avalia a extenção do problema qual afeta seu atual estilo de vida. 3. Neste momento, este problema está : a) aumentando b) resolvido c) piorando d) sem mudanças 4. Qual a idade em que você começou a apresentar hiper sensibilidade a sons? 5. Os sons que você acha perturbadores tem alguma característica comum? 53 alta freqüência – intensidade – som de impacto – tom – repentino –baixa freqüência – intenso – contínuo – intrusivo – conversa O problema ocorre no ouvido direito, ouvido esquerdo ou ambos os ouvidos? Pôr favor verifique qual dos sons abaixo você define como desconfortável S – se o som o incomoda N – se o som não o incomoda trem passando sirene de polícia som de música avião estouro de balão risada máquina de lavar barulho de trânsito moto grito repentino trovão fogos de artifício silêncio TV em volume norma buzina de carro martelo batendo liquidificador britadeira furadeira barulho de playground cachorro latindo outros-especifique 6. Existe algo que pareça ocasionar esta intolerância a certos sons? ( cansaço,alimentos, ansiedade...) Sim - Não Se sim, o que? 54 7. Como você reage a cada som? Esquiva-se – raiva –dor de estômago – transpiração –tensão Outras reações (especifique) 8. Você pode descrever a sensação que sente quando um som desagradável ocorre? Depressão – desorientação – necessita sair – dor - choque – tensão – pânico - medo Outros (especifique) 9. Se você estiver prevenido para a ocorrência de um som desagradável,você pode conviver com isto melhor? Sim - Não 10. Quando um som específico torna-se familiar,você tem menos incômodo ao ouví-lo? Sim - Não 11. Você procurou algum tipo de ajuda médica para este problema? Psicanálise familiar Audiologista Médico Otorrinolaringologista Aparelho de Amplificação Sonora Outros Você considerou esta ajuda útil para o seu problema? 55 Sim - Não Qual? 12. Você é particularmente sensível a qualquer outro tipo de estimulação,como tato e/ou visão? Sim - Não 13. Você acha que esta sensibilidade a determinados sons,é maior durante o dia ou à noite? Ele interrompe o seu sono? Qual o tempo você leva para reduzir este incômodo no sono? 14. Você acha que é capaz de ouvir sons, os quais, são muito baixos para serem ouvidos pôr outra pessoa? Sim - Não PARTE 2 1.Você acha que ouve bem a fala em baixa intensidade? Sim - Não 2. Você tem uma perda de audição? Sim - Não 3. Se sim,qual o tipo de perda? 4. Você usa ou usou aparelho de amplificação sonora? Sim - Não 56 5. Você tem se exposto à sons intensos? Especifique. Sim - Não 6. Você já experimentou alguma dificuldade em ouvir quando há ruído ambiental? Sim - Não PARTE 3 1. Você já teve crises de vertigem? Nunca 1 à 3 vezes 4 à 6 vezes 7 ou mais vezes 2. Você já teve barulhos na cabeça ou no ouvido? Especifique. 3. Você experimentaou algumas destas sensações? Medo de altura Enxaqueca Oscilação de humor Insônia 57 4. Assinale as condições médicas que você tem tido com freqüência, pensava ter ou tem sido tratado : Paralisia do Nervo Facial Síndrome de Pós-Concussão Stress Pós-Traumático Depressão Síndrome de Fadiga Pós-Viral Esquizofrenia Doença de Meniere Enxaqueca Epilepsia OBS. Outros comentários sobre sensibilidade a sons Questionário adaptado – HALL,J. & MUELLER,G. – Livro Audiologists Desk Reference.Capítulo Tinnitus and Hyperacusis.p.651-53. ANEXO II TERMO DE CONSENTIMENTO Eu, ________________________________________________, RG __________, declaro ter sido informado, verbalmente e pôr escrito, a respeito da pesquisa cujo tema é “Hiperacusia”, e concordo em participar, espontaneamente, submetendo-me a uma avaliação audiológica e respondendo a um questionário, uma vez que foi garantido o meu anonimato. 58 São Paulo, ______ de _____________de 2000 _______________________________ Assinatura do Participante ANEXO III CARTA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE Prezado (a) Sr (a) Esta pesquisa se propõe a realizar um estudo sobre o tema “Hiperacusia”. O objetivo do estudo é pesquisar o tema na literatura, verificando semelhanças e diferenças entre os achados literários e o estudo de casos que serão realizados. Sua participação na pesquisa se resumirá na realização de uma Avaliação Audiológica e responder a um questionário. 59 Em hipótese alguma, o participante da pesquisa será identificado. A identificação será apenas de conhecimento do entrevistador, que nada revelará, pôr questões éticas. O participante fica livre para, em qualquer momento, retirar o seu consentimento e deixar de participar do estudo. São Paulo, _______ de ________________ de 2000 ________________________________ Assinatura do paciente